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HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período Aulas Clínica Médica parte 2 – Prática AULA 6 – QUANDO SUSPEITAR DE CÂNCER DE PRÓSTATA? COMO AVALIAR CLINICAMENTE ESTE PACIENTE? Paciente do sexo masculino, 63 anos, negro, lavrador, procedente de Campestre (MG) e residente em Poços de Caldas (MG) procurou uma Unidade Básica de Saúde com queixas de disfunção erétil e dor na coluna lombar. Paciente relata que há cerca de 20 dias, apresenta perda de apetite e fadiga, sem fatores de melhora . Nega febre. Nega doenças prévias, alergias, transfusão ou cirurgias prévias. Nega tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas. Relata que o pai veio a óbito devido a um câncer não especificado. Ao exame físico, o paciente encontrava-se em estado geral regular, lúcido e orientado em tempo e espaço, afebril (36,5°), acianótico, anictérico, desidratação leve, face emagrecida, eupneico (frequência respiratória= 18 irpm), com ausência de tiragens e retrações, normocárdico (frequência cardíaca= 87 bpm), normotenso (120X70 mmHg). AR: Murmúrio vesicular presente, sem ruídos adventícios. ACV: Bulhas cardíacas normofonéticas, rítmicas, em 2 tempos, sem sopros. AD: RHA presentes, normotenso, indolor a palpação. Linfonodos palpáveis em região inguinal, com mais de 2 cm de diâmetro, consistência endurecida, indolores. Sinal de Lasègue positivo bilateralemente. Ao exame digital retal, observou-se próstata aumentada com 65g, endurecida à esquerda e com nódulo. O paciente foi encaminhado ao serviço de urologia pela próstata aumentada com suspeita de câncer de próstata e fez investigação ambulatorial. Realizou biópsia transretal guiada por ultrassom evidenciando diminuição do calibre da uretra, além de exames laboratoriais. O paciente apresentava hemoglobina: 11 g/dl, PSA: 45,6 ng/ml, ureia: 31 mg/dl; creatinina: 1,2 mg/dl. Cintilografia óssea evidenciou hipercaptação do radiofármaco no segundo arco costal à esquerda e posteriormente, nos ilíacos indicando implantes ósseos secundários- metástase. O tratamento foi realizado com Docetaxel associado a Degarelix (redução testosterona) e radioterapia para a metástase. Também foi feita a excisão dos linfonodos acometidos. Foi recomendado suplementação de cálcio e vitamina D. O paciente foi monitorado inicialmente com consultas mensais ao oncologista clínico, com redução significativa dos níveis de PSA, apresentando PSA de 23,7 ng/ml após um mês de tratamento, 4,56 ng/ml após quatro meses e 2,7 após 10 meses. Segue em acompanhamento do PSA e sintomas de 4 em 4 meses. DIAGNÓSTICO Mais de 60% dos pacientes são assintomáticos e o diagnóstico é feito apenas por elevação dos níveis de PSA detectado no rastreamento. Nódulo palpável no toque retal, que é a segunda manifestação clínica inicial mais comum, em geral motiva a biópsia. O antígeno prostático específico (PSA) deve ser realizado e o valor de referência normal é <2,5 ng/dl. Aqueles com valor entre 4 e 10ng/dl podem estar relacionados a afecções benignas da próstata assim como neoplasia benigna. Já o PSA >10 ng/dl são altamente sugestivos de neoplasia, e nesses casos já é indicado a biópsia para investigação diagnóstica, assim como a biopsia também é realizada em casos >4 ng/dl. Para os pacientes com PSA >20 ng/dl deve ser realizado a cintilografia, já que o local mais acometido pela metástase são os ossos. Junto com o PSA deve ser feito o TOQUE RETAL. Deve ficar atento para a presença de fístulas, fissuras, hemorroidas e neoplasias. TOQUE RETAL Por condicionamento sociocultural, ainda existe uma espécie de inibição ou vergonha quando se fala em exame anorretal. Contudo, se for explicado ao paciente com clareza a importância e a necessidade do exame, as barreiras se desfazem. O posicionamento correto do paciente, lubrificação abundante e introdução digital suave são as condições fundamentais