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Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 1 ALIMENTAÇÃO NA PEDIATRIA DOZE PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL – CRIANÇAS < 2 ANOS 1. Oferecer somente leite materno até os 6 meses (exclusivo) e permanecer amamentando pelo menos até 2 anos de idade. 2. A partir do sexto mês de vida (possível exceções), introduzir alimentos in natura ou minimamente processados – manter o leite materno até 2 anos. 3. A partir do sexto mês, oferecer água e evitar sucos; bebidas açucaradas como refrigerantes são proibidas. 4. Quando a introdução alimentar (IA) for iniciada, oferecer alimentos sólidos bem cozidos e macios, amassados ou picados; não peneirar nem bater no liquidificador; ir aumentando a consistência com o tempo, até chegar na consistência da comida da família por volta dos 10 -12 meses. A partir do 6º mês introduz alimentação complementar, com alimentos in natura, folhagens, legumes, grãos, carne, fruta. Sem temperos prontos, sem alimentos processados ou ultraprocessados (salgadinhos, biscoitos, etc.). Importante evitar suco, não é o mesmo que comer fruta. Não deve dar açúcar e nem refrigerante. Quando começa a dar papinha deve ter um pouco de pedaço, não pode ficar líquido e muito picado. Alimentos amassados, raspados. Não tem história de começar com caldo e depois adicionar pedacinhos, já deve começar com sólidos e amassados. 10 meses a 1 ano começa a comer o mesmo que a família, alimentos normais inteiros. Ideal não misturar as comidas para a criança reconhecer os sabores em separado. 5. Não ofertar açúcar ou produtos contendo esse produto até os 2 anos. 6. Não disponibilizar ultraprocessados para os menores de 2 anos (salgadinho, biscoito recheado, macarrão instantâneo). 7. Preparar os mesmos pratos para toda a família, para que todos comam mais saudável. 8. A refeição deve ser um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto com a família; dessa forma, o melhor é que todos comam juntos. Ideal não colocar sal e sim temperos naturais. Se colocar sal é somente uma pitada mínima. Melhor temperar com temperos naturais (salsinha, cebolinha, etc.) Ideal que a todos da casa comam a mesma comida para todos terem uma alimentação saudável e estimular o bebê nos hábitos, mesmo que consistência diferente. 9. Interagir com a criança enquanto ela se alimenta, estimulando-a sem força-la. 10. Manter cuidados de higiene rigorosos com a manipulação e com o preparo dos alimentos. 11. Quando não estiver em casa, manter uma alimentação saudável e equilibrada. 12. Diminuir a exposição das crianças à publicidade de alimentos industrializados e ultraprocessados disponível via TV, tablets, celulares. O ideal que todos comam juntos na mesa para que aquele momento seja lúdico, prazerosa, de convivência com a família e adquirir hábitos com mais facilidade, sem forçar. Sempre cuidar muito bem da higiene dos alimentos e diminuir a exposição da criança aos alimentos que não são saudáveis (publicidade), pois diminui a curiosidade de querer provar esses alimentos. Se seguir todos os 12 passos acima, vai conseguir mais facilmente que a criança passe bem por esse período e adquira hábitos saudáveis. O paladar será influenciado desde o aleitamento, pois o que a mãe come altera a composição do leite, passa para a criança e já começa a criar o paladar. Se for uma mãe que come muito processados, alimentos não muito saudáveis, isso pode influenciar no bebê. ALEITAMENTO MATERNO - RECOMENDAÇÃO ATUAL: Até os 2 anos ou mais e exclusivo até os 6 meses. A partir dos 6 meses faz complementação com alimentos. “O leite materno protege contra infecções, como diarreia, pneumonia e infecção de ouvido (otite) e, caso a criança adoeça, a gravidade da doença tende a ser menor. Também previne algumas doenças no futuro, como asma, Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 2 diabetes e obesidade; e favorece o desenvolvimento físico, emocional e a inteligência. Os movimentos que a criança faz para retirar o leite do peito são um exercício importante para a boca e para os músculos do rosto e irão ajudar a criança a não ter problemas com a respiração, a mastigação, a fala, o alinhamento dos dentes e, também, para