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AULA-4--dano-celular-2021

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DANO E MORTE CELULAR - NECROSE 
é morte de parte de um organismo vivo. Pode atingir 
células isoladas, áreas de um tecido ou órgãos inteiros, 
portanto tecido necrótico = Tecido morto. 
 
Necrose 
Necrose é a manifestação final de uma célula que sofreu 
LESÕES IRREVERSÍVEIS - o conceito de morte somática 
envolve a "parada definitiva das funções orgânicas e dos 
processos reversíveis do metabolismo". 
 
A ETIOLOGIA da necrose envolve todos os fatores relacionados às 
agressões, podendo ser agrupadas em agentes físicos, agentes 
químicos e agentes biológicos: 
 
1) Agentes físicos: Ex.: ação mecânica, temperatura, radiação, efeitos 
magnéticos; 
 
2) Agentes químicos: compreendem substâncias tóxicas e não-tóxicas. 
Ex.: tetracloreto de carbono, álcool, medicamentos, detergentes, fenóis 
etc. 
 
3) Agentes biológicos: Ex.: infecções viróticas, bacterianas ou micóticas, 
parasitas etc. 
 
• A morte patológica da célula decorre de 
dano celular irreversível 
 
 morte celular por necrose 
 morte celular programada - apoptose 
 
 
 
Próxi
mas 
aulas 
 
• Relação entre o dano celular 
 reversível e irreversível 
MORTE - NECROSE 
A relação entre as células do miocárdio normal, adaptado, de 
forma reversível (hipertrófico), e a lesão irreversível (necrose 
coagulativa). 
Alterações morfológicas em lesão celular reversível e irreversível (necrose). A: rim normal 
túbulos com células epiteliais viáveis. B: lesão isquêmica reversível mostrando bolhas de 
superfície e edema das células ocasionais. C: lesão irreversível das células epiteliais, com 
perda de núcleos e a fragmentação de células e perda do conteúdo. 
MECANISMOS DA MORTE CELULAR 
 
Isquemia 
(interrupção do suprimento de sangue) 
 
Falta do oxigênio 
Falência da produção de ATP 
Falência das bombas de Na+ / K+ e Ca++ 
Aumento da permeabilidade da membrana celular ao Ca++ 
Aumento do Ca++ no citosol 
Ativação de fosfolipases intrínsecas da membrana celular 
(controladas pelo nível de Ca++) 
Hidrólise de fosfolípides das membranas 
Lesão irreversível das mitocôndrias por excesso de Ca++ 
Ruptura da membrana externa da célula 
 
• Resposta celular a isquemia 
 
O primeiro efeito da isquemia é a redução da fosforilação oxidativa nas 
mitocôndrias, porque o oxigênio é o aceptor final de elétrons na cadeia 
respiratória. A parada da cadeia respiratória paralisa a ATP sintetase 
interrompendo a produção de ATP. 
 
Com a falta de ATP interrompe o funcionamento da bomba de sódio da 
membrana plasmática causando entrada de sódio e água no citoplasma 
(alteração vacuolar). 
PARADA DA PRODUÇÃO DE ATP 
 
 
O íon Ca++ tem papel fundamental na homeostase celular. Como é 
usado como segundo mensageiro, sua concentração intracelular é 
rigidamente controlada e cerca de quatro ordens de grandeza (10.000 
vezes) inferior à concentração nos líquidos extracelulares. 
 
CÁLCIO COMO ATIVADOR DA MORTE CELULAR 
A membrana externa da célula funciona como 
barreira à difusão passiva, mas é indispensável o 
transporte ativo contínuo do Ca++ para fora da célula, o 
que é feito por ATPases. 
 
O retículo endoplasmático armazena Ca++ em 
compartimentos. Uma Ca++ ATPase constitui 90% da 
proteína de membrana desta organela. O Ca++ é 
liberado no citosol só em mínimas quantidades para 
mediar funções, como a contração muscular, e logo é 
bombeado novamente para dentro do RE. 
 
As mitocôndrias são também ávidas acumuladoras de 
Ca++. Normalmente, 90% do Ca++ intracelular está 
nas mitocôndrias na forma de fosfato de cálcio. 
 
 
Se a concentração de Ca++ no citosol aumenta, as 
mitocôndrias são capazes de acumular até 50 vezes 
mais Ca++ do que a quantidade normal. 
 
 
 
PAPEL DAS FOSFOLIPASES DE MEMBRANAS 
 
Uma das importantes consequências do aumento da 
concentração de Ca++ no citosol é a ativação 
de fosfolipases de membrana. 
 
Estas enzimas, que fazem a renovação dos fosfolípides 
das membranas, são controladas pela concentração de 
Ca++, e podem causar grande dano se ficam hiperativas. 
 
