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Bruna Cantarelli - 4º período Habilidades Clínicas IV Anamnese Ginecológica Como a anamnese em ginecologia aborda assuntos íntimos ligados à saúde da mulher, deve-se realizá-la de forma cordial e atenciosa, evitando constrangimentos que poderiam comprometer a qualidade das informações. Deve-se ter a compreensão de que muitas pacientes chegam à consulta com receio do exame ou com preocupações acerca do diagnóstico que possa ser feito. Compreender sua ansiedade e procurar estabelecer um diálogo que a tranquilize e a permita ouvir com calma os seus sintomas e questionamentos é fundamental para o atendimento e reforçará o estabelecimento de uma boa relação médico-paciente que já inicia no primeiro momento de cada consulta. ○ Roteiro de anamnese Identificação → Nome completo → Nome da mãe → Idade e data de nascimento → Raça/etnia → Estado civil → Religião → Escolaridade → Endereço → Naturalidade e procedência → Profissão e ocupação Queixa principal e duração → Motivo da consulta e o tempo de duração. Lembrar de transcrever com as palavras da paciente! Queixas mais frequentes em: Adolescente: alterações disfuncionais do ciclo menstrual, contracepção/gravidez indesejada. Adulta: gravidez/infertilidade, infecções genitais e sangramentos anormais. Idosa: alterações relacionadas à menopausa e neoplasias. História da doença atual → Início → Frequência → Periodicidade → Intensidade → Fator desencadeante → Fatores de melhora e de piora → Condições associadas → Irradiação Se a paciente não relatar, questionar: Alterações do ciclo ou fluxo menstrual, hemorragias fora do período menstrual, corrimentos genitais, dor, ardor e prurido genital, alterações mamárias, perturbações miccionais e alteração de hábitos intestinais. Interrogatório sintomatológico Particular atenção merecem os sintomas urinários e os sintomas relativos ao hábito intestinal, pois muitas vezes motivam sintomas no baixo ventre e no abdome, e, nesse caso, é importante estabelecer se há patologia ginecológica associada ou não. Da mesma forma, sintomas relacionados à coluna, ao aparelho locomotor e aos membros inferiores também são úteis, pois eventualmente podem estar associados à dor pélvica. Informações gerais sobre bem-estar, apetite, humor e qualidade do sono são relevantes, assim como sintomas nos demais sistemas, como sistema nervoso central, circulatório, respiratório, digestório, endócrino, osteoarticular, pele e fâneros. Antecedentes patológicos → Traumas/acidentes → Doenças graves → Cirurgias → Alergias → Medicamento em uso → Imunização Antecedentes ginecológicos → Puberdade → Menarca → Se menopausada, perguntar a idade da menopausa → Ciclo menstrual → Fluxo menstrual → TPM → DUM → Se na menacme: avaliar intervalo, duração e quantidade. * absorvente cheio - aprox. 15 ml/ pouco sangue - aprox. 5 ml. Bruna Cantarelli - 4º período → Dismenorréia → Síndrome pré-menstrual → Contraceptivos (presente e passado) Antecedentes sexuais → Sexarca → Orientação sexual → Número de parceiros → Relações sexuais não seguras → Práticas sexuais variadas → Sinusiorragia, dispareunia → Libido, orgasmo → ISTs Antecedentes obstétricos → Número de gestações, partos e abortos (G/P/A) → Avaliar realização prévia de pré-natal → Complicações na gestação/parto → Via de parto → Data do último parto → Intervalo interpartal → Antecedente de curetagem → Puerpério → Amamentação Antecedentes familiares → Pais e irmãos vivos? → Óbitos na família → Parentes doentes Hábitos de vida → Alimentação saudável → Atividade física → Uso de drogas, tipo, quantidade e frequência Condições socioeconômicas e culturais → Condições de moradia → Saneamento básico → Relacionamento familiar → Mora com quem? Nomenclatura da ginecologia Menarca - primeira menstruação. Acontece em média entre 11 e 14 anos, podendo ocorrer entre 9 e 16 anos. Menacme – período reprodutivo da mulher. Sucede a menarca e antecede a menopausa. Climatério – transição entre o ciclo reprodutivo (menacme) e o não reprodutivo (senilidade). Menopausa – última menstruação. Ocorre entre 45 e 55 anos e o diagnóstico é retrospectivo, após 12 meses sem menstruação. Menorragia – Hemorragia uterina regular, porém prolongada (>7 dias) e/ou excessiva (>80ml). Metrorragia – Hemorragia uterina irregular. Menometrorragia – Hemorragia uterina irregular excessiva e prolongada. Polimenorréia - Hemorragia uterina regular com intervalo <21 dias. Oligomenorreia - Hemorragia uterina regular com intervalo >35 dias. Amenorreia – ausência de menstruação por um período ≥ 6 meses num a m ul her nã o men opáusica. Exame físico ginecológico Embora o foco do exame seja relacionado aos aspectos ginecológicos, ele deve iniciar por uma avaliação geral que inclua peso, altura, observação do estado geral da paciente, ectoscopia (pele e distribuição de pêlos), pressão arterial, palpação da tireóide, ausculta cardíaca e pulmonar e avaliação das extremidades. A paciente deve ser orientada sobre a necessidade da realização de exame físico ginecológico anual e sobre como o exame será feito. ○ Exame físico geral Um exame geral completo é tão importante em ginecologia como em qualquer outro ramo da medicina. Embora o exame ginecológico seja dirigido naturalmente para a mama e órgãos pélvicos e abdominais, ele deve incluir uma observação geral do organismo. ○ Exame ginecológico O exame satisfatório dos órgãos genitais depende da colaboração da paciente e do cuidado do médico em demonstrar segurança em sua abordagem no exame. Todos os passos do exame deverão ser comunicados previamente, em linguagem acessível ao paciente. A posição ginecológica ou de litotomia é a preferida para a realização do exame ginecológico. Coloca-se a paciente em decúbito dorsal, com as nádegas na borda da mesa, as pernas fletidas sobre as coxas e, estas, sobre o abdômen, amplamente abduzidas. O exame dos órgãos genitais deve ser feito numa seqüência lógica: a. órgãos genitais externos- vulva b. órgãos genitais internos- vagina, útero, trompas e ovários Bruna Cantarelli - 4º período ○ Inspeção dos órgãos genitais externos O exame da vulva e do períneo deve ser realizado de forma sistemática, abrangendo a área desde o monte púbico até o ânus. Os linfonodos inguinais também devem ser palpados, pois tanto as neoplasias como as infecções podem afetá-los. Observa-se pele e trofismo vulvar, eventuais alterações como eritema e outras mudanças na coloração da pele, lacerações perineais, secreções e lesões, aspecto do hímen e carúnculas himenais, pequenos lábios e clitóris. Prolapsos urogenitais podem ser investigados, pedindo-se que a paciente faça esforço (manobra de Valsalva). As glândulas vestibulares (glândulas de Bartholin) normalmente não são vistas nem identificadas à palpação. A uretra também deve ser observada quanto à eventual presença de secreções que podem indicar infecções ou a alterações de coloração ou irregularidade da superfície associadas ao prolapso uretral. Vulva - implantação dos pêlos, aspecto da fenda vulvar, umidade, secreções, hiperemias, ulcerações, distrofias, neoplasias, dermatopatias, distopias e malformações. Períneo e uretra - secreções, prolapso uretral, integridade e cicatrizes. Ânus - hemorróidas, plicomas, fissuras, prolapso da muc osa e malform ações. Candidíase Mancha ou placa hiperemiada com maceração do tecido ou erosões superficiais e descamação na periferia da lesão; prurido vulvar intenso, associado ou não a corrimento vaginal. Dermatite Seborreica Lesão eritematosa difusa e simétrica com fina descamação em cima da base eritematosa; prurido vulvar; associa-se à produção aumentadade sebo; acomete outros locais. Líquen Plano Vulvar Pápulas ou placas eritematosas descamativas e, eventualmente, erosivas; prurido crônico; não aumenta risco de câncer. Principal localização: lábios menores □ pode evoluir com fusão. Bruna Cantarelli - 4º período