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HAM III 3° PERÍODO Habilidades e atitudes médicas ANAMNESE CONCEITOS E OBJETIVOS DE UMA ANAMNESE • Anamnese (do grego aná –trazer de novo + mnesis –memória) significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente. • A anamnese, se bem feita, culmina em decisões diagnósticas e terapêuticas corretas; se malfeita, em contrapartida, desencadeia uma série de consequências negativas, as quais não podem ser compensadas com a realização de exames complementares, por mais sofisticados que sejam. ANAMNESE TRADICIONAL Identificação: Permite a obtenção do perfil sociodemográfico que possibilita a interpretação dos dados individuais e coletivos. Deve ser preenchido com o nome completo do paciente, nome completo da mãe, nome do responsável/cuidador/acompanhante, idade, sexo, cor, religião, naturalidade, residência, procedência (residência anterior do paciente), estado civil, profissão, local de trabalho e filiações a órgãos/instituições previdenciárias/plano de saúde. • Observação: Os itens ocupação atual e ocupações anteriores estão presentes no preenchimento dos hábitos de vida. Queixa principal e duração É o motivo da consulta. Sintomas ou problemas que motivaram o paciente a procurar ajuda. É uma afirmação breve e espontânea, geralmente um sinal ou um sintoma, nas próprias palavras da pessoa que expressa o motivo da consulta. • Observação: Pode ser uma anotação entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas do paciente. História da Doença atual (HDA) É um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o seu início até a data atual. • Observação 1: Utilizar a linguagem méd ica .Usar o t e r mo (S IC-Segundo informação colhida) quando não conseguir traduzir o termo utilizado pelo paciente para a linguagem médica. • Observação 2: Normalmente usa-se um sintoma guia, em que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão, com suas características e analise minuciosamente. Interrogatório sintomatológico Documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. Avaliação detalhada dos sintomas de cada sistema corporal (crânio-caudal). Importante para complementar a HDA. • Observação: A principal utilidade prática do interrogatório sintomatológico reside no fato de permitir ao médico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado na HDA. • Ex 1: o relato de um paciente conduziu ao diagnóstico de gastrite e, no IS, houve referência a edema dos membros inferiores. Esse sintoma pode despertar uma nova hipótese diagnóstica que vai culminar no encontro de uma cirrose. • Ex 2: Paciente relata uma impotência sexual na HDA. Ao ser feita a revisão dos sistemas, vieram à tona os sintomas polidipsia, poliúria e emagrecimento, queixas às quais o paciente não havia dado importância. No entanto, a partir delas o médico levantou a suspeita da enfermidade principal daquele paciente – o diabetes mellitus. Maria Vitória de Sousa Santos Antecedentes pessoais Considera-se a avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais que influenciam no seu processo saúde- doença. Refere-se a antecedentes fisiológicos e patológicos, a exemplo condições de nascimento, condições de desenvolvimento psicomotor e neural, menarca, sexarca, internações, cirurgias, alergias, doenças crônicas, transfusões sanguíneas, medicamentos em uso e etc. • Observação: Importante saber todos os medicamentos tomados pelo paciente, a fim de evitar a chamada interação medicamentosa. • Interações medicamentosas: É um evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. Constitui causa comum de efeitos adversos. Antecedentes familiares Análise de antecedentes familiares patológicos da descendência mais próxima do paciente, a exemplo pai, mãe, irmãos, tios e avós. • Observação: Levar em consideração a idade do familiar. • Ex: Pai que infartou aos 40 anos (+ relevante) e Pai que infartou aos 80 anos (- relevante). Hábitos e estilo de vida Este item, muito amplo e heterogêneo, documenta hábitos e estilo de vida do paciente e está desdobrado nos seguintes tópicos: alimentação; ocupação atual e ocupações anteriores; atividades físicas; hábitos (uso de tabaco, bebidas alcoólicas, anabolizantes e drogas ilícitas). Condições socioeconômicas e culturais As condições socioeconômicas e culturais avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação religiosa e crenças espirituais do paciente, bem como condições de moradia e grau de escolaridade. • Este item está desdobrado em: Habitação, condições socioeconômicas, condições culturais, vida conjugal e relacionamento familiar. Esquema para análise de um sintoma • Início • Características do sintoma • Fatores de melhora ou piora • Relação com outras queixas • Evolução • Situação atual EXAME FÍSICO Sinais vitais Mede-se a temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória e pressão arterial. Exame dos diferentes sistemas • Inspeção: É a exploração feita a partir do sentido da visão. Investiam-se a superfície corporal e as partes mais acessíveis das cavidades em contato com o exterior. A inspeção começa no momento em que se entra em contato com o paciente, realizando-se uma “inspeção inicial”. • Palpação: A palpação recolhe dados por meio do tato e da pressão. O tato fornece impressões sobre a parte mais superficial, e a pressão, sobre as mais profundas. Pela palpação percebem-se modificações de textura, temperatura, umidade, espessura, consistência, sensibilidade, volume, dureza, além da percepção de frêmito, elasticidade, reconhecimento de flutuação, crepitações, vibração, pulsação e verificação da existência de edema e vários outros fenômenos. • Percussão: A percussão baseia-se no seguinte princípio: ao se golpear um ponto qualquer do cor po, or ig inam-se v ibrações que têm características próprias quanto a intensidade, timbre e tonalidade, dependendo da estrutura anatômica percutida. Deve-se observar não apenas o som obtido, mas também a resistência oferecida pela região golpeada. - Tipos de som obtidos na percussão: - Som maciço: É o que se obtém ao percutir regiões desprovidas de ar (na coxa, no nível do fígado, do coração e do baço). - Som submaciço: Constitui uma variação do som maciço. A existência de ar em q u a n t i d a d e r e s t r i t a l h e c o n c e d e características peculiares. - Som timpânico: É o que se consegue percutindo sobre os intestinos ou no espaço de Traube (fundo do estômago) ou qualquer área que contenha ar, recoberta por uma membrana flexível. - Som claro pulmonar: É o que se obtém quando se golpeia o tórax normal. Depende da existência de ar dentro dos alvéolos e demais estruturas pulmonares. • Ausculta: A auscultação é executada com a finalidade de examinar o sistema circulatório e sistema respiratório (sons do coração e sons da respiração), como também o sistema de gastro-intestinal (sons do intestino). Exames complementares Exames já trazidos pelo paciente. Hipótese diagnóstica Registrar quais são as principais hipóteses diagnósticas de acordo com o exame clínico realizado (anamnese + exame físico). São a conclusão da consulta, bem como irão guiar a conduta a ser utilizada. Investigam-se Maria Vitória de Sousa Santos Conduta • Há necessidade de exames complementares? • Há necessidade de tratamento no momento? • Há necessidade de encaminhamento? • Quando você quer ver o paciente novamente? MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA (MCCP) O foco deixou de ser a doença e passou a ser o paciente. Acolhimento • Chamar o(a) paciente pelo nome; • Apresentar-se, dizendo suafunção/papel no cenário clínico e nesta consulta; • Garantir uma acomodação adequada da pessoa no ambiente; • Identificar e cumprimentar acompanhantes; • No caso de estudantes, perguntar pelo consentimento do paciente em ser atendido por estudante(s) e apresentar a forma como se dará a supervisão do atendimento. Identificação • Conferir apenas nome completo e idade do paciente; • Confirmar como o paciente deseja ser chamado(a); • Ratificar a concordância do paciente com a presença de acompanhantes durante a consulta. Pergunta propiciatória • "Em que posso lhe ajudar hoje?" • "O que lhe fez procurar esse serviço hoje? • "Me conta: o que lhe traz aqui hoje?" Fala livre da pessoa • Não interromper; • Utilizar técnicas não verbais de estímulo à fala do paciente; • Mobilização afirmativa da cabeça, rosto e olhar e tronco voltados para o paciente. Sumarização dos problemas trazidos pela pessoa • "Então, veja se eu entendi bem. Você nos procurou hoje por/para…(usar as palavras do paciente para enumerar e descrever os problemas). Pactuar agenda • Definir o que vai ser abordado na consulta, de preferência, até dois problemas. • Priorizar de acordo com o que é mais importante para o paciente, vendo o que é mais importante do ponto de vista médico. Explorar a experiência da doença • Conte-me mais sobre... (citar o problema pactuado na agenda, de preferência com as palavras do paciente" • "Como é esse/essa...?." • "Como isso começou? • Como tem sido/tem estado nos últimos dias? • Exploração dirigida dos componentes psicossociais do adoecimento: - “O que você acha que pode ter causado isso?" - "Algo aconteceu com você, na sua vida, que você acha que tem a ver/pode ter causado esse problema?" • Preocupações (P) - "Tem algo nesse problema que está te preocupando mais?"" - “Se está acontecendo desde ..., o que te fez buscar ajuda médica hoje?” • Funcionalidade (F) - "Como isso vem te atrapalhando no seu dia a dia?" • Expectativa (E) - "É como você espera que eu possa te ajudar hoje quanto a esse problema?” • Sentimentos e afetos (S) - "Como você se sente em relação a esse problema?" - "Como ele tem te afetado?" - "Como tem mexido com você?” Sumarização Resumo do que foi relatado pelo paciente até aqui sobre a experiência de adoecimento, confirmando um entendimento adequado do(s) problema(s). Histórico detalhado do problema pactuado Explorar os sete atributos do sintoma: 1. Localização do sintoma, incluindo irradiação, se for o caso. 2. Cronologia (“quando começou?, de lá pra cá, com que a frequência em que dias e horários tem se manifestado”). 