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www.PROFDAVI.com.br CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS CURSO PREPARATÓRIO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional (LDB), em 1996, toda escola precisa ter um projeto político-pedagógico (o PPP, ou simplesmente Pro- jeto Pedagógico). No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projice- re, que significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de edificação. Segundo Veiga83, ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos inten- ção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível. É antever um futuro di- ferente do presente. Nas palavras de Gadotti84: Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atra- vessar um período de instabilidade e buscar uma nova esta- bilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado com a promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores. Nessa perspectiva, o Projeto Político Pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de ativi- dades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educa- cionais como prova do cumprimento de tarefas burocráti- cas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da esco- la. O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação in- tencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intima- mente articulado ao compromisso sociopolítico com os in- teresses reais e coletivos da população majoritária. É políti- co no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. “A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica”. Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetiva- ção da intencionalidade da escola, que é a formação do ci- dadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educati- vas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. Político e pedagó- gico têm assim uma significação indissociável. Neste senti- do é que se deve considerar o projeto político-pedagógico como um processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de alternativas viáveis a efe- tivação de sua intencionalidade, que “não é descritiva ou constatativa, mas é constitutiva”. Por outro lado, propicia a vivência democrática necessária para a participação de todos os membros da comunidade escolar e o exercício da cidadania. Pode parecer complica- do, mas trata-se de uma relação recíproca entre a dimensão política e a dimensão pedagógica da escola. O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em proces- so democrático de decisões, preocupase em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do man- do impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos frag- mentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão. Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como organização da escola num todo e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade. Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto político- -pedagógico busca a organização do trabalho pedagógico da escola na sua globalidade. A principal possibilidade de construção do projeto político-pedagógico passa pela re- lativa autonomia da escola, de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto significa resgatar a escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na re- flexão coletiva. Portanto, é preciso entender que o projeto político-pedagó- gico da escola dará indicações necessárias à organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala de aula. Buscar uma nova organi- zação para a escola constitui uma ousadia para os educa- dores, pais, alunos e funcionários. E para enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial que fundamente a construção do projeto político-pedagógico. A questão é, pois, saber a qual referencial temos que recorrer para a compreensão de nossa prática pedagógica. Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de uma teoria pe- dagógica crítica viável, que parta da prática social e esteja compromissada em solucionar os problemas da educação e do ensino de nossa escola. Uma teoria que subsidie o proje- to políticopedagógico e, por sua vez, a prática pedagógica que ali se processa deve estar ligada aos interesses da maio- ria da população. Faz-se necessário, também, o domínio das bases teórico-metodológicas indispensáveis à concretiza- ção das concepções assumidas coletivamente. Mais do que isso, afirma Freitas que: As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta, de correlações de força - às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão que nascer no próprio “chão da escola”, com apoio dos professores e pesquisadores. Não poderão ser inventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola. Se a escola nutre-se da vivência cotidiana de cada um de seus membros, coparticipantes de sua organização do tra- balho pedagógico à administração central, seja o Ministério da Educação, a Secretaria de Educação Estadual ou Municipal, não compete a eles definir um modelo pronto e acabado, mas sim estimular inovações e coordenar as ações pedagógicas planejadas e organizadas pela própria escola. Em outras palavras, as escolas necessi- tam receber assistência técnica e financeira decidida em conjunto com as instâncias superiores do sistema de ensino. Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógica de organização das instâncias superiores, implicando uma mu- dança substancial na sua prática. Para que a construção do projeto políticopedagógico seja possível não é necessário convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários a trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma espontânea, mas propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma coerente. A escola não tem mais possibilidade de ser dirigida de cima para baixo e na ótica do poder centralizador que dita as normas e exer- ce o controle técnico burocrático. A luta da escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e qualidade. O projeto político-pedagógico não visa simplesmente a um rearranjo formal da escola, mas a uma qualidade em todo o processo vivido. Vale acrescentar, ainda, que a organização do trabalho pedagógico da escola tem a ver com a organi- zação da sociedade. A escola nessa perspectiva é vista como umainstituição social, inserida na sociedade capitalista, que reflete no seu interior as determinações e contradições des- sa sociedade. Está hoje inserido num cenário marcado pela diversidade. Cada escola é resultado de um processo de desenvolvimen- to de suas próprias contradições. Não existem duas escolas iguais. Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de saber de antemão quais serão os resultados do projeto. A arrogância do donoda verdade dá lugar à criatividade e ao diálogo. A pluralidade de projetos pedagógicos faz parte da história da educação da nossa época. Por isso, não deve existir um padrão único que oriente a escolha do projeto das escolas. Não se entende, portanto, uma escola sem au- tonomia para estabelecer o seu projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-lo. A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte da própria natureza do ato pedagó- gico. A gestão democrática da escola é, portanto uma exi- gência de seu projeto político-pedagógico. Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de mentalidade de todos os membros da comunidade escolar. Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do Estado e não uma conquista da comunidade. A gestão democrática da escola implica que a comunidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros receptores dos serviços educacionais. Os pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte na responsabilidade pelo projeto da escola. Há pelo menos duas razões, que justificam a implantação de um processo de gestão democrática na escola pública: 1º: a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela deve dar o exemplo. 2º: porque a gestão democrática pode melhorar o que é específico da escola, isto é, o seu ensino. A participação na gestão da escola proporcionará um me- lhor conhecimento do funcionamento da escola e de todos os seus atores. Proporcionará um contato permanente entre professores e alunos, o que leva ao conhecimento mútuo e, em consequência, aproximará também as necessidades dos alunos dos conteúdos ensinados pelos professores. O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua própria aprendizagem. E para ele tornarse sujeito da sua aprendiza- gem ele precisa participar das decisões que dizem respeito ao projeto da escola que faz parte também do projeto de sua vida. A autonomia e a participação - pressupostos do projeto po- lítico-pedagógico da escola, não se limitam à mera declara- ção de princípios consignados em alguns documentos. Sua presença precisa ser sentida no conselho de escola ou cole- giado, mas também na escolha do livro didático, no plane- jamento do ensino, na organização de eventos culturais, de atividades cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas assistir reuniões. A gestão democrática deve estar impreg- nada por certa atmosfera que se respira na escola, na circu- lação das informações, na divisão do trabalho, no estabele- cimento do calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na capacitação dos recursos humanos, etc. Então não se esqueça: 1- O projeto político pedagógico da escola pode ser entendido como um processo de mu- dança e definição de um rumo, que estabelece princípios, diretrizes e propostas de ação para melhor organizar, siste- matizar e significar as atividades desenvolvidas pela escola como um todo. Sua dimensão política pedagógica pressu- põe uma construção participativa que envolve ativamente os diversos segmentos escolares e a própria comunidade onde a escola se insere. 2- Quando a atuação ocorre em um planejamento participativo, as pessoas ressignificam suas experiências, refletem suas práticas, resgatam, reafirmam e atualizam valores. Explicitam seus sonhos e utopias, de- monstram seus saberes, suas visões de mundo, de educa- ção e o conhecimento, dão sentido aos seus projetos indivi- duais e coletivos, reafirmam suas identidades estabelecem novas relações de convivência e indicam um horizonte de novos caminhos, possibilidades e propostas de ação. Este movimento visa promover a transformação necessária e de- sejada pelo coletivo escolar e comunitário e a assunção de uma intencionalidade política na organização do trabalho pedagógico escolar. 