Líquen escleroso e atrófico (LEA) Pápulas branco-nacaradas, opacas □ aspecto apergaminado; região anogenital; atrofia importante - formato em “8”; prurido, irritação local, disúria, dispauremia, fissuras e dor; doença crônica e benigna; fatores imunológicos; pode evoluir para lesão maligna. Vitiligo Manchas hipocrômicas, bem delimitadas, sem sintomas associados; geralmente está presente em outras localizações extragenitais; problema cosmético. Aglutinação ou Aderência Labial Sinéquia de pequenos lábios; processo inflamatório crônico associado à falta de estrogênios estão associados à aderência dos pequenos lábios. Herpes Simples Pródromos: prurido, queimação e formigamento; Vesículas dolorosas que rapidamente rompem; ulceração □ Crosta; sintomas sistêmicos: febre, cefaléia, mal-estar (geralmente na primoinfecção); lesões genitais - HSV-2. Sífilis Primária (Treponema pallidum) Cancro duro – úlcera clássica, isolada, firme ao toque, com bordas arredondadas, levemente elevadas e uma base íntegra não infectada; pode ocorrer secreção serosa; indolor. Cancro Mole (Haemophilus ducrei) Pápula eritematosa que evolui para pústula e sofre ulceração em 48hs; úlceras dolorosas com bordas irregulares, com limites eritematoso, sem enduração; base avermelhadas e granular; recobertas com material purulento com odor fétido; fúrcula vulvar, vestíbulo, clitóris e grandes lábios; linfadenopatia inguinal móvel uni ou bilateral. Donovanose (Klebsiella granulomatis) Nódulos inflamatórios indolores que progridem para úlceras altamente vascularizadas, avermelhadas e carnudas, (sangram com facilidade ao contato); cicatrizes semelhantes a quelóides; é uma DST. Bruna Cantarelli - 4º período Linfogranuloma Venéreo (LGV) (Chlamydia trachomatis (L1, L2 e L3) Infecção divide-se em três fases: ○ Vesícula ou pápula pequena; ○ Linfadenopatia inguinal ou femoral – “BULBÃO” □ drenagem espontânea; ○ Fase crônica: prurido retal e descarga mucóide pelas úlceras retais, obstrução linfática, fibrose de reto, sangramento retal, estenose de uretra e da vagina. ○ É uma DST Cistos do ducto de Bartolin Dor, calor, rubor e presença área de flutuação ou de drenagem de secreção purulenta. Condiloma acuminado HPV (papilomavírus) - DST Verrugas em vulva, períneo, perianal, vagina e útero; coloração variada; aspecto de couve-flor. Neoplasia Intraepitelial Vulvar Lesões elevadas, de superfície áspera, com margens bem demarcadas; pode ser subdividido em duas categorias: verrucoso e basalóide; geralmente associa-se a infecção crônica pelo HPV diagnóstico: Biópsia. Câncer de vulva Nódulo vermelho, rosa ou branco, de superfície áspera ou rugosa, na vulva; ardência, dor ou coceira na área genital; sangramento fora do período menstrual; principal: carcinoma escamocelular (CEC). ○ Inspeção dos órgãos genitais internos Exame especular É realizado através de um instrumento denominado espéculo. Os espéculos são constituídos de duas valvas iguais; quando fechados, as valvas se justapõem, apresentando-se como uma peça única. Os espéculos articulados são os mais utilizados, podendo ser metálicos ou de plástico, descartáveis, apresentando quatro tamanhos: mínimo (espéculo de virgem), pequeno (nº 1), médio (nº 2) ou grande (nº 3). Deve-se escolher sempre o menor espéculo que possibilite o exame adequado, de forma a não provocar desconforto na paciente. O espéculo é introduzido fechado. Apóia-se o espéculo sobre a fúrcula, ligeiramente oblíquo (para evitar lesão uretral), e faz-se sua introdução lentamente; antes de ser completamente colocado na vagina, quando estiver em meio caminho, deve ser rodado, ficando as valvas paralelas às paredes anterior e posterior; posição que ocupará no exame. A extremidade do aparelho será orientada para baixo e para trás, na direção do cóccix, enquanto é aberto. Na abertura do espéculo, a mão esquerda segura e firma a valva anterior do mesmo, para que a mão direita possa, girando a borboleta para o sentido horário, abri-lo e expor o colo uterino. O colo é então inspecionado, avaliando forma, tamanho, posição, superfície, coloração, orifício externo, muco cervical e zona de transição; pacientes nulíparas geralmente têm o orifício externo puntiforme ao passo que nas que já tiveram parto vaginal este apresenta-se em forma de fenda; mulheres na pós menopausa tem o colo atrófico, e nas mais idosas pode ser difícil identificá-lo. A inspeção deve avaliar paredes Bruna Cantarelli - 4º período vaginais, rugas vaginais, presença de “manchas”, lesões vegetantes, lacerações, etc. Além da inspeção da vagina e do colo do útero, esse exame permite coleta de secreção vaginal, endocervical, células para citopatológico (CP) de colo uterino, colposcopia, entre outros. Flora vaginal bacteriana normal: lactobacilos, que mantém o Ph vaginal entre 3,8 e 4,2; Secreção vaginal fisiológica sofre influências hormonais, orgânicas e psíquicas. constituída de secreção sebácea, esfoliação vaginal e cervical e secreção das glândulas de Bartholin e Skene. Teste de Whiff Coleta do material vaginal: aplicação de 1 a 2 gotas de KOH a 10%; Teste positivo: odor de peixe, associado a vaginose bacteriana. *Situações especiais Nas mulheres grávidas, não há inconvenientes em realizar o exame, caso seja necessário realizar a coleta citológica, esta deve ser feita preferencialmente apenas com a espátula de Ayre; Nas mulheres após a menopausa, em decorrência do déficit de estrogênio, a visualização da JEC pode ser prejudicada pela atrofia: creme de estrogênios conjugados 0,5g ou Creme de estriol 1%, durante 21 dias, coleta após 5 a 7 dias da parada do uso. Ectopia cervical No período de atividade menstrual, fase reprodutiva da mulher, geralmente, a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora deste, caracterizando ectopia ou eversão. Logo, a ectopia é uma situação fisiológica, não demandando intervenções. Cistos de Naboth Oriunda da obstrução dos ductos excretores das glândulas endocervicais subjacentes; Sem significado patológico. Pólipos cervicais São projeções da mucosa do canal do colo uterino, podendo levar a sangramento vaginal fora do período menstrual e principalmente após relação sexual; Quando localizados externamente, são visualizados no momento do exame; São benignos na maioria dos casos. Coleta citopatológico O rastreamento deve ser realizado a partir de 25 anos em todas as mulheres que iniciaram atividade sexual, a cada três anos, se os dois primeiros exames anuais forem normais. Os exames devem seguir até os 64 anos de idade; A coleta da amostra deve ser pelo menos cinco dias Bruna Cantarelli - 4º período após o término da menstruação. No entanto, caso seja esta a única oportunidade e a mulher esteja menstruada, podem-se adicionar gotas de ácido acético a 2% à solução fixadora, buscando melhorar a qualidade da amostra. Teste do ácido acético Aplicação de Ácido Acético a 3 a 5%; Desidratação das células escamosas displásicas, em 30 a 60 segundos; Positivo: alteração acetobranca (reflexo à luz do material nuclear das células displásicas, que adquirem coloração esbranquiçada); Intensidade e duração do efeito diretamente relacionadas com a gravidade da lesão. Teste de Schiller É feita através da deposição da solução de Lugol (iodo-iodetada) no colo uterino, que provoca uma coloração marrom acaju nas células que contêm glicogênio,como é o caso das células das camadas superficiais do epitélio que recobre o colo e a vagina. A intensidade da coloração é proporcional à quantidade de glicogênio contido nas células. Assim, o iodo cora fracamente as regiões de epitélio atrófico e não cora a mucosa glandular que não contém glicogênio. As zonas que apresentam modificações patológicas não adquirem coloração, sendo chamadas iodo-negativas ou Teste de Schiller positivo. Ao contrário, quando o colo apresenta-se totalmente corado pelo iodo teremos colo iodo positivo ou Teste de Schiller negativo. Antes