3. Tipo ⁄ qualidade. 4. Intensidade. 5. Fatores de piora e de melhora. 6. Sintomas associados. 7. Tratamentos já experimentados. Histórico pregresso de problemas de saúde • Você está em tratamento para algum outro problema de saúde? • Que outros problemas de saúde você teve/tratou? • Faz ou já fez uso regular prolongado de algum medicamento? • Tem diabetes ou hipertensão? • Já teve algum problema do coração ou derrame/"AVC"? • Se mulher e de acordo com faixa etária específica, perguntar pela data da última menstruação e, oportunamente, levantar a regularidade de rastreamento de câncer de mama e câncer de colo uterino. Maria Vitória de Sousa Santos ← → Primeiro mapeamento fami l iar, social e ocupacional oportuno • Com quem mais você mora? • Como estão as coisas em casa? • Você tem ou já teve alguma ocupação regular de trabalho e/ou estuda? • Como está caminhando o estudo e o trabalho? • Você participa de alguma atividade social regularmente: religião, esporte, grupo social, comunitário ou cultural? • Seus pais e irmãos têm algum problema de saúde? fazem algum tipo de tratamento? • Há alguma doença importante na sua família? Rastreamento oportuno de comportamentos potencialmente prejudiciais à saúde • Você fuma? • Você bebe/faz uso de bebidas alcóolicas? • Você é ou foi sexualmente ativo/tem ou teve em algum momento relações sexuais? • Usa ou usou sempre preservativo nas relações? • Faz uso de algum outro método contraceptivo ou para evitar doenças sexualmente transmissíveis? Se não, por qual motivo? PRONTUÁRIO ORIENTADO POR PROBLEMAS E EVIDÊNCIAS (S.O.A.P) Subjetivo • Registro das informações baseadas na experiência da pessoa que está sendo atendida. • Podemos anotar a lém das queixas, os sentimentos. • Motivo do atendimento, anamnese, problema (s) apresentado(s). Objetivo • Informações aferidas do ponto de vista médico. • Dados do exame físico e ⁄ ou resultados dos exames complementares. Avaliação • Análise dos principais dados evidenciados e suas correlações com o conhecimento médico, testes. Hipóteses diagnósticas. • Neste método de registro, incluímos problemas evidenciados na consulta relacionando-os com sua resolução ou não (diabetes descompensada, hipertensão arterial controlada, etc). Plano de ação A proposta terapêutica elaborada pelo médico. • Ex: medicações, solicitações de exames, encaminhamentos, orientações. Maria Vitória de Sousa Santos Maria Vitória de Sousa Santos PROTOCOLO SPIKES • Nos deparamos com a morte e com as enfermidades diversas vezes e precisamos saber como dar notícias ruins aos pacientes e aos familiares. Entretanto, nem sempre, falamos sobre esse assunto na faculdade e, por vezes, ficamos perdidos diante dessas situações. • Nesse contexto, embora não exista uma fórmula mágica, foi criado um protocolo para ajudar os médicos a lidar com essas situações. • O protocolo (SPIKES) consiste em seis etapas e a intenção é habilitar o médico a preencher os 4 objetivos mais importantes durante a transmissão de más notícias: 1. Recolher informações dos pacientes; 2. Transmitir as informações médicas; 3. Proporcionar suporte ao paciente; 4. I n d u z i r a s u a c o l a b o r a ç ã o n o desenvolvimento de uma estratégia ou plano de tratamento para o futuro. Etapa 1 – S (setting up the interview) S (setting up the interview): Planejar/ensaiar a conversa mentalmente já que é uma situação de estresse. Escolha um local que possibilite alguma privacidade; envolva pessoas importantes para o paciente, se for da sua escolha, como por exemplo os familiares; procure sentar-se (isso relaxa um pouco o paciente e demonstra que você não está com pressa) e mantenha contado com o paciente caso seja confortável para ele (contado visual, pegar no braço no paciente, como forma de acolhimento) Etapa 2 – P (Perception) P (Perception): Avaliar a percepção do paciente. Antes de falar sobre a doença, pergunte ao paciente o que já foi dito para ele sobre sua condição e quais as suas expectativas. Assim, você consegue entender o que se passa na cabeça do seu paciente, corrigir possíveis ideias incorretas e moldar a notícia para a compreensão do mesmo. Etapa 3 – I (Invitation) I (Invitation): Obtendo o convite do paciente. Quando o paciente explicita a vontade de saber sobre tudo, o médico recebe o cartão verde para falar sobre a verdadeira condição do paciente. Entretanto, quando o paciente não deixa clara a sua vontade de saber toda a informação ou não quer saber, é válido que o médico questione ao paciente o que ele quer saber sobre a sua doença e sobre o resultado dos seus exames. Se o paciente não quer saber dos detalhes, se ofereça para responder a qualquer pergunta no futuro ou para falar com um parente ou amigo. Etapa 4 – K (Knowledge) K (Knowledge): Dando Conhecimento e Informação ao Paciente. Avisar ao paciente que você tem más notícias pode diminuir o choque da transmissão dessas notícias e pode facilitar o processamento da informação. Informe ao paciente sua condição usando um vocabulário que facilite sua compressão e demonstre compaixão (evitar termos técnicos). Passe as informações aos poucos e vá avaliando o grau de entendimento do paciente. Etapa 5 – E (Emotions) E (Emotions): Abordaras Emoções dos Pacientes com Respostas Afetivas. Demonstre compaixão e responda as emoções do paciente. Quando os pacientes ouvem más notícias a reação emocional mais frequente é uma expressão de choque, isolamento e dor. Nesta situação o médico pode oferecer apoio e solidariedade com uma resposta afetiva. O objetivo é abordar as emoções que o paciente terá. 1. Nomear o que o paciente está sentindo. 2. Compreender a situação e a emoção, validar aquilo que já foi dito, então perguntar: “o que você entende sobre tudo isso?” 3. Demonstrar respeito ao que a pessoa está sentindo, não necessariamente verbalizar, mas demonstrar esse respeito. 4. Demonstrar apoio e conversar sobre estratégias de enfrentamento, quais podem ser os próximos passos. 5. Focar no que o receptor quer saber, se ele quer saber mais. Explorar o que fazer a seguir. Etapa 6 – S (Strategy e Summary) S (Strategy e Summary): Estratégia e Resumo. Caso o paciente queira e esteja preparado, apresente as opções de tratamento e compartilhe a responsabilidade das tomadas de decisões. Para dar más notícias, devemos sempre entender o paciente, demonstrar compaixão e usar uma comunicação acessível. Caso ele queira, seja claro ao falar do prognóstico, mas tenha em mente que sempre temos algo para fazer por ele, mesmo que não seja a cura. Em situações onde não há tratamento curativo, devemos oferecer conforto ao paciente e deixar isso claro para ele. . Maria Vitória de Sousa Santos < Maria Vitória de Sousa Santos ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR INTRODUÇÃO • A Estratificação do Risco Cardiovascular (RVC) é fundamental para reconhecer as pessoas e classificar o risco/vulnerabilidade a partir de suas necessidades, possibilitando a organização das ações individuais e coletivas que a equipe de saúde pode oferecer. • Entende-se que a DCV é uma condição multifatorial que é influenciada por diversos fatores de risco (FR), sendo um deles o aumento da PA, isto é, quanto maior o número de FR, maior o risco de DCV. • A classificação do risco CV é dependente dos níveis da PA, dos fatores de risco cardiovascular (FRCV) associados e da presença de lesões em órgãos-alvo (LOA), isto é, lesões funcionais e/ou estruturais originadas da hipertensão arterial em vasos, coração, rins, cérebro e retina, além de já existentes doenças cardiovasculares ou doença renal. FATORES DE RISCO Não modificáveis: 1. História familiar 2. Sexo 3. Idade avançada>60 anos 4. Etnia afrodescendente 5. Fatores genéticos Modificáveis: 1. Tabagismo 2. Dislipidemia 3. Diabetes 4. Sedentarismo 5. Hipertensão 6. Sobrepeso e obesidade AVALIAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL A estratificação de risco CV global pode ser definida como a determinação do risco global de um indivíduo entre 30 e 34 anos de desenvolver DCV, aproximadamente, nos próximos 10 anos, sendo que não é específica para pacientes com HA. Além disso, a HA é um dos FRCV com maior influência relativa, estando presente em todos os cálculos de avaliação do risco cardiovascular global, porém, para que o risco CV seja diminuído efetivamente, é necessário considerar o conjunto todo de elementos que influenciam o indivíduo hipertenso. DIETAS PARA REDUÇÃO DO RISCO CV • Consumo de frutas, verduras, legumes, peixes e gorduras ricas em ácidos graxos mono e polinsaturados, grãos integrais. • Redução da ingestão de gordura saturada, carne vermelha, alimentos processados e embutidos. SEDENTARISMO • Fator de risco mais prevalente; • Atividade regular: 30 minutos por dia por pelo menos 5 vezes por semana; • Recomendação: 150 minutos por semana; - Benefícios: 1. Elevação do HDL; 2. Redução da PA e perca de peso; 3. Redução da resistência insulínica. polisaturados Maria Vitória de Sousa Santos HIPERTENSÃO ARTERIAL É uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA) ≥ 140 x 90 mmHg. FATORES DE RISCO PARA A HAS Entre os fatores de risco, destacam-se: genéticos; biológicos, que inclui idade, sexo e raça; ambientais e estilo de vida, que incluem sobrepeso e obesidade, consumo dietético excessivo de sódio e inadequado de potássio, dieta não saudável, atividade