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QUESTÃO 02: PRESCRIÇÃO PENAL, PÁGINA 201 Jorge Jesus, vulgo “Salvador da Pátria”, 69 anos de idade ao tempo dos fatos, multirreincidente e com péssimos antecedentes, praticou crime de apropriação indébita aumentada (art. 168, § 1º, III, CP), em razão da profissão, contra Renato, vulgo “Gaúcho”, na data de 12 de março de 2012. Instaurou-se inquérito regular, e foi recebida a denúncia contra Jorge na data de 28 de novembro de 2013. Na ocasião dos fatos, Jorge ficou preso preventivamente por 6 meses, mas conseguiu habeas corpus do Desembargador José Roberto Wright (conhecido por José do VAR) e respondeu ao restante do processo solto. Durante o processo, Jorge não foi encontrado pessoalmente. Assim, o Juiz do processo, Dr. José Al-Moro, aplicou o art. 366 do CP na data de 28 de novembro de 2015, sem antes produzir provas antecipadamente e decretar a prisão preventiva de Jorge, pois existiam notícias de que fugira para Portugal. Citado por Edital, Jorge continuou sumido, não “deu as caras” e tampouco contratou defensor. Pergunta-se a) 1ª HIPÓTESE: Considerando que Jorge não aparecerá, não será preso pela Polícia, e tampouco constituirá defensor, ocorrerá a prescrição no presente caso? Se ocorrerem, quando? (se for o caso, indicar datas e raciocínio). Se for reconhecida, qual a modalidade de prescrição, e quais seus efeitos? b) 2ª HIPÓTESE: Considerando que Jorge foi preso no dia de hoje (28/11/2019) (e tal fato comunicado imediatamente ao Juiz do processo), o que o Juiz Dr. José Al-Moro deverá fazer (e até quando) para evitar que a prescrição ocorra no presente caso? Informações: ● 69 anos de idade ao tempo dos fatos (2012) ● Reincidência: aumenta o prazo prescricional da prescrição da pretensão executória em ⅓, de acordo com o art 110, CP. > no caso não será aplicado ● Crime: apropriação indébita aumentada (art. 168, § 1º, III, CP) ○ Data do crime: 12/03/2012 ● Recebimento da denúncia (causa interruptiva do prazo prescricional, de acordo com o art 111, CP): 28/11/2013 ● Prisão provisória: 6 meses (De acordo com a jurisprudência majoritária, não se deve realizar a detração para o cálculo da prazo prescricional). ● Aplicação da revelia involuntária (causa suspensiva do prazo prescricional): 28/11/2015 ● Pena da apropriação indébita: ○ Limite máximo: 4 anos ○ Causa de aumento de pena (em razão da profissão: inciso III, paragrafo 1°, art 168, CP): + ⅓ da pena ○ Pena máxima possível: 4 anos + ⅓ de 4 anos = 5 anos e 4 meses ■ Pena máxima possível se enquadra no art 109, III, CP. Assim, prescreveria em 12 anos. ■ No entanto, teremos a incidência da diminuição do prazo prescricional já que o réu possuia 69 anos no dia dos fatos e, assim, com certeza terá mais de 70 anos na data da sentença. Essa diminuição está prevista no art 115, CP. ● 12 anos - ½ = 6 anos (Serão contados a partir da última causa interruptiva do prazo prescricional) 1ª Hipótese: ● Não se tratando de crime imprescritível (racismo, atividade de grupo armado ou injúria racial, conforme entendimento do STF), certamente ocorrerá a prescrição. ● Linha do tempo: ● Começa-se a contar o prazo prescricional a partir do dia do fato (12/03/2012), mas surge uma causa interruptiva do prazo prescricional, a saber, o recebimento da denúncia (28/11/2013), logo, a contagem do prazo prescricional será interrompida e zerada na data de 28/11/2013, a partir da qual se deve recomeçar a contagem. ● Recomeço do prazo: 28/11/2013 e conta até o dia em que surgiu uma causa suspensiva do prazo prescricional, ou seja, até dia 28/11/2015. De 28/11/2013 até 28/11/2015, passaram 2 anos dos 6 anos do prazo prescricional. ● Contagem foi suspensa em: 28/11/2015 ○ No entanto, não poderá ficar suspensa por prazo indeterminado. Este prazo será calculado, segundo a Súmula 415, STJ, pelo máximo da pena cominada. Assim, o prazo máximo de suspensão é de 6 anos. ○ 28/11/2015 + 6 anos 27/11/2021 ■ Volta a correr os 4 anos restantes no dia 28/11/2021. Assim, a partir desse dia, conta-se mais 4 anos: ■ 28/11/2021 + 4 anos = 27/11/2025 ● Crime estará prescrito em 28/11/2025. ● A prescrição que será reconhecida neste caso é a prescrição da pretensão punitiva propriamente dita, uma vez que ocorreu antes da sentença. Esta prescrição possui efeitos ex tunc, isto é, efeitos retroativos, assim, apaga-se todos os efeitos penais desde a data do fato. Não há condenação, logo, não há que se falar em efeitos da condenação. 