da colocação da solução de Lugol deve-se retirar secreções que eventualmente recubram o colo, as quais provocariam falsos resultados iodo negativos ou Schiller positivo. Solução de Iodo (Lugol); Células ricas em glicogênio coram e tornam-se marrom-escuras: Iodo positivo, Schiller negativo; Células desprovidas de glicogênio (células glandulares e displásicas) não coram e tornam-se mostarda: Iodo negativo. Schiller positivo; Áreas de ectopia não se coram. Toque vaginal Com a mão espalmada no hipogástrio, comprime-se a parede abdominal enquanto o colo uterino é delicadamente elevado pelos dedos que realizam o exame vaginal, palpando-se o útero entre as duas mãos. Por meio desse exame, é possível avaliar o útero quanto ao seu volume, posição, mobilidade, consistência, regularidade de superfície e dor à mobilização do colo uterino. A seguir, faz-se a palpação bimanual das regiões anexiais. Os ovários podem ser palpados na mulher não obesa, quando adequadamente relaxada durante o exame. As tubas uterinas normalmente não são palpáveis ao toque vaginal, mas algumas vezes o exame pode revelar aumento das tubas causado por inflamações ou acúmulo de líquido em seu interior. Toque retal O toque retal não é feito rotineiramente em todas as consultas. Ele é útil nas avaliações de pacientes com dor ou massa pélvica identificada, suspeita de endometriose ou neoplasia, na presença de sintomas intestinais ou sangramento ou, ainda, quando for considerada a possibilidade de um tumor nessa área. ○ Exame de mamas Anamnese Queixas comuns Nódulo: data da percepção, localização, crescimento, relação com o ciclo menstrual ou história de traumatismo; Dor mamária: data de início, localização, intensidade da dor, uso de medicações, relação com ciclo menstrual ou traumatismo, relação com esforço físico; História da Doença Atual Derrame Papilar: data do início, cor, espontâneo ou provocado, unilateral ou bilateral, acometimento de um ou de vários ductos e relação com uso de fármacos; Bruna Cantarelli - 4º período Anormalidades da pele/mamilo e sinais inflamatórios: data do início, se agudo ou crônico, localização, saída de secreção purulenta, flogose, presença de retração ou abaulamento. Antecedentes → Idade da menarca → DUM / Duração e regularidade dos ciclos / Uso de anticonceptivos hormonais → Número de gestações / Número de nascidos vivos / Idade da primeira gestação / Amamentação → História familiar de ca de mama: número, parentesco, idade do diagnóstico e se doença bilateral → História de cirurgias e/ou biópsia mamária → Data da menopausa / Uso de terapia de reposição hormonal Exame físico Habitualmente, a avaliação das mamas inicia pela inspeção estática seguida da inspeção dinâmica, palpação das cadeias de linfonodos e palpação das mamas com expressão delicada dos mamilos. Inspeção estática Paciente com tronco desnudo, na posição sentada e com braços ao longo do corpo é observada para afastar ou diagnosticar áreas de hiperemia, edema, inversão de mamilos, alteração de volume. Descrever tamanho, simetria, abaulamentos/retrações, alterações de pele, mamilo e aréola. Inspeção dinâmica Na posição sentada, com as mãos apoiadas na cintura, a paciente é orientada a contrair os músculos peitorais com o objetivo de expor possíveis abaulamentos, retrações e assimetrias. Palpação de linfonodos Os linfonodos que podem ser acometidos por metástases de câncer de mama sempre devem ser avaliados. Inicialmente, palpam-se os linfonodos da cadeia supraclavicular, cervical posterior, cervical anterior e, por último, da cadeia axilar. Descrever o número de linfonodos palpáveis, tamanho, consistência e mobilidade. Palpação das mamas A paciente deve estar na posição supina e com os braços apoiados sob a cabeça. A palpação deverá seguir movimento circular, abrangendo todos os quadrantes, a região retroareolar e o prolongamento axilar. A palpação deverá ser feita com as duas mãos espalmadas para dar mais precisão ao exame, como percepção de adensamentos e nódulos. No fim da palpação, pode-se realizar a expressão suave dos mamilos para avaliar a presença de derrame papilar (expressão papilar para avaliar secreção - coloração, lateralidade e número de ductos acometidos). Deve avaliar a densidade mamária e descrever os achados: tamanho, consistência, mobilidade, alterações de pele associadas e localização. Paciente em decúbito dorsal com as mãos atrás da nuca; Sentido horário deve ser adotado; Técnica de Velpeaux – Iniciado pela mama normal com a face palmar dos dedos indo de encontro ao gradil costal; Técnica de Bllodgood – A palpação deve ser realizada com as falanges distais do 2o e 3° dedos, semelhante a tocar piano. Principais achados Mastalgia 65 a 70% - mastalgia em algum momento; Geralmente relacionada ao ciclo estroprogestínico; Cíclica X Acíclica; Dor extramamária. Mastalgia e câncer de mama □ 0,8 a 2%; Medicamentos: ACO, ISRS, metildopa, ciclosporina e prostaglandinas. Avaliação clínica: história clínica - início, duração, localização, intensidade, associação com ciclo menstrual; sintomas associados (febre, dispnéia etc). Abordar estado psicológico (dor psicossomática?) Diagnósticos Diferenciais (dor extramamária): Avaliar também arcos costais e suas articulações (osteocondrite?) Lesões de pele – herpes zoster? Descarga papilar Amamnese: provocada x espontânea; natureza da descarga (serosa, sanguinolenta ou leitosa); associação a um tumor; uni ou bilateralmente; relação com a menstruação; pré ou pós-menopausa; medicamentos hormonais. Descarga suspeita: uniductal/Unilateral; espontânea; co lo raçã o: cristalino (água de rocha) ou sanguino lenta. Cistos Coleção de líquido derivada da unidade ducto lobular Bruna Cantarelli - 4º período terminal; Macroscópicos ocorrem em 7% das mulheres; Microscópios ocorrem em quase 40% das mulheres. Apresentação clínica: comum em mulheres de 35 a 55 anos de idade; Sintomas relacionados à presença de estrogênio:dor em geral antes da menstruação); variação no tamanho, número e magnitude dos sintomas; ocorrência bilateral, aumento da incidência na perimenopausa e responde à terapia hormonal. crescimento agudo – dor de início súbito; tumor assintomático uniforme, móvel e compressível, por vezes acompanha dor espontânea ou dor à palpação e, descarga papilar. Fibroadenomas Segunda patologia mais comum; Lesões benignas (tecido glandular e fibroso); 20% múltiplos ; Etiologia incerta (influência hormonal); Mulheres jovens (15 e 35 anos). Tumoração definida, móvel, consistência elástica, crescimento lento, geralmente única; Em 25% dos casos são impalpáveis; Com o envelhecer – surgem elementos atróficos e calcificações; USG □ sugere (porém confirmação apenas com biópsia). Câncer de mama Fatores predisponentes: história familiar; alimentação, obesidade, álcool; fatores reprodutivos hormonais: O risco aumenta com a duração da fase reprodutiva da mulher. Rastreamento Avaliação periódica realizada em pessoas assintomáticas com o objetivo de identificar a doença em estágioinicial, permitindo a realização precoce do tratamento e aumentando, consequentemente, as chances de cura. Auto-exame mensal e Exame clínico anual: a partir dos 35 anos. Mamografia: Sociedade Brasileira de Mastologia: a partir dos 40 anos, anualmente; Ministério da Saúde: a partir dos 50 anos, bianualmente. Tríplice avaliação 1. Avaliação clínica – história e exame físico 2. Exames de imagens – USG, mamografia, RNM 3. Diagnóstico citológico (PAAF) ou histopatológico (core biopsy) Sintomas Endurecimento, sulco, erosão de pele, vermelhidão ou ardor, fluido desconhecido, buracos, protuberância, veia crescente, afundamento do mamilo, assimetria, pele de laranja, nódulo interno. Anamnese Obstétrica A anamnese obstétrica deve seguir o mesmo roteiro da anamnese ginecológica, porém com acréscimo de perguntas direcionadas para gravidez atual, visando a identificação de possíveis complicações