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Módulo 1 - Conhecendo o tema PLD-FT.pdf
Prevenção à lavagem 
de dinheiro e ao 
financiamento do 
terrorismo
Conhecendo o tema 
PLD/FT1
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2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Enap, 2019
Enap Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente 
Diogo Godinho Ramos Costa
Diretor de Educação Continuada
Paulo Marques
Coordenadora-Geral de Educação a Distância 
Natália Teles da Mota Teixeira
Conteudista 
Coordenação-Geral de Fiscalização e Regulação – Cofir/Coaf
ENAP/COAF
Curso produzido em Brasília 2019.
3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Sumário
1. Objetivos ...................................................................................... 5
2. Conhecendo o tema PLD/FT .......................................................... 5
2.1 O que é lavagem de dinheiro? ..........................................................................6
2.2 O processo de lavagem de dinheiro e suas etapas ...........................................7
2.3 Setores mais suscetíveis de serem utilizados na lavagem de dinheiro .............8
2.4 Setores mais suscetíveis de serem utilizados na lavagem de dinheiro ...........11
2.5 Origem dos recursos envolvidos na lavagem de dinheiro ..............................13
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1. Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
• Definir o conceito de lavagem de dinheiro;
 
• Identificar as etapas da lavagem de dinheiro;
 
• Distinguir os setores mais suscetíveis de serem utilizados na lavagem de dinheiro;
 