engolir.” O leite materno tem todos os componentes nutricionais necessários para o bebê e ele altera a composição com o desenvolvimento da criança. Logo que nasce terá o COLOSTRO, depois o leite vai encorpando e ganhando cor. E ao longo dos meses a criança vai precisando de mais ou menos nutrientes que vão sendo fornecidos em quantidade adequado no leite materno. Além disso, tem a questão da imunidade. A criança nasce muito desprotegida quanto à imunidade, não tem sistema imune maduro. A mãe, pelo leite, fornece anticorpos (principal é o IgA e outras como IgM, IgG. Também passam linfócitos, macrófagos, neutrófilos), o que vai proteger contra infecções. Não há nada que substitua o leite materno. A formula é o que mais se aproxima, mas não é 100%. Normalmente indica da formula 1 medida para cada 30ml de água. É muito comum, principalmente no SUS, as mães utilizarem formula sem necessidade, e tem um alto custo econômico. - VANTAGENS E PARTICULARIDADES DO LEITE MATERNO: Promove vínculo afetivo É econômico Colostro: leite dos primeiros dias (rico em proteínas e anticorpos). Ele é mais claro. Uma parte do leite das mamadas já está armazenado nas mamas, mas a maior parte é produzida enquanto a criança está amamentando. O leite que a criança mama não está todo armazenado no peito. Uma parte dele é produzido antes e armazenado e a maior parte produz enquanto a criança está na mama amamentando. Todo o leite materno é adequado e suficiente. Não existe leite fraco: tem calorias, gorduras, proteínas, vitaminas, água e outros nutrientes essenciais na dose certa para o crescimento e o desenvolvimento adequado (lembrar de repor vitamina D, ferro e realizar exposição solar). Pode ter algumas exceções que precisa fazer suplementação em relação a vitamina D (o que tem de vitamina D é muito pouco e ninguém tem uma ingesta suficiente dessa vitamina por dia, então precisa fazer exposição solar e tomar – principal fonte de vitamina D é exposição ao sol). Se a criança não tomar sol, tem chance de vitamina D ficar baixa e o leite materno não é suficiente. O ferro suplementa de acordo com alguns parâmetros, normalmente suplementa todas as crianças. Vitamina D e ferro devem ser suplementados em todas as crianças até 2 anos. Deve ser realizado em livre demanda – sempre deixar a criança a vontade para mamar. Mamar a hora que ela tiver fome e a hora que ela quiser. Nos primeiros dias, quando a criança é muito pequenininha e dorme a noite toda, pode ser necessário chamar o beber e acordá-lo +- de 3/3h. Depois de um tempo deixa a criança, se estiver dormindo e não pediu, deixa dormindo. Somente nos primeiros dias (+- 1º mês de vida) que a criança tem uma perda de peso esperada e risco de hipoglicemia e orienta que se não acordar, pode chamá-la. Existem contraindicações – geralmente associado a alguma situação de doença da mãe ou da criança. - CARACTERÍSTICAS DO LEITE MATERNO: A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada; leite posterior é o mais rico em gordura O leite materno ele muda com o passar dos meses, mas também sofre alterações ao longo da mamada. No início da mamada o leite sai “ralo” e “magro”, tem mais proteínas, mais anticorpos e com menos gordura – “mata a sede da criança”. Depois durante a mamada o leite fica mais rico em gordura e é o leite que vai saciar e dar a energia que a criança precisa para crescer e ganhar peso. Deve orientar a mãe que se o bebe não está ganhando peso adequadamente, ou a mãe acha que não está sustentando. Ex.: quando dápara o bebê o peito direito, na próxima mamada deve continuar dando o peito direito. Se não esvaziou a mama completamente na primeira mamada, deve voltar no mesmo peito e espera esvaziar (a mãe sente quando esvazia) e aí sim faz a troca de peito. Assim Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 3 garante que o bebê vai conseguir mamar o leite posterior, mais rico em gordura. Presença de anticorpos no leite materno (pico de concentração no 1º mês seguido de redução e estabilidade) – principal imunoglobulina: IgA secretória Outros fatores de proteção: anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. FATOR BÍFIDO: favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus, que acidifica as fezes e