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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO CURSO DE PEDAGOGIA AMANDA PERUCCINI QUIOZINE BEATRIZ SOUZA DE OLIVEIRA SAMANTHA CUNHA MELO DOS REIS EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A INCLUSÃO DO ALUNO COM AUTISMO NO ENSINO REGULAR SÃO BERNARDO DO CAMPO 2020 AMANDA PERUCCINI QUIOZINE BEATRIZ SOUZA DE OLIVEIRA SAMANTHA CUNHA MELO DOS REIS EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A INCLUSÃO DO ALUNO COM AUTISMO NO ENSINO REGULAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Diretoria de Graduação da Universidade Metodista de São Paulo como exigência parcial para obtenção de Licenciatura em Pedagogia. Área de concentração: Educação. Orientação Profa.Me :Cristiane Gandolfi SÃO BERNARDO DO CAMPO 2020 Dedico esse trabalho primeiramente a minha mãe, que é em quem me inspirei e me inspiro todos os dias, tanto como professora, como na vida. Dedico aos meus familiares e amigos por me apoiarem e não deixarem que eu desista dos meus sonhos. Por fim, dedico também para alguns alunos que tive durante a faculdade, especialmente o Lucas, com quem tive muito contato e que me despertou o interesse em me aprofundar no assunto e mostrou que inclusão vai muito além do que pensamos. Amanda Peruccini Quiozine Este trabalho é dedicado principalmente aos meus pais, minha irmã e aos meus familiares, que desde o início do curso me ampararam e me ajudaram a chegar até aqui. Dedico a minha tia Rosemeire, que também é professora e é em quem eu me inspiro. Não poderia deixar de dedicar também ao meu avô, que infelizmente faleceu esse ano, mas sempre se preocupou e deixou claro que tinha muito orgulho de toda a minha trajetória. Beatriz Souza de Oliveira Dedico esse trabalho primeiramente a Deus que meu deu força para concluir essa jornada, dedico a minha amada filha, meu esposo, meus pais, minha irmã e aos meus familiares, que sempre me incentivaram a nunca desistir dos meus sonhos e a seguir em frente, compreendendo todos os momentos em que precisei me ausentar. Samantha Cunha Melo dos Reis AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, por nos guiar em nossa trajetória e não nos deixar desamparadas, nos dando força, saúde e sabedoria para concluirmos o curso. A professora Maria José de Oliveira Russo por sempre nos dar o suporte que precisamos, estar disposta para esclarecer nossas dúvidas e nos incentivar a batalharmos sempre para nos tornarmos pedagogas que mudarão a vida de muitas pessoas. A professora Alessandra Domeniquelli, que se preocupou do início ao fim, em todos os detalhes do nosso curso e trabalho. A nossa orientadora Cristiane Gandolfi, que sempre que possível nos ajudou, nos aconselhou e encorajou a enxergarmos que éramos capazes de chegar até aqui. A todos os professores que passaram por nós durante esses 4 anos, nos fazendo aprender, refletir e nos tornarmos quem somos hoje. Aos nossos colegas de classe, que sempre estiveram conosco, principalmente a nossa amiga Marília, que tem um papel fundamental no nosso desenvolvimento durante o curso e que sempre nos apoiou. Por fim, somos gratas pelo nosso companheirismo e por compartilharmos desse mesmo sonho de encerrar a graduação com um tema de trabalho tão importante para nós e para a sociedade. A educação inclusiva deve ser entendida como uma tentativa a mais de atender às dificuldades de aprendizagem de qualquer aluno no sistema educacional e com um meio de assegurar que os alunos, que apresentam alguma deficiência, tenham os mesmos direitos que os outros, ou seja, os mesmos direitos dos seus colegas escolarizados em uma escola regular. (Mantoan 2003) RESUMO Esta pesquisa tem como tema a inclusão dos alunos com autismo no ensino regular, além de compreender as barreiras que esses alunos enfrentam para obter uma aprendizagem de qualidade e significativa. Outro ponto abordado é a história da inclusão na cidade de São Bernardo do Campo, onde foi realizada análise de documentos para compreender como é realizada a inclusão e os para atender as pessoas com deficiência no município, além do papel que a escola e a família desempenham no desenvolvimento do aluno com autismo. A escola tem a função de formar cidadãos com habilidades e competências de forma que propiciem aos alunos caminhos para que eles aprendam cada vez mais e possibilitem aos mesmos desenvolver criticamente no meio social. Dessa forma a escola deve ser um espaço educacional democrático, com a participação de toda a equipe escolar e a comunidade. Baseia-se na inclusão de alunos com autismo, na perspectiva de uma educação para todos, onde algumas adaptações com estratégias são necessárias para o aprendizado dessas crianças. Se necessário com propostas políticas pedagógicas inovadoras que estimulem o respeito às diferenças individuais, além de assegurem oportunidades iguais aos alunos. Portanto, essa pesquisa tem o propósito de refletir sobre os conhecimentos científicos que desvendam e reconheçam os desafios enfrentados e apontem possibilidades para uma inclusão de qualidade para os alunos com autismo no âmbito escolar. Portanto, essa pesquisa será produzida para trazer benefícios à sociedade, no sentido de provocar reflexões, instigar novas pesquisas e favorecer decisões nas práticas pedagógicas mais eficazes à educação. O presente trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, utilizando livros acadêmicos, revistas científicas, com vários autores e pesquisadores dessa temática, trabalhos esses publicados nos últimos vinte cinco anos, onde foi analisada a relação que a criança possui desde pequeno, sua inserção na sociedade e a forma com que é educada por seus responsáveis o que poderá contribuir no seu desenvolvimento, ou seja, nas suas dificuldades de aprendizagem. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação também fez parte da pesquisa, com a finalidade de compreensão do direito de igualdade. Nesse sentido o conhecer as concepções de vários teóricos sobre o tema, bem como refletir sobre o transtorno de espectro autista e as dificuldades de aprendizagem, farão com que nossos educadores compreendam a necessidade de aprofundamentos teóricos e práticas vivenciadas relacionadas por profissionais da área. Dessa forma, essa pesquisa pretende contribuir para o processo de inclusão na escola regular, consequentemente na sua inserção na sociedade, contribuindo no seu desenvolvimento. Palavra chaves: Autismo, Aprendizagem, Desenvolvimento, Educação Inclusiva. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 7 2 REFLEXÃO CONCEITUAL SOBRE A INCLUSÃO ........................................... 10 2.1 Um panorama sobre o conceito de inclusão................................................. 10 3 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO............................................................................................ 19 4 UMA REFLEXÃO CONCEITUAL SOBRE O AUTISMO E AS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS....................................................................................... 25 4.1 Autismo......................................................................................................... 25 4.2 Desafios da inclusão no ensino.................................................................. 26 4.2.1 O papel da educação no processo inclusivo............................................... 