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LP Leitura e Interpretação Sequência Didática do Professor Ensino Médio A intenção discursiva em documentários Campo jornalístico-midiático Habilidade FOCO (EM13LP44) Analisar, discutir, produzir e socializar, tendo em vista temas e aconteci- mentos de interesse local ou global, notícias, fotodenúncias, fotorreportagens, reportagens multimidiáticas, documentários, infográficos, podcasts noticiosos, artigos de opinião, críticas da mídia, vlogs de opinião, textos de apresentação e apreciação de produções culturais (resenhas, ensaios etc.) e outros gê- neros próprios das formas de expressão das culturas juvenis (vlogs e podcasts culturais, gameplay etc.), em várias mídias, vivenciando de forma significativa o papel de repórter, analista, crítico, editorialista ou articulista, leitor, vlogueiro e booktuber, entre outros. Habilidade RELACIONADA (EM13LGG302) Compreender e posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 3 Essa SD tem como objetivo a aná- lise e o estudo de documentário e da argumentação nesse gênero. Por isso, inicialmente, busca-se mobili- zar os conhecimentos prévios sobre filmes e documentários. Solicita-se, então, que os estudantes digam se já assistiram ao documentário de M.V. Bil e se conhecem alguma outra obra artística dele. Porém, caso os estudantes não tenham conhecimento sobre esse artista ou não tenham o hábito de assistir a documentários, é interessante as- sistir ao documentário para que eles se motivem e comentem sobre as peculiaridades desse gênero. Professor, a atividade 1 está centrada predominantemente na leitura e análise de documentário e na relação interdiscursiva com outros gêneros. DE OLHO NA BNCC Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possi- Ponto de PARTIDA LP Leitura e Interpretação Ensino Médio A intenção discursiva em documentários Atividade 1 Orientação ao PROFESSOR Ponto de PARTIDA Atividade 1 Certamente, você, ao longo de sua trajetória, assistiu a variados filmes e a variados documentários. Mas, já assistiu ao documentário “Falcão, meninos do tráfico”? já ouviu falar de M.V. Bill? Já escutou algum rap produzido por ele? Ou sabe que, além de rapper, ele é ativista, ator, documentarista, escritor? CONCEITO DE DOCUMENTÁRIO: " Documentário é um gênero do cinema que tem como objeti- vo a apresentação de uma visão da realidade por meio da tela. Para isso, esse gênero utiliza-se de arquivos históricos, imagens, entrevistas com pessoas envolvidas e outros recursos, permitindo que ele seja construído ao longo do processo de sua produção e somente seja finalizado com a edição. ´´ https://www.portugues.com.br/redacao/documentario.html. Acessado em: 06 de março de 2019 CONCEITO DE ROTEIRO DE VÍDEO: "O Roteiro é a forma escrita de qualquer audiovisual. É uma forma literária efêmera, pois só existe durante o tempo que leva para ser convertido em um produto audiovisual. No entanto, sem material escrito não se pode dizer nada, por isso um bom roteiro não é garantia de um bom filme, mas sem um roteiro não existe um bom filme". Doc Comparato https://www.tertulianarrativa.com/o-que--roteiro. Acessado em: 06 de março de 2019 ? Você SABIA? 4 bilidades de explicação e interpre- tação crítica da realidade e para continuar aprendendo. Essa competência específica indica que, durante o Ensino Médio, os jovens devem desenvolver uma compreensão e análise mais aprofundadas e sistemáticas do funcionamento das diferentes linguagens. Além disso, prevê que os estudantes possam explorar e perceber os modos como as diversas linguagens se combinam de maneira híbrida em textos complexos e multissemióticos, para ampliar suas possibilidades de aprender, de atuar socialmente e de explicar e interpretar criticamente os atos de linguagem. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018, p. 483. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colabora- ção, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defenden- do pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioam- biental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global. Essa competência específica focali- za a construção da autonomia dos estudantes nas práticas de com- preensão/recepção e de produção (individual ou coletiva) em diferen- tes linguagens. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018, p. 485. As questões privilegiaram o desen- volvimento das habilidades: (EM13LP44) Analisar, discutir, pro- duzir e socializar, tendo em vista te- Orientação ao PROFESSOR Texto 1 Para acessar o documentário " Fal- cão: Meninos do Tráfico", acesse o QR Code abaixo: 1. Qual o fato social é retratado e denunciado por M.V. Bill em ´´Falcão: Meninos do Tráfico´´? 