assim dificulta a instalação de bactérias que causam diarreia, como Shigella, Salmonella e Escherichia coli Fator bífido – é um fator nutricional que favorece o crescimento de lactobacilos e a criança vai acidificar as fezes e a criança terá menos incidência de crescimento bacteriano, infecções intestinais, etc. Dificulta o crescimento de algumas bactérias que são comuns de causar diarreia infecciosa (ex. das principais: Shigella, Salmonella e E. coli). Fator bífido vai agir principalmente em bactérias (menos em vírus). Na tabela acima: Leite Materno X Leite de Vaca Na tabela demonstra os nutrientes em colostro (leite produzido nos 3-5 primeiros dias após o nascimento), em leite maduro (36-29 dias) e no leite de vaca. O colostro é diferente do leite maduro. Além disso tem uma diferença entre o leite do bebê a termo e do bebê prematuro. Ex.: a composição de caloria é maior no pré termo do que no termo, pois o bebê prematuro vai precisar de mais energia para conseguir fazer o crescimento extra uterino. Lipídios e proteínas também são maiores no pré termo. O leite do bebê prematuro sempre será um pouco mais rico do que do bebê a termo. Pelo menos ao longo de 6 meses, a produção de leite sempre será adequada à idade do bebê. O leite maduro já é mais calórico do que o colostro, entretanto tem menos proteínas quando se compara ao colostro. O leite de vaca também terá composição diferente, mas tem pontos parecidos. É importante saber que ele não é adequado para a criança por ter alguns componentes diferentes como a principal proteína sendo a Caseína. O que mais difere será as proteínas, sendo 3,3, o que pode causar uma sobrecarga renal no bebê devido ao excesso de proteína. A caseína também pode ser alergênica ao bebê. - TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO: O fator mais importante na técnica para o sucesso é a PEGA (o jeito que o bebê mama – posição dos lábios, como coloca a boca no seio, etc.). É importante para não causar lesões no seio materno. Quando a mãe reclama em relação a algo da amamentação é importante solicitar à ela que ela fale e mostre como que o bebê está amamentando e observar a pega. E se precisar fazer a correção. Pede para a mãe ajustar a pega e avaliar em uma semana +-. É importante que tenha a pega correta para não ferir o peito da mãe, para que ela consiga amamentar direito, etc. A criança precisa estar com a boca bem aberta, os dois lábios devem estar para fora (“peixinho”) ou o lábio de cima pode ficar para dentro, mas o de baixo sempre para fora. Pelo menos o lábio inferior deve estar para fora. Sempre deve visualizar a auréola mais acima da boquinha do que abaixo da boquinha. O queixo normalmente fica tocando a mama. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 4 Pontos chaves da pega adequada: Aréola mais visível acima da boca do bebê Boca bem aberta Lábio inferior (ou os dois) virado(s) para fora Queixo tocando a mama Posicionamento Adequado: Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo Corpo do bebê próximo ao da mãe – corpinho não pode estar torcido Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido) Bebê bem apoiado Se o posicionamento não estiver bom para a criança ou para a mãe a mamada será prejudicada. Se a mãe estiver desconfortável ela não vai conseguir manter a amamentação. Na imagem acima: Variedades de posicionamento. A mãe pode amamentar deitada, com a criança para um lado e ela para o outro, podem ficar os dois do mesmo lado, etc. Todas as posições acima estão certas. Sinais indicativos de Técnica Inadequada: Bochechas do bebê encovadas a cada sucção – não pode afundar a bochechinha na sucção Ruídos da língua Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada – ex.: como se o bebê estivesse pendurado Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama Dor na amamentação - PROBLEMAS NA AMAMENTAÇÃO: Bebê que não suga ou sucção fraca – principalmente bebês mais novinhos, prematuros Demora na apojadura (descida do leite) – durante o trabalho de parto vai produzir ocitocina e hormônios necessários para a amamentação e o leite está praticamente pronto quando há o nascimento. Mas quando há cesariana pode demorar alguns dias (3-5 dias) para descer o leite. Mesmo se demorar