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VIII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA IX ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 26 e 27 DE SETEMBRO DE 2012 1 USO DE RÉDEAS AUXILIARES NO TREINAMENTO À GUIA DE EQUINOS ATLETAS Paulo César da Silva Santos1, Andréa Machado Lopes1, Kátia de Oliveira2, Amanda Mantovani Pereira1, Ana Cristina Massareli1, Karina Kai1, Juliana Silva Rodrigues1, Juliana Mara1 1 Acadêmico(a) do Curso de Zootecnia, UNESP/Dracena,² Professora Assistente Doutora, UNESP/Dracena - katia@dracena.unesp.br. Introdução Atualmente o complexo do agronegócio equino nacional movimenta cerca de R$ 7,5 bilhões e oferece aproximadamente 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos, o que os tornam um foco crescente de investimentos e um dos setores que mais empregam e capacitam pessoas dentro da agropecuária. Esta tendência refletiu-se no segmento esportivo, percebido pelo aumento na compra de cavalos para esporte, transformando o hipismo mais competitivo, em suas diversas modalidades, e ansioso por resultados em prova (Guerra & Medeiros, 2007). No mundo equestre há vários dispositivos elaborados para o treinamento de cavalos, que melhora suas habilidades ginásticas. A principal condição atlética que se procura ter nos equinos atletas, obtida através do treino, é o engajamento dos posteriores, que melhora a impulsão de deslocamento, seguido pela presença de dorso bem musculado, responsável pela transferência de toda força gerada pela impulsão nos membros posteriores, ao resto do corpo (Higgins, 2007). As rédeas auxiliares têm sido empregadas às rotinas de exercícios, por trabalharem no engajamento e na musculatura dorsal dos equinos, além de reduzirem o tempo necessário de treino, quando comparadas ao uso de rédeas simples, sendo esta utilização prática embasada no senso comum dos treinadores e nos manuais de treinamento (Monte, 2011). Contraditoriamente, alguns autores consideram que o uso das rédeas auxiliares prejudica à condição atlética do cavalo, por limitar o movimento de cabeça e pescoço, encurtando o comprimento da passada (Borstel et al., 2009). Neste sentido, este trabalho objetiva esclarecer a ação do uso de rédeas auxiliares no treinamento á guia de equinos atletas. VIII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA IX ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 26 e 27 DE SETEMBRO DE 2012 2 Desenvolvimento As rédeas auxiliares consistem em arreios semelhantes às rédeas convencionais, porém, promovem maior engajamento do cavalo e desenvolvem músculos que não são requisitados durante o treino com rédeas simples. Estes músculos sem a força adequada influenciam negativamente o movimento do animal, o que prejudica suas habilidades atléticas. Entretanto, as rédeas auxiliares não devem ser usadas para uso vitalício, sendo usadas apenas durante o período necessário ao desenvolvimento muscular. Os principais tipos de rédeas auxiliares empregadas no trabalho em guia incluem as rédeas Chambom, Lateral, Gogue e a Pessoa/Neco (Bayley, 2010). O arreamento mais comum na equitação, para trabalho à guia, é a rédea lateral. Este dispositivo simula o contato das mãos do cavaleiro sobre as rédeas, fixando-se às laterais do peito do cavalo. Desta forma, as rédeas laterais trabalham a linha de cima do animal, ou seja, desenvolve a musculatura do dorso e lombo (Fielder, 2008). Diferentemente, a rédea Chambom ainda possui uso pouco difundido no Brasil, caracterizando-se por ter de formato, triangular e fixa, usada para trabalho à guia. O Chambom é um dos melhores equipamentos para trabalhar o desenvolvimento muscular do dorso, lombo e garupa, bem como promove o engajamento dos posteriores. A ação desta rédea limita somente o levantar a cabeça/pescoço para cima e evita o encapotamento do cavalo, tornando o animal flexível e estabelece um equilíbrio natural. Diversas são as vantagens do Chambom, como flexionamento da nuca/pescoço, arredonda e muscula o dorso, engaja os posteriores, eleva a base do pescoço e alivia as espáduas (Baker, 2007). O oficial da cavalaria francesa, René Gogue, desenvolveu sua rédea a partir da derivação do Chambom, para uso no trabalho à guia. Assim, a rédea Gogue diferencia-se da anterior, em que seus extremos não são presos às argolas do bridão, mas, passando por elas, fixando-se à rédea central que se prende na parte inferior do cilhão entre os anteriores do cavalo. Este arreamento realiza a contração e flexão do pescoço, combinando reunião e engajamento dos posteriores, promovendo assim um relaxamento e arrendondamento do dorso do cavalo, auxiliando em sua impulsão e equilíbrio (Blignault, 2009). Inspirado nos arreamentos dos cavalos de tração, o cavaleiro brasileiro Nelson Pessoa, desenvolveu uma rédea auxiliar útil à construção e manutenção da musculatura equina. A rédea Pessoa/Neco foi elaborada para o trabalho à guia de cavalos com algum nível de equitação e aplica-se a animais que possuem boa musculatura, bem como àqueles com problemas nas costas. Constituiu-se de cordões, mosquetões e um dispositivo de borracha revestido, que serve como “tensionador”, colocado atrás do joelho e acima do jarrete. O tensionador encoraja o cavalo a trazer seus posteriores para baixo de seu corpo, assim, trabalhando a encurvatura do pescoço, força o engajamento dos posteriores e desenvolve a musculatura do lombo (Bayley, 2010). VIII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA IX ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 26 e 27 DE SETEMBRO DE 2012 3 Deve-se salientar que o uso de rédeas auxiliares são indicadas somente para cavaleiros experientes. Movimentos errados podem comprometer a saúde física do animal e colocar em risco a segurança do cavaleiro. Conclusão Conclui-se que uso de rédeas auxiliares no treinamento de cavalos atletas, está fundamentado no estudo da “ciência da equitação”, que há muito tem sido transmitida de pais para filhos e de mestre para aprendiz, merecendo ainda de comprovação científica. Contudo, há a percepção entre os treinadores que estes dispositivos têm manifestado efeitos benéficos, sobre a musculatura dorsal e melhor engajamento dos membros posteriores, nos eqüinos se tornando em valiosa ferramenta de treino á guia. Referências BAKER, J. The complete equine training manual. 1. ed. Cinccinati: David & Charles Book, 2007. 249p. BAYLEY, L. Groundwork training for your horse. 3. ed. Cinccinati: David & Charles Book, 2010. 151p. BLIGNAULT, K. Equine biomechanics for rider. 1. ed. Great Britain: Hale Books, 2009. 264p. BORSTEL, U.U.; DUNCAN, I.J.H.; SHOVELLER, A.K.; MERKIES, K.; KEELING, L.J.; MILLMAN, S.T. Impact of riding in a coercively obtained Rollkur posture on welfare and fear of performance horses. Applied Animal Behavior Science, v.116, p. 228-236, 2009. FIELDER, P. All about lungeing. 5. Ed. Great Britain: Hale books, 2008. 23p. GUERRA, P; MEDEIROS, S. A. F. O Agronegócio do cavalo no Brasil. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE EQUINOCULTURA, 1., 2007, Lavras. p. 189-198. HIGGINS, G. How your horse moves. 1. ed. Cincinnati: David & Charles Book. 2009. 153p. MONTE, N. Manual de equitação da Federação Paulista de Hipismo. 1 ed. São Paulo: Federação Paulista de Hipismo, 2011. 131p.
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