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Aula II Lei de Ohm, ddp, corrente elétrica e força eletromotriz Prof. Paulo Vitor de Morais E-mail: paulovitordmorais91@gmail.com 1 Potencial elétrico Energia potencial elétrica • Quando temos uma força que atua sobre uma partícula levando-a do ponto 𝑎 até o 𝑏, o trabalho realizado é: 𝑊𝑎→𝑏 = 𝑎 𝑏 𝐹. 𝑑𝑙 = 𝑎 𝑏 𝐹 cos𝜑 𝑑𝑙 (1) 𝑑𝑙 é o deslocamento infinitesimal ao longo da trajetória; 𝜑 é o ângulo entre 𝐹 e 𝑑𝑙 em cada ponto da trajetória; • Se 𝐹 é uma força conservativa podemos expressá-la em termos da energia potencial elétrica: 𝑊𝑎→𝑏 = 𝑈𝑎 − 𝑈𝑏 = − 𝑈𝑏 − 𝑈𝑎 = −∆𝑈 (2) Se 𝑈𝑎 > 𝑈𝑏, 𝑊𝑎→𝑏 será positivo; Se 𝑈𝑏 > 𝑈𝑎, 𝑊𝑎→𝑏 será negativo; 3 • Fazendo referência ao campo elétrico, temos: 4 Energia potencial elétrica para um campo elétrico uniforme • Imagine um par de placas metálicas paralelas carregadas, produzindo um campo elétrico uniforme orientado de cima para baixo; • O módulo 𝐸 do campo elétrico exerce sobre a partícula (pela Lei de Coulomb): 𝐹 = 𝑞0𝐸 (3) • Sendo 𝑑 a distância entre os pontos 𝑎 e 𝑏, e utilizando a equação 1 o trabalho realizado sobre a partícula e a energia potencial para a força elétrica serão: 𝑊𝑎→𝑏 = 𝐹𝑑 = 𝑞0𝐸𝑑 (4) 𝑈 = 𝑞0𝐸𝑑 (5) • Poderíamos abordar a energia potencial elétrica para uma ou diversas cargas puntiformes, mas esse não é o escopo da aula; 5 Como podemos definir potencial elétrico? • O potencial elétrico é definido como a energia potencial por unidade de carga; 𝑈 = 𝑞0𝐸𝑑 ⇒ 𝑈 = 𝑞0𝑉 ⇒ 𝑉 = 𝑈 𝑞0 (6) • A unidade no SI é Volt. Essa unidade é em homenagem ao Alessandro Volta (1745-1827), o qual foi pesquisador experimental de eletricidade; 1 𝑉 = 1 𝑣𝑜𝑙𝑡 = 1 𝐽 𝐶 = 1 𝑗𝑜𝑢𝑙𝑒 𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 • Se igualarmos o trabalho realizado por uma força elétrica sobre uma partícula do ponto 𝑎 ao ponto 𝑏 ao conceito de trabalho por unidade de carga, temos: 𝑊𝑎→𝑏 𝑞0 = − 𝑈𝑏 − 𝑈𝑎 𝑞0 (7) • Como 𝑉 = 𝑈 𝑞0 , temos: 𝑊𝑎→𝑏 𝑞0 = − 𝑉𝑏 − 𝑉𝑎 = 𝑉𝑎 − 𝑉𝑏 (8) • 𝑉𝑎 é o potencial no ponto 𝑎 e 𝑉𝑏 é o potencial no ponto 𝑏; 6 𝑊𝑎→𝑏 𝑞0 = − 𝑉𝑏 − 𝑉𝑎 = 𝑉𝑎 − 𝑉𝑏 (9) • 𝑉𝑎 é o potencial no ponto 𝑎 e 𝑉𝑏 é o potencial no ponto 𝑏; • O trabalho realizado nesse deslocamento da carga é igual ao potencial no ponto 𝑎 menos o potencial do ponto 𝑏; • Essa relação entre os potenciais dos pontos 𝑎 e 𝑏 é o que chamamos de diferença de potencial (ddp); • A equação 9 pode ser entendida como: o potencial de 𝑎 em relação a 𝑏 é igual ao trabalho realizado pela força elétrica quando uma carga unitária se desloca de 𝑎 até 𝑏; 7 Corrente elétrica • Uma corrente elétrica é qualquer movimento efetivo de cargas de uma região para outra; • Se não há nenhuma ddp aplicada em um metal, não há