• Dar exemplo de instrumentos que podem ser utilizados no processo de lavagem de 
dinheiro.
2. Conhecendo o tema PLD/FT
De acordo com dados1 divulgados pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime 
(UNODC), estima-se que 2% a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, algo entre US$ 800 
bilhões e US$ 2 trilhões, são “lavados” anualmente em todo o mundo.
Destaque h, h, h, h, 
Para ter uma melhor ideia do que este montante representa, compare-o com 
o total de riqueza produzida pela economia brasileira (PIB) em 2018: US$ 6,9 
trilhões.2
Muito dinheiro, não? E observe que esses números são somente estimados, afinal, essas 
transações com dinheiro sujo ocorrem juntamente a transações regulares e nem sempre é 
possível identificá-las ou dimensionar seus valores.
Você ficará ainda mais surpreso ao saber que estes recursos retroalimentam a indústria do 
crime no mundo, pois a lavagem de dinheiro é amplamente utilizada para acobertar a origem de 
recursos obtidos por meio de atividades ilegais, tais como tráfico de drogas, tráfico de pessoas, 
desvio de recursos públicos, sonegação fiscal, entre outras, tornando o dinheiro disponível para 
financiar novos delitos.
1_ Referência 2013.
2_ ibge.gov.br.
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Conhecendo o tema PLD/FT1
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Devido ao grande volume de recursos envolvidos, a lavagem apresenta como consequência 
danos tanto macro quanto microeconômicos, podendo desestabilizar determinados setores da 
economia e o sistema financeiro dos países (GOMES; SAADI, 2008).
Já deve ter ficado claro que a lavagem de dinheiro é um problema mundial e uma séria ameaça 
à sociedade em geral!
Importante 
O combate às atividades criminosas passa, necessariamente, pelo impedimento 
de uso do dinheiro obtido por meio dos delitos. É necessário “secar a fonte” 
dos recursos que sustentam as atividades das organizações criminosas, e isso 
só é possível se reprimirmos a transformação do dinheiro “sujo” em “limpo”. 
O que quebra uma empresa, seja ela criminosa ou não, é a falta de dinheiro.
Para entender melhor o assunto, vamos guiá-lo em uma jornada que mostrará como tudo 
começou, o que se tem feito para prevenir e desestimular a lavagem de dinheiro e como você 
pode fazer a diferença nesta história.
Mas antes, vamos entender melhor o que é essa tal “lavagem de dinheiro”...
2.1 O que é lavagem de dinheiro?
A maioria dos atos criminosos tem como objetivo gerar lucros para o indivíduo ou para o grupo 
que os realizam. A lavagem de dinheiro é o processamento destes lucros, produtos de crime, de 
modo a disfarçar sua origem ilegal, permitindo ao criminoso desfrutar desses benefícios sem 
tornar pública a sua fonte3. Esta definição foi dada pelo Grupo de Ação Financeira Internacional 
(GAFI, do inglês Financial Action Task Force – FATF). Guarde este nome, ainda falaremos dele!
Quando uma atividade criminosa gera ganhos expressivos, é necessário achar uma forma para 
justificar tanto dinheiro, sem atrair atenção para o crime praticado. E como os criminosos fazem 
isso? Disfarçam a origem do dinheiro, mudam sua forma, usam o nome de outras pessoas, 
adquirem bens, movimentam-no para algum lugar em que eles chamariam menos atenção.
Importante 
Em termos gerais, lavar dinheiro é dar uma aparência lícita ao produto do 
crime. Assim, a lavagem de dinheiro permite que traficantes, contrabandistas 
de armas, terroristas, sonegadores, funcionários corruptos, entre outros, 
mantenham suas atividades criminosas, alimentando-as com o dinheiro ilícito.
3_ http://www.fatf-gafi.org/faq/moneylaundering/#d.en.11223. Acesso em fevereiro de 2020
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2.2 O processo de lavagem de dinheiro e suas etapas
Para disfarçar a origem ilícita dos recursos sem comprometer os envolvidos, os criminosos 
utilizam-se, basicamente, de mecanismos que envolvem três etapas independentes, mas que 
podem ocorrer de forma simultânea, buscando:
a) Primeiro, o distanciamento dos recursos de sua origem, evitando uma associação 
direta deles com o crime;
b) Segundo, o disfarce de suas várias movimentações para dificultar o rastreamento 
desses recursos;
c) Terceiro, a disponibilização do dinheiro novamente para os criminosos, depois de 
ter sido suficientemente movimentado no ciclo de lavagem e poder ser considerado 
“limpo”.
Formalmente, as fases desse processo são nomeadas como colocação, ocultação e integração, 
conforme abaixo detalhado.
1.2.1 – Colocação
A primeira etapa do processo é a colocação do dinheiro obtido por meios 
ilícitos no sistema econômico formal, ou seja, em empresas e instituições 
que atuam regularmente. Para distanciar o dinheiro da origem ilícita, o 
criminoso procura movimentar o dinheiro em países com regras mais 
permissivas ou naqueles que possuem um sistema financeiro com 
controles menos rígidos.
A colocação é efetuada por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra 
de bens. Para dificultar a identificação da procedência, os criminosos aplicam técnicas sofisticadas 
e cada vez mais dinâmicas, tais como o fracionamento dos valores que transitam pelo sistema 
financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham com dinheiro 
em espécie. 
1.2.2 – Ocultação
A segunda etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento 
dos recursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a 
possibilidade da realização de investigações sobre a origem do dinheiro.
Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os 
ativos para contas anônimas4– preferencialmente, em países amparados 
por lei de sigilo bancário – ou realizando depósitos em contas abertas em 
4_ Anonymous bank account – contas anônimas numeradas, oferecidas por alguns bancos offshore, em que a identidade do 
titular é omitida, sendo de conhecimento apenas da instituição.
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nome de "laranjas", ou, ainda, utilizando empresas fictícias ou de fachada.
1.2.3 – Integração
Nesta última etapa, os ativos, que já aparentam ser originados de 
negócios lícitos,
são incorporados formalmente ao sistema econômico. 
As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que 
facilitem suas atividades, podendo tais sociedades prestar serviços entre 
si. Uma vez formado o elo, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro
ilegal.
 https://cdn.evg.gov.br/cursos/217_EVG/videos/modulo01video01.mp4
2.3 Setores mais suscetíveis de serem utilizados na lavagem de 
dinheiro
O estudo do tema demonstra a predileção dos criminosos por alguns segmentos econômicos nas 
transações de lavagem de dinheiro. Tal preferência se dá em função de particularidades destas 
atividades que, sem o devido cuidado, podem facilitar a colocação, a ocultação e a integração do 
ativo criminoso ao sistema econômico. Além de atividades específicas para lavar o dinheiro, os 
infratores também têm preferências por alguns países para ocultar o dinheiro lavado, valendo-se 
da diferença de regimes fiscais, cooperação internacional e aplicação de leis.
Assim, dentre os setores favoritos dos infratores, podemos destacar:
Mercados Organizados de Valores Mobiliários (Bolsa e Balcão)
Nos mercados mais "líquidos", os investidores conseguem entrar e 
sair com maior facilidade e os seus negócios são realizados cada vez 
mais rapidamente e com alta interconexão entre os mercados globais. 
Por exemplo, no mercado de bolsa, os negócios são intermediados 
por corretoras e distribuidoras que competem entre si pelos clientes 
e gerenciam o rápido e contínuo fluxo de ofertas e operações. Nesse 
cenário em que se nota o aumento do volume das operações numa 
velocidade cada vez maior, é comum que ocorram descuidos no processo de identificação de 
clientes, inclusive por conta da grande quantidade de informações a ser gerenciada.
Instituições financeiras
Graças aos avanços tecnológicos do setor, que já disponibiliza transações 
financeiras a um simples clique no celular, ou até por meio de redes 
sociais, a circulação do dinheiro ganhou uma velocidade surpreendente. 
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Transferências de recursos, financiamentos ou até operações complexas de compra e venda de 
ativos podem ser realizados em segundos, a partir de qualquer lugar.
Mercado imobiliário
As oportunidades vislumbradas pelos criminosos sobre este setor 
decorrem da preferência por transações em espécie, da subjetividade na 
precificação dos imóveis, da possibilidade de inflacionar valores por meio 
de falsas especulações imobiliárias, bem como utilizar-se de “laranjas” 
nas negociações.
Seguros, capitalização e previdência privada aberta
São diversos os riscos que rondam estes setores, pois há a possibilidade 
de criação de cenários favoráveis à lavagem de dinheiro por qualquer 
um de seus “personagens”. Assim, segurados podem apresentar sinistros 
falsos e subscritores e participantes podem, respectivamente, transferir 
a propriedade de títulos de capitalização sorteados e inscrever pessoas 
falecidas em planos de previdência privada aberta, etc.
Jogos e sorteios
A possibilidade de manipulação de premiações e realização de grande 
volume de apostas em uma determinada modalidade de jogo, buscando 
fechar combinações, favorece a lavagem de dinheiro. Não importa se o 
valor do investimento será maior que o retorno, desde que consiga dar 
ao dinheiro uma aparência de legalidade e possa utilizá-lo sem levantar 
suspeitas. Um exemplo seria a compra de um bilhete contemplado por 
valor superior ao prêmio.
Internet e comércio eletrônico
Cada vez mais empresas vêm expandindo seus negócios para o mundo 
on-line, ampliando a oferta de produtos, serviços e meios de pagamentos, 
e toda essa inovação acaba por se converter em possibilidades para 
lavagem de dinheiro. De olho no crescimento desses setores, e buscando 
mitigar os riscos decorrentes dessa expansão, em 9 de outubro de 2013 
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
foi promulgada a Lei nº 12.8655, definindo regras para arranjos6 e instituições de pagamento, e 
disciplinando a prestação de serviços de pagamento ao público, tais como: cartões de crédito, 
débito, pré-pago, serviços de transferência e remessas de recursos.
Paraísos fiscais
São assim denominados por oferecerem alíquotas de tributação muito 
baixas ou nulas, atraindo recursos estrangeiros e, ainda, garantindo 
proteger a identidade de seus proprietários por meio de sigilo bancário 
absoluto. A Secretaria da Receita Federal do Brasil publicou instrução 
normativa7 elencando as jurisdições consideradas “paraísos fiscais”.
Paraísos jurídicos
Denominação dada a países que não cumprem a execução de cartas 
rogatórias8, que não possuem tratados de extradição e nem acordos 
para compartilhamento de informações relevantes com autoridades de 
outros países.
Offshore (centros financeiros)
Jurisdições em que grande parte das transações do sistema financeiro 
envolve pessoas físicas ou jurídicas não residentes na jurisdição e em 
que a maioria das instituições financeiras envolvidas é controlada por 
não residentes. Os centros offshore também se caracterizam por serem 
jurisdições que oferecem tributação baixa ou zero, regulamentação 
frouxa do setor financeiro, regras mais severas de segredo bancário e 
anonimato.
Outros setores vulneráveis
Além dos setores, das atividades e das localidades mencionados nos 
itens anteriores, o comércio de obras de arte, antiguidades, joias, pedras 
e metais preciosos, bens de luxo ou de alto valor, entre outros, também 
requer atenção constante do Estado, da sociedade e dos próprios setores 
envolvidos, pois tem se apresentado como suscetível de ser utilizado por 
5_ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12865.htm
6_ Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/arranjo.asp#l>. Acesso em: 4 set. 2015.
7_ http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=16002
8_ Requisições feitas à Justiça de outro país para a prática de diligências judiciais.
11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
criminosos. Como principais atrativos, destacam-se os valores envolvidos e a relativa facilidade 
de comercialização desses objetos. Acrescente-se, ainda, certa subjetividade na valoração dos 
bens e a possibilidade de utilização de inúmeros instrumentos financeiros nas transações, os 
quais, em muitos casos, viabilizam o anonimato.
2.4 Setores mais suscetíveis de serem utilizados na lavagem de 
dinheiro
É comum vermos nos noticiários que a polícia encontrou carros de luxo e joias nas casas de 
pessoas suspeitas de cometer o crime de lavagem de dinheiro. Certamente, você já viu imagens 
como essas:
Carros apreendidos em operação policial.
Fonte: Currentbuzz. Acesso em: 18 fev. 2016.
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Joias confiscadas.
Fonte: Komonews. Acesso em: 18 fev. 2016.
Relógios apreendidos em operação policial.
Fonte: hispanicallyspeakingnews. Acesso em: 18 fev. 2016.
Um pouco menos comum, porém tão grave quanto, são as notícias envolvendo a lavagem de 
dinheiro por meio de obras de arte. A mídia noticiou exaustivamente, há alguns anos, situações 
em que foram envolvidas obras de arte em suposto processo de lavagem de dinheiro.
13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Obras de arte
Fonte: Folha S. Paulo. Acesso em: 18 fev. 2016.
 