para a descida, deve ir estimulando e tentando. Mamilos planos ou invertidos – o mamilo normal evertido é protuso e no caso do plano não tem essa protusão. E no invertido é para dentro. Pode ficar mais difícil de sugar. Ingurgitamento mamário – quando a mama está muito cheia. Muitas vezes pode causar dificuldade no bebê para mamar e pode machucar. Ideal é esvaziar um pouco a mama ingurgitada antes da mamada para voltar para a forma natural da mama e conseguir ajudar na pega. Dor/machucados nos mamilos Candidíase Fenômeno de Raynaud – pode ocorrer em pessoas normais, mas também muito presente nas doenças autoimunes. Pode ocorrer esse fenômeno também nos mamilos (não somente nas mãos, pés, lábios). Bloqueio dos ductos lactíferos Mastite – inflamação na mama. Não é uma contraindicação à amamentação, mas muitas vezes a mãe não consegue amamentar devido a dor. Abscesso mamário – não é contraindicação, mas também causa muita dor. Outros Quase nunca é necessário suspender a amamentação durante o tratamento da causa. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 5 O que deve ser feito para corrigir: Corrigir a pega Mudar a posição Suspender o uso de chupeta – pode ter confusão de bico. No mesmo caso para mamadeira. Ordenha manual ou com bombas de sucção – no caso de ingurgitamento mamário Translactação – Pode precisar de fazer em bebês prematuros. Coloca o bebê no peito (não está sugando bem ou o leite não desceu bem) e passa uma sonda. Coloca a sonda em direção ao mamilo da mãe, mas vai passando o leite pela sonda como se estivesse saindo da mama. Tranquilizar a mãe – muitas vezes fica preocupada com medo de não conseguir amamentar e pode atrapalhar na descida do leite e na interação com o bebê Aumentar o mamilo antes das mamadas com compressa fria ou gelo – por exemplo nos casos de mamilos planos e invertidos Mamadas frequentes – se ficar difícil ficar por exemplo de 3/3h com a criança 20-30min no peito, pode tentar fracionar e dividir o tempo. Massagens delicadas Lavagem de feridas apenas com água – mamilo ferido nunca coloca medicação e nenhum produto pois pode atrapalhar a mamada. Etc. - DIFICULDADES NO ALEITAMENTO: Quando a mama está cheia ou já ingurgitada, a aréola pode se tornar tensa, endurecida e de pega difícil Orientação: retirada manual (ou com auxilio das bombas de sucção) de pequena quantidade de leite, antes de oferecer o peito ao bebê – facilitar sucção e evitar complicações mamárias Há várias técnicas que podem ser utilizadas mesmo antes de cada sessãode amamentação, para dar aos mamilos uma forma mais fácil de agarrar: Pode estimular o mamilo para ele sobressair e ficar mais fácil para a criança (estimula o mamilo entre o polegar e o indicador). Quando for dar o peito fazer a prega em “C” ou “V” para deixar o mamilo mais protuso. Pode deixar compressa gelada ou gelo para estimular o mamilo e ficar ereto. Além disso tem alguns aparelhinhos que ajudam a modificar a forma do mamilo. Pode extrair o leite manualmente ou com extrator de leite alguns minutos antes de uma sessão para ajudar a puxar o mamilo mais para fora. Na imagem acima: Protetor de silicone que pode colocar durante a amamentação na aureola. Além disso tem os modificadores da forma do mamilo, que pode começar a ser utilizado por volta da 32ª semana de gestação para a mãe começar a treinar a colocar. - PROBLEMAS NA AMAMENTAÇÃO: “LEITE FRACO” A mãe muitas vezes fica ansiosa porque a criança não mama em uma frequência grande, ou chora muito e pode achar que o leite não está suficiente. E devido a ansiedade diminui a produção da cadeia hormonal para liberar leite. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 6 A própria criança pode ficar ansiosa. Isso tudo atrapalha e dificulta que a criança consiga mamar no peito. - CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS AO ALEITAMENTO MATERNO: Doenças cardíacas, renais, pulmonares ou hepáticas graves – a amamentação gera um grande esforço para a mãe e gasta muita caloria. Depressão e psicose graves – pós parto, deve evitar principalmente no período em que a mãe ainda está sintomática. Uso de drogas lícitas e ilícitas ou medicações incompatíveis com a amamentação – uso de forma regular Infecção pelo HIV ou pelo vírus T-linfotrópicos humanos (HTLV) tipo I ou II Quimioterapia/radioterapia oncológica materna – suspende durante o tratamento Galactosemia – doença da criança que ela não pode ingerir nenhum tipo de alimento que contem galactose. Todos os leites serão suspensos. Deve utilizar fórmulas especiais. Outras doenças por vírus, bactérias ou fungos: avaliação pelo profissional, mas, na maioria dos casos, o aleitamento materno é mantido - CONTRAINDICAÇÕES TEMPORÁRIAS AO ALEITAMENTO MATERNO: Algumas infecções – ex.: presença de herpes. Se tiver herpes na mama direita, pode utilizar a mama esquerda. Contraindicação somente na mama afetada. Consumo eventual de álcool e/ou drogas ilícitas – quando esporádico deve suspender por um período correspondente que está circulante no leite Vacina contra febre amarela em mães de crianças menores de 6 meses – essa vacina é de vírus atenuado vivo e por isso deve evitar durante os 6 meses de amamentação Realização de exame com radiofármacos – manter a extração de leite para ofertar para o bebê e evitar redução da produção Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação deve ser mantida na mama sadia Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o parto, isolar mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. Não deve ter amamentação nesse período. A criança deve receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster (Ighavz), disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIES) (BRASIL, 2006), que deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, aplicada o mais precocemente possível Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente Todas as doenças que podem ser transmitidas através do contato com o sangue que são potencialmente graves ou crônicas, deve suspender a amamentação por um período pelo menos até passar a fase. No quadro acima: Uso de droga e tempo de interrupção da amamentação - LEITE DE VACA – EXCESSÃO: Se a mãe não produziu leite, se não tem dinheiro para comprar a formula, deve ser utilizado o leite de vaca. Mas deve diluir o leite devido a grande quantidade de proteína. Deve diluir para não sobrecarregar a parte renal da criança. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 7 Se for leite em pó deve colocar uma colher de sobremesa rasa para cada 100mL de água fervida ou filtrada. 1 colher e meia de sobremesa rasa para 150mL de água fervida ou filtrada. No caso do leite integral fluido deve pegar 2/3 da quantidade de leite mais 1/3 de água fervida ou filtrada. A criança até 4 meses deve diluir. A partir de 4 meses não precisa mais diluir e pode dar o leite de vaca normal, inteiro. Deve realizar suplementação de vitamina C que não tem no leite de vaca. Normalmente inicia a alimentação com 6 meses, mas em algumas exceções, como no caso de crianças que tem dificuldade no fornecimento de leite, pode começar a alimentação a partir de 4 meses, mas a criança deve demonstrar que está pronta para comer (consegue sentar, firmar a cabeça, colocar o alimento na boca, movimentos mastigatórios e com a língua). Então alimentação não deve ser feita EXCLUSIVAMENTE com 6 meses, pois podem ter exceções. No caso em que a alimentação for com o leite de vaca, não será a livre demanda. Deve determinar a quantidade de acordo com a idade. Em crianças que usam formula, em menores de 6 meses é o ideal se não tiver o leite materno utilizar a fórmula. Em casos que a mãe for HIV positivo, se o bebê tiver Galactosemia, etc., o SUS pode fornecer essa formula que o bebê precisa. Mas se for somente pelo fato de a mãe não ter condições financeiras, o SUS não fornece. No uso de leite e vaca e na fórmula deve fornecer água entre as refeições. No uso exclusivo de leite materno não fornece água. No caso de amamentação no peito exclusivo, as exceções serão fornecimento de Soro de hidratação oral e uso de medicamentos. Aleitamento materno misto – leite materno + fórmula Aleitamento exclusivo – somente peito Complementar – começa a fazer a alimentação ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Conjunto de outros alimentos, além do leite materno, oferecidos ao lactente quando o leite materno não é capaz de suprir totalmente as necessidades nutricionais da criança em crescimento Fase de