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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA EQUIDEOCULTURA ADRIANO ALCÂNTARA DE OLIVEIRA ANA LUÍZA DE SOUSA VIEIRA ANA PAULA FRANÇA DE FREITAS LAURA PALERMO GUERRA MATHEUS BERNARDES S. MENDES SÉRGIO MURILO LEAL ALVES TIPOS DE DOMA EQUINA Goiânia 2021 ADRIANO ALCÂNTARA DE OLIVEIRA ANA LUÍZA DE SOUSA VIEIRA ANA PAULA FRANÇA DE FREITAS LAURA PALERMO GUERRA MATHEUS BERNARDES S. MENDES SÉRGIO MURILO LEAL ALVES TIPOS DE DOMA EQUINA Trabalho elaborado para fins de obtenção de nota e composição parcial da N1, na disciplina de Equideocultura sob orientação do Prof. Rodrigo Zaiden Taveira. GOIÂNIA 2021 1.INTRODUÇÃO O relacionamento do homem com o cavalo tem seus primeiros indícios na condição de presa/predador, em que a caça era realizada dirigindo propositalmente as manadas através de um vale estreito, onde poderiam ser encurraladas e atacadas (Olsen, 1989). De acordo com vestígios arqueológicos, os primeiros indícios de domesticação teriam se dado com o transcorrer do tempo, quando se viu nos cavalos outras qualidades além de fonte de alimento, passando então a figurarem como símbolo de status, prestigio, masculinidade e de poder, distinguindo homens nobres dos não nobres. Historicamente, os cavalos foram selecionados para servir na guerra e no transporte de pessoas, como tração do arado em tarefas agrícolas, como instrumento chave na pecuária e para serem empregados em atividades esportivas. (Williams, Santiago W. 1861) Portanto, desde os tempos remotos, surgiu a necessidade de domesticar, domar e adestrar os cavalos, modificando a rotina, antes de um animal de vida livre, para a submissão de manejos geral, nutricional, sanitário e reprodutivo, supervisionados pelo homem (BORGES, 2015). O conjunto das necessidades citadas e os métodos utilizados para se obter um animal permissivo a realização de atividades foram denominados doma. Podemos dizer então, que: "Denomina-se doma de equinos as técnicas que possibilitam que, em um tempo variável, um equino, geralmente um cavalo mas também se aplica a burros ou mulas, deixe de ser um animal indômito e passe a permitir que um ser humano o monte e guie." (HARLEY, E 2002). O Médico Veterinário Dr. Paulo Cesar Nunes Gil destaca um importante ponto que envolve a prática da doma em cavalos: "Antigamente, e em alguns lugares até hoje, os cavalos eram tratados de maneira errada. A doma era feita como em espetáculos circenses. Isso não funciona. Os cavalos são indivíduos e têm medo de como os seres humanos os tratam. Por isso, a doma é um exercício de paciência, disciplina, empenho e até encantamento. É preciso estudar os animais, conhecer como se comunicam com a natureza. Eles são seres individuais e excepcionais”. (GIL, Paulo Cesar, 2020). Atualmente existem alguns tipos de doma, tendo como principais a Doma Tradicional, Doma Racional, Doma Índia, Doma a Pé, Join Up e Imprinting. Este trabalho visa discorrer sobre as técnicas utilizadas em cada uma, mostrando no que se baseiam e o que as diferencia. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 DOMA TRADICIONAL As principais diferenças entre a doma racional e a doma tradicional: Geralmente na racional o domador busca conquistar o equino, de diversas formas respeitando sempre os limites do animal e diminuindo seu estresse. Quando na doma tradicional é usado esforço físico por parte do domador, em que os resultados desejados são conseguidos de forma bruta e agressiva para com o animal. Não existe técnica fundamentada ou respeito algum com o animal. Esse tipo de doma leva o animal à exaustão, fazendo com que ele deixe de resistir e se submeta ao domínio do homem pela força. Vale ressaltar alguns pontos importante: 1. Atitudes e atividades agressivas são proibidas por lei, por se tratar de maus tratos ao animal. 