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TCC- VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

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IES – INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALESSANDRA REGINA WALDRIGHIS CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA CONTRA MULHER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JAÚ/SP 
2020 
 
 
 
ALESSANDRA REGINA WALDRIGHIS CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA CONTRA MULHER 
 
 
 
Monografia apresentada à Instituição de Ensino 
Superior como requisito parcial para obtenção do Título 
de Licenciatura em Filosofia. 
 
Orientador (a): Prof. Dr. Márcio César Chiachio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JAÚ/SP 
2020 
 
 
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio 
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a 
fonte. 
 
 
 
 
 
Catalogação na publicação 
Serviço de Documentação Universitária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carvalho, Alessandra Regina Waldrighis, Licenciatura em Filosofia, 
2020, 34 f., Monografia – Licenciatura em Filosofia– IES – Instituição 
de Ensino Superior – Jaú, 2020 
 
Monografia – Instituição de ensino superior, Curso de 
Licenciatura em Filosofia; 
Orientador: Prof. Dr. Márcio César Chiachio 
 
1. Educação Superior. 2. Didática. 3. Metodologia de 
Ensino. 
 
 
 
 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
ALESSANDRA REGINA WALDRIGHIS CARVALHO 
 
 
VIOLÊNCIA CONTRA MULHER 
 
 
Monografia apresentada à Instituição de Ensino 
Superior como requisito parcial para obtenção em 
licenciatura em Filosofia. 
 
Aprovada em: ___/___/2020 
 
 
 
 
Examinadores: 
 
 
___________________________________________ 
Prof. Coordenador 
Instituição de ensino superior 
 
 
___________________________________________ 
Prof. Orientador 
Instituição de ensino superior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DEDICATÓRIA 
 
A minha família, pela compreensão, dedicação, 
amor e por tornar minha vida melhor e mais feliz. 
Aos meus pais pela proteção e amor. 
À Deus, razão de nossa existência e doador da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus que toda manhã me dá forças para 
alcançar meus objetivos. 
Aos professores que participaram da pesquisa 
contida no presente trabalho. 
A minha família que sempre apoiaram os meus 
sonhos, e com eles eu conquisto mais este. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
Se virmos a realidade, as mulheres são mais 
sólidas, mais objectivas, mais sensatas. Para nós, 
são opacas: olhamos para elas, mas não 
conseguimos entrar lá dentro. Estamos tão 
empapados de uma visão masculina, que não 
entendemos. Em contrapartida, para as mulheres 
nós somos transparentes. O que me preocupa é 
que, quando a mulher chega ao poder, perde isso 
tudo. (SARAMAGO, JOSÉ) 
 
 
 
RESUMO 
CARVALHO, ALESSANDRA REGINA WALDRIGHIS, Licenciatura em Filosofia, 
2020, 34 f., Monografia – Licenciatura em Filosofia– IES – Instituição de Ensino 
Superior – Jaú, 2020. 
O presente trabalho como parte da composição do curso em licenciatura em 
Filosofia, desta forma visa abordar o tema sobre violência contra a mulher, e seus 
biótipos como forma de revisão de literatura, sobre as iniciativas tomadas para 
contra a situação, que tem ganhado destaque, graças as novas gerações que tem 
se voltado contra a demanda masculina, que às vê, como objetos. Desta forma, o 
trabalho avalia quanto a postura da mulher e a visão do homem e mede através da 
legislação os devidos meios para beneficiar a mulher e protege-la. Por conseguinte, 
a visão geral para contra a violência, também aborda se a relação tem uma base 
cultural ou histórica, que ao perceber que ambas andam enraizadas e demonstram 
que o sofrimento feminino comparado a hoje, foi muito pior do que ele já foi. 
 
Palavras-chave: Violência Doméstica; Feminicídio; Distúrbios; Agressão Física; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
CARVALHO, ALESSANDRA REGINA WALDRIGHIS, licenciatura em Filosofia. 
2020, 34 f., Monografia – Licenciatura em Filosofia– IES – Instituição de Ensino 
Superior – Jaú, 2020. 
The present work as part of the composition of the degree course in Philosophy, this 
form of visa addresses the theme about violence against a woman, and its biotypes 
as a way of literature review, about the initiatives adopted for the situation, which has 
gained prominence, thank you as new generations that have turned against the male 
demand, that you see, as objects. In this way, the work available on the posture of 
women and the vision of men and the mediation of legislation on the appropriate 
means for the beneficiaries of women and those protected. By considering, an 
overview against violence, also addresses a cultural or historical thematic 
relationship, which when realizing that women are rooted and demonstrating that the 
female suffering observed today, was much worse than it once was. 
 
Keywords: Domestic Violence; Femicide; Disorders; Physical aggression; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 
2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 12 
2.1 Objetivos específicos ....................................................................................... 12 
3. METODOLOGIA .................................................................................................... 13 
4. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 14 
5. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 14 
5.1 Gênero e Violência ........................................................................................... 18 
5.2 Violência Doméstica Contra a Mulher .............................................................. 21 
5.3 Tipos de violências: .......................................................................................... 29 
6. LEGISLAÇÃO CONTRA A CONDUTA DA VIOLÊNCIA A MULHER .................... 31 
6.1 “Importunação sexual” ..................................................................................... 31 
6.2 Aumento de pena ............................................................................................. 32 
6.3 Exclusão de ilicitude ......................................................................................... 32 
6.4 Os distúrbios emocionais mais graves ............................................................. 33 
6.5 Feminicídio: O que diz a lei brasileira .............................................................. 35 
6.6 Feminicídio: O que diz a lei brasileira .............................................................. 36 
7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 40 
8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 42 
 
 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
A violência contra a mulher é um fato social cada vez mais presente em nosso 
cotidiano, seja através das notícias veiculadas pela imprensa, nos debates 
acadêmicos, estudos teóricos sobre o assunto e, principalmente, nos lares 
brasileiros onde acontece grande parte dos atos de violência que vitimam as 
mulheres. 
A violência contra a mulher é um fato social cada vez mais presente em nosso 
cotidiano, ocasionando inúmeros danos às mulheres, principalmente, danos físicos e 
psicológicos. Por ano, milhares de mulheres são agredidas no Brasil, muitas delas 
acabam até morrendo (NEVUSP). Observa-se que há um componente de gênero 
imerso nesta problemática. O presente artigo tem como objetivo analisar como as 
construções históricas e sociais sobre
o gênero influenciam na violência contra as 
mulheres. A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica de livros e artigos 
diversos sobre a temática da violência contra mulher e o gênero, com abordagem 
qualitativa. Diante da pesquisa podem-se tecer as seguintes considerações: (01) as 
construções histórias e sociais sobre o gênero influenciam a violência contra mulher; 
(02) com as reivindicações dos movimentos feministas, foi possibilitado a mulher 
conquistar o direito ao voto, de poder trabalhar fora de casa, ter independência 
financeira, e a criação da Delegacia da Mulher; e, (03) a Lei Maria da Penha garante 
proteção jurídica específica para as mulheres, coibindo a violência doméstica e 
familiar contra as mulheres, através de medidas de prevenção e repressão a 
violência contra as mesmas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2. OBJETIVOS 
O objetivo geral deste trabalho é analisar como as construções históricas e 
sociais sobre o gênero influem na violência contra mulher 
2.1 Objetivos específicos 
 Apresentar os tipos de violência contra mulher; conhecer as questões 
históricas e sociais sobre o gênero 
 Verificar como os movimentos sociais feministas influenciaram na demanda 
por direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
3. METODOLOGIA 
Desta forma é utilizada foi a revisão bibliográfica de livros e artigos diversos 
sobre a temática da questão de gênero na violência contra mulher, caracterizando 
assim uma investigação qualitativa, exploratória e descritiva (GIL, 2009; FLICK, 
2009; GAMSON, 2006). O interesse pelo tema surgiu em virtude do conhecimento 
do elevado número de mulheres que são agredidas por ano no Brasil, sendo que, 
muitas delas acabam sendo mortas por seus companheiros ou ficam com sérias 
sequelas em decorrência das agressões sofridas; por ser uma problemática que 
afeta especificamente as mulheres, independentemente de sua cor, crença religiosa, 
classe social, etc., tendo um viés de gênero em questão. O que nos instiga, a saber, 
as motivações destes fatos. 
Além do mais, conhecer a violência contra mulher a partir das teorias de 
gênero, propiciará compreender os tipos de violência existentes nas agressões à 
mulher, o que a Lei Maria da Penha trata sobre a temática e, quais as relações de 
gênero envolvidas nesta problemática, buscando trazer novas reflexões a discussão 
do tema no ambiente acadêm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
4. REVISÃO DE LITERATURA 
Para a Filósofa Marilena Chauí, a violência pode ser vista não como violação 
de normas ou leis, mais sim, como uma mudança de uma diferença, de uma 
disparidade presente em uma relação de desigualdade, que objetiva dominar, 
explorar e oprimir. Como também, pode ser compreendida como uma ação que trata 
uma pessoa não como sujeito, mais sim como uma coisa, sendo ela anulada, 
silenciada, demonstrando passividade (CHAUÍ, 2015). 
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu Relatório Mundial 
sobre Violência e Saúde, a violência se dá quando se usa a força física ou o poder, 
de maneira real ou sob ameaça, contra si mesmo, outro indivíduo, grupo ou uma 
comunidade, causando ou vindo a causar lesão, morte, problemas psicológicos, 
deficiência no desenvolvimento e privação (FONSECA; RIBEIRO; LEAL, 2012). 
Um tipo de violência muito presente em nossa sociedade é a violência contra 
mulher, um fenômeno antigo, que por muito tempo foi banalizado, tratado como 
normal. Utilizava-se o componente biológico como justificativa, trazendo como 
argumento a fragilidade da mulher, sua força física como inferior a masculina, e que 
ela teria uma racionalidade menor que o homem (CUNHA, 2014) Desde a Grécia, já 
tem-se relato de Aristóteles descrevendo o papel da mulher na família, onde 
independentemente de sua idade, o homem seria sempre superior à mesma, se 
impondo e a mulher só restava obedecer. Ao homem estava reservado o sustento 
da família, já a mulher era relegada a esfera privada, entendida como reino das 
necessidades, onde o homem se preparava, supria suas necessidades a fim de 
participar como cidadão da vida pública. 
O argumento de “lugar da mulher” surge com a propriedade privada e a 
acumulação de bens. Ante este fato, a sociedade passa a ser denominada de 
patriarcal, modelo no qual a mulher estava reservada às atividades domésticas, a 
reprodução, sendo exploradas e oprimidas; ao homem, o papel de provedor, a força 
física e emocional, a última palavra em uma decisão (PEDRO; GUEDES, 2010). 
5. DESENVOLVIMENTO 
O vocábulo violência vem da palavra latina vis, que quer dizer força e se 
refere às noções de constrangimento e de uso da superioridade física sobre o outro. 
A violência é mutante pois sofre a influência de épocas, locais, circunstâncias e 
realidades muito diferentes. Existem violências toleradas e violências condenadas, 
15 
 