Como já foi dito, a criatividade dos criminosos não tem fim. Da mesma forma, há que se ter em 
mente que os tipos de situações, operações, transações e negócios vulneráveis à lavagem de 
dinheiro também não são exaustivos. Deve-se estar atento ao oferecer novos produtos e serviços 
ao mercado, pois, por vezes, a indústria do crime torna-se o seu maior cliente.
2.5 Origem dos recursos envolvidos na lavagem de dinheiro
Como já vimos, o dinheiro é “lavado” para esconder sua origem criminosa. A lavagem de dinheiro, 
portanto, decorre de uma infração penal antecedente. A criminalização da lavagem de dinheiro,
no entanto, depende da legislação adotada por cada país.
Existem três gerações de leis de criminalização da lavagem de dinheiro no mundo, a saber:
• Leis de primeira geração
Assim referidas as leis antilavagem que consideram apenas o tráfico de drogas 
como crime antecedente, ou seja, apenas a dissimulação da origem e do destino de 
recursos oriundos de tráfico de drogas é considerada lavagem de dinheiro.
• Leis de segunda geração
Trazem um rol de crimes antecedentes, considerados crimes graves, aos quais 
estão associados o dinheiro sujo. Apesar de serem menos restritivas que as leis de 
primeira geração, ainda limitam a punição dos lavadores, pois se o dinheiro tiver 
origem/destino em um crime não contemplado na lei, sua colocação, sua ocultação 
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
e sua integração ao sistema econômico não são consideradas lavagem de dinheiro.
• Leis de terceira geração
O dinheiro sujo está associado a qualquer infração penal antecedente. Assim, não 
há um rol restritivo de crimes para caracterizar a lavagem de dinheiro. Qualquer 
recurso obtido por meio de ilícito penal pode tipificá-la.
Apenas como forma de ilustrar possíveis origens dos ativos criminosos, vamos listar a seguir, 
muito objetivamente, alguns exemplos de crimes que movimentam muito dinheiro para os 
criminosos:
• Tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;
 
• Contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção;
 
• Extorsão mediante sequestro;
 
• Corrupção;
• Sonegação fiscal;
 
• Crime contra o sistema financeiro nacional;
 
• Crime praticado por organização criminosa.
Perceba que todos esses crimes têm em comum o dinheiro como produto – o objetivo deles é 
obter dinheiro. E os criminosos precisam encontrar alguma forma de usar esse dinheiro, sem 
chamar a atenção para o crime cometido.
E como surgiu o crime de lavagem de dinheiro?
É o que veremos no capítulo a seguir.
Módulo 2 - A evolução histórica do tema PLD-FT.pdf
Prevenção à lavagem 
de dinheiro e ao 
financiamento do 
terrorismo
A evolução histórica do 
tema PLD/FT2
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Sumário
1. Objetivos ...................................................................................... 5
2. A evolução histórica ...................................................................... 5
3. A evolução histórica ...................................................................... 7
4. A evolução histórica ...................................................................... 8
4.1 Organismos internacionais dedicados ao tema PLD/FT ...................................9
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1. Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
• Descrever a evolução da criminalização da lavagem de dinheiro;
• Reconhecer os organismos internacionais que tratam do tema da prevenção à lavagem 
de dinheiro e ao financiamento do terrorismo e avaliar sua importância para os países-
membros.
2. A evolução histórica
O contexto atual leva-nos a pensar no crime de lavagem de dinheiro como um problema 
característico do Brasil. Mas uma simples pesquisa bibliográfica demonstra que sua origem é 
remota, tanto no tempo quanto no espaço. Alguns autores relatam rumores de sua existência 
já nos tempos bíblicos, com base na história de Ananias e Safira, que teriam acobertado o valor 
real da venda de um imóvel, que deveria ser entregue aos apóstolos, retendo parte do valor em 
benefício próprio. Outros autores atribuem aos mercadores chineses a sua criação, há mais de 
3.000 anos, para proteger seus lucros do insaciável apetite tributário dos governantes.
Em um quadro mais atual, encontraremos o surgimento da lavagem de dinheiro associado aos 
mafiosos italianos e americanos.
Aldo Moro
Fonte: Wikipedia.
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A evolução histórica do tema 
PLD/FT2
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Entre 1960 e o fim da década de 1980, a Itália enfrentou seus “anos de chumbo”. A fase, 
registrada por uma onda de atentados terroristas e conflitos generalizados encabeçados pelas 
máfias italianas, culminou com o sequestro e o assassinato do ex-primeiro-ministro Aldo Moro, 
em 1978. O sequestro tinha por finalidade financiar as ações das Brigadas Vermelhas (Brigate 
Rosso), mas não logrou sucesso.
A morte do político causou profunda comoção no país, resultando na edição do Decreto-Lei nº 59, 
em 21 de março de 1978, que “incriminou a substituição de dinheiro ou de valores provenientes 
de roubo qualificado, extorsão qualificada ou extorsão mediante sequestro por outros valores 
ou dinheiro” (DE CARLI, 2008). O governo italiano buscava, assim, escassear os recursos das 
organizações criminosas, tratando a lavagem de dinheiro como crime.
Apesar de ter sido a Itália o primeiro país a criminalizar a lavagem de dinheiro, a prática parece 
ter sido inicialmente identificada nos Estados Unidos, no início do século XX, após a edição da 
“Lei Seca”, em 1919, proibindo a produção, a venda e o transporte de bebidas com mais de 0,5% 
de álcool. Tal controle não foi bem aceito pela população e acabou por estimular a produção 
clandestina, comandada por organizações criminosas.
Al Capone
Fonte: Wikipedia.
A atividade movimentou milhões de dólares, e, para não levantar suspeitas de sua origem ilícita, 
seus lucros eram misturados aos recursos obtidos por meio de negócios legítimos, que giravam 
muito dinheiro vivo, como lavanderias e lava-jatos. Assim teria surgido o termo “lavagem de 
dinheiro”.
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3. A evolução histórica
Após anos tentando combater o crime organizado, que, com a queda da Lei Seca, voltou-se para 
os jogos e o tráfico de entorpecentes, em 1970 os legisladores americanos determinaram, por 
meio da Bank Secrecy Act (BSA) – Lei de Sigilo Bancário –, que as instituições financeiras deveriam 
comunicar ao governo1 americano todas as transações financeiras superiores a US$ 10 mil. A 
medida visava permitir o acompanhamento da circulação do dinheiro e, consequentemente, o 
rastreamento de sua origem.
A esta altura, as organizações criminosas e a lavagem de dinheiro já eram uma preocupação 
mundial. Em 1988, os Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) reuniram-se 
na Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas (Convenção de 
Viena) para “tratar de forma mais eficaz o tráfico de drogas, acabar com os lucros de organizações 
criminosas através da produção de drogas ilícitas e do tráfico e fornecer novas ferramentas aos 
governos”.2
Apesar de o objetivo inicial da Convenção de Viena ter sido a repressão ao tráfico de drogas, 
foi desta reunião que surgiu o primeiro instrumento jurídico a definir a obrigatoriedade da 
criminalização da lavagem de dinheiro pelos Estados-membros. Por meio da Convenção de 
Viena, todos os países signatários comprometeram-se a combater a lavagem de dinheiro oriunda 
do tráfico de drogas, inclusive o Brasil, que ratificou a Convenção em 1991, por meio do Decreto 
nº 154, de 26 de junho de 1991, e, em 3 de março de 1998, promulgou a Lei nº 9.613.
No começo dos anos 1990, já se estimava que dezenas de bilhões de dólares, 
advindos do tráfico de drogas,
eram lavados nos Estados Unidos e na Europa. 
Sabendo que o dinheiro sujo não era apenas proveniente do tráfico de drogas, 
mas também de atividades ligadas aos jogos de azar, à prostituição e à extorsão, 
entre outros, o montante de dinheiro lavado deveria ser ainda maior. 
Assim, como resposta à crescente preocupação mundial com a lavagem de 
ativos ilícitos, por ocasião da Reunião de Cúpula do G-7, ocorrida em Paris, 
em 1989, foi criado o Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro 
(GAFI, do inglês Financial Action Task Force – FATF), que surgiu com o dever 
de examinar as técnicas e as tendências da lavagem de dinheiro e estabelecer 
medidas necessárias ao seu combate e prevenção. 
Em 1990, foram publicadas as 40 Recomendações do GAFI, que constituíram, com o passar 
dos anos, a base de um amplo plano de ação e práticas de PLD. Adicionalmente, o documento 
estabelecia um conjunto de contramedidas para ser aplicado pelos membros do GAFI contra os 
países e territórios não cooperantes que não se dispusessem a adotar melhorias num prazo de 
tempo razoável (ROMANTINI, 2003).
1_ Atualmente, estas comunicações são enviadas ao Financial Crimes Enforcement Network (FinCEN), órgão do Departamento 
do Tesouro norte-americano contra Crimes Financeiros.
2_ Disponível em: <https://nacoesunidas.org/convencao-da-onu-contra-trafico-de-entorpecentes-e-substancias-psicotropicas-
faz-25-anos/>. Acesso em fevereiro de 2020.
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4. A evolução histórica
Inicialmente constituído por membros da Europa e da América do Norte, a partir de 2000, o 
GAFI admitiu a entrada de países latino-americanos, como a Argentina, o México e o Brasil. Além 
disso, o organismo internacional procurou constantemente desenvolver mecanismos adicionais 
que fomentassem a cooperação entre os países. Nesse contexto, podemos citar a chamada “lista 
dos países e territórios não cooperantes”. Em 2000, ocorreu a publicação de um documento que 
estabelecia os 25 critérios para identificar os países e territórios não cooperantes com o esforço 
internacional de PLD. Esses critérios foram criados tendo como base as 40 Recomendações do 
GAFI.
Outra mudança de destaque no cenário internacional tomou forma com os atentados terroristas 
de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. Como consequência da forte reação da 
comunidade internacional, desencadeada pelos ataques ao World Trade Center, o combate ao 
terrorismo passou a ser alvo de uma intensa campanha internacional. Dessa maneira, passou-
se a incluir o financiamento do terrorismo entre os alvos do aparato institucional já existente 
de combate à lavagem de dinheiro, instituindo o termo prevenção à lavagem de dinheiro e ao 
financiamento do terrorismo (PLD/FT).
Após os atentados de 2001, o GAFI teve seu mandato expandido para poder tratar também 
da questão do financiamento dos atos e das organizações terroristas, bem como das questões 
referentes ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa. Assim, foram 
criadas recomendações específicas para combate ao financiamento do terrorismo. Atualmente, 
essas recomendações fazem parte das 40 Recomendações do GAFI3 e são apresentadas na seção 
“C – Financiamento do Terrorismo e Financiamento da Proliferação” da referida publicação.
3_ http://fazenda.gov.br/orgaos/coaf
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Em 2012, o GAFI promoveu ampla atualização de suas recomendações, incorporando a 
abordagem com base no risco como instrumento fundamental para assegurar a efetividade na 
aplicação das medidas preventivas e repressivas que recomenda.
4.1 Organismos internacionais dedicados ao tema PLD/FT
Após sua criação, em 1989, o GAFI, com sede em Paris, tornou-se o principal fórum internacional 
na luta contra a lavagem de dinheiro. Desde a sua fundação, o número de membros do GAFI 
passou de 16 para 39 (2020).
O Grupo de Ação Financeira possui três objetivos principais:
• Monitorar o progresso dos países membros na implementação das Recomendações do 
GAFI;
 