grande vulnerabilidade Manutenção do aleitamento materno + alimentos complementares ou de transição É uma fase que pode ser difícil, a mãe fica muito ansiosa e a criança também pode apresentar um pouco de dificuldade, e devido a isso é um período que a mãe precisa muito do pediatra. Sempre deve manter o peito e complementar com outros alimentos. - INTRODUÇÃO ALIMENTAR: Não existe ordem fixa para introdução dos alimentos – somente existem sugestões Pode ser iniciado pelas papas doces ou principais – são somente frutas, sem açúcar Oferecer o alimento 8 a 10 vezes à criança antes de excluí-lo da dieta – deve comer o mesmo alimento 8 a 10x até desistir. Pode alterar a forma de preparo do mesmo alimento. Não oferecer sucos ou bebidas açucaradas No primeiro ano de vida evitar mel e alimentos em conserva (risco e botulismo) Ao iniciar a introdução alimentar, oferecer água à criança Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 8 Leite de vaca ideal que não ofereça até 1 ano Açúcar somente após 2 anos Cuidados de higiene redobrados Atenção aos alimentos ricos em agrotóxicos Não usar o liquidificador ou peneira - a comida deve no máximo amassada, deve deixar pedacinhos Deve ter atenção com morango, por ser uma fruta que normalmente contém muito agrotóxico. - CRITÉRIOS PRÁTICOS PARA DECIDIR O MOMENTO DE INICIAR ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR: Ocorre aproximadamente com 6 meses. Já senta e se mantém firme nessa posição Mantém sem esforço a sustentação da cabeça Não tem mais reflexo de extrusão Mostra desejo de mastigar Leva alimentosà boca Ao se interessar pela comida, coordena movimentos de olhos, mãos e boca Não se mostra satisfeito com a quantidade de leite, mesmo quando se aumenta muito o volume ou a frequência de oferta - NECESSIDADES NUTRICIONAIS: Podem variar. Individualização e acompanhamento nutricional evolutivo. Idade Sexo Peso Estatura Atividade física Estado fisiológico Presença de doenças Clima - ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ADEQUADA: Alimentação Variada Quantidade adequada de energia Rica em ferro e zinco Rica em vitamina A Quantidade apropriada – deve ter noção de acordo com idade e tamanho Sem contaminação Fácil acesso – pode variar de acordo com a região, família Introduzida em tempo oportuno A introdução pode ser feita de forma variada. Pode começar com papinha de fruta, depois começa com papa salgada (principal) de almoço. Entre 10 meses e 1 ano a criança já terá a mesma alimentação da família. Na imagem acima: Textura e quantidade – recomendação No quadro acima: Quantidade – recomendações. Entender que vai progredindo as quantidades de acordo com a idade. - ÁGUA – RECOMENDAÇÃO: A partir da interrupção do aleitamento materno exclusivo e introdução da alimentação complementar é importante oferecer água nos intervalos. Ou quando estiver em uso de fórmula. A água deve ser a mais limpa possível (tratada, fervida e filtrada). Caso não se conheça a procedência da água orientar os procedimentos para que ela fique potável: após ferver 1 litro de água adicionar 2 gotas de hipoclorito de sódio (2,5%) e deixar repousar por 30 minutos. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 9 - COMPOSIÇÃO DAS PAPAS – RECOMENDAÇÃO: Importância da carne: fonte de ferro e zinco (70 a 100 g/dia) – pode utilizar qualquer tipo de carne. Queda fisiológica nas concentrações de zinco e ferro no leite materno Por volta do 7º mês de idade, 80% das necessidades de zinco e 70% das necessidades de ferro devem ser fornecidas pela alimentação complementar Fibras: Após os 2 anos – 5g + idade da criança o O excesso de fibras pode ser nocivo para a criança e prejudicial o Diminui absorção de gorduras, cálcio, ferro, zinco e vitaminas A e D e por isso não pode colocar em excesso - CRIAÇÃO DO HÁBITO ALIMENTAR: Tem uma série de fatores que influenciam a criança a comer bem. Tem a parte genética, não aceita alguns alimentos, componente familiar, o meio em que a criança vive. Os alimentos consumidos pela mãe durante a amamentação também influenciam e vai mudando o paladar da criança. A criança durante a amamentação vai acostumando com os sabores, aromas. Além da parte genética tem a parte alimentar da mãe durante a amamentação