pois desde que o homem vive sobre a Terra a violência existe, apresentando-se sob 
diferentes formas, cada vez mais complexas e ao mesmo tempo mais fragmentadas 
e articuladas. 
A violência é um fenômeno extremamente difuso e complexo cuja definição 
não pode ter exatidão científica, já que é uma questão de apreciação, é influenciada 
pela cultura e submetida a uma contínua revisão na medida em que os valores e as 
normas sociais evoluem. 
O movimento feminista, do início da 2ª metade do século passado, 
destacou-se por denunciar casos de violência contra a mulher, dando luz a essa 
realidade que, até então, só era mencionada em âmbito privado. A violência 
exercida dentro dos lares permanecia sem que ninguém fizesse nem dissesse nada. 
Até então, não era manifestada abertamente tendo o apoio das condições sociais da 
época. 
De acordo com a Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, adotada pela OEA em 
1994) violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, 
que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no 
âmbito público como no privado. 
A mulher, nos diversos momentos históricos, ocupou papel inferior ao do 
homem, cujos direitos encontravam subordinados ao machismo evidenciado no 
contexto. Nessa vertente, Rodrigues et al. (2014) destacam que a luta pela 
igualdade se mostra como uma condição necessária, na medida em que o 
feminismo, seguindo tal princípio, tem como premissa destacar que mulher não pode 
sofrer qualquer discriminação somente por ser mulher, tendo respeitada sua 
integridade física e psíquica, condição fortalecida pela Educação, haja vista que a 
instituição escolar precisa ter como compromisso disseminar conhecimentos teóricos 
e valores tidos como significativos na sociedade. 
Segundo a Organização das Nações Unidas OMS (1998) “a violência contra 
a mulher no âmbito doméstico tem sido documentada em todos os países e 
ambientes socioeconômicos, e as evidências existentes indicam que seu alcance é 
muito maior que se supunha. A definição das Nações Unidas para o termo violência 
contra a mulher diz respeito possível ou real em dano físico, sexual, ou psicológico, 
incluídas as ameaças, a coerção ou a privação arbitrária da liberdade, seja na vida 
pública, seja na vida privada” (OMS/OPS, 1998). 
16 
 
"A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça é tirânica" (Blaise 
Pascal) Infelizmente o ano de 2019 não terminou bem para as mulheres, no que diz 
respeito à violência contra elas. E pelas notícias do ano que se inicia, se nada for 
feito de mais concreto, a tendência não é das mais animadoras. Os números nos 
mostram que estamos claramente, de maneira analógica, começando a viver em 
uma situação epidêmica de violência contra a mulher. 
O Estado de São Paulo registrou de janeiro a novembro de 2019, 154 
feminicídios, que já ultrapassaram os 134 casos de todo o ano de 2018. E 
infelizmente a região de Campinas não tem
contribuído para a redução desses 
números. Inclusive nos primeiros dias de 2020 já tivemos um caso de feminicídio em 
Campinas e no Estado já houve outros tantos. Precisamos parar de tampar o sol 
com a peneira; precisamos urgentemente começar a curar essa nossa ferida de 
maneira efetiva, sem paliativos, e para isso é necessário encarar a verdade: 
convencemos as mulheres que deveriam se empoderar, não aceitar as agressões, 
mas não demos ferramentas adequadas para esse enfrentamento, que é justo. A Lei 
Maria da Penha deu um grande passo nesse sentido, mas como toda lei já esta na 
hora de ser aprimorada, enriquecida. Enquanto tivermos uma justiça branda para os 
crimes de agressão, de pouco valerá a punição após a morte de uma mulher (a 
maioria dos casos de feminicídio começam com um empurrão ou ameaça verbal). A 
sociedade não pode ter como prioridade a punição, mas sim evitar a morte das 
mulheres. Não podemos negar que houve alguns avanços nesse sentido, como a 
Lei Maria da Penha já mencionada e a criação das Delegacias de Defesa da Mulher 
(DDM), mas temos que admitir que diante do cenário ainda é pouco. Temos que 
reconhecer que em relação a este tema, a polícia pode fazer muito pouco; a 
responsabilidade é do legislativo, do judiciário e do Executivo. O legislativo, 
aprimorando as leis de proteção à mulher, a justiça, sendo menos complacente e 
tolerante nos casos de simples agressão, sentenciando o agressor à pena imediata - 
e dentre elas, passar por um programa de tratamento (na maioria dos casos isso é 
uma doença psicológica e comportamental). Não adianta simplesmente dar um 
papel na mão da vítima, chamada "ordem de restrição" e deixar que ela "que se 
vire". O executivo precisa se modernizar para que se cumpra a determinação 
judicial, com sistemas tecnológicos tais como pulseiras eletrônicas, que hoje 
permitem facilmente detectar a aproximação do agressor com antecedência, como 
acontece na Espanha e França há alguns anos. Para se ter ideia, no último relatório 
17 
 
da Organização Mundial da Saúde, o Brasil ocuparia a 7ª posição entre as nações 
mais violentas para as mulheres, de um total de 83 países. Só espero que o Estado 
tome providências para que nós, brasileiros, não sejamos considerados um dos 
homens mais imbecis do Planeta Terra. 
A violência contra a mulher transcende o espaço privado e se reflete no 
espaço público. É fonte de pesquisa na área acadêmica e permite que 
pesquisadores, militantes feministas e profissionais da saúde mantenham uma 
interação entre si (GROSSI, 1998). É importante, para entender o contexto da 
violência, que o assunto traga consigo elementos e interações complexas que 
exigem ações multidisciplinares Segundo Da Ros (2000, p.61), [..] a compreensão 
do processo de construção do conhecimento na área de Saúde Pública, em que 
convivem simultaneamente diversas formas de pensar e atuar, requer estudos que 
dêem conta de uma epistemologia altamente complexa. E a várias dessas formas 
(de pensar) o tema violência que ainda não foram incorporadas. Lidar com a 
violência doméstica demanda a intervenção de diferentes profissionais e instituições 
distintas. 
A violência doméstica não é tão-somente um caso de polícia, mesmo porque 
se lida com relações intrafamiliares, que são complexas, embora a polícia também 
deva ser vista como uma das partes que compõem a rede de combate à violência 
doméstica (LIMA, 1999). No Brasil, os primeiros frutos das reivindicações feministas 
foram a criação dos Conselhos Estaduais de Direitos das Mulheres (1982 e 1983), 
das delegacias de Polícia de Defesa da Mulher e da primeira Casa Abrigo para 
Mulheres (1986). Essas iniciativas formam um espaço de denúncia e de políticas 
públicas (COELHO, 1999) para diminuir a violência doméstica, mais 
especificamente, a violência conjugal contra a mulher (COELHO, 1999, RNFS, 
2002). São várias as dificuldades encontradas para quantificar a violência. Muitas 
mortes violentas não são notificadas, e metade dos suicídios é registrada como 
acidente 
(CRM-SP, 1998). Muitas vezes, são relatadas quedas acidentais, o que 
mascara a violência doméstica (DESLANDES, 1999). No início da década de 1990, 
foi intensa a ligação entre a militância e a academia, na produção significativa de 
artigos e teses sobre feminismo e violência contra a mulher. Essa produção diminuiu 
na segunda metade da década, devido ao aumento do campo de estudos sobre a 
mulher nas universidades e à implantação de políticas públicas voltadas às mulheres 
18 
 