• Analisar as técnicas e contramedidas de lavagem de dinheiro e financiamento do 
terrorismo;
 
• Promover a adoção e a aplicação das Recomendações do GAFI em todo o mundo (FATF/
GAFI, 2014).
Ao se tornarem membros do GAFI, os países comprometem-se 
a aceitar uma rígida disciplina de se submeterem a avaliações 
mútuas periódicas. Essas informações são compiladas e 
analisadas, a fim de orientar o organismo em sua política de 
zelar pelo cumprimento de suas recomendações. No processo 
de avaliação mútua, cada país é avaliado por meio de visita de 
uma equipe de especialistas oriundos dos governos de outros 
países-membros. O objetivo do relatório gerado pela missão 
é apontar o estágio de desenvolvimento das instituições 
antilavagem do país, além de identificar as áreas que precisam 
de uma maior atenção.
(ROMANTINI, 2003)
O GAFI estimula a ampliação do esforço internacional por intermédio dos grupos regionais, cujos 
países membros submetem-se a avaliações mútuas nos mesmos moldes daquelas aplicadas aos 
membros do GAFI. Atualmente, são 9 os grupos regionais que, junto com o GAFI, somam uma rede 
de cerca de 190 países comprometidos com a integridade do sistema financeiro internacional.
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Com relação ao cenário internacional de PLD/FT, não se pode deixar de citar o Grupo de Egmont. 
Em reconhecimento aos benefícios adquiridos com o desenvolvimento da rede de Unidades de 
Inteligência Financeira (UIFs, do inglês Financial Intelligence Units – FIUs), um conjunto de UIFs 
reuniu-se em 1995 no Palácio de Egmont Arenberg em Bruxelas, Bélgica, e decidiu formar um 
grupo informal visando estimular a cooperação internacional. Hoje conhecido como “Grupo de 
Egmont”, esse organismo reúne estas UIFs que se encontram regularmente para buscar formas 
de cooperar entre si, especialmente nas áreas de intercâmbio de informações, treinamento e 
troca de experiências. Atualmente, há 164 UIFs membros do Grupo de Egmont, além de várias 
outras em fase de implantação. Confira a lista4 de países que integram o Grupo de Egmont.
Ainda no contexto internacional, faz-se necessário registrar que o Brasil faz parte do Grupo de 
Ação Financeira da América Latina (GAFILAT). Primeiramente nomeado como Grupo de Ação 
Financeira da América do Sul (GAFISUD), o grupo surgiu em 2000, a partir de acordo entre os 
governos de nove países sul-americanos, entre eles o próprio Brasil. Em 2006, o grupo começou 
a incorporar países da América Latina, atingindo, em 2013, 16 membros, e modificando seu 
nome para GAFILAT.
E o Brasil? O que tem feito para prevenir e combater a lavagem de dinheiro e o financiamento 
do terrorismo?
No próximo capítulo, veremos o sistema brasileiro de prevenção à lavagem de dinheiro.
4_ https://egmontgroup.org/en/membership/list
Módulo 3 - O sistema brasileiro de PLD FT.pdf
Prevenção à lavagem 
de dinheiro e ao 
financiamento do 
terrorismo
O sistema brasileiro de 
PLD/FT3
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Diogo Godinho Ramos Costa
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Curso produzido em Brasília 2019.
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Sumário
1. Objetivos ...................................................................................... 5
2. O sistema brasileiro de PLD/FT ..................................................... 5
2.1 O papel do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ................7
4Enap Fundação
Escola Nacional de Administração Pública
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1. Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
• Relatar a atuação do Brasil na PLD/FT;
 
