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Carla Bertelli – 3° Período HAM N2 Todas as aulas Teóricas Aula 1 – Anamnese A Anamnese leva a hipótese diagnóstica em mais de 70% dos casos, apenas com a história clínica (quando bem feita e com domínio do conhecimento). Ela é intransferível e individual. Lembrar de toda questão ética e de como receber o paciente – empatia, respeito, puxar conversa, falar ao nível do paciente, não usar termos técnicos (ser claro). Técnicas de Anamnese – ela pode ser ativa, passiva ou mista. Ativa – Focaliza e direciona com perguntas. Nunca deve ser usada como a anamnese principal, apenas em caso de emergência, desastres ou acidentes com várias vítimas. Passiva – Deixa o paciente falar e o escuta. Anota em ordem cronológica tudo o que ele está citando e depois direciona, faz um mix entre a ativa e a passiva. Existem vieses na anamnese e eles estão relacionadas a dois sistemas. O Sistema 1 é Rápido, Intuitivo e Automático, e o Sistema 2 é Lento, Analítico e Deliberado. Os erros associados ao Sistema 1 incluem: Viés dos processos inatos (ex. quando se deixa de procurar mais problemas quando já achou um, ou seja, se agarrar em achados, acreditar que algo é uma coisa, mas não é), processos regulados pelas emoções (o fato de gostar menos ou gostar mais de um paciente influi no quanto achamos que a pessoa está doente ou não), viés da superexposição (ex. paciente que é freguês frequente e nunca tem nada) e o viés de aprendizagem implícita (adquirimos maneiras/pensamentos de professores e médicos inconscientemente por conviver muito com eles). Os vieses associados ao Sistema 2 podem ser erros por superestimativa ou subestimativa (sempre é preferível errar por superestimativa). A anamnese consiste em: Identificação (nome, idade, endereço, sexo, raça, naturalidade, profissão, estado civil, nome da mãe., procedência, religião, plano de saúde. QP – Com as palavras do paciente, nunca deve ser um diagnóstico, é o motivo pelo qual o paciente te procurou (ex. dor de garganta) HDA – Em ordem cronológica, termos médicos, anota toda a história/curso de sinais e sintomas do paciente. É importante seguir um sintoma guia, destrinchar ele, além de direcionar com perguntas abertas (sem induzir respostas). Antecedentes Pessoais – Lembrar que é dividido em Fisiológico (todo desenvolvimento desde seu nascimento) e Patológico (doenças, alergias, cirurgias, medicamentos). Antecedentes Familiares – Estado de vida de pelo menos 3 gerações da família (descendente, ascendente ou colateral), pais, avós, cônjuge, filhos, irmãos, tios – caso haja doentes saber qual doença e falecidos por qual motivo e idade Hábitos de Vida – Alimentação, atividade física, tabagismo, etilismo, uso de drogas Condições Socioeconômicas e Culturais – Moradia, ganho mensal (é importante saber pois não podemos receitar um tratamento que o paciente não tem como adquirir/arcar com os custos) Interrogatório Sintomatológico – Revisão de todos os sistemas (da cabeça aos pés), realizar de 2 a 3 perguntas de cada sistema, nessa hora se utiliza perguntas fechadas (tem cefaleia? Como está o intestino? Apresenta alteração urinária?) Carla Bertelli – 3° Período Aula 2 – HAS PA Normal – 120/80 Pré-Hipertensão – 130-139/85-89 HAS estágio 1 – 140-159/90-99 HAS estágio II – 160-179/100-109 HAS estágio III - >180/>110 Sistólica Isolada – PAS > 140 e PAD normal A HAS pode ser primária ou secundária. A HAS primária corresponde a uma interação entre fatores genéticos, ambientais e comportamentais que resulta em um aumento da PA. Esses fatores incluem tabagismo, obesidade, sedentarismo, estresse, histórico na família, ingestão exagerada de sal, álcool, além de ser mais comum em pessoas negras e em mulheres. A HAS Secundária é literalmente ‘’secundária’’ a algum outro problema, principalmente renal, como por exemplo em uma insuficiência renal crônica ou estenose da artéria renal (porque com isso o corpo tem dificuldade em excretar excesso de sal e líquidos, provocando o aumento da PA) ou até mesmo por conta da doença de Cushing, gravidez ou tumor de suprarrenal. A HAS Sistólica Isolada acontece principalmente em jovens e idosos (é os dois extremos), em idosos é mais comum devido ao enrijecimento das paredes das artérias, visto que a HAS é literalmente uma questão vascular (onde tudo é estreitamento ou enrijecimento arterial) Diabéticos são as pessoas de mais alto risco para desenvolver HAS Lembrar da Hipertensão do Jaleco Branco e a Hipertensão Controlada Semiologia da Hipertensão Arterial – Deve-se saber a história clínica inteira do paciente em relação a HAS (a quanto tempo ele tem HAS, tratamentos, histórico familiar). Pacientes com HAS frequentemente são assintomáticos, mas sintomas específicos podem surgir em alguns casos, principalmente quando relacionados a HAS secundária. Avaliar sinais e sintomas como dor na nuca (resposta do cérebro em relação ao aumento da pressão), precordialgia, dispneia, palpitações, edema periférico, cefaleia, visão turva. Sinais e Sintomas sugestivos de HAS secundária incluem astenia, tetania, cãibra, arritmia, edema pulmonar, sudorese. Fatores de Risco – História pessoal de DCV (IAM, ICC, AVC), diabetes, dislipidemia, doença renal crônica, tabagismo, alcoolismo. Histórico Familiar – HAS na família, diabetes. Exame Físico – Deve ser completo e avalia a circulação e o coração, como por exemplo frequência de pulso, caráter venoso, avaliação da PA, batimento ápice, ruídos cardíacos, palpitações, edema periférico e sopros. Exames Laboratoriais – Sódio, potássio, creatinina sérica, taxa de filtração glomerular, glicose, perfil lipídico, urina simples, triglicerídeos. (raio X, ECG também....) Aferição da Pressão – O paciente deve permanecer em repouso de 3 a 5 min em um ambiente calmo. Certificar de que ele não está com bexiga cheia, não ingeriu álcool, café, alimento ou por acaso fumou nos 30 minutos anteriores O paciente deve ser instruído não conversar durante a aferição. Ele deve estar sentado, confortavelmente, com as pernas descruzadas e pés apoiados no chão, dorso encostado na cadeira e relaxado. O braço deve estar apoiado em uma mesa, na altura do coração, com a palma da mão virada para cima e as roupas não podem garrotear o membro. Medir a PA na posição em pé após 3 min em diabéticos e idosos para avaliar situações em que a hipotensão ortostática possa ser frequente ou suspeitada. Sons de Korotkoff – Fase I (primeiro som que ouvimos, marca a pressão sistólica), Fase V (último som que ouvimos, marca a pressão diastólica) Diagnóstico HAS – Deve ser feita dentro do consultório com o critério de ter/fazer de 2/3 visitas em um intervalo de 2/4 semanas, fazendo de 2 a 3 aferições em cada consulta, em situações diferentes, sem e com a presença do médico (HAS do jaleco branco). Medir a PA em ambos os braços e utilizar o braço de maior PA. Lembrar da PA em pé em idosos e hipertensos. Avaliar a PA em ambos os braços de um adulto, avaliar a PA em todos os 4 membros do Carla Bertelli – 3° Período bebê (coarctação de aorta), e de pé no idoso. O diagnóstico pode ser feito em apenas uma consulta caso a PA for >180/110 com evidencia de lesão a órgão alvo. Aula 3 – ICC Dispneia – é uma das principais características da ICC. Lembrar que ela sempre vai ocorrer devido a algum outro problema (ou vários) que afetaram o coração e a parede cardíaca – ou seja, podemos dizer que ela acontece sempre em decorrência de doenças negligenciadas e não curadas que afetaram o coração, e isso pode ser agudo (devido a um IAM) ou crônico (HAS, valvulopatia). Nunca é um diagnóstico final – é preciso saber sua causa base e tentar tratar. É resultado de insultos ao coração. A maior parte dos sinais e sintomas daICC se dá por conta da cascata de eventos que é ativada por mecanismos neuro-humorais para compensar a redução do débito cardíaco, mas evolui com mal adaptação, passando a sobrecarregar o sistema cardiovascular. Ela pode ser classificada em 4 graus, e vai do ICC menos grave (1) a quase incapacitante (IV) – utilizamos essa classificação para saber a clínica do paciente Dividimos em ICC sistólica e diastólica. (e também direita e esquerda, que vai a direita vai causar consequências retrógadas na circulação sistêmica e a esquerda na circulação pulmonar). A ICC sistólica tem a FE reduzida, e isso é responsável por um baixo débito, então o corpo vai reconhecer de que não está tendo sangue suficiente indo para o corpo e ai ativa o SRAA, ativa o SN Simpático que vão trabalhar para aumentar esse falso baixo débito. Na sistólica é importante saber que o coração não tem força e não contrai o suficiente, por isso a FE cai. Vamos visualizar edema em MMII, Ictus Cordis pode estar desviado casa haja uma hipertrofia excêntrica do coração, com o tempo surge dispneia (principalmente a noite), com noctúria. A ICC diastólica é mais comum que a sistólica, nela acontece que a FE está preservada, mas o coração está rígido, complacente (pode ser devido a uma hipertrofia concêntrica, pericardite constritiva) algo que impossibilite o coração dilatar para