que comprometam a vida da mãe e do feto. Dessa forma, há prevenção de futuras patologias. História obstétrica atual → Idade gestacional → DUM → DPP → Evolução do puerpério atual → Sangramentos e/ou perda de líquidos → Crescimento abdominal e percepção de movimento fetal → Suplementação Queixas frequentes: náuseas, vômitos, lombalgia, azia, hemorroidas, edema, cãibras, fadiga, constipação, mastalgia, tonturas e vertigens. ○ Diagnóstico de gravidez É comum subdividir a descoberta da gravidez pelo método clínico em três partes. A primeira é a "presunção" o segundo é de "probabilidade" e são os Bruna Cantarelli - 4º período sinais de certeza. Abaixo temos uma tabela sobre cada um desses sinais. Sintomas de presunção - pouco confiável, explicação nas adaptações do organismo à gestação: edema, lipotímia, polaciúria, dor suprapúbica, lombalgia, sialorréia, náuseas e vômito, alteração no apetite, pirose/queimação, constipação, dispnéia, sonolência, palpitação/taquicardia. Sinais de presunção - pouco confiável, explicação nas adaptações do organismo à gestação: melasma, linha nigra, aumento do volume abdominal. Sinais e sintomas de probabilidade - são as manifestações clínicas mais evidentes de gravidez, porém sem caracterizar com certeza: a. Atraso menstrual sem uso de métodos contraceptivos, Aumento do volume uterino; b. Sinal de Nobile-Budin: preenchimento dos fundos de saco laterais pelo útero globoso; c. Sinal de Hegar: diminuição da consistência do istmo(amolecimento); d. Sinal ou regra de Goodel: amolecimento do colo uterino (consistência labial); e. Sinal de Piscacek: assimetria uterina no local da nidação. Sinais de certeza: a. Exame clínico: sinais e sintomas; batimentos cardiofetais; palpação de partes fetais no abdome. b. Exames laboratoriais: hormônio coriogonadotrófico (HCG - fração beta) na urina ou no sangue. c. Ultrassonografia - método de excelência; idade embrionária e fetal; gestação única ou gemelar; gestação tópica ou ectópica; ausculta dos batimentos embrionários e fetais; até as 12 semanas: transvaginal, depois abdominal. ○ Pré-natal Objetivos básicos da assistência pré-natal: → Orientar os hábitos de vida; → Assistir a gestante psicologicamente; → Preparar a gestante para a maternidade; → Evitar o uso de medicações e de medidas que se tornem prejudiciais para o feto; → Tratar os pequenos distúrbios da gravidez; → Realizar prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças próprias da gravidez ou nela intercorrentes. Vigilância pré-natal! Até 28 semanas: mensal 28 - 36 semanas: quinzenal A partir de 36 semanas: semanal Nomenclatura na obstetrícia Nuligrávida ou nuligesta - mulher que nunca teve filhos. Primigrávida ou primigesta - primeira gravidez. Multigrávida ou multigesta - mulher que está na segunda ou numa das subsequentes gravidez. Grávida (gestante) - mulher em gestação. Nulípara - mulher que nunca pariu. Primípara - mulher que teve seu primeiro parto. M ultípara - mulher q ue já pariu mais de um a vez. ○ Data provável do parto (DPP) Duração média da gestação: aproximadamente 280 dias ou 40 semanas a partir da DUM. A data provável do parto pode ser calculada por DUM + 7 dias - 3 meses ou pela regra de Naegele: 40 sem: Soma 7 dias ao 1° dia da DUM; Soma 9 ao mês da DUM. ○ Idade Gestacional Cálculo: soma o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta; divide por 7 = semanas de gestação. ○ Orientação nutricional ○ Preocupações comuns Exercícios, higiene pré-natal/asseio corporal, viagens aéreas ou automobilísticas, consumo de pescados, relações sexuais, cafeína, tintura de cabelo, adoçantes, fumo e álcool, vestuário e estrias. ○ Sinais de alerta para interromper o exercício na gravidez Sangramento vaginal, contrações dolorosas regulares, vazamento de líquido amniótico, dispneia antes do exercício, tontura, cefaleia, dor no peito, fraqueza muscular afetando o equilíbrio, dor ou edema na panturrilha. Bruna Cantarelli - 4º período Exame obstétrico ○ Conceitos em obstetrícia ○ Avaliação obstétrica Pré-natal → anamnese e exame físico, incluindo exame físico geral e exame físico específico (AFU, manobras de Leopold, BFC, exame das mamas, exame especular + toque vaginal e avaliação das contrações uterinas). Exame obstétrico → Medida da altura de fundo do útero (AFU) Ter cuidado: bexiga vazia é o ideal - pode dar diferença até 3 cm; atentar para panículo adiposo - altera a real AFU. É importante para estimar a idade gestacional. Avalia o crescimento fetal. Regra de Mac Donald IG = A F U x 8/7 → Manobras de Leopold-Zweifel É importante para identificar como o feto se relaciona com a mãe, ou seja, estática fetal. Atitude fetal Flexão ou extensão Situação Longitudinal, transverso ou oblíquo Apresentação Cefálica, côrmica ou pélvica Variedade de posição 1º tempo: o examinador se coloca ao lado direito da paciente e, de frente para ela e com as duas mãos encurvadas, delimita o fundo do útero e observa qual o pólo fetal o ocupa. 2º tempo: visa determinar a posição fetal, ou seja, para qual dos lados o dorso fetal está posicionado. Deslizam-se as mãos em direção ao pólo inferior. 3º tempo: Visa explorar a mobilidade da apresentação localizada no estreito superior da bacia. Apreende-se o pólo entre o polegar e o dedo indicador imprimindo-lhes movimentos de lateralidade para verificar a penetração da apresentação e confirmar o outro pólo, comparando com o identificado previamente no fundo uterino. 4º tempo: visa confirmar a penetração da apresentação. O examinador deve voltar as suas costas para a paciente Bruna Cantarelli - 4º período e com a ponta dos dedos, exercer pressão em direção ao eixo da entrada pélvica. → Ausculta do BCF Deve ser auscultado no encontro do dorso com o pólo cefálico. → Exame das mamas Avaliação do Complexo Aréolo Papilar Cuidado: não estigmatizar. Todas são capazes de amamentar. → Toque vaginal . Avaliar consistência/ elasticidade . Dilatação – 0 a 10 cm . Apagamento – diminuição progressiva da espessura do colo (em porcentagem) . Identificar obstáculos no trajeto . Avaliação da altura da apresentação Plano DeLee é o mais empregado. Plano de Hodge divide-se em quatro planos, porém não tem boa aceitação. Primeiro plano = delimitado pela borda superior do púbis e promontório do sacro; Segundo plano = vai da borda inferior do pube ao meio da segunda vértebra do saco; Terceiro plano = espinhas ciáticas (plano “0” de DeLee); Quarto plano = ponta do cóccix. . Índice de BISHOP > ou = 9 – Favorável a indução com ocitócitos; Entre 5 e 8 – Intermediário; < 5 – Desfavorável a Ocitócitos, iniciar preparo comcolo (Misoprostol) → Avaliação das contrações uterinas (tocometria) . Tônus uterino: corresponde a pressão miometrial ao repouso, podendo se referir também ao menor valor registrado entre duas contrações. Geralmente 10 mmHg. . Frequência: número de contrações (aumento sustentado da pressão miometrial) dentro do período Bruna Cantarelli - 4º período convencional de 10 minutos. . Intensidade: corresponde a pressão máxima uterina durante uma contração, acima do tônus uterino. Em torno de 40 mmHg. . Duração: período em segundos que vai do início até o fim das contrações. Contrações de Braxton-Hicks Incoordenadas, longos intervalos e de baixa intensidade. Vão se tornando mais coordenadas e frequentes com a aproximação do parto. Quando considerar trabalho de parto? . 2 a 3 contrações em 10 minutos . Intensidade entre 30 e 40 mmHg . Duração entre 30 e 40 segundos Período expulsivo . 