• Descrever o papel do Coaf, a Unidade de Inteligência Financeira do Brasil.
2. O sistema brasileiro de PLD/FT
Desde 1988, quando assinou a Convenção de Viena, e em 1991, ao ratificá-la por meio do Decreto 
nº 154, o Brasil vem atuando firmemente na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro e ao 
financiamento do terrorismo.
Tal atuação foi reafirmada em 1998, por meio da publicação da Lei nº 9.613, dispondo sobre 
crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, bem como sobre a prevenção da 
utilização do sistema financeiro para os ilícitos nela previstos.
Essa lei atribuiu às pessoas físicas e jurídicas de diversos setores econômico-financeiros 
responsabilidades especiais na identificação de clientes, na manutenção de registros de 
operações e na comunicação de operações suspeitas. A lei também sujeitou essas pessoas às 
penalidades administrativas pelo eventual descumprimento das obrigações.
A Lei nº 9.613, de 1998, constitui um divisor de águas na prevenção e no combate à lavagem 
de dinheiro no Brasil, não apenas pelo fato de tipificar o crime, mas, sobretudo, por trazer a 
previsão de como o Estado deve se organizar para combatê-lo, inclusive criando o Coaf, com a 
finalidade de:
a) Requerer informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades 
suspeitas; 
b) Receber e analisar comunicações de operações e transações financeiras determinadas por 
normas reguladoras; 
c) Disseminar informações de inteligência e de situações suspeitas; e 
d) Disciplinar e aplicar penas administrativas.
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O sistema brasileiro de PLD/FT3
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Em 2012, importantes alterações foram promovidas pela Lei nº 12.683, que alterou a Lei nº 
9.613, de 1998, assegurando importantes avanços para a prevenção e combate à lavagem de 
dinheiro, tais como:
• Extinção do rol taxativo de crimes antecedentes, admitindo-se como antecedente da 
lavagem de dinheiro qualquer infração penal;
• Inclusão das hipóteses de alienação antecipada e outras medidas assecuratórias que 
garantam que os bens apreendidos não sofram desvalorização ou deterioração;
• Inclusão de novos sujeitos obrigados, tais como cartórios, profissionais que exerçam 
atividades de assessoria ou consultoria financeira, representantes de atletas e artistas, 
feiras, comerciantes de bens de luxo ou de alto valor, dentre outros;
• Aumento do valor da multa para até R$ 20 milhões.
É importante lembrar que, no cenário internacional, após os atentados terroristas de 11 de 
setembro de 2001, nos Estados Unidos, o GAFI passou a tratar do tema, publicando inclusive 
recomendações específicas com o objetivo de identificar e bloquear recursos financeiros de 
terroristas.
Destaque h, h, h, h, 
No Brasil, a questão do terrorismo foi tratada pela Lei nº 13.260, de 2016, 
que tipifica o terrorismo, trata de disposições investigatórias e processuais e 
reformula o conceito de organização terrorista.
A lei, além de tipificar a conduta terrorista propriamente dita, também 
criminaliza os atos preparatórios ao terrorismo, tais como recrutamento, 
organização e treinamento de indivíduos com o propósito de consumar o 
delito.
Já a Lei nº 13.810, de 2019, traz a previsão legal para a indisponibilidade de 
ativos de pessoas naturais e jurídicas e de entidades investigadas ou acusadas 
de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados.
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2.1 O papel do Conselho de Controle de Atividades Financeiras 
(Coaf)1
Com o intuito de combater o tráfico internacional de drogas e o crime organizado, os participantes 
da Convenção de Viena constataram a necessidade de suprimir os recursos das organizações 
criminosas. Sob tal orientação, os países signatários desenvolveram regras, com base na 
Bank Secrecy Act,8 mas que ampliavam a obrigação de comunicar operações suspeitas, antes 
incumbência apenas das instituições financeiras, a outros setores produtivos.
O fluxo da informação também foi ampliado pelo sistema, já que inicialmente tinha por foco as 
investigações de tráfico de drogas, mas se mostrou igualmente eficiente para investigação de 
outros crimes.
Contudo, a adaptação ao sistema não foi simples. O setor produtivo tinha dúvida de como 
implementar medidas para comunicar operações suspeitas às autoridades, visto que, para tanto, 
seria necessário fazer uma denúncia baseada em situações ilícitas e não apenas em desconfianças.
Sem a comunicação desses setores, as autoridades acabavam não tomando conhecimento 
das operações suspeitas. Não havendo comunicação, não havia investigação, e a criminalidade 
continuava expandindo suas atividades e lavando seus lucros impunemente.
Percebeu a dificuldade? Foi então que surgiu a ideia de criar uma instituição com poderes para 
receber as comunicações dos setores obrigados, analisar suas informações e encaminhar os 
possíveis indícios de crimes às autoridades competentes: a Unidade de Inteligência Financeira 
(UIF).
Nesse contexto, o Coaf foi criado por meio da Lei nº 9.613, de 1998, como o órgão responsável 
por disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências 
suspeitas de atividades ilícitas previstas na lei. 
A Lei nº 9.613, de 1998, também delega ao Coaf a competência residual de supervisão sobre 
as pessoas submetidas às medidas de PLD/FT que não possuam órgão regulador ou fiscalizador 
próprio. 
Contudo, a finalidade precípua do órgão é desenvolver atividades de inteligência financeira, 
carecendo, para tanto, de comunicações e informações recebidas de todo o universo de pessoas 
obrigadas pela referida lei, conforme apresentado mais detalhadamente no Módulo 4 deste 
curso.
Entre as competências atribuídas ao Coaf pela legislação em vigor, destacam-se:
1_ Lei norte-americana contra a lavagem de dinheiro, já mencionada no capítulo 2.
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Destaque h, h, h, h, 
• Receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de 
atividades ilícitas;
• Comunicar às autoridades competentes para a instauração 
dos procedimentos cabíveis as situações em que concluir pela 
existência, ou fundados indícios, de crimes de “lavagem”, ocultação 
de bens, direitos e valores, ou de qualquer outro ilícito;
• Coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de 
informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate 
à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores; e
• Disciplinar e aplicar penas administrativas.
Saiba mais 
Para conhecer a estrutura e a composição do Conselho de Controle de 
Atividades Financeiras (Coaf), leia o art. 4º da Lei nº 13.974, de 7 de janeiro de 
2020.
Módulo 4 - As pessoas obrigadas e o que se espera delas.pdf
Prevenção à lavagem 
de dinheiro e ao 
financiamento do 
terrorismo
As pessoas obrigadas e o 
que se espera delas4
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Curso produzido em Brasília 2019.
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Sumário
1. Objetivos ...................................................................................... 5
2. As pessoas obrigadas e o que se espera delas ............................... 5
2.1
Cadastro junto ao órgão regulador ...................................................................8
2.2 Identificação de clientes ...................................................................................8
2.3 Manutenção de cadastro de clientes ...............................................................9
2.4 Registro de operações ......................................................................................9
2.5 Monitoramento de operações ..........................................................................9
2.6 Comunicações das pessoas obrigadas ............................................................10
2.7 Políticas e procedimentos internos de PLD/FT ...............................................11
2.8 Procedimentos de identificação de clientes e manutenção das informações 
cadastrais..............................................................................................................12
2.9 Procedimentos de identificação de pessoas expostas politicamente .............14
2.10 Procedimentos para registro de operações ..................................................14
2.11 Procedimentos para monitoramento de operações .....................................15
2.12 Procedimentos para comunicações ao Coaf .................................................16
2.13 Procedimentos para treinamento de empregados .......................................17
A capacitação de empregados é um fator determinante na PLD/FT. ...................17
2.14 Procedimentos para criação de produtos e serviços ....................................18
2.15 Consequências do não cumprimento da lei .................................................18
2.16 Sanções previstas na lei ................................................................................19
3. Encerramento ............................................................................. 20
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1. Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
 
• Identificar os principais deveres das pessoas obrigadas previstas na Lei nº 9.613/1998;
 
• Aplicar políticas e procedimentos de PLD/FT nas atividades das pessoas obrigadas;
 