corrente; • Mas isso não quer dizer que os elétrons estejam parados; • Em metais com alta condutividade, como, cobre ou alumínio os elétrons podem se mover livremente. Mas esse é uma movimento caótico; • Em um movimento caótico não há um fluxo efetivo de cargas em nenhum direção fixa, logo não há corrente elétrica; • Se um campo elétrico estacionário e constante é estabelecido no interior de um condutor, temos que a partícula está submetida a: 𝐹 = 𝑞𝐸 (10) • Considerando esse sistema no vácuo, a partícula será acelerada na mesma direção da força 𝐹; 8 • Mas como é o movimento da partícula em um condutor quando há um campo elétrico sendo aplicado? (Olhe a figura ao lado); • Além do movimento caótico, há também uma velocidade de arraste (movimento muito lento) das partículas, devido a um grupo de cargas carregadas na direção da força elétrica; • A corrente resultante é composta pelo movimento caótico (𝑣𝑚 = 106 𝑚/𝑠) e pelo movimento de arraste (𝑣𝑎 = 10 −4 𝑚/𝑠); • Mas se a velocidade é “lenta”, por que quando ligamos algum eletroeletrônico na tomada ele começa a funcionar quase que instantaneamente? 9 Direção e sentido do fluxo da corrente • Grande parte do trabalho realizado pelo campo elétrico é usado para aquecer o condutor, e não para acelerar os elétrons; • A energia cinética resultante das partículas é transferida para o material do condutor por meio de colisões com os íons do condutor; • Essas colisões aumentam a vibração dos íons do condutor, o que aumenta a temperatura do mesmo; • Vamos sempre admitir um sentido convencional para a corrente elétrica; • Não importando se o fluxo de cargas é positivo ou negativo; 10 • Na análise de circuitos é irrelevante se o fluxo de cargas é positivo ou negativo; • Definimos a corrente através da área com secção reta 𝐴 como igual ao fluxo das cargas através da área por unidade de tempo (figura ao lado); 𝐼 = 𝑑𝑄 𝑑𝑡 (11) • A unidade no SI é ampère (𝐶/𝑠). Nome dado em homenagem ao cientista francês André Marie Ampère (1775-1836); • Também é muito utilizado o conceito de densidade de corrente; 𝐽 = 𝐼 𝐴 A m2 (12) 11 Resistividade • A densidade de corrente 𝐽 em um condutor depende do campo elétrico e das propriedades do material; • Para certos materiais, especialmente os metais, em um dada temperatura, essa dependência de 𝐽 e 𝐸 é quase diretamente proporcional; • Logo, a razão entre os módulos de 𝐸 e 𝐽 permanece constante; • Essa relação é conhecida como Lei de Ohm. Definida por Georg Simon Ohm (1787-1854); • A resistividade de um material é definida como: 𝜌 = 𝐸 𝐽 V m / A m2 = V A m (13) 12 𝜌 = 𝐸 𝐽 V m / A m2 = V A m 1 𝑉 𝐴 = 1 • Quanto maior o valor da resistividade, maior terá que ser o campo