5 a 6 contrações em 10 minutos . Intensidade entre 50 e 60 mmHg . D uração entre 60 e 80 seg undos Mecanismo de parto São movimentos executados pelo feto, impulsionado pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede abdominal, através do canal de parto. Fases do mecanismo do parto → Insinuação É a passagem da maior circunferência (maior diâmetro transverso) da apresentação através do anel do estreito superior; Plano “0” de DeLee: ponto mais baixo da apresentação; Flexão da cabeça. → Descida Flexão completa: passivo, apresenta o menor diâmetro cefálico (subocciptobregmático - 9,5 cm); Fletido: palpação fontanela lambdóide; Passagem do feto por todo o canal de parto só termina com a expulsão total do feto. . Rotação interna da cabeça: circunferência máxima da cabeça fetal no Plano “0” de DeLee . Insinuação das espáduas no estreito superior da bacia: ombros no estreito superior da bacia → Desprendimento A nuca apoia-se na arcada púbica (OP) e a cabeça oscila em torno desse ponto. Início: cabeça fetal ao nível do períneo; Fim: fontanela posterior na sínfise púbica. Tempo acessórios: - Rotação externa da cabeça (restituição): . Cabeça retorna a posição ântero-posterior; . Não requer intervenção do obstetra. - Rotação interna das espáduas - Desprendimento das espáduas: . Desprendimento do ombro anterior e depois o posterior; . Requer leve tração para o sentido posterior. Manobra de Ritgen Evitar traumatismo perineal; Durante a expulsão do polo cefálico, os dedos de uma das mãos apoiam o períneo enquanto a outra mão faz leve pressão sobre a cabeça para controlar a velocidade de coroamento. ○ Períodos clínicos do parto Medidas e procedimentos adotados no acompanhamento de uma paciente em trabalho de parto. Bruna Cantarelli - 4º período ○ Diagnóstico do Trabalho de Parto - >= 3 cm de dilatação + 2-3 contrações/10 min eficientes; - 2 contrações/15 min + dois sinais: . Apagamento cervical; . >= 3 cm de dilatação; . Ruptura espontânea das membranas. ○ Preparo da paciente: . Identificação . DUM - IG . PA - AFU - BCF - Tônus uterino . Toque vaginal: descida e variedade de posição da apresentação; dilatação cervical . Abertura do Partograma ○ Período premunitório . Primeiro período: Dilatação Cervical: nas primípara afina e depois abre e nas multíparas afina e abre ao mesmo tempo. O período de dilatação (fase ativa do parto), se inicia no final da fase latente e termina quando o colo uterino está totalmente dilatado. Nas primíparas o trabalho de parto é mais demorado (10-12h) e nas multíparas é mais rápido (6-8h). Práticas não recomendadas: Enteróclise; Tricotomia; Ingestão de alimentos sólidos. Amniotomia; Ocit ocin a; . Segundo período: Expulsão Fetal; Manejo ativo do trabalho de parto Assepsia Manobras: Ritgen e Kristeller Episiotomia:bloqueio do Pudendo; Episiorrafia em planos: muscular; mucosa; pele. . Terceiro período: Dequitação Placentária; Baudelocque-Schultze: implantação fúndica; saída da placenta e depois do coágulo; Baudelocque-Ducan: implantação lateral; saída do coágulo e depois a placenta. . Quarto período: 1° hora pós-parto. Período de Greenberg; Miotamponagem - contração uterina para controle do sangramento; Trombotamponagem - aumento de fibrinogênio; Contração uterina fixa: globo de segurança de Pinard - parada da contração uterina. Bruna Cantarelli - 4º período Início: 30 a 36 semanas; Descida do fundo uterino; Braxton-Hicks - espaçadas, não-rítmicas e indolores; Tampão mucoso; Pr eparo fisiológico do colo u te rino - am o lecimento. Partograma É representação gráfica do trabalho de parto; Método simples e de baixo custo; Auxilia na tomada de decisões; Divide-se em: período de dilatação (preparatória e dilatação propriamente dita); período expulsivo. Fase latente Acompanhamento ambulatorial; Período entre o início do trabalho de parto e a fase ativa do trabalho de parto; Pode durar mais de 20 horas; Conduta expectante; Apresentam contrações, que provocam o amolecimento e apagamento do colo uterino, com velocidade de dilatação ainda lento (<1,2 cm/h). Fase ativa Trabalho de parto propriamente dito (2/3 contrações em 10 minutos, com dilatação mínima de 3 cm, MS 2001). A fase ativa é dividida em 3 períodos: 1. Fase de aceleração (dilatação inicial, com duração de cerca de 1 hora). 2. Fase de inclinação máxima (dilatação linear e rápida). 3. Fase de desaceleração (dilatação em velocidade constante). Interpretação do partograma . Marcação da dilatação do colo uterino em cm. . Altura e a variedade de posição da apresentação. . 2 linhas diagonais a da esquerda “linha de alerta” e a da direita “linha de ação”. . Hora do exame. . Frequência cardíaca fetal. . Contrações uterinas. . Estado da bolsa. . Administração de medicamentos. . Procedimentos efetuados durante o parto. Bruna Cantarelli - 4º período . As marcações são iniciadas na fase ativa do trabalho de parto (3 cm). . Anota-se a hora em que os registros foram iniciados. . A taxa normal de dilatação do colo varia em torno de 1,2 a 1,5cm/h. . Na representação da apresentação, observamos uma esfera, visto que 95% das gestantes em trabalho de parto o feto encontra-se em apresentação cefálica. . Na apresentação fletida, o mais corriqueiro é desenharmos 3 linhas confluentes, com 2 linhas representando as suturas lambdoides e 1 linha representando a sutura sagital. . Nos casos de deflexão em primeiro grau, o bregma passa a ser atingível e representamos com o desenho de um losango. Dilatação cervical é registrada com um triângulo, no ponto correspondente do gráfico. Na hora imediatamente seguinte traça-se a linha de alerta. Em paralelo 4 horas após, a linha de ação. O padrão das contrações uterinas e dos batimentos cardíacos fetais, a infusão de líquidos e drogas, e o us o de analg esia dev em ser d evidamente re gistrados. ○ Distocias Fase ativa prolongada: velocidade menor que 1cm/h; ultrapassa a linha de alerta e, às vezes, a linha de ação; geralmente decorrente de contrações uterinas ineficientes. Correção: manobras de verticalização; ocitocina; ruptura da bolsa amniótica. Parada secundária da dilatação: dilatação cervical permanece a mesma durante duas horas ou mais; ultrapassa a linha de alerta e, por vezes, a linha de ação; associação frequente com sofrimento fetal ; Causa principal: desproporção céfalo-pélvica relativa ou absoluta; Correção: manobras de verticalização; ocitocina; ruptura da bolsa amniótica. Bruna Cantarelli - 4º período Parto precipitado (taquitócico): expulsão do fetoocorrem num período de 4 horas ou menos; Padrão da contratilidade uterina: taquissistolia e hiperssistolia; pode ocorrer o sofrimento fetal; lacerações do trajeto também são mais frequentes; Pode ser iatrogênico – administração excessiva de ocitocina; Período pélvico prolongado: descida progressiva da apresentação, porém excessivamente lenta; dilatação completa do colo uterino e demora na descida; contratilidade uterina deficiente. Correção: manobras de verticalização; ocitocina; ruptura da bolsa amniótica; fórceps. Parada secundária da descida: diagnosticada por dois toques sucessivos, com intervalo de 1 hora ou mais, desde que a dilatação do colo uterino esteja completa; Causa mais frequente: desproporção céfalo-pélvica relativa ou absoluta; Desproporção relativa – pode-se tentar fórceps de tração ou rotação; Bruna Cantarelli - 4º período Genitália masculina ○ Principais patologias associadas a idade Recém-nascido: ambiguidade sexual, hidrocele, edema escrotal (hérnias), criptorquias e distrofias penianas; Infância: quadros infecciosos (balanopostites - infecções da glande e do prepúcio) e obstrução do fluxo sanguíneo testicular (torção do cordão espermático); Puberdade e adulto jovem: processos infecciosos (ISTs) e tumores testiculares; Após 40 anos: priapismo, hidrocele secundária, prostatovesiculite, câncer peniano e doença de Peyronie; Após 60 anos: hiperplasia nodular benigna; Aos 70-80 anos: carcinoma de próstata e bexiga. ○ Principais patologias associadas a profissão Carcinoma escrotal: exposição a piche e alcatrão; Distúrbios espermatogênicos: exposição a radiações ionizantes e ambientes com temperaturas elevadas. Distúrbios miccionais e sexuais, isoladamente ou de maneira combinada Dor Dor referida; disúria; dor testicular e/ou dor em bolsa escrotal (litíase renal); dor na região perineal ou