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História das Políticas de Saúde no Brasil

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História das Políticas de Saúde no Brasil . 
 A evolução histórica das políticas de saúde está 
 relacionada à evolução político-social e econômica da 
 sociedade brasileira, a saúde nunca ocupou lugar central 
 dentro da política do estado brasileiro, sendo sempre 
 deixada no periferia do sistema, como uma moldura de um 
 quadro, tanto no que diz respeito a solução dos grandes 
 problemas de saúde que afligem a população, quanto na 
 destinação de recursos direcionados ao setor saúde. 
 As ações de saúde propostas pelo governo sempre 
 procuraram incorporar os problemas de saúde que atingem 
 grupos sociais importantes de regiões socioeconômicas 
 igualmente importantes dentro da estrutura social vigente. 
 A dualidade entre medicina preventiva e curativa sempre foi 
 uma constante nas diversas políticas de saúde 
 implementadas pelos vários governos. 
 1500 Até o Primeiro Reinado 
 Colonização - A atenção à saúde limitava-se aos próprios 
 recursos da terra (plantas, ervas) e, àqueles que, por 
 conhecimentos empíricos (curandeiros), desenvolviam as 
 suas habilidades na arte de curar. 
 1521 - D. Manoel baixa o Regimento do Físico-Mor e do 
 Cirurgião-Mor do Reino, e institui os Comissários- 
 Delegados nas Províncias, inclusive no Brasil. 
 1550 - Em Portugal, os almotacés (funcionário de 
 confiança) eram encarregados da saúde do povo, com o 
 papel de verificar os gêneros alimentícios e destruir os que 
 estavam em más condições. Ao Brasil-Colônia eram 
 extensivas a legislação e as práticas vigentes em Portugal. 
 Assistência Médica - 1789 - No Rio de Janeiro existiam 
 quatro médicos exercendo a profissão e em outros estados 
 brasileiros eram inexistentes. Levou à proliferação pelo país 
 os Boticários (farmacêuticos). 
 ● Aos boticários cabiam a manipulação das fórmulas 
 prescritas pelos médicos, mas a verdade é que eles 
 próprios tomavam a iniciativa de indicá-los, fato 
 comum até hoje. 
 ● Não dispondo de um aprendizado acadêmico, o 
 processo de habilitação na função consistia tão 
 somente em acompanhar um serviço de uma botica já 
 estabelecida durante um certo período de tempo, ao 
 fim do qual prestavam exame perante a fisicatura e se 
 aprovado, o candidato recebia a “carta de 
 habilitação”, e estava apto a instalar sua própria 
 botica. 
 Vinda da Família Real (1808) - Criou a necessidade da 
 organização de uma estrutura sanitária mínima, capaz de 
 dar suporte ao poder que se instalava na cidade do Rio de 
 Janeiro. Dom João VI fundou na Bahia o Colégio Médico - 
 Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador. 
 No mês de novembro de 1808 foi criada a Escola de 
 Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao real Hospital Militar. o 
 Santas Casas de Misericórdias exerciam cuidados de 
 saúde pelos jesuítas e hospitais militares pelo estado 
 português. 
 1808 a 1850 - As atividades de saúde pública estavam 
 limitadas a: 
 ● Delegação das atribuições sanitárias às juntas 
 municipais; 
 ● Controle de navios e saúde dos portos. 
 1888 - Abolição da escravatura. 
 1889 - Proclamação da República. 
 Início da República - 1889 a 1930 
 Quadro Sanitário - A falta de um modelo sanitário 
 deixava as cidades brasileiras à mercê das epidemias. A 
 cidade do Rio de Janeiro apresentava um quadro caótico 
 caracterizado pela presença de diversas doenças graves 
 que acometiam à população, como a varíola, a malária, a 
 febre amarela, e posteriormente a peste, que gerou sérias 
 consequências para saúde coletiva e outros setores como o 
 do comércio exterior, visto que os navios estrangeiros não 
 mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro em função 
 da situação sanitária existente na cidade. 
