Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal de Santa Maria Gabrieli C. Tomasi Clareamento Dental MITOS E EVIDÊNCIAS Ó 1 – É necessário realizar uma dieta branca durante o clareamento? Realidade: o agente clareador (peróxido de hidrogênio) que está sobre a superfície do esmalte precisa infiltrar na dentina (onde estão os pigmentos a serem oxidados). Os pigmentos quebram as macromoléculas que levam ao efeito clareador. Pode ocorrer porque o esmalte é desmineralizado e/ou aumenta a permeabilidade. Porém, a saliva imediatamente remineraliza a superfície do dente, o que diminui a permeabilidade. Ou seja: efeitos do pH das diferentes substancias poderão afetar os padrões de sensibilidade associado ao clareamento em consultório, mas não afetam na eficácia do clareamento em si. Aderir a uma dieta branca não melhora o processo de clareamento. Ó 2 – Posso fazer clareamento em pacientes fumantes? Realidade: fumantes têm maior grau de descoloração dental que não fumantes. O cigarro é, de fato, um fator que pigmenta a superfície dental. O paciente não terá problema durante o clareamento, mas a pigmentação já é relevante depois de um mês, de forma que o “retoque” deveria ser feito com maior frequência. Uma profilaxia é essencial para manter o clareamento em pacientes fumantes. Ó 3 – Luz é mesmo necessário? Realidade: não, e o clareamento também não melhora com a luz. Ele é apenas acelerado pela luz. Ó 4 – Carvão, cúrcuma... funciona? Realidade: existem dentifrícios que são clareadores, mas agentes abrasivos não são clareadores, eles apenas reduzem a necessidade de profilaxia profissional. Carvão não tem nenhum efeito clareador! Ó 5 – O clareamento caseiro é melhor do que o clareamento de consultório? Realidade: não há qualquer diferença entre eles. Ó 6 – O clareamento em consultório não é estável? Realidade: o clareamento em consultório ocasiona um clareamento imediato. Entretanto, após duas semanas ocorre rebound (volta da cor). Ó 7 – Trincas, fendas, gaps geram mais sensibilidade durante o clareamento? Realidade: pacientes com restaurações possuem maior sensibilidade; em caso de trincas, a entrada de peróxido também poderia piorar a sensibilidade, mas não se sabe ao certo. Conceitos iniciais [ O clareamento dental permite harmonização e rejuvenescimento do sorriso! 9 Por que os dentes escurecem? • Causas fisiológicas: representa o envelhecimento dos dentes. • Causas patológicas: traumatismos, que causam extravasamento de sangue para os túbulos dentinários. • Causas iatrogênicas: não irrigação, abertura inadequada, não remoção de resíduos de câmara pulpar, não cortar adequadamente guta percha, não remover resíduos de cone ou material restaurador. • Fatores extrínsecos: chás, chimarrão, café, vinho, cigarro, alimentos com corantes, placa bacteriana. Podem ser removidos com profilaxias. • Fatores intrínsecos: congênitos (dentinogenese imperfeita; fluorose); adquiridos pré-irruptivos (tetraciclinas; fluorose) e adquiridos pós-irruptivos (traumatismos; tetraciclinas; latrogenias). Universidade Federal de Santa Maria Gabrieli C. Tomasi Clareamento Dental 9 Histórico • 1895 – 1º trabalho publicado; • A partir de 1960: grande momento; o clareamento deixou de ser exclusivo à dentes que tivessem passado por endodontias. Klusmier passou a utilizar p.c 10% (bochecho) para tratar inflamações gengivais em pacientes ortodônticos. • 1970 – 1975: apresentação dos resultados. • 1989: Van Haywood e Harold Heymann – idealizaram técnica onde o contato poderia ocorrer somente com a estrutura dental, para que o resultado fosse restrito, utilizando uma placa de bruxismo – Isso que originou a técnica caseira atual. 9 Protocolos • Caseiro Supervisionado ou Técnica da Moldeira • Em Consultório ou In Office • Associação de técnicas U O clareamento DESIDRATA os dentes, não os desmineraliza. (Desidratação é causada pela base do clareador, por usar o afastador por muito tempo – em caso de consultório – ou pela placa que impede o contato com saliva – em caso de caseiro). 9 Situações Clínicas 1. Dentes Polpados – Vitalizados: • Clareamento supervisionado; • Em consultório; • Associação. 2. Dentes Despolpados: • Em consultório; • Curativos – iniciam em consultório e vai para casa com um curativo clareador que vai fazer efeito ao longo dos dias; • Associação. U Melhor opção depende de etiologia e diagnóstico! 