física insuficiente e consumo de álcool e apneia obstrutiva do sono. CLASSIFICAÇÃO DA HAS ETAPAS PARA A AFERIÇÃO DE PA MEDIDA DE PRESSÃO ARTERIAL NO CONSULTÓRIO VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MEDIDA DE PA FORA DO CONSULTÓRIO MAPA: Monitorização Ambulatorial da PA. MRPA: Monitorização Residencial da PA. CLASSIFICAÇÃO DA HAS NO CONSULTÓRIO-MAPA- MRPA HA DO JALECO BRANCO E MASCARADA No diagnóstico da HA, são possíveis vários fenótipos. Define-se a normotensão verdadeira (NV) como as medidas da PA no consultório e fora do consultório normais, a HA sustentada (HS) quando ambas são anormais, a HAB quando a PA é elevada no consultório, mas é normal fora dele, e HM quando a PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele. DIAGNÓSTICO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL • Fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e doenças associadas devem ser levados em consideração. • Os objetivos da investigação clinico-laboratorial são confirmar a elevação da PA e firmar o diagnóstico de hipertensão, identificar os fatores de risco para doença cardiovascular, diagnosticar doenças associadas à hipertensão, estratificar o risco cardiovascular do paciente e diagnosticar A hipertensão secundária. • São necessários: realização da medição da pressão arterial no consultório e/ou fora dele, história clínica (pessoal e familiar), exame físico, avaliação laboratorial inicial. Maria Vitória de Sousa Santos • A avaliação complementar está indicada quando há indícios de doenças associadas, lesões em órgãos-alvo, doença cardiovascular e três ou mais fatores de risco para doença cardiovascular. HISTÓRIA CLINICA A avaliação clínica do paciente hipertenso deve ser feita seguindo-se o método tradicional, constituído por anamnese, exame físico e laboratorial. Dados relevantes da história clínica: 1. Identificação: gênero, idade, cor da pele, profissão e condição socioeconômica. 2. História atual: duração conhecida da hipertensão arterial, níveis de pressão de consultório e domiciliar, adesão e reações adversas aos tratamentos prévios. 3. Sintomas de doença arterial coronária, sinais ou sintomas sugestivos de insuficiência cardíaca, doença vascular encefál ica, insuficiência vascular de extremidades, doença renal, diabetes mellitus, indícios de hipertensão secundária. 4. Fa t o r e s d e r i s c o m o d i fi c á v e i s : dis l ipidemias, tabagismo, sobrepeso e obesidade, sedentarismo, etilismo e hábitos alimentares pouco saudáveis. 5. Avaliação dietética, incluindo consumo de sal, bebidas alcoólicas, gordura saturada e cafeína e ingestão de fibras, frutas e verduras. 6. Consumo preg resso ou atual de medicamentos ou drogas que podem elevar a PA ou interferir em seu tratamento. 7. Grau de atividade física 8. História atual ou pregressa de gota, doença arterial coronária, insuficiência cardíaca, pré-eclâmpsia/eclâmpsia, doença renal, doença pulmonar obstrutiva crônica, disfunção sexual e apneia do sono. 9. Perfil psicossocial: fatores ambientais e psicossociais, sintomas de depressão, ansiedade e pânico, situação familiar, condições de trabalho e grau de escolaridade. 10. História familiar de diabetes mellitus, dislipidemias, doença renal, acidente vascular encefálico, doença arterial coronária prematura ou morte súbita prematura em familiares próximos (homens < 55 anos e mulheres < 65 anos). EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO LABORATORIAL A avaliação laboratorial básica deve fazer parte da rotina inicial de todo paciente hipertenso. São recomendadas: dosagem sérica de potássio, ácido úrico, creatinina, glicemia e perfil lipídico; e realização de um exame sumário de urina e de eletrocardiograma, para possível detecção de hipertrofia ventricularesquerda. EXAMES COMPLEMENTARES A avaliação complementar tem como objetivo detectar lesões clínicas ou subclínicas em órgãos- alvo, no sentido de melhor estratificar o risco cardiovascular (CV). CONSEQUÊNCIAS DA HA Maria Vitória de Sousa Santos DOR PRECORDIAL • A angina refere-se àquela sensação de peso, dor ou aperto no peito que acontece quando há diminuição do fluxo de sangue nas artérias, responsáveis por levar oxigênio ao coração – tal situação é conhecida como isquemia cardíaca. • Porém, diferente da angina, a dor precordial é aquela dor no peito, na região do coração que pode ou não ter relação com problemas cardíacos – visto que pode ocorrer por excesso de gases ou mudança repentina de postura, por exemplo. A dor precordial pode ser dividia em: 1. Dor típica: é caracterizada por angina ou infarto do miocárdio, semelhante a um aperto ou opressão no peito. Normalmente, o incômodo dura mais de 10 minutos e pode irradiar para outras partes do corpo, como o pescoço, ombros, braço esquerdo e, às vezes, para o braço direito, apontando para problemas como angina e infarto, por exemplo. 2. Dor atípica: aponta para uma causa diferente de angina ou infarto, excluído sintomas associados a estes problemas. Tosse, febre, queimação ou azia podem acompanhar este tipo de dor. A duração dos sintomas é em torno de segundos ou minutos, melhorando com o uso de medicamentos. QUALIDADE DA DOR Apresenta como sensação de peso, opressão, queimação, pontada, "rasgante", em facada etc. • Dor anginosa cardíaca • Opressiva ou em peso • Aneurisma dissecante de aorta- dor "que rasga por dentro" • Calculose biliar- Dor "em cólica". INTENSIDADE DA DOR Muito variável, em acordo com a etiologia e a sensibilidade individual do paciente. • Diabetes Melitus- pode haver ausência ou menor intensidade da dor- Desnervação secundária a esta entidade (diminuição da sensibilidade). • Graduar sua dor em uma escala numérica- o (zero) a ausência de dor e 10 (dez) a maior intensidade já sentida. MODO DE APARECIMENTO DA DOR Pós-trauma, atividade física intensa ou em posição não habitual - sugere fortemente origem musculoesquelética. LOCALIZAÇÃO DA DOR Dores de origem cardíaca- mais frequentes na região precordial, mas podem ser epigástricas, torácicas posteriores e retroesternais. • Dores de origem pulmonar podem manifestar-se em qualquer porção da caixa torácica. • Em geral, dores localizadas não são de etiológica cardíaca, mas, sim, pleural ou muscular. IRRADIAÇÃO DA DOR • Dor anginosa pode se irradiar para ambos os braços, mandíbula, garganta, pescoço ou ombros. • Dissecção aguda de aorta, a irradiação mais usual é para a região interescapular • Pericardite aguda, pode haver irradiação para um ou ambos os trapézios. INÍCIO E DURAÇÃO DA DOR • Dores originadas por pneumotórax ou por lacerações vasculares- início súbito e já com a máxima intensidade. • Dor torácica isquêmica - início pode ser gradual, com incremento em intensidade, duram alguns minutos, • Dores musculares podem durar semanas antes do busca auxílio médico. FATORES DESENCADEANTES • Dores desencadeadas por alimentação- etiologias gastrintestinais ou biliar. • Dor induzida por exercício- sintoma clássico anginoso, podendo também ser dores secundárias a espasmo esofágico. • A dor secundária à isquemia - pode ainda estar relacionada com situações de estresse emocional, refeições copiosas ou mesmo atividades sexuais. • Dor que piora com a deglutição, em geral, é esofágica. • Dor pleurítica é exacerbada pela respiração, embora isso também ocorra na dor de origem musculoesquelética. FATORES DE PIORA • Palpação do local da dor com acentuação do sintoma sugere etiologia local, muscular, óssea ou cartilaginosa. • Atividade física como fator de piora ocorre nos quadros anginosos vinculados ao acometimento coronariano isquêmico. • Determinadas posições do corpo que acentuem a dor podem sugerir principalmente etiologia muscular ou esquelética. FATORES DE ALÍVIO • Uso de antiácidos ou com alimentação-em algumas dores de origem gastresofágica. • Uso de nitratos- podem ser de etiologia coronariana • Posição antálgica de inclinação anterior do tórax, estando o paciente ajoelhado ou sentado, alivia a dor da pericardite aguda. SINTOMAS ASSOCIADOS • Náuseas, vômitos e sudorese, geralmente, estão associados à dor anginosa nas síndromes coronarianas agudas. Maria Vitória de Sousa Santos • A ocorrência de outros sintomas deve ser pesquisada, como tosse, dispneia, síncope, palpitações, sintomas de ansiedade e alterações no nível de consciência. CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO DE DOR • Angina de peito-deve apresentar características para ser considerada típica: localização retroesternal, ser desencadeada por esforço e ser aliviada pelo repouso ou uso de nitratos. CARACTERÍSTICAS DA DOR NO PEITO DE QUE SUGEREM ISQUEMIA CARDÍACA 1. Sente mais um peso ou uma forte sensação de aperto no peito do que uma propriamente uma dor (é muito comum o paciente descrever a dor encostando o punho fechado em frente ao peito, para mostrar que a dor é em aperto) 2. Ser desencadeado por esforço físico ou estresse emocional. 3. Ser uma dor difusa no lado esquerdo e centro do tórax, frequentemente com irradiação para braço esquerdo, costas e/ou pescoço. 4. Vir acompanhada de suores, falta de ar, palidez ou hipotensão 5. Vir acompanhada de palpitações. 6. Ser uma dor que dura vários minutos. 7. Ser uma dor que não cede aos analgésicos comuns. 