2. A doma tradicional deixa traumas no animal. O conceito de bem-estar animal com a doma tradicional: É importante ressaltar a relação cavalo/homem gera grandes impactos físicos, fisiológicos e psicológicos ao animal. De modo geral, pode-se dizer que é comum que as pessoas que lidam com cavalos antropomorfizem essa relação. O conceito de bem-estar animal está intimamente ligado à qualidade de vida. Dentro deste conceito, podem ser incluídos aspectos como, por exemplo, a saúde, a felicidade e a longevidade, além da capacidade de adaptação do animal a seu meio ambiente, sua relação com outros seres vivos, e a demonstração de comportamentos típicos (Broom, 1986; Tannenbaum, 1991). Diante disso, devemos ressaltar que a doma tradicional pode afetar em todos esses parâmetros. A doma tradicional compreende uma série de ações realizadas para que o cavalo se submeta ao comando humano. A doma tradicional tenta aprendizado ao cavalo de forma que ele se submeta ao comando humano de forma “forçada”. Quebrar o cavalo tem sido uma técnica associada à força, bravura, e coragem. Foi um símbolo de machismo na Ilíada de Homero, bem como no Velho Oeste Americano; o mesmo ainda é verdadeiro hoje em dia. Um domador tradicional personifica a dominância dos humanos sobre as outras espécies. Neste contexto, não é de se surpreender quando este tipo de doma é preferível a métodos mais gentis (Farmer-Dougan e Dougan, 1999, p.143, tradução) Geralmente, entende-se que este tipo de doma divide-se em duas etapas: a “doma de baixo”, que consiste em forçar o cavalo a aceitar o cabresto e o contato humano (permitir que seja escovado e higienizado), e a “doma de cima”, que procura forçar o animal a aceitar os arreios de montaria, além do humano em seu dorso. A aplicação de punições diversas é o cerne deste tipo de doma. É comum que o cavalo, forçado a aceitar os equipamentos e o próprio humano, reaja com agressividade, tentando se livrar dos mesmos. Seu comportamento natural não é respeitado, nem tampouco há, de modo geral, uma preocupação com seu estado psicológico (e até mesmo físico em alguns casos). Esporas, chicotes e cordas, utilizados com a intensão de dominar o animal pela dor, figuram como instrumentos comuns neste tipo de prática. Geralmente o cavalo é levado à exaustão, a fim de fazer com ele aceite os comandos dados pelo treinador. O processo pode incluir atividades como laçar o cavalo, puxar seu pescoço com cordas de um lado para o outro, amarrar suas pernas (“maneio”), derrubá-lo no chão para submetê-lo à força humana, “quebrar o queixo” (“doma de bocal”), entre outras atitudes que violam preceitos básicos de bem-estar animal. No caso desse tipo de doma tradicional, há a constante aplicação de estímulos aversivos, por meio de surras e maus-tratos, enquanto o animal está amarrado, e não pode fugir. “Nas palavras de um domador tradicional, um cavalo somente está pronto para montar quando não resiste mais. De uma perspectiva comportamental, portanto, o cavalo estaria pronto para montar quando o desamparo aprendido fosse atingido” (FarmerDougan e Dougan, 1999, p.144, tradução nossa). Após esta etapa, os processos desta doma mista tomam mais ou menos os mesmos rumos de uma doma tradicional, com imposições de ações dolorosas ao cavalo. Segue-se então “puxando do queixo”, ou seja, introduzindo o “bocal”, espécie de uma tira de couro, com três centímetros de largura, que é atada ao queixo dos potros. Ao bocal são atadas as rédeas, que se cruzam atrás da garupa, e são puxadas, por domadores, “direcionando o queixo na direção do peito, dando um ‘tirão’ único até este ‘patear’ (agitar as patas), que significa dizer que está demonstrando que estádoendo, ou seja, ele “sentiu" (Lima, 2015, p. 115). Este processo é repetido por ao menos três vezes de cada lado, “ou seja, depois de dado os três tirões, vira – se o cavalo e puxa-se mais três” (Lima, 2015, p. 115). O objetivo deste ato seria tornar a animal “sensível de boca”, para que quando montado, ele atenda ao domador. A terceira etapa consiste na montaria em si, também denominada como “primeiro galope”. O cavaleiro monta no animal, que já está com os