3- Para que o projeto seja impregnado por uma intencionalidade significadora, é necessário que as partes envolvidas na prática educativa de uma escola estejam profundamente integradas na constituiçãoe que haja vivencia dessa intencionalidade. A comunidade escolar então tem que estar envolvida na construção e explicitação dessa mesma intencionalidade. PROCESSOS E PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/96, no artigo 12, define claramente a incumbência da escola de elaborar o seu projeto pedagógico. Além disso, explicita uma compreensão de escola para além da sala de aula e dos muros da escola, no sentido desta estar inserida em um con- texto social e que procure atender às exigências não só dos alunos, mas de toda a sociedade. Ainda coloca, nos artigos 13 e 14, como tarefa de professores, supervisores e orienta- dores a responsabilidade de participar da elaboração desse projeto. A construção do projeto político-pedagógico numa perspectiva emancipatória se constitui num processo de vi- vência democrática à medida que todos os segmentos que compõem a comunidade escolar e acadêmica dele devam participar, comprometidos com a integridade do seu plane- jamento, de modo que todos assumem o compromisso com a totalidade do trabalho educativo. Segundo Veiga86, a abordagem do projeto político-peda- gógico, como organização do trabalho da escola como um todo, está fundada nos princípios que deverão nortear a escola democrática, pública e gratuita: Igualdade: de con- dições para acesso e permanência na escola. Saviani87 aler- ta-nos para o fato de que há uma desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no ponto de chegada deve ser garantida pela mediação da escola. O autor destaca: Por- tanto, só é possível considerar o processo educativo em seu conjunto sob a condição de se distinguir a democracia com a possibilidade no ponto de partida e democracia como realidade no ponto de chegada. Igualdade de oportunida- des requer, portanto, mais que a expansão quantitativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com simultânea manutenção de qualidade. Qualidade: que não pode ser privilégio de minorias econô- micas e sociais. O desafio que se coloca ao projeto político- -pedagógico da escola é o de propiciar uma qualidade para todos. A qualidade que se busca implica duas dimensões indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está subordinada a outra; cada uma delas tem perspectivas pró- prias. Formal ou Técnica - enfatiza os instrumentos e os métodos, a técnica. A qualidade formal não está afeita, necessariamen- te, a conteúdos determinados. Demo88 afirma que a quali- dade formal: “(...) significa a habilidade de manejar meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos diante dos desafios do desenvolvimento”. Política - a qualidade política é condição imprescindível da participação. Está voltada para os fins, valores e conteúdos. Quer dizer “a competência humana do sujeito em termos de se fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da so- ciedade humana”. Nesta perspectiva, o autor chama atenção para o fato de que a qualidade centra-se no desafio de ma- nejar os instrumentos adequados para fazer a história hu- mana. A qualidade formal está relacionada com a qualidade política e esta depende da competência dos meios. A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as maneiras possíveis a repetência e a evasão. Tem que garantir a meta qualitativa do desempenho satisfatório de todos. Qualidade para todos, portanto, vai além da meta quantitativa de aces- so global, no sentido de que as crianças, em idade escolar, entrem na escola. É preciso garantir a permanência dos que nela ingressarem. Em síntese, qualidade “implica consciên- cia crítica e capacidade de ação, saber e mudar”. O projeto político-pedagógico, ao mesmo tempo em que exige doseducadores, funcionários, alunos e pais a definição clara do tipo de escola que intentam, requer a definição de fins. As- sim, todos deverão definir o tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar. As ações especificas para a obtenção desses fins são meios. Essa distinção clara entre fins e meios é essencial para a construção do projeto políti- co-pedagógico. Gestão Democrática: é um princípio consagrado pela Cons- tituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, ad- ministrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica na prática administrativa da escola, com o enfrentamento das questões de exclusão e reprovação e da não permanência do aluno na sala de aula, o que vem provocando a margi- nalização das classes populares. Esse compromisso implica a construção coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação das classes populares. A gestão demo- crática exige a compreensão em profundidade dos proble- mas postos pela prática pedagógica. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Busca resgatar o controle do processo e do produto do tra- balho pelos educadores. Implica principalmente o repensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista sua sociali- zação. A socialização do poder propicia a prática da partici- pação coletiva, que atenua o individualismo; da reciprocida- de, que elimina a exploração; da solidariedade, que supera a opressão; da autonomia, que anula a dependência de ór- gãos intermediários que elaboram políticas educacionais das quais a escola é mera executora. A busca da gestão de- mocrática inclui, necessariamente, a ampla participação dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas de- cisões/ações administrativo-pedagógicas ali desenvolvidas. Nas palavras de Marques89: A participação ampla assegura a transparência das decisões, fortalece as pressões para que sejam elas legítimas, garante o controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo, contribui para que sejam con- templadas questões que de outra forma não entrariam em cogitação. Neste sentido, fica claro entender que a gestão democrática, no interior da escola, não é um princípio fácil de ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na construção do projeto político-pedagógico e na sua gestão. Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado à ideia de autonomia. O que é necessário, portanto, como ponto de partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia e liberdade. A autonomia e a liberdade fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. O significa- do de autonomia remete-nos para regras e orientações criadas pelos próprios sujeitos da ação educativa, sem im- posições externas. Para Rios, a escola tem uma autonomia relativa e a liberdade é algo que se experimenta em situação e esta é uma articu- lação de limites e possibilidades. Para a autora, a liberdade é uma experiência de educadores e constrói-se na vivência coletiva, interpessoal. Portanto, “somos livres com os outros, não, apesar dos outros”. Se pensamos na liberdade na es- cola, devemos pensá-la na relação entre administradores, professores, funcionários e alunos que aí assumem sua par- te de responsabilidade na construção do projeto político- -pedagógico e na relação destes com o contexto social mais amplo. A liberdade deve ser considerada, também, como liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o saber direcionados para uma intencionalidade definida coletivamente. Valorização do magistério: é um princípio central na discus- são do projeto político-pedagógico. A qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar cida- dãos capazes de participar da vida socioeconômica, política e cultural do país relacionam-se estreitamente a formação (inicial e continuada), condições de trabalho (recursos didá- ticos, recursos físicos e materiais, dedicação integral à escola, redução do número de alunos na sala de aula etc.), remune- ração, elementos esses indispensáveis à profissionalização do magistério. O reforço à valorização dos profissionais da educação, garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento profissional permanente, significa “valorizar a experiência e o conhecimento que os professores têm a partir de sua prática pedagógica”. A formação continuada é um direito de todos os profis- sionais que trabalham na escola, uma vez que não só ela possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na qualificação e na competência dos profissionais, mas também propicia, fundamentalmente, o desenvolvimento profissional dos professores articulado com as escolas e seus projetos. A formação continuada deve estar centra- da na escola e fazer parte do projeto político-pedagógico. Assim, compete à escola: - proceder ao levantamento de necessidades de formação continuada de seus profissio- nais; - elaborar seu programa de formação, contando com a participação e o apoio dos órgãos centrais, no sentido de fortalecer seu papel na concepção, na execução e na avaliação do referido programa. Daí, passarem a fazer parte dos programas de formação continuada, questões como cidadania, gestão democrática, avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas tecno- logias de ensino, entre outras. Inicialmente, convém alertar para o fato de que essa tomada de consciência, dos princí- pios do projeto político-pedagógico, não pode ter o sentido espontaneísta de se cruzar os braços diante da atual orga- nização da escola, que inibe a participação de educadores, funcionários e alunos no processo de gestão. É preciso ter consciência de que a dominação no interior da escola efeti- va-se por meio das relações de poder que se expressam nas práticas autoritárias e conservadoras dos diferentes profis- sionais, distribuídos hierarquicamente, bem como por meio das formas de controle existentes no interior da organização escolar. Por outro lado, a escola é local de desenvolvimento da consciência crítica da realidade. ESTRATÉGIA DE PLANEJAMENTO Definição de marco/referência: é necessário definir o con- junto de ideias, de opções e teorias que orientará a prática da escola. Para tanto, é preciso