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Modulo de Saude Coletiva_1671644047

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ESATER 
CENTRO DE FORMAÇÃO TECNOLÓGICO 
MAIS QUE UMA ESCOLA... UM PROJETO PARA VIDA. 
 
 
@esatersocial 
 
(75)98228-1605 
 
 
Assistência de Enfermagem 
em Saúde Coletiva 
 
 
 
 
Profª Elisabeth S. Miranda 
Sanitarista e Enfa do Trabalho 
 
 
 
Feira de Santana – Ba 
2022 
 
2 
 
SÚMARIO 
 
Programa da Disciplina....................................................................................... 3 
Saúde Coletiva...................................................................................................... 6 
A Visita Domiciliária no Contexto da Saúde da Família.................................. 8 
PROSAD – Programa de Saúde do Adolescente............................................... 13 
Atenção à Saúde do Adolescente: Mudança de Paradigma............................. 16 
Puberdade e suas mudanças corporais.............................................................. 21 
Hipertensão Arterial............................................................................................ 24 
Diabetes Mellitus.................................................................................................. 39 
Hanseniase............................................................................................................. 48 
Tuberculose........................................................................................................... 52 
Orientações para Coleta de Exames................................................................... 62 
O que é o Programa Nacional de Suplementação de Ferro?............................ 64 
Resumindo: Por que o Iodo é importante.......................................................... 68 
O que é a Vitamina A........................................................................................... 69 
PAISM – Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher.................... 73 
Exame Ginecológico............................................................................................. 79 
Câncer de Mama.................................................................................................. 85 
Câncer de Pênis.................................................................................................... 90 
Questões Norteadoras para Estudo.................................................................... 92 
3 
 
 
 
4 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
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8 
 
9 
 
10 
 
 
11 
 
CADASTRO DA FAMÍLIA 
FICHA A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE 
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA 
UF | | | 
ENDEREÇO NÚMERO 
| | | 
BAIRRO CEP 
| | | | | | - | | | | 
MUNICÍPIO 
| | | | | | | | 
SEGMENTO 
| | | 
ÁREA 
|_ |_ |_ | 
MICROÁREA 
|_ |_ | 
FAMÍLIA 
|_ |_ |_ | 
DATA 
|_ |_ |_ |_ | | |_| 
 
 
 
PESSOAS COM 15 ANOS OU MAIS 
 
 
NOME 
 
DATA 
NASC. 
 
IDADE 
 
SEXO 
 
ALFABETIZADO 
 
OCUPAÇÃO 
DOENÇA 
OU 
CONDIÇÃO 
REFERIDA 
(sigla) sim não 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PESSOAS DE 0 A 14 ANOS 
 
 
NOME 
 
DATA 
NASC. 
 
IDADE 
 
SEXO 
 
FREQÜENTA 
A ESCOLA 
 
OCUPAÇÃO 
DOENÇA 
OU 
CONDIÇÃO 
REFERIDA 
(sigla) sim não 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Siglas para a indicação das doencas e/ ou condições referidas 
 
ALC – Alcoolismo 
CHA – Chagas 
DEF – Deficiências 
DIA – Diabetes 
EPI – Epilepsia 
GES – Gestação 
HA – Hipertensão Arterial 
TB – Tuberculose 
HAN – Hanseníase 
MAL – Malária 
12 
 
SITUAÇÃO DA MORADIA E SANEAMENTO 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
TIPO DE CASA 
Tijolo/Adobe 
Taipa revestida 
Taipa não revestida 
Madeira 
Material aproveitado 
Outro - Especificar: 
Número de cômodos / peças 
Energia elétrica 
DESTINO DO LIXO 
Coletado 
Queimado / Enterrado 
Céu aberto 
 
 TRATAMENTO DA ÁGUA NO DOMICÍLIO 
Filtração 
Fervura 
Cloração 
Sem tratamento 
ÁBASTECIMENTO DE ÁGUA 
Rede geral 
Poço ou nascente 
Outros 
DESTINO DE FEZES E URINA 
Sistema de esgoto (rede geral) 
Fossa 
Céu aberto 
 
EM CASO DE DOENÇA PROCURA 
Hospital 
Unidade de Saúde 
Benzedeira 
Farmácia 
Outros - Especificar: 
 MEIOS DE COMUNICAÇÃO QUE 
MAIS UTILIZA 
 
Rádio 
Televisão 
Outros - Especificar: 
 
 PARTICIPA DE GRUPOS 
COMUNITÁRIOS 
 
Cooperativa 
Grupo religioso 
Associações 
Outros - Especificar: 
 MEIOS DE TRANSPORTE 
QUE MAIS UTILIZA 
 
Ônibus 
Caminhão 
Carro 
Carroça 
Outros - Especificar 
 
OBSERVAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguém da família possui Plano de 
Saúde? 
 Número de pessoas cobertas pelo Plano de 
Saúde 
 
Nome do Plano de Saúde                          
 
 
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16 
 
 
Atenção à Saúde do Adolescente: 
Mudança de Paradigma 
Maria Helena Ruzany 
 
Efetividade da atenção ao adolescente. Mudança no modelo de atendimento integral para uma 
modalidade participativa e interativa. Bioética. Sintonia do profissional de saúde com os 
adolescentes. 
 
Palavras-chave: ética, mudança de paradigma, atenção ao adolescente 
 
Nas últimas duas décadas, a atenção à saúde do adolescente vem se tornando uma prioridade em 
muitos países, inclusive para instituições internacionais de fomento à pesquisa. Isto se deve à 
constatação de que a formação do estilo de vida do adolescente é crucial, não somente para ele, 
como também para as gerações futuras. 
De forma geral, no que se refere a organização de serviços para o atendimento a este grupo 
etário, observa-se que os esforços realizados no sentido da criação de programas de qualidade, 
tiveram até certo ponto, resultados positivos. Implementou-se um modelo de atendimento baseado 
na prestação da atenção integral a esta clientela, partindo-se das experiências adquiridas nos 
programas pioneiros de atendimento à mulher e à criança. Contudo, ainda falta muito para que os 
programas nacionais dêem cobertura adequada a toda população de adolescentes e jovens e para que 
se possa considerar que estes programas estejam integrados ao sistema de saúde, de tal forma que 
permitam o acesso universal (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995). 
Neste capítulo procura-se fazer uma reflexão sobre a atenção integral ao adolescente a partir da 
dimensão da bioética, com o objetivo de propor uma mudança de paradigma na abordagem desta 
clientela. 
 
Dificuldades no desenvolvimento do programa 
 
A especificidade da atenção ao adolescente é um aspecto da maior relevância na criação de um 
programa eficaz, apresentando-se como um grande desafio aos gerentes. Como exemplo do que se 
apresenta como desafio, podemos apontar a necessidade de adequação da linguagem e da forma de 
atuação dos profissionais, para o alcance de um nível de compreensão dos vários segmentos que 
constituem esta população. 
Neste sentido, a condição prévia para qualquer proposta de atenção é delimitar as características 
da população alvo. Trata-se de um grupo heterogêneo que exige uma implementação efetiva de uma 
política de atenção, levar em conta as diferenças que lhe são inerentes. Estas se apresentam em 
relação à faixa etária (adolescência inicial, intermediária e tardia), diferença de gênero, inserção no 
ambiente familiar (os que têm família e moram com ela e os que não têm), no âmbito educacional 
(os que freqüentam a escola e os que estão fora dela), condição social (os que vivem com parceiros 
ou não), quanto à sua condição física (portadores ou não de doenças mentais ou físicas), quanto à 
moradia (os que moram em zona urbana ou rural) e os que pertencem a minorias raciais, religiosas 
ou culturais (MORENO; NIREMBERG; PERRONE, 1992). 
Todas estas diferenças indicam que as necessidades de saúde do adolescente não podem ser 
encaradas de forma isolada, visto que estão intrinsecamente relacionadas com o contexto no qual 
está inserido (YUNES, 1993). Muitas vezes,os problemas de saúde do adolescente, aos quais os 
profissionais desta área devem estar atentos durante o atendimento, decorrem de suas dificuldades 
sócio-econômicas, tais como pobreza, privações, falta de moradia, ausência da família, ausência de 
um sistema educacional adequado, falta de capacitação laboral, falta de emprego, violência, entre 
17 
 
outros. Não obstante, vale enfatizar que as necessidades imediatas de amor, comida, abrigo, 
segurança, desenvolvimento do raciocínio lógico e dos valores morais são responsabilidades de toda 
a sociedade: família, escola e comunidade. 
O que um jovem vivencia de positivo ou negativo afetará sua vida presente e futura, mas, o que é 
mais importante, é a partir destas vivências que o adolescente poderá estabelecer novas práticas a 
serem assimiladas pela sociedade em geral. Todo jovem é influenciado pelos amigos e pelos adultos 
do mundo onde vive, e desta interação resultam mudanças comportamentais que vão pautar toda 
uma geração (RUZANY, 1994). 
 