para o toque retal. As posições do paciente para este exame são as seguintes: Posição de Sims ou lateral esquerda: mantendo-se o membro inferior em semiextensão e o superior flexionado Posição genupeitoral: é a mais adequada, preferida pela maioria dos examinadores. Mas, dificilmente os homens vão fazer. Posição de decúbito supino: na qual o paciente fica semissentado com as pernas flexionadas. O examinador passa o antebraço por baixo da coxa do paciente; esta HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período posição é indicada em especial nos enfermos em condições gerais precárias. Deve-se usar luva descartável e gel lubrificante. Antes do exame, solicita-se ao paciente urinar, esvaziando a bexiga o máximo que puder. Se possível, o médico observa o jato urinário. Logo em seguida, palpa-se e percute-se a bexiga para verificar se existe urina residual aumentada. Antes de realizar o toque retal, é necessário inspecionar cuidadosamente a região anoperineal, examinando-se a pele em volta do ânus em busca de sinais inflamatórios, alterações provocadas pelo ato de coçar, fissuras, pertuitos fistulosos, condilomas e abscessos. A inspeção do orifício anal pode revelar a presença de mamilos hemorroidários. O paciente deve ser devidamente esclarecido sobre o que será feito, devendo-se dizer a ele que, durante o exame, poderá ter a sensação de estar evacuando. O médico coloca-se ao seu lado e pede-lhe que relaxe o máximo possível. Expõe-se o ânus com o dedo indicador e polegar da mão esquerda, coloca-se a polpa do indicador direito sobre a margem anal e faz-se uma compressão continuada e firme para baixo, com o intuito de relaxar o esfíncter externo . Em seguida, introduz-se o dedo, lenta e suavemente, por meio de movimentos rotatórios. A introdução digital tem que ser feita com delicadeza e suavidade para que não haja dor. Quando não se consegue introduzir o dedo devido a dor intensa ou espasticidade esfincteriana, é necessário considerar a possibilidade de criptite ou fissura anal. Observa-se o tônus esfincteriano anal. Um esfíncter anal relaxado, principalmente quando associado a redundância e relaxamento retal, é encontrado nas enfermidades do sistema nervoso central com disfunção neurológica da bexiga. As estruturas a serem examinadas durante o toque retal são: Parede anterior, pela qual se avaliam a próstata, as vesículas seminais e o fundo de saco vesicorretal Parede lateral esquerda; Parede lateral direita; Parede posterior (sacro e cóccix); Para cima (até onde alcançar o dedo). No exame de próstata, as características semiológicas a analisar são o tamanho, a consistência, a superfície, os contornos, o sulco mediano e a mobilidade da próstata. A próstata normal é palpável na parede anterior do reto como uma estrutura em formato de coração (pirâmide invertida, maçã, pera), com a base voltada para cima e o vértice para baixo. Seus lobos laterais são separados por um sulco mediano (encaixe, septo vertical ou sulco interlobular). Em condições normais, a próstata tem o tamanho de uma noz grande, é regular, simétrica, depressível, apresenta superfície lisa, consistência elástica, lembrando borracha, contornos precisos e é discretamente móvel. As vesículas seminais não costumam ser acessíveis ao exame palpatório. Para avaliá-las, deve-se recorrer ao método de Picker. AULA 7 – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA UROLITÍASE E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA LOR LOMBAR. ASPECTOS PRINCIPAIS DA PROPEDÊUTICA Masculino, 38 anos, casado, natural e procedente de cidade de grande porte. Paciente previamente hígido chega ao pronto socorro com queixa de dor lombar à direita, em cólica, de forte intensidade com irradiação para o flanco direito e para testículo ipsilateral, sem fatores de melhora, associada à disúria,polaciúria e hematúria macroscópica há cerca de uma hora. Refere ainda