A degradação acelerada da membrana plasmática causa 
um grande aumento da permeabilidade ao Ca++ 
extracelular. 
 
 
 
O evento final é a ruptura da membrana celular. Há 
extravasamento de metabólitos importantes, inclusive 
enzimas, que podem ser detectadas no meio 
extracelular, como a creatina quinase no infarto do 
miocárdio. 
 
Há perda de DNA, RNA, proteínas e glicogênio. Ocorre 
também desnaturação, coagulação e insolubilização das 
proteínas celulares devido às condições anormais de pH. 
RUPTURA DA MEMBRANA PLASMÁTICA 
• Célula a dano letal ou sub-letal 
Quando ocorrem alterações celulares, na necrose, as 
mudanças morfológicas ocorrem, principalmente, nos 
núcleos, os quais apresentam alterações de volume e de 
coloração à microscopia óptica. Essas alterações são 
denominadas de picnose, cariorrexe e cariólise. 
CARACTERISTICAS MORFOLÓGICAS DA MORTE 
 
• 1) Picnose: Alteração 
degenerativa do núcleo da 
célula que apresenta um 
volume reduzido e torna-se 
hipercorada, tendo sua 
cromatina condensada. 
• A picnose é um processo que 
indica a necrose do tecido e, 
eventualmente, pode ocorrer a 
fragmentação do núcleo 
picnótico, 
 
• 2) Cariorrexe: a cromatina 
adquire uma distribuição 
irregular, podendo se 
acumular em grumos na 
membrana nuclear; há perda 
dos limites nucleares; 
• . 
 
•3) Cariólise ou 
cromatólise: há 
dissolução da cromatina 
e perda da coloração do 
núcleo, o qual 
desaparece 
completamente. 
 
o núcleo pode se fragmentar (D); em E, dissolução 
da cromatina e desaparecimento da estrutura 
nuclear. 
Célula com núcleo picnose 
Célula com núcleo normal 
Tipos de necrose 
 necrose coagulativa 
Necrose coagulativa: permanência das células necróticas 
no tecido como restos ‘fantasmas’. 
São removidos lentamente por fagocitose a partir da periferia 
da área necrótica. 
Num infarto com necrose coagulativa ocorre geralmente parada 
completa da circulação sangüínea nos capilares da área necrótica. 
Com isto não chegam neutrófilos nem macrófagos, que são células 
fagocitárias essenciais para a rápida ‘limpeza’ dos restos 
necróticos. As células mortas permanecem por longo tempo onde 
estavam. 
Infartos anêmicos do baço (exemplo de necrose 
coagulativa). O baço, sendo órgão sólido e de consistência 
firme, tende a ter necrose do tipo coagulativo. 
Os infartos são necrose de origem vascular, mais comumente 
por obstrução de um ramo arterial. Como o território de 
distribuição das artérias. 
http://anatpat.unicamp.br/pecasdeg19.html 
Infarto agudo do miocárdio (exemplo 
de necrose coagulativa). No coração, 
os infartos afetam mais a porção 
interna do miocárdio que a externa 
porque as artérias coronárias correm 
no epicárdio e vão dando ramos 
perfurantes ao longo de seu curso. 
Como o endocárdio é a porção mais 
distal do território, é mais vulnerável. 
Aqui há um infarto 
anêmico envolvendo o músculo 
papilar (cor mais pálida). 
Externamente a este há uma área 
mais escura, de hiperemia reativa ao 
infarto. Isto ocorre porque a área 
necrótica funciona como estímulo 
inflamatório, causando vasodilatação 
nos tecidos vizinhos. Uma 
consequência benéfica é que isto 
facilita a chegada de células 
fagocitárias, que participam na 
eliminação do produto necrótico. 
fibrose do miocárdio, caracterizada por fibras colágenas de tom rosa 
mais pálido que o dos miocardiócitos. A fibrose é um fenômeno de 
reparo a um infarto em que as fibras necróticas já foram totalmente 
eliminadas. Como no miocárdio não há regeneração, a lesão é 
substituída por tecido fibroso. 
 necrose caseosa 
Necrose caseosa. É um tipo especial de necrose 
coagulativa que se instala no meio da reação 
inflamatória provocada por certas doenças, 
principalmentea tuberculose. 
 