8. Um sinal de extrema gravidade, e que fala a favor de doença cardíaca, é a perda de consciência após o início da dor torácica Sinal de Levine Maria Vitória de Sousa Santos INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONCEITO É a incapacidade do coração de bombear sangue em quantidade e pressão necessárias para a perfusão dos órgãos. A ICC surge quando o coração não consegue produzir débito suficiente para satisfazer as demandas metabólicas dos tecidos ou apenas consegue satisfazê-las sob pressões de enchimento superiores às normais. TIPOS Pode ser considerada sistólica, quando existe déficit de contração e/ou diastólica, na presença de alteração de relaxamento das câmaras cardíacas, além disso, pode acometer os ventrículos esquerdo e/ou direito. CAUSAS • A insuficiência cardíaca é considerada a via final comum das agressões sobre o coração e neste contexto, os fatores de risco cardiovasculares estão diretamente relacionados quer seja de forma independente, como a hipertensão arterial ou em conjunto (diabetes, hipertensão arterial, tabagi smo, d i s l ip idemia, sedentar i smo) culminando no desenvolvimento da doença arterial coronariana que pode levar ao infarto agudo do miocárdio ou diminuição da performance do coração por déficit crônico de perfusão do músculo cardíaco. • Outras causas incluem doenças que acometem as v á l v u l a s c a r d í a c a s ( d e g e n e r a t i v a s o u inflamatórias, como a doença reumática), doenças congênitas, etilismo, doenças genéticas, auto-imunes, inflamatórias (periparto), por toxicidade (tratamento de câncer, anorexígenos e simpatomiméticos) e também infecciosas (mais comumente virais ou mediada por parasitas, como o Trypanossoma cruzi, responsável pelo desenvolvimento da doença de Chagas). • Pela incapacidade do coração em se contrair e/ ou relaxar adequadamente, existe um acúmulo progressivo de sangue nos pulmões, levando a intolerância ao exercício, falta de ar ao deitar, fraqueza, astenia, tosse seca e também, devido ao acúmulo de sangue no organismo como um todo, inchaço nas pernas e abdome. TIPOS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DISFUNÇÃO SISTÓLICA X DIASTÓLICA • Em resumo: A disfunção sistólica representa uma diminuição na contratilidade miocárdica cardíaca e um comprometimento da capacidade de ejetar o sangue do VE, enquanto a disfunção diastólica representa uma anormalidade no relaxamento e no enchimento ventriculares.• A classificação separa a fisiopatologia da insuficiência cardíaca em insuficiências ou disfunções sistólica e diastólica, com base na fração de ejeção ventricular. • Fração de ejeção é a porcentagem de sangue bombeada para fora dos ventrículos a cada contração. • U m a f r a ç ã o d e e j e ç ã o n o r m a l é d e aproximadamente 55 a 70%. A. Na disfunção ventricular sistólica, a con t ra t i l idade do miocárd io e s tá comprometida, levando a uma diminuição na fração de ejeção e no débito cardíaco (fração de ejeção < 40%). B. A disfunção ventricular diastólica é caracterizada por uma fração de ejeção normal, mas com relaxamento ventricular diastólico comprometido, levando a uma diminuição no enchimento ventricular que, por fim, causa diminuição na pré-carga, no volume sistólico e no débito cardíaco. DISFUNÇÃO VENTRICULAR DIREITA X ESQUERDA • A insuficiência cardíaca é classificada de acordo com o lado do coração (ventricular direita ou ventricular esquerda) primariamente afetado. DISFUNÇÃO VENTRICULAR DIREITA (CONGESTÃO SISTÊMICA) • Causas: As causas da disfunção ventricular direta incluem condições que impedem o fluxo sanguíneo nos pulmões ou que comprometem a eficácia do bombeamento do ventrículo direito. A insuficiência ventricular esquerda é a causa mais comum de insuficiência ventricular direita. • A insuficiência cardíaca do lado direito compromete a capacidade de transporte do sangue desoxigenado da circulação sistêmica para a circulação pulmonar. • Consequentemente, quando o ventrículo direito é insuficiente, ocorre uma redução na quantidade de sangue deslocada adiante, para a circulação pulmonar, e em seguida para o lado esquerdo do coração, finalmente causando redução do débito cardíaco ventricular esquerdo. • Além disso, se o ventrículo direito não ocasiona o movimento anterógrado ( para frente) do sangue, ocorre acúmulo ou congestão de sangue no sistema venoso sistêmico. • Isso eleva as pressões diastólica final ventricular direita, atrial direita e venosa sistêmica. • Um importante efeito da insuficiência cardíaca do lado direito é o desenvolvimento de edema periférico. • A insuficiência cardíaca do lado direito também produz congestão das vísceras. À medida que a distensão venosa progride, o sangue se acumula Maria Vitória de Sousa Santos nas veias hepáticas que drenam na veia cava inferior, e o fígado fica ingurgitado. Isso pode causar hepatomegalia e dor no quadrante superior direito. • Na insuficiência cardíaca do lado direito grave e p r o l o n g a d a , a f u n ç ã o h e p á t i c a e s t á comprometida e as células hepáticas podem morrer. • A congestão da circulação porta também pode levar ao ingurgitamento do baço e ao desenvolvimento de ascite. A congestão do trato gastrintestinal pode interferir na digestão e na absorção de nutrientes, causando anorexia e desconforto abdominal. D I S F U N Ç Ã O V E N T R I C U L A R E S Q U E R DA (CONGESTÃO PULMONAR) • A insuficiência cardíaca do lado esquerdo compromete o movimento do sangue a partir da circulação pulmonar (de baixa pressão) até o lado arterial (de alta pressão) da circulação sistêmica. • Com o comprometimento da função cardíaca esquerda, ocorre uma diminuição no débito cardíaco para a circulação sistêmica. • O sangue se acumula no VE, no átrio esquerdo e na circulação pulmonar, o que causa uma elevação na pressão venosa pulmonar. • Quando a pressão nos capilares pulmonares (normalmente de cerca de 10 mmHg) excede a pressão osmótica capilar (em geral ao redor de 25 mmHg), ocorre uma transferência do líquido intravascular para o interstício dos pulmões, resultando em edema pulmonar. • O episódio de edema pulmonar costuma ocorrer à noite, após a permanência da pessoa em posição reclinada durante algum tempo e a remoção das forças gravitacionais do sistema circulatório. • Nesse momento, o líquido do edema sequestrado nos membros inferiores ao longo do dia retorna para o compartimento vascular e é redistribuído para a circulação pulmonar. • Causas: As causas mais comuns de disfunção ventricular esquerda são a hipertensão e o infarto agudo do miocárdio. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE ACORDO COM A FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRINCIPAIS SINTOMAS O principal sintoma de insuficiência cardíaca é o cansaço progressivo que se inicia após fazer esforços, como subir escadas ou caminhar, mas que com o tempo pode aparecer até mesmo em repouso. Outros sinais e sintomas comuns da insuficiência cardíaca são: 1. Dispneia frequente; 2. Dor ou desconforto no peito; 3. Tosse excessiva durante a noite; 4. Edema nas pernas, tornozelos ou pés; 5. Palpitações e calafrios; 6. Inchaço abdominal; 7. Palidez; 8. Anorexia 9. Dispneia paroxística noturna e etc. CLASSIFICAÇÃO DA IC A limitação da tolerância aos esforços habituais tem sido utilizada para estimar a gravidade da IC por meio da classificação proposta pela NYHA. PONTOS IMPORTANTE NA IC 1. Atitude no ortopneica 2. Ictus Cordis 3. Edema 4. Turgência jugular 5. Abdome (hepatoesplenomegalia, refluxo hepatojugular) 6. Perfusão periférica 7. Pulso 8. Ausculta cardíaca (3ª e 4a bulhas) Maria Vitória de Sousa Santos 9. Ausculta pulmonar (crepitações) EDEMA CARDÍACO Desenvolvido a partir da congestão sistêmica provocado pela insuficiência cardíaca direita. Cacifo Ou Sinal De Godet • 1+ cacifo leve, sem deformação visível, desaparece rapidamente. • 2+ cacifo, pouco + profundo que o 1+, desaparece de 10 a 15 segundos. • 3+ cacifo, notavelmente profundo, demora + de 1 minuto, o membro aparenta estar aumentado e edemaciado. • 4+ cacifo, muito profundo, demora de 2 a 5 minutos, com membro muito deformado. PERFUSÃO Sinais de hipoperfusão: 1. Rebaixamento do nível de consciência; 2. Oligúria; 3. Hipotensão; 4. Pele fria; 5. Enchimento capilar lentificado 6. Pressão de pulso reduzida (pinçamento). CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PERFUSÃO X CONGESTÃO IC COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA • Definição - sintomas + ECO FE >50% • Prevalência - Idosos, mulheres ,HAS, diabéticos, obesos; • Até 50% dos casos de IC; • Alta taxa de mortalidade - 30 % inferior ICFER; • Diagnóstico - Sintomas, ECO FE > 50 %; sinais de disfunção diastólica. Maria Vitória de Sousa Santos TROMBOEMBOLISMO PULMONAR • A embolia pulmonar se desenvolve quando uma substância transmitida pelo sangue se aloja em um ramo da artéria pulmonar e obstrui o fluxo sanguíneo. • A embolia pode consistir em um trombo, no ar que tenha sido acidentalmente injetado durante uma infusão intravenosa, na gordura que foi mobilizada a partir da medula óssea depois de uma fratura ou a partir de um depósito traumático de gordura, ou líquido amniótico que tenha entrado na circulação materna após a ruptura das membranas no momento do parto. • Quase todas as embolias pulmonares resultam de trombos que surgem a partir de trombose venosa profunda (TVP) nos membros inferiores ou superiores. • Os efeitos da embolia na circulação pulmonar estão relacionados com a obstrução mecânica da circulação pulmonar e os reflexos neuro-humorais que causam vasoconstrição. Manifestações clínicas As manifestações de embolia pulmonar dependem do tamanho e da localização da obstrução. Sintomas frequentes: 1. Dor no tórax; 2. Dispneia; 3. Aumento da frequência respiratória. 