Adolescência e sociedade 
 
Durante a adolescência ocorrem mudanças de ordem emocional que são de extrema importância 
para o indi- víduo, tais como o desenvolvimento da auto-estima e da autocrítica; questionamento 
dos valores dos pais e dos adultos em geral (FRIEDMAN, 1994). Trata-se de um período da 
existência em que o sujeito começa a interagir com o mundo externo de modo mais autônomo sem, 
aparentemente, ter de assumir as responsabilidades da vida adulta. Contudo, esta situação é de 
extrema ambivalência, visto que, se por um lado não lhe é exigido assumir os compromissos da vida 
adulta, por outro, não lhe é permitido “comportar-se” como uma criança. Na indecisão de como se 
conduzir, o adolescente se arrisca, oscilando entre condutas de risco “calculado” – decorrente de 
uma ação pensada – e do risco “insensato”, em que, gratuitamente, se expõe, com grande chance de 
ocorrerem insucessos, podendo comprometer sua saúde de forma irreversível (DiCLEMENTE, 
1996). 
A adolescência vai delineando para o sujeito, uma identidade sexual, familiar e laboral, 
permitindo que ele venha a exercer determinados papéis dentro da sociedade. Esta identidade é a 
imagem que o sujeito tem de si, e ela permanece constante e reconhecível apesar das mudanças 
evolutivas e dos vários papéis sociais que venha a desempenhar. 
No entanto, a adolescência não pode ser considerada um período de transição, caracterizando-se 
muito mais como parte de um processo de amadurecimento e de intenso aprendizado de vida 
(ADAMO, 1985). A tendência de ver a adolescência como “um período de transição” tem 
favorecido o esquecimento das necessidades desta população, o desrespeito com relação a seus 
direitos, e uma exigência, muitas vezes inadequada, quanto ao cumprimento de seus deveres como 
cidadão. Para que seja possível outro enfoque sobre o adolescente, é preciso que a sociedade 
valorize seu potencial de contribuição e o apóie, permitindo que seus pensamentos, desejos, idéias e 
críticas sejam ouvidos. Dito em outras palavras, esta postura pressupõe a abertura de um espaço 
para o adolescente exercer sua liberdade e participar mais ativamente de seu processo de 
amadurecimento. 
 
Atenção ao adolescente: uma questão ética? 
 
Visto que a atenção ao adolescente remete para a questão da normatização dos costumes e 
condutas, tendo como referência uma variação entre o tradicional e o correto, não se pode pensá-la 
fora do âmbito da ética. Neste caso, a sociedade definida como um conjunto de indivíduos adultos 
“donos” de uma ordem vigente em cada cultura, leva ao adolescente sua ideologia de normas, 
atitudes e práticas que sem dúvida irão influenciar positiva ou negativamente sua formação. 
Nesta discussão, a educação, o trabalho e a saúde passam a representar o “locus” onde a 
ideologia do mundo adulto é oferecida ao adolescente para ser absorvida e, dependendo de como 
esta relação acontece, verifica-se uma adesão sem questionamentos. 
 
Mudança de paradigma na atenção à saúde do adolescente 
 
O panorama atual das ações em saúde apresenta, ao lado da prevenção e do tratamento de 
doenças infecto- contagiosas, a necessidade de se voltar prioritariamente para a questão da 
18 
 
manutenção do bem maior da “saúde”, por meio da promoção de um estilo saudável de vida. 
Entende-se como promoção de saúde a possibilidade de “proporcionar aos povos os meios 
necessários para melhorar sua saúde e exercer um maior controle sobre a mesma” (RESTREPO, 
1992, p. 1). 
Conforme assinalamos na introdução deste capítulo, a saúde do adolescente tem representado um 
desafio para os profissionais de saúde que se dedicam a este grupo populacional. Inicialmente, 
buscou-se uma metodologia de atuação interdisciplinar por meio de programas de atenção integral. 
Esta proposta mostrou-se inovadora frente à prática médica vigente, já que até este momento a 
atenção se dava de forma tradicional, restringindo-se a oferecer tratamento aos pacientes a partir 
dos sintomas relatados. Entretanto, essa metodologia de atuação interdisciplinar não promoveu uma 
mudança significativa com respeito aos grandes problemas de saúde da população adolescente. Os 
problemas persistiram: média do Índice de Massa Corporal–IMC dos adolescentes dos países em 
desenvol- vimento mais baixo do que nos países desenvolvidos; uso abusivo de drogas como fumo, 
álcool, maconha etc.; suicídio e depressão; aumento da morbi/mortalidade decorrentes de situações 
de risco como acidentes, violência, gravidez e DST/aids etc. (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1995). Deste modo, torna-se necessário e urgente uma mudança na forma de 
prestação de serviço, visando a uma atenção que promova, realmente, uma melhoria na saúde da 
população adolescente. 
Propor uma mudança estratégica de atuação do profissional com relação ao adolescente, dentro 
de um enfoque de promoção da saúde e de participação juvenil efetiva, aponta para a necessidade 
de se refletir sobre a questão ética, na medida em que determina que não se tenha como paradigma 
um modelo normativo. A condição nor- matizante se caracteriza pelo pressuposto de que há uma 
distinção entre “fatos e valores”, onde o observador não está envolvido com a situação e o usuário 
deve se comportar de acordo com as normas estabelecidas, ou seja, sem participar efetivamente do 
processo (SCHRAMM, 1994). 
 
É suficiente prestar uma atenção integral? 
 
O programa brasileiro de saúde do adolescente foi concebido dentro de uma proposta de atenção 
integral jun- tamente com as reflexões que surgiram no Programa da Mulher e da Criança do 
Ministério da Saúde. Trata-se, portanto, de um programa diferenciado, em que os profissionais 
ultrapassaram o modelo tradicional. 
No modelo tradicional o indivíduo deixa de ser visto em sua singularidade, uma vez que o 
objetivo maior é a cura da doença (HERZOG, 1987). Dizendo em outras palavras, nesse modelo o 
profissional de saúde estabelece uma relação vertical com o cliente, outorgando-se o direito de ditar 
normas de conduta acreditando que, assim fazendo, proporciona ao usuário uma qualidade melhor 
de vida. Esta postura coloca o paciente numa posição de inferioridade e de passividade, retirando 
dele não só a liberdade de escolha, como também a responsabilidade por seus atos. 
No modelo de atenção integral o objetivo é ampliar a possibilidade de atuação do profissional, 
tendo como preocupação não só a singularidade do sujeito, mas também a organização dos serviços. 
Com isto transforma-se o espaço antes considerado como o “lugar, por excelência, do profissional” 
– um lugar de poder – em outro em que se busca uma interação maior dos profissionais com a 
população assistida. Esta política de atuação significou uma mudança com respeito ao modo de 
como se dava, até então, a relação profissional usuário. Em vez de considerar que o adolescente 
deveria pautar sua conduta segundo um modelo pré-estabelecido, o profissionalpassou a consi- 
derar o meio ambiente como um fator de importância capital na compreensão da problemática do 
adolescente. A dimensão ética que esta estratégia envolveu diz respeito ao fato de considerar, na 
relação, o adolescente como um sujeito e não mais como mero objeto de investigação. 
 