arreios. Este, descostumado com tal atitude, costuma corcovear. O domador permanecer em cima do cavalo, como prova de superioridade. Ele é geralmente auxiliado por um “amadrinhador”, que o acompanha montado em um outro cavalo. Finalmente, chega-se à etapa final, o “enfrentamento”, quando é introduzido o freio na boca do cavalo, no lugar do bocal (Lima, 2015, p. 114-125). O manejo tradicional tem as seguintes características: emprega dor para obter respostas do cavalo, permite que o cavalo imponha sua vontade sobre o treinador, pretende modificar o comportamento através da intimidação e cansaço, emprega procedimentos mecânicos de aprendizagem, baseados em repetições intermináveis e sem reflexão. A diferença entre os métodos não depende apenas de dar um agrado ou não, mas fazê-lo quando este é plenamente justificado. Devemos ser tão suaves quanto possível, mas tão duros quanto necessário. Porque ainda hoje seguimos fazendo o manejo tradicional? A resposta é que dá o resultado, mesmo sendo de uma maneira forçada e bruta. A principal diferença entre a doma racional e a tradicional é que na racional o animal faz os movimentos por vontade própria e já na racional é contra sua vontade por que ele está sendo forçado a fazer aqueles movimentos. Em todas as cidades gaúchas os cavalos são vítimas diárias de maus- tratos e um dos focos da maldade provém da doma tradicional. Em nome de uma tradição, domadores profissionais subjugam o animal a extrema rudeza de quebrar queixo e babar o animal a mango e espora em qualquer canto do RS. Com o pescoço amarrado em um poste de pau (Amansador de escravos e animais) o cavalo se submete por horas seguidas apanhando com um chicote ou com um pedaço de pau. Sangrando no lombo e no rosto, esfolado em grande parte de seu corpo e as patas em sangue vivo, relincha, chora de dor. A doma https://gauchazh.clicrbs.com.br/ultimas-noticias/tag/cavalos/ dura, normalmente, entre uma sova e outra do outono à primavera, parando no inverno para o animal se recompor solto no campo devido aos machucados, porque seu desgaste é compreensivelmente grande, dada a brutalidade da doma tradicional com os corcovos e tombos. Depois de três meses o animal recebe a segunda sova. Essas são as palavras da ecologista Leatrice Borges, como podemos observar essa prática de doma tradicional é vista hoje em dia como algo muito abusivo para o equídeo, já que é uma prática muito antiga e que hoje em dia deve ser substituída por outros métodos de doma, diversos métodos de domas são facilmente substituídos por esse método que é enxergado hoje me dia como algo muito antigo. 2.2 DOMA RACIONAL A dama racional é conhecida como “manejo natural do cavalo”, “doma western”, “doma progressiva”, “doma psicológica”, “doma etológica” ou “doma natural”. No Brasil, é popularmente conhecida como “doma americana” ou “doma paulista” devido à sua popularidade e consolidação, em primeiro momento, dentre habitantes deste estado (Hering, 2020). Para entendermos um pouco mais sobre a doma racional, devemos entender o significado da palavra “horsemanship”, que nada mais é do que horse = cavalo, man= homem, ship = relacionamento. Sendo esta questão indispensável para o entendimento comportamental do equino em vida livre, é certo que os métodos de doma tradicional, dotadas de dor e violência, vão contra ao real aprendizado e o comportamento destes na natureza (PIRES, 2020). A doma racional é uma técnica de adestramento baseada na etologia e tem como base condicionar os animais sem nenhum tipo de violência. É trabalhada através da repetição de atividades, em ritmo progressivo e contínuo, com perseverança e paciência, de modo que o animal sinta-se confortável e estabeleça uma relação de confiança com o domador. O domador busca conquistar o animal com carinho e atenção, respeitando seus limites, diminuindo o stress durante o processo e valorizando o aprendizado através de recompensas a cada obstáculo superado (ARAÚJO, 2017). Além de reduzir os riscos de acidentes, a doma