2. O termo ´´Falcão´´, no contexto da favela e do crime organizado, exposto no documentário, tem que relação semântica? 3. No documentário, há uma intergenericidade: entrevista, artigo de opinião, relato, depoimento e resultado de pesquisas que se entrecruzam, formando um novo gênero. Ou seja, o documentário é um texto híbrido. A partir dessa afirmação, escolha falas dos sujeitos entrevistados e do M.V. Bill que eviden- ciam opinião de: a) denúncia; b) problematização; Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 5 mas e acontecimentos de interesse local ou global, notícias, fotodenún- cias, fotorreportagens, reportagens multimidiáticas, documentários, infográficos, podcasts noticiosos, artigos de opinião, críticas da mídia, vlogs de opinião, textos de apresen- tação e apreciação de produções culturais (resenhas, ensaios etc.) e outros gêneros próprios das formas de expressão das culturas juvenis (vlogs e podcasts culturais, gameplay etc.), em várias mídias, vivenciando de forma significativa o papel de repórter, analista, crítico, editorialista ou articulista, leitor, vlogueiro e booktuber, entre outros. (EM13LGG302) Compreender e posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presen- tes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação. Respostas esperadas: Texto 1: Questão 01) A desigualdade social e a exclusão do negro, pobre, favela- do e infante. Questão 02) A palavra Falcão, no contexto da favela, denomina o jovem que vigia e protege os traficantes, a ´´boca´´ e os morado- res. Professor, você pode levar os alunos a perceberem que o título traz a pista para a resposta. Questão 03) a) M.V Bill relata que está “mos- trando a vida de pessoas as quais talvez não façam parte das estatísticas...talvez só virem estatística depois de mortas...” b) ´´Se eu morrer, nasce um outro que nem eu, pior ou melhor. Se eu morrer, vou descansar, é mui- to esculacho nessa vida – decla- rou o menino de 10 anos.´´ Orientação ao PROFESSOR c) contextualização; d) causa e consequência; e) crítica. 4. Das histórias relatadas no documentário sobre 17 protagonistas, 16 já estão mortos e um sobrevivente, preso. O que esse dado chocante revela em rela- ção aos Direitos Humanos? 5. O ´´MV´´ de M.V. Bill significaria adotado por ele mesmo ´´mensageiro da verdade´´, com base nisso, quais problemáticas sociais estão interligadas ao discurso do documentarista em ´´Falcão:Meninos do tráfico´´? 6. Você conseguiu perceber uma estrutura de filmagem como um ´´roteiro´´ para o espectador, interlocutor, compreender a situação- problema no enre- do? Como você registraria essa sequência? 6 c)´´Entra se quiser. Eu deixo bem explicado. E quando o meu filho crescer, eu vou querer falar o que o pai dele foi, como o pai dele era. E vou falar para ele: 'se tu acha que isso é o certo e quiser seguir o que o teu pai seguiu, o caminho é esse daí, a morte - declarou uma mãe com o bebê no colo. ´´ d) ´´Não conheci meu pai, não sei se tá vivo ou se tá morto. Tenho 17 anos e, até hoje, nunca tive um aniversário. Ninguém fez um aniversário pra mim" - Depoimento sobre os pais. e) Estamos tratando com homens pequenos. Não há mais infância, não há mais criança. É triste, é muito triste - disse o sociólogo Gláucio Soares. Questão 04) Os artigos 1º , 3º, 6º e o 7º da Declaração Universal dos Direitos Humanos são totalmente desrespeitados porque aqueles ``meninos do tráfico`` não foram tratados pelo seu país e povo com equidade de direitos. Portanto, não é reconhecida a dignidade da pes- soa humana, já que eles não tiveram direito à vida, nunca gozaram de plena liberdade. Questão 05) Como denunciador e propagador, ele dá voz aos margina- lizados, revela as faces de um país desigual, excludente, racista que não respeita a criança em situação de vulnerabilidade. Esse Brasil que M.V Bill desnuda é um reflexo da lógica do capitalismo como sistema econômico que promove a divisão de classes sociais. Orientação ao PROFESSOR Atividade 2 MÚSICA ´´O PRETO EM MOVIMENTO´´ DE M.V. BILL Não sou o movimento negro Sou o preto em movimento Todos os lamentos (Me fazem refletir) Sobre a nossa história Marcada com glórias Sentimento que eu levo no peito É de vitória Seduzido pela paixão combativa Busquei alternativa (E não posso mais fugir) Da militância sou refém Quem conhece vem Sabe que não tem vitória sem suor Se liga só, tem que ser duas vezes melhor Ou vai ficar acuado sem voz Sabe que