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Rev. Bras. Fisiot. Vol. 4, No. 2 (2000), 55-64 
©Associação Brasileira de Fisioterapia 
ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO COMPARATIVO DE MOVIMENTOS DE 
FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA COM OS 
REALIZADOS NOS PLANOS SAGITAL 
Gonçalves, M. 1 e Bérzin, F.2 
'Professor assistente doutor, Departamento de Educação Física, IB, Unesp, Rio Claro 
2Professor titular, Departamento de Anatomia, FOP, Unicamp, Piracicaba 
Correspondência para: Mauro Gonçalves, Laboratório de Biomecânica, Departamento de Educação Física, Unesp, 
Av. 24-A, 1515, Bairro Bela Vista, CEP 13506-900, Rio Claro, SP, e-mail: maurog@rc.unesp.br 
Recebido: 02/07/99- Aceito: 29/01/00 
RESUMO 
O objetivo deste estudo foi comparar a atividade eletromiográfica dos músculos semitendinosus (SEMI) e bíceps femuris (caput longum)-
(BCCL) aos 30", 60" e 90" de flexão do joelho, durante movimentos realizados no plano diagonal, que caracterizam os padrões do Facilitação 
Neuromuscular Proprioceptiva- FNP (Kabat), e os movimentos realizados no plano sagital comumente indicados para reabilitação e 
treinamento. Estes movimentos foram realizados com e sem aplicação de resistência mecânica por meio do Sistema de Polias Duplas 
e os graus foram registrados por eletrogoniômetro. Os padrões de movimento no plano diagonal foram: 1) extensão, abdução, rotação 
mediai do quadril, flexão do joelho, flexão plantar com eversão do tornozelo, flexão e adução dos dedos; 2) extensão, adução e rotação 
lateral do quadril, com flexão do joelho, flexão plantar com inversão do tornozelo, flexão e adução dos dedos. Em ambos os movimentos 
o voluntário estava em decúbito dorsal. O movimento realizado no plano sagital foi: flexão do joelho com o voluntário posicionado em 
decúbito ventral. No delineamento estatísitico foi verificado os fatores: movimento; carga: sem (L) e com (C); e ângulo: 30", 60" e 90". 
Para cada um dos músculos, separadamente, foi efetuada Análise de Variância. A interação entre estes fatores foi detalhada para verificar 
diferenças entre níveis de um fator em cada nível do outro. Nestes casos, calculou-se a DMS (::2) para contrastes entre pares de médias 
pelo método de TUKEY. Os resultados obtidos foram: Efeito de movimento: (M1 = M2) < M3, p;,; 0,01. Efeito de carga: L< C, p;,; 
0,01. Efeito de ângulo: (30 = 60) < 90, p ;,; 0,05. Dos resultados obtidos, conclui-se que os músculos BCCL e SEMI apresentam maior 
atividade eletromiográfica no movimento de flexão do joelho no plano sagital e que em todos os padrões estudados os músculos apresentam 
maior atividade quando submetidos a aplicação de carga e quando atingiram 90". 
Palavras-chave: eletromiografia, biomecânica, Fisioterapia, FNP, treinamento. 
ABSTRACT 
The aim of this study went compare the eletromyographic activity of the muscles semitendinosus (SEMI) and bíceps femuris (caput longum)-
(BCCL) to the 30", 60" and 90" of flexion of the knee, during movements accomplished in the diagonal plan, that characterize the pat-
tems of the Method of FNP of Facilitation Neuromuscular Proprioceptive, and the movements accomplished commonly in the plane sagital 
indicated for rehabilitation and training. These movements were accomplished with and without application of mechanical resistance 
through the System o f Double Pulleys and the degrees were registered by eletrogoniômeter. The movement pattems in the diagonal plan 
were: 1) extension, abduction, rotation mediai of the hip, flexion of the knee, flexion to plant with eversão of the ankle, flexion and 
aduction of the fingers; 2) extention, aduction and lateral rotation of the hip, with flexion of the knee, flexion to plant with investment 
o f the ankle, flexion and aduction of the fingers. In both movements the volunteer was in number decubitus. The movement accomplished 
in the plan sagital was: flexion of the knee with the volunteer positioned in ventral decubitus. Through this study, it is ended that them 
muscle bíceps femuris (caput longum)- (BCCL) and semitendinosus presents larger eletromyographic activity in the movement of flexion 
of the knee in the plane sagital in comparison to the movements accomplished in the diagonal plan. The thigh's muscles bíceps (long 
head) and semitendinosus (SEMI) presents larger activity when submitted the load application. During the three movements, the thigh's 
muscles bíceps (long head) and semitendinosus (SEMI) when verified the effect of the angles, they presented larger activity to the 90". 
Of the movements used by the Method of FNP, the extension movement, abduction and rotation mediai of the hip, with flexion of the 
knee, flexion to plant and evertion of the ankle, fletion and aduction of the fingers, presented the largest activity of the thigh's muscle 
bíceps femuris (caput longum)- (BCCL) and semitendinosus to the 90". Both pattems of movement of the Method of FNP, presented 
activity of the muscle semitendinosus (SEMI) similar to the 30" and 60". 