 1903 - Rodrigues Alves nomeou Oswaldo Cruz como 
 Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, que se 
 propôs a erradicar a epidemia de febre-amarela na cidade 
 do Rio de Janeiro. 
 ● Foi criado um exército de 1.500 pessoas que 
 passaram a exercer atividades de desinfecção no 
 combate ao mosquito, vetor da febre-amarela. A falta 
 de esclarecimentos e as arbitrariedades cometidas 
 pelos “guardas-sanitários” causaram revolta na 
 população. 
 ● Este modelo de intervenção ficou conhecido como 
 campanhista, e foi concebido dentro de uma visão 
 militar em que o uso da força e da autoridade eram 
 considerados os instrumentos preferenciais de ação. 
 ● Através da força retiravam a população de suas casas 
 e queimavam os colchões e as roupas dos doentes. A 
 população, com receio das medidas de desinfecção, 
 trabalho realizado pelo serviço sanitário municipal, 
 revolta-se. 
 1904 - A onda de insatisfação se agrava com outra medida 
 de Oswaldo Cruz, a Lei Federal nº 1261, de 31 de 
 outubro de 1904, que instituiu a vacinação anti-varíola 
 obrigatória para todo o território nacional. Surge, então, um 
 grande movimento popular de revolta que ficou conhecido 
 na história como a revolta da vacina. 
 ● Apesar das arbitrariedades e dos abusos cometidos, o 
 modelo campanhista obteve importantes vitórias no 
 controle das doenças epidêmicas, conseguindo 
 inclusive erradicar a febre amarela da cidade do Rio 
 de Janeiro, o que fortaleceu o modelo proposto e o 
 tornou hegemônico como proposta de intervenção na 
 área da saúde coletiva saúde durante décadas. 
 1902 - Oswaldo Cruz procurou organizar a diretoria geral 
 de saúde pública, criando uma seção demográfica, um 
 laboratório bacteriológico, um serviço de engenharia 
 sanitária e de profilaxia da febre-amarela, a inspetoria de 
 isolamento e desinfecção, e o instituto soroterápico federal, 
 posteriormente transformado no Instituto Oswaldo Cruz. 
 ● Na reforma promovida foram incorporados como 
 elementos das ações de saúde: 
 ○ Registro demográfico, possibilitando conhecer a 
 composição e os fatos vitais de importância da 
 população; 
 ○ Introdução do laboratório como auxiliar do 
 diagnóstico etiológico; 
 ○ Fabricação organizada de produtos profiláticos para 
 uso em massa. 
 1917 - Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz (que 
 faleceu de insuficiência renal aos 44 anos em 1917), 
 reestruturou o Departamento Nacional de Saúde, ligado ao 
 Ministério da Justiça e introduziu a propaganda e a 
 educação sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o 
 modelo campanhista de Oswaldo Cruz que era puramente 
 fiscal e policial. 
 ● Criaram-se: 
 ○ Órgãos especializados na luta contra a tuberculose, a 
 lepra e as doenças venéreas; 
 ○ A assistência hospitalar, infantil e a higiene industrial 
 se destacaram como problemas individualizados; 
 ○ Expandiram-se as atividades de saneamento para 
 outros estados, além do Rio de Janeiro; 
 ○ Criou-se a Escola de Enfermagem Anna Nery. 
 A sociedade brasileira esteve dominada por uma economia 
 agroexportadora, com uma monocultura cafeeira, que se 
 exigia do sistema de saúde era uma política de saneamento 
 destinado aos espaços de circulação das mercadorias 
 exportáveis e a erradicação ou controle das doenças que 
 poderiam prejudicar a exportação. Por esta razão, desde o 
 final do século passado até o início dos anos 60, 
 predominou o modelo do sanitarismo campanhista. 
 Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes 
 cidades brasileiras, omodelo campanhista deslocou a sua 
 ação para o campo e para o combate das denominadas 
 endemias rurais, dado ser a agricultura a atividade 
 hegemônica da economia da época. 