elétrico necessário para produzir um dada densidade de corrente; • O inverso da resistividade é a condutividade; • Um material que obedece razoavelmente à lei de Ohm é chamado de condutor ôhmico ou linear; • Para esses materiais 𝜌 é constante e não depende do valor de 𝐸; • Materiais que não obedecem à lei de Ohm são chamados de não-ôhmicos ou não-lineares; 13 Resistência • Para um condutor, temos: 𝐸 = 𝜌 𝐽 (14) • Para a lei de Ohm, 𝜌 é constante e não depende de 𝐸; • Para termos práticos, há o interesse de se trabalhar com: • Corrente 𝐼 ao invés de 𝐽; • Ddp ao invés de 𝐸; • Essas medidas são mais fáceis de serem estabelecidas; • Considere: • 𝑉 a diferença de potencial entre a extremidade com potencial maior e a de menor, logo 𝑉 é positivo. Podemos escrever 𝑉 = 𝐸. 𝐿 ou 𝐸 = 𝑉/𝐿; • 𝑈 = 𝑞0𝐸𝑑 5 ⇒ 𝑈 𝑞0 = 𝑉 ⇒ 𝑈 𝑞0 = 𝐸𝑑 ⇒ 𝑉 = 𝐸𝑑 • Supondo que os módulos da densidade de corrente e do campo elétrico sejam uniformes através do condutor, a corrente pode ser dada por 𝐼 = 𝐽. 𝐴 (12) ou 𝐽 = 𝐼/𝐴; • Temos: 𝐸 = 𝜌𝐽 (15) 𝑉 𝐿 = 𝜌𝐼 𝐴 ⇒ 𝑉 = 𝜌𝐿 𝐴 𝐼 (16) 14 • Por definição a resistência é: 𝑅 = 𝜌𝐿 𝐴 (17) • Diretamente proporcional ao comprimento do fio e inversamente proporcional à secção reta; • A resistência também é denominada pela razão: 𝑅 = 𝑉 𝐼 (18) • Para materiais ôhmicos, 𝑅 será constante; 15 Relato sobre a “invenção” do resistor • Artigo: L. N. Kryzhanovsky. The invention of the resistor, Centaurus, vol.32, 1989, pp. 336-339. • O termo resistir e a descrição de dispositivos com relação a esse termo foram encontrados em uma carta de Delaval com data de 15 de março de 1759. 16 Lei de Ohm • Essa lei estabelece que a corrente que atravessa um dispositivo é sempre diretamente proporcional à diferença de potencial aplicada ao dispositivo (figura da esquerda); • Entretanto, essa lei não se aplica a todos os casos pois existem os dispositivos não-ôhmicos (figura da direita); 17 • Um dispositivo obedece à Lei de Ohm se a resistência do mesmo não depende do valor absoluto e nem da polaridade da diferença de potencial aplicada; Trabalho a ser feito junto com o relatório: Por que alguns materiais obedecem à Lei de Ohm? Responda a pergunta com a explicação conceitual e cite a(s) referência(s); 18 Associação de resistores (dispositivos ôhmicos) Associação de resistores em série e em paralelo • Como a tensão secomporta quando ela passa pelos resistores 𝑅1 e 𝑅2? • Qual o comportamento da corrente ao passar pelas resistências? • Qual a relação entre seus valores nos pontos a, b e c? • Qual a relação entre os valores de tensão nos pontos a, b e c? 19 • Temos que: 𝑉1 ≠ 𝑉2 • Entretanto, a corrente é a mesma: 𝑖1 = 𝑖2 = 𝑖 • Logo, pela Lei de Ohm: 𝑉1 = 𝑅1𝑖1; 𝑉1 = 