1. Diagnóstico 2. Plano de Tratamento 3. Prognóstico Ø Em caso de amplas restaurações precisamos avaliar a quantidade e qualidade de estrutura dental remanescente. Ver as expectativas do paciente e exposição dos dentes em um sorriso (dentes com grande recessão – área cervical é mais resistente). Ø Em alguns casos, a técnica de clareamento deve ser usada como auxiliar em um tratamento, não como alternativa principal. Ø Eristoblastose fetal: manchas leitosas em contraste com dentes escurecidos em tom âmbar; Ø Manchamento por medicação: diagnóstico é desafiador; pacientes com 40+ com tons de marrom ou cinza acentuados, ou com manchas de aspecto listrado. Resistência maior às técnicas de clareamento (cerca de 6 meses). Ø Fluorose: linhas/faixas brancas que contrastam com a maior saturação dos dentes. Ø Hipoplasias/hipocalcificações: lesões brancas. Ø Traumatismo: manchamentos escurecidos. Ø Dentes com escurecimento acentuado por manchamento por íons metálicos (amálgama): apresenta limitações, pois o agente clareador responde bem a pigmentos orgânicos. U Clareamento em crianças: não há nenhuma contraindicação, se bem conduzido (preferencialmente em consultório). U Clareamento em gestantes/lactantes: não se indica nenhum tratamento eletivo. Agentes clareadores e concentrações 9 Peróxido de Hidrogênio 1,5% a 38% Clareamento mais rápido, porque é metade do processo do peróxido de carbamida. Universidade Federal de Santa Maria Gabrieli C. Tomasi Clareamento Dental 9 Peróxido de Carbamida 10% a 37% Mecanismo de ação: ao entrar em contato com a estrutura dental, se divide em peróxido de H e Ureia, que por sua vez se degradam em H2O, O2, amônia e CO2. A função da ureia é tornar o peróxido menos agressivo às mucosas e prolongar o tempo de liberação do H. Tem ação mais lenta. Corresponde a um peróxido de H 3%. 9 Perborato de Sódio (dentes despolpados) Ação: se dá através da liberação de oxigênio, pois peróxidos são altamente instáveis a variações de temperatura (temperatura corporal). Oxigênio penetra nas estruturas microscópicas e atua nos pigmentos que alteram a cor. Ou seja: os pigmentos se infiltram nos dentes e se transformam em macromoléculas que são dificilmente removidas através de limpeza. Para remover esse efeito, o clareador (baixo peso molecular) reduz o tamanho das macromoléculas, o que confere o efeito clareador. A sensibilidade, então, é gerada pelo O2 atravessando a polpa. Quando mais O2, maior concentração do ácido, e maior sensibilidade. U Aumento no valor dos dentes! Clareia/ilumina, não deixa branco. Passa da zona cinza para a zona branca. U A seleção e utilização do agente clareador varia conforme o caso clínico e a técnica de clareamento selecionada. U ANVISA (2015): agentes clareadores com peróxido acima de 3% é vendido apenas sob prescrição. 9 Administração dos Clareadores • Em consultório: com ou sem luz para ativação. • Caseiro: com supervisão profissional. § Peróxido de Carbamida 10% a 22%; § Peróxido de hidrogênio até 10%. TÉCNICA CASEIRA SUPERVISIONADA/ TÉCNICA DA MOLDEIRA 9 Fácil, versátil e de alta aceitação; 9 Revisão semanal ou diária (por aplicativos de conversa); 9 Proposta inicial: placa rígida de acrílico; hoje são de acetato, flexível e transparente; 9 Inicialmente era líquido (escorria na arcada inferior, por isso foi modificado para gel; 9Protocolos noturnos ou diurnos (até 2h). ODONTOLOGIA PERSONALIZADA 9 Conhecer rotina, dieta e hábitos do paciente; 9 O protocolo é dividido em 3 fases: P FASE I: Consulta inicial (completa e personalizada) e preparo prévio do paciente para o clareamento » Exame clínico e radiográfico; » Realizar abordagens personalizadas (profilaxia para a limpeza de pigmentos; raspagem periodontal; restaurações) para o paciente estar preparado para o clareamento (pois é um tratamento eletivo). P FASE II: Execução da Técnica P FASE III: Revisões » Intervalos semanais; » Após o fim do clareamento, revisão após 6 meses ou 1 ano, para prolongar a durabilidade do procedimento. P PROTOCOLO PARA INÍCIO DO PROCESSO 1. Moldagem com alginato; Universidade Federal de Santa Maria Gabrieli C. Tomasi Clareamento Dental 2. Confecção do modelo em forma de ferradura; 3. Confecção da placa de acetato em um plastificador à vácuo; 4. Corte da placa (1 a 2mm do término cervical, para não irritar a mucosa); 5. Prova da placa no paciente (ver se precisa de alívio em papila ou algum outro ajuste); 6. O paciente leva 1 placa e 1 bisnaga por vez (1 bisnaga/semana). U Pacientes com borda incisal muito translúcida precisam aplicar o gel mais na borda de cervical, para evitar que o gel extravase para a incisal e dê um efeito de “linha cinza”. TÉCNICA EM CONSULTÓRIO AGENTES DE USO SOMENTE EM CONSULTÓRIO 9 São mais concentrados para permitir redução do tempo clínico. 9 Os agentes podem ter várias apresentações – podem vir em frascos separados ou seringas pré-dosadas (única ou separadas), por exemplo – que serão escolhidos dependendo do protocolo a ser utilizado; 9 A tendência atual é que seja utilizado para casos mais complexos (dentes despolpados, coloração por medicamentos), ou devido ao tempo do paciente. ð Peróxido de Hidrogênio 15%-20%-30%-35%-38% ð Peróxido de Carbamida 35% a 37% ð Perborato de Sódio U O neutralizador é à base de enzimas que neutralizam os peróxidos. São utilizados em caso de extravasamento do agente clareador com a mucosa. Molhamos uma bolinha de algodão no líquido e aplicamos no local da queimadura química. TÉCNICA WALKING BLEACH (Dentes Despolpados) » “Técnica de clareamento andante”: paciente vai para casa com um curativo com o clareador dentro do dente; » Tampão cervical mecânico e biológico confeccionado na entrada do conduto radicular. Permite isolar o agente clareador da guta-percha. » Abertura coronária (normalmente há resíduos escurecendo a coroa dentária); remoção de 4mm/5mm de guta percha; confecção do tempão (hidróxido de cálcio recoberto por CIV ou resina flow); limpeza da coroa dental com ácido fosfórico ou outro agente; aplicação do curativo com perborato de sódio; bolinha de algodão; selar a cavidade com CIV ou RC. » Se após a 4ª troca de curativo não vermos melhora, não vamos além, porque há um risco pelo dente ficar aberto. » A restauração adesiva final, pós- clareamento, deve ser feita após 14 dias, pois o O2 inibe a polimerização da RC, comprometendo a adesão e escolha da cor (dente está desidratado). PRINCÍPIOS DE ATIVAÇÃO 9 Os peróxidos de hidrogênio têm ativação dual: liberam o O2 por variação de temperatura corporal, do ambiente e, se desejado, de fontes de luz; 9 Se eu optar pelo uso de luz, será para fazer mais de uma aplicação em uma mesma sessão de clareamento; 9 A fonte de luz adequada é com leds, lasers ou, preferencialmente, fontes híbridas (LED + laser de baixa potência). Não usamos fotopolimerizador! Universidade Federal de Santa Maria Gabrieli C. Tomasi Clareamento Dental P PROTOCOLO 1. Avaliação inicial (conversa + exame clínico + exame radiográfico); § Ver manchas, trincas, restaurações, dentes despolpados, LNC... 2. Preparo da boca; § Bicarbonato é neutralizador do peróxido, por isso não usamos ultrassom e fazemos clareamento na mesma sessão! 3. Lubrificar lábios; 4. Isolamento do campo (relativo modificado); 5. Proteção da mucosa gengival; 6. Aplicação do agente clareador de acordo com as orientações do fabricante; 7. Ativação (se desejado); § 3 a 5 minutos de aplicação de luz. 8. Remoção do gel com cânula de aspiração endodôntica e lavagem; § Se for fazer segunda aplicação: lava, mas não tira a barreira. 9. Remoção da barreira; 10. Polimento; 11. Aplicação de gel dessensibilizante. ASSOCIAÇÃO DE TÉCNICAS 9 Utilizado para casos mais complexos, e para respeitar o tempo do paciente, bem como a longevidade dos resultados; 9 Exemplo de caso complexo: paciente fez 4 sessões em consultório (com intervalo de 7 dias) e seguiu com a técnica caseira supervisionada por 9 meses. P CLAREAMENTO EM DENTES DESPOLPADOS 9 Opções: 1. Técnicas externas; 2. Técnicas internas; Quando, na radiografia, aparece alguma iatrogenia no tratamento endodôntico. 3. Associação de técnicas. 9 Protocolos: 1. Imediato: só em consultório; 2. Mediatos: consultório + curativos - Walking-Bleach (perborato de sódio + H2O2): a troca de curativos é a cada 3 dias. - Inside/outside (peróxido de carbamida): a troca de curativos é a cada 24h. A parte “outside” é com o uso de uma placa com clareador menos concentrado. 3. Associados (consultório + curativo). U O terço cervical é o ponto crítico em dentes despolpados (principalmente em pacientes com sorriso alto)! U Personal bleaching = clareamento personalizado.
Compartilhar