analisar em que contexto a escola está inserida. Para assim definir e explicitar com que tipo de sociedade a escola se compromete, que tipo de pes- soas ela buscará formar e qual a sua intencionalidade políti- co, social, cultural e educativa. Esta assunção permite clarear os critérios de ação para planejar como se deseja a escola no que se refere à dimensão pedagógica, comunitária e ad- ministrativa. É um momento que requer estudos, reflexões teóricas, análise do contexto, trabalho individual, em grupo, debates, elaboração escrita. Devem ser criadas estratégias para que todos os segmentos envolvidos com a construção do projeto político-pedagógico possam refletir, se posicio- nar acerca do contexto em que a escola se insere. É neces- sário partir da realidade local, para compreendê-la numa di- mensão mais ampla. Então se deve analisar e discutir como vivem as pessoas da comunidade, de onde vieram quais grupos étnicos a compõem, qual o trabalho que realizam como são as relações deste trabalho, como é a vida no pe- ríodo da infância, juventude, idade adulta e a melhor idade (idoso) nesta comunidade, quais são as formas de organiza- ção desta comunidade, etc. A partir da reflexão sobre estes elementos pode-se discutir a relação que eles têm no tem- po histórico, no sentido de perceber mudanças ocorridas na forma de vida das pessoas e da comunidade. Analisar o que tem de comum e tentar fazer relação com outros espaços, com a sociedade como um todo. Discutir como se vê a so- ciedade brasileira, quais são os valores que estão presentes, como estes são manifestados, se as pessoas estão satisfeitas com esta sociedadee o seu modo de organização. Para delimitar o marco doutrinal do projeto político-peda- gógico propõe-se discutir: que tipo de sociedade nós que- remos construir, com que valores, o que significa ser sujeito nesta sociedade, como a escola pode colaborar com a for- mação deste sujeito durante a sua vida. Para definirmos o marco operativo sugere-se que analise- mos a concepção e os princípios para o papel que a escola pode desempenhar na sociedade. Propomos a partir da leitura de textos, da compreensão de cada um, discutir com todos os segmentos como queremos que seja nossa escola, que tipo de educação precisamos de- senvolver para ajudar a construir a sociedade que idealiza- mos como entendemos que ser a proposta pedagógica da escola, como devem ser as relações entre direção, equipe pedagógica, professores, alunos, pais, comunidade, como a escola pode envolver a comunidade e se fazer presente nela, analisando qual a importância desta relação para os sujeitos que dela participam. Diagnóstico: é o segundo passo da construção do projeto e se constitui num momento importante que permite uma radiografia da situação em que a escola se encontra na or- ganização e desenvolvimento do seu trabalho pedagógico acima de tudo, tendo por base, o marco referencial, fazer comparações e estabelecer necessidades para se chegar à intencionalidade do projeto. O documento produzido sobre o marco referencial deve ser lido por todos. Com base neste documento deve-se elabo- rar um roteiro de discussão para comparar todos os elemen- tos que aparecem no documento com a prática social vivi- da, ou seja, discutir como de fato se dá a relação entre escola e a comunidade, como ela trabalha com os conhecimentos que os alunos trazem da sua prática social, como os conte- údos são escolhidos, como os professores planejam o seu trabalho pedagógico da escola, como e quando se avalia o trabalho na sala de aula e o trabalho pedagógico da escola, quem participa destaavaliação, como a escola tem definido a sua opção teórica no trabalho pedagógico, como se dão as relações e a participação de alunos, professores, coorde- nadores, diretores, pais, funcionários e comunidade na or- ganização do trabalho pedagógico escolar. Estes dados pre- cisam ser sistematizados e discutidos por todos da equipe que elabora o projeto. Com a finalização do diagnóstico da escola e de sua relação com a comunidade pode-se definir um plano de ação e as grandes estratégias que devem ser perseguidas para atingir a intencionalidade assumida no marco referencial. Propostas de Ação: este é o momento em que se procura pensar estratégias, linhas de ação, normas, ações concretas permanentes e temporárias para responder às necessida- des apontadas a partir do diagnóstico tendo por referência sempre à intencionalidade assumida. Assim, cada problema constatado, cada necessidade apontada é preciso definir uma proposta de ação. Esta proposta de ação pode ser pen- sada a partir de grandes metas. Para cada meta pode-se de- finir ações permanentes, ações de curto, médio e longo pra- zo, normas e estratégias para atingir a meta definida. Além disso, é preciso justificar cada meta, traçar seus objetivos, sua metodologia, os recursos necessários, os responsáveis pela execução, o cronograma e como será feita a avaliação. Com base nesses três momentos que devem estar dialetica- mente articulados elabora-se o projeto político-pedagógi- co, o qual precisa também de forma coletiva ser executado, avaliado