Novo enfoque na atenção 
 
O novo enfoque de atenção integral constitui um modelo dinâmico que comporta uma 
19 
 
transformação contí- nua, na medida em que se pauta nas necessidades globais de atendimento da 
população alvo. O desafio agora é aprimorar um modelo qualificado para alcançar outro mais eficaz, 
que amplie a participação dos adolescentes na gestão, avaliação e reconstrução dos serviços. 
A mudança a ser efetuada no novo modelo deve corresponder a uma determinada atitude frente a 
opções a serem priorizadas com respeito à saúde/bem estar do adolescente. Trata-se, então, de 
incentivar o sujeito a fazer suas próprias escolhas, propiciando um espaço reflexivo para um 
encontro harmônico entre as diversas alternativas de conhecimento, para que as condutas sejam 
fruto de um novo saber. 
A atenção ao adolescente deve ter como premissa uma reflexão sobre a liberdade. E isto é 
possível desde que se possa refletir, a partir das dimensões sociais e políticas, de que modo a 
população adulta, melhor dizendo, a socie- dade como um todo, permitirá que os jovens participem 
desse projeto? Infelizmente, por enquanto, as informações são escamoteadas, por meio de códigos e 
barreiras institucionais que impedem o adolescente de se posicionar e de verdadeiramente participar 
(CARDARELLII, 1996). 
O esforço atual deve se dar na relação horizontal entre profissionais de saúde e 
usuário/adolescente, relação esta que vai permitir uma nova forma de abordagem com respeito à 
atenção à saúde do adolescente. Para que isto ocorra, é necessário que haja um despojamento dos 
saberes pré-estabelecidos. O autoritarismo que vem direcionando a ciência impede que o sujeito 
produza sua verdade, pois não lhe dá acesso ao conhecimento. Seria a partir desta possibilidade que 
o adolescente poderia vir a tomar decisões. De acordo com Garrafa (1995, p.13), “o extraordinário 
progresso técnico-científico constatado na área médico-biológica nos últimos anos não foi 
acompanhado com a mesma veloci- dade por um pertinente embasamento ético que dessa 
sustentação às novas situações que se criaram”. 
A questão agora é como criar um serviço em que liberdade e responsabilidade sejam pertinentes 
tanto para o profissional quanto para o usuário? 
Esta questão coloca a necessidade de se refletir como o profissional vai-se comportar com 
relação a este grupo, a maneira pela qual se dará a abertura para a participação dos jovens na gestão 
do serviço e que pressupõe oferecer todo tipo de informação necessária, bem como uma 
disponibilidade, por parte do profissional, para a escuta do adolescente. Esta postura deve 
desconsiderar regras pré-estabelecidas de comportamento e deve promover um esforço no sentido 
de criar, juntamente com o usuário, padrões que se adeqüem à realidade e à singularidade de cada 
situação (CERQUEIRA, 1996). 
A informação, num sentido amplo, possibilita ao jovem dispor de um conhecimento que lhe 
permitirá tomar decisões quanto a sua conduta em lugar de ser submetido a valores e normas que o 
impedem de exercer seu direito de escolha na administração de sua própria vida. A proposta atual 
parte de um questionamento da qualidade da atenção que vem sendo prestada e aponta para a 
necessidade urgente de reformulação. Todavia, o caminho desta reforma não está claro, pois implica 
o repensar da participação juvenil em sua construção e de como esta participação é impedida por 
um código de ética gerontocrático, em que os adultos dão os desígnios dos valores e condutas 
sociais. 
Vale a proposta de se repensar os papéis dos indivíduos dentro do organismo social, para que 
cada um se respon- sabilize por sua própria saúde e pela saúde da coletividade, evitando agravos 
desnecessários, oriundos de condutas de risco. Quanto ao programa de saúde dos adolescentes e 
jovens, deve dar início à abertura democrática dos serviços para uma real participação juvenil, com 
o objetivo de reverter o quadro epidemiológico que está posto. 
 
Referências 
 
ADAMO, F. Juventude: trabalho, saúde e educação. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1985. 
p. 16 –19. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Saúde do Adolescente. Bases Programáticas. Divisão 
nacional de saúde materno infantil. Brasília,1989. 
20 
 
CARDARELLI, G. Juventud y Participación: para que los senderos no se bifurquen. Buenos 
Aires: [s.n.], 1996. Mimeo. CERQUEIRA, M. T. Promoción de la Salud: evolución y nuevos 
rumbos. Bol. Oficina Sanit. Panam., [S.l.], 1996. 
DICLEMENTE, R. J.; PONTON, L. E.; HANSEN W., B. New Directions for Adolescent Risk 
Prevention Research and Health Promotion Research and Interventions. In: . Handbook of 
Adolescent Health Risk Behavior - Issues in Clinical Child Psychology. New York: Plenum Press, 
1996. p. 413-420. 
FRIEDMAN, H. L. The promotion of adolescent health: principles of eff ective intervention. 
Mexico: Latin American and Caribbean Meeting on Adolescent Health, 1994. Mimeo. 
GARRAFA, V. Fundamentação teórica. Antecedentes: a deontologia ou ética médica. In:. A 
dimensão da ética em saúde pública. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo; Faculdade de 
Saúde Pública, 1995. p. 11-13. 
HERZOG, R. Sujeito da doença ou doença do sujeito? A construção do ser doente. Dissertação 
(Mestrado)-Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 
Rio de Janeiro, 1987. 
MORENO, E.; NIREMBERG, O.; PERRONE, N. Desarrollo de un modelo evaluativo para 
sistemas loacales de salud: primera fase, informe final. Buenos Aires; Canadá: CEADEL; IDRC, 
1992. 
RESTREPO, H. E. Las Políticas de Promoción de la Salud en la Organización Panamericana de la 
Salud. Conferencia Internacional de Promoción de la Salud. Santafé de Bogotá, Colômbia: [s.n.]: 
1992. Mimeo, 
RUZANY, M. H.; MUNIST, M.; SOLÍS, A. Promoción de la Salud del Adolescente respecto a la 
sexualidad y la salud reproductiva. Adolescência un enfoque integrado. Seminario Interno. Equipo 
de Apoyo del FNUAP. Oficina para América Latina y El Caribe, 1994. (Colección Seminarios, n. 
1) 
SCHRAMM, F. R. Toda ética é, antes, uma Bioética: humanidades – bioética. Brasília: 
Universidade de Brasília, 1994. 
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). UNFPA. UNICEF. Study Group on Programming 
for Adolescent Health. Discussion Paper, Saillon, Switzerland, 1995. 
YUNES, J. Mortalidad y morbilidad de adolescentes en la región de las gg Américas. Archivos 
Argentinos de Pediatria, [S.l.], 1993. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
PUBERDADE E SUAS MUDANÇAS CORPORAIS 
 
Texto extraído do artigo: 
FERRIANI, M. G. C. & SANTOS, G. V. B. Adolescência: Puberdade e Nutrição. Revista Adolescer, Cap. 3 
(http://www.abennacional.org.br/revista/cap3.2.html. Acesso em 06/09/2011). 
 
O rápido crescimento em estatura, característico da adolescência, é chamado de estirão puberal. O 
crescimento pondo-estatural na puberdade e a rapidez e a magnitude com que os jovens crescem 
podem ser acompanhados com a utilização de tabelas e gráficos de altura e peso construídos a 
partir de estudos populacionais. No acompanhamento da saúde do adolescente, é fundamental que 
se trabalhe com a detecção da velocidade dessas mudanças, tendo em vista que o seu 
acompanhamento é um sensível detector de possíveis agravos que podem retardar o 
desenvolvimento físico. O fenômeno puberdade/adolescência não pode ser estudado 
isoladamente. 
Segundo Osório (1989) e Chipkevitch (1995), a puberdade corresponde às modificações biológicas 
e a adolescência, às transformações biopsicossociais em que elas se inserem. O conceito de 
puberdade está relacionado aos aspectos físicos e biológicos do indivíduo, iniciando-sepor volta 
dos 9/10 anos de idade. Segundo Tiba (1994), é nesse período que a criança perde o modo infantil 
e sente as primeiras modificações corporais. Embora as modificações pubertárias sejam observadas 
em praticamente todo o organismo, apresentam-se, sobretudo, nos seguintes componentes 
(LEAL; SILVA, 2001): 
 
 estirão de crescimento pondo-estatural; 
 modificação da composição corporal, resultante do desenvolvimento esquelético e 
muscular e das modificações na quantidade e distribuição de gordura; 
 desenvolvimento do sistema cardiorrespiratório, predominantemente da força e da 
resistência; 
 desenvolvimento do aparelho reprodutor. 
 