Key words: Method of FNP, electromyography, biomechanics, muscles, physiotheraphy, training. 
56 Gonçalves, M. e Bérzin, F. Rev. Bras. Fisiot. 
INTRODUÇÃO 
Durante períodos de treinamentos ou exercícios tera-
pêuticos, o ser humano passa a se defrontar com exigên-
cias que lhe são impostas para melhoria de sua força ou de 
sua resistência, podendo ser limitado em seu desempenho 
pelas estruturas anatômicas assim como pelas respostas 
neuromusculares intrínsecas e aprendidas anteriormente. 
Quando se apresenta uma deficiência devido às lesões, o 
indivíduo apresenta dificuldades em responder ainda mais 
a estas exigências. Neste intuito, existem técnicas de fa-
cilitação neuromuscular proprioceptiva que se propõem a 
auxiliar o indivíduo na reabilitação ou na melhora de sua 
condição física, como aquelas que compõem o Método Kabat 
(Voss et al., 1987), que são técnicas que impõem ao indivíduo 
exigências em que se busca dele a melhor resposta. 
Uma vez que o indivíduo apresente alguma alteração 
neuromuscular ou pretenda uma melhor condição física para 
determinadas atividades, como, por exemplo, as desportivas, 
os movimentos utilizados como terapia ou treinamento devem 
ser específicos, com intuito de atingir o fim proposto 
(Barbanti, 1979), e pode-se associar a este intuito as téc-
nicas de facilitação neuromuscular proprioceptiva que podem 
ser definidas como aquelas "destinadas a promover ou 
acelerar a resposta do mecanismo neuromuscular por meio 
da estimulação dos proprioceptores" (Cooper & Glassow, 
1973). 
As formas de movimento em massa da facilitação neuro-
muscular proprioceptiva são de caráter espiral e diagonal 
e se assemelham muito aos movimentos empregados no 
esporte e atividades de trabalho. 
Estes padrões de características espiral e diagonal da 
facilitação talvez proporcionem relações biomecânicas e fi-
siológicas para uma contração muscular mais eficiente, como 
uma posição inicial que vai desde o máximo alongamen-
to até a posição final onde atinge seu máximo encurtamento. 
Sendo assim, estes padrões de movimento podem normal-
mente atingir os efeitos do alongamento, como a obtenção 
de flexibilidade e aumento da amplitude de movimento por 
meio das técnicas específicas que compõem o método 
(Snyder & Forward, 1972). Estes padrões de movimentos 
são indicados para atuarem em grupos musculares especí-
ficos, normalmente com auxílio de um terapeuta, permitindo, 
assim, a aplicação das técnicas específicas. 
Quanto à execução destes padrões de movimento sem 
o auxílio do terapeuta, a literatura apresenta que o emprego 
de polias de parede após determinada fase do treinamen-
to ou tratamento, principalmente quando o indivíduo já tenha 
adquirido a conscientização do padrão de movimento pro-
posto (Cooper & Glassow, 1973). Não foram encontrados 
estudos científicos que relatassem a eficiência da contra-
ção muscular pela utilização deste tipo de equipamento 
quando realizado os padrões de movimento sugeridos pelo 
Método Kabat. 
A literatura sobre estudos eletromiográficos múscu-
los posteriores da coxa éampla, porém não foram encon-
trados trabalhos que tivessem observado a ação destes 
músculos em movimentos que compõem o padrão diagonal 
ou "tridimensional" (Voss et al., 1987), em comparação àque-
les que ocorrem em apenas um eixo do quadril e joelho for-
mando um padrão no plano sagital bidimensional, e ambos 
associados ao equipamento denominado "sistema de polias 
duplas". 
Poucos estudos envolveram os músculos vasto mediai, 
reto da coxa, glúteo máximo, semimembranoso, semiten-
dinosus e adutores do membro inferior direito, durante a 
flexão e extensão do joelho nos planos de movimento sagital 
e diagonal (Snyder & Forward, 1972), em particular com 
alterações da resistência e velocidade de movimento. 
Por meio deste estudo, as autoras concluíram que todos 
os músculos geralmente estavam menos ativos no plano 
diagonal do que no plano sagital, exceto os adutores, que 
mostraram maior atividade. Durante movimentos rápidos, 
ocorreu uma mudança na interação agonista-antagonista, 
em que os potenciais agonistas no final da amplitude fo-
ram menores que aqueles observados nos movimentos lentos, 
enquanto a atividade antagonista era maior. Durante os mo-
vimentos no plano diagonal, a atividade aparecia mais cedo 
nos músculos adutores, ísquiotibiais mediai e bíceps da coxa 
cabeça longa, sendo que nos movimentos de extensão para 
flexão ocorreu a seguinte ordem: vasto mediai, reto da coxa, 
glúteo máximo, semimembranoso, semitendinosus e adutores; 
bíceps da coxa; vasto mediai e reto da coxa. 