(GROSSI, 1994). Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, EDUFSC, n. 40, p. 
509-527, Outubro de 2006 511 H Revista de Ciências U MANAS Nessa década, 
também avançaram as discussões sobre o tema, com debates internacionais. A 
violência passou a abranger o assédio sexual, o abuso sexual infantil e as violências 
étnicas. O termo "violência contra a mulher" adquiriu uma categoria política, que 
torna emergentes as desigualdades na relação homem-mulher (BRANDÃO, 1998). 
O CEVIC foi criado em 1997, em uma parceria do Governo Federal, pelo 
Ministério da Justiça, com o Governo do Estado de Santa Catarina, pela Secretaria 
de Estado da Justiça e Cidadania, como objetivo de prestar atendimento social, 
psicológico e jurídico a vítimas de crime na Grande Florianópolis, que abrange os 
municípios de São José, Palhoça, Paulo Lopes, Antônio Carlos, Águas Mornas, 
Governador Celso Ramos e Santo Amaro da Imperatriz. O atendimento é prestado a 
pessoas que são ou se sentem vitimas de algum tipo de crime. As vitimas são 
encaminhadas ao CEVIC por diversas vias, tais como: delegacias de policia; 
conselhos tutelares ou programas de atenção a crianças e adolescentes; são 
encaminhadas por outros usuários ou pela mídia. A partir disso, este artigo tem por 
objetivo conhecer os motivos que mantêm a mulher vítima de violência em um 
relacionamento violento. 
5.1 Gênero e Violência 
Quando se aborda a temática constata-se que a maioria dos casos de 
violência contra a mulher ocorre dentro do próprio lar da vítima e o agressor, em sua 
maioria, é alguém de seu convívio, que a conhece, destacando o companheiro, 
marido, pai, filhos, irmão, amigo, vizinho. Diante de tal realidade a mulher se torna 
duplamente refém: primeiro porque é vítima da violência de gênero propriamente 
dita, e segundo pelo fato de que alguém que lhe deveria dar carinho e proteção lhe 
ocasiona dor, sofrimento e até mesmo a morte (NUNES, 2014). 
O conceito de gênero foi trabalhado, inicialmente, pela antropologia e pela 
psicanálise, situando a construção das relações de gênero na definição das 
identidades feminina e masculina, como base para a existência de papéis sociais 
distintos e hierárquicos (desiguais) (FARIA1997). 
O contexto histórico da categoria gênero está ligado ao Movimento Feminista 
e à produção de conhecimento. Feminino ou estudos da mulher. A partir dessa data, 
19 
 
no Brasil, o movimento feminista passou a ter significativa inclusão no espaço 
público, a fazer exigências e reivindicações políticas. 
No período entre 1985 e 1990, a categoria gênero passou a ser utilizada de 
forma mais sistemática, entre as estudiosas aqui no Brasil, para destacar a 
construção social e histórica realizada sobre as características biológicas de uma 
determinada pessoa. 
O conceito passa a ser utilizado de forma relacional, ou seja, os estudos 
feministas que enfocavam só as mulheres, agora, passam a reportar-se de forma 
explícita a homens e mulheres, passando a chamarem-se estudos de gênero ou das 
relações de gênero. 
Segundo Faria (1997), esse conceito coloca claramente o ser mulher e o ser 
homem como uma construção singular, a partir do que é estabelecido, 
simbolicamente, como feminino e masculino, bem como dos papéis sociais 
destinados a cada uni, no interior da sociedade. 
De acordo com o Conselho Regional de Serviço Social (2003), os papéis de 
gênero são comportamentos
específicos, associados a homens e mulheres, os quais 
mudam de cultura para cultura. Já identidade de gênero seria um conjunto de 
convicções pelas quais se considera socialmente o que é masculino ou feminino. 
Esse núcleo de nossa identidade de gênero se constrói, em nossa socialização, a 
partir do momento em que nascemos e somos rotulados como menino ou menina. 
Gênero é entendido, pois, como a forma social como cada sexo recebe 
conotações específicas em termos de valores e normas. É uma aquisição obtida no 
decurso do processo comunitário que prepara os sujeitos para desempenhar 
condutas conforme sua natureza biológica (CARDOSO, 1997). 
Para Brasil (1995), gênero, em um aspecto geral, é um termo que se refere a 
um sistema de papéis e de relações entre mulheres e homens, que não são 
determinados pela biologia, mas pelo contexto social, político e econômico. 
De acordo com Scott (1995), a utilização da palavra gênero está, igualmente, 
para além da questão biológica. Sendo uma maneira de se referir às origens 
exclusivamente sociais das identidades subjetivas dos homens e das mulheres, o 
uso de gênero dá ênfase a todo um sistema de relações que pode incluir o sexo, 
mas ele não é diretamente determinado por ele, nem determina diretamente a 
sexual idade. 
20 
 
Segundo Teles e Melo (2003), a violência de gênero pode ser compreendida 
como "violência contra a mulher", expressão trazida à tona pelo movimento feminista 
nos anos 70, por ser esta o alvo principal da violência de gênero. Enfim, são usadas 
várias expressões e todas elas podem ser sinônimas de violência contra a mulher. 
Ainda hoje em muitos países, as mulheres são submetidas a atos abusivos, 
isso é considerado uma questão cultural, sendo que muitas delas acabam morrendo 
em consequência de tal agressividade, das mutilações que estas sofrem em seus 
corpos. Estudos realizados em países como Bangladesh, Camboja, índia, México, 
Papua Nova Guiné, Tanzânia e Zimbábue, constataram que a violência é 
frequentemente vista como uma punição física, ou seja, é um direito do marido de 
"corrigir" uma mulher que cometeu uma transgressão. 
A violência de gênero é universal, não sendo restrita a uma determinada 
classe social, área geográfica ou determinado jeito de ser mulher, de acordo com 
certos contextos sociais e culturais e o envolvimento de classe, etnia e geração 
(CORDEIRO, 1995 apud SOUZA, 2002). 
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou, por 
meio de nota publicada hoje (4), preocupação quanto à elevada incidência de 
assassinatos de mulheres no Brasil no início deste ano. Segundo a comissão, 126 
mulheres foram mortas em razão de seu gênero no país desde o início do ano, além 
do registro de 67 tentativas de homicídio. 
A comissão diz que os que casos chegaram a seu conhecimento exigem do 
Estado a implementação de estratégias abrangentes de prevenção e reparação 
integral às vítimas, além de investigações "sérias, imparciais e eficazes dentro de 
um período de tempo razoável", que possibilitem a punição dos autores dos crimes. 
Uma das medidas que se fazem urgentes, segundo a CIDH, é a formação, a partir 
de uma perspectiva de gênero, de agentes públicos e pessoas que prestam serviço 
público. 
"A CIDH enfatiza que os assassinatos de mulheres não se tratam de um 
problema isolado e são sintomas de um padrão de violência de gênero contra elas 
em todo o país, resultado de valores machistas profundamente arraigados na 
sociedade brasileira", diz a nota. 
A comissão também faz um alerta para o aumento dos riscos enfrentados por 
mulheres em situação de vulnerabilidade por conta de sua origem étnico-racial, 
orientação sexual, identidade de gênero, situação de mobilidade humana, aquelas 
21 
 