28 4.2.2 Vida escolar e o envolvimento da família.....................................................30 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 33 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 34 7 1 INTRODUÇÃO Nesse trabalho foi abordado a educação inclusiva e os desafios encontrados pelos alunos com necessidades especiais na escola regular, pois a realidade nas escolas é repleta de superações. Serão apresentadas ideias para melhor compreensão do tema discutido, explorando as dificuldades encontradas pelos alunos com Autismo. Discutir a inclusão escolar é necessário, pois é preciso entender os obstáculos que impedem à qualidade na aprendizagem desses alunos, o papel que a escola e a família desempenham em seu desenvolvimento. Além da importância dos saberes pedagógicos e como a formação docente colabora no processo de ensino em sala de aula promovendo uma aprendizagem significativa. É necessário criar condições para uma inclusão eficaz dos alunos com transtorno do espectro autista (TEA). Diante deste exposto aponta-se como problema de pesquisa: Qual é a importância da inclusão de alunos com Autismo na escola regular? A inclusão realmente acontece? A discussão sobre a inclusão de todos neste ambiente, exige propostas políticas pedagógicas inovadoras que estimulem o respeito às diferenças individuais e assegurem oportunidades iguais aos alunos. Dessa forma é necessário criar condições para uma inclusão eficaz dos alunos com deficiência. O processo de inclusão escolar requer da sociedade um novo olhar para as diferenças do indivíduo, determinando um compromisso assumido por todos, pois o ser humano possui como principal característica, a pluralidade, e não a igualdade ou a uniformidade. A construção de uma escola inclusiva é um desafio, pois requer quebra de paradigmas. A escola inclusiva tem o seu processo educativo como um processo social, onde todas as crianças com necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo possível do normal. O desafio é grande e a dificuldade do acesso é maior ainda, afinal, não basta somente acompanhar o crescimento do número de matrículas de alunos com Autismo, mais do que preparar as escolas e capacitar professores, a educação inclusiva é o direito da pessoa com deficiência de frequentar a escola regular. O objetivo geral desta pesquisa é investigar a importância da inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista na escola regular e o que possibilita entender o direito de igualdade. Tendo por objetivos específicos entender o conceito de Inclusão 8 Escolar; conhecer a história da educação especial em São Bernardo do Campo; explanar teoricamente sobre o autismo, suas características genéticas e as limitações que as crianças que nascem com o transtorno enfrentam, além de conhecer a importância da escola, do educador e da família na construção de uma escola inclusiva eficiente para crianças com autismo. A partir de um referencial teórico em que a história da criança com Autismo, as políticas educacionais e a formação docente embasam a temática, com suporte teórico de autores como Facion, Jordan, Mantoan, Marchesi, Mello, entre outros. Dessa forma, a pesquisa pretende trazer reflexões acerca do trabalho pedagógico e a formação docente com os alunos do ensino regular. A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação também fará parte da pesquisa, com a finalidade de compreensão do direito de igualdade. Portanto, conhecer as concepções de vários teóricos sobre o tema, bem como refletir sobre o transtorno de espectro autista e as dificuldades de aprendizagem, farão com que os educadores compreendam a necessidade de aprofundamento teórico e práticas vivenciadas relacionadas por profissionais da área. A inclusão de crianças com transtorno do espectro autista (TEA), principalmente no ensino fundamental, é um tema bastante discutido é de suma importância na educação, pois existem diversos desafios no dia-a-dia das crianças com necessidades educacionais especiais. Espera-se que essa pesquisa possa contribuir para fornecer conhecimentos que desvendam e reconheçam os desafios enfrentados e aponte soluções para esses alunos dentro do âmbito escolar. Portanto, com esta pesquisa será produzida para trazer benefícios à sociedade, no sentido de provocar reflexões, instigar novas pesquisas e favorecer decisões nas práticas pedagógicas mais eficazes à educação. Diante das considerações apresentadas esta pesquisa segue estruturada em três seções, que são descritas brevemente. A seção 1 trata do conceito e os aspectos históricos da educação inclusiva, para melhor compreensão do real papel da inclusão na escola regular e os direitos e dificuldades que os alunos enfrentam. A seção 2 traz a abordagem da história da inclusão na cidade de São Bernardo do Campo, onde foi realizada análise de documentos para compreender como é realizada a inclusão dos investimentos e a implementação de ações para atender as pessoas com deficiência no município. 9 A seção 3 apresenta os sintomas e características dos alunos com autismo, além de compreender as barreiras que esses alunos enfrentam para obter uma aprendizagem de qualidade e significativa, além de entender o papel que a família desempenha na eficácia da inclusão escolar dos alunos com TEA, pois a família possui papel fundamental em seu desenvolvimento. As considerações finais trazem as principais reflexões que o estudo possibilitou evidenciar na pesquisa com a expectativa de que possa contribuir no contexto de inclusão social e educacional, pois se baseia a inclusão de alunos com autismo, na perspectiva de uma educação para todos, onde algumas adaptações com estratégias são necessárias para o aprendizado dessas crianças. Se necessário com propostas políticas pedagógicas inovadoras que estimulem o respeito às diferenças individuais, além de assegurar oportunidades iguais aos alunos. Espera-se que este estudo possa trazer contribuições a todos os professores que estão trabalhando com alunos com TEA na escola regular, para que possam desvendar e reconhecer os desafios enfrentados e apontem possibilidades para uma inclusão de qualidade para os alunos com autismo no âmbito escolar. Portanto, essa pesquisa será produzida para trazer benefícios à sociedade, no sentido de provocar reflexões, instigar novas pesquisas e favorecer decisões nas práticas pedagógicas mais eficazes à educação. 2 REFLEXÃO CONCEITUAL SOBRE A INCLUSÃO 10 É preciso entender os caminhos que levam a criança com Transtorno Espectro Autista (TEA) frequentar e se incluir na educação escolar inclusiva, pois o processo de inclusão escolar requer da sociedade um novo olhar para as diferenças do indivíduo, determinando um compromisso assumido por todos, pois o ser humano possui como principal característica a pluralidade, e não a igualdade ou a uniformidade. A construção de uma escola inclusiva é um desafio, pois requer quebra de paradigmas. Nesse sentido a escola inclusiva tem o seu processo educativo como um processo social, onde todas as crianças com necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo possível do normal. O desafio é grande e a dificuldade do acesso é maior ainda, afinal, não basta somente acompanhar o crescimento do número de matrículas de alunos com TEA, mais do que preparar as escolas e capacitar professores, a educação inclusiva não deve ser confundida com a integração na rede regular de ensino. Educação inclusiva é o direito da pessoa com deficiência de frequentar a escola regular. 2.1 Um panorama sobre o conceito de inclusão A necessidade de construir uma sociedade inclusiva nos leva a compreender o significado desse termo.Segundo Vítor da Fonseca1 (2003) inclusão significa ação ou resultado de incluir, de envolver, de abranger, de fechar, de encerrar, de introduzir, de inserir dentro de alguma coisa. Entretanto a inclusão não está associada somente a crianças com deficiência mental ou física, mas engloba também crianças com algum tipo de dificuldade na aprendizagem, seja por distúrbios neurológicos ou alteração genética. Para Maria Teresa Eglér Mantoan2 (2003, p.24): “A inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência 1 Vitor da Fonseca é psicopedagogo e psicomotricista, desenvolve ações de formação há vários anos com professores, psicólogos, médicos e terapeutas. É autor de várias obras e artigos no domínio da psicomotricidade, da antropologia, das perturbações do desenvolvimento, das dificuldades de aprendizagem, da estimulação precoce, da educação especial, da psicopedagogia, da neuropsicologia, e da educação cognitiva. 