As autoras afirmaram que "embora vários autores sugi-
ram que o movimento diagonal do tipo espiral seja uma forma 
mais natural de movimento e um meio mais efetivo de 
restabelecer uma função muscular balanceada, seus estu-
dos não confirmam isso" (p. 1261 ). 
Outros estudos foram realizados utilizando padrões de 
movimento no plano diagonal aplicando duas técnicas de 
Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva: contrair-rela-
xar e segurar-relaxar (Markos, 1979), sendo os padrões dia-
gonais: DI (extensão, abdução e rotação mediai do quadril, 
extensão do joelho e flexão plantar com eversão do tornozelo) 
e D2 (extensão, adução e rotação lateral do quadril, extensão 
do joelho e flexão plantar com inversão do tornozelo). A 
atividade elétrica foi monitorizada nos músculos contra-
laterais reto femoral, vasto mediai, semimembranoso e bíceps 
femuris (caput longum). Com este estudo, Markos (1979) 
concluiu que há um aumento da amplitude de movimento 
do membro contralateral quando aplicadas estas técnicas. 
A técnica contrair-relaxar produz maior aumento da am-
plitude de movimento no membro inferior ipsilateral e a 
técnica aplicada ipsilateralmente pode ajudar a previnir a 
Vol. 4, No. 2, 2000 Análise Eletromiográfica de Movimentos do Método Kabat 57 
atrofia por desuso nos músculos estudados da extremida-
de inferior contralateral. 
Com base até o momento na escassez de dados na li-
teratura a respeito de uma comparação entre os movimentos 
comumente realizados no plano sagital com aqueles movi-
mentos realizados no plano diagonal ou tridimensional 
sugeridos por Kabat (Voss et al., 1987), realizou-se esta com-
paração, com e sem administração de resistência mecâni-
ca através de polias, tendo a eletromiografia como meio de 
quantificação da atividade muscular, que registrou os po-
tenciais de ação dos músculos bíceps da coxa (cabeca longa) 
e semitendinosus que são especificados como motores prin-
cipais durante os movimentos estudados neste trabalho. 
MATERIAL E MÉTODOS 
Os músculos semitendinosus e bíceps femuris (caput 
longum) foram estudados eletromiograficamente no membro 
inferior direito em 1 O voluntários homens, sem história de 
doenças musculares e articulares, com idade entre 18 e 30 
anos, não sedentários. Neste intuito, foi feita uma anamnese 
para cada indivíduo e uma avaliação da amplitude articu-
lar por meio da goniometria com goniômetro do tipo uni-
versal (Basmajian, 1980), em particular para as articulações 
do quadril, joelho e tornozelo. 
Os voluntários, antecipadamente ao registro dos poten-
ciais de ação, foram submetidos a um Teste de Peso Máxi-
mo (Bittencourt, 1986), no equipamento Sistema de Polias 
Duplas (Figura 1) que foi utilizado como resistência mecânica. 
Após o teste, utilizou-se para todos os indivíduos 25% da carga 
máxima obtida por voluntário, por ser uma porcentagem a 
qual todos os voluntários não apresentavam dificuldade em 
realizar toda amplitude de movimento e com a diminuição 
de uma fadiga mais precoce em função da necessidade de várias 
repetições dos movimentos estudados. Os potenciais de ação 
dos músculos bíceps femuris (caput longum) e semitendinosus, 
durante os dois padrões de movimento, foram captados por 
meio de eletrodos de superfície "tipo BECKMAN", os quais 
foram dispostos na região posterior da coxa. Para o registro 
dos potenciais de ação do músculo bíceps femuris (caput 
longum), os eletrodos foram colocados abaixo do sulco glúteo 
a uma distância de 10 centímetros e lateralmente 5 centímetros 
da linha média da coxa. Para o registro dos potenciais de ação 
do músculo semitendinosus, os eletrodos foram colocados 
10 centímetros abaixo do sulco glúteo e 5 centímetros me-
dialmente da linha média. 
Entre os eletrodos e a pele sobre os músculos estudados 
foi colocada uma pasta eletrocondutora para diminuir as 
possíveis resistências à passagem do potencial elétrico. A 
precisão da colocação dos eletrodos, sobre os músculos bíceps 
femuris (caput longum) e semitendinosus, foi confirmada 
pela realização do movimento de flexão do joelho, no qual 
os músculos semitendinosus e o bíceps da coxa cabeça longa 
são motores principais, o que evidenciou estar o eletrodo 
sobre seu ventre muscular. Os eletrodos foram ligados a um 
eletromiógrafo TECA *, modelo TE- 4 de dois canais. A 
calibração usada variou de 100 a 500 microvolts por divisão 
e a velocidade de varredura dos feixes de 370 milissegundos/ 
divisão. Após a obtenção dos registros, estes foram subme-
tidos a uma análise númérica por comparação entre a 
calibração citada anteriormente e o resultado obtido por meio 
de um ampliador de negativos fotográficos. 
