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ISSN 21774013 PRÁTICA S PEDAGÓGICAS NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA APAE DE BELÉM: A CAMINHADA INCLUSI VA E SEUS BENEFÍCIOS Rochelle da Silva Batista Edith Gonçalves Costa Diana Helena Maria da Silva Oliveira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Práticas Pedagógicas Inclusivas Palavras-Chave: Educação especial. Práticas inclusivas. Caminhada inclusiva. Autogestão. 1. Introdução No intuito de promover e articular ações em defesa dos direitos da pessoa com deficiência intelectual e múltipla, a APAE de Belém busca estar inserida nas políticas nacionais de inclusão. Em consonância com o Decreto Nº 7.611/2008, que dispõe sobre a Educação Especial, e da Lei Nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação, a APAE de Belém elaborou uma proposta para o Centro de Atendimento Educacional Especializado dentro da perspectiva do AEE, com o intuito de atender a todas as faixas etárias de alunos, que frequentam ou não a escola regular e, assim, contribuir com sua inclusão. Dentro dessa proposta de atendimento está o Programa de Habilidades Básicas, direcionado ao público de maior comprometimento intelectual. Nele são atendidos alunos a partir de 11 anos de idade, participantes de ações que os favorecem nas Atividades de Vida Diária (AVDs) e Atividades de Vida Prática (AVPs), contribuindo para as habilidades sociais e de autogestão, estimulando dentre outros aspectos, sua atenção, concentração, percepção e memória. ISSN 21774013 Dentro dessas ações está a nhada Inclusiva, atividade de desporto adaptado, que incentiva o desenvolvimento de capacidades, habilidades e recursos pessoais, estimulando a integração social e a independência (Cardoso, 2011). Diante do exposto, busca-se demonstrar a importância da caminhada para o desenvolvimento dessas pessoas com deficiência intelectual e múltipla. 2. Objetivos O objetivo deste trabalho é o de apresentar uma prática que busca promover a melhoria da condição motora dos alunos; estimular o controle da marcha, bem como o tônus muscular, equilíbrio e coordenação motora; fomentar a percepção, atenção, concentração e memória; e proporcionar interação e inclusão social. 3. Métodos Como metodologia, utilizou-se o estudo descritivo baseado no relato de experiência, no qual a observação e o registro são estratégias fundamentais. A atividade ocorreu no período de janeiro a junho de 2015, com a participação de quatro alunos do Programa de Habilidades Básicas da APAE de Belém, com faixa etária a partir dos quatorze anos, sendo dois do sexo feminino e três do sexo masculino, que serão denominados de A1, A2, A3 e A4. Sendo A1 e A2 do sexo feminino com deficiência intelectual, A3 e A4 sexo masculino, o A3 é pessoa com Síndrome de Down e o A4 Deficiência Intelectual. Primeiramente teve-se uma conversa com os pais e/ou responsáveis a fim de expor os objetivos da atividade e solicitar aos mesmos que indicassem pontos relevantes e que deveriam ser observados. Eles foram informados sobre os dias da caminhada e o vestuário adequado, bem como o trajeto a ser percorrido, ruas ao entorno da APAE de Belém. Com os alunos, a atividade iniciou na sala do AEE da APAE de Belém, onde foi explicado o que seria, o percurso a ser cumprido e o que poderia ser encontrado no caminho como placas de transito, faixas, semáforos e calçadas irregulares. Durante a execução da atividade, que aconteceu uma vez por semana, os alunos eram acompanhados por duas ISSN 21774013 professoras, que os orientavam de acordo com suas necessidades, com foco para a interação social e controle da marcha. 4. Resultados A ati nhada inclusiva tímulos aos alunos, nos aspectos memória, atenção, concentração, percepção, socialização, coordenação motora, consciência corporal e autogestão. Constatou-se que todos alcançaram um ou mais objetivos traçados para a atividade, demonstrando que ela é fundamental aos alunos, principalmente àqueles que levam uma vida sedentária ou que apresentavam muita insegurança em sua rotina diária. 