2 Maria Teresa Eglér Mantoan é pedagoga, mestre e doutora em Educação pela UNICAMP. A referida autora tem uma larga produção acadêmica nas áreas de Educação Especial e Inclusão Escolar ocupando um espaço de destaque entre os principais pesquisadores brasileiros na área 11 e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral”. Em relação às palavras de Mantoan (2003), a inclusão no ensino regular tem o objetivo de beneficiar e auxiliar o aluno independente de sua necessidade, assegurando um ensino eficiente e a permanência de todos na escola, o que possibilita sua participação na sociedade independente de sua diversidade. Com o passar dos anos movimentos sociais e leis respaldam o direito à educação inclusiva no Brasil, dessa forma é importante verificar alguns dos marcos importantes da construção da Educação Inclusiva no Brasil e no mundo. Em 1962 foi criada a Federação Nacional da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), essa instituição representa o maior movimento social do Brasil, pois ela viabilizou conquistas legais para pessoas com deficiência. Em 1971 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei 5.692 afirmava que os alunos com “deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial”. Entretanto, essa lei não promovia a inclusão na rede regular, determinando que a escola especial deveria atender esses alunos (BRASIL, 1971). No Brasil em 1988 a Constituição Federal trouxe pela primeira vez a ideia de que a educação é para todos, na medida em que se estava falando em igualdade de condições de acesso e permanência na escola. Em 1990 o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante atendimento especializado aos alunos com deficiência nas escolas regulares, através da Lei 8.069/90(art. 54, inciso III), (BRASIL, 1990). Ainda em 1990 aconteceu a Declaração Mundial de Educação para todos: chamando a atenção dos países para a universalização do ensino básico. Em 1994 a declaração de Salamanca defendeu que a escola deveria incluir a todas as crianças, sem qualquer discriminação. Em 1996 a Lei 9.394 conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) assegurou o direito de atendimento escolar aos alunos com necessidades educacionais especiais e se for necessário com atendimento educacional especializado (BRASIL, 1996). Vale acrescentar que a Lei 12.796/13 alterou a lei 9.394/96 onde o texto falava em "educandos com necessidades especiais". Agora, a redação diz "atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf 12 os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino”; - "o poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial". Em 1999 a Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora3 de Deficiência define a educação especial como uma modalidade de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular. Além disso, o primeiro Plano Nacional de Educação (PNE) sob a Lei 10.172/01 salientou a evolução da educação inclusiva e seu atendimento à diversidade. Em 2011 o PNE teve como meta o repasse do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) para melhorar a qualidade do atendimento aos alunos com necessidades especiais de ensino assim como investir em profissionais de atendimento educacional especializado (BRASIL, 2001). Aprovada na lei 13.005/2014 que substitui a Lei 10.172/2001, o novo plano prevê que todas as crianças e os adolescentes entre 4 a 17 anos com algum tipo de deficiência, transtornos de desenvolvimento, habilidades especiais ou superdotação devem ter acesso à educação básica e ao atendimento especializado — preferencialmente por meio da rede regular de ensino e de um sistema efetivo de educação inclusiva (BRASIL, 2014). Além disso, ainda em 2001 as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica tornou oficial no Brasil o termo Educação Inclusiva e “necessidades educacionais especiais”, além de apresentar a proposta de flexibilização e adaptação curricular. A Lei 12.764/2012 (Lei Berenice Piana)4 instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, no seu art. 1º, §2º, deixando claro que o indivíduo diagnosticado no espectro autista é considerado 3 O termo não é mais utilizado, o correto é pessoas com deficiência, entretanto por se tratar de citação buscamos fidelidade ao texto trazido nesta pesquisa. 4 Berenice Piana, foi mãe de um menino em meados da década de 90, onde o autismo não fazia parte da vida dela, nem dos profissionais que procurou, por isso ela estudou por conta própria e após o diagnóstico, ela lutou pelos direitos, e assim todos tinham direitos estabelecidos para as pessoas com deficiência no país. 13 pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. Entre as diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista são os direitos da pessoa autista, previstos no art. 3º da Lei Berenice Piana, entre eles, a figura do acompanhante especializado, na forma do seu parágrafo único: Art. 3o São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista: (...) IV - o acesso: a) à educação e ao ensino profissionalizante; (...) Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2o, terá direito a acompanhante especializado. (BRASIL, 2012) É possível compreender que a legislação protege a inclusão dos autistas no ambiente escolar prevê regras claras e assertivas a serem observadas, só assim oportunizando uma educação adequada às necessidades especiais dessas crianças e adolescentes. Nesse mesmo sentido a lei 13.146/2015 intitulada Estatuto da Pessoa com Deficiência é destinada a assegurar e promover em condições de igualdade o exercício dos direitos das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando sua inclusão social à cidadania. Dessa forma, a lei afirma a autonomia e a capacidade desses cidadãos para exercerem atos da vida civil em condições de igualdade com as demais pessoas. A lei ainda reforça que a inclusão escolar deve ser umaoferta de sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades de ensino. Estabelecendo ainda a adoção de um projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, com fornecimento de profissionais de apoio, além de proibir as escolas particulares de cobrarem valores adicionais por esses serviços. Pretende-se, com esta pesquisa, provocar uma reflexão a respeito das políticas de inclusão, considerando seus princípios e prática, com o objetivo de buscar qualidade educacional para todos. Ao falar de inclusão escolar é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar as concepções e significado do processo de construção do indivíduo, compreendendo toda a complexidade e amplitude que envolve esse assunto. Nesse sentido fica evidente que 14 o foco era a integração escolar e não inclusão propriamente dita. Dessa forma é necessário entender a diferença entre integrar e incluir. Integrar significa vincular um indivíduo em um grupo ou comunidade, já incluir significa inserir ou fazer parte de um grupo. Os termos “integração“ e “inclusão”, embora tenham significados semelhantes, são empregados para comunicar situações de diferentes e se fundamentam em posicionamentos teóricos-metodológicos divergentes. Segundo Romeu Sassaki5 (1997), a integração e a inclusão são dois métodos de extrema importância em uma sociedade inclusiva. A integração escolar ocorre quando crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais são inseridas para conviver com os outros alunos. A integração e a inclusão estão ligadas ao acesso de crianças com necessidades especiais ao ensino regular, porém há diferença no método em que ocorrem. Já a inclusão é o resultado do ato de incluir e de inserir algo ou alguém (FONSECA, 2003). A inclusão abrange não somente a criança com deficiência mental ou física, mas envolve todas as crianças com algum tipo de necessidades educacionais especiais (NEE), que estejam associadas a algum tipo de dificuldade na aprendizagem. Dessa forma, a Constituição Brasileira de 1988 em seu Art. 205 assegura que “A educação é direito de todos e dever do Estado e da família“, garantindo dessa forma o direito a todos por uma educação de qualidade. Nesse mesmo sentido, a Constituição de 88 ainda afirma que “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. (BRASIL, 1988, Art. 208) Nesse sentido a escola regular deve favorecer e colaborar para uma inclusão eficaz independente se o aluno possui ou não necessidades educacionais especiais (NEE), assegurando dessa forma uma educação de qualidade e a permanência de todos na escola. Segundo definição de Claudia Werneck6 (1997, p. 52), ”incluir é humanizar caminhos”. 