Figura 1. Equipamento "Sistema de Polias Duplas". 
Todos os voluntários, antes do dia de registro, execu-
taram os movimentos várias vezes até realizarem-no o mais 
perfeitamente possível, para adquirirem o sentido cinestésico 
do movimento. 
As amplitudes dos movimentos estudados foram me-
didas na articulação do joelho por meio de um eletrogo-
niômetro (Figura 5), construído especialmente para este 
trabalho, constituído por três angulações específicas, 30", 
60" e 90", que foram registradas concomitantemente com 
o eletromiograma. 
Com isso, conseguiu-se, simultaneamente, fazer uma 
relação entre o ângulo articular e o potencial elétrico do 
músculo. Este eletrogoniômetro foi colocado na articula-
ção do joelho direito com fitas adesivas, que permitiam ao 
indivíduo realizar os movimentos sem interferências ou des-
conforto. Os movimentos, nos dois planos, foram realizados 
em mesa tipo maca e serão descritos a seguir. 
Movimentos no Plano Diagonal 
Ml - Posição inicial, em decúbito dorsal: flexão, 
adução, rotação lateral do quadril, com joelho estendido, 
· flexão dorsal com inversão do tornozelo, extensão e abdução 
dos dedos. 
M2- Posição inicial, em decúbito dorsal, movimen-
to simultâneo de flexão, abdução, rotação media\ do qua-
58 Gonçalves, M. e Bérzin, F. Rev. Bras. Fisiot. 
dril, com joelho estendido, flexão dorsal com eversão do 
tornozelo, extensão e abdução dos dedos e extensão. 
Figura 2. M I -movimento simultâneo de extensão, abdução, rotação 
mediai do quadril, com flexão do joelho, tlexão plantar com eversão 
do tornozelo, flexão e adução dos dedos. 
Figura 3. M2- extensão, adução, rotação lateral do quadril, com tlexão 
do joelho, flexão plantar com inversão do tornozelo, tlexão e adução 
dos dedos. 
Movimento no Plano Sagital 
Para o movimento realizado no plano sagital, M3 
(flexãodo joelho com a tíbia na posição neutra), o indivíduo 
era posicionado em decúbito ventral, cuja posição inicial 
era: quadril e joelho estendido em contato com a maca. 
Figura 4. M3 - Flexão do joelho em decúbito ventral com a tíbia 
em posição neutra. 
Figura 5. Eletrogoniômetro. 
Nos movimentos realizados no plano diagonal, o indi-
víduo era posicionado em uma mesa tipo maca, em decúbito 
dorsal, sendo que inicialmente ficava na posição de parti-
da, que consistia em um movimento exatamente contrário 
aquele que ele realizaria e que seria registrado eletromio-
graficamente. 
Os mesmos movimentos foram realizados inicialmente 
sem resistência e após contra uma resistência, exercida pelo 
equipamento *Sistema de Polias Duplas. 
Método Estatístico 
Foi utilizada uma amostra de dez indivíduos, combi-
nados como "blocos", nos quais foram empregados os três 
fatores estudados, com as devidas pausas entre os exercícios: 
Vol. 4, No. 2, 2000 Análise Eletromiográfica de Movimentos do Método Kabat 59 
Fator A: Movimento, Fator B: Carga: sem (L) e com (C), 
Fator C: ângulo: 30", 60" e 90". Para cada um dos múscu-
los, separadamente, foi efetuada Análise de Variância- Ex-
perimento Fatorial em Blocos Aleatorizados, com os testes 
de interação tripla (A x B x C), interações, duplas (A x B, 
A x C e B x C) e efeitos especiais (A, B e C). As estatís-
ticas F, calculadas em cada teste, foram consideradas sig-
nificativas quando p < 0,05. Quando 0,05 < p < O, 1 O, no 
caso o teste de interação. Quando p < 0,05 ou 0,05 < p < 
O, I O, a interação foi detalhada para verificar diferenças entre 
níveis de um fator em cada nível do outro. Nestes casos, 
calculou-se a diferença mínima significativa (::;2) para con-
trastes entre pares de médias pelo método de TUKEY 
(Snedecor & Cochran, 1980). 
RESULTADOS 
Tabela 1. Resultado da análise de variância, hipóteses testadas, estatística F e nível de significância considerando-se os fatores movimento 
(fator A), carga (fator B) e ângulo (fator C), para o músculo semitendinosus. 