• Apontar as sanções decorrentes do descumprimento das obrigações previstas na Lei nº 
9.613/1998.
2. As pessoas obrigadas e o que se espera delas
Antes de adentrar nas obrigações decorrentes da lei, é interessante ressaltar quem possui essas 
obrigações e por quê. As chamadas pessoas obrigadas estão listadas no art. 9º da Lei nº 9.613, 
de 1998, e constituem um rol bem extenso. Vejamos:
art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas 
que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, 
cumulativamente ou não:
I – a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda 
nacional ou estrangeira;
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento 
cambial;
III – a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou 
administração de títulos ou valores mobiliários.
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação 
do mercado de balcão organizado;
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As pessoas obrigadas e o que 
se espera delas4
6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
II – as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar 
ou de capitalização;
III – as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como 
as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
IV – as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio 
eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;
V – as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas de fomento comercial 
(factoring) e as Empresas Simples de Crédito (ESC);
VI – as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, 
imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, 
mediante sorteio ou método assemelhado;
VII – as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer 
das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
VIII – as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão 
regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
IX – as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como 
agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem 
interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;
X – as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou 
compra e venda de imóveis;
XI – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, 
objetos de arte e antiguidade;
XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, 
intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande 
volume de recursos em espécie;
XIII – as juntas comerciais e os registros públicos;
XIV – as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços 
de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de 
qualquer natureza, em operações:
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou 
participações societárias de qualquer natureza;
7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores 
mobiliários;
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, 
fundos fiduciários ou estruturas análogas;
e) financeiras, societárias ou imobiliárias;
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades 
desportivas ou artísticas profissionais.
XV – pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, 
agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, 
exposições ou eventos similares;
XVI – as empresas de transporte e guarda de valores;
XVII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem 
rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização; e
XVIII – as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de 
sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.
Observa-se, então, que são muitas as pessoas físicas ou jurídicas obrigadas, alcançando não 
apenas os setores financeiros, como também as chamadas atividades e profissões não financeiras 
designadas (APNFD), que também estão suscetíveis à lavagem de dinheiro.
Logo, todos os mencionados no art. 9º, pelo risco a que estão sujeitos, devem possuir estruturas 
e procedimentos diferenciados para prevenir sua utilização para a prática do crime. E o que se 
espera deles? A lei trouxe algumas obrigações para esses setores, e, para assegurar que todas 
as obrigações sejam efetivamente cumpridas, deu ao Estado a competência de fiscalizar e punir 
aqueles que não as cumprirem.
Passemos, então, às principais obrigações. Basicamente, são:
• Cadastro junto ao órgão regulador;
• Identificação de clientes;
• Manutenção de cadastro de clientes;
• Registro de operações;
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
• Monitoramento de operações; e
• Comunicações ao Coaf.
2.1 Cadastro junto ao órgão regulador
O cadastro junto ao órgão regulador é a primeira obrigação a ser cumprida. A lei exige que 
a pessoa obrigada faça o seu cadastro e o mantenha atualizado junto ao órgão regulador
ou 
fiscalizador e, na falta deste, no Coaf. 
Nesse ponto, é importante diferenciar a obrigação de cadastro junto ao regulador e a necessidade 
de habilitação no Coaf para utilizar o Sistema de Informações do Coaf (Siscoaf). 
O cadastro no Coaf deve ser realizado somente pelas pessoas obrigadas alcançadas por normas 
expedidas pelo órgão, isto é, que não possuam órgão próprio regulador ou fiscalizador. 
As demais pessoas obrigadas referidas no art. 9º devem manter cadastro no respectivo órgão 
regulador ou fiscalizador e fazer a habilitação no Coaf para utilizar o Siscoaf, sistema pelo qual 
são realizadas as comunicações previstas no art. 11 da Lei nº 9.613, de 1998.
Importante 
É importante não confundir o cadastro junto ao órgão regulador ou fiscalizador 
com a habilitação para utilizar o Siscoaf. Todas as pessoas que exerçam 
atividades econômicas indicadas no art. 9º da lei nº 9.613, de 1998, devem 
manter cadastro junto ao seu respectivo órgão regulador ou fiscalizador, e se 
habilitar no Siscoaf para fins de realizar comunicações ao Coaf.
2.2 Identificação de clientes
Todos os setores relacionados no art. 9º devem observar o princípio “conheça seu cliente”. 
Conhecer seu cliente não se resume a fazer um cadastro. A premissa é que, se a pessoa obrigada 
certificar-se da identificação do cliente, possuir todas as informações sobre seus clientes e as 
mantiver registradas, ela saberá com quem está lidando, conhecerá sua capacidade financeira e, 
de alguma forma, minimizará o risco de ser usada para a lavagem de dinheiro. 
Os controles devem ser reforçados em relacionamentos não presenciais, quando a identificação 
exigir a validação das informações e documentos apresentados.
9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
2.3 Manutenção de cadastro de clientes
Uma base de dados só é útil se estiver atualizada. Assim, a lei determina que o cadastro de 
clientes seja atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, de 
modo a permitir sua identificação e seu acompanhamento.
2.4 Registro de operações
Assim como o cadastro dos clientes, a pessoa obrigada deve manter registros das operações 
que ela efetua. Cada setor tem suas particularidades, mas em geral todos devem ter registro do 
bem vendido ou do serviço prestado, dos valores envolvidos, da forma e do meio de pagamento. 
Pode-se notar que nenhuma dessas informações é incomum, afinal, quem trabalha no mercado 
tem o hábito de controlar esses dados para a própria segurança do negócio, ou mesmo para 
controle de estoque.
Porém, mais que um simples controle do negócio, o registro de operações destina-se a cumprir 
uma regra básica de prevenção à lavagem de dinheiro: “siga o dinheiro”. Por meio deste princípio, 
busca-se identificar a origem e o destino dos recursos financeiros de origem criminosa.
Outra função importante do registro das operações, em termos de prevenção de lavagem de 
dinheiro, é dar subsídio à pessoa obrigada para comunicar operações ao Coaf.
E como decidir o que vai ser comunicado?
2.5 Monitoramento de operações
O acompanhamento do histórico dos clientes, por meio de sua identificação e registro de 
operações, além de uma obrigação, configura-se em oportunidade para monitorar e mitigar 
riscos.
Ao analisar os dados dos clientes e das operações realizadas por eles, é possível estabelecer se 
guardam compatibilidade entre si. Assim, quanto mais informação você tiver do seu cliente e de 
suas operações, maior será sua capacidade de monitorar a existência de situações suspeitas e, 
consequentemente, de comunicá-las ao Coaf.
Diversos parâmetros podem ser utilizados para viabilizar tal monitoramento, tais como:
• Ocupação;
 
• Renda;
 
• Situação patrimonial;
 
• Qualificação como pessoa exposta politicamente (PEP);
 
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
• Frequência das operações;
 
• Pagamentos em espécie;
 
• Identificação da origem dos recursos;
• Identificação do beneficiário final;
 
• Identificação de procuradores ou prepostos;
 
• Resistência ao fornecimento de dados para identificação;
 
• Informações de mídia;
 