e depois tem o que oferece para ela. O leite materno oferece diferentes experiências de sabores e aromas que vão refletir os hábitos alimentares maternos. Geralmente a criança que mama no peito costuma aceitar melhor alimentação complementar depois. - MOTIVO PARA EVITAR SUCO DE FRUTAS NA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR: Alta quantidade de fruta necessária para fazer um suco Alto índice glicêmico Adição frequente de açúcar ao suco – ideal que fique até os 2 anos de idade sem consumo de açúcar Pouco estímulo à mastigação – não é bom para musculatura facial e desenvolvimento da alimentação Eleva o risco de consumo de bebidas adoçadas no futuro – estimula o consumo de refrigerantes e outras bebidas açucaradas Perda das fibras – a fibra do suco não passa para a criança Maior risco de contaminação – manipulação durante o preparo, uso de espremedor, etc. - CUIDADOS PARA REDUÇÃO DE AGROTÓXICOS: Lavagem cuidadosa dos produtos a serem consumidos Preferir frutas e hortaliças da estação (manejo mais simples) – as frutas da estação terão menos agrotóxicos para desenvolvimento Mergulhar os alimentos em solução de bicarbonato de sódio (1 colher de sopa para 1 litro de água) por 20 minutos Retirar a casca dos alimentos como nectarina, pêssego, berinjela e maçã – o agrotóxico tende a se acumular mais nas cascas Retirar as folhas externas das verduras – ficam mas expostas. Deixar para a criança as folhas mais internas - COMO PREVENIR DIFICULDADES ALIMENTARES FUTURAS: A disposição das crianças para aceitar novos alimentos tem forte herdabilidade – A parte genética não é possível alteração A herança é moderada por diferenças culturais na exposição precoce para sabor e textura A amamentação ao seio: confere vantagem para aceitação futura de sabores; leva a menor Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 10 preferência por alimentos excessivamente palatáveis ('junk food’) Adequar a alimentação à idade e ao DNPM (desenvolvimento) Expor a criança aos sabores naturais, repetidamente e de forma variada (8 a 10x de exposição ate excluir completamente da dieta) Cuidado com a pressão para que a criança coma, incluindo quantidade e sabores – não brigar e não forçar que a criança não queira. No exemplo acima, o milho na espiga é “in natura”. Já o milho na latinha é processado e o milho utilizado em salgadinhos é um alimento ultraprocessado. O consumo elevado de alimentos processados e ultraprocessados aumentam o risco de doenças crônicas no futuro. Estímulo da criança: Colocar ela para comer junto da família, fazendo um prato somente para ela Deixe-a livre para segurar os alimentos/utensílios Variar as formas de apresentação dos alimentos – um prato bonito, colorido, cheiroso e saboroso motiva a criança a comer Interagir com a criança dizendo sempre o nome dos alimentos que ela está comendo Dedicar tempo e paciência aos momentos de refeição da criança Parabenizar e elogiar o consumo dos alimentos/refeições. EVITAR algumas atitudes: Forçar a criança a comer Oferecer atrativos como TV, celular, tablet enquanto a criança come Utilizar aparelhos eletrônicos enquanto a criança come Alimentar a criança enquanto ela anda e brinca pela casa Esconder alimentos que a criança não gosta em preparações Ficar sempre atento aos sinais de fome e saciedade da criança. Na Caderneta da Criança tem uma parte que é somente relacionada à alimentação e deve orientar aos pais a leitura. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 11 Quando orienta no esquema alimentar que a mãe precisa, por exemplo, colocar no almoço um alimento do grupo “raízes e tubérculos”, vai ter a tabela contendo quais alimentos fazem parte desse grupo para escolha dela. O esquema alimentar acima, vai ser dividido de acordo com a idade: até 6 meses, entre 7-8 meses, entre 9-12 meses e entre 1-2 anos. Determina quais alimentos em cada parte do dia (café da manhã, lanches, almoço, jantar e antes de dormir) e a quantidade. DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL – 2 A 9 ANOS Em relação aos doze passos, retirou algumas situações e algumas relacionadas a amamentação com leite materno. 