Hipóteses 
I. Interação tripla 
2. Interações duplas 
2.1 Interação movimento x carga 
(A X B) 
2.2 Interação movimento x ângulo 
(A X C) 
2.3 Interação entre carga e ângulo 
(B X C) 
3. Efeitos principais 
3.1 Efeito de movimento 
3.2 Efeito de carga 
3.3 Efeito de ângulo 
F= 0,44 
p > 0,50 
F= 0,15 
p > 0,50 
F= 4,44 
p < 0,05 
F= 0,75 
p > 0,50 
F= 12,I7 
p < 0,01 
F= 13,96 
p < 0,01 
F= 6,18 
p < 0,05 
Não foi constatada interação significativa 
Não foi constatada interação significativa 
a) Efeito de movimento (8 = 60) 
Em30": (Ml =M2)<M3 
Em 60": (MI = M2) < M3 
Em 90": M I > M2; M3 intermediário 
b) Efeito de ângulo (8 = 60) 
Em M I : (30 = 60) < 90 
Em M2: (30 = 60) < 90 
Em M3: 30 = 60 = 90 
Não foi considerada interação 
significativa entre carga e ângulo 
(Ml =M2) <M3 
L<C 
(30 = 60) < 90 
M I = extensão, abdução, rotação mediai do quadril com flexão do joelho, flexão plantar com e versão do tornozelo, flexão e 
adução dos dedos; M2 = extensão, adução, rotação lateral do quadril com flexão do joelho, flexão plantar com inversão do 
tornozelo, flexão e adução dos dedos; M3 = flexão do joelho com quadril na linha média, L = sem carga; C= com carga. 
60 Gonçalves, M. e Bérzin, F. Rev. Bras. Fisiot. 
Tabela 2. Resultado da análise de variância. Hipóteses testadas, estatística F e Nível de significância (p) considerando-se os fatores movimento 
(fator A), carga (fator 8) e ângulo (fator C), por meio dos potenciais de ação para o músculo bíceps femuris (caput longum). 
Hipóteses 
I. Interação tripla 
2. Interação movimento x carga (A x B) 
F= 1,76 
p>O,IO 
F=4,91 
Não foi constatada interação tripla significativa 
Existe interação movimento e carga 
a) Efeito de movimento(~= 40) 
Em L: (M I = M2) < M3 
Em C: (M I = M3) > M2 
b) Efeito de carga(~= 36) 
EmMI: L<C 
EmM2: L=C 
EmM3: L<C 
2.1 Interação entre movimento e ângulo (A x C) F= 2,50 Existe tendência à interação 
0,05 < p < O, I O a) Efeito de movimento 
2.2 Interação entre carga e ângulo (B x C) 
3. Efeito de movimento 
4. Efeito de carga 
5. Efeito de ângulo 
F= 0,89 
p > 0,01 
F= 11,64 
p< 0,01 
F= 26,50 
p<O,OI 
F= 10,65 
p < 0,01 
Em 30: (MI = M2) < M3 
Em 60: (MI = M2) < M3 
Em90:(MI =M2=M3 
b) Efeito de ângulo(~= 50) 
Em M I: (30 = 60) < 90 
Em M2: (30 = 60) < 90 
Em M3: 30 = 60 = 90 
Não foi constatada interação significativa entre carga e 
ângulo 
M2<M3 
M I não difere dos demais 
L<C 
(30 = 60) < 90 
M I =extensão abdução rotação mediai do quadril com flexão do joelho, flexão plantar com eversão do tornozelo, flexão e adução 
dos dedos; M2 = extensão, adução, rotação lateral do quadril com flexão do joelho, flexão plantar com inversão do tornozelo, 
flexão e adução dos dedos; M3 =flexão do joelho com quadril na linha média; L = sem carga; C = com carga 
DISCUSSÃO 
No Ml verificou-se ação nos músculos bíceps femuris 
(caput longum) e semitendinosus, confirmando assim sua ação 
no movimento de extensão e abdução do quadril, assim como 
a flexão do joelho, o que concorda com Wheatley & Jahnke 
(1951 ), Basmajian & De Luca (1985), Furlani et al. (1973), 
Gray (1977), Rash & Burke (1977), Daniels & Worthingham 
(1987), Kendall et al. (1980), Weineck (1984 ), Hay & Reid 
(1985) e Kapandji (1987), sendo que, particularmente, a 
eversão do tornozelo, durante a flexão do joelho, apresen-
ta atividade do semitendinosus (José & Furlani, 1984). 
Vol. 4, No. 2, 2000 Análise Eletromiográfica de Movimentos do Método Kabat 61 
A partir do registro dos potenciais de ação no M1, pode-
se afirmar que a prática deste padrão, no Método de FNP, 
pode colaborar para uma maior ação dos músculos bíceps 
femuris (caput Iongum) e semitendinosus. 
Em M2, verifica-se a atividade dos músculos bíceps 
femuris (caput Iongum) e semitendinosus, em particular na 
extensão com adução do quadril e flexão do joelho, achados 
semelhantes aos resultados obtidos por muitos autores, Furlani 
et al. (1973), Gray (1977), Daniels & Worthingham (1987), 
Kendall et al. (1980), José & Furlani, (1984), Weineck (1984), 
Hay & Reid (I 985) e Kapandji ( 1987). 
Por meio dos resultados obtidos confirma-se a ativi-
dade dos músculos bíceps femuris (caput Iongum) e semiten-
dinosus nos movimentos de rotação lateral do quadril 
(Wheatley & J ahnke, I 951; Kendall et ai., I 980; Fischer 
& Houtz, I 968). 