comportar todo sangue da pré-carga, sendo assim, por mais que ele contraia normalmente, o DC vai estar diminuído porque ele ejeta pouco volume sistólico porque ele não compota tudo que chega. O tratamento da ICC consiste na utilização de medicamentos como B-Bloqueador, inibidor da renina, IECA, BRAs, porque eles podem bloquear a resposta normal do organismos frente a ICC e diminuir a retenção de líquido, aumentar a excreção de água e sal. Sintomas não mensuráveis – Cansaço, dispneia, ortopneia, tontura, palpitação, tosse noturna, anorexia, Sinais – Turgência jugular, derrame pleural, ascite, hepatomegalia, cardiomegalia, alterações na ausculta cardíaca, edema em MMII. Aula 4 – Valvulopatias As 4 valvas do coração então no mesmo esqueleto fibroso, se encontram no mesmo nível/altura e foram feitas para que o sangue possa passar sem produzir nenhum atrito, ruido ou barulho estranho. Normalmente escutamos B1 (fechamento das AV) e B2 (fechamento das semilunares) e entre B1 e B2 acontece a sístole, entre B2 e B1 a diástole. B3 – Ocorre no início da diástole., seu som surge quando existe um coração complacente/hipertrofiado, então nessa fase de enchimento rápido o sangue vindo do átrio se choca com a parede complacente e produz um som chamado de B3. Carla Bertelli – 3° Período B3 – Acontece no final da diástole, durante a sístole atrial, quando o átrio contrai e libera o restinho de sangue nele. Nesse caso, esse sangue vindo do átrio vai se chocar com o sangue que já está no ventrículo, causando um som devido ao encontro desses sangues. Em relação as valvulopatias, temos a estenose e a insuficiência. A estenose aórtica é a valvulopatia mais comum e a insuficiência mitral é a segunda mais comum. Suas causas podem se dar principalmente pela sua degeneração (a valva com o passar do tempo vai se calcificando), ou quando ela vai perdendo sua elasticidade, ficando flácida. Também temos a febre reumática como principal causadora (lembrar que ela é causada por uma infecção causada por um estreptococos beta hemolítico do grupo A), e também a endocardite. Estenose – A válvula fecha o seu orifício de saída, restringindo a saúde do sangue, faz um aumento da pressão dentro da cavidade e causa uma hipertrofia concêntrica (devido ao aumento de pressão). Insuficiência – A valva não se fecha completamente, é flácida, e o sangue reflui de volta para o local de onde está saindo. Causa um aumento de volume, então é responsável por uma Hipertrofia Excêntrica. Sintomatologia Clínica – Pode ter sinais parecidos com da ICC, como retenção de líquido, dispneia aos esforços (devido a congestão pulmonar), dor torácica, síncope e palpitação. Palpitação é mais frequente em valvulopatia mitral, já dispneia + síncope + dor torácica são características de um acometimento a uma valva anatomicamente importante, a valva aórtica. A anamnese deve avaliar sintomas no presente e no passado, bem como utilização de medicamentos, uso de drogas, comorbidades, se teve infecções recorrentes de gripe/faringite (Febre Reumática) ou endocardite. É fundamental buscar esses dados que vão indicar qual a limitação e a provável causa cardíaca. Lembrar dos focos de ausculta cardíaca – Foco Aórtico (2° EI à direita do esterno), Foco Pulmonar (2° EI à esquerda do esterno), Foco Acessório (3° EI a esquerda), Foco Mitral (5° EI à esquerda do esterno na linha hemi-clavicular), Foco Tricúspide (5/4° EI próximo ao esterno, a esquerda). Características do sopro – tem que saber se é sistólico ou diastólico. Localização (sempre vai ser mais audível no seu foco cardíaco), irradiação (sempre na direção que o sangue vai seguir), intensidade (classificação de cruzes), timbre e tonalidade. Manobras de Modificação do Sopro – Manobra de Rivero-Carvallo (consiste em uma apneia pós- inspirativa, pede para o paciente inspirar fundo e segurar, isso vai aumentar o retorno venoso as câmaras direitas, sendo assim, se for uma insuficiência tricúspide o som vai aumentar. Manobra de Pachon – Deitar em decúbito lateral esquerdo, fica mais fácil de auscultar o coração e alterações presentes na valva mitral quando auscultado o foco mitral (ele fica mais perto da parede torácica), se tiver um sopro ali, durante essa manobra o som vai aumentar. Tórax Inclinado para Frente – O sopro aspirativo da insuficiência aórtica se torna mais nítido nessa posição. Hang-Drip – Fazer força contra uma mão e outra, meio inclinado para frente, isso vai fazer com que aumente a RVP Sendo assim, na estenose aórtica essa manobra vai diminuir o sopro e se for uma insuficiência mitral vai aumentar. Carla Bertelli – 3° Período Insuficiência Mitral – Sopro Sistólico de regurgitação, é holossistólico. Parte do sangue volta para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular (isso faz com que se acumule sangue na circulação pulmonar). Sintoma principal é dispneia e tosse. Na palpação o Ictus Cordis pode estar um pouco desviado para baixo a lateralmente, na extensão de 2 polpas digitais. Normalmente irradia para a axila. Decúbito de Pachon. Estenose Mitral – Sopro Diastólico em Ruflar. Seus sintomas são dispneia aos esforços, tosse, palpitação, hemoptise e embolia. Sopro Mesodiastólico, sua área de irradiação é o ictus cordis Estenose Aórtica – Dispneia, síncope e dor torácica. É um sopro sistólico de ejeção, é mesossistólico (em formato de diamante). Sua irradiação se encontra no foco aórtico e pescoço. Pulso Parvus Tardus. Insuficiência Aórtica – Sopro Diastólico Aspirativo, holodiastólico. Sintomas são dispneia aos esforços, ortopneia, pulsatilidade exagerada das artérias e angina. O Ictus Cordis pode estar deviado para baixo e para a esquerda devido ao aumento de volume dentro do ventrículo. Pulso em Martelo D’água. Aula 5 – Semiologia da Dor Torácica É importante nas salas de emergia saber estratificar as dores torácicas graves das não graves, direcionando corretamente para cada unidade específica de cada tipo de dor, assim diminui riscos de internação desnecessários, aumenta a expectativa de vida das pessoas que podem estar tendo um IAM, por exemplo. Sempre importante realizar eletrocardiograma para garantir e fazer a identificação precoce das doenças com risco de morte e realizar seu tratamento específico a partir de protocolos. A caracterização dos sintomas é algo bastante complicado devido a interpretação das pessoasvariar bastante (uma coisa pode significar outras várias, ou uma pessoa pode interpretar uma dor como insuportável e a outra pessoa acha aquela dor insignificante), por isso é importante tentar compreender cada vez mais a dor, destrinchar toda a história, conseguir caracterizar por exemplo qual é o tipo de tontura que o paciente está sentindo. É importante saber tudo sobre o sintoma, quando começou, como, fatores que atenuam ou que pioram, duração, a localização, irradiação, intensidade, relação com algum órgão, relação com a função ou órgão que está doendo, se é ventilatório- dependente, qual a evolução e comportamento dessa dor e a relação com outros sintomas. Causas de Dor Torácica – Pode variar desde a pele (ser bem superficial) ou ser até alguma dor no coração, ou seja, tudo e todas as estruturas do tórax podem causar dor – cardíaca, gastroesofágica, pulmonar, osteo-muscular. Fluxograma com a divisão bem correta das dores torácicas cardíacas (divididas em isquêmicas e não isquêmicas) e as não cardíacas (que podem ser gastroesofágicas ou não). Podemos dividir em tipos de dor recorrente (que é ligeira e moderada, pode ser angina pectoris, musculo- esquelética) e dor intensa a prolongada (IAM, aneurisma, embolia pulmonar, pericardite). Angina Pectoris – Envolve doença coronária, estenose aórtica grave, cardiomiopatia hipertrófica, Insuficiência Aórtica e Hipertensão Pulmonar. As características da dor anginosa incluem: sensação de aperto, duração curta (2-10 min) e de intensidade moderada, a localização é retroesternal (localização atípica pode incluir pescoço, maxilar inferior, braços, epigástrio). Pode ter irradiação para ombros ou braços, mais comumente do lado esquerdo. Despertada por emoções, esforço ou frio que tem alívio em repouso ou com o uso de nitratos. IAM – Dor intensa, em aperto, opressão e queimor. É retroesternal com irradiação para o braço esquerdo, ambos, ou para o pescoço. Sua duração é geralmente maior do que 30 min e acompanha dispneia, náuseas, sudorese, no entanto também pode ser silencioso. Classificação da Dor Torácica na Emergência – Tipo A (Definitivamente Anginosa), Tipo A Carla Bertelli – 3° Período (Provavelmente Anginosa), Tipo C (Provavelmente Não Anginosa) e Tipo D (Certeza que não é anginosa) Causas de Dor Cardíacas – Senão for infarto, pode ser: Dissecção aguda de aorta – mais comum em homens idosos, causado principalmente pela HAS. Sua apresentação clínica inclui dor intensa, terebrante, aguda, de pico máximo logo no início. Acomete a região anterior e posterior podendo irradiar para pescoço, mandíbula e garganta, tendo na maioria das vezes caráter migratório. Valvulopatias – A mais marcante é a estenose aórtica. Sintomas característicos são dispneia, síncope e dor torácica. Pericardite Aguda – Dor torácica, prolongada e de intensidade bastante diferente. Quando deita a dor piora devido ao atrito pericárdico. Evolui para dor torácica, usualmente pleurítica e no ECG tem um supra ST e queda de PR. A dor típica é súbita, em fincada ou opressiva, em tórax anterior, ventilatório- dependente, piora quando deita e melhora na posição genopeitoral Miocardite – Muito semelhante a dor da pericardite. Associada a febre e a mialgia. Dor Não Anginosa – É uma dor muito localizada, de curta duração ou de duração muito longa, ocorre quase que exclusivamente em repouso e a dor é em pontadas e latejante. Causas Gastroesofágicas – Confundem bastante com a dor cardíaca. Suas causas mais comuns são RGE, espasmo esofágico, esofagite. Existem sintomas sugestivos de etiologia esofágica: pirose, regurgitação, disfagia, dor tipicamente pós-prandial que alivia com uso de antiácidos. Deve ser avaliado com ECG para desencargo de consciência e tratar de forma adequada como RGE. Dor Osteomuscular – Muito comum, é uma dor bem localizada e desencadeada pela compressão de um ponto. A história é sempre de uma atividade física repetitiva ou não habitual, causando essa dor. Intensidade varia desde surda até desconforto intenso e persistente, durando horas a dias. Surge durante os movimentos ventilatórios, em especial na inspiração profunda ou na movimentação dos braços e do pescoço. Síndrome de Tietze (costocondrite) é um exemplo Causas Psicogênicas - Os transtornos de ansiedade podem cursar com dor torácica associada com a taquicardia, hiperventilação, sudorese e palpitação; precedidos por sensação de medo e apreensão. Causas Pulmonares - Relacionada com alterações dos vasos ou do parênquima pulmonar, e do tecido pleural. Vasos pulmonares podem se manifestar de forma aguda tromboembolismo pulmonar (TEP); ou crônica, como na hipertensão pulmonar. A dor torácica associada a acometimento pleural tem caráter ventilatório-dependente, e pode ter como etiologia: doenças autoimunes (lúpus sistêmicos e artrite Reumatoide), síndrome lúpus-símile causada por drogas ou doenças virais. Aula 6 – Cardiopatias Congênitas Acianóticas – Quando o Shunt acontece do sangue arterial para o venoso (Shunt da Esquerda para a Direita). Comunicação Interatrial, Comunicação Interventricular, Persistência do Canal Arterial e Coarctação de Aorta (que é uma cardiopatia obstrutiva) Carla Bertelli – 3° Período Cianóticas – Quando tem mais sangue venoso se misturando com o arterial (Shunt da Direita para a Esquerda). Inclui a Tetralogia de Fallot e a Transposição dos grandes vasos. Hiperfluxo Pulmonar – quantidade maior de sangue passando pelos pulmões e Hipofluxo Pulmonar quando passa menos (como na tetralogia de Fallot). Comunicação Interatrial – É a cardiopatia mais frequente na qual há uma comunicação entre os átrios que podem variar de tamanho. É Acianótica (E->D). As manifestações Clínicas incluem ICC e pneumonia ocasionas na infância, fadiga fácil., dispneia aos exercícios, arritmias atriais e hipertensão arterial pulmonar. No Raio X há um aumento do átrio e ventrículos direitos, dilatação da artéria pulmonar e aumento da trama vascular pulmonar. Comunicação Interventricular – Comunicação entre VD e VE (E->D). Ocorre devido a deficiências no crescimento dos septos, falta de alinhamento e fusão das partes componentes. Funciona hemodinamicanete como uma bomba de câmara única, com duas vias de saída. Suas manifestações clínicas incluem ICC grave intratável, infecções respiratórias e RX de tórax com aumento da trama vascular pulmonar. Quando tem um shunt significativo pode ocorrer um hiperfluxo pulmonar. Persistência do Canal Arterial – Normalmente, após o nascimento, o normal é que esse canal se feche por conta de inúmeros mecanismos. No entanto, nessa cardiopatia ele persiste e causa um shunt de sangue arterial da aorta para a artéria pulmonar (sangue venoso). Essa persistência gera um hiperfluxo pulmonar. Em relação as manifestações clínicas vamos perceber que é uma criança que cansa mais fácil, tem infecções pulmonares recorrentes, ICC, hepatomegalia. Transposição Completa das Grandes Artérias – As artérias são invertidas e não existe oxigenação dentro desse sistema. É incompatível com a vida, apenas se a pessoa nascer com uma comunicação entre os dois lados do coração por exemplo, para depois ser realizado a cirurgia. É uma criança com dispneia, cianose desde o nascimento, hipoxemia progressiva, acidose metabólica hipoxêmica grave e ICC. Hipofluxo Pulmonar. Tetralogia de Fallot – Mal formação congênita cianótica mais comum, é uma combinação de 4 achados – aorta cavalgada, estenose da artéria pulmonar, comunicação interventricular e hipertrofia ventricular direita. O shunt ocorre da direita ára a esquerda e causa um hipofluxo pulmonar. As manifestações clínicas incluem uma criança cianótica, hipoxemia sistêmica, dispneia, convulsões e síncopes. Coarctaçãode Aorta – Pode acontecer em qualquer nível do arco aórtico, no qual acontece o estreitamento da aorta e faz com que ocorra um gradiente de pressão, mantendo a PA elevada nos braços, mas diferencial nos 4 membros. A localização mais comum é no ponto de inserção do canal arterial. O lactente pode se apresentar irritadiço, taquipneico e desinteressado em mamar. Aula 6 – Tromboembolismo Pulmonar É hoje considerada a terceira maior causa de morte em pacientes hospitalizados. Pode ser algo muito súbito e inesperado, muitos achados são apenas na necrópsia. Pode ser uma embolia maciça, submaciça, com trombo móvel em AD e uma EP pequena. Acontece principalmente por trombos originados em pessoas com Trombose Venosa Profunda que se encontra preferencialmente em veias mais proximais. É importante saber a tríade de Virchow – Estase Sanguínea, Lesão Endotelial e Hipercoagulabilidade. Esse trombo migra até os vasos sanguíneos pulmonares até achar um com que ela se fixe, obstruindo a passagem de sangue naquele local. Sendo assim, a ventilação no local continua acontecendo, mas não tem perfusão sanguínea. No quadro clínico tem uma obstrução nesse vaso, fazendo com que aumente a pós-carga do coração direito (VD) para conseguir suprir as necessidades de sangue no pulmão, no entanto, se torna incapaz, e Carla Bertelli – 3° Período ocorre um acumulo de líquido no VD e o aumento do estimulo neuro-humoral. Ciclo de morte do paciente de morte por embolia pulmonar – alterações do ventrículo direito, consequências do VE, cai o débito, até um choque cardiogênico de morte com a falência do VD. Fatores de Risco Modificáveis – Obesidade, fumo, medicações (hormônios), nível de atividade/imobilização. Fatores de Risco Não Modificáveis – TEP Prévio, idade, câncer, trauma, cirurgia, hospitalização, trombofilia, ICC, condições inflamatórias. Apresentação – Dispneia, dor torácica pleurítica, tosse. É importante reconhecer que muitos pacientes se apresentam com sintomas não clássicos como febre, convulsões, confusão mental., sintomas abdominais, síncope. A Apresentação Clássica inclui início abrupto de dor pleurítica, dispneia e hipóxia. No exame físico encontramos sinais clínicos de choque, vai perfundir menos, hipotensão, diminuição da oxigenação. Determinar parâmetros como: o Estabilidade Hemodinâmica o Função ventricular direita o Troponina positiva o Características do paciente Dosagem de D-dímero – exclui o caso de TEP quando ele está baixo. Aula 7 – Pericardite Relembrar – Pericárdio tem duas camadas (visceral e parietal), que mantém toda a estrutura cardíaca segura e posicionada no seu lugar. Tem o líquido pericárdico entre elas. Essas camadas tem propriedade fibroelásticas, mais fibrosas do que elásticas. Ele é muito bem inervado (nervo vago, gânglio estrelado e nervo frênico), por isso ele, quando inflamado, é responsável por uma dor de forte intensidade. Podemos encontrar: hidropericárdio, hemopericárdio, quilopericárdio, piopericárdio e pneumopericárdio. Formas de Apresentação da Pericardite – Pericardite Aguda, Crônica, Derrame Pericárdico e Tamponamento Cardíaco e Pericardite Constritiva. O diagnóstico pode ser feito quando 2 dos seguintes critérios estão presentes: dor torácica tipicamente aguda e pleurítica (melhorando na posição genopeitoral), fricção pericárdica, alterações no ECG (Supra ST e queda PR), derrame pericárdico. Biomarcadores também podem ajudar, pois altos níveis de proteína C reativa são frequentemente encontrados em pacientes com PA. A pericardite ou vai ser constritiva ou não vai ser constritiva Pericardite Aguda – Mortalidade baixa, porém pode se tornar uma constritiva, ai a mortalidade aumenta. Suas causas podem ser idiopáticas, causa viral, neoplasias, lesões pós-cirurgia cardíacas e paciente renal crônico. Carla Bertelli – 3° Período Exame Físico da Pericardite – Na inspeção podemos não achar nada característico. Já na palpação vou avaliar a distensibilidade pulmonar (que pode estar reduzido devido a dor), frêmito reduzido porque vai ter derrame pleural e pulso acelerado. Na percussão os achados são somente sobre o derrame pleural e na ausculta há taquicardia e atrito pericárdico (chamado de patognômico), não tem lubrificação entre as duas pleuras. Eletrocardiograma – Supra de ST e queda de PR Pericardite Viral – é a causa mais frequente, os vírus mais comuns são o coxsackie B, echovirus. Suas complicações incluem pericardite recorrente e tamponamento cardíaco ou pericardite constritiva em casos mais raros Pericardite Aguda ou doença Sistêmica com envolvimento Pleuropulmonar – a pericardite pode evoluir com derrame pericárdio ou não. As doenças pericárdicas podem ser considerado tanto como doença isolada quanto doença sistêmica, principalmente pleuropulmonar. Características Clínicas chamadas de Bandeira Vermelha (etiologia não idiopática ou risco de complicações – incluem um curso subagudo, febre >38, falha da aspirina ou AINEs, grande derrame ou tamponamento e ser do sexo feminino. Complicações – Pericardite recorrente, Derrame Pericárdico e Pericardite Constritiva. Pericardite Crônica – acontece quando o paciente permanece com sintomas mesmo após 3 semanas sintomático, pode ser principalmente causado por tuberculose. Tem uma evolução insidiosa, aos poucos, causa emagrecimento, dor retroesternal leve, derrame pericárdico assintomático. Pericardite Constritiva – É uma progressão da pericardite aguda, quando a camada do pericárdio se endurece, perde a elasticidade e comprime o coração. – Quando trava o ventrículo, em termo de sintomas ele aperta o coração, o ventrículo não enche como deve e o paciente tem um DC menor, estimula o SRAA e gera dispneia, edema de membros inferiores, turgência jugular. Pericardite Recorrente – Comum após a pericardite aguda. Paciente em intervalo de pelo menos 4-6 semanas entre um quadro de pericardite e outro. Já quando ocorre em menos de 4 semanas é denominado pericardite incessante. Pode ter um curso clínico caracterizado por ataques recorrentes de inflamação pericárdica acompanhada por sintomas sistêmicos e PCR elevadas, seguido por períodos livres e de sintomas. Derrame Pericárdico – No raio-X observa-se o aspecto de coração em moringa. Tamponamento Cardíaco – Aumento da pressão intrapericárdica, ocorre uma restrição de enchimento no coração e causa sintomas de ICC. Agudo – Paciente que tem um risco de morte eminente, do nada Subagudo – Vai acumulando líquido em vários dias Carla Bertelli – 3° Período Aula 8 – Semiologia do Sistema Respiratório O exame físico pulmonar consiste em: inspeção, palpação, percussão e ausculta. Temos que saber sobre os movimentos respiratórios, que incluem e inspiração e a expiração. Na hora de realizar o exame clínico é necessário, preferencialmente, que o paciente esteja despido até a cintura e sentado. Em cada parte do exame é necessário avaliar as duas regiões simétricas do pulmão, isso permite encontrar alterações que podem estar presentes em apenas um dos pulmões. Lembrar da liberação das escápulas, solicitar que cruze os braços e coloque as mãos sobre os ombros, isso facilita a hora da ausculta e percussão (escapando das saliências ósseas). Inspeção – Dividida em estática e dinâmica. A estática é basicamente olhar o paciente, alterações na coluna, caixa torácica, como por exemplo escoliose, cifose, lordose, pectus excavatum ou carinatum. A dinâmica avalia o padrão respiratório do paciente, se está eupneico, bradipneico ou taquipneico Dispneia é o sintoma que caracteriza a sensação subjetiva de desconforto respiratório ou dificuldade de respirar, podendo ser dividida como aguda ou crônica (>30 dias). Taquipneia – Aumento nonúmero de incursões em 1 minuto. Maior do que 20. Pode ser derivada de uma síndrome restritiva pulmonar (derrames pleurais, edema pulmonar), febre, ansiedade Hiperpneia – Elevação da ventilação alveolar secundária, aumenta a amplitude dos movimentos respiratórios. Presente em situações de acidose metabólica, febre e ansiedade. Bradipneia – Reduz os números de movimentos respiratórios. Geralmente abaixo de 8 incursões por min. Surgem em situações de lesão neurológica, depressão dos centros respiratórios por drogas, precede uma PCR Apneia – Interrupção dos movimentos respiratórios por um período prolongado de tempo. Causa hipoxemia acentuada e risco de desenvolver arritmias cardíacas e morte. Dispneia Suspirosa – Presença de inspirações profundas esporádicas em meio a um ritmo respiratório normal. Ritmo Cantani – Aumento da amplitude dos movimentos respiratórios, de modo regular, secundariamente à presença de acidose metabólica. Ritmo de Biot – Ritmo totalmente irregular. Surgem em pacientes com hipertensão intracraniana e lesões no SNC. Ritmo Kussmaul – Alternancia entre apneias inspiratórias e expiratórias. Ocorre durante uma acidose metabólica. Palpação Avalia-se a expansibilidade, que deve ser realizada no ápice e na base, pedir para o paciente realizar movimentos inspiratórios e expiratórios profundos, visando os dois lados estarem com a expansibilidade sim ética (as duas mãos devem fazer a mesma amplitude de movimento). Procura-se com isso encontrar assimetrias entre os campos pulmonares Uma expansibilidade pulmonar pode estar diminuída no derrame pleural, pneumotórax, pneumonia, atelectasia Carla Bertelli – 3° Período Frêmito Tóraco Vocal – avalia a vibração sentida quando o paciente emite um som estridente enquanto fala ‘’33’’ (remete ao movimento das pregas vocais). É importante pois auxilia no diagnóstico de processos como derrame pleural ou consolidação pulmonar. Nos derrames pleurais o frêmito está diminuído (por ter líquido entre o pulmão e a pleura), já em consolidações pulmonares, como na pneumonia e congestão pulmonar o som se encontra aumentado. Sempre comparar um lado com o outro. Percussão Em barra grega, comparando, realizando nos espaços intercostais e fugindo das áreas ósseas. Hipertimpânico – Pneumotórax Maciço – Derrame Pleural Submacicço – Pneumonia e congestão Som Claro Pulmonar – Normal Ausculta Paciente deve realizar inspirações e expirações profundas com a boca entreaberta, sem realizar barulho. Realizar em barra regra, fazendo comparações. Estertores Finos Crepitantes – Sons nítidos e descontínuos semelhantes ao friccionar dos cabeços. São gerados quando o ar entra em um alvéolo que tenha líquido (pneumonia, edema pulmonar) Estertores Grossos – Menos agudos e duram mais que os finos. Sofrem nítida alteração com a tosse e podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. Comum na bronquite crônica. Roncos – Ruídos longos, graves e musicais gerados pelo turbilhão aéreo que se forma com a movimentação de muco de líquido dentro da luz das vias aéreas. Indicam asma brônquica, bronquites e obstruções localizadas. DPOC e bronquite. Sibilos – Sons contínuos, musicais e de longa duração. Acompanham as doenças que levam a obstrução de fluxo aéreo. Acontecem na asma e bronquite Atrito Pleural – Processo inflamatório das pleuras visceral e parietal. Estridor – Tipo especial de sibilo, com maior intensidade na inspiração. Acontece nas obstruções altas de laringe ou traqueia. Sintomas Importantes Tosse – Indica alguma doença. Principais causas são rinossinusopatias, asma e RGE. Pode ser classificada em aguda, subaguda ou crônica. Pode ser seca ou produtiva. Tosse durante exercícios físicos e tosse psicogênica Expectoração – Escarro é uma mistura de secreções provenientes da nasofaringe, orofaringe e pulmões. É necessário avaliar o volume, se é fétido, a cor entre outras coisas dentro do consultório, visto que ele é uma mistura de coisas da orofaringe, faringe e pulmão. A expetoração excessiva pela manhã pode estar associada a bronquiectasias, bronquite crônica infectada e abcessos pulmonares. Abcesso – Hemoptise verdadeira (que tem origem nos vasos da traqueia, brônquios ou tecido pulmonar) e a falsa (sangramento das vias aéreas superiores ou trago digestivo superior). Pode ser secundário a tuberculose e qualquer das afecções que levem à bronquite, pneumonia Dispneia – É necessário saber diferenciar muitas coisas em relação a dispneia, pois pode ser consequência de muitas coisas. Saber avaliar no Carla Bertelli – 3° Período pronto socorro se há elevação de 4 biomarcadores diferentes (assim se exclui ou investiga e acha a dispneia associada a causas mais graves), assim como a realização de raio x e ECG. Dispneia é um sintoma, não um sinal pois não temos como mensurar a dispneia do outro. Podemos pedir para o paciente classificar em questão de intensidade, etc. A avaliação clínica da dispneia consiste em fazer perguntas para saber o tempo de início, modo de instalação, duração, fatores que desencadeiam, periodicidade, intensidade. Dispneia de Esforço – em atividades físicas, comum em portadores de pneumopatias e cardiopatas. Ortopneia – Denominação dada ao surgimento ou agravamento da sensação de dispneia com a adoção da posição horizontal. Dispneia Paroxistica Noturna – sono interrompido por uma dramática sensação de falta de ar. Platipneia – Sensação de dispneia que se agrava com a adoção de posição ortostática. Trepopneia – Sensação de dispneia que surge e posição lateral
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