o martelo tem mais peso pra nós Que a gente todo dia anda na mira do algoz Por amor a melanina Coloco em minha rima Versos que deram a volta por cima O passado ensina e contamina Aqueles que sonham com uma vida em liberdade De verdade Capacidade pra bater de frente E modificar o que foi pré-destinado pra gente Dignificar o que foi conquistado Mudar de estado, sair de baixo Sem esculacho é o que eu acho Não me encaixo nos padrões Que vizam meus irmãos como vilões Na condição de culpados Ovelha branca da nação Que renegou a pretidão (Na verdade é que você...) Tem o poder de mudar " RAPÁ" DE UM TEXTO AO OUTRO Texto 1 Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 7 Questão 06) Resposta pessoal. Professor, você pode conduzir a sistematização de um roteiro que registre a sequência das cenas/ par- tes mais marcantes. Para isso, seria interessante discutir oralmente e fazer um enredo topicalizado com base no que os alunos levantarem de destaque. Orientação ao PROFESSOREntão passe para o lado de cá, vem cá Outra corrente que nos une A covardia que nos pune A derrota se esconde no irmão Que não se assume Chora quando é pra sorrir Ri na hora de chorar Levanta quando é pra dormir Dorme na hora de acordar Desperta Sentindo a atmosfera, que libera dos porões E te liberta (Sarará criolo...) Muita força pra encarar qualquer bagulho Resistência sempre foi a nossa marca, meu orgulho É bom ouvir o barulho Que ensina como caminhar (Eu estou sempre na minha...) Não vou pela cabeça de ninguém Pode vir que tem Alguidar dominará em Português, Favelês ou em Ioruba, Axé Pra quem vai buscar um aqcue E deixa de ser um qualquer Já viu como é Preto por convicção acha bom submissão Não, da ré no Monza e embranquece na missão Tem que ser sangue bom com atitude Saber que a caminhada é diferente pra quem vem da negritude Que um dia isso mude Por enquanto vou rezar pro santo E que nós nos ajude Esse QR Code dá acesso ao vídeo completo da música ´´O preto em movimento´´ 8 Atividade 2 Texto 2: Questão 01) Há uma relação inter- discursiva quanto ao tema da ex- clusão social e racial, denunciando desigualdades e injustiças sofridas por indivíduos pobres e negros no Brasil. Além dessa crítica, o M.V Bill oportuniza o debate para promover mudança nessa realidade. Questão 02) O título resume o objetivo do rap por ser uma arte de protesto, contracultura e instrumen- to artístico que dá voz a uma massa de marginalizados que precisam lutar, reivindicar direitos e mudar suas realidades. Questão 03) Sim, traz uma intencio- nalidade, porque a plurissignificação da palavra ´´movimento´´ é para reforçar o imperativo do negro o qual deve se organizar enquanto identidade, cultura, cidadão e, com a coletividade, buscar justiça e reparação social. Questão 04) a) Como o Brasil ainda é uma nação com muita injustiça social e alto preconceito racial, o negro é subjugado à marginalidade, fruto de uma história de escravidão. Devido a isso, para conseguir ascender e transformar sua realidade, M.V Bill defende que o negro não basta ser bom em algo tem que ser o melhor. Essa afirmação não deixa de ser mais um reflexo das amarras da opressão racial. b) Resposta pessoal. Professor, você pode deixar os alunos apontarem e defenderem seus pontos de vista, até organizarem ideias que sejam convergentes e divergentes, mas não deve deixar de mostrar que uma opinião deve sempre ser fundamentada. Orientação ao PROFESSOR Alex Pereira Barbosa, ou MV Bill, é filho de Mano Juca, bombeiro hidráulico, e de Dona Cristina, dona-de-casa. Bill é um apelido de infância, referência a ”Rato Bill” – desenho de um rato que vinha em figurinhas de chiclete durante a Copa do mundo de 82. O apelido MV aparece por volta de 1991, quando escuta Public Enemy - grupo de Nova Iorque muito politizado – e lê as biografias de Malcolm X e de Zumbi dos Palmares. A partir daí, passa a conscientizar os moradores de sua comunidade, através de conversas e do rap. ? Você SABIA? https://www.letradamusica.net/mv-bill/biografia-artista.html. Acessado em: 22 de março de 2019. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 9 Questão 05) A linguagem de um rap como esse do M.V Bill representa uma comunidade por isso, geral- mente, terá oralidade, terminologias específicas de grupos sociais, variantes que marquem a cultura, região, ideologia e contexto. Questão 06) Fica claro que M.V Bill, como ele mesmo se denomina ´´mensageiro da verdade´´, reforça a convocação que é um imperativo para a luta por igualdade racial, sendo uma missão do eu- lírico re- presentante de todos nessa mesma condição. Questão 07) Professor, a escolha para o preen- chimento do quadro de relações interdiscursivas é uma sugestão de como pode ser sistematiza- da a aprendizagem de leitura e análise dos gêneros trabalhados nas atividades 1 e 2 com foco na opinião e na argumentação, já que o estudante está se preparando para escrever um texto dissertativo-argu- mentativo, no ENEM, com indícios de autoria, o que significa argumen- tar a partir de um conhecimento sociocultural amplo. Orientação ao PROFESSOR 1. O rap ´´O preto em movimento´´ tem relação de interdiscurso com o docu- mentário ´´Meninos do Tráfico´´? Justifique. 2. O título do rap evidencia a ideia central do texto? Por quê? 3. O jogo de palavras existente, no primeiro e segundo versos, pode ser conside- rado uma intencionalidade argumentativa? Por quê? Cor púrpura ´´...Da militância sou refém Quem conhece vem Sobre que não tem vitória sem suor...´´. O preto em movimen- to M.V Bill Redenção de Cam " Tem que ser sangue bom com atitude Saber que o caminho é diferente paraquem vem da negritude "O preto em movimento, M. V Bill" Charge ´´...No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia/ É revistado e humilhado por uma guarda...´´ Racismo é Burrice- Gabriel Pensador Fotografia ´´A modernidade se funda na diversidade. Contudo, o coração humano não tem idade. Em todos os lugares e épocas ele comporta o solidário, o altruísta, o generoso, e também o ditador, o fundamenta- lista, o fanático que se julga dono da verdade. ´´ A arte da intolerância-Frei Beto Nelson Mandela Frase final do documentário ´´Ilha das Flores´´: ´´Liberdade, e uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e nin- guém que não entenda´´. Cecília Meireles Lima Barreto ´´Se eu viver, nasce um outro que nem eu, pior ou melhor´´. Menino do tráfico, 10 anos. Martin Luther King ´´ Não bebo café pra não ter intimi- dade com preto´´ Comentário racista contra apresentadora Maria Júlia Couti- nho (Maju)- Ponto de partida da atividade 1. 10 4. Com base no depoimento de M.V. Bill, responda: a) Por que os negros precisam ser duas vezes melhores? b) Você concorda com essa afirmação? Por quê? Orientação ao PROFESSOR Cor púrpura ´´...Da militância sou refém Quem conhece vem Sobre que não tem vitória sem suor...´´. O preto em movimen- to M.V Bill Redenção de Cam ´´...Estes macacos odeiam. Eles odeiam os macacos que são di- ferentes... Macacos que têm uma cor diferente... ´´. Dancem, macacos, Dan- cem Charge ´´...No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia/ É revistado e humilhado por uma guarda...´´ Racismo é Burrice- Gabriel Pensador Fotografia " O homem é a medida de todas coisas". Protágoras Nelson Mandela Artigo 5º da Constituição Federal Todos são iguais perante a lei.. Lima Barreto ´´Se eu viver, nasce um outro que nem eu, pior ou melhor´´. Menino do tráfico, 10 anos. Martin Luther King ´´ Não bebo café pra não ter intimi- dade com preto´´ " O passado ensina e contamina aqueles que sonham com uma vida em liberdade" O preto em movimento - MV Bil Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 11 No ENEM, uma das competências que o aluno deve demons- trar domínio na produção textual é a competência II: “Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.” Para o candidato atingir o nível 5 /200 pontos, nota máxima nessa competência, deve “Desenvolver o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresen- tar excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo”. Dessa forma, para ter um repertório legitimado e pertinente ao tema, é necessário um uso produtivo: • de informações que extrapolem os textos motivadores; • legitimação dos argumentos pelas várias áreas do conhecimento como: referências às áreas do conhecimento e/ ou seus profissionais; especialistas; autoridades; personalidades; teorias; obras como - Socio- logia/ Sociólogos, Filosofia/ Filósofos; Literatura/ escritores/ poetas/ au- tores; Educação/ educadores, Meio Ambiente/ambientalistas; Geografia/ Geógrafo ; Medicina/ médicos; Linguística/ linguistas, dentre outros. • do uso diversificado das estratégias argumentativas como: concei- tuação; exposição de fatos; citações; contextualização; alusão histórica; problematizações; intertextualidades/interdiscursividades (música, cine- ma, literatura, artes, séries, etc) comparações; perguntas retóricas; dados estatísticos; definições de teorias científicas; proposta de intervenção, dentre muitos outros. ? Você SABIA? 7. Com base no que foi dito sobre a competência 2 do ENEM, preencha o quadro a seguir, a partir das relações estabeleci- das entre o que você estudou nas atividades 1 e 2 e no seu conhecimento de mundo. 