A atividade do músculo bíceps femuris (caput Iongum), 
neste movimento, pode ter sido enfatizada pela inversão do 
tornozelo (José & Furlani, 1984), embora esteja em desa-
cordo com o relato de que exista maior atividade do músculo 
bíceps femuris (caput Iongum) durante a flexão do joelho 
com eversão do tornozelo (Sant' Anna, I 988). 
No terceiro movimento (M3) (flexão do joelho), a 
atividade nos músculos bíceps femuris (caput Iongum) e 
semitendinosus durante a flexão do joelho o que está de 
acordo com muitos autores (Lehmkuhl & Smith, 1987; 
Mellerowicz & Meller, I 979; Wirhed, 1986; Furlani et al., 
1973; José & Furlani, 1984; Sant' Anna, 1988). 
Músculo Semitendinosus 
O músculo semitendinosus, apresentou interação sig-
nificativa apenas entre os fatores movimento e ângulo. Nesta 
interação quando se verifica o efeito do movimento sobre 
os ângulos têm-se: 
a) Em 30" e 60", o músculo semitendinosus apresen-
tou atividade semelhante no movimento Ml e no movimento 
M2, tendo sua maior atividade no movimento M3 (M1 = 
M2 < M3). 
Este resultado relaciona-se com a posição do mem-
bro inferior na maca. Quando o joelho encontra-se a 30", 
para os movimentos M1 e M2, existe um movimento da tíbia 
pela flexão do joelho, muito mais pela contração excêntrica 
do quadríceps femoral que propriamente pelo semitendinosus. 
Para que a articulação do joelho possa executar um movi-
mento preciso e sem prejuízo para a articulação e múscu-
los, deve haver uma co-contração entre agonistas e anta-
gonistas envolvidos na articulação do joelho. Tal ação provoca 
uma atividade débilno músculo semitendinosus. quando com-
parada aos 30" do movimento M3. Esta atividade pode tam-
bém ter relação com o movimento de extensão do quadril, 
que ocorre simultaneamente com o movimento do joelho. 
O aumento da atividade do músculo semitendinosus 
no movimento M3, em relação aos 30" e 60", pode ter ocorrido 
em razão da tíbia estar realizando um movimento contra a 
gravidade, contrário ao movimento realizado em Ml e M2. 
O próprio peso do segmento em M3, já é um fator de re-
sistência ao movimento, que é evidenciado aos 30", em 
particular, pelo fato de o músculo ter de vencer o peso inicial 
do segmento, onde de início existe uma rápida contração 
isométrica, seguida por uma aceleração e posteriormente 
acompanhada pela inércia. 
Tais aspectos evidenciam a diminuição da atividade 
muscular aos 60" e 90" no movimento M3 (flexão do joe-
lho no plano sagital) e principalmente aos 90", pelo fato de 
existir, a partir desta angulação, um movimento a favor da 
gravidade. 
Por verificar-se uma atividade eletromiograficamente 
semelhante para o músculo semitendinosus nos movimentos 
Ml e M2, entre 30" e 60", faz com que a indicação de apenas 
o M2, como é normalmente indicado pelo Método de FNP 
para ênfase ao músculo semitendinosus, não seja tão rígida. 
A partir deste resultado deve-se pensar em um desen-
volvimento simultâneo entre os músculos semitendinosus 
e bíceps femuris (caput Iongum) também no M1, isto ao 
menos no intervalo de 30" a 60" de amplitude. 
b) Em 90", o músculo semitendinosus apresentou maior 
atividade no movimento Ml, em relação ao movimento M2, 
sendo que no movimento M3, a atividade do músculo 
semitendinosus não foi significativa em relação aos outros 
movimentos (Ml > M2; M3). 
Outro fator, que pode ter aumentado a atividade do 
músculo semitendinosus no movimento M1, para o movi-
mento M2, é que, no primeiro movimento, existe uma ten-
dência a rotação lateral da tíbia quando o joelho se flete pela 
ação do músculo bíceps femuris (caput Iongum) (Kendall 
et al., 1980; Weineck, 1984; Hay & Reid, 1985; Kapandji, 
1987; Eyzaguire & Fidone, 1977) ·e este movimento é freiado 
pelo músculo semitendinosus (Mellerowicz & Meller, 1979) 
uma vez que este é considerado rotador interno do joelho 
(Basmajian & De Luca, 1985; Rash & Burke, 1977). 
Quando se observa o efeito dos ângulos para cada movi-
mento verifica-se que (Tabela 1): 
a) Nos movimentos M1 e M2, o músculo semitendinosus 
apresenta uma atividade semelhante em 30" e 60", tendo sua 
maior atividade aos 90". 