1. Fazer alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação 2. Utilizar óleos, gordura, sal, açúcar em pequenas quantidades 3. Limitar o consumo de alimentos processados 4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados 5. Comer com regularidade e atenção em ambientes apropriados, e sempre que possível, com companhia 6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados 7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias – é importante a criança participar 8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação espaço que ela merece 9. Dar preferencia ao comer fora de casa, a locais que preparam os alimentos na hora e mais próximos do saudável10. Ser crítico quanto as informações, orientações e mensagens sobre alimentação vinculadas a propagandas comerciais - SUPLEMENTAÇÃO DE NUTRIENTES: De rotina são duas suplementações para a criança: Ferro e vitamina D FERRO É necessário realizar a reposição de ferro na infância nos primeiros dois anos. *Em bebês que nasceram no tempo certo, com peso adequado e está em aleitamento materno exclusivo ou misto, deve começar a receber 1 mg/kg/dia de ferro (3 a 24 meses). *Bebê termo, peso adequado, recebendo menos de 500 ml de formula/dia, deve administrar 1 mg/kg/dia (3 a 24 meses). *Bebê termo, com peso <2,5kg, deve administrar 2mg/kg/dia a partir do 1º mês de vida por 1 ano e depois 1mg/kg/dia por mais um ano. *Bebê pré-termo entre 1,5 a 2,5kg, deve administrar 2mg/kg/dia a partir do 1º mês de vida por 1 ano e depois 1mg/kg/dia por mais um ano. *Bebê pré-termo entre 1,0 e 1,5kg, deve administrar 3mg/kg/dia a partir do 1º mês de vida por 1 ano e depois 1mg/kg/dia por mais um ano. *Bebê pré-termo menor que 1,0kg, deve administrar 4mg/kg/dia a partir do 1º mês de vida por 1 ano e depois 1mg/kg/dia por mais um ano. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Set. 2022 12 SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA *Vitamina A: Não é feito em todo o lugar. Tem alguns lugares que tem mais carência e tem mais risco e as crianças precisam receber uma dose. A partir do 6º até o 59º mês de idade, todas as crianças que residam em municípios contemplados pelo programa devem receber doses de vitamina A. O coordenador local (estadual ou municipal) irá definir a estratégia de distribuição de vitamina A que mais se adequa à sua realidade. Mega dose de Vitamina A de 100.000 UI para crianças de 6 a 11 meses: 1 dose apenas Mega dose de Vitamina A de 200.000 UI para crianças de 12 a 59 meses (5 anos): 1 dose a cada 6 meses O ministério da saúde a partir de 2005 tinha uma quantidade menor de áreas que fazia suplementação. Mas depois em 2012 essa área foi ampliada. A suplementação de vitamina A depende da região e quem define é a própria secretaria de saúde de acordo com a incidência de deficiência. *Vitamina D: A suplementação deve ser fixa até 2 anos de idade. 400 UI/dia a partir da primeira semana de vida até os 12 meses e 600 UI/dia dos 12 aos 24 meses, inclusive para as crianças em aleitamento materno exclusivo, independentemente da região do país. Na prática significa que começa com 2 gotas até os 12 meses e depois três gotas até 24 meses (2 anos). - HIGIENE ORAL: Só dentes anteriores: fralda ou gaze Surgimento do primeiro dente posterior (12 a 18 meses): escovar dentes e dorso da língua com escova dental de cabeça pequena, cabo longo e cerdas macias Da erupção do primeiro dente aos 4 primeiros anos de vida: quantidade de creme dental semelhante a um grão de arroz cru; escovar duas vezes ao dia, e ensinar a criança a não engolir a espuma do creme dental (evitar fluorose) Dos quatro aos oito anos: a quantidade de creme dental equivale a um grão de ervilha Atualmente orienta utilizar pasta de dente com flúor, mas em quantidade pequena. Evitar cárie nos dentes de leite: Alimentar o bebê somente com o leite materno até 6 meses – o leite materno evita Incentivar o consumo adequado de frutas, verduras e legumes Não oferecer alimentos com açúcar e bebidas açucaradas Evitar oferecer líquidos (exceto água), principalmente na hora de dormir Evitar que a criança coma fora do horário previsto para as refeições Escovar os dentes da criança pelo menos 2x ao dia, com fio dental e escova com pasta com flúor, principalmente antes de dormir
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