racional possui outras vantagens como maior confiabilidade por parte dos animais, criação de um laço de amizade cavalo-domador, os animais se tornam mais corajosos, adquirem maior flexibilidade e sofrem menos traumas (ARAÚJO, 2017). A forma como trabalha faz com que o animal entenda que deve seguir um líder, trabalhando as repetições que são fundamentais para o aprendizado, tornando a doma próxima de sua natureza por ver o mundo pelos olhos dos cavalos, logo, ele aprenderá por meios instintivos. Vale lembrar que para o entendimento psíquico e compreensão dos fatores comportamentais dos equinos é importante valorizar fatores genéticos presentes desde o nascimento e os fatores resultantes da experiência adquirida durante a vida (PIRES, 2020). O momento ideal para iniciar é estabelecido através da idade mínima de dois anos, desde que esteja saudável, quando o cavalo possui estrutura física capaz de desenvolver atividades inerentes à doma. Deve ser realizada em ambiente apropriado, sendo mangueira ou redondel, de modo que se tenha segurança e evite acidentes (HERING, 2020). Para que o animal responda aos comandos desejados e tolere a monta, muitos exercícios de repetição e condicionamento são utilizados de forma suave, sem uso de força e de artifícios severos para dominá-lo. Traz resultados melhores do que a doma tradicional mas exige muita paciência pois objetiva a aceitação natural do domador pelo cavalo, bem como adaptação aos apetrechos de monta (BORGES, 2015). O cavalo deve ser iniciado no treinamento equestre sem o uso de métodos violentos ou capazes de gerar dor, de modo que seu comportamento natural e ciclo de desenvolvimento seja respeitado. Sua metodologia pode incluir diversas etapas. Na chamada doma de baixo os animais são condicionados através de uma série de exercícios que irão prepara-lo para a última etapa, que será a doma de cima. Com uma corda de treinamento, dá-se inicio aos exercícios básicos de equitação como passo, trote, galope, parar, trocar de direção, além dos comandos de voz e braços, até o momento em que o animal se encontra pronto para receber um cavaleiro montado. A doma de cima é a continuação dos mesmos comandos ensinados mas agora acionados pelo domador montado (HERING, 2020). Durante os treinos, deve-se dar atenção à respiração, batimento cardíaco, condicionamento físico e estado psicológico do animal, para que o cavalo desenvolva uma boa relação com os exercícios. Procura-se distinguir movimentos corporais e faciais, além de vocalizações (bufadas, resfôlegos, relinchos, roncos e guinchos) que indiquem medo, agressão, impulso à fuga, satisfação, calma, curiosidade, estresse etc. A partir disso, se estabelece uma comunicação não-violenta com o cavalo, buscando meios de fazê-lo cooperar com prazer (HERING, 2020). Alguns métodos que se tornaram populares utilizam das bases da doma racional como a doma índia, a doma a pé, o join up e a cunhagem. 2.2.1 DOMA ÍNDIA A doma índia ou progressiva é um tipo de doma que permite que o humano e o animal tenham mais contato, tendo foco na natureza do cavalo, evitando causar medo, domando o animal dentro dos limites necessários. Esse tipo de doma échamado assim pois era a maneira que os índios ranqueles domavam os cavalos, sendo também chamada de progressiva, pois leva tempo, já que o animal precisa entender progressivamente o papel que o domador está lhe empregando. É um método que não utiliza de violência ou coerção, a doma se mantém pelo emocional, o domador precisa compreender quando se aproximar, como passar sua mensagem ao cavalo e saber ler os sinais que o animal dá (BARROS, 2018). Os domadores que utilizam da doma índia relatam que tudo depende dos sentimentos que você transmite ao cavalo, para que o animal possa retribuir da mesma forma. Cavalos são assustados, então ao utilizar da empatia, o domador consegue entender os medos do animal, ao escolher não maltratar e caminhar ao lado do animal, o humano perde o status de predador e o animal