5. A linguagem predominantemente empregada por M.V. Bill no rap é informal ou formal? Por quê? 6. O rap de ´´Preto em movimento´´ pode ser considerado um convite à militância? Por quê? 12 Cor púrpura- Alice Walker ´´Nós não somos brancos. Não somos euro- peus. Somos pretos que nem os africanos. E nós e os africanos estaremos trabalhando juntos por um objetivo comum: uma vida melhor para os negros do mundo todo. ´ Redenção de Cam- Modesto Brocos A tela A Redenção de Cam (1895), de autoria de Modesto Brocos é um retrato de família marcado pelas distintas gradações de cor da pele entre seus membros, num movi- mento clareador que vai do negro (a avó) ao branco (o neto). Ademais, o quadro é fruto de um momento pós-emancipação, marca- do pela forte adesão ao racialismo na esfera pública e da emergência de uma série de planos quanto ao destino da população de ascendência negra na ordem livre e republi- cana. Charge da cartunista Angeli- Folha de São Paulo Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 13 Fotografia documental de Ariadna Faleiro Discurso de Nelson Mandela ´´Eu lutei contra a dominação branca, e eu lutei contra a dominação negra. Eu nutri o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. ´´ Trecho de Lima Barreto- Cemitério dos Vivos ´´..os loucos são da proveniência mais di- versa, originando-se em geral das camadas mais pobres da nossa gente pobre. São de imigrantes italianos, portugueses e outros mais exóticos, são os negros roceiros que teimam em dormir pelos desvãos das jane- las sobre uma esteira esmolambada e uma manta sórdida; são copeiros, cocheiros, mo- ços de cavalariça, trabalhadores braçais. No meio disto, muitos com educação, mas que falta de recursos e proteção atira naquela geena social.´´ Discurso de Martin Luther King ´´Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele.´´ 14 Se você tivesse uma câmera na mão e o poder de denunciar o racismo, como você faria? Atividade 3 TEXTO 1 Para acessar o audiovisual ´´Dancem, macacos, Dancem´´, posicione a câmera do seu celular no o QR Code ao lado: TEXTO 2 Para acessar o vídeo ´´Ilha das flores´´, posi- cione a câmera do seu celular no o QR Code ao lado: 1. O documentário ´´Dancem, macacos, Dancem´´ faz uma sátira à teoria cien- tífica da descendência humana. Você consegue identificar qual seria essa teoria? Quem a fundamenta? 2. Quando o audiovisual argumenta sobre a localização do homem no univer- so infinito, que ponto de vista é enfatizado com a ironia persuasiva de que somos macacos? Essa tese converge ou diverge da visão antropocêntrica? Por quê? QUEM SABE DIZ De olho na BNCC A escola que acolhe as juventu- des, por meio da articulação entre diferentes áreas do conhecimento, deve possibilitar aos estudantes: compreender e utilizar os conceitos e teorias que compõem a base do conhecimento científico-tecnológi- co, bem como os procedimentos metodológicos e suas lógicas; apropriar-se das linguagens das tec- nologias digitais e tornar-se fluentes em sua utilização.(BRASIL, BNCC, 2018, p. 07) Respostas esperadas: Questão 01) Sim. O naturalista inglês Charles Darwin, escritor da obra “A Origem das Espécies” e criador da “Teoria da Evolução das Espécies”, estabelece um ancestral em comum entre o ser humano (Ho- minídeos) e o primata (Pongídeos). Questão 02) A nossa condição e postura primitivas de ser humano, mesmo diante da aparente evolução e desenvolvimento expressos na história da humanidade, diverge incisivamente, porque ela confronta a perspectivaantropocêntrica, a qual estabelece a superioridade intelectual e tecnológica humana diante das demais espécies do pla- neta, visto que “Dancem, macacos, dancem” trata o homem moderno como um ser primitivo, arcaico e ignorante. Questão 03) b) “O homem é lobo do homem, em guerra de todos contra todos.” Thomas Hobbes. Esse é o teor crítico que Hobbes estabelece quanto à forma do ser humano lidar consigo mesmo e com a sua forma agressiva e primitiva de interagir. Orientação ao PROFESSOR Atividade 3 Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 15 3. Analise a relação entre a linguagem verbal e a não verbal ao longo do docu- mentário e marque a alternativa que traz a concepção filosófica ou socioló- gica que evidencia o paradoxo satirizado no audiovisual ´´Dancem, macacos, Dancem´´: a) ´´O medo é o pai da moralidade. ´´ Friedrich Nietzsche b) ´´O homem é lobo do homem, em guerra de todos contra todos ´´ Tho- mas Hobbes c) ´´Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar.´´ Zygmunt Bauman d) ´´Tente mover o mundo- o primeiro passo será mover a si mesmo.´´Pla- tão e) ´´O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete. ´´ Aristóteles 4. No documentário experimental ´´ Ilha das Flores´´, há um ciclo de reprodução da realidade numa versão mais subjetiva ou objetiva da argumentação? Por quê? 5. Em ´´O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores depois dos porcos na prioridade de escolha de alimentos é o fato de não terem dinheiro nem dono´´, esse discurso fílmico documental apresenta uma dimensão argumen- tativa que tem como ideia central a) denunciar a exclusão social gerada pelo modelo capitalista vigente. b) retratar o consumismo e as consequências da mercantilização. c) mostrar as relações sociais intrapessoais e interpessoais no mundo. d) trazer políticas públicas de inclusão social e humanização. e) expor a trajetória do tomate desde o consumo até o descarte no lixão na Ilha. 6. Considere a conceituação de cidadão acima. Por que, segundo o documentá- rio ´´Ilha das Flores´´, o porco seria ´´mais cidadão´ ´que os ´´catadores´´? Justificativa das outras alternativas: a) “O medo é o pai da moralida- de”. Friedrich Nietzsche. Falso, porque essa frase tem um teor filosófico voltado para o senti- do da “moralidade”, não para a interação humana. c) “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar”. Zygmunt Bauman. Falso, a essência dessa frase é a reflexão sobre a “fluidez” da so- ciedade, não para sua realidade agressiva. d) “Tente morrer o mundo – o primeiro passo será morrer a si mesmo.” – Platão. Falso, essa frase tem como intuito relacionar a realidade do indivíduo com a sociedade, na figura do “mundo”, mas não esclarece como essa realidade é. e) “O ignorante afirma, o sábio duvi- da, o sensato reflete”. Aristóteles. Falso, porque o foco dessa frase é instigar o ser humano, como indivíduo consciente, a “duvidar e refletir”, o que difere da pers- pectiva da audiovisual “Dancem, macacos, Dancem” acerca do ser humano. Questão 04) Objetiva. Porque o documentário estabelece os indi- víduos/sujeitos diretos envolvidos no ciclo de reprodução da realidade apresentado. Questão 05) a) Denunciar a exclusão social gera- da pelo modelo capitalista. Justificativas das outras alternati- vas: b) Retratar o consumismo e suas consequências. Falso, visto que o foco da expressão não está no modelo consumista, mas sim na condição desumana vivida por seres humanos, fruto de desi- Orientação ao PROFESSOR ´´Um indivíduo que desfruta da condição de cidadão é aquele que goza dos direitos consignados pelo Estado, bem como a possibilidade de acesso a uma renda adequada, que lhe permite desfrutar de um padrão de vida comum a seus cidadãos. ´´ SANTOS, Maria Paula Gomes dos. O Estado e os problemas contemporâneos. Florianópolis.: Departamento de Ciências da Administração/ UFSC, 2012. ? Você SABIA? 16 TRECHO DO ROTEIRO DE ILHA DAS FLORES: ´´[...] A Ilha das Flores está localizada à margem esquerda do Rio Guaíba, a poucos quilômetros de Porto Alegre. Para lá é levada grande parte do lixo produzido na capital. Este lixo é depo- sitado num terreno de propriedade de criadores de porcos. Logo que o lixo é descarregado dos caminhões, os empregados separam parte dele para o consumo dos porcos. Durante este processo, começam a se formar filas de crianças e mulheres do lado de fora da cerca, à espera da sobra do lixo, que utilizam para alimentação. Como as filas são muito grandes, os empregados organizam grupos de dez pessoas que, num tempo estipula- do de cinco minutos, podem pegar o que conseguirem do lixo. Acabado o tempo, este grupo é retirado do local, dando lugar ao próximo grupo[...]´´. VÍDEO COMO FAZER ROTEIRO Para acessar o vídeo ´´ Como fazer um roteiro de documentário´´, posicione a câmera do seu celular no o QR Code ao lado: ? Você SABIA? gualdade social. c) Mostrar as relações sociais intrapessoais e interpessoais no mundo. Falso, porque o foco do trecho acima está na realidade criada por um modelo econômi- co desigual, não nas relações sociais entre os indivíduos desse modelo. d) Trazer políticas públicas de inclu- são social. Falso, porque o trecho fala da realidade dos habitantes da Ilha das Flores, mas não apre- senta proposta de intervenção, como trazer políticas públicas de inclusão social. e) Expor a trajetória do tomate des- de o consumo até o seu descarte no lixão. Falso, porque o trecho gira em torno da condição dos seres humanos dentro desse ciclo de reprodução de desigual- dade social, não do protagonis- mo do tomate. Questão 06) Expressa a definição do Departamento de Ciências da Administração da UFSC acerca do “cidadão”, o porco se torna, diante do evidenciado no documentário “Ilha das Flores”, um indivíduo com melhor condição de alimentação e vida que os “catadores” da ilha, visto que o porco tem quem o alimente e recebe alimentos válidos para sua alimentação, enquanto os seres humanos ali presentes (os “catado- res”) não recebem amparo de nin- guém, sobrevivendo apenas com os alimentos que foram considerados “inapropriados” para a alimentação do porco (alimentos podres). Questão 07) a) Evidencia a intenção dos documentaristas de satirizar e retratar a realidade humana, dentro de suas esferas: o primeiro satiriza a “evolução” humana diante da bar- bárie primitiva humana; o segundo retrata a condição desumana e deplorável vivida por “catadores” da “Ilha das Flores”. Portanto, são Orientação ao PROFESSOR 7. a) Para persuadir os interlocutores, os dois documentários, textos 1 e 2, utilizaram uma apropriação do discurso científico e até didático. O que essa estratégia pode revelar sobre a intenção discursiva dos documentaristas? b) Liste cinco exemplos de áreas de conhecimento, teorias, marcos históricos que evidenciaram o discurso científico de cada documentário? Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 17 PROPOSTA DE PRODUÇÂO A partir do que você e seus colegas trouxeram como caminhos para comba- ter o racismo, elabore, em grupo, um roteiro para a produção de um documentá- rio. Para elaborar o roteiro, escolha um tópico valioso, um propósito, pesquise sobre o assunto e escreva um esboço. Siga o esquema do roteiro do documentá- rio ´´Ilha das Flores´´. Após escrever o roteiro, mãos à obra. Você pode filmar com o seu celular ou, caso seja possível, faça uma filmagem com uma câmera mais profissional. ESQUELETO DO ROTEIRO Etapas 1) Em grupo, definam o ponto de vista sobre o combate ao racismo do docu- mentário. 2) Público-alvo e linguagem 3) Escolher fatos, músicas, trechos de obras, situações discutidas, dados estatísticos, perguntas, leis, recursos argumentativos utilizados ao longo da sequência de opiniões para compor uma lista de ideias para criar a dimensão discursivada filmografia documental. 4) Façam pesquisas sobre a formação histórica, cultural, ideológica do racismo no Brasil. ´´Já não estamos nas décadas de 1950 ou 1960, quando po- dia reinar a esperança de se ver declinar o racismo e progre- diam os movimentos pelos direitos cívicos e os processos de descoloniza- ção. Pelo contrário, a modernidade atual comporta, como ontem, este lado de sombra e o fenômeno, devastador, não só não tende a desaparecer da vida social, como encontra, nas transformações contemporâneas, recursos para ressurgir sob formas clássicas ou outras, novas ou renovadas. ´´ Sociólogo francês, Michel Wiewiorka (2010: 249). Acessado em: 06 de março de 2019. + Para saber MAIS materiais com teor argumentativo e crítico. b) “Dancem, macacos, Dancem”: evi- dente a relação do documentário com a “Teoria da Evolução das Espécies”, com os estudos da Geopolítica atual e de História, com foco nos períodos e acon- tecimentos bárbaros da história da humanidade, tais quais as Grandes Guerras, as Inquisições Católicas durante a Idade Média e os ataques nucleares ao Japão (em 1945). “Ilha das Flores”: evidente a relação do documentário com a teoria do “Darwinismo Social”, com os estu- dos Antropológicos acerca da estru- turação da sociedade humana, as teorias da Filosofia Grega Clássica acerca do sentido do “ser cidadão” e sua conexão com marcos históricos como as Revoluções Industriais, e o cenário social do Brasil atual. Se liga no SAEB E e no ENEM Professor, é interessante pontuar com os estudantes que as ques- tões do SAEB e do ENEM foram colocadas para que eles enxerguem a funcionalidade do estudo dessa SD, ou seja, os estudantes precisam se preparar para as duas avalia- ções externas como uma forma de também buscar possibilidades para entrar na universidade e ter espaço no mercado de trabalho. Questão SAEB) Letra E Questão ENEM) letra E Orientação ao PROFESSOR 18 5) Definam as estratégias: • Tempo do documentário; • Cenas/ estrutura; • Falas / relatos / depoimentos- locutor universal; • Imagens (fotos ou imagens em movimento). Obs.: seguir regras de utilização de imagem; • Onde fazer a publicação; • Músicas; • Legenda. 6) Montem o roteiro escrito, seguindo uma sequência argumentativa e persuasiva, inspirando-se nos textos das atividades 1, 2 e 3. 