4. Ocorre hipoxemia moderada, sem retenção de dióxido de carbono, como resultado do comprometimento das trocas gasosas. Sintomas de embolia moderada: 1. Dificuldade respiratória acompanhada de dor pleurítica; 2. Apreensão; 3. Febre baixa; 4. Tosse produtiva com expectoração de sangue; 5. Taquicardia para compensar a diminuição da oxigenação e o padrão de respiração é rápido e superficial. Sintomas de embolia maciça: 1. Colapso repentino; 2. Dor subesternal no tórax, choque e, às vezes, a perda de consciência; 3. O pulso é rápido e fraco, a pressão arterial é baixa,as veias do pescoço se mostram distendida; 4. Falência aguda do ventrículo direito (cor pulmonale agudo); 5. Infarto pulmonar; Diagnóstico • O diagnóstico de embolia pulmonar deve se basear em s ina i s e s in tomas c l ín icos, determinações de gasometria sanguínea, estudos de trombose venosa, teste da troponina, dímero D, radiografias do pulmão e TC helicoidais do tórax. • Os exames laboratoriais e os radiológicos são úteis na exclusão de outras condições capazes de originar sintomas semelhantes. 1. Eletrocardiograma: Uma vez que êmbolos podem causar um aumento da resistência vascular pulmonar o ECG pode ser usado para detectar sinais de tensão cardíaca direita. Taquicardia sinusal, bloqueio no ramo direito e etc. Maria Vitória de Sousa Santos 2. Ecocardiograma : Útil para verificar hipocinesia e dilatação de VD. 3. Ultrassonografia com Doppler: Como a maioria dos êmbolos pulmonares se origina de u m a T V P, e s t u d o s v e n o s o s c o m o ultrassonografia com compressão do membro inferior, pletismografia de impedância e venografia com contraste muitas vezes são utilizados como procedimentos diagnósticos iniciais. 4. Dímero D: Os testes com dímero D envolvem a medição da concentração plasmática do dímero D, um produto de degradação de fatores de coagulação que foram ativados como resultado de um evento tromboembólico. 5. Radiografia de tórax: Pode ser normal em até 40% dos casos; mesmo assim, auxilia o d i a g n ó s t i c o d i f e ren c i a l ( p n eu m o n i a , pneumotórax, ICC e etc). • Os sinais clássicos do TEP vistos na radiografia são: • O l i g o e m i a fo c a l ( s i n a l d e W e s t e r m a r k : corresponde à não perfusão adiante da obstrução (observa- s e a u m e n t o d a t r a n s p a r ê n c i a pulmonar no local afetado). • Alargamento da artéria pulmonar (sinal de Palla). • Elevação da hemicúpula diafragmática do lado acometido. • Atelectasias em faixa. • Derrame pleural de pequena intensidade. • Triangulo de Hampton: imagem de formato triangular com o ápice voltado para o hilo pulmonar (correspondente ao infarto pulmonar). 6. Troponina: Os níveis de troponina podem se mostrar mais altos devido ao estiramento do ventrículo direito por um grande infarto pulmonar. 7. Cintilação pulmonar de ventilação e perfusão: A varredura de ventilação-perfusão usa albumina radiomarcada, injetada por via intravenosa, e um gás radiomarcado, que é inalado. É usada para digitalizar os vários segmentos do pulmão para verificar o fluxo s a n g u í n e o e a d i s t r i bu i ç ã o d o g á s radiomarcado. O exame de ventilação-perfusão é útil somente quando os seus resultados são normais ou indicam uma alta probabilidade de embolia pulmonar. 8. Angiotomografia computadorizada helicoidal: Requer a administração de um agente de contraste radiológico por via intravenosa. É sensível para a detecção de êmbolos nas artérias pulmonares proximais e representa outra modalidade de diagnóstico. 9. Angiografia pulmonar: Envolve a passagem de um cateter venoso através do coração direito e na artéria pulmonar sob fluoroscopia. (Padrão ouro). Esquema TROMBOSE VENOSA PROFUNDA • A trombose venosa profunda (TVP) significa que houve formação de coágulo dentro de veias profundas, mais comumente nas pernas. • Este coágulo dificulta ou impede o retorno do sangue em direção ao coração, podendo provocar desde quadros leves a situações mais graves. • As principais complicações decorrentes dessa doença são: insuficiência venosa crônica/ síndrome pós-trombótica (edema e/ou dor em membros inferiores, mudança na pigmentação, ulcerações na pele) e embolia pulmonar (EP). • A Embolia Pulmonar ocorre devido ao desprendimento de um fragmento do coágulo pode “viajar” nas veias na forma de um êmbolo e Maria Vitória de Sousa Santos ocluir artérias responsáveis pela circulação que alimenta os pulmões. Resulta de múltiplos fatores muitas vezes abrangidos na tríade de Virchow: 1. Hipercoa gulabi l idade : E s tados hipercoaguláveis, aumento do número de plaquetas; maior disponibilidade de fatores pró-coagulantes; redução de inibidores da coagulação. 2. Estase sanguínea: Diminuição da velocidade da circulação do sangue nas veias. 3. Lesão endotelial: O endotélio tem ações pró e anticoagulante. Agressões variadas ao endotélio (físicas, químicas ou biológicas) podem torná-lo pró-coagulante por aumento na síntese de fatores da coagulação (fator VII) e de fatores ativadores de plaquetas (TXA2 e ADP). Classificação clínica da doença venosa (CEAP) Manifestações clínicas • Muitos indivíduos com trombose venosa são assintomáticos; em até 50% dos casos a TVP é assintomática. • A inexistência de sinais e sintomas provavelmente ocorre porque a veia não está totalmente ocluída ou por causa da circulação colateral. Quando presentes, podem consistir de: 1. Dor; 2. Edema (principalmente unilateral e assimétrico); 3. Eritema; 4. Cianose; 5. Dilatação do sistema venoso superficial; 6. Aumento de temperatura; 7. Empastamento muscular; 8. Sensibilidade dos músculos profundos; 9. Sensação de formigamento/ câimbras/ cansaço; 10. Dor à palpação. Sinais no exame clínico: 1. Sinal de Bancroft: Surge quando o paciente apresenta dor ao realizar o aperto da muscu latura da per na contra a tíbia. 2. Sinal de Homans: O paciente refere dor na dorso-flexão do pé (ativo). 3. S i n a l d a B a n d e i r a : Diminuição da mobilidade da panturrilha secundária a um edema. 4. Flegmasia alba dolens: I n fl a m a ç ã o b r a n c a e do lorosa , f az par te do espectro clínico da TVP, com e n v o l v i m e n t o a r t e r i a l secundário e caracterizada pela presença de dor, edema e palidez cutânea no membro acometido. Fatores de risco 1. Obesidade; 2. Idade (os idosos são mais propensos); 3. Varizes muito grandes; 4. Mulheres que tomam estrogênio, hormônio feminino presente em pílulas anticoncepcionais; 5. Portadores de câncer; 6. Pessoas com casos de trombose na família; 7. Gestantes. Maria Vitória de Sousa Santos LO Situações de alerta Viagens a longas distâncias A cada duas horas, caminhe pelo avião ou pelo ônibus. Se estiver de carro, pare e faça 20 exercícios para as panturrilhas, subindo e descendo da ponta dos pés. Pacientes de riscos devem consultar angiologista ou cirurgião vascular antes de viajar. Cirurgias O paciente fica muito tempo imobilizado. O médico deve ser informado sobre a existência de fatores de risco para receitar medicação preventiva. Alta Predisposição para Tromboembolismo Venoso 1. Fratura de perna ou quadril 2. Prótese de joelho ou quadril 3. Cirurgia grande porte 4. Traumas maiores 5. Lesão na medula espinhal M o d e r a d a P r e d i s p o s i ç ã o p a r a Tromboembolismo Venoso 1. Cirurgia de joelho por artroscopia 2. Cateter venoso central 3. Quimioterapia 4. Insuficiência respiratória ou cardíaca crônica 5. Terapia de reposição hormonal 6. Câncer 7. Contraceptivos orais 8. AVE com paralisia 9. Puerpério 10. TEV prévio 11. Trombofílias Baixa Predisposição para Tromboembolismo Venoso 1. Repouso no leito > 3 dias 2. Imobilidade por tempo prolongado 3. Idade avançada 4. Cirurgia video-laparoscópica 5. Obesidade 6. Gestação e pós parto 7. Varicosidades Fatores Hereditários Ligados à Trombofília 1. Fator V de Leiden 2. Mutação no gene da protrombina 3. Deficiência de proteína C e/ou S 4. Resistência à proteína C ativada sem fator V de Leiden 5. Deficiência de antitrombina 6. Disfibrinogenemia 7. Deficiência de plasminogênio 8. Síndrome do Anticorpo Antifosfolipideos DIAGNÓSTICO Vários testes são úteis para essa finalidade, incluindo venografia ascendente, ultrassonografia (p. ex., em tempo real, modo B, dúplex) e quantificação do dímero D no plasma. 1. Ultrassonografia com Doppler: exame não invasivo de escolha para o diagnóstico de TVP.O principal critério ultrassonográfico para diagnóstico de TVP é o teste de compressão. Nesse caso, com o transdutor vascular se localizam as veias femorais comum, superficial e poplítea e realiza-se leve compressão venosa. Se houver compressão completa se exclui TVP, caso não haja compressão o exame é considerado positivo para presença de trombo. 2. Flebografia: A venografia com contraste é o exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico de TVP. Porém, não deve ser realizado como exame inicial para diagnóstico, reservado apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico. 3. D- Dímero: Produto da degradação da fibrina presente em um coágulo. Na presença de trombose, a plasmina circulante quebra a fibrina insolúvel e um dos produtos de degradação dela é o dimero D. Observação: O D-dímero é um teste altamente sensível mas pouco específico, uma vez que a fibrina também é formada a partir de um trauma, cirurgia, infecção e etc, não sendo indicativo apenas de uma trombose venosa profunda. ESCORE DE WELL E D- DÍMERO O escore de Wells é um modelo prático de predição clínica, baseado em sinais e sintomas, fatores de risco e diagnósticos alternativos, estimando a probabilidade pré-teste para Trombose Venosa Profunda (TVP) e Tromboembolismo Pulmonar (TEP). Maria Vitória de Sousa Santos SOPRO CARDÍACO SONS CARDÍACOS Os sons cardíacos, ou bulhas, são as vozes acústicas (som) geradas pelo impacto do sangue em diversas estruturas cardíacas e nos grandes vasos. BULHAS CARDÍACAS • Duas bulhas cardíacas, que resultam da contração cardíaca, são normalmente ouvidas por meio de um estetoscópio colocado sobre a parede torácica. • A primeira bulha (B1), um som grave e suave (TUM), está associada ao fechamento das valvas AV; • A segunda bulha (B2), um som mais alto (TÁ), está associada ao fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta (duração menor que B1). - Observação: O som TUM marca o início da sístole, enquanto o som TÁ ocorre no início da diástole. • Esses sons, que resultam de vibrações causadas pelo fechamento das valvas, são normais; todavia, outros sons, conhecidos como sopros cardíacos, podem constituir um sinal de doença cardíaca. - Observação: A presença da terceira bulha ocorre concomitantemente com a fase de enchimento rápido ventricular do ciclo cardíaco, durante a qual ocorre a maior parte do enchimento diastólico do ventrículo (aproximadamente 80%). A presença da quarta bulha demonstra uma relação temporal evidente com a contração atrial, sendo tipicamente um som pré-sistólico. Seu mecanismo provável parece estar relacionado com vibrações da parede ventricular, secundárias à expansão volumétrica dessa cavidade produzida pela contração atrial. B3 (TUM-TÁ-TÁ) • Som que ocorre entre a proto e mesodiástole, final da fase de enchimento rápido. • Melhor audível em área mitral em decúbito lateral esquerdo. • Ocorre na insuficiência cardíaca, sendo um indicador da sua gravidade. • Pode ser fisiológico em crianças e adolescentes. B4 (TRRUM-TÁ) • Ocorre na telediástole e é gerado pela desaceleração da coluna sanguínea que é impulsionada pelos átrios na fase de contração atrial contra a massa sanguínea existente no interior do ventrículo esquerdo, no final da diástole. • Representa uma contração. O QUE É SOPRO CARDÍACO? • Os sopros podem ser p r o d u z i d o s p o r defeitos cardíacos que causam turbulência do fluxo sanguíneo. • N o r m a l m e n t e , o fl u x o s a n g u í n e o através das valvas e dos vasos é um fluxo laminar – isto é, flui e m c a m a d a s concêntricas suaves. O fluxo turbulento pode ser causado pelo: 1. Rápido fluxo de sangue no sentido habitual através de u m a v a l v a anormalmente estreitada (estenose); 2. Pelo fluxo retrógrado de sangue através de uma valva permeável lesionada (insuficiência); 3. Pelo fluxo de sangue entre os dois átrios ou os dois ventrículos através de um pequeno orifício na parede que os separa (denominado comunicação interatrial ou interventricular). CICLO CARDÍACO Maria Vitória de Sousa Santos TIPOS DE SOPRO EM RELAÇÃO À DURAÇÃO DO CICLO CARDÍACO 1. Sopro Sistólico: acontece durante a sistole ventricular, podendo ser ejetivo (estenose aórt ica, es tenose pulmonar, CIV) ou regurgitativo (insuficiência mitral, insuficiência tricúspide). Entre a primeira e a segunda bulha. - Sopro sistólico de regurgitação = Ocorre na insuficiência das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide), sendo de intensidade constante, suave e associado a hipofonese de B1. - Sopro sistólico de ejeção = Geralmente com formato em diamante ou crescendo e decrescendo, rude, causado por turbulência na via de saída (estenose de válvula aórtica ou pulmonar) ou nos vasos da base durante a ejecão. 2. Sopro Diastólico: acontece durante a diástole ventricular (insuficiência aórtica, insuficiência pulmonar, estenose mitral, estenose tricuspide). Entre a segunda e a primeira bulha. - Sopro diastólico aspirativo= Ocorre pela regurgitação das valvas semilunares (insuficiência aórtica ou pulmonar) na diástole, iniciando-se logo após B2. - Sopro diastólico em ruflar= É característico da estenose das válvulas atrioventriculares (mitral e tricúspide), s endo g ranu lo so e ocor rendo na protodiástole. 3. Sopro Contínuo: acontece durante todo o ciclo cardiaco. Exemplos clássicos desses sopros são a persistência de canal arterial e as fistulas arteriovenosas em crianças maiores. - S o p r o s s i s t o d i a s t ó l i c o s ( e m maquinaria)= São contínuos, em vaivém, ocorrendo, por exemplo, na persistência do canal arterial. TIPOS DE SOPROS DIASTÓLICOS 1. Sopro Protodiastólico = Formado pelo fluxo regurgi tante através das valvas semilunares incompetentes. 2. Sopros Mesodiastólicos e Pressistólicos = Formado pelo fluxo turbulento que atravessa as valvas atrioventriculares. CARACTERÍSTICAS DESCRITIVAS DOS SOPROS CARDÍACOS Duração De acordo com a duração, desde o momento de início até o seu término, um sopro sistólico pode ser caracterizado como proto, meso, tele ou holossistólico, no caso de a vibração ocorrer predominantemente no início, meio, final ou ao longo de toda a sístole, respectivamente. Do mesmo modo, aos sopros diastólicos. Localização E Irradiação • É fundamental, na avaliação dos sopros cardiacos, identificar o local em que se manifestam com maior intensidade, uma vez que esse dado é utilizado na determinação do local de origem. • Nesse sentido, a ausculta não deve ser executada apenas nos focos auscultatórios clássicos. • Ela deve incluir, além desses focos, o mesocárdio, as bordas esternais esquerda e direita, a região subxifoide, e áreas de irradiação frequente de sopros como a região axilar, região subclavicular, fürcula e base do pescoço e, em alguns casos, no dorso. • Desde que um sopro seja detectado, deve-se procurar, a partir de pequenos movimentos do estetoscópio, a região de maior intensidade. • Essa movimentação também permitirá definir o padrão de irradiação do sopro, outro elemento importante na caracterização clínica desses sons cardíacos. Intensidade • Esta característica é dependente da inter-relação de diversos fatores, incluindo a distância entre o local de origem da turbulência e a região de ausculta, a velocidade do sangue, e o fluxo sanguíneo por meio do local de produção do sopro, bem como as condições de transmissão desse som até a superficie do tórax. Os sopros cardíacos são caracterizados de acordo com a intensidade em 6 graus, definidos como: 1. Grau 1/6 = representa um sopro tão pouco intenso que só pode ser ouvido com muito esforço e concentração; 2. Grau II/6 = sopro de pequena intensidade mas que pode ser identificado rapidamente por um observador experiente; 3. Grau III/6 = sopro bem marcante mas não muito intenso; 4. Grau IV/6 = sopro intenso;5. Grau V/6 = sopro muito intenso 6. Grau VI/6 = sopro tão intenso que pode ser audível mesmo quando o estetoscópio não está em contato direto com a parede do tórax. - Observação: Uma regra prática para a distinção da intensidade dos sopros é atentar para a presença de frêmitos. Quando existir frêmito, o sopro apresenta intensidade de IV, V ou VI em 6. Frequência (tonalidade) Maria Vitória de Sousa Santos • A frequência de um sopro geralmente tem relação direta com a velocidade do sangue no local onde este ruído é gerado. • O espectro de variação dos ruídos e sopros cardíacos não é muito amplo, estando entre 20 e 500 Hz. • Ainda que essa faixa esteja situada na região de baixas frequências do espectro de audibilidade do ouvido humano, do ponto de vista clinico, considera-se que sons com frequências entre 20 e 100 Hz são de baixa frequência, enquanto aqueles que estão entre 100 e 200 Hz têm frequências médias, e aqueles com frequência entre 200 e 500 Hz são considerados de alta frequência. • D e s s e m o d o, e s s e s s o n s p o d e r ã o s e r caracterizados clinicamente, com base nessa variação de frequências, como sopros graves ou agudos. Timbre • A caracterização do timbre (qualidade) de um sopro depende do espectro de frequências (harmônicas) que o compõe. • Um conjunto variado de termos tem sido empregado na descrição dessa característica dos sopros, incluindo: rude, áspero, suave, musical, aspirativo, em ruflar, em maquinaria. • Cada um deles tem aplicação específica para determinados tipos de sopros. COMPARAÇÃO ENTRE SOPROS SISTÓLICOS E DIASTÓLICOS ESTENOSE AÓRTICA 1. Sistólico 2. Meso/Telesistólico 3. Tríade: Angina, IC, dispneia 4. Ejetivo 5. Entre B1 e B2 6. Hiperfonese de B2 7. Irradia para o pescoço 8. Foco aórtico / aórtico acessório 9. Crescendo e decrescendo 10. Desdobramento paradoxal de B2 na expiração 11. Fenômeno de Gallavardin INSUFICIÊNCIA ÁRTICA 1. Diastólico 2. Protodiastólico 3. Aspirativo 4. Entre B2 e B1 5. Hipofonese de B2 6. Foco aórtico 7. Pulso em martelo d’água ESTENOSE MITRAL 1. Diastólico 2. Entre B2 e B1 3. Meso/telediastólico 4. Hiperfonese de B1 5. Irradia para axila 6. Ruflar 7. Foco mitral ( em decúbito lateral esquerdo - Posição de Pachon) INSUFICIÊNCIA MITRAL 1. Sistólico 2. Entre B1 e B2 3. Holosistólica 4. Regurgitativo 5. Foco mitral 6. Irradia para axial e dorso 7. Hipofonese de B 8. Rivero Carvalho 9. Handrip B1 Maria Vitória de Sousa Santos . DOENÇAS DAS VALVAS O QUE SÃO? • É o nome dado a qualquer mau funcionamento ou anormalidade de uma ou mais das quatro válvulas do coração, afetando o fluxo de sangue através do coração. • As válvulas regulam o fluxo do sangue no coração, fazendo com que, ao ser bombeado, siga pelos vasos ou camadas corretas do coração, evitando que ele flua no sentido oposto. DOENÇAS NA VALVA MITRAL • A válvula mitral permite a passagem do sangue no átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo. • Seu funcionamento correto garante que o sangue passe sem refluir para o átrio quando o ventrículo se contrai. • Os problemas mais comuns que acometem essa válvula estão relacionados à sua estrutura. • A degeneração dos folhetos é um deles, que pode estar associado ou não à ruptura de cordas e que leva à insuficiência valvar. • Outro problema é a calcificação dos folhetos, que com o passar do tempo pode levar à fusão deles, restringindo a passagem do sangue, ocasionando a chamada estenose valvar mitral. • As doenças que mais atingem a valva mitral são: doença reumática e degenerações mixomatosas da valva. A doença reumática gera grande calcificação e pode levar tanto à estenose quanto à insuficiência da valva mitral. ESTENOSE Etiologia 1. Reumática 2. Congênita 3. Mixoma atrial 4. Grande vegetação bacteriana ou fúngica 5. Trombo “em bola” Achados Patológicos 1. Espessamento das válvulas 2. Calcificação dos folhetos 3. Fusão comissural 4. Fusão das cordas 5. Associação de todos os itens acima. Severidade da Estenose Mitral 1. Leve: área valvar > 1,5 cm2 2. Moderada: entre 1,0 e 1,4 cm2 3. Severa: área valvar <1,0 cm2 Consequências Estenose mitral —> aumento da pressão do AE—> hiper tensão veno-capi lar pu lmonar —> hipertensão arterial pulmonar —> aumento da pressão de VD—> aumento do AD. Quadro Clínico 1. Dispnéia (progressiva) 2. Ortopnéia 3. Hemoptise 4. Palpitação 5. Dor torácica (Hipertensão pulmonar). 