que vivem em situação de pobreza, as mulheres na política, jornalistas e mulheres 
defensoras dos direitos humanos. 
“Durante a visita in loco ao país, em novembro de 2018, a CIDH observou, em 
particular, a existência de interseções entre violência, racismo e machismo, refletidas 
no aumento generalizado de homicídios de mulheres negras. Ademais, a comissão 
vê com preocupação a tolerância social que perdura diante dessa forma de 
violência, bem como a impunidade que continua caracterizando esses graves 
casos", diz. 
Na nota, a organização, vinculada à Organização dos Estados Americanos 
(OEA), cita o fato de que o Brasil concentrou 40% dos feminicídios da América 
Latina, em 2017. "A impunidade que caracteriza os assassinatos de mulheres em 
razão de seu gênero transmite a mensagem de que essa violência é tolerada", diz a 
CIDH. 
A presidenta da CIDH, Margarette May Macaulay, reconhece o valor da lei 
que tipifica o feminicídio no Brasil, ao mesmo tempo que entende ser essencial que 
as autoridades competentes não minimizem a gravidade das queixas prestadas 
pelas vítimas. “É inadmissível que mulheres com medidas protetivas sejam mortas, 
que não contem com espaços seguros", diz Margarette, que também é relatora da 
comissão sobre os Direitos das Mulheres. 
5.2 Violência Doméstica Contra a Mulher 
A violência doméstica não é plenamente visível, e, muitas vezes, é 
desconsiderada como crime tanto pelo âmbito social, quanto pelo jurídico. Nesse 
sentido, o Poder Judiciário aparenta estar imerso no que há de mais retrógrado e 
conservador. Quando a sociedade é discriminatória, a Justiça tende a ser, não raro, 
ainda mais. Realidade que se visualiza com muita nitidez no âmbito da violência 
contra a mulher. Normalmente a sociedade e o Judiciário acabam privilegiando mais 
a família, prezam a preservação da entidade familiar. Há, assim, uma verdadeira 
sacralização do conceito de família como sendo o reduto social mais significativo. A 
cruel consequência é que não se pune a violência doméstica somente para 
preservar a entidade familiar, ou seja, a tendência é não tirar o homem do lar, não 
punir o agressor a fim de não desestruturar a família. No entanto, quem paga o 
preço é a mulher, seu corpo, sua integridade física e psicológica. É a solução 
22 
 
perversa, pois a mulher acaba sendo a grande vítima dos delitos domésticos 
(SOUZA, 2002). 
A violência contra a mulher permanece oculta, pela vergonha de denunciar, 
pela falta de acesso às informações jurídicas, pelo descaso das autoridades, pela 
inexistência de políticas públicas que atenda suas necessidades, pela falta de 
capacitação das pessoas que as atendem. Segundo Langley e Levy (1980), quando 
as mulheres optam por ocultar a violência, quase sempre os motivos que as levam a 
isso é: uma autoimagem fraca; achar que o marido vai mudar; as dificuldades 
econômicas; a necessidade de apoio econômico do marido para os filhos; as 
dúvidas sobre se podem viver sozinhas; a crença de que o divórcio é algo como um 
estigma e o fato de acharem que é difícil para uma mulher com filhos arranjar 
trabalho. 
Dentre as diversas situações de violência das quais as mulheres são vítimas, 
destaca-se a violência doméstica, que se refere a todas as formas de violência e os 
comportamentos dominantes praticados no âmbito familiar(3). Investigações 
realizadas em serviços de saúde mostram prevalências anuais de violência contra 
mulher perpetrada pelo parceiro íntimo oscilando entre 4 a 23% e aumentando para 
valores de 33 a 39%, quando considerada a violência no período total de vida 
dessas mulheres(4). 
A este respeito, estudo(5) realizado em uma unidade de atenção primária à 
saúde, em que se avaliou a frequência dos casos de violência, a natureza, a 
gravidade e a relação da mulher com o agressor, verificou-se que, 44,4% das 
usuárias relataram pelo menos um episódio de violência física na vida adulta, sendo 
que em 34,1% o ato de violência partiu de companheiros ou familiares. Verificou-se 
a ocorrência de pelos menos um episódio de violência sexual na vida adulta, 11,5% 
das mulheres e em 7,1% dos casos, os autores da ação eram companheiros ou 
familiares.
Conclui a autora que a violência física e sexual teve alta magnitude nesse 
serviço, sendo que os companheiros e familiares foram os principais perpetradores, 
e os casos são, em sua maioria, severos e repetitivos. 
Os serviços de saúde são importantes na detecção do problema, porque têm, 
em tese, uma cobertura e contato com as mulheres, podendo reconhecer e acolher 
o caso antes de incidentes mais graves (5). Desta forma, a identificação de mulheres 
em situação de violência é de extrema importância. 
23 
 
Entretanto, o setor saúde nem sempre oferece uma resposta satisfatória para 
o problema, o qual acaba se diluindo entre outros agravos, sem que se leve em 
consideração a intencionalidade do ato que gerou o estado de morbidade. Esta 
situação de invisibilidade decorre do fato de que os serviços se limitam a cuidar dos 
sintomas e não contam com instrumentos capazes de identificar o problema (6). E é 
neste contexto que os estudos (7) realizados nos serviços de saúde mostram que os 
profissionais de saúde não identificam que as mulheres estão em situação de 
violência, mesmo quando as lesões apresentadas trazem evidências da ocorrência 
da violência. 
Vale considerar que a violência contra a mulher, em particular a violência 
doméstica, embora presente na maioria das sociedades continua sendo um 
fenômeno invisível, sendo por vezes, aceita socialmente como normal, ou seja, 
como uma situação esperada e costumeira (3). Desta forma a violência nas relações 
de gênero não é reconhecida nos serviços de saúde ou contabilizada nos 
diagnósticos realizados, sendo caracterizada como problema de extrema dificuldade 
para ser abordado (8). 
Assim, a não identificação da situação de violência pelos profissionais de 
saúde contribui para perpetuar o ciclo de violência, diminuindo a eficácia e a 
efetividade dos serviços de saúde, como também, consumindo recursos financeiros 
(9). Nesta perspectiva, de acordo com a Organização Mundial da Saúde os 
profissionais de saúde têm um papel crucial na detecção da violência, 
principalmente, porque muitas vezes este é o único lugar procurado pelas mulheres 
nessas situações (10). 
Frente à prática clínica, em que a violência contra mulher tende a se manter 
na invisibilidade, a conduta dos profissionais de saúde é de não acolhimento às 
necessidades das mulheres, restringindo suas ações a encaminhamentos, o que 
também nem sempre resulta em resposta adequada às demandas das mulheres. 
Acreditamos que este estudo possa trazer subsídios para formação e capacitação 
de profissionais da saúde, de modo a proporcionar uma maior visibilidade ao 
problema e permitir a implementação de estratégias mais efetivas frente a mulheres 
em situação de violência. 
São vários os fatores que colocam as mulheres em posições de submissão 
aos homens. A educação recebida quando pequena já é diferenciada, as mulheres 
foram criadas para serem frágeis, boas donas de casa, criarem os filhos e cuidarem 
24 
 
do marido. Já o homem, deve ser forte, provedor da família, respeitado por sua 
esposa. A submissão da mulher aos atos violentos do homem não é de agora e sim 
de séculos, haja vista que sempre foram educadas para servir o marido, para cuidar 
da casa e dos filhos. 
Os homens, desde cedo, são programados para responder às expectativas 
sociais, para serem competitivos, agressivos, assumindo posturas arrebatadas ou 
auto-destrutivas. A noção de que o menino tem que ser "macho", viril, competitivo, 
desenvolve-se de diferentes maneiras e em diferentes lugares: nas brincadeiras 
infantis, na mídia segmentada por idade e sexo, nas ruas, escolas, casas, bares, 
quartéis, prisões, na guerra, etc. Ou seja, são socializados para reprimir suas 
emoções, sendo a raiva, e inclusive a violência física, formas socialmente aceitas 
como expressões masculinas de sentimentos e demonstração de poder 
(CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL — CRESS, 2003). 
A violência manifesta-se através da força, a mesma pode estar presente tanto 
nas classes sociais, quanto nos relacionamentos interpessoais. Estas relações de 
força têm como objetivo a imposição de dominação, ou seja, de poder, que visa 
coagir o outro à realização da sua vontade, ao respeito das suas regras, retirando-
lhe a capacidade de expressão e decisão. E tais imposições e opressões talvez 
sejam o retrato mais verdadeiro da violência, fenômeno que permanece 
praticamente invisível, por ser pouco divulgado. Ainda hoje, a violência contra a 
mulher, mais especificamente a violência doméstica, geralmente é vista como um 
problema particular, íntimo do casal, e não como um problema social. 
Barros (1999) afirma que, nos casos de violência física, agressão contra a 
mulher, em sua maioria, não é feita a ocorrência, por pressão familiar, para evitar 
escândalos, para a acomodação do conflito, especialmente nas brigas de casais, 
principalmente quando não é a primeira briga. Em um próximo acontecimento, 
começa a se imputar responsabilidades sobre a mulher, como se ela tivesse 
merecido ser agredida; o momento de revolta é sempre por parte da família da 
mulher, pois não é aceitável ver a mãe, filha ou irmã sendo agredida, e quando o 
fato para a mulher já está implícito em seu convívio, ela mesma acoberta dizendo 
que "ele é assim mesmo, foi criado assim", ou "pior seria sem ele"; em alguns casos 
ele, "o marido" é quem traz o sustento para casa, o que a faz passar de vítima a 
reprodutora da violência. 
25 
 