A área necrótica fica com aspecto macroscópico de 
queijo fresco (lembra mais queijo mineiro, ou 
ricota). Microscopicamente, o aspecto é róseo, 
finamente granuloso. 
Na necrose caseosa ocorre na reação inflamatória 
causada pelo bacilo de Koch, especialmente 
nos granulomas, que são agrupamentos de 
macrófagos modificados, denominados células 
epitelióides e células gigantes. 
Tuberculose pulmonar exsudativa com extensa necrose caseosa (um tipo 
especial de necrose coagulativa). É característica da tuberculose a necrose 
caseosa, uma lesão com aspecto semelhante a queijo mineiro ou ricota, que 
pode envolver extensas áreas, levando a destruição de alvéolos e grande 
redução da área arejada do pulmão. Neste caso há também antracose. 
pequenas manchas negras na superfície de corte, 
que correspondem à deposição de partículas de 
carbono da poluição atmosférica inaladas ao longo 
da vida. 
Material necrótico com calcificação - impregnação por sais de cálcio, 
que o material calcificado. 
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 cápsula fibrosa na periferia, constituída por colágeno e células 
inflamatórias crônicas, indica que o processo tuberculoso foi contido 
pelas defesas do organismo e está evoluindo para cura. 
Nódulo calcificado no 
ápice pulmonar, de 
origem tuberculosa 
(exemplo de calcificação, 
no caso em necrose 
caseosa). O pequeno 
nódulo esbranquiçado 
representa lesão 
tuberculosa que não 
progrediu. A necrose 
caseosa sofreu 
calcificação e encapsulou-
se. 
http://anatpat.unicamp.br/pecasdeg28.html 
Necrose caseosa. Um pulmão com tuberculose e com uma grande 
área de necrose caseosa. 
Tuberculose pulmonar curada com caverna apical e fibrose pulmonar e 
pleural. Além da lesão apical, houve extensa fibrose que afetou todo o 
parênquima pulmonar, resultando em retração. A fibrose atingiu também a 
pleura, causando aderência do diafragma e dos músculos intercostais. 
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 Grangrena 
Gangrena ou necrose gangrenosa é um tipo de necrose 
causada pela morte de um tecido por falta de irrigação 
sanguínea, e consequente falta de oxigênio (hipóxia). 
 
Ocorre principalmente nas extremidades do corpo como 
perna, pé, braço, mão, nariz ou orelhas. 
 
GANGRENA SECA. A área necrótica perde água para o 
ambiente, ficando seca, retraída e com aspecto mumificado. 
Fica também negra, por alteração da hemoglobina. 
 
 
GANGRENA ÚMIDA. Quando o tecido necrótico se 
contamina com bactérias saprófitas, que digerem o tecido, 
amolecendo-o, fala-se em gangrena úmida. Estas bactérias 
são geralmente anaeróbicas e produzem enzimas 
proteolíticas e fosfolipases. 
http://anatpat.unicamp.br/ 
 necrose liquefativa 
necrose liqüefativa - infarto cerebral - No infarto cerebral, ao contrário do 
miocárdio, não costuma haver parada completa, e sim uma redução 
acentuada da circulação, suficiente para matar os neurônios, mas que não 
impede a chegada de células sanguíneas ao local da lesão. 
 
Há rápido aparecimento de células fagocitárias (ou seja, macrófagos, 
neste caso também chamados de células grânulo-adiposas). Os 
macrófagos são em parte provenientes da micróglia, (e, portanto, já 
residentes no tecido); e em parte provêm de monócitos do sangue. 
 
Removem em poucos dias o material necrótico. Isto se traduz 
macroscopicamente pelo amolecimento do tecido necrótico, que fica 
transformado em papa, daí o nome necrose liqüefativa 
 
A necrose liquefativa é própria de tecidos ricos em lípides, como o cérebro 
e a supra-renal, mas não é bem claro o quanto isto contribui para a 
liquefação rápida da necrose. 
Infarto cerebral 
(exemplo de evolução 
de uma necrose 
liqüefativa). uma 
cavidade parcialmente 
preenchida por vasos 
e gliose, um tecido 
cicatricial próprio do 
sistema nervoso 
central. A região 
infartada retraiu, 
deixando aquele 
hemisfério menor que o 
contralateral normal. 
http://anatpat.unicamp.br/ 
Liquefactive necrosis. An infarct in the brain, showing dissolution of 
the tissue. 
http://anatpat.unicamp.br/ 
NECROSE no SN 
http://anatpat.unicamp.br/ 
Células grânulo-adiposas surgem na área de infarto em cerca de 24 horas. São 
macrófagos com citoplasma espumoso, que fagociatm restos necróticos. Sua origem 
é cerca de um terço na micróglia (pré-existente), e o restante em monócitos do 
sangue. Estão presentes tanto no córtex como na substância branca. 
http://anatpat.unicamp.br/ 
Substância branca necrótica com edema focal - Na substância branca, focos de 
edema são vistos como áreas mais claras. As células grânulo-adiposas, cujo 
citoplasma espumoso contém restos dos axônios mielínicos necróticos. O grande e 
rápido afluxo das células grânulo-adiposas à area necrótica é o elemento principal 
para a liqüefação da necrose. 
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