6. Fibrilação atrial 7. Tromboembolismo Sistêmico: Primeira manifestação da doença Exame Físico 1. Ventrículo direito palpável 2. B1 Hiperfonética 3. B4 de ventrículo direito 4. Estalido de abertura da mitral 5. Ruflar diastólico 6. Reforço pré-sistólico 7. Sopro de GRAHAM-STEEL (IP) sopro diastólico precoce, que ocorre na insuficiência da válvula pulmonar secundário a hipertensão pulmonar. P2> A2. Observação: A Estenose Mitral apresenta caracteristicamente um sopro diastólico, melhor audível com a campânula, em foco mitral. A irradiação frequentemente ocorre para região axilar. O sopro diminui com inspiração, valsalva e aumenta com o decúbito lateral esquerdo e exercício físico. INSUFICIÊNCIA • A insuficiência mitral pode ser decorrente da degeneração, retração ou alongamento dos folhetos ou, ainda, da ruptura ou retração das cordoalhas. • Pode haver também insuficiência mitral decorrente da disfunção isquêmica dos músculos papilares. Pode ser do tipo: 1. Orgânica : comprometimento do aparelho valvar. 2. Funcional: secundária a patologia estrutural. Etiologia orgânica 1. Reumática 2. Congênita Maria Vitória de Sousa Santos 3. Degeneração mixomatosa (PVM) 4. Endocardite/ Doenças do colágeno 5. Trauma (penetrante ou não) 6. Ruptura espontânea de corda tendínea Etiologia funcional 1. Isquêmica (complicação mecânica do IAM) 2. Cardiomiopatia hipertrófica 3. Cardiomiopatia dilatada (qq. etiologia) 4. Dilatação do AE Apresentação Clínica 1. Aguda: Insuficiência ventricular esquerda aguda/ Edema Agudo de Pulmão. 2. Crônica: Sintomas de Insuficiência ventricular esquerda - dispnéia, ortopnéia, Dispneia Paroxística Noturna, tosse seca, insuficiência ventricular direita, congestão venosa sistêmica. Exame Físico 1. B3 (crônica) 2. B4 (aguda) 3. Sopro holossistólico (irradiação axilar) 4. Irradiação anterior (folheto posterior) 5. Sopro sistólico mais audível em foco mitral; 6. B1 pode ser hipofonético; 7. Ictus cordis aumentado e desviado para a esquerda e para baixo; e 8. B2 hiperfonética-em casos de hipertensão pulmonar. 9. Handgrip: Onde o paciente fecha as mãos e as pressiona. Esse exercício isométrico leva ao aumento da resistência vascular periférica, aumenta regurgitação mitral e reduz o fluxo aórtico. Aumenta a intensidade do sopro, pois ao realizar a manobra, ocorre aumento da pós- carga devido elevação da resistência vascular periférica. Dessa forma, o ventrículo esquerdo ejeta maior quantidade de volume de sangue no átrio esquerdo através de uma valva mitral incompetente, fazendo a intensidade do sopro aumentar). 10. Manobra de Rivero Carvalho: Diferenciar insuficiência mitral e tricúspide. - Observação: Na Insuficiência Mitral o sopro é mais intenso no foco mitral, ou seja, na ponta do coração, irradiando para todo o precórdio, e pode chegar até as linhas axilares, dorso e escápula esquerda. Geralmente, um sopro holossistólico, de alta frequência. DOENÇAS NA VALVA AÓRTICA A estenose aórtica e a insuficiência aórtica são as doenças mais comuns que acometem as valvas cardíacas aórticas. ESTENOSE • A estenose aórtica ocorre quando a valva aórtica torna-se enrijecida, calcificada por conta de um processo degenerativo. • Esse processo provoca o estreitamento da valva aórtica dificultando o fluxo sanguíneo. • A válvula aórtica é composta por folhetos que determinam a competência da valva e fazem com que o sangue fluacorretamente, somente em um sentido, do coração para a aorta. • A calcificação e o enrijecimento fazem com que esses folhetos passem a causar obstrução ao fluxo sanguíneo. • Dessa forma, a estenose aórtica impede que a válvula abra corretamente, diminuindo o espaço por onde o sangue deve passar. • Isso faz com que o coração precise trabalhar com uma sobrecarga de pressão para bombear a quantidade de sangue necessária para todo o organismo. • Com o passar do tempo essa sobrecarga pode levar a falência da bomba cardíaca, evoluindo para a insuficiência cardíaca. Etiologia 1. Doenças degenerativas: Principalmente em pacientes idosos, pelo acúmulo de cálcio na válvula aórtica ao longo dos anos; 2. Doença reumática: Que acomete o aparelho l o c o m o t o r, m a s q u e t a m b é m p o d e comprometer órgãos, como rins, pulmões, intestino e coração; 3. A n o m a l i a s c o n g ê n i t a s : E s t u d o s identificaram que pessoas que nascem com apenas 2 folhetos, valvas bicúspide (o normal são 3), estão mais suscetíveis à doença. Apresentação Clínica Os sintomas da estenose aórtica, muitas vezes, são silenciosos. Os pacientes podem passar por longos períodos sem percebê-los. 1. Dor no peito (angina) - desequilíbrio entre a oferta e demanda de O2. 2. Falta de ar (dispneia). 3. Desmaios (síncopes) - Aumento da resistência vascular, incapacidade de elevar o DC, Maria Vitória de Sousa Santos arritmias supra-ventriculares, arritmias ventriculares. 4. ICC - Hipertensão ventricular esquerda inicial —> dilatação do VE e AE. 5. A tolerância menor às atividades físicas. Severidade da Estenose Aórtica 1. Leve: área valvar > 1,5 cm2 2. Moderada: entre 1,0 e 1,4 cm2 3. Severa: área valvar em torno de 0.5 cm2 Exame Físico 1. Pulso parvus e tardus (atraso do pico de fluxo e amplitude reduzida); 2. Hipofonese de B1; 3. Desdobramento paradoxal de B2 (expiração) - Estenose aórtica grave; 4. Sopro sistólico rude, ejetivo, crescendo e decrescendo (em diamante), mais audível em foco aórtico, com irradiação para as carótidas e fúrculas (B4) ; 5. B3 (casos avançados). 6. Fenômeno de Gallavardin: Quando o sopro da estenose aórtica se irradia para o foco mitral (continuidade anatômica entre os anéis aórtico e mitral), podendo parecer que existem 2 sopros diferentes (diferenciar da insuficiência mitral com as manobras descritas acima). Observação: Ao realizar a manobra de agachamento, ocorre um aumento da pré- carga devido a maior retorno venoso. Diante disso, o sopro da estenose aórtica aumenta de intensidade, já que agora há maior volume de sangue passando pela valva estenosada. INSUFICIÊNCIA A insuficiência aórtica ocorre quando a valva aórtica torna-se incompetente na sua função de fechar, permitindo o refluxo de sangue. Com o passar do tempo esse refluxo pode levar à falência da bomba do coração causando insuficiência cardíaca. Etiologia : Anomalia da cúspide aórtica 7. Reumática 8. Endocardite 9. Congênita (válvula aórtica bicúspide/ Síndrome de Marfan) 10. Degenerativa 11. Lúpus er i tematoso s i s têmico/ Artr i te reumatóide 12. Trauma/ Pós-valvoplastia aórtica 13. Valvopatia por droga (fenfluramina) Etiologia: Anomalia do arco aórtico 1. Sífilis/ Síndrome de Marfan; 2. Espondilite anquilosante; 3. Síndrome de Ehlers-Danlos (distensão do tec. conjuntivo: hipermobilidade e frouxidão das articulações e hiperelasticidade da pele); 4. Dissecção aórtica; 5. CIV; 6. Trauma. Apresentação Clínica 1. Aguda: Insuficiência Ventricular Esquerda aguda/ Edema Agudo de Pulmão (grave) 2. Crônica: Sintomas tardios de IVE dispnéia, ortopnéia, dispneia paroxística noturna, tosse seca. Exame Físico 1. Pulso em martelo-d'água (Corrigan) - pulso proeminente mesmo com o braço elevado. 2. B3 3. Sopro diastólico (caráter aspirativo decrescente, melhor audível no foco Ao. acessório); 4. Sopro protodiastólico, aspirativo e decrescente, mais audível no foco aórtico acessório, com irradiação cervical; 5. B2 hipofonética ou ausente; 6. Pulso bisferiens (dois picos sistólicos); 7. Ictus cordis aumentado e desviado para a esquerda. 8. Insuficiência aórtica severa: sopro de AUSTIN-FLINT- ruflar diastólico, por fechamento funcional da válvula mitral em decorrência de insuficiência da válvula aórtica. Observação: O sopro diastólico aspirativo é de alta frequência e inicia imediatamente após a segunda bulha. O sopro em decrescendo é melhor audível com o paciente sentado e com o corpo inclinado para frente, nos focos aórtico e aórtico assessório. A vibração do aparelho mitral normal durante a regurgitação aórtica causa uma estenose mitral funcional. Um dica para diferenciar o sopro de Austin Flint do sopro da estenose mitral orgânica (geralmente por acometimento reumático) é a ausência de estalido de abertura da mitral e de B1 hiperfonética. Sinais periféricos 1. Pulso de Corrigan pulso em martelo dágua ou bisferens: São palpados dois picos sistólicos por sístole, ocorrendo em situações na qual um grande volume sistólico é ejetado na aorta, como na insuficiência aórtica grave. 2. Sinal de Musset : Oscilação da cabeça. 3. Sinal de Minervini: Pulsação da base da língua. 4. Sinal de Quincke: Pulso capilar visível após compressão do leito ungueal. 5. Sinal de Durozier: Duplo sopro na artéria femoral - sistólico e diastólico. 6. Sinal de Hill: Elevação desproporcional da pressão diastólica poplítea pelo menos 20 mmhg superior aos membros superiores. Maria Vitória de Sousa Santos 7. Sinal de Traube ("pistol shots"-artéria f e m o r a l : Ru í d o s ú b i t o a u d í ve l c o m estetoscópico, de alta frequência. 