sudorese, náuseas e vômitos. Pratica atividade física regularmente, é etilista ocasional e tem uma dieta rica em proteínas. Nega tabagismo. Ao exame físico: Estado nutricional bom, lúcido e orientado, mucosas coradas e desidratadas, eupneico, com fácies de dor. FC: 100 bpm; FR: 20 ipm; T: 36,5 o C; TA: 134×92 mmHg. Ausência de linfonoadomegalias palpáveis. Ausência de sinais focais. AR: Tórax simétrico. Murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos adventícios. ACV: Bulhas rítmicas e normofonéticas em 2 tempos, sem sopros. AD: Sem cicatrizes, RHA presentes, dor à punho-percussão no ângulo costo- vertebral direito (sinal de Giordano positivo); ausência de sinais de irritação peritoneal; fígado não palpável, espaço de Traube livre. Sudoréticas e sem edemas. Sem particularidades. EXAMES COMPLEMENTARES: HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período O diagnóstico mais provável é de litíase urinária. O caráter súbito da dor, sua irradiação, a faixa etária e os achados do exame físico corroboram essa hipótese. A ultrassonografia de abdome confirmou o diagnóstico. A tomografia computadorizada das vias urinárias é o exame padrão-ouro por apresentar alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de litíase urinária. Em locais onde ambos os exames estão indisponíveis, a radiografia simples de abdome é capaz de identificar cálculos radiopacos maiores. PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA LITÍASE RENAL PIELONEFRITE AGUDA: cursa com dor lombar à punho- percussão, disúria, polaciúria e hematúria, mas frequentemente também com febre, e esta última está ausente na litíase renal não-complicada. Além de leucocitose com desvio à esquerda e queda do estado geral. CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS: cujo sangramento pode causar cólica renal por deslocamento de coágulos no interior do ureter. Porém, tal diagnóstico em geral é acidental em exames de imagem e raramente se manifesta com a tríade de hipertensão, massa palpável e hematúria. COLECISTITE AGUDA: pode se associar a dor no flanco, náuseas e vômitos, mas não causa hematúria e chama atenção a descompressão dolorosa do ponto cístico (Sinal de Murphy) na cólica biliar. OBSTRUÇÃO INTESTINAL, DIVERTICULITE, APENDICITE E ISQUEMIA INTESTINAL: podem se apresentar com cólicas, mas não com hematúria. Além disso, estes quadros intestinais são causas comuns de abdome agudo, mas não a litíase renal. GRAVIDEZ ECTÓPICA RÔTA OU RUTURA DE CISTO DE OVÁRIO: são ocasionalmente confundidas com cólica renal em mulheres, pela dor em flanco, facilmente diferenciados com o ultrassom pélvico. AULA 8 – DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ E A PRIMEIRA CONSULTA PRÉ-NATAL, APRESENTANDO A CADERNETA DA GESTANTE. ABORDAGEM CLÍNICA DA GESTANTE DO 2º E 3º TRIMESTRE DÚVIDAS NESSE TEMA IR PRA SOI OU IESC . AULA 9 – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO CORRIMENTO VAGINAL As características principais da secreção vaginal normal são: pH ácido - 4,0 a 4,5; mais abundante no período ovulatório, gestação, ou quando há excitação sexual; coloração clara ou ligeiramente castanha; aspecto mucoso, flocular ou grumoso; ausência de odor desagradável. VAGINOSE BACTERIANA A vaginose bacteriana é caracterizada por um desequilíbrio da flora vaginal normal, devido ao aumento exagerado de bactérias, em especial as anaeróbias - Gardnerella vaginalis, Bacteroides sp, Mobiluncus sp, micoplasmas, peptoestreptococos -, associado a uma ausência ou redução acentuada dos lactobacilos acidófilos - que são os agentes predominantes na vagina normal. Não se trata de infecção de transmissão sexual, apenas pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas, ao terem contato com sêmen, que possui pH elevado. Suas características clínicas incluem: Corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso, com odor fétido, mais acentuado após o coito