Nesse momento do ciclo vital, o hipotálamo passa a estimular a hipófise para a produção de 
hormônios do crescimento e amadurecimento, fazendo com que ocorra o desenvolvimento das 
características sexuais secundárias. Segundo Rappaport (1997), a puberdade marca a adolescência 
do ponto de vista biológico e possibilita a aquisição de um corpo adulto, com acesso à expressão 
da sexualidade e da capacidade reprodutiva. 
Nas meninas, o estrogênio e a progesterona são os responsáveis pelo surgimento das características 
sexuais secundárias, estando relacionados à vida sexual e reprodutiva. Nos meninos, a 
testosterona é o hormônio responsável pelo surgimento das características sexuais secundárias, 
pela produção de espermatozoides e pelo aumento do impulso sexual, da agressividade, do 
crescimento em altura e da força física, entre outros (TIBA, 1986). 
Geralmente a puberdade feminina inicia-se entre os 10 e 11 anos de idade, com o surgimento dos 
brotos mamários; concomitantemente, aparecem os pelos púbicos. A quantidade de pelos púbicos 
e o tamanho dos seios vão aumentando paralelamente à aceleração do crescimento. A fase do 
estirão (12 anos) é relativamente precoce dentro do processo pubertário feminino, muitas vezes 
antecedendo a menarca. A velocidade de crescimento praticamente dobra durante o estirão (8-
9cm/ano), quando comparada ao crescimento pré-puberal (4-5cm/ano). 
Ao final do estirão, na fase de desaceleração do crescimento, mais perto do fim da puberdade (12-
13 anos) é que ocorre a menarca. Nos anos seguintes a ela, a menina ainda cresce alguns 
centímetros (5-6 cm), tem pequeno acréscimo no tamanho dos seios e na quantidade de pelos 
púbicos. Nessa fase o corpo acumula gordura, principalmente em certas regiões como quadris, 
nádegas e coxas, resultando em contornos tipicamente femininos. 
A puberdade masculina tem início por volta dos 11-12 anos. Primeiro, ocorre um ligeiro aumento 
do volume testicular, geralmente ignorado pelo menino; concomitantemente, surgem os primeiros 
http://www.abennacional.org.br/revista/cap3.2.html
22 
 
pelos púbicos e, posteriormente, o crescimento do pênis, inicialmente em comprimento, depois 
em diâmetro. O estirão do menino (10cm/ano) ocorre por volta dos 14 anos, num momento mais 
próximo do fim da puberdade. As mãos e os pés, seguidos pelos braços e pernas, têm seu estirão de 
crescimento anterior ao estirão do tronco e da altura, conferindo ao menino 
desproporcionalidade temporária, tornando-o "desajeitado". Ao contrário das meninas, que 
acumulam gordura, os meninos desenvolvem massa muscular. 
É comum para os dois sexos uma variabilidade individual dos fenômenos pubertários, tanto em 
relação ao seu momento inicial como em relação ao ritmo de sua progressão. Adolescentes de 
mesma idade podem estar em fases diferentes da puberdade, assim como adolescentes que a 
iniciam com a mesma idade podem chegar ao término em idades diferentes (TANNER, 1989). 
Durante a puberdade, em ambos os sexos, mas de forma mais acentuada nos meninos, a pele se 
torna mais oleosa, aumenta a produção de suor e pode surgir a acne; também ocorre a mudança de 
voz e o crescimento dos pelos axilares. 
Uma das características importantes desse processo é a magnitude e a rapidez das 
transformações que a caracterizam. Durante um período de 3 a 5 anos surgem e desenvolvem-se os 
caracteres sexuais secundários, culminando com a aquisição da capacidade reprodutora, quando 
ocorre intenso estirão do crescimento, durante o qual são ganhos cerca de 50% do peso e 20% da 
estatura definitiva. 
De acordo com Chipkevitch (1995), a velocidade de ganho de peso acompanha a do crescimento 
em estatura durante o estirão puberal; a velocidade máxima de ganho de peso coincide com o pico 
de velocidade de crescimento (PVC) ou ocorre logo em sequência, alguns meses após. No ano que 
inclui o PVC, o adolescente ganha cerca de 9 a 10kg. 
São muitas as diferenças na composição corporal entre ambos os sexos. O ganho de peso dos 
meninos é consequência do grande crescimento da sua massa muscular, enquanto nas meninas o 
maior responsável é o ganho do tecido adiposo. 
A maioria das crianças passa por uma fase de repleção puberal: entre 8 e 10 anos de idade, 
acontece o ganho de tecido adiposo em ambos os sexos, que se traduz no aumento da porcentagem 
de gordura corpórea e da espessura das pregas cutâneas, proporcionando um aspecto mais 
"rechonchudo" nessa fase. 
Com o início do estirão puberal, entretanto, a velocidade de ganho de gordura diminui. Essa 
diminuição na deposição do tecido adiposo ocorre juntamente ao incremento do crescimento ósseo 
e muscular. Como músculo e osso pesam mais que gordura, a densidade corpórea (peso/altura) 
aumenta na adolescência, e é maior no sexo masculino, devido à sua maior massa muscular. 
A diferença importante entre os sexos consiste no fato de que as meninas têm taxa de deposição de 
gordura sempre maior que os meninos e, mesmo diminuindo o ritmo de acréscimo, continuam 
sempre ganhando gordura, embora mais lentamente, enquanto os meninos chegam realmente a 
perder tecido adiposo. Isso explica por que os meninos se tornam aparentemente mais magros 
nessa fase e as meninas, mais gordinhas 
– principalmente após passarem pelo PVC, na época da menarca (Chipkevitch, 1995, p. 48). 
A porcentagem da gordura corpórea está em torno de 15%, em ambos os sexos, aos 9 anos de 
idade. Na época do PVC ela é de 12% nos meninos (permanecendo assim por alguns anos), e de 
19% nas meninas, subindo para 25% após a menarca (MARSHAL; ANYAN, apud 
CHIPKEVITCH, 1995). Assim, ao fim da puberdade, as moças têm o dobro de gordura, se 
comparadas aos rapazes. 
A exemplo do estirão puberal em estatura, o crescimento e desenvolvimento do aparelho 
reprodutor e dos caracteres sexuais secundários é um dos acontecimentos mais característicos e 
importantes da puberdade. A realização constante e sucessiva das medidas da estatura e cálculos da 
velocidade de crescimento são muito importantes para caracterizar a fase de crescimento físico do 
adolescente, sendo necessário algum método de mensuração do grau de maturação sexual também 
para avaliar a progressão pubertária. O estadiamento da maturação sexual é feito pela avaliação 
das mamas e dos pelos púbicos no sexo feminino e dos genitais e pelos púbicos no sexo 
masculino. A maturação sexual é um processo contínuo, e os estágios de Tanner são pontos 
23 
 
arbitrários dentro desse processo (CHIPKEVITCH, 1995). 
A puberdade termina e com ela o crescimento físico e o amadurecimento gonadal, em torno dos 18 
anos, coincidindo com a soldadura das cartilagens de conjugação da epífise dos ossos longos, o 
que determina o fim do crescimento esquelético (OSORIO, 1989). 
O crescimento é, portanto, um processo caracterizado pelo aumento físico do corpo e pelo 
aumento do tamanho e do número de células de todos os órgãos e sistemas, que se inicia na 
concepção e continua por toda a vida. Já o desenvolvimento pubertário é o aumento da capacidade 
do indivíduo de realizar funções orgânicas cada vez mais complexas (BRASIL, 1996). 
 
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24 
 
 
25 
 
 
 
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31 
 
Medida da pressão arterial 
Blood pressure measurement 
Editor: Tufik J. M. Geleilete 
Medida casual da pressão arterial 
Office blood pressure measurement 
Tufik J. M. Geleilete1, Eduardo Barbosa Coelho2, Fernando Nobre3 
 