8. Sinal de Muller: Pulsação visível da úvula. Maria Vitória de Sousa Santos TUBERCULOSE PATOGÊNESE • Tuberculose é uma doença infecciosa causada pela micobactéria M. tuberculosis. • É transmitida pela aerosolização do bacilo proveniente das secreções da via respiratória de indivíduos bacilíferos para pessoas susceptíveis. • Uma cavidade pulmonar produz cerca de milhões de bacilos por ml de secreção. • As partículas inspiradas atravessam as barreiras mecânicas (boca, narinas, traqueia) e se instalam nos alvéolos. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Tuberculose primária • Tuberculose pode manifestar-se como uma doença primária, que apresenta cura espontânea na grande maioria dos casos, com a formação do complexo primário ou de Gohn. • A tuberculose primária é a forma da doença que se desenvolve em uma pessoa previamente não exposta e, portanto, não sensibilizada. • Na tuberculose primária, a fonte do organismo é exógena. • Nos casos típicos, essa infecção é iniciada em consequência da inalação de núcleos goticulares contendo bacilos da tuberculose. • A maioria dos pacientes com tuberculose primária desenvolve infecção latente, na qual linfócitos T e macrófagos circundam os microrganismos dos granulomas limitando sua disseminação. • Pacientes com tuberculose latente não têm doença em atividade e não podem transmitir o bacilo às outras pessoas. • Na maioria das pessoas, a infecção primária é contida, porém, em outras, a tuberculose primária é progressiva. • Esses pacientes desenvolvem tuberculose primária progressiva com destruição continuada dos tecidos pulmonares e disseminação da doença para diversas áreas do pulmão. Tuberculose progressiva • A tuberculose progressiva primária é causada por reinfecção secundária aos núcleos goticulares inalados ou pela reativação de uma lesão primária previamente cicatrizada. • Em geral, isso ocorre nos casos em que os mecanismos de defesa do organismo estão deprimidos. • A imunidade parcial que acompanha a tuberculose primária confere proteção contra reinfecção e, até certo ponto, ajuda a delimitar a doença, caso aconteça reativação. • Com a tuberculose progressiva primária, a reação de hipersensibilidade celular pode ser um fator agravante,conforme se evidencia pela frequência de cavitação e disseminação brônquica. • Se localiza mais frequentemente na porção superior do lobo inferior ou na porção inferior do lobo médio à direita. Tuberculose secundária • A tuberculose secundária é o padrão da doença que surge em um hospedeiro previamente sensibilizado. • Ela pode seguir logo após a tuberculose primária, porém mais comumente aparece muitos anos após a infecção inicial, usualmente quando a resistência do hospedeiro está enfraquecida. • Ela mais comumente deriva da reativação de uma infecção latente, mas também pode resultar de uma reinfecção exógena, no caso de uma redução da imunidade do hospedeiro, ou quando um grande inóculo de bacilos virulentos sobrecarrega o sistema imune do hospedeiro. • A tuberculose pulmonar secundária classicamente envolve o ápice dos lobos superiores de um ou ambos os pulmões. • Devido à preexistência de hipersensibilidade, os bacilos elicitam uma imediata e marcante resposta tecidual, que tende a isolar o foco de infecção. • Como resultado, os linfonodos regionais são menos proeminentemente envolvidos na fase inicial da doença secundária, do que o são na tuberculose primária. • Por outro lado, cavitação ocorre prontamente na forma secundária. • De fato, a cavitação é quase inevitável nas tuberculoses secundárias negligenciadas, e a erosão das cavidades para dentro de uma via aérea é uma importante fonte de infecção porque a pessoa agora tosse escarro que contém bactérias. • A tuberculose secundária localizada pode ser assintomática. • Quando as manifestações aparecem, elas são usualmente de início insidioso. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Tuberculose primária Normalmente a primária é assintomática, mas nos pacientes com doença progressiva, os sintomas em alguns casos geralmente são insidiosos e inespecíficos, inclusive: 1. Febre alta; 2. Emagrecimento; 3. Fadiga; 4. Sudorese noturna; 5. Pleurite; Maria Vitória de Sousa Santos 6. Linfadenite; 7. Inicialmente a tosse é seca e logo depois de torna produtiva com escarros purulentos com raias de sangue (a medida que a doença progride, contribuindo para a infecção de outras pessoas); 8. Dispneia (Surge a medida que a doença avança para tuberculose progressiva primária tardia); 9. Estertores a ausculta pulmonar 10. Erosão de um vaso sanguíneo (disseminação hematogênica- tuberculose miliar). Tuberculose secundária Sintomas sistêmicos, provavelmente relacionados com citocinas liberadas pelos macrófagos ativados (p. ex., TNF e IL‐1), frequentemente aparecem precocemente no curso da doença e incluem: 1. Mal‐estar; 2. Anorexia; 3. Perda de peso; 4. Febre (comumente é baixa e remitente, aparecendo no fim da tarde e então decresce). 5. Com o envolvimento pulmonar progressivo, aparece um aumento na quantidade de escarro, primeiramente mucoide e depois purulento; 6. Algum grau de hemoptise está presente em cerca de metade de todos os casos de tuberculose pulmonar; 7. Dor pleurítica pode resultar da extensão da infecção para as superfícies pleurais; 8. Manifestações extrapulmonares de tuberculose são numerosas e dependem do sistema de órgãos envolvido. TB MILIAR • É associada à disseminação hematogênica de uma Tuberculose Pulmonar Primária ou Secundária (por reativação simultânea de vários focos latentes, formados na fase de disseminação hematogênicapré-alérgica). • O termo tuberculose miliar descreve lesões d iminutas que resul tam desse t ipo de disseminação hematogênica e podem afetar quase todos os órgãos, principalmente encéfalo, meninges, fígado, rins e medula óssea. DIAGNÓSTICO Os métodos de triagem usados mais comumente para diagnosticar tuberculose pulmonar são testes cutâneos tuberculínicos e radiografias do tórax. 1. Teste cutâneo tuberculínicos: O teste c u t â n e o c o m t u b e r c u l i n a a v a l i a a hipersensibilidade retardada (i. e., celular, ou do tipo IV) que se segue à exposição ao bacilo da tuberculose. Os pacientes que positivam sua reação ao teste tuberculínico geralmente assim continuam por toda sua vida. Uma reação positiva ao teste cutâneo não significa que o indivíduo tenha tuberculose em atividade. Isso significa apenas que houve exposição ao bacilo e que o indivíduo desenvolveu imunidade celular ao microrganismo. 2. Baciloscopia direta : O diagnóstico definitivo da tuberculose pulmonar em atividade baseia-se no isolamento dos bacilos em cul turas, ou na ident ificação do microrganismo a partir das técnicas de amplificação do ácido desoxirribonucleico (DNA) ou RNA. 3. Cultura: Exames bacteriológicos com amostras de escarro iniciais, aspirados gástricos o u l ava d o s b r ô n q u i c o s o b t i d o s p o r broncoscopia de fibra óptica podem ser realizados. 4. Radiografia de tórax: A radiografia de tórax é método diagnóstico de grande importância na investigação da tuberculose. Nela podem ser observados vários padrões radiológicos sugestivos de atividade de doença, como cavidades, nódulos, consolidações, massas, processo intersticial (miliar), derrame pleural e alargamento de mediastino. 5. TC do tórax: A tomografia computadorizada (TC) do tórax é mais sensível para demonstrar alterações anatômicas dos órgãos ou tecidos comprometidos e é indicada na suspeita de tb pulmonar quando a radiografia inicial é normal, e na diferenciação com outras doenças torácicas, especialmente em pacientes imunossuprimidos. 6. Te s t e r á p i d o m o l e c u l a r p a r a tuberculose (TRM): TRM-TB é um teste de amplificação de ácidos nucleicos utilizado para detecção de DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis e triagem de cepas resistentes à rifampicina. TRATAMENTO • Os objetivos do tratamento são erradicar todos os bacilos da tuberculose do paciente infectado, ao Maria Vitória de Sousa Santos mesmo tempo que se evita o desenvolvimento de resistência significativa aos fármacos. • O bacilo tem taxa elevada de mutação e tende a adquirir resistência a qualquer fármaco. • Por essa razão, os pacientes com tuberculose em atividade usam esquemas com vários fármacos. Dois grupos preenchem os critérios estabelecidos para o tratamento da tuberculose com fármacos específicos: 1. Indivíduos com tuberculose em atividade 2. Pacientes que tiveram contato com casos de tuberculose ativa e que estão sujeitos a desenvolver doença ativa. Os principais fármacos usados para tratar tuberculose são: 1. Isoniazida 2. Rifampicina 3. Pirazinamida 4. Etambutol O tratamento da tuberculose é padronizado, deve ser realizado de acordo com as recomendações do Ministério da saúde e compreende duas fases: 1. Intensiva (ou de ataque) tem como objetivo reduzir rapidamente a população bacilar e a eliminação dos bacilos com resistência natural a algum medicamento. Uma consequência da redução rápida da população bacilar é a diminuição da contagiosidade. Para tal, são associados medicamentos com alto poder bactericida. 2. Manutenção tem o objetivo de eliminar os bacilos latentes ou persistentes e a redução da possibilidade de recidiva da doença. Nessa fase, são associados dois m e d i c a m e n t o s c o m m a i o r p o d e r bactericida e esterilizante, ou seja, com boa atuação em todas as populações bacilares. ESQUEMAS O esquema indicado para casos novos em adultos e adolescentes (> 10 anos), de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV: 1. Fase intensiva: Rifampicina (R) + Isoniazida (H) + Pirazinamida (Z) + Etambutol (E) durante 2 meses (2 RHZE). 2. Fase de manutenção: Rifampicina + Isoniazida durante 4 meses (4 RH). O esquema indicado para casos novos em crianças < 10 anos, de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV: 1. Fase de ataque: 2 RHZ 2. Fase de manutenção:
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