𝑅2𝑖2; 𝑉𝑡 = 𝑉1 + 𝑉2 𝑅𝑒𝑞𝑖 = 𝑅1𝑖1 + 𝑅2𝑖2 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 (19) 20 Medidas de tensão em circuitos em série e em paralelo • Como a tensão se comporta quando ela passa pelos resistores 𝑅1 e 𝑅2; • Qual a relação entre os valores de tensão nos pontos a e b? • Qual o comportamento da corrente ao passar pelas resistências? • Qual a relação entre seus valores nos pontos a, b? 21 𝑉1 = 𝑉2 = 𝑉 𝑖𝑎 ≠ 𝑖𝑏 𝑉1 = 𝑅1𝑖1; 𝑉2 = 𝑅2𝑖2 𝑖𝑡 = 𝑖1 + 𝑖2 𝑖1 = 𝑉1 𝑅1 ; 𝑖2 = 𝑉2 𝑅2 𝑉 𝑅𝑒𝑞 = 𝑉1 𝑅1 + 𝑉2 𝑅2 1 𝑅𝑒𝑞 = 1 𝑅1 + 1 𝑅2 (20) 22 Potência em circuitos elétricos • A quantidade de carga que atravessa um circuito em um intervalo de tempo é dado por: 𝑖 𝑑𝑡; • Para o circuito fechado, temos que a energia potencial da carga 𝑑𝑞 diminui este valor é dado por: 𝑑𝑈 = 𝑑𝑞 𝑉 = 𝑖 𝑑𝑡 𝑉 ⇒ 𝑑𝑈 𝑑𝑡 = 𝑖𝑉 (21) • Essa redução da energia potencial elétrica deve ser acompanhada por uma conservação de energia. Assim a energia potencial elétrica se transforma em alguma outra; • A potência associada a essa conversão é a taxa de transferência de energia 𝑑𝑈/𝑑𝑡. Assim, pela equação 21 chegamos que: 𝑑𝑈 𝑑𝑡 = 𝑃 = 𝑖 𝑉 (22) • 𝑃 é a taxa com a qual a energia é transferida da bateria para o componente (algum dispositivo); 23 • A unidade de potência é dada por: 1 𝑉. 𝐴 = 1 𝐽 𝐶 1 𝐶 𝑠 = 1 𝐽 𝑠 = 1𝑊 • Para o caso do componente ser um resistor*: 𝑉 = 𝑅 𝑖; 𝑃 = 𝑖 𝑉 = 𝑖2 𝑅 (22) Ou 𝑖 = 𝑉 𝑅 ; 𝑃 = 𝑖 𝑉 = 𝑉2 𝑅 (23) 24 Força eletromotriz e circuitos Força eletromotriz • É o agente que faz a corrente fluir do potencial mais baixo para o mais elevado; • Atenção: a 𝑓𝑒𝑚 não é uma força, logo esse termo não é o mais adequado; • A 𝑓𝑒𝑚 é uma grandeza com dimensão de energia por unidade de carga (𝐽/𝐶); • O trabalho feito por um fonte pode ser representado por (figura ao lado): • Se o circuito for aberto 𝐹𝑛 = 𝐹𝑒, assim não há movimento resultante das cargas; 25 • 𝑓𝑒𝑚 e ddp são conceitos diferentes; • 𝑓𝑒𝑚: trabalho não-eletrostático (relacionado com processo interno da fonte) por unidade de carga; • Ddp: diferença de potencial elétrico entre dois pontos, ou, trabalho eletrostático por unidade de carga; • Se a fonte for ideal, temos que: 𝑉𝑎𝑏 = 𝜀 • Para um circuito fechado, temos: 𝑉𝑎𝑏 = 𝜀 = 𝐼𝑅 26 Resistência interna de uma fonte • A ddp entre os terminais de uma fonte real não é igual a 𝑓𝑒𝑚; • Isso devido à resistência interna da fonte, designada pela letra 𝑟; • Se essa resistência obedece à lei de Ohm, teremos: 𝑉𝑎𝑏 = 𝜀 − 𝐼𝑟 • A corrente sofre uma queda de potencial igual a 𝐼𝑟; • Logo, 𝜀 > 𝑉𝑎𝑏; 27 Variações de potenciais em torno de um circuito • A variação total de potencial em um circuito completo é igual a zero; 𝜀 − 𝐼𝑅 − 𝐼𝑟 = 0 28
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