• Ranqueamento de risco de clientes.
Lembre-se de que, além de diminuir o risco do negócio, o monitoramento apoiará a fundamentação 
da decisão de proceder ou não às comunicações ao Coaf, apontamento obrigatório no registro 
das operações.
2.6 Comunicações das pessoas obrigadas
A Lei nº 9.613, de 1998, prevê três tipos diferentes de comunicações que as pessoas obrigadas 
devem realizar a seus órgãos reguladores e fiscalizadores ou ao Coaf. Veja o vídeo a seguir:
 https://cdn.evg.gov.br/cursos/217_EVG/videos/modulo04video01.mp4
Importante 
O fato de o cliente utilizar “dinheiro vivo” como meio de pagamento não deve, 
de modo algum, ser impeditivo para a realização do negócio. O fato de se 
utilizar dinheiro em espécie não configura, por si só, um crime/contravenção. 
O que ocorre é que, caso a operação se enquadre naquelas situações passíveis 
de comunicação, ela deve ser informada ao Coaf após a sua concretização.
As comunicações de operações em espécie e suspeitas são feitas no Sistema 
do Coaf, o mesmo no qual é feita a habilitação das pessoas obrigadas. O canal 
de “Comunicação de Não Ocorrência”, por sua vez, é definido pelos órgãos 
reguladores de cada segmento, sendo que, em alguns casos, o canal é o próprio 
Sistema do Coaf.
11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Destaque h, h, h, h, 
A comunicação pela pessoa obrigada de uma operação ou transação suspeita 
ao Coaf não significa uma denúncia de lavagem de dinheiro. A comunicação 
ao Coaf significa que a operação ou transação apresentou características 
que permitem incluí-la no rol de situações que devem ser obrigatoriamente 
comunicadas ao Coaf.
2.7 Políticas e procedimentos internos de PLD/FT1
As políticas e os procedimentos internos são as práticas e ferramentas instituídas pelas pessoas 
obrigadas com o objetivo de evitar o uso involuntário de suas atividades para fins de lavagem de 
dinheiro e financiamento do terrorismo. Ou seja, é a forma adotada para conhecer os clientes, 
os funcionários, os fornecedores e os parceiros comerciais,9 bem como estabelecer mecanismos 
de monitoramento e detecção de indícios de operações suspeitas, determinar treinamento de 
pessoal em PLD, identificar risco em produtos etc.
Muita informação? Fique tranquilo. Estes conceitos serão abordados logo abaixo, de uma forma 
mais prática.
Conhecidas as responsabilidades das pessoas obrigadas, talvez alguém esteja pensando:
As obrigações são até simples, mas como vou colocar isso em prática aqui na empresa?
No intuito de ajudá-lo, vamos explorar um pouco o tema...
O Coaf recomenda que seja estruturada uma política interna, mas cada um pode montar essa 
política conforme o seu tamanho e capacidade. Não há uma só forma ideal.
É exatamente isso que diz o Art. 10, inciso III, da Lei nº 9.613, de 1998. Vejamos:
Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:
III – deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu 
porte e volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste artigo e no 
art. 11, na forma disciplinada pelos órgãos competentes (...)
9_ Os princípios “conheça seu cliente”, “conheça seu empregado”, “conheça seu fornecedor” e “conheça seu parceiro” devem 
ser adotados para assegurar a existência de critérios para início do relacionamento, bem como para seu acompanhamento, de 
modo a conhecer a capacidade econômica financeira, a origem de recursos e a idoneidade desses atores, a fim de resguardar-se 
de envolvimentos ilícitos, notadamente aqueles relativos à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
E qual é a diferença entre política e procedimento?
Talvez muitos já saibam, mas não custa reforçar. Há uma boa definição no livro “Sistemas
de 
Informação”, de Sergio Bio e Edgard B. Cornachione Junior (2008): “Política é o que da decisão; 
procedimento é o como”, ou ainda, “políticas são orientações preestabelecidas para a tomada de 
decisões” e procedimento é “como implementar a política”.
Na prática isso quer dizer que, dentre as diferentes políticas que uma empresa possui (política de 
pessoal, política de qualidade etc.), ela deve ter também uma política de prevenção à lavagem 
de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Já os procedimentos, ou seja, como cada empresa 
vai desenvolver sua política, é uma decisão interna. Há vários meios de fazê-la, porém não se 
deve esquecer que as obrigações devem ser contempladas nos procedimentos.
Em caso de fiscalização pelo Coaf, as pessoas obrigadas devem comprovar a existência dessa 
política, que deve ser aprovada pelo dirigente máximo da empresa.
Para não esquecer as obrigações que devem estar contidas nos procedimentos, vamos 
esquematizar a seguir.
2.8 Procedimentos de identificação de clientes e manutenção 
das informações cadastrais
Também conhecida como princípio “conheça seu cliente”. Todas as empresas deverão identificar 
seus clientes e manter seus registros cadastrais atualizados (pessoas físicas e jurídicas). Somente 
conhecendo seu cliente a empresa pode evitar o uso de sua estrutura por “lavadores de dinheiro” 
e outras atividades ilícitas. 
A lei determina a obrigatoriedade de identificação e manutenção do cadastro de clientes, então 
é necessário estabelecer procedimentos e criar ferramentas (pode ser um sistema moderno ou 
até uma simples ficha de papel) para fins de identificação de clientes. 
As orientações que definem as informações mínimas contidas no cadastro de cada segmento 
obrigado são definidas em norma, por seu regulador, mas, de forma geral, contemplam:
13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Esses dados podem ajudá-lo a perceber detalhes da operação que passariam despercebidos sem 
o cadastro.
Destaque h, h, h, h, 
Suponhamos que uma concessionária receba um cliente em sua loja que queira 
comprar um veículo no valor de R$ 125.000,00, com pagamento em espécie. 
Contudo, na hora em que o cliente fornece o endereço, o vendedor percebe 
que se trata de um local simples, um bairro reconhecidamente de baixa renda. 
Essa situação poderia ser suspeita, não? E aí? O vendedor vai deixar de vender 
o veículo? Não, ele vende o veículo e depois decide com seus superiores se 
comunica essa situação ao Coaf.
Vale ressaltar que o cadastro do cliente não é apenas uma obrigação burocrática, voltada à 
prevenção da lavagem de dinheiro. Tais registros podem municiar a empresa de dados importantes 
para o próprio negócio, como mala direta, ações promocionais, convites para eventos e até 
gestão de relacionamento com o cliente.
A identificação do cliente prevê, também, o registro de sua condição como Pessoa Exposta 
Politicamente (PEP).
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
2.9 Procedimentos de identificação de pessoas expostas 
politicamente
A primeira vez que se ouviu falar em PEP foi em 2003, nos textos das Recomendações do GAFI. 
Em 2003, a Recomendação falava em pessoas expostas politicamente estrangeiras. Em 2012, 
quando as Recomendações foram revisadas, a interpretação foi estendida a PEP domésticos e de 
organizações internacionais.
Tanto o GAFI quanto a ONU definem PEP como aquele indivíduo que desempenha ou 
desempenhou função pública relevante. Para ajustar essa definição ao direito interno, o Coaf 
conceitua PEP na Resolução nº 29, de 07/12/2017.
O conceito ficou muito claro com a publicação da Resolução, mas veja quanta gente é considerada 
PEP (governadores, ministros de Estado, senadores, deputados etc.).
Destaque h, h, h, h, 
Você seria capaz de guardar todos os nomes dos ocupantes desses cargos? E 
ainda tem mais, você tem ideia de qual a frequência com que os ocupantes 
desses cargos são trocados? Imagine todas as vezes que você vir na televisão 
que trocou um ministro! E diretores de estatais, cujas substituições sequer são 
noticiadas?
Por isso, o Coaf disponibilizou uma lista de PEP. É um cadastro consolidado pela Controladoria-
Geral da União (CGU). No momento, o cadastro contempla somente PEP no âmbito federal, mas 
o objetivo é disponibilizar, em breve, a relação completa.
A lista de PEP pode ser acessada pelas pessoas cadastradas no Siscoaf, por meio da funcionalidade 
Consultas > Relação de PEP.
Importante 
A identificação de PEP é uma medida preventiva, ninguém deve ser 
estigmatizado por ser PEP. Toda PEP pode comprar o que quiser e você tem 
todo o direito de vender para ela. O risco deve ser sempre avaliado em função 
da operação que ela está fazendo, e não apenas por sua condição como PEP.
2.10 Procedimentos para registro de operações
Também é obrigatório que seja estruturado um registro com todos os dados das operações. Assim 
como a identificação de clientes, a definição do que deve ser contemplado no registro é definida 
pelo regulador. Abaixo segue um exemplo simples de formulário para registro de operações, 
mas lembre-se sempre de observar o que o regulador determina como registro mínimo para seu 
setor.
15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Com base nestes dados, é possível observar alguns “sinais de alerta” de lavagem de dinheiro, tais 
como pagamento de grandes valores em dinheiro vivo, recebimento ou pagamento em nome de 
terceiros, fracionamento de valores para burlar os controles de PLD/FT etc.
2.11 Procedimentos para monitoramento de operações
Como vimos antes, o monitoramento, além de ajudar a mitigar o risco das operações, constitui-
se em verdadeira ferramenta para a tomada de decisões, tanto em relação à manutenção da 
relação negocial quanto às comunicações ao Coaf.
Assim, o monitoramento deverá favorecer o cruzamento de dados na busca de sinais de alerta, 
tais como:
• Incompatibilidade entre ocupação e renda;
 