5 Romeu Sassaki é considerado o “pai da inclusão”, ele é pesquisador da área e autor do livro inclusão: construindo uma sociedade para todos. 6 Claudia Werneck que é escritora, jornalista e defensora incansável da inclusão, acessibilidade e direitos das pessoas com deficiência. A autora escreveu 14 livros, vendeu mais de 400 mil exemplares e tornou-se a única autora recomendada simultaneamente pela UNESCO e UNICEF. 15 Nessa perspectiva, segundo Mantoan (2003, p. 181), integrar significa simplesmente colocar o aluno em sala de aula, e assim dizer que está em uma sala de ensino regular, ou ainda, agrupá-lo em salas de ensino regular. Já incluir, “é incompatível com a integração, já que prevê a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática”, ou seja, a inserção total do aluno dentro da sala de aula. Rosita Edler Carvalho7 (1998), completa essas definições sobre a integração: [...] tem sido conceituada como um processo de educar/ensinar crianças ditas normais junto com crianças portadoras de deficiência, durante uma parte ou na totalidade do seu tempo de permanência na escola. Trata-se de um processo gradual e dinâmico, que assume várias formas segundo as necessidades e características de cada aluno, sempre levando em consideração seu contexto socioeconômico (CARVALHO, 1998, p.36). Em relação ao conceito de inclusão/exclusão educacional, Lígia Assumpção Amaral8 (1999, p.20) escreveu sobre o modo de pensar das pessoas ditas ‘normais’ em relação às pessoas com deficiência e que necessitem de atendimento educacional especializado, “[...] vilões (de quem devemos ter medo), ou como vítimas (de quem devemos ter pena), [...] heróis a quem devemos admirar”, essa é a forma que muitos observam a inclusão. O educador está acostumado a explorar os espaços educacionais com seus alunos, buscando perceber o que cada um deles consegue apreender do que está sendo estudado e como procedem ao avançar nessa exploração (MANTOAN, 2003). Portanto é necessário que os professores sempre se mantenham atualizados, pois é preciso encarar a inclusão como uma forma de entender o mundo de uma maneira diferente, onde todos os seus alunos, com deficiência ou não, precisam de sua mediação para encontrar o caminho para o desenvolvimento e a autonomia. De pouco adianta, em documentos oficiais, mencionar as necessidades básicas de aprendizagem de crianças, jovens e adultos se, em vez de perceber como profissional da aprendizagem e especialista no aprendiz, o professor se mantiver como o profissional de ensino (CARVALHO, 1998, p.143). 7 Rosita Edler Carvalho possui uma extensa formação na área da educação e diversas especializações como psicopedagogia, mestrado em Políticas Públicas no Instituto Superior de Estudos Estratégicos da ESG em 1984. Além de escrever diversos livros direcionados à educação especial. 8 Lígia Assumpção Amaral é graduada em psicologia e mestra em psicologia social. 16 As pessoas são diferentes, porém essas diferenças não podem excluir. Carvalho (1998, p.146) lembra que “nas novas tendências da educação, em geral, entende-se que a educação para todos é também, a educação para cada um”. Dessa forma o desenvolvimento de práticas educacionais que aproximem os educadores de seus alunos, deve valorizar a forma que o aluno utilizou para resolver determinado problema colocado pelo professor, para assim intervir onde o educando apresentou suas dificuldades. Em relação às mudanças, segundo Carvalho (1998, p.151) “só se efetivarão quando estivermos juntos: os da educação especial e os do ensino regular, em busca do especial na educação, isto é, em busca do aprimoramento de sua qualidade”. Especial na educação e não o educando especial, encontrar juntos uma educação capaz de formar cidadãos que se respeitam e busquem seus direitos. A formação inicial deste educador também é uma questão que precisa ser levada em consideração. Mantoan (2003, p.53) citando este docente “[...] estão habituados a aprender de maneira fragmentada e essencialmente instrucional”, os professores não conseguem colocar em prática o que aprendem nos cursos de formação por diversos motivos, e espera que lhe ensinem como lidar especificamente com cada aluno. É claro que é preciso ter um embasamento teórico para se trabalhar em sala de aula, mas o educador esquece que precisa conhecer os seus alunos para desenvolver práticas educativas que integrem todos os alunos, ao invés de segregar alguns. Mantoan continua: Ensinar, na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola, da educação e de práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os níveis. [...] Assim, uma preparação do professor nessa direção requer um design diferente das propostas de profissionalização existentes e de uma formação em serviço que também muda [...] (MANTOAN, 2003, p.54 - 55). Dessa forma é preciso que o educador entenda que também é necessário ensinar valores aos seus alunose que esses também têm o que lhe ensinar. Nesse sentido, se ele não mudar sua forma de pensar ensinará a seus alunos a não respeitar as diferenças. A formação inicial e continuada, segundo Carvalho (1998, p.151) precisa “mudar a atitude dos educadores frente à diferença, bem como todo um conhecimento de como facilitar a aprendizagem de seus alunos”, é preciso investir na capacitação 17 dos docentes para que também saibam utilizar os recursos necessários para seus alunos. A realidade mostra que muitos professores não têm recursos financeiros, e/ou apoio de seus superiores para investir em cursos de aperfeiçoamento. A escola não fica de fora desse debate, muitos de seus alunos são excluídos por não acompanharem o ensino oferecido por ela, não sendo uma instituição que deveria ensinar a todas as crianças. Ainda, segundo Mantoan (2003, p.18) “A escola não muda como um todo, mas os alunos têm de mudar para se adaptar às suas exigências”. A grande maioria desses alunos só têm acesso ao conhecimento nessa escola que segrega, ou seja, separa conhecimentos e serviços educacionais, como, por exemplo, sala especial, reforço escolar, para este ou aquele aluno, continua com o atendimento especializado. Algumas mudanças, segundo Mantoan (2003), seriam necessárias para contribuir com a inclusão, como abolir esses serviços que separam e excluem nossos alunos, contribuindo para a diversidade educacional. A escola, entretanto, existe em função do aluno. O aluno ingressa nela para se apropriar, de conhecimentos, de habilidades, para aprender a se relacionar crítica e produtivamente na sociedade. Se isso não ocorre, a escola não está cumprindo sua função. O sucesso dos alunos não pode depender da sua capacidade de se adaptar aos códigos existentes dentro dela. Essa é a caracterização da cultura do fracasso. Essas crianças com carência social e cultural são vistas como incapazes de aprender e avançar dentro de uma escola acabada e perfeita, que se julga imune a qualquer avaliação (MANTOAN, 2003, p.59). Dessa forma compreende-se que a inclusão é extremamente importante, além de ser um ato de cidadania, nesse sentido todos fazem parte da inclusão, pois, aprendem, pensam, agem, veem o mundo de formas diferentes, todavia todas essas diferenças devem ser respeitadas. A escola prepara o futuro, e, se as crianças aprenderem a valorizar e a conviver com as diferenças nas salas de aula, serão adultos bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para entender e viver a experiência da inclusão (MANTOAN, 2003, p.61). Portanto é preciso muitas iniciativas para diminuir a exclusão escolar e assegurar o direito das pessoas com necessidades especiais, podendo recorrer aos aspectos legais de seus direitos. Além da colaboração da escola, educadores, alunos, 18 sociedade, governantes, família na formação dessas crianças e assim cresceriam com outro olhar diante das diferenças. 3. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO O objetivo desta seção é conhecer como a educação inclusiva acontece em São Bernardo do Campo, uma vez que a sua história sobre a inclusão não é muito diferente do restante do país, a cidade caminha para transformar a estrutural exclusão 19 em inclusão, além de conhecer os espaços, serviços e recursos oferecidos visando o desenvolvimento dos alunos. Na década de 1990, houve investimentos na Educação Especial como substitutiva da escola regular com atendimento exclusivo nas escolas especiais para alunos surdos e para alunos com deficiência intelectual. Por aproximadamente uma década os investimentos foram voltados para a criação de classes integradas na escola regular, também conhecidas como classes especiais que ocupam os espaços da escola, porém em classes compostas somente por alunos com deficiência. Surge nesta época a preocupação com a educação infantil e com a estimulação dos alunos com deficiência o mais cedo possível, com a implantação de um novo programa para estimulação das crianças com deficiência. Com a aproximação do novo milênio, as discussões sobre a inclusão escolar são mais intensas no município e com isso nova legislação e documentos tem por orientação que a escola esteja de portas abertas para receber todas as crianças com deficiência do município nas escolas comuns e os investimentos são destinados aos apoios e recursos necessários para o acesso, a permanência e o sucesso deste aluno na escola comum, não havendo mais possibilidade de frequência na escola especializada em substituição a escola regular. Atualmente, todos os alunos da rede pública são matriculados na escola regular e quando o professor da turma verifica que há algum aluno em que ele necessita de maior orientação faz um relatório e inicia-se o estudo de caso. Segue algumas datas importantes na história da inclusão em São Bernardo do Campo (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2019). Segregação: 1957: Abertura de sala de educação de surdos; 1967: Criação da APAE em São Bernardo do Campo; 1970: Criação do Serviço de Educação Especial do município. Construção da escola Rolando Ramacciotti. Integração: 1990: Primeira experiência de integração na escola Lauro Gomes. Alguns alunos com deficiência são encaminhados para salas integradas. 1991: Surge o primeiro programa de estimulação essencial para alunos de 0 a 6 anos com deficiência, atendimento inédito na educação especial. Inclusão: 20 1999: Iniciam-se discussões institucionais sobre a educação inclusiva e as primeiras matrículas na rede regular de ensino. 2004: Instituições das salas de recursos nas escolas comuns, conforme indica a Política Nacional de educação especial na perspectiva da educação Inclusiva Extinção das classes integradas. 2006: Elaboração e publicação do Caderno de Validação, cuja orientação é a de que a escola comum se torna “porta de entrada” de todos os alunos. 2009: Instituição de modelo “escolas-polo” Vale acrescentar que em março de 2008 houveram mudanças significativas no atendimento aos alunos com deficiência principalmente na escola regular. As discussões que acompanharam o processo de elaboração da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva evidenciaram que a inclusão escolar constitui um processo muito mais amplo do que o atendimento de pessoas com deficiência. A política aponta para a necessidade de pensar no atendimento a todos os alunos considerando suas diferenças: físicas, cognitivas, raciais, culturais, sociais entre outras. Vale a pena se debruçar sobre o tema que se refere aos serviços e recursos disponíveis aos alunos especiais do município de São Bernardo do Campo. As escolas polo em surdez: Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Olavo Bilac e EMEB Neusa Macellaro, elas se diferenciam por atender um número maior de alunos surdos, com professores especializados na área de deficiência auditiva e com proficiência em Libras atuando junto ao professor da classe comum. É importante destacar a respeito da história dessas escolas: a EMEB Olavo Bilac está localizada na Avenida Doutor Carlos de Campos, 05 – Vila Mussolini – São Bernardo do Campo. Trata-se de uma escola municipal e possui 374 alunos na Educação Infantil. Inicialmente a escola tinha o nome de Parque Juvenil de Vila Mussolini que atendia alunos de 7 a 12 anos, no período oposto ao da Escola Estadual de 1.º grau, onde estudavam. No Parque Juvenil desenvolviam atividades manuais (marcenaria, bordado, etc.), tendo também atendimento específico no acompanhamento das “lições de casa”. Somente em 1979 recebeu o nome Olavo Bilac (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2019). Em 1988, foi construída a Escola Municipal de Educação Especial Neusa Bassetto, (que está localizada na rua R. Padre Antônio de Souza Lima - Assunção, São Bernardo do Campo), para atendimento específicode crianças surdas. Nesta 21 época, a EMEB Olavo Bilac, também atendia alunos com esta necessidade educacional especial, mas sem um acompanhamento sistemático. Em 1995, o Serviço de Educação Especial, juntamente com o Serviço de Educação Infantil, com o objetivo de garantir um direito previsto em lei, e de oferecer uma educação de qualidade a todos os alunos, inclusive àqueles com necessidades especiais, estruturaram um trabalho de integração entre as duas escolas (EMEB Neusa Bassetto e EMEB Olavo Bilac), através do projeto de integração da criança surda com a criança ouvinte, transformando este atendimento em um programa. Escola com atendimento exclusivo: Escola Municipal de Educação Básica Especial (EMEBE) Rolando Ramacciotti que foi construída em 1970 e está localizada na Rua Warner, 300, bairro Anchieta. A EMEBE atende alunos adultos com deficiência intelectual e outros quadros de deficiência. Além dos alunos matriculados há muitos anos em escola especial e que não foram para o ensino comum. Também possui oficinas coordenadas por professores da Educação Especial, Artes, Educação Física e Tecnologia (PAPP TEC), porém não tem matrícula aberta para novos alunos (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2019). A EMEB Neusa Bassetto possui atendimento exclusivo, além de atender alunos com surdez (acompanhada ou não por outros quadros clínicos), a escola é bilíngue com ensino em Libras (Língua Brasileira de Sinais) como primeira língua e Língua Portuguesa escrita como segunda língua. A matrícula é realizada após avaliação clínica e pedagógica. Vale acrescentar que a inclusão das pessoas surdas foram as primeiras a ser instruídas institucionalmente. Dessa forma, em 1957 foi instalada uma classe na Chácara Queiroz Ferreira para atender alunos surdos. Tal classe recebeu a denominação de Escola Municipal de Surdos (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 1985). Em 1973, essa escola foi transferida para o Colégio Brasília e funcionava em classes anexas a este colégio. Porém, o aumento da demanda por esse tipo de atendimento, ocasionou em 1976, sua instalação em um prédio municipal no Parque Santo Antônio, originando o Núcleo de Educação de Deficientes da Audiocomunicação (Nedac), com a direção da professora Neusa Bassetto. Já em 1980, o Nedac passou a denominar-se Escola Municipal de Educação de Deficientes da Audiocomunicação (Emedac) Neusa Bassetto, homenageando a professora que muito havia contribuído para com a educação especial dos municípios de