 Este modelo de atuação foi amplamente utilizado pela 
 Sucam no combate a diversas endemias (Chagas, 
 Esquistossomose, entre outras), sendo esta posteriormente 
 incorporada à Fundação Nacional de Saúde. 
 ➔ Nascimento da Previdência Social 
 No início do século a economia brasileira era basicamente 
 agroexportadora, assentada na monocultura do café. A 
 acumulação capitalista advinda do comércio exterior tornou 
 possível o início do processo de industrialização no país, 
 que se deu principalmente no eixo Rio-São Paulo. 
 Tal processo foi acompanhado de uma urbanização 
 crescente, e da utilização de imigrantes, especialmente 
 europeus (italianos, portugueses), como mão-de-obra nas 
 indústrias. Os operários na época não tinham quaisquer 
 garantias trabalhistas, tais como, férias, jornada de trabalho 
 definida, pensão ou aposentadoria. 
 Os imigrantes, especialmente os italianos (anarquistas), 
 traziam consigo a história do movimento operário na 
 Europa e dos direitos trabalhistas que já tinham sido 
 conquistados pelos trabalhadores europeus, e desta forma 
 procuraram mobilizar e organizar a classe operária no 
 Brasil na luta pela conquistas dos seus direitos. Greves em 
 1917 e 1919. 
 ➔ Lei Eloy Chaves - 1923 
 Criação das CAPS (caixas de aposentadorias e pensões) 
 organizadas pelas empresas, mantidas por patrões e 
 empregados. Exclusiva aos trabalhadores urbanos. 
 A primeira CAPS criada foi a dos ferroviários. A comissão 
 que administrava as CAPS era composta por três 
 representantes da empresa, um dos quais assumiu a 
 presidência da comissão, e de dois representantes dos 
 empregados, eleitos diretamente a cada três anos. 
 As CAPS eram mantidas por : empregados das empresas 
 (3% dos respectivos vencimentos); empresas (1% da renda 
 bruta); e consumidores dos serviços das mesmas. Além das 
 aposentadorias e pensões, os fundos proviam os serviços 
 funerários e médicos. 
 I. Socorros médicos em caso de doença em sua pessoa 
 ou pessoa da família, que habite sob o mesmo teto e 
 sob a mesma economia; 
 II. Medicamentos obtidos por preço especial determinado 
 pelo Conselho de Administração; 
 III. Aposentadoria; 
 IV. Pensão para seus herdeiros em caso de morte. 
 ➔ Crise dos Anos 30 
 1922 a 1930 - Crises econômicas e políticas em que se 
 conjugam fatores de ordem interna e externa, e que tiveram 
 como efeito a diminuição do poder das oligarquias agrárias. 
 1930 - Foram criados o “Ministério do Trabalho”, o da 
 “Indústria e Comércio”, o “Ministério da Educação e 
 Saúde” e as juntas de arbitragem trabalhista. 
 1939 - Regulamenta-se a justiça do trabalho e em 1943 é 
 homologada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). 
 Novos serviços na área de saúde pública, criação do 
 ministério de educação e saúde. 
 ➔ Previdência Social no Estado Novo 
 A CAPS são substituídas pelos Institutos de Aposentadoria 
 e Pensões (IAP). Os trabalhadores eram organizados por 
 categoria profissional (marítimos, comerciários, bancários) 
 e não por empresa. 
 1933 - Primeiro Instituto de Aposentadoria e Pensões: o 
 dos Marítimos (IAPM). 
 1934 - Comerciários (IAPC) e Bancários (IAPB). 
 1936 - Dos Industriários (IAPI). 
 1938 - Dos Estivadores e Transportadores de Cargas 
 (IAPETEL). 
 Saúde Após 1930 
 ➔ Estado Novo 
 1953 - Criado o Ministério da Saúde, o que na verdade 
 limitou se a um mero desmembramento do antigo Ministério 
 da Saúde e Educação sem que isto significasse uma nova 
 postura do governo e uma efetiva preocupação em atender 
 aos importantes problemas de saúde pública de sua 
 competência. 