compreende que o domador é alguém em que ele pode confiar. (BARROS, 2018) Para que a doma índia ocorra bem, o animal começa a ser domado com cerca de 2 anos de idade, e antes disso deve ter uma criação mais natural possível, tendo como interferência humana, apenas o manejo preventivo de vacinas e medicamentos. Com dois anos o cavalo já possui o corpo formado e aos quatro ou cinco anos chega ao seu ágil, com sua formação óssea. (BARROS, 2018) Utilizando do pensamento e dos instintos do animal, é possível ensina-lo a como se portar em uma propriedade, em competições, em esportes e a quando trotar ou correr. A importância da doma índia vem além da conexão que o domador tem com o animal, a grande paciência e profunda compreensão sobre o temperamento do cavalo. 2.2.2 DOMA A PÉ Técnica também baseada na doma racional e muito similar à doma Índia. O domador se mantém parado, no mesmo nível do cavalo e faz uso de cordas longas para fazer com que o animal caminhe ou trote ao redor dele. Posteriormente coloca-se uma sela no animal, gradativamente são incorporados pesos e então um boneco para que se habitue. Por fim, o domador montará no animal (HERING, 2020). 2.2.3 JOIN UP Técnica criada pelo empresário, escritor e treinador de cavalos Monty Roberts e também não usa de dor ou força. Foi desenvolvida através da observação do comportamento natural dos cavalos selvagens em manadas desde jovens, base para o estabelecimento de passos para se estabelecer uma comunicação com o animal através da linguagem corporal expressada por eles. Essa conexão com um animal nunca domado pode ser obtida em cerca de trinta minutos, podendo ele aceitar os arreios e até a monta (HERING, 2020). O cavalo é conduzido para um redondel onde o domador, com apenas uma corda, irá fazer uma série de movimentos corporais tentando estabelecer uma ligação com o cavalo para que seja aceito como líder. Assim, ele o faz correr de um lado para o outro e estabelece sua posição ao imitar movimentos de um garanhão ou égua dominante. O cavalo responde com sinais corporais de de cabeça, pescoço, orelhas, olhos, língua e mastigação, indicando submissão/confiança. Assim que apresentados, o domador deve adotar uma linguagem corporal passiva e virar de costas para cavalo, cessando os movimentos e o contato visual(HERING, 2020). O afastamento por parte do domador reforçará ao cavalo a sua intenção pacífica antes do primeiro toque. Dessa forma, o cavalo sente interesse e se aproxima do domador por vontade própria (“join up”). Quando isto ocorre, é momento de fazer o primeiro toque físico e, se aceito, interpreta-se que o animal aceitou a liderança humana e estabeleceu um elo de confiança (HERING, 2020). Os sinais apresentados pelos cavalos durante o processo são: mastigação, lamber de lábios e abaixar de cabeça. O treinador deve estar muito atento ao menor sinal pois quando houver percepção de algum deles, deve-se retirar a pressão do animal. Ao ocorrer aproximação do cavalo, estende-se a mão para que ele possa cheirar e se dá inicio a caricias na ganacha, pescoço e restante do corpo. Deve-se repetir o processo para o outro lado (BORGES, 2015). 2.2.4 IMPRINTING/ CUNHAGEM Técnica desenvolvida pelo médico veterinário Dr. Robert Miller e se baseia na aproximação do animal enquanto potro, visto que ainda não tem medo e não desenvolveu instinto de sobrevivência/fuga, que é transmitido pela mãe. Essa aproximação consiste em acariciar e massagear o corpo do animal, simular a colocação dos apetrechos de montaria com a mão, imitar o processo de limpeza, casqueamento e utilizar escovas macias para acostumá-los com a escovação, objetivando melhorar a interação equino-humano e desenvolver a dessensibilização a estímulos (ARAÚJO, 2017). O contato é feito desde o nascimento do potro e consiste em caricias e brincadeiras leves, procurando fazer com que o potro veja o humano como parte integrante e saudável de sua vida e não como predador. Não se aplica qualquer tipo de agressividade e os passos