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Analise "A Onda"

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Nome: Marcos Negrão 							RA: 802227
Resenha: filme “A Onda”
Lançado em 2008 e baseado em fatos reais, o filme a “A Onda” ou “Die Welle”, é dirigido pelo alemão Dennis Gansel e estralado por Jürgen Vogel, Frederick Lau, Jennifer Ulrich e Max Riemelt. Inspirado no livro de 1981, de mesmo nome, do autor Todd Strasser, apresenta um experimento social chamado “Terceira Onda” realizado pelo professor norte-americano Ron Jones, do qual buscou demonstrar como sociedades democráticas podem ser atraídas para o Fascismo.
Ron Jones idealizou a experiência quando percebeu que seus alunos não compreendiam a declarada ignorância do povo alemão em relação ao extermínio de judeus, durante o regime nazista. O professor decidiu simular em uma espécie de ambiente social controlado, composto por ele e seus alunos, o término da democracia para elevar o poder da unidade, enquanto seguia como lema “força pela disciplina, força pela comunidade, força pela ação, força pelo orgulho”.
Na obra em questão, um professor, escalado para lecionar sobre autocracia, resolve apresentar na prática a formação de um sistema ditatorial em suas aulas. Durante este processo, vemos o impacto nos alunos, em suas relações internas e com outras pessoas da escola, família e cidade, incluindo o próprio professor.
Na turma de Rainer, o movimento começa por meio do sugerido poder pela disciplina, fazendo com que sua turma siga algumas regras a fim de se tornar obediente. Autoproclamado líder, Rainer segue alimentando o movimento com indicações, que passam cada vez mais a agradar os alunos: define um nome para o grupo, que se dará por “A Onda”, um símbolo, um cumprimento e um uniforme. A partir de cada pequena imposição o professor vê suas intenções funcionando, mas não as consequências delas, já que a experiência sai da sala de aula e se torna ideologia dos jovens influenciados. O “Die Welle” então, se torna um movimento coletivo, que termina com a individualidade e livre arbítrio dos membros em benefício à suposta ordem e união do grupo. A manifestação rapidamente se dissipa pela escola e cada vez mais alunos decidem fazer parte dela, enquanto discriminam qualquer um que não integre o movimento, realçando o quão sedutor é pertencer a um grupo, mesmo que isso acabe reduzindo a força pessoal e específica de cada um, distanciando a relação com quem não o pertence. 
Outra questão abordada, pode ser relacionada com a própria situação atual brasileira, é a possibilidade de uma ditadura nos moldes do Fascismo acontecer novamente. O filme consegue retratar a facilidade em que elementos extremos podem ser apresentados de maneira inofensiva, mas, que em seu conjunto e continuidade, podem transformar em algo realmente perigoso. A eliminação de pequenos grupos, definição de um inimigo comum, que no filme inicialmente era o professor de Anarquia e depois culmina em todos aqueles que se opõem a Onda, o uniforme e o cumprimento secreto, aos poucos vão fazendo o grupo acreditar que eles são especiais e por consequência os fazem acreditar os participantes d’A Onda estão em um patamar social de compreensão do pensamento e filosofia superiores.
É testemunhado em dado momento que a crença quase religiosa ligada ao sentimento de pertencimento conjuntamente com o lúdico, por assim dizer, leva os participantes do movimento ao delírio, onde a “fé” já os levou à abdicação da razão e o abandono dos fatos. É tudo baseado em seita e doutrinação, além do sentimento de comunidade, fazendo um paralelo com a psicologia das massas, onde pessoas são manipuladas por uma liderança autoritária dita mítica ou superior.
Ao final do filme, o criador do experimento perde o controle sobre o mesmo; e quando toma consciência e tenta reverter a situação, não obtém sucesso, afinal pessoas do grupo se tornaram mais “fiéis” ao movimento do que a ele mesmo, o até então líder. E quando tenta dar por acabada toda a seita, gera um conflito com os participantes, e a não aceitação, leva um de seus alunos mais assíduos ao suicídio após entender que “A Onda” havia realmente acabado e ele estaria assim, sem uma razão para viver.
Por fim, podemos dizer que a obra revisita situações e levanta questionamentos que parecem distantes da realidade social de hoje para muitos, mas que são facilmente identificados, uma vez que se considere a homogeneização da população contemporânea, que segue massificada mesmo tendo a sua disposição incontáveis ferramentas que as poderia individualizar. O pensamento fabricado é realidade latente de nosso tempo e aparece no grupo de “A Onda” como crítica ao extremismo, que nos tira a capacidade e liberdade da criticidade, nos colocando em posição de “facilmente influenciáveis”, apenas para a busca e aceitação na integração de grupos sociais, abnegando sua liberdade individual para fazer parte de algo supostamente maior, mas que no fundo trata-se de algo raso, desprovido de convicções, raízes, justificativas ou razão de existência.

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