A sociedade mais tradicional, no assunto das repreensões masculinas sobre a 
mulher, aceita e glorifica a força física e verbal usada nas circunstâncias "certas" do 
marido contra sua esposa. Sendo assim, a violência doméstica passa a fazer parte 
do cotidiano das relações conjugais, não configurando qualquer abuso, mas simples 
uso legítimo da autoridade marital. 
Conforme Barros (1999), a naturalização e a banalização da violência no 
cotidiano feminino dá-se num esquema sutil de dominação, seja psicológica ou 
física, o que cria um obstáculo para o reconhecimento dos fatos. É como se esta 
fosse uma realidade natural e necessária e seus desdobramentos, comuns e 
cotidianos. Essas situações de violência refletem um limite de coação e 
desestruturação psicológica da mulher, inferiorizando o seu papel dentro da família, 
mudando o sentido das relações sociais que já havia sido construído no seu 
cotidiano, passando a tratar o que é imposto, dominador e violento, como 
naturalidades. 
Em 1993, a Assembleia Geral das Nações Unidas (apud POPULATION 
REPORTS, 1999) introduziu a primeira definição oficial deste tipo de violência 
quando adotou a "Declaração para Eliminação da Violência Contra as Mulheres". De 
acordo com o Artigo 1° desta declaração violência contra as mulheres incluí: 
 
Tal condição ressalta que a Lei constitui um acontecimento capaz de 
demandar “um novo regime de verdade, [...] já que visibiliza o ato 
violento como uma infração de direitos humanos” (MENEGHEL et al., 
2013, p. 692). 
 
Nota-se que o aparato legal tem como premissa a transformação da relação 
entre vítimas e agressores, além de elaborar processamento desses crimes, 
atendimento policial e a assistência do Ministério Público nos processos judiciais. 
Particularmente nos casos de violência, a Lei busca quebrar os paradigmas da 
cultura sexista secular, a qual mantem a desigualdade de poder nas relações entre 
os gêneros, cuja origem se personifica nas mais amplas estruturas da sociedade. 
Sob tal prisma, é possível verificar a mudança de paradigma na abordagem do 
problema da perspectiva da dominação masculina e patriarcal, passando para a 
categoria de gênero (NUNES, 2014). 
 
26 
 
Esses pontos direcionais têm influenciado um discurso renovado 
sobre as relações entre os sexos que, embora se modernize a cada 
dia, ainda não garante alguns direitos humanos mínimos, 
historicamente negados às mulheres por processos de socialização 
em que o modo
relacional com os homens é baseado em esquemas 
de dominação e submissão. (FREITAS, 2013, p. 12). 
 
As informações históricas apresentadas são responsáveis por apresentar a 
luta pela busca dos direitos das mulheres, na medida em que é possível verificar o 
papel assumido pelo dito “sexo frágil” ao longo dos séculos. Como se identifica em 
Carneiro (1994), a condição ressaltada mostra a fundamentação da definição 
tradicional das relações entre os gêneros, os quais, apesar de tantas lutas e 
conquistas, ainda encontra certo reconhecimento público do status social feminino. 
Por conta disso há de se levar em consideração não somente fatores objetivos no 
processo, resultado das condições materiais de vida, assim como os valores 
ideológicos que estruturam as relações entre os sexos e conformadores das 
identidades sociais dos gêneros, para, somente assim, efetivar as conquistas 
apresentadas no contexto contemporâneo. 
A violência não é algo novo no meio social, estando presente nos mais 
variados momentos da história da humanidade, e que, muitas vezes, não é 
analisada em sua complexidade por conta da tentativa de se ignorar suas 
consequências, onde a mesma apresenta características próprias e divisíveis, 
destacando a violência física, psicológica, social, econômica, doméstica, ocorrendo 
contra os diversos agentes sociais, nas mais variadas idades (AMARAL et al., 2013). 
Segundo Kronbauer e Meneghel (2005, p. 696), a violência de gênero, foco 
do presente estudo, apresenta como conceito “qualquer ato que resulta ou possa 
resultar em dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, inclusive 
ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária de liberdade” seja em público 
ou na vida privada, incluindo maus tratos, castigos, agressão sexual, incesto, 
pornografia. 
Particularmente no que se refere à violência contra a mulher, esta se mostra 
como um fenômeno mundial, responsável por atingir todas as classes sociais, 
marcadas, principalmente, por uma condição sexual, por isso a terminologia sexista, 
reflexo de uma sociedade machista e patriarcal. 
Para Chauí (1985 apud AZEVEDO, 1985, p. 18) 
 
27 
 
[...] violência é uma realização determinada das relações de força 
tanto em termos de classes sociais quanto em termos interpessoais. 
Em lugar de tomarmos a violência como violação e transgressão de 
normas, regras e leis, preferimos considera-las sob dois outros 
ângulos. Em primeiro lugar, como conversão de uma diferença e de 
uma assimetria numa relação hierárquica de desigualdade, com fins 
de dominação, de exploração e de opressão. Isto é, a conversão dos 
diferentes em desiguais e a desigualdade em relação entre superior 
e inferior. Em segundo lugar, como a ação que trata um ser humano 
não como sujeito, mas como uma coisa. Esta se caracteriza pela 
inércia, pela passividade e pelo silêncio de modo que, quando a 
atividade ou a fala de outrem são impedidas ou anuladas, há 
violência. 
 
A violência nem sempre se caracteriza por agressões físicas, pode se 
caracterizar pela dominação de uma classe sobre a outra, de uma pessoa contra 
outra, ou seja, impedir alguém de se expressar e tomar suas próprias decisões, por 
consider -10 inferior intelectualmente ou socialmente, é violência. 
Para Teles e Melo (2003, p.15), 
 
Violência se caracteriza pelo uso da força, psicológica ou intelectual 
para obrigar outra pessoa a fazer algo que não está com vontade; é 
constranger, e tolher a liberdade, é incomodar, é impedir a outra 
pessoa de manifestar seu desejo a sua vontade, sob pena de viver 
gravemente ameaçada ou até mesmo ser espancada, lesionada ou 
morta. É um meio de coagir, de submeter outrem ao seu domínio, é 
uma violação dos direitos essenciais do ser humano. 
 
A Violência muitas vezes é utilizada de forma sutil, ou seja, aquele que agredi 
toma um certo cuidado para dominar o estado emocional do outro, deixando o 
mesmo sempre em alerta, com medo do que possa acontecer se tiver alguma 
reação contrariando o agressor. 
Em Griebler e Borges (2013) nota-se que esse tipo de violência é resultado 
das relações desiguais que foram estabelecidas ao longo dos séculos entre homens 
e mulheres, mediante a estruturação de modelos de padrão familiares europeus, 
mononuclear, burguês, moralizante e apresentando papeis definidos de maneira 
clara. Ainda nessa vereda destaca-se que a violência contra a mulher se reveste de 
complexidade conceitual, assim como diferentes significados e causas, sendo, 
inclusive, instrumento de controle do homem sobre a mulher, no qual este se sente 
possuidor desta e com direitos sobre a mesma, inclusive casos que culminam no 
direito sobre a vida e a morte, 
28 
 
Sabemos que a violência contra a mulher existe desde os primórdios 
da humanidade, sendo resultado de relações de poder 
historicamente desiguais em relação aos homens, que avançaram 
para a dominação e discriminação da classe feminina, restringindo o 
pleno desenvolvimento da mulher. (SOARES et al., 2013, p. 23). 
 