São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul. 22 Todavia, devido a difícil localização da escola no Parque Santo Antônio, espaço físico e instalações inadequadas, os pais dos alunos mobilizaram-se para reivindicar melhores instalações e transporte e em 1988 a escola foi transferida para o bairro do Rudge Ramos, onde funciona até o término dessa pesquisa. Essa escola representa diversas concepções, no início de sua criação seguia uma orientação oralista que desencadeou uma prática pedagógica pautada no treinamento auditivo e no aprendizado da fala como pré-requisito para um posterior ensino dos conteúdos escolares (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2007). Além de alunos surdos, nessa perspectiva o Serviço de Atendimento à Pessoa com Deficiência Visual (SAPDV) realiza o atendimento aos alunos com baixa visão ou com cegueira, matriculados nas EMEBs, além de atender a munícipes jovens e adultos, oferecendo atendimento para aprendizagem do Braille, Soroban e Noções de informática Adaptada. Faz parte desse núcleo ainda o Núcleo de Material Adaptado (onde se adaptam às atividades oferecidas aos alunos matriculados nas EMEBs). É possível perceber que a educação especial do município de São Bernardo compreende que a complexidade do processo educacional necessita de múltiplos olhares para ser entendida e que o trabalho multiprofissional muito tem a contribuir com o desenvolvimento das propostas educacionais e, consequentemente, dos seus alunos. Vale acrescentar que a equipe multiprofissional é aquela composta de profissionais de diferentes especializações. Na Secretaria de Educação estes profissionais são: psicoterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e assistente social, todos com seus saberes profissionais articulados para o melhor atendimento à escola e consequentemente ao aluno e sua família. Além disso, todas as escolas possuem um professor de atendimento educacional especializado (AEE), onde esses profissionais atuam nas escolas comuns, em parceria com os demais professores e equipes gestoras, das escolas polo e no Serviço de Apoio à Pessoa com Deficiência Visual (SAPDV). Todas as escolas de educação infantil e ensino fundamental contam com um professor de referência que trabalha com as crianças com deficiência, transtornos do espectro do autismo e altas habilidades ou superdotação, por meio do atendimento no contra turno (no período contrário ao da frequência no ensino comum), ensino colaborativo (no próprio período de frequência no ensino comum em atividades planejadas em parceria com o professor da turma) e suporte às unidades escolares 23 (em ações de elaboração de materiais e recursos, orientação ao professor e as famílias). O atendimento no período inverso ao horário de aula tem como objetivo reforçar / complementar a educação, realizado pelo professor de AEE que tem como principal objetivo eliminar ou minimizar barreiras para o desenvolvimento das aprendizagens dos alunos, por meio de estratégias, disponibilização de serviços e de recursos de acessibilidade. O município seguiu quase que na íntegra o art. 2° e o parágrafo único da supracitada Res. nº 04/09, pensando no atendimento no contraturno do horário de aula: Um serviço da educação especial desenvolvido na rede regular de ensino que tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. Recursos de acessibilidade na educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2011a, p. 1). Vale acrescentar que de acordo com o Censo de 2020 a estimativa da população de São Bernardo do Campo é de 885.483 moradores, sendo que 165.428 munícipes possuem algum tipo de deficiência, sendo que dessas pessoas 3,4% é deficiente visual, 2,3% possui deficiência motora e cerca de 1,1% possui deficiência mental ou intelectual (IBGE, 2010). Além disso, o município de São Bernardo do Campo possui 253 escolas públicas com 70 salas de recursos e cerca de 180 mil alunos, distribuídos da seguinte forma: Matrículas em creche: 20.384 estudantes Matrículas em pré-escola: 20.879 estudantes Matrículas anos iniciais do ensino fundamental: 55.579 estudantes Matrículas anos finais do ensino fundamental: 41.467 estudantes Matrículas ensino médio: 30.351 estudantes Matrículas EJA: 7.792 estudantes Matrículas educação especial: 3.584 estudantes (CENSO/ INEP, 2018). 24 Diante de todo o exposto é possível concluir que a educação inclusiva em São Bernardo passou por grandes transformações de uma educação segregadora para uma educação inclusiva, todavia mesmo com grande sucesso esse processo está em construção. 4. REFLEXÃO CONCEITUAL SOBRE O AUTISMO E AS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS Nesta seção foram abordados os sintomas e características dos alunos com autismo, além de compreender as barreiras que esses alunos enfrentam para obter uma aprendizagem de qualidade e significativa. Não seesquecendo do papel que a família desempenha na eficácia da inclusão escolar dos alunos com TEA, pois a família possui papel fundamental em seu desenvolvimento. 25 Diante do exposto é necessário entender quais são as características das crianças com TEA que possibilita melhor compreensão dos obstáculos que esses alunos enfrentam, permitindo dessa forma delimitar quais são os limites da educação dessas crianças, com o objetivo de promover um processo de ensino aprendizagem eficaz. Vale acrescentar que é necessário analisar os desafios que esses alunos encontram no processo de alfabetização, além de identificar as barreiras que o professor encontra na prática educacional da criança em relação a sua necessidade. Nesse sentido a escola tem a função de formar cidadãos com habilidades e competências de forma que propicie uma aprendizagem de qualidade e significativa, além de possibilitar aos mesmos desenvolver criticamente sua cidadania. Dessa forma a escola deve ser um espaço educacional democrático, com a participação de toda a equipe escolar e da comunidade. 4.1 Autismo As crianças com TEA possuem vários aspectos em comum, como dificuldade na interação social e na comunicação não verbal, além de possuírem certos aspectos repetitivos relacionados ao seu interesse e geralmente não demonstram empatia. A gravidade do autismo é classificada em três níveis, sendo o um mais sutil, o dois é mais moderado e os três o mais graves. Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação (MELLO, 2007, p. 11). Ainda de acordo com o referido autor, embora as crianças com TEA possuem grandes aptidões cognitivas, normalmente enfrentam barreiras com concepções abstratas, mesmo possuindo elevado vocabulário não são capazes de utilizá-los socialmente. Apresentam como característica a dificuldade na interação social e na comunicação não verbal, além de demonstrarem muita ansiedade em novos ambientes. 26 Não há causa conhecida para o transtorno, todavia existe a possibilidade de ser um conjunto de vários motivos. Nesse sentido Nuno Lobo Antunes9 (2009, p.78), afirma “muitos investigadores acreditam que o autismo se deve a uma exposição dos fetos elevada de testosterona, o que explicaria o elevado número de rapazes com esta Síndrome”. Há pesquisas que apontam para problemas durante a vida uterina ou até mesmo no momento do parto. A investigação afirma claramente que a TEA é uma alteração no desenvolvimento, causada pela disfunção de estruturas e sistemas específicos do cérebro, que poderão não se ter desenvolvido por completo, devido a anomalias cromossomáticas, ou por terem sido danificadas durante a gravidez, o nascimento ou os primeiros meses de vida (ATTWOOD, 2010, p.158). Não há cura para a TEA, todavia quanto mais precocemente for o diagnóstico, melhores resultados serão obtidos com as intervenções multidisciplinares, como tratamento psicoterapêutico, a nível educacional, social e através de terapias comportamentais, onde é possível melhorar os sintomas e aprimorar as habilidades, entre elas os movimentos repetitivos e desajeitados. Alguns TEA são identificados no período escolar, quando são observados os obstáculos na interação social e a falta de habilidades motoras. 