A pressão arterial, medida pela técnica clássica proposta há mais de um século por Riva-Rocci, é 
um dos procedimentos médicos mais difundidos e, possivelmente, realizados. Nas últimas décadas, 
com o aumento da aplicação das medidas ambulatoriais e residenciais de pressão arterial, ela tem 
sido questionada quanto à sua precisão. Entretanto, por mais questionado que seja o método, ainda 
é, e por muitos anos deverá ser, um das ações médicas mais importantes e fundamentais na prática 
clínica, seja em situações de urgência ou em condições de consultório. 
Seguramente a medida da pressão arterial resulta em be- nefícios inquestionáveis ao paciente, 
quando adequadamente bem realizada. Os conhecimentos obtidos nas últimas décadas permitiram 
grandes avanços, no diagnóstico mais preciso, tratamento mais eficaz, melhor conhecimento da 
epidemiologia e, consequentemente, maiores benefícios aos pacientes por- tadores de hipertensão. 
Mas, para que bons resultados sejam realmente observados, são necessárias medidas precisas, com 
procedimentos técnicos acurados. 
A principal informação resultante dos estudos com moni- torização ambulatorial da pressão 
arterial (MAPA) e monito- rização residencial da pressão arterial (MRPA) é a percepção que a 
medida casual da pressão arterial produz valores que podem superestimar ou, menos 
frequentemente, subestimar seu valor real. 
Pelo fato de que pequenos aumentos podem trazer signifi- cativas elevações do risco 
cardiovascular, torna-se necessária a busca de novos métodos práticos e confiáveis para a obtenção 
de medida precisa da pressão arterial. Os procedimentos para sua realização exigem cuidados nem 
sempre observados, e o efeito do avental branco, por exemplo, quando não adequadamente 
identificado, pode fazer com que os pacientes sejam inadequadamente diagnosticados ou 
inapropriadamente tratados. 
Embora as medidas residenciais e ambulatoriais de pressão arterial permitam o diagnóstico de 
hipertensão mascarada e do avental branco, medida da pressão arterial realizada por um médico ou 
qualquer outro profissional de saúde, utilizando um esfigmomanômetro adequadamente calibrado e 
validado, continua sendo considerada a mais difundida para o diagnóstico da hipertensão arterial 
sistêmica
1
, seja com o uso de aparelhos com coluna e mercúrio, que estão sendo desaconselhados 
por seu impacto ambiental
2
, ou por aparelhos aneroides, que predominam em nosso país. 
Nesse contexto, é possível diagnosticar-se como hipertensos pacientes com comportamento 
normal da pressão arterial ou deixar-se de diagnosticar verdadeiros hipertensos. No primeiro caso, 
um tratamento anti-hipertensivo desnecessário será instituído e, no outro, o indivíduo será privado 
da terapêutica apropriada. 
A medida adequada da pressão arterial envolve diversos cuidados básicos em relação ao 
paciente, ao equipamento, à técnica de medida, ao registro correto dos valores obtidos, e à 
interpretação desses resultados. 
Pelo impacto dessas avaliações da pressão arterial, quer em consultório ou pela MAPA ou 
MRPA, elas serão motivo, neste número e nos dois seguintes, de uma criteriosa revisão. 
A seguir, passaremos a uma revisão dos principais fatores determinantes de eventuais erros na 
avaliação casual ou de consultório da pressão arterial. 
 
 
32 
 
 
FATORES RELACIONADOS AO PACIENTE 
 
O preparo adequado do paciente é o passo inicial na técnica. Ele deverá ser previamente 
informado do procedimento a que será submetido; estar calmo e descansado em ambiente 
confortável, por pelo menos cinco minutos antes da primeira medida, deven- do ser posicionado 
sentado com as pernas descruzadas
3
. Deve ser orientado a esvaziar a bexiga; não praticar exercícios 
físicos intensos nos 60 a 90 minutos que precedem o exame
4
; e não fazer uso de bebidas alcoólicas
5
, 
café
6
, fumo
7,8 
e alimentação copiosa por pelo menos 30 minutos antes da medida. 
Essas diversas orientações estão em conformidade com a boa prática médica, porém nem sempre 
são realizadas e consen- suais. Por exemplo, não foi identificada a importância de cruzar as pernas 
durante a medida da pressão arterial em pacientes sob tratamento anti-hipertensivo
9
, mas há 
consenso em aceitar-se como melhor prática manter as pernas descruzadas. Por outro lado, o uso de 
roupas finas, com menos de 2 mm de espessura, sobre o braço que será utilizado para medir a 
pressão arterial causaria diferenças entre 0,5 e 1,1 mm Hg, consideradas não relevantes
10
 
isoladamente, mas que, associadas a outros desvios da técnica, podem contribuir para um resultado 
equivocado. 
A exigência de permanecer 30 minutos sem fumar antes da medida da pressão pode, entretanto, 
subestimar a pressão arterial desses indivíduos
11
. O fumo pode causar uma elevação transitória, 
porém se repetitiva, no caso dos tabagistas pesados, pode haver elevação da pressão arterial entre 5 
e 10 mm Hg
7,8 
e o efeito do primeiro cigarro do dia pode ser ainda maior, chegando até 20 mm 
Hg
11
. Em grandes tabagistas, ocorre elevação contínua da pressão arterial, e também da sua 
variabilidade, ambas induzidas pelo fumo. Verificou-se que em pacientes fumantes e em não 
fumantes, todos hipertensos ainda não tratados, parea- dos para idade, sexo e raça, a pressão arterial 
de consultório não era diferente, embora a pressão arterial diurna obtida pela MAPA tenha sido 
significativamente maior nos tabagistas, enquanto a pressão arterial no período de sono não tenha 
apresentado diferença significativa
12
. Essa situação é, provavelmente, devida à abstinência de fumo 
que antecede a consulta, fato que não ocorre durante a realização da MAPA. 
A cafeína induz, agudamente, alterações hemodinâmicas que levam ao aumento da pressão 
arterial em indivíduos que apenas ocasionalmente a utilizem, mas em pessoas habituadas a ingerir 
cafeína frequentemente o mesmo efeito agudo não é observado
7,13-15
. Essa resposta é ainda mais 
importante nos pacientes já hipertensos, e muitos indivíduos com pressão arterial limítrofe podem 
atingir valores acima dos utilizados para o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica
16
. 
Entretanto, o impacto do uso crônico de cafeína sobre a pressão arterial ainda é motivo de 
discussão, sendo que estudos não relacionam a ingestão crônica de cafeína com aumento na 
incidência de hipertensão arterial sistêmica, sugerindo um mecanismo de tolerância
17,18
. Essa 
tolerância pode apresentar-se de modo incompleto em alguns pacientes
19
, nos quais, um discreto 
aumento de pressão arterial pode ocorrer. Em uma meta-análise de 11 estudos, envolvendo 522 
participantes, nos quais a ingestão crônica de cafeína atingiu umamédia de cinco xícaras por dia, 
verificou-se que as pressões arteriais sistólica e diastólica aumentavam, respectivamente, 2,4 e 1,2 
mm Hg20. Valores semelhantes foram observados em alguns estudos em que a cafeína foi retirada 
da dieta de pacientes hipertensos
18
, seja pela eliminação do café ou uso de decafeinados
21,22
. 
Portanto, bebedores crônicos que se abstenham por alguns minutos de cafeína não devem apresentar 
alterações da pressão arterial, mas o uso de café pode alterar a pressão arterial de indivíduos não 
habituados ao seu uso. 
A pressão arterial deve, por convenção, ser medida com o pa- ciente sentado, para fins de 
diagnóstico e seguimento. Em posição supina, a pressão arterial tende a ser ligeiramente diferente, 
com o aumento da pressão sistólica e uma queda da pressão diastólica de 2 a 3 mm Hg
23
. 
Entretanto, em idosos, e nos indivíduos nos quais haja suspeita de hipotensão postural, a medida na 
posição supina e em pé deve ser realizada. Para a medida de pé, o paciente deve ficar deitado por 5 
minutos e, pelo menos dois minutos após, levantar-se para então se fazer a medida. 
Na primeira consulta, recomenda-se que a medida de pres- são seja feita em posição supina, de 
33 
 
pé e em ambos os membros superiores. A medida nos membros inferiores é necessária quando há 
suspeita de coartação de aorta, devendo, obviamente, ser realizada com técnica e manguito 
apropriados. 
O paciente não necessita estar em jejum para a medida de pressão arterial em consultório, mas 
deve-se evitar alimentação copiosa, mesmo quando não se suspeite de hipotensão pós- prandial. A 
alimentação está associada a reduções significativas da pressão arterial, por mecanismos ainda não 
totalmente esclarecidos
24
, sendo que esse efeito pode ser mais pronunciado em pacientes idosos, 
com episódios de hipotensão. 
O ambiente calmo é muito importante, e medidas realizadas em locais inadequados não devem 
ser consideradas para fins de diagnóstico. O ambiente deve colaborar para que o paciente relaxe, 
contribuindo para a redução do efeito do avental branco, que pode atingir valores expressivos 
naqueles indivíduos consi- derados hipertensos pelas medidas de consultório
25
. 
 