No contexto atual Griebler e Borges (2013) destacam que a violência sexista 
se configura como um sério problema de saúde pública em razão das 
consequências negativas que se associam a sua ocorrência, impedindo e 
prejudicando o desenvolvimento de uma vida saudável, seja pelo alto custo social 
resultante, 56 Publ. UEPG Appl. Soc. Sci., Ponta Grossa, 24 (1): 51-62, jan./abril. 
2016 Disponível em Lauriberto de Jesus Bertoni Junior como também pelas perdas 
humanas, gastos com atendimentos no setor da saúde e no âmbito jurídico. 
No Brasil, a partir da segunda metade do século XX, o alarmante índice de 
violência praticado contra a mulher no ambiente doméstico foi responsável pela 
criação de serviços voltados à questão, como, por exemplo, delegacias de defesa da 
mulher, centros de referência multiprofissionais e casas-abrigo, os quais focam, 
sobretudo, a violência física e sexual cometida por parceiros e ex parceiros. 
Destaque, também, para a criação dos serviços de atenção à violência sexual para a 
prevenção e profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), gravidez 
indesejada, assim como realização de aborto legal (NUNES, 2014). 
Voltando aos aspectos que envolvem a violência doméstica e familiar, assim 
como os tipos de violência é pertinente utilizar-se de Bastos (2006), o qual destaca 
que, o artigo 5º da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como “Lei 
Maria da Penha”, menciona os aspectos que envolvem a violência doméstica e 
familiar: 
 
Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e 
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no 
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou 
psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da unidade 
doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a 
comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram 
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade 
expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o 
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações 
pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
(BRASIL, 2006, p. 2). 
29 
 
 
O artigo 7º, por sua vez, apresenta as formas de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, fundamental para um adequado entendimento e 
aplicabilidade da referida Lei 
5.3 Tipos de violências: 
Violência física (visual): É aquela entendida como qualquer conduta que 
ofenda integridade ou saúde corporal da mulher. É praticada com uso de força física 
do agressor, que machuca a vítima de várias maneiras ou ainda com o uso de 
armas, exemplos: Bater, chutar, queimar, cortar e mutilar. 
Violência psicológica (não-visual, mas muito extensa): Qualquer conduta 
que cause
danos emocional e diminuição da autoestima da mulher, nesse tipo de 
violência é muito comum a mulher ser proibida de trabalhar, estudar, sair de casa, 
ou viajar, falar com amigos ou parentes. 
Violência sexual (visual): A violência sexual está baseada 
fundamentalmente na desigualdade entre homens e mulheres. Logo, é caracterizada 
como qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, a manter ou a 
participar de relação sexual não desejada; quando a mulher é obrigada a se 
prostituir, a fazer aborto, a usar anticoncepcionais contra a sua vontade ou quando a 
mesma sofre assédio sexual, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da 
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua 
sexualidade. 
O crime de estupro é definido como qualquer conduta, com emprego de 
violência ou grave ameaça, que atente contra a dignidade e a liberdade sexual de 
alguém. O elemento mais importante para caracterizar esse crime é a ausência de 
consentimento da vítima. 
É importante salientar que não é preciso haver penetração para que o crime 
se caracterize como estupro. 
Desde 2009 o Código Penal Brasileiro prevê, no artigo 213, que o estupro 
acontece quando há, com violência ou grave ameaça, “conjunção carnal ou prática 
de atos libidinosos”, prevendo penas que variam de seis a dez anos de prisão, 
podendo ser agravadas caso o crime resulte em morte, lesões corporais graves ou 
for praticado contra adolescentes. 
30 
 
No caso de menores de 14 anos, a questão do consentimento é ignorada. O 
ato sexual será considerado estupro, pois vítimas dessa idade não possuem o 
discernimento necessário para consentir com a prática sexual. O mesmo acontece 
quando a vítima, independentemente da idade, não tiver condições de consentir ou 
resistir ao ato como, por exemplo, pessoas muito embriagadas ou desacordadas. 
Os dados trazidos pela pesquisa apresentam cenários preocupantes. A mídia 
brasileira veiculou 32.916 casos de estupro no País entre os meses de janeiro e 
novembro de 2018. 
O levantamento criou três categorias diferentes desse crime: estupro comum, 
estupro coletivo e estupro virtual. O tipo comum de estupro é aquele cometido por 
um único autor presencialmente contra uma ou mais vítimas. Foram registrados 
29.430 casos desse estupro nas notícias veiculadas pela mídia brasileira no período. 
Por outro lado, o estupro coletivo é aquele cometido por dois ou mais 
indivíduos contra uma ou mais vítimas de forma presencial. Entre janeiro e 
novembro de 2018, foram identificados 3.349 casos de estupro coletivo no Brasil. 
Já o estupro virtual é uma categoria recente na classificação dos crimes 
sexuais, mas em nada difere da noção de relação sexual abusiva. Neste cenário, a 
mulher sofre a ameaça de ter seu corpo exposto nas redes sociais, caso não atenda 
às exigências libidinosas do abusador. Em 2018, foram encontrados 137 casos de 
estupro virtual na imprensa. 
A cultura do estupro está presente em todas as fases da vida da mulher. Mais 
do que um desejo de atender a um impulso sexual, o estupro é um instrumento de 
poder, dominação. Cerca de 43% das vítimas desse crime possuem menos de 14 
anos de idade. Esse é o chamado estupro de vulnerável. Meninas em formação 
ficam paralisadas sem compreender que quem deveria protegê-las é seu principal 
abusador. Este dado mostra o quão é urgente tratar das violências às quais as 
meninas estão expostas. 
O grupo de jovens com idade entre 15 e 18 anos vítimas de estupro em 2018 
representam 18% dos casos analisados, com 5.760 episódios registrados. 
Cerca de 35% dos casos de estupro registrados pela imprensa brasileira 
tiveram como vítimas mulheres com idades entre 18 e 59 anos. Essa proporção 
representa 11.708 episódios de violência sexual em 2018. 
LEI Nº 13.718, DE 24 DE SETEMBRO DE 2018. 
Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal): 
31 
 
[...] para tipificar os crimes de importunação sexual e de 
divulgação de cena de estupro, tornar pública incondicionada a 
natureza da ação penal dos crimes contra a liberdade sexual e 
dos crimes sexuais contra vulnerável, estabelecer causas de 
aumento de pena para esses crimes e definir como causas de 
aumento de pena o estupro coletivo e o estupro corretivo; e 
revoga dispositivo do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 
1941 (Lei das Contravenções Penais). 
 
6. LEGISLAÇÃO CONTRA A CONDUTA DA VIOLÊNCIA A MULHER 
O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no exercício do cargo 
de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e 
eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o Esta Lei tipifica os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena 
de estupro, torna pública incondicionada a natureza da ação penal dos crimes contra 
a liberdade sexual e dos crimes sexuais contra vulnerável, estabelece causas de 
aumento de pena para esses crimes e define como causas de aumento de pena o 
estupro coletivo e o estupro corretivo. 
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a 
vigorar com as seguintes alterações: 
6.1 “Importunação sexual” 
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o 
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.” 
“Art. 217-A § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo 
aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter 
mantido relações sexuais anteriormente ao crime.” (NR) 
“Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de 
sexo ou de pornografia; 
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, 
distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de 
comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo 
ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de 
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento 
da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: 
32 
 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
6.2 Aumento de pena 
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é 
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a 
vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. 
6.3 Exclusão de ilicitude 
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput 
deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica 
com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua 
prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.” 
“Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se 
mediante ação penal pública incondicionada. 
Parágrafo único. (Revogado).” (NR) 
“Art. 226 II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, 
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou 
por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; 
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: 
Estupro coletivo 
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; Estupro corretivo 
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.” (NR) 
“Art. 234-A III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez; 
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença 
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima 
é idosa ou pessoa com deficiência” (NR) 
Art. 3º Revogam-se: I - o parágrafo único do art. 225 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 (Código Penal); II - o art. 61 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de 
outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais). 
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de setembro de 2018; 197o da Independência e 130o da República. 
Violência patrimonial (visual-material): importa em qualquer conduta que 
configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos pertencentes à 
33 
 