e durante o período menstrual; Dor às relações sexuais - pouco frequente; Embora o corrimento seja o sintoma mais frequente, quase a metade das mulheres com vaginose bacteriana são completamente assintomáticas. O diagnóstico da vaginose bacteriana se confirma quando estiverem presentes três dos seguintes critérios de Amsel: Corrimento vaginal homogêneo, geralmente acinzentado e de quantidade variável; Ph vaginal maior que 4,5; Teste das aminas positivo; Presença de "clue cells" no exame bacterioscópico. Observações: Parceiros não precisam ser tratados. O esperma, por seu pH elevado, contribui para desequilibrar a flora vaginal em algumas mulheres suscetíveis. O uso de preservativo pode ter algum benefício nos casos recidivantes. Há suficiente evidência na literatura para recomendar triagem e tratamento da vaginose bacteriana em gestantes de alto risco para parto pré-termo (ex: pré- termo prévio), para redução dos efeitos adversos perinatais. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL É uma infecção da vulva e vagina, causada por um fungo comensal que habita a mucosa vaginal e a mucosa digestiva, que cresce quando o meio se torna favorável para o seu desenvolvimento. HAM IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período A relação sexual não é considerada a principal forma de transmissão visto que esses organismos podem fazer parte da flora endógena em até 50% das mulheres assintomáticas. Cerca de 80 a 90% dos casos são devidos à Candida albicans e de 10 a 20% a outras espécies chamadas não- albicans - C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis. A presenta-se em forma de esporo e pseudo-hifa. Sinais e sintomas dependerão do grau de infecção e da localização do tecido inflamado, podem se apresentar isolados ou associados, e incluem: Prurido vulvovaginal (principal sintoma, e de intensidade variável); Ardor ou dor à micção; Corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso ("leite coalhado"); Hiperemia, edema vulvar, fissuras e maceração da vulva; Dispareunia; Vagina e colo recobertos por placas brancas ou branco acinzentadas, aderidas à mucosa. No teste do pH vaginal, são mais comuns valores <4. TRICOMONÍASE GENITAL É uma infecção causada pelo Trichomonas vaginalis (protozoário flagelado), tendo como reservatório a cérvice uterina, a vagina e a uretra. Sua principal forma de transmissão é a sexual. O risco de transmissão por ato é de 60 a 80%. Pode permanecer assintomática no homem e, na mulher, principalmente após a menopausa. Na mulher, pode acometer a vulva, a vagina e a cérvice uterina, causando cervicovaginite. Excepcionalmente, causa corrimento uretral masculino. Suas características clínicas são: corrimento abundante, amarelado ou amarelo esverdeado, bolhoso; prurido e/ou irritação vulvar; dor pélvica, ocasionalmente; sintomas urinários – disúria e/ou polaciúria; hiperemia da mucosa, com placas avermelhadas - colpite difusa e/ou focal, com aspecto de framboesa; teste de Schiller aspecto “tigróide”. AULA 10 – ABORDAGEM SINDRÔMICA DA ÚLCERA GENITAL São lesões localizadas principalmente em região de vulva, vagina ou colo uterino. Os principais agentes etiológicos são o Herpes simplex vírus, Trepomena Pallidum, Chlamydia trachomatis, Haemophilus ducreyi e Klebsiella granulomatis. SÍFILIS Agente etiológico: T. pallidum (bactéria) 1ª manifestação: fundo limpo, bordas bem delimitadas, indolor, única = CANCRO DURO!!! Linfadenopatia não dolorosa. Hipersensibilidade tipo IV. 2ª manifestação: roséolas (tronco) sifilides (cavidade oral, genital, palma de mãos e planta dos pés) Sintomas sistêmicos associados. Diagnóstico: VDRL/RPR= não treponêmico e FTA/ABS/TP- PA = treponêmico. Tratamento: Sífilis primária, secundária ou latente recente: Penicilina G Benzatina 2,4 milhões UI, intramuscular (1,2 milhões em cada nádega), em dose única.
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