sacral (prostatite); dor em região inguinal (epididimite aguda); dor lombossacra (câncer de próstata com metástase e prostatites). Hematúria Micro-hematúria; macro-hematúria; hematúria inicial tem origem na próstata ou uretra (estenoses); hematúria terminal dolorosa (hiperplasia prostática benigna, processo neoplásico da bexiga); hematúria total: lesão acima da bexiga. Causas mais comuns: litíase e as infecções do trato urinário; Alterações miccionais Ardência (prostatite); incontinência urinária (perda contínua), jato urinário fraco, lento e fino em crianças -> fimose, estenose de meato uretral ou válvula da uretra posterior; hesitação, esforço para urinar e diminuição da força e do calibre do jato urinário -> uropatias obstrutivas infravesicais; disfunções vesicoesfincterianas (bexiga neurogênica); Retenção urinária Incapacidade de esvaziar, parcialmente ou completamente, a bexiga; Completa: incapaz de eliminar quantidades mínimas; Globo vesical na palpação abdominal. Priapismo Ereção persistente, prolongada e dolorosa. Hemospermia Presença de sangue no esperma. Corrimento uretral Presença de secreção que sai pelo meato da uretra; uretrite e prostatite. Gonocócico: abundante, espesso, e amarelo ou cinza-acastanhado. Não gonorréicos podem ter aspecto similar, mas frequentemente são ralos, mucóides, e escassos. Distúrbios sexuais Disfunção erétil; ejaculação precoce; ausência de ejaculação; anorgasmia; dispareunia. ○ Exame físico Órgão Externos e Região Inguinal: → Inspeção; → Palpação: . Retrair completamente o prepúcio para visualização completa da glande e do sulco balanoprepucial; . Localização, diâmetro e aspecto do meato uretral externo; . Superfície dorsal do corpo peniano. Pápulas perláceas do pênis Encontradas em mais de 30% de adultos jovens pós-púberes; Mais comuns em homens não circuncidados; Podem ser confundidas com os condilomas acuminados; Não é necessário nenhum tratamento, apenas acompanhamento. Exame da bolsa escrotal: → Inspeção: formato, tamanho, características da pele e os aspectos vasculares; → Palpação: massas escrotais. Exame dos Testículos: Em condições normais, o testículo esquerdo situa-se mais baixo que o direito; → Palpação: comparando com o lado oposto; consistência (elástica), formato (ovóide), contornos (regulares) e tamanhos. Exame dos Epidídimos: → Inspeção: da cabeça, corpo e cauda; cordão espermático até o anel inguinal externo. → Palpação: endurecimento implica em infecção (tumores primários são raros) avaliação de hérnia inguinal: Manobra de Valsalva. Bruna Cantarelli - 4º período Hidrocele: acúmulo de líquido peritesticular. Varicocele: alargamento das veias escrotais. Órgãos Internos: → Toque retal . Exploração digital do reto; . Posicionamento do paciente: posição de Sims ou lateral esquerda; posição genupeitoral; posição de decúbito supino. . Lubrificação abundante, introdução digital suave . Palpação: expõe-se o ânus com dedo indicador direito sobre a margem anal e faz-se uma compressão continuada e firme para baixo, com o intuito de relaxar o esfíncter externo; faz-se movimentos rotatórios, lenta e suavemente; Delimitação do toque retal Parede anterior: próstata, vesículas seminais e fundo de saco vesicorretal; Parede lateral esquerda; Parede lateral direita; Parede posterior: sacro e Cóccix. Para cima: até onde alcançar o dedo. Próstata: . Tamanho: 1 polpa digital / 1 cm-> 10 g aproximadamente. . Formato: coração, pirâmide invertida, maçã, pera. . Consistência (elástica, comparável à da região tenar quando a mão está aberta) . Superfície; . Contorno; . Sulco mediano; . Mobilidade. Hiperplasia prostática benigna . Homens > 50 anos; . Quando não tratada, pode levar à retenção urinária, hidronefrose e insuficiência renal; . No toque retal: próstata aumentada, consistência elástica, não dolorosa e, em vários casos, o sulco mediano está ausente (apagado). Sintomas de Armazenamento: aumento da frequência urinária (polaciúria), noctúria, urgência/incontinência urinária e enurese noturna. Sintomas de Esvaziamento: jato fraco, bífido ou intermitente, hesitação, esforço miccional e gotejamento terminal. Sintomas Pós-miccionais: tenesmo vesical (sensação de esvaziamento incompleto) e gotejamento pós-miccional. Bruna Cantarelli - 4º período Câncer de próstata . 95% são adenocarcinomas; . Fatores de risco: idade, raça negra e história familiar, ISTs, dieta rica em gorduras e baixos níveis de testosterona; . Complicações mais comuns: metástases ósseas, linfonodos, pulmão e hepáticas, sintomas obstrutivos, hematúria, insuficiência renal, paraplegia e manifestações neurológicas; → Exame físico: Linfonodos palpáveis; Toque Retal: Próstata endurecida; Nódulo palpável. Rastreamento de Câncer de Próstata: . Através da dosagem do Antígenos Específico da Próstata (PSA); . INCA (MS) não recomenda o rastreamento (não há evidência científica de que o rastreamento do Câncer de Próstata traga mais benefícios que riscos); . Diagnóstico precoce: alteração na frequência e padrões urinários; hematúria visível; disfunção erétil. Sociedade Brasileira de Urologia: . Homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada. . Pacientes de raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. . Rastreamento após discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente; . Após 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de10 anos. Intoxicaiões exógenas Conjunto de efeitos nocivos representados por manifestações clínicas ou laboratoriais que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação de um ou mais agentes tóxicos com o sistema biológico. → 50% são de baixo risco; → Intoxicações mais comuns: tentativas de suicídio, uso de drogas ilícitas e abuso de álcool; → É comum a associação de substâncias. Qualquer doença ou evento que, por lei, deve ser comunicado às autoridades de saúde pública. Os dados permitem a monitorização e previsão de possíveis surtos. A ocorrência de suspeita ou confirmação de eventos de saúde pública, doenças e agravos listados, de acordo com a portaria vigente (PRC n° 4, de 28 de setembro de 2017, Anexo 1 do Anexo V (Origem: PRT MS/GM 204/2016, Anexo 1), e/ou a notificação de surto, são de comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados. É facultado a estados e municípios incluir ou tros problem as de saúde imp orta ntes em sua região . Em crianças até 4 anos: produtos químicos de uso doméstico, medicamentos ou plantas tóxicas Adolescentes (15 a 19 anos): álcool e drogas ilícitas Bruna Cantarelli - 4º período Adultos: tentativa de suicídio Idosos: atentar para dificuldade de metabolização (IRC) Atendimento inicial ○ Considerar como potencialmente grave - Reavaliação periódica ○ Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) ○ Exame físico breve ○ Estabilização do paciente Exame físico breve Responsividade: alerta, irritável, não responde ○ C: FC, ritmo, PA, pele (cor, hidratação, temperatura), mucosa (ressecamento, salivação excessiva), sudorese, tempo de enchimento capilar (TEC) * Acesso venoso ○ A: vias aéreas (aspiração, via aérea definitiva) ○ B: respiração (taqui/bradipnéia, asculta) * Oximetria de pulso (administrar O2 de Sat <94%) ○ D: Estado neurológico: pupilar, nível de consciência, convulsão Diagnóstico ○ História da exposição 5Ws . Who? Obter o histórico de doenças, medicações em uso, tentativas de suicídio anteriores, ocupação, acesso a substâncias, uso de drogas e gravidez. . What? Procurar saber qual foi a substância utilizada e a quantidade. Sempre que possível, solicitar para os acompanhantes trazerem os frascos ou embalagens e questionar se pode ser um produto clandestino. . When? Verificar qual foi o horário da exposição e por quanto tempo a substância foi utilizada, nos casos de exposições repetidas. Questionar se houve algum sintoma prévio à exposição. . Where? Saber onde ocorreu a exposição e se foram encontrados