e (re)planejado. Etapas Devemos analisar e compreender a organização do trabalho pedagógico, no sentido de se gestar uma nova organização que reduza os efeitos de sua divisão do traba- lho, de sua fragmentação e do controle hierárquico. Nessa perspectiva, a construção do projeto político-pedagógico é um instrumento de luta, é uma forma de contrapor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e sua rotinização, à dependência e aos efeitos negativos do poder autoritário e centralizador dos órgãos da administração central. As eta- pas de elaboração de um projeto pedagógico podem assim ser definidas: Cronograma de trabalho e definição da divisão de tarefas: definição da periodicidade e das tarefas para a elaboração do projeto pedagógico. Definir um prazo faz com que haja organização e compromisso com o trabalho de elaboração. É importante reiterar que, quando se busca uma nova orga- nização do trabalho pedagógico, está se considerando que as relações de trabalho, no interior da escola deverão estar calçadas nas atitudes de solidariedade, de reciprocidade e de participação coletiva, em contraposição à organização regida pelos princípios da divisão do trabalho da fragmen- tação e do controle hierárquico. É nesse movimento que se verifica o confronto de interesses no interior da escola. Por isso todo esforço de se gestar uma nova organização deve levar em conta as condições concretas presentes na escola. Há uma correlação de forças e é nesse embate que se ori- ginam os conflitos, as tensões, as rupturas, propiciando a construção de novas formas de relações de trabalho, com espaços abertos à reflexão coletiva que favoreçam o diálo- go, a comunicação horizontal entre os diferentes segmen- tos envolvidos com o processo educativo, a descentraliza- ção do poder. Histórico da instituição: sua criação, ato normativo, origem de seu nome, etc. Abrangência da ação educativa referente: - Nível de ensino e suas etapas; - Modalidades de educação que irá atender; - Aos profissionais, considerando: à área, o trabalho da equi- pe pedagógica e administrativa; - À comunidade externa: entorno social. Objetivos: gerais, observando os objetivos definidos pela instituição. Princípios legais e norteadores da ação: a insti- tuição deve observar ainda os planos e Políticas (federal, es- tadual ou municipal) de Educação. A partir da identificação dos princípios registrados nas legislações em vigor, deve explicitar o sentido que os mesmos adquirem em seu con- texto de ação. Currículo: identificar o paradigma curricular em concordân- cia com sua opção do método, da teoria que orienta sua prática. Implica, necessariamente, a interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivoe a opção por um referencial teórico que o sustente. Na organização curricular é preciso considerar alguns pontos básicos: 1º - é o de que o currículo não é um instrumento neutro. O currículo passa ideologia, e a escola precisa identificar e desvelar os componentes ideológicos do conhecimento escolar que a classe dominante utiliza para a manutenção de privilégios. A determinação do co- nhecimento escolar, portanto, implica uma análise interpre- tativa e crítica, tanto da cultura dominante, quanto da cultu- ra popular. O currículo expressa uma cultura. 2º - é o de que o currículo não pode ser separado do contexto social, uma vez que ele é historicamente situado e culturalmente deter- minado. 3º - diz respeito ao tipo de organização curricular que a escola deve adotar. Em geral, nossas instituições têm sido orientadas para a organização hierárquica e fragmen- tada do conhecimento escolar. 4º - refere-se a questão do controle social, já que o currículo formal (conteúdos curri- culares, metodologia e recursos de ensino, avaliação e rela- ção pedagógica) implica controle. Por outro lado, o controle social é instrumentalizado pelo currículo oculto, entendido este como as “mensagens transmitidas pela sala de aula e pelo ambiente escolar”. Assim, toda a gama de visões do mundo, as normas e os valores dominantes são passados aos alunos no ambiente escolar, no material didático e mais especificamente por intermédio dos livros didáticos, na relação pedagógica, nas rotinas escolares. Os resultados do currículo oculto “estimu- lam a conformidade a ideais nacionais e convenções sociais ao mesmo tempo que mantêm desigualdades socioeconô- micase culturais”. Orientar a organização curricular para fins emancipatórios implica, inicialmente desvelar as visões sim- plificadas de sociedade, concebida como um todo homogê- neo, e de ser humano como alguém que tende a aceitar pa- péis necessários à sua adaptação ao contexto em que vive. Controle social na visão crítica, é uma contribuição e uma ajuda para a contestação e a resistência à ideologia veicula- da por intermédio dos currículos escolares. Ensino, aprendizagem e avaliação: orientações didáticas e metodológicas quanto à educação infantil, ensino fun- damental, ensino médio, educação especial, educação de jovens e adultos, educação profissional. Mecanismos de acompanhamento pedagógico, de recuperação paralela, de avaliação: indicadores