4.2 Desafios da inclusão no ensino Além de enfrentar a pressão da família dos alunos, muitos educadores têm de aprender a lidar com o próprio preconceito. Isso deveria ser trabalhado desde a formação inicial. Se a inclusão é garantida por lei, como podem os professores sair da faculdade sem conhecer o assunto? É o que é mais questionado por especialistas em educação em diversos segmentos. Nesse sentido, com relação ao comportamento aprendido, denota-se que educadores, diretores, pais, estudantes, nenhum deles nasce com preconceito. A intolerância é assimilada e fomentada pela sociedade, sendo muitas vezes resistente 9 Nuno Lobo Antunes é médico neuropediatra. 27 quando se trata de lidar com as diferenças, todavia essas diferenças devem ser respeitadas ( PHILIPPE ARIÉS10, 1981, p. 90). A discriminação surge da necessidade de qualificar as coisas e os indivíduos dentro do que é socialmente considerado normal. As crianças só repetem as atitudes dos adultos em relação às pessoas com deficiência e ao papel que estas desempenham na sociedade. Desde as civilizações primitivas o homem se organiza socialmente centrado em si mesmo. Com base nisso, ele julga os demais pelas roupas que usam, pelos alimentos que consomem, por suas histórias e sua moral. Os grupos são formados de acordo com a classe social, idade, cultura, religião, região onde vivem estéticas (ARIÉS, 1981, p. 128). As chamadas comunidades de referência pressionam as demais e ensinam atitudes como o deboche. Assim, quando uma pessoa ocupa uma posição que pela “normalidade”, não faz sentido, surge o estranhamento. Segundo Luzia Bontempo11 (2002, p. 11), “o primeiro passo para se combater a intolerância e efetivamente promover a inclusão dessas crianças” é aceitar que elas existem e são detentoras dos mesmos direitos que as demais. Verifica-se que a resistência às pessoas com deficiência é fruto do desconhecimento sobre o assunto. Só quem tem mais contato sabe que elas podem se desenvolver se forem motivadas. Estatisticamente falando, sabe-se que cerca de 60% das crianças com deficiência sofreram ou sofrem algum tipo de discriminação em diferentes situações inclusive na escola. No entanto, somente 38,7% dos responsáveis por elas tomam providências (BONTEMPO, 2002). 4.2.1 O papel da educação no processo inclusivo A escola é um espaço onde o preconceito deve ser combatido, pois a inclusão ensina a tolerância. Dessa forma, é papel da escola promover a conscientização, tanto 10 Philippe Ariés foi um importante historiador e medievalista francês da família e infância. 11 Luzia Bontempo é pós-graduada em Supervisão Escolar, em Metodologia do Ensino Superior e em Alfabetização e professora de cursos de capacitação docente https://pt.wikipedia.org/wiki/Historiador https://pt.wikipedia.org/wiki/Medievalista https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia https://pt.wikipedia.org/wiki/Inf%C3%A2ncia 28 no ambiente escolar como na comunidade local. Nesse sentido, a chegada das crianças com deficiência possibilita uma grande reflexão nesse sentido. Especialistas afirmam que a inclusão escolar é uma revolta silenciosa. Para que ela aconteça, no entanto, toda a equipe deve pensar em conjunto. Conforme Constance Kamii12 (1991, p. 33) “a ideia precisa estar incluída na proposta pedagógica e levar todos a conhecer melhor o assunto”. Quando não há informação, torna- se angustiante para o professor receber esse aluno e lidar com ele. O trabalho em equipe leva todos os educadores e funcionários a desempenhar de maneira mais eficiente seu papel nessa área. Segundo Jean Piaget13 (1978, p. 31) "Ao receber uma criança com necessidades especiais, é comum o professor ficar ansioso, com receio de não dar conta do recado”. Diante deste desafio, devem-se buscar informações com colegas que já haviam vivenciado tal situação e pesquisar conhecimentos teóricos em livros e revistas para enriquecer a prática em sala de aula. Piaget (1978, p. 45), ainda reforça a importância do preparo do educador em receber o aluno com NEE (necessidade educacional especial) “trabalhando-se dessa forma, promove-se uma interação bem mais consistente a exemplo de trabalhos com leituras, e principalmente, trazendo os devidos esclarecimentos para a turma, fica mais fácil à convivência e o desenvolvimento cognitivo da criança”. Para promover a inclusão da criança com necessidades especiais nas sériesregulares pode-se, por exemplo, trabalhar com brinquedos cantados que visam explorar o tema por meio de múltiplas linguagens (corporal, escrita, oral, plástica, musical, matemática), para que todos possam expressar-se de diversas maneiras, construindo laços por meio de brincadeiras que proporcionam interações e aproximações físicas. Ao trabalhar com múltiplas linguagens, as crianças podem perceber que existem muitas maneiras de se expressarem. Geralmente, a escola valoriza muito a linguagem escrita, em detrimento de outras formas de expressão, todavia todas 12 Constance Kamii é mestra em educação e doutora em educação e psicologia. 13 Jean Piaget foi um renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando seu processo de raciocínio. Seus estudos tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia. 29 possuem sua importância para o desenvolvimento e aprendizagem do educando (PIAGET, 1978). Constitui-se uma oportunidade de afirmar para os alunos que as diferenças fazem a turma ficar ainda mais interessante, pois sempre se tem muito a aprender com o outro e respeitá-lo já é um grande aprendizado. A presença de crianças com necessidades especiais em séries regulares traz uma oportunidade de conviver com as diferenças na sala de aula. A solidariedade e a cooperação passam a fazer parte da rotina do ambiente de sala de aula. Incluir crianças com necessidades especiais não é apenas mantê-las matriculadas na escola; é preciso garantir seus direitos de cidadã e a oportunidade de vivenciar experiências educativas de qualidade e significativas para todos os alunos. A escola deve proporcionar múltiplas aprendizagens e vivências. Ao desenvolver esse trabalho, é preciso considerar sua importância no processo de inclusão e desenvolvimento das crianças com necessidades educacionais especiais. Portanto o âmbito escolar produz grandes benefícios para todas as crianças, inclusive para as crianças com TEA, pois a aprendizagem produz grandes experiências de socialização com os outros alunos, considerando que uma escola regular seja efetivamente uma escola para todos. Dessa forma é necessário constituir mudanças no sistema escolar para que o atendimento à inclusão beneficie o aluno em suas necessidades educacionais. Segundo Leny Magalhães Mrech14 (1988) o ideal para a escola inclusiva é que toda a criança independente se tenha necessidade educacional especial ou não, sejam tratadas da mesma forma. Na inclusão o vocabulário de integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos. A meta primordial da inclusão é não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo (WERNECK, 1997, p.52). Na escola inclusiva é necessária uma proximidade maior entre equipe escolar, professores e os alunos com NEE, essa interação irá proporcionar maior facilidade em analisar e superar as dificuldades encontradas por esses alunos no processo de ensino aprendizagem e em seu desenvolvimento geral. 