frascos, embalagens, seringas ou cartelas de comprimidos próximos ao paciente. Verificar quais medicamentos são utilizados pelos familiares ou pelas pessoas onde o indivíduo foi encontrado. Também é útil saber se foi encontrada alguma carta ou nota de despedida em casos de tentativa de suicídio. . Why? Identificar a circunstância da exposição, já que é de extrema importância saber se foi tentativa de suicídio, homicídio, acidente, abuso de drogas e outras. ○ Exame físico ○ Exames complementares ○ Exames toxicológicos Identificação de síndrome tóxica Ficha de investigação (9 passos) I. Dados gerais II. Notificação individual III. Dados de residência IV. Antecedentes epidemiológicos V. Dados da exposição VI. Dados do atendimento VII. Conclusão do caso VIII. Informações complementares e observações IX. Investigador Bruna Cantarelli - 4º período Exame físico nas intoxicaiões exógenas . Estado geral (Priorizar achados que possa revelar uma das síndromes autonômicas); . Observar odores característicos (álcool, odor de alho - organofosforados); . Avaliação cutânea: sudorese, secura de mucosas, vermelhidão, palidez, cianose, desidratação, edema; Temperatura: hipo ou hipertemia; . Alteração de pupilas: miose, midríase, anisocoria, alterações de reflexo pupilar. . Alterações da consciência: agitação, sedação, confusão mental, alucinação, delírio, desorientação; . Anormalidades neurológicas: convulsões, síncope, alteração de reflexos, alteração de tônus muscular, fasciculações, movimentos anormais; . Alterações cardiovasculares: bradicardia, taquicardia, hipertensão, hipotensão, arritmias; . Anormalidades respiratórias: bradipnéia ou taquipneia, presença de ruídos adventícios pulmonares; . Achados do aparelho digestivo: sialorréia, vômitos, hematêmese, diarreia, rigidez abdominal, aumento ou diminuição de ruídos hidroaéreos. Intoxicação alcoólica . Droga de abuso mais comum no mundo. ○ 50 a 150 mg/dL: verborragia, reflexos diminuídos, visão borrada, excitação ou depressão. ○ 150 a 300 mg/dL: ataxia, confusão, hipoglicemia, logorréia. ○ 300 a 500 mg/dL: incoordenação acentuada, torpor, hipotermia, hipoglicemia (convulsão), distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos. ○ > 500mg/dL: coma, falência respiratória/circulatória, óbito. . Tiamina - previamente a administração de glicose → encefalopatia de Wernicke (distúrbios oculares, ataxia, confusão e óbito); . Administrar glicose, se hipoglicemia. Intoxicação por agrotóxicos Organofosforados . Compostos estimulantes do SNC; . Lentificando o fechamento dos canais de sódio voltagem-dependentes; . Absorvidos por via oral, transdérmica ou inalatória . Convulsões - principal ameaça; . Náuseas e vômitos, hiperestesias e parestesias em face, língua e extremidades, cefaléia, tonturas, mioclonias, agitação e confusão; . Sem exame laboratorial para identificação; . Colestiramina substitui o carvão ativado. Piretróide . Inseticidas; . Praticamente inabsorvíveis pela pele; . Quando ingeridos, podem levar a parestesias, náuseas e vômitos, tonturas e fasciculações; . Lavagem gástrica e carvão ativado são suficientes. Intoxicação por depressores do SNC Benzodiazepínicos (midazolam, diazepam) . Efeito sedativo, hipnótico e ansiolítico; . Sintomas comuns: taxia, fala empastada e sonolência; . Raramente → coma e depressão respiratória; . Flumazenil - administração lenta!! Barbitúricos (fenobarbital) . Principal uso: anticonvulsivante; . Progressão limitada pela quantia ingerida; . No início: fala empastada, ataxia, cefaléia, nistagmo e confusão mental; . Progressão: vários graus de coma, com perda total de reflexos; . Depressão miocárdica + depressão medular → choque; . Principal causa de morte; . Protocolo de Briggs: mudança do pH da urina - hidratação! Antidepressivos tricíclicos * 1a geração: amitriptilina, imipramina . Efeito depressor na fibra miocárdica + diminuição na resistência vascular periférica → hipotensão; . Sintomas anticolinérgicos; . As convulsões ocorrem precocemente e têm curto período de duração, mas são potencialmente letais. * 2a geração: inibidores seletivos da recaptação da serotonina (fluoxetina, sertralina) . Efeito sedativo; . Ausência de efeitos anticolinérgicos. Neurolépticos (clorpromazina, haloperidol) . Efeito inibitório em receptores dopaminérgicos, colinérgicos, alfa 1 e alfa 2 adrenérgicos, histaminérgicos e serotoninérgicos; . Cardíacos - hipotensão, depressão miocárdica, prolongamento dos intervalos PR, QRS e QT, alterações inespecíficas de onda T e segmento ST, taquiarrítmias ventriculares e supraventriculares); . Gastrointestinais - boca seca, redução da motilidade e Bruna Cantarelli - 4º período secreção, pseudo-obstrução; . Genitourinárias - retenção urinária, priapismo; . Midríase ou miose; . SNC - acatisia, distonia, confusão e alterações de memória, hipo ou hipertermia, parkinsonismo, diminuição do limiar convulsivo, sonolência e coma; . Os níveis séricos não se correlacionam com a gravidade do quadro clínico. Intoxicaçãode raticidas Cumarínicos . Únicos raticidas atualmente comercializados; . Inibidores competitivos da Vitamina K; . Assintomática por 12 a 24 h → alterações da coagulação com sangramento em qualquer sítio; . Tempo de pró-trombina diário; . Iniciar tratamento com Vitamina K (manter por 24 a 48h após normalização do TP) + lavagem gástrica → Colestiramina. Intoxicação por derivados do petróleo Gasolina e querosene . Absorção importante por inalação e baixa por via digestiva; . Quadro clínico: tosse, dificuldade respiratória, confusão mental; taquicardia, náuseas, vômitos; . Maior risco: pneumonite química por aspiração; . Não fazer esvaziamento gástrico devido alto risco de aspiração e baixa toxicidade sistêmica. Metanol . Líquido volátil, inflamável; . Solvente de tintas, vernizes, combustível, aditivos de gasolina, anticongelantes em radiadores, líquido de freios de veículos, fabricação de bebidas clandestinas; . Intoxicação crônica: distúrbios visuais + acidose metabólica + história de exposição ao metanol; . Intoxicação aguda: costuma ser fatal; . Antídoto específico: etanol (álcool etílico) EV ou VO. Benzeno . Intoxicação crônica: sintomas inespecíficos como anorexia, nervosismo, tonturas, fadiga, letargia, alucinações, parestesias, lesões dermatológicas, discrasias sanguíneas com plaquetopenia, leucemia, aplasia de medula; . Ingesta de pequenas quantidades (5 a 10ml): repouso gástrico; . Ingesta maior de 1ml/Kg/peso corporal – lavagem gástrica cuidadosa com intubação endotraqueal para prevenir aspiração + administrar catárticos salinos; . Bem absorvido por via oral e pulmonar e pouco por via dérmica; . Intoxicação aguda: euforia, cefaléia, tonturas, ataxia, confusão mental e coma (associação com hipertonia muscular e hiperreflexia nos casos graves); . Principais riscos: Pneumonite química (por aspiração)/ queimação da mucosa oral, náuseas, vômitos, salivação, gastrite hemorrágica (por ingestão). Tolueno . Solvente em tintas, vernizes, removedores, desengraxantes; . Mesmo em baixas concentrações ambientais produz fadiga, fraqueza e confusão mental; . Irritante da mucosa respiratória e ocular; . A ingestão pode causar irritação da boca, faringe, vômitos e diarréia; . Intoxicação crônica: pode levar a desmielinização difusa do SNC, miopatia e dano renal. Asfalto . Mistura complexa de hidrocarbonetos; . Considerado de baixa toxicidade devido alta viscosidade, baixa volatilidade e insolubilidade em meio aquoso; . Inalação/Exposição: vapores e fumos são irritantes para olhos, trato respiratório e pele; . Ingestão: “mascar” pedaços de asfalto pode resultar em risco mecânico, se deglutido; . Resfriamento imediato da pele ou áreas atingidas, com água fria corrente, durante 20min; . Não tentar remover partículas; . Não usar solventes; . Podem ser usados produtos contendo glicerina ou lanolina; antibióticos tópicos. Naftalina . Rápida absorção oral, sendo também