de aprendizagem, diretrizes, procedimentos e instrumentos de recuperação e avaliação. Programa de for- mação continuada: concepção, objetivos, eixos, política e estratégia. Formas de relacionamento com a comunidade: con- cepção de educação comunitária, princípios, objetivos e estratégias. Organização do tempo e do espaço escolar: cronograma de atividades. - diárias, semanais, bimestrais, semestrais, anuais. - estudo, planejamento, enriquecimento curricular, ação comunitária. - normas de utilização de espaços co- muns da instituição. O tempo é um dos elementos constitutivos da organiza- ção do trabalho pedagógico. O calendário escolar ordena o tempo: determina o início e o fim do ano, prevendo os dias letivos, as férias, os períodos escolares em que o ano se di- vide, os feriados cívicos e religiosos, as datas reservadas à avaliação, os períodos para reuniões técnicas, cursos etc. O horário escolar, que fixa o número de horas por semana e que varia em razão das disciplinas constantes na grade cur- ricular, estipula também o número de aulas por professor. Tal como afirma Enguita91. (...) As matérias tornam-se equi- valentes porque ocupam o mesmo número de horas por se- mana e, são vistas como tendo menor prestígio se ocupam menos tempo que as demais. A organização do tempo do conhecimento escolar é mar- cada pela segmentação do dia letivo, e o currículo é, conse- quentemente, organizado em períodos fixos de tempo para disciplinas supostamente separadas. O controle hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes é desperdiçado e controla- do pela administração e pelo professor. Em resumo, quanto mais compartimentado for o tempo, mais hierarquizadas e ritualizadas serão as relações sociais, reduzindo, também, as possibilidades de se institucionali- zar o currículo integração que conduz a um ensino em ex- tensão. Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se necessário que a escola reformule seu tempo, es- tabelecendo períodos de estudo e reflexão de equipes de educadores fortalecendo a escola como instância de edu- cação continuada. É preciso tempo para que os educadores aprofundem seu conhecimento sobre os alunos e sobre o que estão aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico em ação. É preciso tempo para os estudantes se organizarem e criarem seus es- paços para além da sala de aula. Acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico: pa- râmetros, mecanismos de avaliação interna e externa, res- ponsáveis, cronograma. Esses são alguns elementos que devem ser abordados no projeto pedagógico. Geralmente encontram-se documentos com a seguinte organização: apresentação, dados de identificação, organograma, his- tórico, filosofia, pressupostos teóricos e metodológicos, objetivos, organização curricular, processo de avaliação da aprendizagem, avaliação institucional, processo de forma- ção continuada, organização e utilização do espaço físico, projetos/programas, referências, anexos, apêndices, dentre outros: Finalidades Segundo Veiga, a escola persegue finalidades. É importante ressaltar que os educadores precisam ter clareza das finalidades de sua escola. Para tanto há necessidade de se refletir sobre a ação educativa que a escola desenvolve com base nas finalidades e nos objetivos que ela define. As finalidades da escola referem-se aos efeitos intencional- mente pretendidos e almejados. Alves93 afirma que há ne- cessidade de saber se a escola dispõe de alguma autonomia na determinação das finalidades e, consequentemente, seu desdobramento em objetivos específicos. O autor enfatiza que: interessará reter se as finalidades são impostas por en- tidades exteriores ou se são definidas no interior do terri- tório social e se são definidas por consenso ou por conflito ou até se é matéria ambígua, imprecisa ou marginal. Essa colocação está sustentada na ideia de que a escola deve as- sumir, como uma de suas principais tarefas, o trabalho de refletir sobre sua intencionalidade educativa. Nesse sentido, ela procura alicerçar o conceito de autonomia, enfatizando a responsabilidade de todos, sem deixar de lado os outros níveis da esfera administrativa educacional. A ideia de auto- nomia está ligada à concepção emancipadora da educação. Para ser autônoma, a escola não pode depender dos órgãos centrais e intermediários que definem a política da qual ela não passa de executora. Ela concebe seu projeto político- -pedagógico e tem autonomia para executá-lo e avaliá-lo ao assumir uma nova atitude de liderança, no sentido de refle- tir sobre as finalidades sociopolíticas e culturais da escola. Estrutura Organizacional A escola, de forma geral, dis- põe de dois tipos básicos de estruturas: administrati- vas e pedagógicas. Administrativas - asseguram praticamente, a locação e a gestão de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem parte, ainda, das estruturas administrativas todos os ele- mentos que têm uma forma material como, por exemplo, a arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele se apre- senta do ponto de vista de sua imagem: equipamentos e materiais