• Incompatibilidade entre situação patrimonial e operações realizadas;
 
• Frequentes operações realizadas em espécie;
 
• Fracionamento de pagamentos;
 
• Pagamentos realizados por terceiros;
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
• Compra de bens em nome de terceiros;
 
• Tentativa de burla na identificação de envolvidos;
 
• Frequência das operações realizadas com clientes de “alto risco”;
 
• Cliente domiciliado em país não cooperante às normas de PLD/FT;
 
• Relacionamento em notícias de mídias.
Destaque h, h, h, h, 
Não se esqueça: o monitoramento não é o fator determinante na decisão 
pela comunicação de operações à Unidade de Inteligência Financeira, e sim 
subsídio para sua tomada de decisão.
Dessa forma, ao analisar os sinais de alerta, lembre-se de incluir no registro da 
operação a fundamentação da decisão de proceder, ou não, às comunicações 
ao Coaf.
2.12 Procedimentos para comunicações ao Coaf
Já vimos que as comunicações fazem parte dos mecanismos de controle instituídos pela Lei nº 
9.613, de 1998, para prevenção e combate ao crime de lavagem de dinheiro e financiamento do 
terrorismo. 
Vimos também que tais comunicações são insumos importantes para o Coaf e subsidiam a 
elaboração de relatórios que são encaminhados às autoridades competentes. Estas, por sua vez, 
utilizam as informações para aprofundar suas investigações.
Destaque h, h, h, h, 
Percebeu a importância do seu papel neste processo?
Sem as comunicações enviadas pelos setores obrigados, seria quase impossível 
rastrear o dinheiro “sujo”.
Mas fique tranquilo! As comunicações são confidenciais e não acarretam responsabilidade civil 
ou administrativa, quando realizadas de boa-fé, conforme previsto no art. 11 da Lei nº 9.613, de 
1998.
E como fazer comunicações ao Coaf?
Em relação a comunicações de operações em espécie, cuja definição foi apresentada 
17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
anteriormente,
já deve ter ficado claro que estas independem de análise, pois os órgãos 
reguladores determinam sua obrigatoriedade em função de valores transacionados ou outras 
situações previamente definidas em suas normas. Observadas as situações determinadas, é 
comunicar e pronto!
E como fazer as comunicações de não ocorrência?
A “Comunicação de Não Ocorrência” também é regulamentada e deve ser enviada na forma e no 
prazo orientados pelo órgão regulador, sempre que a pessoa obrigada não comunicar propostas, 
transações ou operações ao longo de determinado período.
E as comunicações suspeitas?
Bem, essas comunicações demandam uma análise detalhada da situação, pois deverão ser 
realizadas com base em fatos que possam constituir sérios indícios dos crimes previstos na lei, 
ou com eles se relacionar. 
Tais informações poderão ser utilizadas nos Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) enviados 
pelo Coaf às autoridades competentes, ou seja, podem virar objeto de investigação. 
Assim, é de grande importância que sejam bem fundamentadas e que os fatos que levaram à 
decisão de comunicar estejam registrados de forma clara na comunicação.
2.13 Procedimentos para treinamento de empregados
A capacitação de empregados é um fator determinante na PLD/FT.
De que adianta o proprietário da empresa saber tudo sobre a Lei de Lavagem, se o seu 
empregado, o vendedor que preenche os dados dos clientes lá no balcão da loja, não conhecer 
o assunto?
Por isso, é interessante que a empresa, além de treinar toda a equipe, tenha uma pessoa 
(ou um grupo) responsável pelas atividades de conformidade com as regras de prevenção de 
lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo. Essa pessoa (ou grupo) deve ser treinada 
para identificar e estabelecer ações para prevenção, tratamento e comunicação de operações 
financeiras que apresentem risco de lavagem de dinheiro ou financiamento ao terrorismo.
Destaque h, h, h, h, 
Nas grandes empresas, esse funcionário é chamado de analista de compliance 
(conformidade).
18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
2.14 Procedimentos para criação de produtos e serviços
Outro ponto importante a ser contemplado em uma política de PLD/FT é a forma como serão 
desenvolvidos os produtos e serviços da empresa. O ideal é que, além dos estudos prévios 
habituais, também sejam avaliados sob a perspectiva de utilização em ilícitos financeiros, de 
modo a evitar a oferta de novas ferramentas para os criminosos.
E então? Ficou mais claro o conceito e a aplicação de políticas e 
procedimentos internos de prevenção de lavagem de dinheiro?
Com base nesse conhecimento, resta à pessoa obrigada decidir 
como vai sistematizar as informações: criar regras internas? Um 
manual? Publicar instruções?
Orientamos que seja observada a norma do seu órgão regulador, 
de modo a verificar se há algum dispositivo que fale sobre 
“políticas de prevenção". 
Se houver, analise-o bem antes de sistematizar os seus 
procedimentos. Se não houver dispositivo previsto para sua 
atividade, atenha-se às obrigações dispostas na norma.
2.15 Consequências do não cumprimento da lei
Já vimos, então, o que é a lavagem de dinheiro, como ela acontece, as obrigações trazidas pela 
lei e as políticas de prevenção que devem ser adotadas pelas pessoas obrigadas. Se existem 
obrigações previstas em uma lei, já dá para imaginar o que acontece quando uma pessoa não 
cumpre essas obrigações, não é?
Pois é, as pessoas obrigadas são fiscalizadas e se, eventualmente, for observado que alguma 
dessas obrigações não é cumprida, elas serão responsabilizadas administrativamente. Isto 
significa que poderão responder a Processo Administrativo Sancionador.
Importante 
No caso específico, a pessoa obrigada não vai ser submetida a um processo 
judicial e responder pelo crime de lavagem de dinheiro, isso seria um processo 
criminal, de competência da Justiça. No caso, ela vai responder somente pelo 
não atendimento às exigências da Lei de Lavagem.
19Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
O cumprimento das normas é um fator mitigador de riscos e ajuda 
a pessoa obrigada a não ser envolvida em eventual processo de 
lavagem de dinheiro. Afinal, ninguém quer responder 
criminalmente por suspeita de colaboração com lavadores de 
dinheiro, não é mesmo?
2.16 Sanções previstas na lei
De acordo com o art. 12 da Lei nº 9.613, de 1998, as pessoas referidas no Art. 9º, bem como 
os administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as obrigações previstas nos 
Arts. 10 e 11, serão submetidas, cumulativamente ou não, pelas autoridades competentes, às 
seguintes sanções:
Sanções
I – advertência;
II – multa pecuniária variável não superior:
a) ao dobro do valor da operação;
b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da 
operação; ou
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
III – inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de 
administrador das pessoas jurídicas referidas no art. 9º;
IV – cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação ou 
funcionamento.
20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
3. Encerramento
Chegamos ao final do curso!
Esperamos ter atingido o objetivo, ao apresentar os aspectos básicos do tema. Mais uma vez, 
lembramos que o assunto não se esgota aqui. Pelo contrário, cada dia essas práticas ilícitas 
são aprimoradas e, portanto, precisamos também manter constante atualização do tema, 
resguardando não apenas nossas atividades de serem utilizadas em práticas de PLD/FT, mas 
principalmente protegendo toda a sociedade de seus malefícios.
Para concluir este curso, convidamos você a assistir ao vídeo educativo do COAF sobre PLD/FT.
 https://cdn.escolavirtual.gov.br/cursos/217_EVG/videos/modulo04video03.mp4

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