5. Discussão De acordo com as observações, constatou-se que a aluna A1, que só utilizava calçados abertos, do tipo havaianas, passou a utilizar calçados fechados, o que proporcionou uma marcha com maior equilíbrio e controle. No que diz respeito à atenção, percepção, concentração e memória, ele apresentou maior atenção, passando a perceber nas faixas de pedestres o momento de aguardar para atravessar, sendo capaz de repetir tal ação em outras situações que lhe foram proporcionadas. Como esta aluna apresenta comunicação oral bastante comprometida e não apresenta verbalização, suas interações com o grupo e os demais pedestres foram através de expressões corporais e faciais. Nos relatos da responsável da aluna A2, percebeu-se a preocupação da mesma em caminhar com a filha, pois ela corria na rua e se antecipava para chegar aos locais de destino, com o risco de travessias desatentas com potencial para gerar acidentes. Desse modo, durante a caminhada inclusiva, a A2 era orientada a caminhar mais lentamente, no entanto, não foram observados resultados diante dessa intervenção e por este motivo se fez necessário que sentisse novos ritmos de marcha segurando na mão do A3, que apresentava um ritmo mais lento para caminhar. Conseguiu-se, então, adequar a velocidade de sua marcha e A2 passou a perceber faixas de pedestres, obstáculos e a não correr sem olhar para o movimento de ISSN 21774013 veículos e/ou ser orientada por sua responsável, sendo mais atenciosa com as paisagens a sua volta e estabelecendo comunicação com os demais alunos, interagindo mais com o grupo. Ao contrário de A2, o A3 apresenta um ritmo de marcha muito lento, que, segundo sua mãe, o impedia de chegar a tempo em seus compromissos. Com a prática da atividade, ele ganhou mais confiança para caminhar e consegue se locomover em um ritmo favorável a sua rotina, desenvolveu mais sua atenção e percepção dos obstáculos que antes provocavam tropeços e quedas. Também foi observado que ele buscava interagir com os outros por meio de gestos e expressões faciais, sendo estimulado para a fala. O aluno A4 apresentava uma marcha com pouco equilíbrio e desatenta, fato que foi enfatizado por seu responsável na conversa que antecede a caminhada. Diante disso, buscou- se dar orientações para que ele ficasse mais calmo e assim ter uma melhor percepção espacial durante a atividade. Foi observado que ele ainda precisa de mais estímulos, no entanto demonstrou avanços em seu equilíbrio, principalmente quando caminhava por calçadas irregulares no percurso. Outro fator que merece destaque é referente à sua comunicação. O aluno apresenta uma linguagem oral compreensível e gosta muito de se comunicar e cumprimentar as pessoas, no entanto, acaba por vezes incomodando-as por não saber mediar sua interação, cometendo grandes exageros. Com as conversas e orientações dadas antes e depois das caminhadas, o aluno tem respeitado mais o espaço dos outros, cumprimentando as pessoas de forma bem educada, sendo necessário dar continuidade ao trabalho da interação social. Os resultados do desenvolvimento dos alunos confirmam o que foi dito por Boaventura et al. (2009) ao falar sobre a importância da prática esportiva, entre as quais se enquadra a caminhada, para a pessoa com deficiência. O autor afirma que benefícios como a construção do esquema corporal, organização espaço-temporal e conhecimentos do corpo são adquiridos. Tais atividades também possibilitam a autoconfiança, a autoiniciativa e autoestima e atuam como elemento facilitador do adequado desenvolvimento motor, propiciando situações de interação social. Assim, considera-se que a caminhada inclusiva é muito importante para o desenvolvimento integraldo aluno, em particular aos alunos da APAE de Belém, pois, por apresentarem poucos estímulos motores, demonstram dificuldades na realização de AVDs, comprometendo muitas vezes o seu cotidiano. Tem-se a caminhada como uma forma de ISSN 21774013 estimulá-los, para que sua rotina não se resuma em ficar em casa e muitas vezes levando uma vida sedentária e sem qualidade. 6. Conclusão Os resultados demonstram que a a alunos do programa de habilidades básicas da APAE de Belém alcançou os objetivos propostos. Eles foram beneficiados com a melhoria de sua condição motora, nos aspectos: equilíbrio, controle da marcha, tônus muscular e coordenação motora. No aspecto cognitivo os avanços observados foram no âmbito da concentração, percepção, atenção e memória. No que diz respeito a interações sociais os ganhos foram em proporcionar maior necessidade de expressar-se provocando comunicação com os demais pedestres, estimulando assim a interação com o outro. Concluiu-se que a atividade promoveu alterações positivas nos alunos participantes. Referências BOAVENTURA, R. da S.; CASTELLI, M. de S.; BARATA, T. C. R. Os benefícios da atividade física para a pessoa com deficiência. Omnia Saúde, v.6, n.1, p.51-61, 2009. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 03 abr 2016. BRASIL. Lei Nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 03 abr 2016. _______. Decreto Nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br Acesso em: Acesso em: 03 abr 2016. CARDOSO, V. D. A reabilitação de pessoas com deficiência através do desporto adaptado. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 529-539, abr./jun. 2011. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 01 abr 2016.
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