7) Ficha técnica: registrar as fontes e as biografias de cada texto utilizado para montar o documentário. Além de expor o papel de cada integrante do grupo na construção desse gênero. Para auxiliar na sua produção, acesse o QR Code abaixo que ensina a montar um vídeo na plataforma Movie Maker. SISTEMATIZANDO Nesta SD, você assistiu a documentários, reconheceu a intenção discursiva neles e analisou as relações de interdiscur- so com rap, charges, pinturas, livros e fotografia documental. Essa trajetória foi fundamental para você aprofundar o estudo voltado à leitura e interpretação textual, com estudo da intertextualidade e interdiscursividade. Pôde também ampliar seus conhecimentos sobre o repertório cultural diversificado que deve fundamentar a sua argu- mentação na redação do ENEM. SE LIGA NO SAEB PROVA BRASIL Senhora (Fragmento) Aurélia passava agora as noites solitárias. Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava uma desculpa qualquer para justificar sua ausência. A menina que não pensava em interrogá-lo, também não contestava esses fúteis inventos. Ao con- trário buscava afastar da conversa o tema desagradável. Conhecia a moça que Seixas retirava-lhe seu amor; mas a altivez de coração não lhe consentia queixar-se. Além de que, ela tinha sobre o amor ideias singulares, talvez inspiradas pela posi- ção especial em que se achara ao fazer-se moça. Pensava ela que não tinha nenhum direito a ser amada por Seixas; e pois toda a afeição que lhe tivesse, muita ou pouca, era graça que dele recebia. Quando se lembrava que esse amor a poupara à degradação de um casamento de conveniência, nome com que se decora o mercado matrimonial, tinha impulsos de ado- rar a Seixas, como seu Deus e redentor. Parecerá estranha essa paixão veemente, rica de heróica dedicação, que entretanto assiste calma, quase impassível, ao declínio do afeto com que lhe retribuía o homem amado, e se deixa abandonar, sem proferir um queixume, nem fazer um esforço para reter a ventura que foge. Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica, de cuja investigação nos abstemos; porque o coração, e ainda mais o da mulher que é toda ela, representa o caos do mun- do moral. Ninguém sabe que maravilhas ou que monstros vão surgir nesses limbos. (ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __. Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107-8.) Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 19 000 IT_029816 O narrador revela uma opinião no trecho (A) “Aurélia passava agora as noites solitárias.” (ℓ. 1) (B) “...buscava afastar da conversa o tema desagradável.”(ℓ. 4-5) (C) “...tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus...” (ℓ. 12-13) (D) “...e se deixa abandonar, sem proferir um queixume,...” (ℓ. 16) (E) “Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica,...” (ℓ. 18) SE LIGA NO ENEM ENEM (2017) Uma noite em 67, de Renato Tera e Ricardo Calil. Editora Planeta, 296 páginas. Mas foi um noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso país. Parou pra ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos chamado Eduardo Lobo, o Edu Lobo, saiu carregado do Teatro Para- mount em São Paulo depois de ganhar o prêmio máximo do festival com Ponteio, que cantou acompanhado da charmosa e iniciante Marília Medalha. Foi naquela noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro, o arranjador. Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao som das guitarras dos Beat Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque com os Mutantes. Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo Calil, agora virou livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite, ampliada e em estado que no jargão jornalístico chamamos de maté- ria bruta. Quem viu o filme vai se deliciar com as histórias – e algumas fofocas – que cada um tem para contar, agora sem os cortes necessários que um filme exige. E quem não viu o filme tem diante de si um livro de histórias, pensando bem, de História. VILLAS, A. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acessado em: 18 jun. 2014 (adaptado). COMPARTILHE Considerando os elementos constitutivos dos gêneros textuais circulantes na sociedade, nesse fragmento de resenha predominam A. caracterização de personalidades do contexto musical brasileiro dos anos 1960. B. questões polêmicas direcionadas à produção musical brasileira nos anos 1960. C. relatos de experiências de artistas sobre os festivais de música de 1967. D. explicação sobre o quadro cultural do Brasil durante a década de 1960. E. opinião a respeito de uma obra sobre cena musical de 1967. 20 SDName: EM.12.LP.2.12.23.P-2019