mulher, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou 
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. 
Violência moral (não-visual): Entende-se por violência moral qualquer 
conduta que importe em calúnia, quando o agressor ou agressora afirma falsamente 
que aquela praticou crime que ela não cometeu; difamação; quando o agressor 
atribui à mulher fatos que maculem a sua reputação, ou injúria, ofende a dignidade 
da mulher. (Exemplos: Dar opinião contra a reputação moral, críticas mentirosas e 
xingamentos). Obs: Esse tipo de violência pode ocorrer também pela internet. 
Uma forte dependência emocional: Um problema muito mais sério do que a 
dependência financeira de mulheres trabalhadoras em nível operacional 
(domésticas, copeiras, faxineiras etc.) é a dependência emocional muito grande em 
relação ao marido. Por exemplo, um marido alcoólatra que espanca a mulher, que 
não provê a casa etc. Essa mulher vive nessa situação durante 15, 20 anos. Ela não 
pode alegar que não se separa por causa dos filhos porque estes já estão criados e 
afastados de casa. Alguém pergunta para essa mulher: 'Por que você não resolve o 
seu problema?'. Ela responde: 'Ah, eu tenho pena dele porque, se eu me separar 
dele, ele vai virar indigente'. Acontece que ela confunde os papéis de esposa com os 
de mãe. Ela também assume a condição de maternidade em relação ao marido, 
mantendo o casamento deles durante muitos e muitos anos. Isso se constata num 
grande número de casos que nós atendemos, porque apenas 50% dizem que vão se 
separar e fazem realmente o que se propuseram. 
Elas chegam a denunciar o marido, mas não chegam a se separar. Por sua 
vez, o homem acaba se acomodando porque lá na Delegacia não resolvem o 
problema. Inclusive, a própria mulher pode recuar. Ainda hoje se vê de forma muito 
negativa a mulher separada que é considerada uma ameaça, uma mulher de mil 
homens etc. O que elas mais afirmam é: 'ruim com ele, pior sem ele'. Como acabam, 
muitas vezes, não levando adiante a sua decisão, os maridos se acomodam 
também. 
6.4 Os distúrbios emocionais mais graves 
Em alguns casos, elas podem apresentar distúrbios mentais muito 
acentuados. Não sei dizer se são causa ou efeito, mas tenho encontrado alguns 
casos de mulheres que já apresentam um distúrbio mental até a nível de surto 
psicótico. Elas vivem num ambiente desses, como já descrevi, e acabam sendo as 
34 
 
depositárias dos problemas de todo mundo. Dizem que 'ela é louca, desequilibrada, 
então vamos bater nela porque assim ela não dá trabalho para a gente'. São 
condições de tortura. Entretanto, quando analisamos a dinâmica familiar, 
constatamos que ela teve um distúrbio mental e ela é a pessoa mais estruturada 
nessa família porque ela denuncia os problemas. 
O problema do alcoolismo masculino é muito acentuado, embora também 
existam os casos femininos que são muito menos denunciados. Em um dos nossos 
grupos de mulheres, diversas delas tinham marido com problemas de alcoolismo. 
Uma delas dizia que o problema dela não era tão grave assim como as outras 
estavam falando. Ela dizia: 'O meu marido só fica nervoso quando bebe. Ele fica 
nervoso, pega o revólver e fica virando o tambor do revólver na minha cabeça, pela 
casa toda. Outro dia ele até deu um tiro na cozinha porque estava de fogo, mas ele 
não é assim'. Quer dizer, a patologia dessa mulher está tão preocupante quanto a do 
marido. Ela nem estava conseguindo perceber a gravidade da situação. Por isso, 
existem conteúdos que precisam ser trabalhados a nível emocional da mulher, para 
ela não precisar se apoiar tanto no marido como uma muleta. Ela consegue sentir-se 
gente somente quando tem um marido ao lado dela. 
O panorama do feminicídio no Brasil é preocupante, e por isso, foi tema de 
um encontro promovido pela iniciativa de Diversidade e Gênero da representação do 
BID no Brasil no Mês da Mulher, com a presença da delegada chefe da Delegacia 
Especial de Atendimento à Mulher do DF, Sandra Melo, e do professor Welliton 
Caixeta, da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. Os convidados 
esclareceram dúvidas sobre feminicídio, falaram sobre questões histórico-culturais 
da violência contra a mulher, além dos desafios para os gestores públicos 
implementarem políticas públicas. 
Como se inicia o ciclo da violência contra a mulher e como rompê-lo? Como 
mudar a cultura do medo, do silêncio? 
“O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o 
controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, 
igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como 
subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio da violência sexual 
associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação 
ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, 
submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel ou degradante.” 
35 
 
Feminicídio é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. 
Suas motivações mais usuais são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do 
controle e da propriedade sobre as mulheres, comuns em sociedades marcadas 
pela associação de papéis discriminatórios ao feminino, como é o caso brasileiro. 
“O feminicídio representa a última etapa de um continuo de violência que leva 
à morte. Seu caráter violento evidencia a predominância de relações de gênero 
hierárquicas e desiguais. Precedido por outros eventos, tais como abusos físicos e 
psicológicos, que tentam submeter as mulheres a uma lógica de dominação 
masculina e a um padrão cultural de subordinação que foi aprendido ao longo de 
gerações”. 
No Brasil, o cenário que mais preocupa é o do feminicídio cometido por 
parceiro íntimo, em contexto de violência doméstica e familiar, e que geralmente é 
precedido por outras formas de violência e, portanto, poderia ser evitado. 
Trata-se de um problema global, que se apresenta com poucas variações em 
diferentes sociedades e culturas e se caracteriza como crime de gênero ao carregar 
traços como ódio, que exige a destruição da vítima, e também pode ser combinado 
com as práticas da violência sexual, tortura e/ou mutilação da vítima antes ou depois 
do assassinato. 
6.5 Feminicídio: O que diz a lei brasileira 
O crime de feminicídio íntimo está previsto na legislação desde a entrada em 
vigor da Lei nº 13.104/2015, que alterou o art. 121 do Código Penal (Decreto-Lei nº 
2.848/1940), para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de 
homicídio. Assim, o assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de 
sexo feminino, isto é, quando o crime envolve: “violência doméstica e familiar e/ou 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. 
Os parâmetros que definem a violência doméstica contra a mulher, por sua 
vez, estão estabelecidos pela Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340) desde 2006: 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no âmbito da 
unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto, 
independentemente de orientação sexual. 
36 
 
A Lei de Feminicídio foi criada a partir de uma recomendação da CPMI que 
investigou a violência contra as mulheres nos Estados brasileiros, de março de 2012 
a julho de 2013. 
É importante lembrar que, ao incluir no Código Penal o feminicídio como 
circunstância qualificadora do crime de homicídio, o feminicídio foi adicionado ao rol 
dos crimes hediondos (Lei nº 8.072/1990), tal qual o estupro, genocídio e latrocínio, 
entre outros. A pena prevista
para o homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 
anos. 
6.6 Feminicídio: O que diz a lei brasileira 
O crime de feminicídio íntimo está previsto na legislação desde a entrada em 
vigor da Lei nº 13.104/2015, que alterou o art. 121 do Código Penal (Decreto-Lei nº 
2.848/1940), para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de 
homicídio. Assim, o assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de 
sexo feminino, isto é, quando o crime envolve: “violência doméstica e familiar e/ou 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. 
Os parâmetros que definem a violência doméstica contra a mulher, por sua 
vez, estão estabelecidos pela Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340) desde 2006: 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no âmbito da 
unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto, 
independentemente de orientação sexual. 
A Lei de Feminicídio foi criada a partir de uma recomendação da CPMI que 
investigou a violência contra as mulheres nos Estados brasileiros, de março de 2012 
a julho de 2013. 
É importante lembrar que, ao incluir no Código Penal o feminicídio como 
circunstância qualificadora do crime de homicídio, o feminicídio foi adicionado ao rol 
dos crimes hediondos (Lei nº 8.072/1990), tal qual o estupro, genocídio e latrocínio, 
entre outros. A pena prevista para o homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 
anos. 
Há muito tempo eu digo que essa violência é cultural, mas hoje já a considero 
histórica. Na verdade, vê-se no Brasil uma estrutura social que privilegia muito o 
papel do macho, do que é masculino, colocando a mulher sempre em segundo plano 
no que diz respeito à sua visibilidade, seus direitos e suas escolhas. Ao contrário do 
37 
 
que a maioria pensa, na minha opinião essa violência não é desencadeada pelo 
álcool, pela droga, pelo desemprego ou outros fatores de desajuste social, mas sim 
pelo conflito que o masculino tem em relação a esse feminino. Estamos observando 
que o feminino está se empoeirando e, mais ainda, se apoderando daquilo que são 
seus direitos e isso tem gerado conflitos. A violência contra a mulher, no seu início, 
passa quase desapercebida devido aos preconceitos culturais da nossa sociedade, 
mas aos poucos torna-se abusivo tolhendo o direito da mulher de ir e vir, de estudar, 
de crescer profissionalmente, etc. Esse tipo de violência tem crescido ao longo dos 
últimos anos e culminado nos casos de feminicídio que presenciamos. 
A Lei Maria da Penha um divisor de águas para a sociedade brasileira. Essa 
lei trouxe novas ferramentas para o estado abordar problemas há muito existentes e 
inova quando traz o problema a público. Como se sabe, a lei surgiu a partir de um 
caso emblemático de violência contra a mulher que representava a situação de 
milhares de mulheres brasileiras, além de tornar evidentes a inércia do estado e o 
preconceito contra a mulher. Há pouco tempo, mais de 60% dos casos de violência 
doméstica contra a mulher não eram notificados. Hoje, segundo as últimas 
estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 52% dos casos já são 
notificados. Vale lembrar que esse número se refere apenas à violência doméstica, 
porque a violência sexual ainda é muito pouco notificada. O mais importante é que 
atualmente a sociedade brasileira já entende que esses comportamentos têm raízes 
histórico-culturais, e não são apenas consequências de um momento de fúria ou de 
desajuste social. 
Como foi dito e gostaria de acrescentar que estamos falando de relações 
sociais construídas dentro da nossa cultura que é patriarcal, misógina e machista e 
que privilegia a posição do homem em detrimento a da mulher. A violência contra a 
mulher está bastante associada à essa estrutura social e o modo como são 
construídos os papéis sociais do que é masculino e do que é feminino. Os vários 
jargões e padrões impostos pela sociedade fragilizam as identidades de gênero, 
especialmente a masculina, obrigando o homem a se afirmar, muitas vezes de forma 
violenta. Há evidências que a violência contra a mulher não ocorreu de maneira 
discreta ou esporádica, mas de forma contínua ao longo dos séculos, e tem o 
feminicídio como sua última etapa. Para romper esse ciclo são necessárias 
mudanças no plano cultural, educacional e, especialmente, é preciso dar visibilidade 
ao problema. A visibilidade, além de tornar a questão pública, conscientiza a 
38 
 