Estes resultados indicam uma tendência ao início e final 
do movimento, em maior atividade do músculo semiten-
dinosus, o que provavelmente seja devido a ação deste mús-
culo como adutor durante o início do movimento (Kapandji, 
1987), e pela ação de rotador interno da tíbia no movimento 
de flexão do joelho, que passa a ser mais enfatizado quando 
o joelho está a 90", o que ocorreu quando a coxa se encontrava 
em contato com a mesa e a perna já iniciava um movimento 
contra uma maior resistência da gravidade e mecânica ofe-
recida pelo equipamento Sistema de Polias Duplas. 
62 Gonçalves, M. e Bérzin, F Rev. Bras. Fisiot. 
b) No movimento M3, o músculo semitendinosus apre-
sentou uma atividade semelhante nos três ângulos estuda-
dos. Embora verificou-se, pelo resultado, que houve uma 
tendência à diminuição da atividade do músculo semiten-
dinosus à medida que se aproxima de 90". Neste movimento, 
dentre as três angulações, verificou-se que as maiores ati-
vidades estão entre 30" e 60". Esta evidência concorda com 
estudos sobre o músculo semitendinosus em mesa flexora, 
com alterações da posição do pé, na qual este músculo apre-
sentou sua maior atividade nos intervalos de 30" a 60" 
(Sant' Anna, I 988) e discorda de quando relata ter registrado 
uma maior atividade também no intervalo de 60" e 90" (Snede-
cor & Cochran, 1980). Estes resultados concordam com a 
afirmação de que um músculo pode agir mais poderosamente 
em momentos diferentes da amplitude de movimento 
(Sant' Anna, 1988). A posição da articulação reflete nos níveis 
de ação muscular e força e deve ser levada em considera-
ção para cada indicação de exercícios (Fischcr & Houtz, 1968; 
Lehmkuhl & Smith, 1987). 
Na análise isolada do efeito da carga sobre a atividade 
dos músculos, observa-se que existe maior atividade muscular 
quando se aplica carga. 
Quando o fator movimento é analisado isoladamen-
te verifica-se que o músculo semitendinosus apresenta sua 
maior atividade no movimento M3. Este resultado confirma 
as relações biomecânicas já explanadas com relação às mu-
danças de posição das articulações e do próprio corpo do 
indivíduo, que neste movimento apresenta-se em decúbito 
ventral. Ne.sta posição há maior propensão às ações da 
gravidade que, em função do próprio peso do segmento, que 
é aumentado quando se aplica carga, leva a um maior re-
crutamento de unidades motoras (Sant' Anna, 1988; 
Lehmkuhl & Smith, 1987). 
Quando analisado o fator carga isoladamente, verificou-
se que o músculo semitendinosus apresentou maior ativi-
dade quando se administra carga. Tal resultado está de acordo 
com as teorias de graduação de força muscular, que no 
aumento da força muscular há ativação de um maior nú-
mero de unidades motoras simultaneamente, provocando 
um aumento das despolarizações registradas pelo eletro-
miógrafo (Lehmkuhl & Smith, 1987). Para efeito de trei-
namento isto é favorável, pelo fato de que para se obter força, 
o músculo deve ser submetido a alterações de tensão, 
conseguida no presente estudo pela característica dos 
movimentos estudados e pelo equipamento utilizado, o que 
propicia, pela resistência oferecida, o aumento da tensão 
(Mellerowicz & Meller, 1979; Daniels & Worthingham, 
1987). 
Quando analisado o fator ângulo isoladamente, verificou-
se que o músculo semitendinosus apresenta atividade seme-
lhante entre 30" e 60", tendo sua maior atividade aos 90". 
Músculo Bíceps Femuris (Caput Longum) 
O músculo bíceps femuris (caput longum) quando 
analisados os movimentos, em relação à aplicação de carga, 
verificou-se que, sem a aplicação de carga, o músculo bíceps 
femuris (caput Iongum) apresentou atividade semelhante 
nos movimentos Ml e M2, sendo que no movimento M3, 
o músculo bíceps femuris (caput longum) apresentou uma 
maior atividade em relação aos movimentos no plano dia-
gonal. A atividade do músculo bíceps femuris (caput 
Iongum), no movimento M2, concorda com outros acha-
dos que identificaram atividade no músculo bíceps femuris 
(caput Iongum) nos movimentos de extensão, adução e rota-
ção lateral do quadril e flexão do joelho contra resistência. 
Este aumento de atividade, no movimento M3, provavel-
mente deve-se ao fato de que o peso do segmento foi su-
ficiente para conseguir vencer a resistência da gravidade 
(Sant' Anna, 1988; Lehmkuhl & Smith, 1987), o que não 
ocorreu nos movimentos no plano diagonal em toda sua 
amplitude. Com a aplicação de carga, os movimentos Ml 
e M3, apresentaram atividade semelhante, embora maio-
res que no movimento M2 (Ml = M3 > M2). Com isto, 
verificou-se que o músculo bíceps femuris (caput longum) 
tem uma resposta aumentada no padrão de movimento MI, 
tanto quanto o movimento M3, no plano sagital, que é o 
clássico movimento realizado isoladamente por este músculo. 