FATORES RELACIONADOS AO EQUIPAMENTO 
 
É absolutamente necessário que o equipamento a ser utilizado seja validado e esteja 
adequadamente calibrado. O aparelho em uso deve ser periodicamente calibrado, com intervalo não 
superior a seis meses. Isso se aplica particularmente os apa- relhos aneroides, embora os aparelhos 
de coluna de mercúrio também estejam sujeitos à descalibração
26,27
. 
Os aparelhos eletrônicos, em geral, oferecem boa precisão na leitura dos resultados, minimizam 
erros relacionados à pre- ferência do observador, mas atenção especial deve ser dada à escolha do 
modelo, que deve ser validado por critérios rigorosos e, igualmente, testado periodicamente. 
Independente do modelo de esfigmomanômetro adotado, o uso de um manguito de tamanho 
adequado ao braço do exami- nando é essencial. A bolsa de borracha inflável deve corresponder a 
pelo menos 75% a 80% da circunferência do braço e cobrir pelo menos 80% de sua extensão
28-30
. O 
uso de manguitos menores que o recomendado pode superestimar a pressão arterial sistólica de 10 a 
até 50 mm Hg, enquanto o contrário pode ocorrer com manguitos maiores aplicados a braços 
magros. A aplicação de manguitos adequados deve ser o objetivo. 
Em estudo conduzido por Mion et al.
31
, foram observados dados alarmantes em relação à 
qualidade dos aparelhos de pressão utilizados em importante instituição de atendimento médico de 
nosso país. 
 
FATORES RELACIONADOS À TÉCNICA DE MEDIDA 
 
Para realizar a medida da pressão, o observador deve estar em posição confortável, relaxado e 
evitando que a deflação seja muito rápida. Medidas feitas de modo inadequado podem resultar em 
subestimação da pressão arterial sistólica e em superestimação da diastólica
30
. Para evitar erro de 
paralaxe, os olhos do observador devem estar no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do 
mostrador do manômetro aneroide
32
. 
A posição do braço, que necessariamente deverá estar ao nível do coração, pode, também, 
concorrer para medidas imprecisas da pressão arterial. Como regra prática pode-se estabelecer que, 
se o braço está acima do nível do coração, a pressão será superestimada, enquanto para o braço 
abaixo desse nível ocorrerá o contrário. O braço do paciente deve estar descoberto, livre de roupas, 
com o cotovelo ligeiramente fletido e com a palma da mão voltada para cima. A pressão sistólica 
deve ser definida pelo método palpatório. Depois de decorrido um mi- nuto, o manguito deverá ser 
inflado até 20-30 mm Hg acima do nível estimado da pressão sistólica. A seguir, inicia-se a 
deflação com velocidade de 2 a 4 mm Hg por segundo, sendo que após a identificação da pressão 
sistólica, ao se auscultar o primeiro ruído (fase I de Korotkoff), a velocidade deve aumentar para 5 a 
6 mm Hg por segundo, evitando-se congestão venosa
32,33
, até o desaparecimento dos batimentos 
(fase V de Korotkoff). Quando os batimentos persistirem até o zero, a pressão arterial diastólica 
deve ser considerada quando se percebe um abafamento do som (fase IV de Korotkoff). Naqueles 
pacientes em que a diferença entre as fases IV e V seja maior do que 10 mm Hg, o que pode ocorrer 
34 
 
em crianças e condições associadas a alto débito, a fase IV também deve ser preferida
29,34
. 
Eventualmente uma lesão arterial unilateral pode causar dife- renças significativas nas medidas 
de pressão arterial em ambos os braços de um paciente. Neste caso, a medida no braço em que se 
obteve a maior pressão arterial deve ser utilizada para diagnóstico e para o seguimento
35
. 
Em cada visita, a pressão arterial deve ser medida pelo menos duas vezes com um intervalo entre 
elas de 2 minutos. Uma terceira medida, e mesmo outras, deve ser obtida se houver uma diferença 
maior que 5 mm Hg entre as duas primeiras. Neste caso, o registro deve ser feito com a média das 
duas últimas medidas
34
. Para fins de diagnóstico, recomendam-se pelo menos duas medidas 
realizadas por consulta em duas ocasiões diversas
33
. 
 
FATORES RELACIONADOS AO REGISTRO DOS VALORES OBTIDOS 
 
Os valores obtidos devem ser anotados imediatamente, evi- tando-se possível esquecimento dos 
valores exatos
30
 e não se deve realizar aproximações ou arredondamentos para números terminados 
em zero ou cinco. Além dos valores das pressões arteriais sistólicas e diastólicas, deve-se anotar 
posição do paciente, o braço utilizado, e o tamanho do manguito empregado. A presença do hiato 
auscultatório, quando presente, deve ser registrada. Em pacientes em terapia medicamentosa, 
também devem ter anotados os horários em que a medicação foi ingerida e a pressão, medida
30,36,37
. 
 
FATORES RELACIONADOS À INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 
OBTIDOS 
 
Respeitando-se todos esses fatores, deve-se obter um valor que permitirá avaliar se o paciente é 
ou não hipertenso de acordo com a classificação proposta pela V Diretriz Brasileira de Hipertensão 
Arterial
38
 (Tabela 1). 
A ansiedade e o estresse gerados pela consulta ao paciente podem levar a um aumento da pressão 
arterial no consultório, não sendo esta medida representativa dos valores reais durante as atividades 
diárias, fenômeno esse denominado efeito do avental branco. Existe uma redução progressiva da 
pressão arterial sistólica e diastólica, nas três primeiras consultas, de aproximadamente 15 e 7 mm 
Hg, respectivamente, em pacien- tes diagnosticados como hipertensos na primeira avaliação. 
Alguns pacientes apresentam queda após valores obtidos de pressão arterial até a sexta consulta
39
. 
O diagnóstico de hipertensão do avental branco deve ser levado em consideração ao se avaliar 
pacientes que se mostram 
 
Tabela 1. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 
anos)Classificação Pressão sistólica 
(mm Hg) 
Pressão diastólica 
(mm Hg) 
Ótima < 120 < 80 
Normal < 130 < 85 
Limítrofe 130-139 85-89 
Hipertensão 
estágio 1 
140-159 90-99 
Hipertensão 
estágio 2 
160-179 100-109 
Hipertensão 
estágio 3 
 
Hipertensão 
sistólica isolada 
 < 90 
 
35 
 
 
Quando as pressões sistólica e diastólica de um paciente situan-se em categorias diferentes, a maior deve ser 
utilizada para classificação da pressão arterial. 
 
hipertensos na primeira consulta, que apresentam valores per- sistentemente elevados de pressão 
arterial na ausência de lesão de órgãos-alvo e que informam que sua pressão arterial só se altera na 
presença do médico. Mas sua confirmação demandará na realização de monitorização residencial ou 
ambulatorial de pressão arterial
40,41
. 
Todas essas considerações permitem entender a importância das etapas propostas nas V 
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
38
 para a adequada medida da pressão arterial em con- 
sultório ou casual, que estão apresentadas na tabela 2. 
Frequentemente os profissionais da saúde, particularmente enfermeiras e médicos, não cumprem 
adequadamente as etapas propostas e necessárias à medida casual da pressão arterial. Em estudo 
realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de 
São Paulo (HC-FMRP-USP), avaliando os procedimentos para medida da pressão arterial adotados 
por alunos, médicos (residentes e docentes) e enfermeiros (alunos e docentes) dessa instituição, não 
encontramos mais do que, em média, 50% das etapas propostas atendidas (Tabela 2)
42
. 
A medida da pressão no consultório, apesar de ser um pro- cedimento de grande importância e 
alto impacto no diagnóstico de uma das mais prevalentes doenças, tem sido frequentemente 
negligenciada ou incorretamente feita. Isso pode ser decorrente da pressão dos sistemas de saúde 
públicos e privados por maior rapidez no atendimento médico, ou por desatenção dos profis- sionais 
envolvidos, ou ambos os motivos. Nobre
43 
observou a necessidade de as normas técnicas de medida 
da pressão ser atendidas e não se abandonar a prática do procedimento se ele não estiver sendo feito 
corretamente, afirmando que, “se um procedimento que compete aos médicos não está sendo 
adequadamente bem feito, eles não devem deixar de fazê-lo, mas sim aprender a executá-lo 
corretamente”
43
. 
Embora alguns autores afirmem que não é mais tempo de utilizar-se apenas os valores de pressão 
obtidos pelo médico 
 
Tabela 2. Procedimento de medida da pressão arterial, segundo as DBH V 
 
Preparo do paciente para a medida da pressão arterial 
 
1. Explicar o procedimento ao paciente 
2. Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente calmo 
3. Evitar bexiga cheia 
4. Não praticar exercícios físicos 60 a 90 minutos antes 
5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos antes 
6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado 
7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito 
8. Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4o espaço 
intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido 
9. Solicitar para que não fale durante a medida 
 
Procedimento de medida da pressão arterial 
 
1. Medir a circunferência do braço do paciente 
36 
 
2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço 
3. Colocar o manguito sem deixar folgas acima da fossa cubital, cerca de 2 a 3 cm 
4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria branquial 
5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu 
desaparecimento, desinflar rapidamente e aguardar 1 minuto antes da medida) 
6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula do estetoscópio sem compressão 
excessiva 
7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mm Hg o nível estimado da pressão sistólica 
8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mm Hg por segundo) 
9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que é um som 
fraco seguido de batidas regulares, e após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação 
10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff) 
11. Auscultar cerca de 20 a 30 mm Hg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e 
depois proceder à deflação rápida e completa 
12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos 
sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero 
13. Esperar 1 a 2 minutos antes de novas medidas 
14. Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente 
15. Anotar os valores e o membro 
 
Em geral para tomar a decisão de se instituir o tratamento anti-hipertensivo44, a medida casual 
ainda é a principal ferramenta para diagnóstico e acompanhamento do paciente portador de 
hipertensão arterial. O conhecimento de sua técnica correta, sua aplicação e limitações permitem 
aos médicos oferecer a melhor assistência aos pacientes, com apoio das monitorizações resi denciais 
e ambulatoriais, otimizando os recursos e adequando com mais precisão as terapias. A correta 
realização da técnica e interpretação dos resultados deve fazer parte da rotina de todos os médicos e 
profissionais de saúde, permitindo assim maior benefício para os pacientes. 
 
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41 
 
 
42 
 
43 
 
 
44 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
47 
 
 
48 
 
HANSENÍASE 
CID 10 – A30 
 
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
 
Descrição - Doença infectocontagiosa, crônica, curável, causada pelo bacilo de Han- sen. Esse 
bacilo é capaz de infectar grande número de pessoas (alta infectivi- dade), mas poucos adoecem, 
(baixa patogenicidade). O poder imunogênico do bacilo é responsável pelo alto potencial 
incapacitante da hanseníase. 
 
Definição de caso - Um caso de hanseníase, definido pela Organização Mundial de Saúde - OMS, 
é uma pessoa que apresenta um ou mais dos critérios listados a seguir, com ou sem história 
epidemiológica e que requer tratamento qui- mioterápico específico: lesão(ões) de pele com 
alteração de sensibilidade; espessamento de nervo(s) periférico(s), acompanhado de alteração de 
sen- sibilidade; e baciloscopia positiva para bacilo de Hansen. 
 
Observação - A baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico de hanseníase. Os as- pectos 
morfológicos das lesões cutâneas e classificação clínica nas quatro formas abaixo devem ser 
utilizados por profissionais especializados e em investigação científica. No campo, a OMS 
recomenda, para fins terapêu- ticos, a classificação operacional baseada no número de lesões 
cutâneas. O quadro ao final sintetiza as formas clínicas de hanseníase, com suas principais 
características. 
 
Sinonímia - Mal de Hansen; antigamente a doença era conhecida como lepra. 
 
Agente etiológico - Bacilo álcool-ácido resistente, intracelular obrigatório, denominado bacilo de 
Hansen ou Mycobacterium leprae. 
 
Reservatório - O homem é reconhecido como única fonte de infecção, embora tenham sido 
identificados animais naturalmente infectados. 
 
Modo de transmissão - Contato íntimo e prolongado de indivíduos susceptíveis com pacientes 
bacilíferos não tratados. 
 
Período de incubação - Em média 5 anos, podendo ir de meses a mais de 10 anos. 
 
Período de transmissibilidade - Os pacientes multibacilares podem transmitir hanseníase, antes 
de iniciar o tratamento específico. A primeira dose de rifampicina é capaz de matar as cepas viáveis 
do bacilo de Hansen em até 99,99% da carga bacilar de um indivíduo. 
 
Complicações - Quando o diagnóstico é precoce e o tratamento quimioterápico do paciente é 
adequadamente seguido, com orientações de auto-cuidado para prevenir incapacidades, geralmente, 
a hanseníase não deixa seqüelas e ou complica- ções. Um grupo de pacientes pode desenvolver 
episódios reacionais, que são fenômenos agudos que ocorrem na evolução da doença crônica 
(hansenía- se), cuja manifestação clínica decorre da interação do bacilo ou restos baci- lares e o 
sistema imunológico do hospedeiro. Podem surgir como primeira manisfestação da hanseníase, 
durante o tratamento específico, ou após a alta do paciente. Nesse último caso, não requer a 
reintrodução da poliqui- mioterapia. As reações (ou episódios reacionais) são agrupadasem 2 tipos: 
Tipo 1 - Também chamado reação reversa. Ocorre mais freqüentemente em pacientes com 
hanseníase tuberculóide e dimorfa. Caracteriza-se por eritema e edema das lesões e/ou 
espessamento de nervos com dor à pal- pação dos mesmos (neurite). A neurite pode evoluir sem dor 
(neurite si- lenciosa). É tratado com Prednisona, VO, 1-2mg/kg/dia, com redução em intervalos 
49 
 
fixos, conforme avaliação clínica. São também indicação de uso de corticosteróides a 
irite/iridociclite e a orquite (consultar o Guia para o Controle da Hanseníase, da Área Técnica de 
Dermatologia Sanitária/Ca- dernos da Atenção Básica nº 10/Ministério da Saúde). 
 
Tipo 2 - A manifestação clínica mais freqüente é o eritema nodoso hansênico. Os pacientes com 
hanseníase virchowiana são os mais acometidos. Caracteriza-se por nódulos eritematosos, 
dolorosos, em qualquer parte do corpo. Pode evoluir com neurite. Trata-se com talidomida, VO, na 
dose de 100 a 400mg/dia, (seu uso em mulheres em idade fértil é restrito e regulamentado pela Lei 
No 10.651, de 17 de abril de 2003, devido à possibilidade de ocorrência de teratogeinicidade); ou 
prednisona, VO, 1-2mg/kg/dia. A redução também é feita em intervalos fixos, após avaliação 
clínica. 
 
Diagnóstico - É clínico, baseado na definição de caso. Pode ter apoio da epidemiologia e de 
laboratório - esse último em locais com pessoal habilitado para os procedimentos requeridos para 
cada exame laboratorial (ex.: baciloscopia, histopatologia). 
 
ESQUEMAS PRECONIZADOS PARA ADULTOS – POLIQUIMIOTERAPIA OMS 
 
FORMAS 
Medicamento Paucibacilar Multibacilar 
Rifampicina (RFM) 
600mg, 1 vez por mês 
supervisionada 
600mg, 1 vez por mês, supervisionada 
Dapsona (DDS) 
100mg/dia auto -
administrada 
100mg/dia auto - administrada 
Clofazimina (CFZ) - 
300 mg, 1vez por mês, supervisionada + 100mg em 
dias alternados ou 50mg/dia auto - administrada 
 
ESQUEMAS PRECONIZADOS PARA MENORES DE 15 ANOS – POLIQUIMIOTERAPIA 
OMS 
 
0 A 5 ANOS 
FORMAS 
Medicamento Paucibacilar Multibacilar 
Rifampicina (RFM) 150 – 300 mg 150 – 300 mg 
Dapsona (DDS) 25 mg 25 mg 
Clofazimina (CFZ) - 
100 mg, 1vez por mês, supervisionada 
+ 100mg/ semana, auto - administrada 
 
6 A 14 ANOS 
FORMAS 
Medicamento Paucibacilar Multibacilar 
Rifampicina (RFM) 300 – 450 mg 300 – 450 mg 
Dapsona (DDS) 50 – 100 mg 50 - 100 mg 
Clofazimina (CFZ) - 
150 - 200 mg, 1vez por mês, supervisionada 
+ 150mg/ semana, auto - administrada 
Tempo de tratamento 
 
Lesão única - Dose única - ROM - com alta por cura no momento do diag- nóstico. Somente 
recomendado para centros de referência. 
 
50 
 
Paucibacilares - Seis doses mensais, em até 9 meses de tratamento. 
 