sociedade e facilita a busca por soluções. A implementação de políticas públicas 
também é fundamental para gerar estatísticas oficiais e iniciar uma abordagem mais 
institucional sobre o caso. 
“Há pouco tempo, mais de 60% dos casos de violência doméstica contra a 
mulher não eram notificados. Hoje, 52% dos casos já são notificados.” 
Por que é tão importante termos uma lei de feminicídio específica para as 
mulheres? 
Porque as estatísticas demonstram que as mulheres são muito mais 
vulneráveis a esse tipo de violência. A mulher é assediada no transporte público, no 
seu ambiente de trabalho pelo superior hierárquico, ela é ameaçada quando opta 
pelo fim de um relacionamento abusivo, enfim: a resposta é matemática. 
Vale lembrar ainda o sentimento cultural de posse que o homem tem em 
relação à mulher. Em minha pesquisa nos últimos anos eu ouvi homens que, em 
suas palavras, violentavam suas esposas fisicamente ou psicologicamente por que 
ela teimou, ela não obedeceu, etc. A Lei do Feminicídio ajuda a romper com esse 
estado de coisas e dar visibilidade ao problema. 
Feminicídio é uma questão de gênero, saúde e é um problema de todos. 
Quais seriam as ações prioritárias que um gestor público poderia tomar para 
combater esse crime não só na área urbana, mas também rural? 
Quando analisou o caso Maria da Penha, a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos fez uma série de prescrições para que o Brasil não fosse levado à 
corte pela inércia demonstrada no caso. A principal delas consistia em criar uma 
estrutura institucional adequada e integralizada com serviços especializados de 
atenção à mulher: delegacias, creches e hospitais especializados, por exemplo. 
Além disso, exigia a capacitação de agentes públicos capazes de compreender de 
maneira abrangente e livre de preconceitos o papel da mulher na sociedade. Por fim, 
solicitava a ampla divulgação desses serviços e de campanhas de conscientização 
para o problema. 
E quais são os desafios que os gestores públicos encontram nesse caminho? 
 A formação dos profissionais especializados é um grande desafio. Acho que a 
mudança de perspectiva da sociedade como um todo é o maior desafio nesse 
contexto. 
A diretora da Academia de Polícia do Distrito Federal e posso afirmar que as 
questões de gênero fazem parte dos cursos de formação e aperfeiçoamento da 
39 
 
instituição. Na DEAM (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher), por exemplo, 
os profissionais são constantemente lembrados dos protocolos que devem ser 
seguidos para que ninguém seja pego desprevenido ou desinformado nessa 
questão. 
Esses protocolos são nacionais ou são utilizados somente aqui no DF? 
Infelizmente não são nacionais. Na DEAM há protocolos para atendimento à 
violência doméstica e familiar, para atendimento à violência sexual, para 
atendimento a crimes cibernéticos e para a investigação do feminicídio. Hoje, o 
trabalho de investigação em crimes contra a mulher requer um tratamento 
diferenciado para que seja eficaz e atenda às expectativas das mulheres que 
buscam uma solução rápida para essa situação que lhe traz tanto medo e 
sofrimento. 
Recentemente foi aprovado o decreto que facilita a posse de armas de fogo 
no Brasil. Vocês acreditam que isso pode elevar o número de casos de feminicídio e 
suicídios no país? Qual o impacto desse decreto para as mulheres? 
É preciso lembrar que para conseguir posse
de arma de fogo será necessário 
treinamento especial, uma exigente avaliação psicológica e demonstração clara de 
necessidade. Homens e mulheres terão direito à posse de armas e não podemos 
julgar, a priori, como será o impacto desse decreto. Grande parte dos casos de 
feminicídios ocorrem pelo uso de armas brancas como facas, chaves de fenda, etc. 
Estando capacitada para atirar, a arma pode ser um instrumento de proteção da 
mulher. 
A Dra. Delegada quando observa que os crimes de feminicídio são praticados 
de maneira muito específica: uso de paus, pedras, enforcamento, etc. Entretanto, 
tendo a concordar também com pesquisas americanas que revelam que quanto 
maior o número de armas em circulação em um ambiente social, maior é o número 
de crimes observados. Embora não haja pesquisas específicas para os crimes de 
violência contra a mulher, acredito que uma maior circulação de armas de fogo no 
país tenderia a aumentar o número de ocorrências desse tipo de situação. 
 
 
40 
 
7. CONCLUSÃO 
Embora elaborar e aplicar conselhos, acompanhar os seres humanos em sua 
formação, nunca será uma atividade coerente caso o aplicador não conheça a 
importância do respeito e interesse da criança em formação na vida de seu receptor. 
Deve-se estar presente no mundo da criança, estabelecendo espaços nos quais ele 
será capaz de persuadir e vencer, com o intuito de se desenvolver, e atingir novos 
pontos em sua “zona de desenvolvimento”, descrita por Vygostky: 
 
O comportamento do homem moderno, cultural, não é só 
produto da evolução biológica, ou resultado do 
desenvolvimento infantil, mas também produto do 
desenvolvimento histórico. No processo do desenvolvimento 
histórico da humanidade, ocorreram mudança e 
desenvolvimento não só nas relações externas entre pessoas e 
no relacionamento do homem com a natureza; o próprio 
homem, sua natureza mesma, mudou e se desenvolveu. 
(VYGOTSKY; LURIA, 1996, p.95) 
 
 Isto define o desenvolvimento humano desde suas raízes, Vygostky afirma 
sobre a evolução das pessoas, partem daquilo que elas costumam fazer e vivenciar, 
todo homem ou mulher, pode escolher o que irá se tornar, e assim exercer sua 
função dentro de sua sociedade. Isto classifica uma grande importância quanto às 
atividades lúdicas, pois delas podemos nos abster meios de enfatizar vidas, mudá-
las e melhorá-las. No trecho final “[...] ocorrem mudança e desenvolvimento não só 
nas relações externas entre as pessoas e no relacionamento do homem com a 
natureza...”, as crianças desenvolvem sua própria mente durante uma atividade 
social, meios próprios de evolução, que também acessam seus mundos particulares, 
e os trazem para a vida real. A forma correta de trabalhar com crianças, 
adolescentes e adultos é conhecê-los, dominar os pontos críticos, e elaborar meios 
de confrontá-los a modificar essas defasagens geradas pelo seu desenvolvimento 
pessoal. Essa é melhor maneira de interação quando se trata de uma formação 
saudável, e ajuda em muito na avaliação do entendimento da vida sexual e também 
quando a natureza feminina, ajudará na procura de suas condescendias, assim 
classificando sem interpor em sua superioridade sexual, assim como muitas 
agressões começam quando o homem se sente o sexo forte, que segundo a 
41 
 
diversidade sexual existem inúmeras, resvalando contra o preconceito1 que sem 
conhecimento é explorado e julgado, por muitas vezes tratado de maneira erronia. 
 Assim pode ter uma base dentro básico sobre as questões que permeiam as 
relações entre homem e mulher, em como ela passa a ser agredida, e permanece 
dentro desses relacionamentos persuasivos e imaturos, que causam grandes 
destruições, que muitas vezes, são apenas reflexos do desenvolvimento da 
“criança”, sendo reproduzidos na sua prática adulta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico. (www.dicio.com.br/preconceito/) 
42 
 
8. REFERÊNCIAS 
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FILHO, J. N. (2018). Violência doméstica ou violência intrafamiliar: análise dos 
termos

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