 1956 - Criado o Departamento Nacional de Endemias 
 Rurais (DNERU), incorporando os antigos serviços 
 nacionais de febre amarela, malária e peste. 
 1960 - Promulgada a lei 3.807, denominada Lei Orgânica 
 da Previdência Social, que veio estabelecer a unificação do 
 regime geral da previdência social, destinado a abranger 
 todos os trabalhadores sujeitos ao regime da CLT, 
 excluídos os trabalhadores rurais, os empregados 
 domésticos e naturalmente os servidores públicos e de 
 autarquias e que tivessem regimes próprios de previdência. 
 Os trabalhadores rurais só viriam a ser incorporados ao 
 sistema 3 anos mais tarde, quando foi promulgada a lei 
 4.214 que instituiu o Fundo de Assistência ao Trabalhador 
 Rural (FUNRURAL). 
 PERÍODO 1923-30 
 NASCIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 Marco Legal 
 e Político 
 Nascimento da Legislação Trabalhistas 
 Lei Eloy Chaves (1923) 
 Previdência CAPs - Organizadas por empresas 
 financiadas e gerenciadas por 
 empregados e empregadores 
 Assistência à 
 Saúde 
 Assistência médica como atribuição das 
 CAPs por meio de serviços próprios 
 Saúde 
 Coletiva 
 Sanitarismo Campanhista, 
 Departamento Nacional de Saúde 
 Pública, Reforma Carlos Chagas 
 PERÍODO 1930-45 
 AÇÕES CENTRALIZADAS DE SAÚDE 
 PÚBLICA 
 Marco Legal 
 e Político 
 Criação do MT 
 CLT 
 Previdência IAPs por categorias das profissões 
 Assistência à 
 Saúde 
 Corte das despesas médicas 
 Saúde 
 Coletiva 
 Auge Sanitarismo Campanhista 
 Serviço Nacional de Febre Amarela 
 SESP 
 PERÍODO 1945-66 
 CRISE NO REGIME DE CAPITALIZAÇÃO E 
 SANITARISMO DESENVOLVIMENTISTA 
 Marco Legal 
 e Político 
 Constituição de 1946 
 LOSP (1960) 
 Estatuto do Trabalhador Rural 
 Golpe 1964 
 INPS (1966) 
 Previdência Aumento dos gastos e esgotamento 
 reservas 
 Incorporação da assistência sanitária à 
 previdência 
 Direitos segurados 
 Assistência à 
 Saúde 
 Crescimentos de serviços da 
 previdência 
 Aumento de gastos da assistência 
 médica 
 Convivência como serviços privados em 
 expansão 
 Saúde 
 Coletiva 
 Sanitarismo Desenvolvimentista 
 Departamento Nacional de Endemias 
 Rurais DNRU (1956) 
 Políticas de Saúde no Brasil 
 1980 - 8ª. Conferência Nacional de Saúde e a elaboração 
 da Constituição Federal Brasileira. 
 A defesa da saúde enquanto valor universal ganhou 
 expressão principalmente a partir da realização da 8ª. 
 Conferência Nacional de Saúde e foi garantido na forma de 
 lei com a criação da Constituição Federal Brasileira em 
 1988. 
 ➔ Pós-Constituinte (1989 – ...) 
 Reforma Sanitária 
 Foi um movimento de professores, pesquisadores e 
 intelectuais da saúde que criticavam o sistema de saúde 
 brasileiro e apresentaram uma nova política de saúde 
 democrática. Crítica ao modelo baseado no paradigma 
 clínico, individualista e nas práticas curativista e 
 hospitalocêntrica. 
 O contexto histórico vivido nessa virada de milênio é 
 caracterizado pela divisão do trabalho intelectual e pela 
 excessiva predominância das especializações, fato que 
 requer a retomada expressiva do antigo conceito de 
 interdisciplinaridade. 
 Conceito ampliado de saúde. Saúde como direito de todos 
 e dever do Estado. Criação do SUS. Participação popular 
 (controle social). Ampliação do orçamento social.

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