2ª Hipótese: ● Prisão do Jorge em 28/11/2019: cessou o motivo da causa suspensiva, assim, deve-se encerrar a suspensão do prazo prescricional. ● Entre 2013 e 2015, já se passaram 2 anos dos 6 anos de prazo prescricional. O prazo ficou suspenso do dia 28/11/2015 até hoje, dia 28/11/2019. Deve-se, então, retomar hoje a contagem dos 4 anos restantes de prescrição. ○ 28/11/2019 + 4 anos = 27/11/2023 ■ Em 28/11/2023 o crime estará prescrito. Resposta: O juiz deverá até o dia 27/11/2023, isto é, 4 anos após a retomada da contagem, sentenciar o réu impondo-lhe uma pena que resulte em um prazo prescricional de no mínimo 12 anos (visto que a velhice reduzirá este prazo pela metade). Ou seja, o juiz deve prolatar uma sentença condenatória condenando Jorge a uma pena maior de 4 anos para, dessa forma, evitar a prescrição punitiva retroativa. QUESTÃO 03: PRESCRIÇÃO PENAL, PÁGINA 189 PAULINHO, vulgo “Curintiano”, nascido às 07:00 horas da manhã do dia 07 de julho de 1993, reincidente em razão de crime de estelionato, praticou, na data de 07 de julho de 2014, crimes de furto simples (155,”caput”), furto qualificado (155, §4º, IV) e furto simples tentado (155, c/c 14, II, CP), contra vítimas diferentes, em continuidade delitiva ( os crimes foram cometidos entre 10:00 e 15:00 horas ). Foi regularmente processado e, ao final, já em 07 de julho de 2017, condenado às seguintes penas de reclusão, respectivamente: 1 ano e 6 meses, 3 anos e 9 meses. O Juiz aplicou a maior das penas ( 3 anos ), exasperou em ½ ( metade ), perfazendo 4 anos e 6 meses, além de multa, sem ocorrência de prescrição. Houve recurso, mas foi improvido e a sentença transitou em julgado hoje e o Juiz expediu mandado de prisão para PAULINHO, para cumprir pena de 4 anos e 6 meses, em regime inicial fechado. PAULINHO fugiu, escondeu-se num bairro da periferia de São Paulo, e ligou pra você, pedindo orientação jurídica. “Dr.(Dra.). Até quando eu preciso ficar foragido pra ficar livre desta condenação ?” (resposta fundamentada, com raciocínio e datas) Informações: ● Hoje: 07/07/2018 ○ Nascido em 07/07/1993 ○ Crime ocorreu: 07/07/2014. Paulinho tinha 21 anos. ● Crimes: em continuidade delitiva > exasperação. ○ Furto simples: 1 ano e 6 meses ○ Furto qualificado: 3 anos ○ Furto simples tentado: 9 meses ● Reincidência: ● Data do trânsito em julgado: 07/07/2018 ● Trata-se da prescrição da pretensão executória, visto que a sentença transitou em julgado para todas as partes envolvidas. Nesta prescrição, há o aumento de ⅓ do prazo prescricional por conta da reincidência. ● Nesse caso, há o concurso de crimes, no entanto, segundo o art 119, CP, deve-se calcular o prazo prescricional de cada uma das penas separadamente, antes de realizar a prescrição ● Pena 1: 1 ano e 6 meses ○ Enquadra-se no art 109, V, CP: prescreve em 4 anos ■ Reincidência: + ⅓ (aumento previsto no artigo 110, CP)= 5 anos e 4 meses ■ Prescrever em: 07/07/2018 + 5 anos e 4 meses = 06/11/2023 ● Estará prescrita em: 07/11/2023 ● Pena 2: 3 anos ○ Enquadra-se no art 109, IV, CP: prescreverá em 8 anos ■ Reincidência: +⅓ = 10 anos e 8 meses ■ Prescreve em: 07/07/2018 + 10 anos e 8 meses = 06/03/2029 ● Estará prescrita em 07/03/2029 ● Pena 3: 9 meses ○ Enquadra-se no art 109, VI, CP: prescreverá em 3 anos ■ Reincidência: +⅓ = 4 anos ■ Prescreve em: 07/07/2018 + 4 anos = 06/07/2022 ● Estará prescrita em 07/07/2022. Resposta: Trata-se da prescrição da pretensão executória, visto que a sentença transitou em julgado para todas as partes envolvidas. Nesta prescrição, aumenta-se o prazo prescricional em ⅓ em casos de condenado reincidente.Paulinho, assim, deverá ficar foragido até o dia 06/03/2029 para ficar livre de todas as penalidades. A partir do dia 07/03/2029, pode reaparecer e não poderá mais ser punido por nenhuma das sanções impostas. No entanto, por se tratar da prescrição da pretensão executória, os efeitos da sentença não serão excluídos, visto que esta prescrição afasta apenas a possibilidade de o Estado fazer valer a condenação e aplicar a pena. Logo, Paulinho ficará com a ficha suja.
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