Assim pode-se ter certeza da possibilidade de um desen-
volvimento do músculo bíceps femuris (caput Iongum) quan-
do realizado contra uma resistência mecânica. Tal ênfase 
pode ser atribuída à rotação lateral da tíbia possibilitada no 
movimento de flexão do joelho (Daniels & Worthingham, 
1987; Kendall et al., 1980; Kapandji, 1987). Isto devido 
ao músculo bíceps femuris (caput Iongum) estar fixo para 
fora do eixo vertical do joelho e ao tracioná-Io para trás, 
a parte externa do platô tibial rodar lateralmente (Basmajian 
& De Luca, 1985; Kapandji, 1987; Kendall et al., 1980; 
Weineck, 1984; Hay & Reid, 1985; Wirhed, 1986; Kapandji, 
1987). Outro fator quepode ter enfatizado a atividade do 
músculo bíceps femuris (caput Iongum) no movimento Ml, 
foi o movimento de flexão plantar com eversão do torno-
zelo, pois há um aumento da atividade do músculo bíceps 
cabeça longa devido à rotação lateral da tíbia sob o fêmur 
que acompanha o movimento de eversão do pé (Sant' Anna, 
1988). Isso fornece certeza àqueles que utilizam esse pa-
drão de movimento do Método de FNP, de que realmente 
com o uso de um sistema de polias, pode-se obter uma maior 
atividade no músculo bíceps femuris (caput Iongum), uma 
vez que pode ser comparada a uma grande atividade des-
te músculo no movimento mais classicamente utilizado para 
treinamento que é o M3. O fato de atividade do músculo 
bíceps femuris (caput longum), quando submetido ao equi-
pamento Sistema de Polias Duplas, concorda com a teoria 
do recrutamento de unidades motoras (Eyzaguire & Fidone, 
1977; Lehmkuhl & Smith, 1987). 
Analisando o efeito da carga para cada movimento: 
a) no movimento M1 e M3, o músculo bíceps femuris (caput 
Iongum) apresentou maior atividade com aplicação de carga, 
a aplicação de resistência e a característica de M3, fornecem 
uma desvantagem mecânico-fisiológica pela perda da tensão 
Vol. 4, No. 2, 2000 Análise Eletromiográfica de Movimentos do Método Kabat 63 
de suas fibras. Dessa forma, a força muscular tem de ser 
compensada por meio de um maior recrutamento de unidades 
motoras (Lehmkuhl & Smith, 1987); b) no movimento M2, 
o músculo bíceps femuris (caput longum) apresentou ati-
vidade semelhante com e sem aplicação de carga. 
Analisando isoladamente os movimentos no plano dia-
gonal e sagital, verificou-se que, no movimento de flexão 
do joelho no plano sagital, o músculo bíceps femuris (caput 
Jongum) apresentou maior atividade em relação aos movi-
mentos no plano diagonal. 
Quanto aos ângulos, o músculo bíceps femuris (caput 
longum) apresentou uma atividade semelhante aos 30" e 60", 
tendo sua maior atividade aos 90". 
O comportamento do músculo bíceps femuris (caput 
longum), embora tenha maior atividade aos 90", observou-
se que, entre os movimentos no plano diagonal, no movi-
mento Ml apresentou maior atividade que no M2, embora 
não significativa. 
Este resultado sugere que o músculo bíceps femuris 
(caput longum) realmente pode ter uma ênfase em sua ati-
vidade, quando usado este padrão do Método de FNP, pela 
sua tendência à rotação lateral da tíbia quando o joelho é 
fletido. Pela atividade registrada no movimento M2 pode-
se dizer também que houve atividade do músculo bíceps 
femuris (caput longum), embora em menor intensidade que 
no Ml. 
Ao se comparar os movimentos entre os planos diagonal 
e sagital, verificou-se que, neste último, a atividade do mús-
culo bíceps femuris (caput longum) é maior, o que pode ex-
plicar seu uso em programas de treinamento e reabilitação, 
assim como vinculado ao equipamento sistema de polias du-
plas, no qual os registros eletromiográficos foram maiores 
do que quando realizados livremente. 
CONCLUSÕES 
A análise e a discussão dos resultados subsidiaram as 
seguintes conclusões: 
1. Os músculos bíceps femuris (caput Jongum) e semi-
tendinosus apresentam maior atividade eletromio-
gráfica no movimento de flexão do joelho, no plano 
sagital, em comparação com os movimentos rea-
lizados no plano diagonal e quando realizaram os 
movimentos com administração da carga por meio 
de equipamento Sistema de Polias Duplas e aos 90". 
2. No movimento MI (extensão, abdução e rotação me-
diai do quadril com flexão do joelho, flexão plantar 
com eversão do tornozelo, flexão e adução dos dedos) 
e M2 (extensão, adução e rotação lateral do quadril 
com flexão do joelho, flexão plantar com inversão 
do tornozelo, flexão e adução dos dedos) a atividade 
do músculo bíceps femuris (caput Jongum) é dis-
cretamente maior que a do músculo semitendinosus. 
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