14 Leny Magalhães Mrech é psicóloga, socióloga e psicanalista 30 4.2.2 Vida escolar e o envolvimento da família Um momento importante para as crianças com TEA é o início da vida escolar, pois nessa etapa é possível à socialização com outras crianças que geralmente representam papel significativo em seu desenvolvimento, além de normalmente apresentarem um grande interesse por uma área de conhecimento, sempre relembrando os assuntos estudados e discutidos. Tony Attwood15 (2010, p. 78), afirma que “quando a criança atinge cinco anos de idade, regra geral, não revela nenhum atraso na linguagem, mas manifesta problemas com determinadas competências linguísticas, mais especificamente na área da pragmática”. No período de aprendizagem e desenvolvimento é de grande importância analisar as individualidades para se necessário realizar uma intervenção pedagógica. Nesse sentido, o professor é peça fundamental no processo de aprendizagem do aluno com TEA, adequando as atividades a suas necessidades, como também analisando seu comportamento. A escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor e nem anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais forma e instrui os alunos. E muito menos desconhecer que aprender implica ser capaz de expressar, dos mais variados modos, o que sabemos, implica representar o mundo a partir de nossas origens de nossos valores e sentimentos (MANTOAN, 2003, p. 12). Dessa maneira a escola deve propiciar que os alunos vivenciem experiência, possibilitando seu desenvolvimento. Cabe ao professor ser o protagonista dessa aprendizagem. Para Rita Jordan16 (2000, p.39), “os bons professores estão habituados a adotar como primeiro passo de ensino, o estabelecimento de uma boa relação para estimular e motivar a aumentarem os seus conhecimentos acadêmicos”. O âmbito escolar produz grandes benefícios para todas as crianças, inclusive para as crianças com TEA, pois a aprendizagem produz grandes experiências com os outros alunos, em uma escola regular considerada efetivamente uma escola para todos. Escola inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades. Uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada, para 15 Tony Attwood é um psicólogo britânico notável por seu trabalho sobre a síndrome de Asperger. 16 Rita Jordan é psicóloga e pesquisou e escreveu sobre muitos aspectos do autismo. 31 favorecer a cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social ou qualquer outra situação. Um ensino significativo é aquele que garante o acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos como recursos a serem mobilizados (HENRIQUES, 2012, p. 09). Dessa forma é necessário realizar mudanças no sistema escolar para que o atendimento à inclusão beneficie o aluno em suas necessidades educacionais. Segundo Mrech (1988) o ideal para a escola inclusiva é que toda a criança independente se tenha necessidade educacional especial ou não, sejam tratadas da mesma forma. Na escola inclusiva é necessária uma proximidade maior entre o professor e o aluno com necessidade educacional especial (NEE), o que proporcionará uma facilidade maior de analisar as dificuldades desses alunos. Nesse contexto para um bom desempenho escolar é necessário o acompanhamento familiar, porém quando falamos a respeito de alunos com TEA essa parceria é fundamental para o desenvolvimento do aluno no processo de aprendizagem. A parceria entre familiares e profissionais é fundamental para o bem estar do aluno com necessidades educacionais especiais, assim como para o seu sucesso acadêmico. Sendo assim, não podemos desconsiderar a participação dos familiares no planejamento do programa educacional voltado para esses alunos (SILVA, 2010, p. 153). Dessa forma a família é o elo entre a escola e o aluno, e quem poderá fornecer informações a respeito de necessidades e desenvolvimento, por esse motivo é fundamental a confiança mútua. Portanto a família exerce papel de grande destaque para o desenvolvimento dos educandos, em especial para as crianças com TEA. Dessa forma o envolvimento da família é primordial para a aprendizagem desse aluno. Para Álvaro Marchesi17 (1995) a participação da família é indispensável no processo de aprendizagem, pois as crianças com TEA ou NEE necessitam de estimulação constante, o que contribui para o desenvolvimento cognitivo assim como a afetividade também tem um papel fundamental no processo de aprendizagem de modo geral. Nessa reflexão, quando a criançarecebe carinho, atenção e incentivo, ela se desenvolve mais rápido e de maneira mais satisfatória. Porém a inclusão é um 17 Álvaro Marchesi é autor e responsável por uma das reformas educacionais em seu país. 32 processo contínuo. Conforme afirma José Raimundo Facion18 (2009) a inclusão é feita de desafios e conquistas diárias. Dessa forma é importante que os educadores tenham um relacionamento de parceria com as famílias dos alunos com NEE, pois a aprendizagem do aluno deve ser contínua, não ficando restrita somente a escola e aos professores, pois a família é peça fundamental em seu desenvolvimento, principalmente nos alunos com necessidades educacionais especiais. Portanto é necessário assegurar o direito das pessoas com necessidades especiais, que devem ser respeitadas, podendo recorrer aos aspectos legais de seus direitos. Mesmo que ainda existam muitas discrepâncias entre o que são direitos do que realmente acontece no dia a dia, é essencial a busca para que as mesmas diminuam. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste trabalho de pesquisa procurou-se entender os caminhos que levam a criança com transtorno global de desenvolvimento a frequentar a escola regular. O processo de inclusão escolar requer que a sociedade tenha um novo olhar para as diferenças do indivíduo, determinando um compromisso assumido por todos, pois o ser humano possui como principal característica, a pluralidade, e não a igualdade ou a uniformidade. A construção de uma escola inclusiva é um desafio, pois requer quebra de paradigmas. A escola inclusiva tem o seu processo educativo como um processo 18 José Raimundo Facion, é psicólogo especialista em psiquiatria infantil e neuropediatria 33 social, onde todas as crianças com transtorno global de desenvolvimento têm direito à escolarização o mais próximo possível do normal. A inclusão na sala de aula regular traz a ideia de igualdade de direito e principalmente o respeito às diferenças. Para isso o acesso para crianças com transtorno global de desenvolvimento, quando elas são inseridas na educação inclusiva há a necessidade de espaços físicos adequados, ambiente adaptado às suas necessidades e desenvolvimento de atividades educacionais que estimulem aptidões e que contribua efetivamente para o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e social. A atuação e a forma de tratamento do aluno da escola inclusiva é diferente na sua forma de tratamento em relação às escolas tradicionais. Uma das diretrizes elaboradas para essa instituição é a de que os professores tenham uma maior proximidade com os alunos, focando a captação das suas maiores dificuldades, buscando solicitações para que o resultado seja satisfatório. Portanto considerando-se o tema de pesquisa, aprender a trabalhar com a inclusão é um desafio para os docentes e para a escola de modo geral, é necessário criar meios para aprender a trabalhar com perspectiva inclusiva. Assim, o professor cuja função é ensinar, tem também a necessidade de aprender. REFERÊNCIAS AMARAL, Lígia Assumpção. Sociedade e deficiência. Integração, Brasília, v.4, n.9, p.8-10 abr/maio/jun/julho 1999. ANTUNES. Nuno Lobo. Mal - Entendidos da Hiperactividade à Síndrome de Asperger: da Dislexia às Perturbações do Sono. As respostas que procura. Lisboa.Verso da Kapa.2009 ARIES, Philipe. História social da criança e da família. Guanabara, Rio de Janeiro, 1981. ATTWOOD. Tony. A Síndrome de Asperger. 3º Edição. Lisboa. Editoria, 2010. BRASIL. Congresso Nacional. Lei N° 5.692/71 de 11 de agosto de 1971. Fixa as Diretrizes e Bases de 1° e 2° Graus. 34 _______. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico. 1988. _______. Lei N° 8.069/90 de 13 de Julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei. N° 9394/96, de 20 de Dezembro de 1996. _______. 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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO 4.2.2 Vida escolar e o envolvimento da família 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS