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Sofia Lacerda APG – S8P1 Objetivos: 1 - Revisar a anatomia do sistema respiratório e digestório (deglutição) 2 - Compreender os mecanismos fisiopatológicos da broncoaspiração 3 – Estudar os fatores de risco para a broncoaspiração 4 – Explicar as manifestações clínicas da broncoaspiração 5 – Compreender as complicações da broncoaspiração 6- Identificar os exames, tratamentos e prevenções da broncoaspiração Anatomia SISTEMA RESPIRATÓRIO O aparelho respiratório é dividido em uma porção condutora: ❤ Fossas nasais ❤ Nasofaringe ❤ Laringe ❤ Traqueia ❤ Brônquios ❤ Bronquíolos E em uma porção respiratória, onde ocorrem as trocas gasosas: ❤ Bronquíolos respiratórios ❤ Ductos alveolares ❤ Alvéolos SISTEMA DIGESTÓRIO Através do aparelho digestivo realizamos a ingestão dos alimentos, a sua digestão, a absorção dos seus nutrientes e a eliminação de seus produtos residuais. Pode ser dividido entre dois componentes principais: · O trato digestório primário, que funciona principalmente como uma via de condução e armazenamento. Essa porção é necessária para mover o conteúdo alimentar ao logo do sistema digestório, por meio do peristaltismo, para que a absorção de nutrientes e a excreção de substâncias não digeridas possam ocorrer. · O trato digestório acessório, um grupo de órgãos responsável pela síntese e secreção de enzimas que facilitam a digestão química. Órgãos primários: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado (duodeno, jejuno, íleo), intestino grosso (colo), reto e canal anal Órgãos acessórios: glândulas salivares, fígado, vesícula biliar, pâncreas TRAJETO DO BOLO ALIMENTAR Deglutição: arco reflexo que envolve a ação de tratos aferentes e eferentes de vários nervos cranianos, cujos sinais são retransmitidos para o núcleo do trato solitário e núcleo ambíguo do tronco encefálico. • Envio de sinais motores para a língua, movimentando o bolo alimentar contra o palato duro e palato mole, empurrando-o para a orofaringe • Língua – orofaringe – laringofaringe – faringe – epiglote (fecha a laringe) – esôfago – estômagoBroncoaspiração MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS Na aspiração direta, durante o ato de deglutição, o conteúdo da orofaringe atinge as vias aéreas inferiores, promovendo obstrução laríngea ou brônquica e sufocação ou atelectasia maciça. A resposta inflamatória local é alterada pela aspiração de partículas alimentares, havendo influxo de leucócitos polimorfonucleares e formação de granulomas. Nas situações de RGE com aspiração pulmonar, ocorre aspiração do conteúdo gástrico refluído; quanto mais baixo for o pH do material, maior serão as alterações estruturais. O aumento da resistência pulmonar total, devido à acidificação esofágica por meio de reflexos vagais é outro mecanismo responsável pelo desenvolvimento da doença no RGE; nesta situação as manifestações respiratórias ocorrem sem que haja aspiração pulmonar do conteúdo gástrico. A presença de ácido no esôfago terminal determina aumento da resistência pulmonar total, observada em pacientes com doenças pulmonares crônicas como asma grave. CLASSIFICAÇÃO A aspiração pulmonar pode ser: • aguda (acidental) - desde o período neonatal até a adolescência • crônica (habitual) A granulação e a composição do material aspirado são elementos importantes em função das reações orgânicas que ocasionam. Os casos de aspiração crônica podem ocorrer devido a RGE com aspiração do conteúdo gástrico e alimentos, em função de distúrbios da deglutição com predomínio de alimentos, saliva e secreções brônquicas. • Doenças neurológicas - coma e epilepsia - onde são aspirados saliva e conteúdo gástrico podem ocasionar casos de aspiração crônica. Outra causa é a síndrome adeno-tonsilo-sinusal, com aspiração de secreções infectadas. • A síndrome de aspiração também pode ser classificada de acordo com o tipo de material aspirado em: • Irritativa - pneumonites químicas por acido, hidrocarbonetos, óleo vegetal, mecônio, álcool e gordura animal • Infecciosa - ocorre aspiração de saliva e secreções contaminadas • Obstrutiva - causadas por afogamento e aspiração de corpo estranho ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO • Ocupa um dos primeiros lugares de patologia acidental na primeira infância • Deve ser lembrado pelo pediatra toda vez que estiver diante de uma síndrome broncopulmonar de causa incerta • Criança tem tendência a colocar objetos na boca e acidentalmente aspira • Pode ocorrer um engasgo ou até uma obstrução aguda e fatal das vias aéreas • Após a aspiração: ocorre tosse paroxística e apneia em grau variável, com asfixia, levando a morte, dependendo do material • Na laringe ou faringe: sintomas aparecem em tempo variável, pode demorar a se manifestar “período de silêncio” • Objeto maior que os brônquios pode ficar na traqueia, tendo risco de encravar-se na sub-glote (sinais de localização não aparecem); inclui tosse, estridor sibilos e retração simulando um quadro de laringite • Objeto de menor calibre tende a se fixar nos brônquios • Corpos estranhos no esôfago pode causar sintomas respiratórios (laringe, traqueia, esôfago – unidade embriológica e funcional) • Quando o corpo estranho ultrapassa o esfíncter esofágico superior, pode ficar retido por estenose esofágica ou por características do próprio corpo estranho, tais como tamanho e forma Quanto ao estado físico dos corpos estranhos: Mais comumente aspirados são sólidos, como brinquedos de materiais plásticos e metálicos, assim como substâncias alimentícias, especialmente vegetais oleosos como amendoim e não oleosos como feijão e milho. Como material liquido são citados: leite, material gástrico, mecônio e água doce ou salgada em casos de afogamento; como material gasoso, observa-se principalmente a inalação de fumaça. O grão de amendoim é o corpo estranho encontrado com mais frequência em diversos estudos em várias partes do mundo. FATORES DE RISCO Algumas situações ou condições clínicas comprometem a proteção fisiológica das vias aéreas inferiores, alterando principalmente o correto fechamento glótico e o reflexo da tosse, dentre elas: Consciência reduzida; Distúrbios de deglutição / déficit neurológico; Doença do refluxo gastroesofágico; Lesão mecânica na glote ou no esfíncter esofágico inferior devido à traqueostomia, intubação endotraqueal, broncoscopia, endoscopia digestiva alta ou alimentação por sonda nasogástrica; Cirurgia que envolva a via aérea ou esôfago superior; Ausência de jejum adequado no processo de anestesia geral; Anestesia utilizando máscara laríngea; Outros: Gestantes; obesos; íleo adinâmico. Quadro clínico • Broncopneumonia, atelectasia, bronquiectasia, insuficiência respiratória e morte • Nos pacientes em que acorre a aspiração pulmonar, quatro tipos básicos de sintomas podem ocorrer: apnéia, pneumonia aspirativa aguda, doença pulmonar crônica e distúrbios da deglutição • Consideram-se como sinais sugestivos de aspiração: dificuldade no ato da alimentação, presença de leite na boca ou narinas nos intervalos das mamadas, engasgo, vômitos, regurgitações habituais, tosse noturna, cianose e apneia • A presença de tosse e chiados é relatada em 80% a 100% dos casos. PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS • PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO Cerca de 20-30% dos pacientes que apresentarem episódio de broncoaspiração irão desenvolver pneumonia. A pneumonia de aspiração refere-se às consequências pulmonares resultantes da entrada anormal de líquidos, substâncias exógenas, partículas, ou secreções endógenas para as vias aéreas inferiores e aspiração de microorganismos da cavidade oral ou da nasofaringe. A maioria dos pacientes apresenta manifestações comuns de pneumonia, incluindo tosse, febre, expectoração purulenta e dispnéia, mas o processo se desenvolve ao longo de um período de vários dias ou semanas. Muitos pacientes apresentam emagrecimento e anemia como características comuns de um processo mais crônico. Diferentemente da pneumonia comum, a pneumonia por aspiração é causada por bactérias presentes na flora do TGI, sendo, portanto, menos virulentas.A maioria dos casos envolvem bactérias anaeróbias e estreptococos aeróbio ou microaerófilos que normalmente residem nas fendas gengivais. Existe uma associação com a doença periodontal, e esta complicação é menos comum em pacientes com boa higiene dental e aqueles que não apresentam dentição. 2 A microaspiração oriunda de secreção das vias aéreas superiores, devido ao vazamento do balonete do tubo endotraqueal, tem sido reconhecida como a principal causa de pneumonia pós-intubação. • PNEUMONIA LIPOÍDICA Resultado de uma aspiração de óleos vegetais e animais ATELECTASIA Ausência de ar nos pulmões HIPOXIA Diminuição de O2 em órgãos e tecidos PNEUMONITE Aspiração de substancias tóxicas DIAGINÓSTICO E TRATAMENTO Com relação ao diagnóstico, a anamnese é de extrema importância de vez que em 95% dos casos, a tríade engasgo sufocação e tosse, está presente. A história de aspiração de corpo estranho se faz presente em até 85% dos casos; entretanto, em algumas situações o episodio de aspiração não é a queixa principal, sendo necessário uma historia dirigida. Como recurso auxiliar de diagnóstico, a radiografia simples do tórax está alterada em 80% dos casos de crianças com corpo estranho radiopaco nas vias aéreas. São observadas imagens de condensação por atelectasia e/ou pneumonia secundaria, alem de obstrução parcial que pode originar enfisema. A ressonância magnética tem se mostrado de grande precisão, principalmente, na localização de vegetais fragmentados. A confirmação do diagnóstico de aspiração pela via aérea é feita através da endoscopia. O tratamento de emergência tem como objetivo, melhorar a oxigenação do paciente e evitar a disseminação do material aspirado, estando o mesmo na dependência do tipo de material e gravidade da aspiração em relação à freqüência e volume, quadro clínico e temporalidade do evento. A retirada endoscópica com equipamento rígido ou flexível, constitue-se no tratamento nos casos de aspiração de CE; somente uma minoria de CE aspirados pela via aérea da criança não pode ser removida por esse meio. A traqueotomia está indicada naqueles pacientes que aspiraram CE demasiadamente largo, que não podem passar na região sub-glote. @SofiiaLacerda 2
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