seguintes podem combinar diversos métodos de domas racionais. (HERING, 2020). Com base no manejo em conjunto com o bem estar, o imprinting é o melhor método para iniciar a doma. Seu princípio é gravar na mente do potro que o ser humano também pode protegê-lo (ANDRADE, 2021). A escovação do pelo é uma atividade que, se feita adequadamente, pode ser o melhor modo de conquistar confiança e afeição do animal, pois ao passarmos a escova e/ou a raspadeira, o mais importante é transmitir propósitos de bem querer, buscando a sua tranquilidade e o seu relaxamento, além de contribuir na limpeza e melhor aparência (BORGES, 2015). A massagem deve começar pela cabeça (fronte, orelhas) e tem como objetivo facilitar a colocação do cabresto. Dependendo da reação do potro, deve-se colocar e retirar a cabeçada do cabresto várias vezes até que se acostume. No dorso, costados e ventre, a massagem ajuda na boa aceitação dos apetrechos de monta e pressão das pernas na equitação. Nos membros, facilita o manejo dos cascos, facilitando levantar cada pata. Pode-se também colocar repetidamente o dedo na boca do potro, até que ele aceite, pois facilitará a aceitação da embocadura (ANDRADE, 2021). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Por fim, é notável a importância da doma racional visto que respeita a natureza dos cavalos em vez de forçá-los a fazer algo. Podemos observar que a doma tradicional teve grande participação no aumento da relação homem-cavalo e que ainda é muito utilizada, apesar de suas técnicas serem agressivas. É necessário sabermos que, assim como os seres humanos, os cavalos também são capazes de sentir dor, estresse e medo, da mesma forma que têm sensações de prazer, sendo de grande valia entendermos sobre seu comportamento para sabermos quando demonstram tais sentimentos. As técnicas de doma racional mencionadas mostraram que é possível submetê-los a atividades sem uso de qualquer tipo de violência, visando o bem estar. Dentre elas, nesse aspecto, a que possui maior destaque é a Imprinting, visto que o contato com o animal se inicia desde potro e a relação de confiança é estabelecida mais cedo. Desse modo, através das atividades diárias promovidas, o potro vê no ser humano segurança e sente conforto ao ter aproximação, o que facilita grandemente os futuros passos da doma. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, Camila Assunção. DOMA RACIONAL E MANEJO DOS EQUINOS DA CAVALARIA DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO CEARÁ. Orientador: Gabrimar Araújo Martins. 2015. 52 p. Relatório (Zootecnia) - Universidade federal do ceará, Fortaleza, 2015. O ARGENTINO OSCAR SCARPATI É O CRIADOR DA DOMA ÍNDIA. Disponível em: < https://cavalus.com.br/geral/o-argentino-oscar-scarpati-e-o- criador-da-doma-india/>. Acessado em 21 set. 2021 HERING, Cássia Bars. DA DOMINAÇÃO À TENTATIVA DE COMUNICAÇÃO:UMA ANÁLISE DOS MÉTODOS DE DOMA PARA EQUITAÇÃO. Revista latinoamericana de estudios críticos animales, [S. l.], ano VII, v. 1, p. 276-314, 16 jun. 2020. ANDRADE, Lucio Sergio. OS BENEFÍCIOS DO IMPRINTING. Revista Horse, [s. l.], ed. 85, 7 jan. 2021. Disponível em:https://www.revistahorse.com.br/imprensa/os-beneficios-do- imprinting/20210107-144705-T531. Acesso em: 18 set. 2021. DOMA ÍNDIA - LEALDADE E TRABALHO EM GRUPO. Disponível em< https://sistemafaeg.com.br/senar/noticias/tecnica-de-confianca/doma-india- lealdade-e-trabalho-em-grupo>. Acessado em 21 set. 2021 ARAÚJO, Bruno Henrique B. (coord.). EQUIDEOCULTURA: DOMA RACIONAL. Brasília: SENAR, 2017. 100 p. PIRES, Lílian Helen Vidal. VOCÊ REALMENTE CONHECE OS BENEFÍCIOS DA DOMA NATURAL NA VIDA DE UM EQUINO?. In: Infoequestre. [S. l.], 2 mar. 2020. Disponível em: https://infoequestre.vet/vida-de-um-equino/. Acesso em: 21 set. 2021. O ARGENTINO OSCAR SCARPATI É O CRIADOR DA DOMA ÍNDIA. Disponível em: < https://cavalus.com.br/geral/o-argentino-oscar-scarpati-e-o-criador-da-doma-india/>. Acessado em 21 set. 2021
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