didáticos, mobiliário, distribuição das dependên- cias escolares e espaços livres, cores, limpeza e saneamento básico (água, esgoto, lixo e energia elétrica). Pedagógicas - que, teoricamente, determinam a ação das administrativas, “organizam as funções educativas para que a escola atinja de forma eficiente e eficaz as suas finalida- des”. As estruturas pedagógicas referem-se, fundamental- mente, às interações políticas, às questões de ensino e de aprendizagem e às de currículo. Nas estruturas pedagógicas incluem-se todos os setores necessários ao desenvolvimen- to do trabalho pedagógico. A análise da estrutura organizacional da escola visa identifi- car quais estruturas são valorizadas e por quem, verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar claro que a escola é uma organização orientada por finalidades, con- trolada e permeada pelas questões do poder. A análise e a compreensão da estrutura organizacional da escola signifi- cam indagar sobre suas características, seus polos de poder, seus conflitos. Avaliar a estrutura organizacional significa questionar os pressupostos que embasam a estrutura bu- rocrática da escola que inviabiliza a formação de cidadãos aptos a criar ou a modificar a realidade social. Para realizar um ensino de qualidade e cumprir suas fina- lidades, as escolas têm que romper com a atual forma de organização burocrática que regula o trabalho pedagógico - pela conformidade às regras fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do poder central e pela cisão entre os que pensam e executam, que conduz a fragmentação e ao consequente controle hierárquico que enfatiza três aspectos inter-relacionados: o tempo, a ordem e a disciplina. Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacional, ao avaliar os pressupostos teóricos, ao situar os obstáculos e vislumbrar as possibilidades, os educadores vão desvelando a realidade es- colar, estabelecendo relações, definindo finalidades comuns e configurando novas formasde organizar as estruturas ad- ministrativas e pedagógicas para a melhoria do trabalho de toda a escola na direção do que se pretende. Assim, consi- derando o contexto, os limites, os recursos disponíveis (hu- manos, materiais e financeiros) e a realidade escolar, cada instituição educativa assume sua marca, tecendo, no coletivo, seu projeto político-pedagógico, propiciando consequente- mente a construção de uma nova forma de organização. Processo de Decisão Na organização formal de nossa escola, o fluxo das tarefas das ações e principalmente das decisões é orientado por procedimentos formalizados, prevalecendo as relações hierárquicas de mando e submissão, de poder autoritário e centralizador. Uma estrutura administrativa da escola adequada à realização de objetivos educacionais, de acordo com os interesses da população, deve prever me- canismos que estimulem a participação de todos no pro- cesso de decisão. Isto requer uma revisão das atribuições especificas e gerais, bem como da distribuição do poder e da descentralização do processo de decisão. Para que isso seja possível há necessidade de se instalarem mecanismos institucionais visando à participação política de todos os envolvidos com o processo educativo da escola. Contudo, a participação da coordenação pedagógica nesse processo é fundamental, pois o trabalho é garantir a satisfação do bom atendimento em prol de toda a instituição. Avaliação Acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos a reflexão com base em dados concretos sobre como a escola organi- za-se para colocar em ação seu projeto político-pedagógi- co. A avaliação do projeto político-pedagógico, numa visão crítica, parte da necessidade de se conhecer a realidade es- colar, busca explicar e compreender ceticamente as causas da existência de problemas bem como suas relações, suas mudanças e se esforça para propor ações alternativas (cria- ção coletiva). Esse caráter criador é conferido pela autocríti- ca. Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão global, analisam o projeto político-pedagógico, não como algo es- tanque desvinculado dos aspectos políticos e sociais. Não rejeitam as contradições e os conflitos. A avaliação tem um compromisso mais amplo do que a mera eficiência e eficácia das propostas conservadoras. Portanto, acompanhar e ava- liar o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da própria organização do trabalho pedagógico. Considerando a avaliação dessa forma é possível salientar dois pontos im- portantes. Primeiro, a avaliação é um ato dinâmico que qua- lifica e oferece subsídios ao projeto político-pedagógico. Se- gundo, ela imprime uma direção às ações dos educadores e dos educandos. O processo de avaliação envolve três mo- mentos: a descrição e a problematização da realidade esco- lar, a compreensão crítica da realidade descrita e problema- tizada e a proposição de alternativas de ação, momento de criação coletiva. A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriar-se de conhecimentos científicos, sociais e tec- nológicos produzidos historicamente e deve ser resultante de um processo coletivo de avaliação diagnóstica.