absorvida via inalatória ou dérmica; . Dose letal estimada em humanos: 1-2 gramas (cada “bolinha” íntegra pode conter 2 – 3g); . Quadro clínico: Irritação gastrointestinal, sudorese, irritação do trato urinário, hiper-excitabilidade, letargia, convulsões, coma; . Lavagem gástrica com água morna + carvão ativado e/ou catárticos salinos. Petróleo * Curto prazo . Inalação: dificuldades de respiração, pneumonite química, dor de cabeça, náusea, confusão mental; . Contato dérmico: vermelhidão, coceira, ressecamento, inchaço; . Ingestão: dores abdominais, vômito e diarréia. * Longo prazo . Dano nos pulmões, fígado, rins e sistema nervoso supressão do sistema imune, alterações hormonais, infertilidade, desordens do sistema circulatório e câncer. Recomendações: não entrar em contato direto com a substância ou com a areia/água contaminadas; em caso de contato: lavar com água e sabão; não usar solventes; pode usar óleo de cozinha, produtos a base de glicerina ou lanolina. Bruna Cantarelli - 4º período Exame Físico: intoxicaião por animal peionhento Notificação compulsória: a ocorrência de suspeita ou confirmação de eventos de saúde pública, doenças e agravos listados, de acordo com a portaria vigente (PRC n° 4, de 28 de setembro de 2017, Anexo 1 do Anexo V (Origem: PRT MS/GM 204/2016, Anexo 1), e/ou a notificação de surto, são de comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados. É facultado a estados e municípios incluir outros proble m as de saúd e im portantes em sua região. Bruna Cantarelli - 4º período Atendimento inicial ○ Considerar como potencialmente grave - Reavaliação periódica ○ Exame físico breve ○ Estabilização do paciente Diagnóstico ○ História da exposição (5Ws) ○ Exame físico Acidentes com ofídico - Gênero das serpentes de interesse médico . Óbitos: índice nacional de aproximadamente 0,5%, maior em acidentes crotálicos; . Quanto maior o tempo de picada e o atendimento médico, maior o risco de complicações: 40% têm intervalo de até 6h: após 6h do evento maior mortalidade e complicações; . A faixa etária mais atingida é entre 15-29 anos, com prevalência no sexo masculino 70%; . Locais de picadura: 70% pés e pernas; 15% mãos e antebraços; . A maioria dos acidentados não fazia uso de equipamentos de proteção individual como luvas e botas. Abordagem ao paciente: 1° Passo: diferenciar: Peçonhenta x Não-peçonhenta. 2° Passo: reconhecer o animal: descrição do paciente/acompanhante; visualização do animal; epidemiologia do local; sinais clínicos (repercussão local e/ou sistêmica). Tipos de Veneno: Bruna Cantarelli - 4º período Evitar: . Torniquete- garroteamento reduz a perfusão, e aumenta a concentração do veneno em uma região, contribuindo para maior destruição tecidual. . Sucção- contaminação do local com flora bucal humana e aumentando isquemia. . Incisão – aumenta a via de acesso dos microrganismos ao tecido, aumentando risco de infecção, destruição tissular e sangramento local. . Substâncias sobre o local da picada – contaminação do local. Acidentes com escorpião Os principais agentes de importância médica são: Tytus serrulatus, responsável por acidentes de maior gravidade (crianças), T. bahiensis e T. stigmurus. . No Sudeste, a sazonalidade é semelhante à dos acidentes ofídicos, ocorrendo a maioria dos casos nos meses quentes e chuvosos. . Local da picada: membros superiores, 65% mão e antebraço. . Evolução dos casos: Maioria são benignos Letalidade em 0,58%, com óbitos principalmente por T. serrulatus em menores de 14 anos. . A ação do veneno: neurotóxica: dor local e manifestações clínicas de efeitos simpáticos ou parassimpáticos; miotóxica: rabdomiólise. Abordagem ao Paciente: 1° Passo: Reconhecer o animal: descrição do paciente/acompanhante; visualização do animal; epidemiologia local; sinais clínicos (repercussão local e/ou sistêmica). Ações do veneno: - Liberação de catecolaminas e acetilcolina; - Efeitos simpáticos ou parassimpáticos. - Quadro clínico: os acidentes por Tityus serrulatus são mais graves; dor local, pode ser acompanhada por parestesias. - Manifestações sistêmicas: Bruna Cantarelli - 4º período ➢ Gerais: hipo ou hipertermia e sudorese profusa; digestivas: náuseas, vômitos, sialorréia e, mais raramente, dor abdominal e diarréia; ➢ Cardiovasculares: arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestivae choque; ➢ Respiratórias: taquipnéia, dispnéia e edema pulmonar agudo; ➢ Neurológicas: agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores. Glicose(↑), Amilase(↑), Hemograma(leucocitose com neutrofilia), hipopotassemia e hiponatremia. A CPK e CPK-MB (↑) nos casos graves. . O encontro de sinais e sintomas mencionados impõe a suspeita diagnóstica de escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada e independente do encontro do escorpião. . A gravidade depende de fatores, como a espécie e tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do acidentado e a sensibilidade do paciente ao veneno. . Influem na evolução o diagnóstico precoce, o tempo decorrido entre a picada e a administração do soro e a manutenção das funções vitais. . Os óbitos estão relacionados a complicações como edema pulmonar agudo e choque. Acidentes com aranhas . Terceiro tipo mais comum de acidente por animal peçonhento; . Menor letalidade; . O aparelho inoculador de veneno nas aranhas são as quelíceras, localizadas na região anterior do cefalotórax. Abordagem ao Paciente: 1° Passo: Reconhecer o animal: descrição do paciente/acompanhante; visualização do animal; epidemiologia local; sinais clínicos (repercussão local e/ou sistêmica). Aranha marrom – Loxosceles spp.: Sintomas: dor discreta, inchaço e lesão da pele. Necrose, febre, vômitos, tontura e cefaléia Complicações: risco de amputação do membro (necrose), anemia e falência renal. Bruna Cantarelli - 4º período Aranha Armadeira – Phoneutria spp.: . Sintomas: dor forte irradiada pelo membro, inchaço, sudorese, vômitos, hipertensão e arritmias. . Complicações: insuficiência cardíaca, convulsões, edema pulmonar e coma. Aranha Viúva Negra – Latrodectus spp.: . Sintomas: dor intensa irradiada pelo membro. Dor por todo corpo, agitação, contrações musculares e sudorese. . Complicações: pressão alta, taquicardia, retenção urinária e choque. Acidentes com abelhas . Quanto ao padrão de utilização do aparelho de ferroar, os Aculeata podem ser divididos em dois grupos: . As que possuem autonomia, geralmente injetam maior quantidade de veneno e morrem após a ferroada pela perda do aparelho de ferroar e parte das estruturas do abdome. . Nas espécies sem autotomia, o aparelho de ferroar pode ser utilizado várias vezes. Abordagem ao Paciente: 1° Passo: Reconhecer o animal: descrição do paciente/acompanhante; visualização do animal; epidemiologia local; sinais clínicos (repercussão local e/ou sistêmica). . As abelhas africanizadas adaptaram-se ao clima da região tropical brasileira, ocorrendo atualmente em todo o país. Os enxames se instalam nos mais variados locais, tais como, muros, bueiros, ocos de árvores, postes, pneus velhos, telhados, caixas de luz. Ação do veneno: . Mistura complexa de substâncias químicas com atividades tóxicas como: enzimas hialuronidases e fosfolipases, peptídeos ativos como melitina e a apamina, aminas como histamina e serotonina entre outras. A fosfolipase A2, o principal alérgeno, e a melitina representam aproximadamente 75% dos constituintes químicos do veneno. . São agentes bloqueadores neuromusculares. Podendo provocar paralisia respiratória, possuem poderosa ação destrutiva sobre membranas biológicas. Quadro clínico: . As reações desencadeadas pela picada de abelhas são variáveis de acordo com o local e o número de ferroadas, as características e o passado alérgico do indivíduo atingido. . Crianças, idosos e portadores de doença cardiorespiratórias, e história de atopia – maior risco de anafilaxia. Bruna Cantarelli - 4º período