Multibacilares - Doze doses mensais, em até 18 meses de tratamento. 
Casos multibacilares que iniciam o tratamento com numerosas lesões ou extensas áreas de 
infiltração cutânea, poderão apresentar uma regressão mais lenta das lesões de pele. A maioria 
desses doentes continuará a me- lhorar após a conclusão do tratamento com 12 doses. É possível, no 
entan- to, que alguns desses casos não demonstrem qualquer melhora e por isso poderão necessitar 
de 12 doses adicionais de PQT-MB. 
 
Características epidemiológicas - A hanseníase é mais comum em países subdesenvolvidos e 
em desenvol- vimento. Tem baixa letalidade e baixa mortalidade, podendo ocorrer em qualquer 
idade, raça ou gênero. 
 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
 
Objetivo - Reduzir os coeficientes de detecção e prevalência da doença, através do diagnóstico e 
tratamentos precoces dos casos, procurando assim inter- romper a cadeia de transmissão. 
 
Notificação - Doença de notificação compulsória no Brasil. 
 
MEDIDAS DE CONTROLE 
 
Diagnóstico precoce dos casos, através do atendimento de demanda es- pontânea, de busca ativa e 
de exame dos contatos para tratamento especí- fico, que deve ser feito em regime eminentemente 
ambulatorial. 
 
Prevenção de incapacidades - Todo paciente de hanseníase deve ser examinado 
minuciosamente e orientado quanto aos auto-cuidados para evitar ferimentos, calos, queimaduras 
(que podem ocorrer devido à hi- poestesia e/ou anestesia), e que, uma vez instalados, podem, 
potencial- mente, levar a incapacidades. Observar que a melhor forma de prevenir incapacidades é 
fazer o tratamento poliquimioterápico de modo regular e completo. Ratifica-se ainda que o 
diagnóstico precoce do acometimento neural, com ou sem reação hansênica, e seu tratamento 
adequado é medi- da essencial na prevenção de incapacidades. 
 
Vigilância de contatos - Contato intradomiciliar é toda pessoa que resida ou tenha residido com o 
paciente nos últimos 5 anos. Examinar todos os contatos de casos novos; os doentes devem ser 
notificados como caso novo e tratados. Os contatos sãos devem receber duas doses da vacina BCG-
ID. Quando houver a cicatriz por BCG-ID, considerar como 1a dose e aplicar a 2a dose. Quando 
não houver a cicatriz, aplicar a 1a dose e a 2a após 6 meses. Paralelamente, os conta- tos sãos 
devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da hanseníase. 
 
Recidiva - Deve-se suspeitar de recidiva, com base nos seguintes parâmetros: 
 
Paucibacilares - Paciente que, após alta por cura, apresentar: dor em ner- vo não afetado 
anteriormente, novas lesões e/ou exacerbações de lesões anteriores que não respondam à 
corticoterapia recomendada para tratar episódios reacionais do tipo I, nas doses indicadas. 
 
Multibacilares - Paciente que, após 5 anos de alta por cura, continuar apresentando episódios 
reacionais que não cedem à terapêutica com corti- costeróide e/ou talidomida, nas doses 
recomendadas para tratar episódios do tipo 2. Considerar, na recidiva, a confirmação baciloscópica, 
ou seja, a presença de bacilos íntegros e globias. 
 
Observação - A ocorrência de episódio reacional após a alta do paciente não significa recidiva da 
51 
 
doença. A conduta correta é instituir apenas tera- pêutica antirreacional (prednisona e/ou 
talidomida). 
Todo caso de recidiva deve, após confirmação, ser notificado como recidi- va e reintroduzido novo 
esquema terapêutico. 
A hanseníase não confere imunidade. Os parâmetros para diferenciar recidiva e reinfecção não estão 
claros na literatura. 
 
CARACTERÍSTICAS 
Clínica Baciloscopia 
Forma 
clínica 
Classificação 
operacional 
vigente para rede 
básica 
Áreas de hipo ou aneste- sia, 
parestesias, manchas hipo-
crômicas e/ou eritemato-
hipocrômicas, com ou sem 
diminuição da sudorese e 
rarefação de pêlos. 
Negativa 
Indeterminada 
(HI) 
PB 
Até 5 lesões de pele 
Placas eritematosas, eritemato-
hipocrômicas, bem definidas, 
hipo ou anestésicas, comprome- 
timento de nervo. 
Negativa 
Tuberculóide 
(HT) 
Lesões pré-foveolares 
(eritematosas, planas com o 
centro claro). Lesões foveolares 
(eritematopigmentares, de 
tonalidade ferrugi- nosa ou 
pardacenta). Apresenta 
alterações de sensibilidade. 
Positiva (baci- los e 
globias ou com raros 
bacilos) ou Negativa 
Dimorfa (HD) 
MB 
Mais que 5 lesões de 
pele Eritema e infiltração difu- sas, 
placas eritematosas infiltradas e 
de bordas mal definidas, 
tubérculos e nódulos, madarose, 
lesões das mucosas, com 
alteração de sensibilidade. 
Positiva (bacilos 
abundantes e globias) 
Virchoviana 
(HV) 
Notas: 
1) Na hanseníase virchoviana, afora as lesões dermatológicas e das mucosas, ocorrem também 
lesões viscerais. 
2) As manifestações neurológicas são comuns a todas as formas clínicas. Na hanseníase 
indeterminada, não há comprometimento de troncos nervosos, expressos clinicamente. Na 
hanseníase tuberculóide, o comprometimento dos nervos é mais precoce e mais intenso. 
3) Os casos não classificados quanto à forma clínica serão considerados para fins de tratamento 
como multibacilares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
TUBERCULOSE 
CID 10 – A15 a A19 
 
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
 
Descrição - A tuberculose é um problema de saúde prioritário no Brasil, que, juntamentecom 
outros 21 países em desenvolvimento, alberga 80% dos casos mundiais da doença. O agravo atinge 
a todos os grupos etários, com maior predomínio nos indivíduos economicamente ativos (15-54 
anos); Os homens adoecem duas vezes mais do que as mulheres. Doença infecciosa, atinge 
principalmente o pulmão. Após a inalação dos bacilos estes atingem os alvéolos (primoinfecção), 
onde provocam uma reação inflamatória e exsudativa do tipo inespecífico. A infecção benigna pode 
atingir linfonodos e outras estruturas; em 95% dos indivíduos infectados o sistema imunológico 
consegue impedir o desenvolvimento da doença. Em 5% dos indivíduos, observa-se a implantação 
dos bacilos no parenquima pulmonar ou linfonodos, iniciando-se a multiplicação, originando-se o 
quadro de tuberculose primária. A tuberculose pós-primária ocorre em indivíduos que já 
desenvolveram alguma imunidade, através da reativação endógena ou por reinfecção exógena, 
sendo a forma pulmonar a mais comum. Os sinais e sintomas mais freqüentes são: 
comprometimento do estado geral, febre baixa vespertina com sudorese, inapetência e 
emagrecimento. Na forma pulmonar apresenta-se dor torácica, tosse inicialmente seca e 
posteriormente produtiva, acompanhada ou não de escarros hemoptoicos. Nas crianças é comum o 
comprometimento ganglionar mediastínico e cervical (forma primária) que se caracteriza por lesões 
bipolares: parênquima e gânglios. Nos adultos, a forma pulmonar é a mais freqüente. Pode afetar 
qualquer órgão ou tecido, como pleura, linfonodos, ossos, sistema urinário, cérebro, meninges, 
olhos, entre outras. A forma extra-pulmonar é mais comum nos hospedeiros com pouca imunidade, 
surgindo com maior freqüência em crianças e indivíduos com infecção por HIV. 
 
Agente Etiológico - Mycobacterium tuberculosis. 
 
Reservatório - O homem (principal) e o gado bovino doente em algumas regiões específicas. 
 
Modo de transmissão - Através da tosse, fala e espirro. 
 
Período de incubação - A maioria dos novos casos de doença ocorre em torno de 6 a 12 meses 
após a infecção inicial. 
 
Período de transmissibilidade - Enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não houver 
iniciado o tratamento. Com o início do esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida, 
gradativamente em algumas semanas (duas). 
 
Complicações - Distúrbio ventilatório; infecções respiratórias de repetição; formação de 
bronquiectasias; hemoptise; atelectasias; empiemas. 
 
Diagnóstico - São fundamentais os seguintes métodos: 
 
Exame clínico - Baseado nos sintomas e história epidemiológica. 
 
Exame bacteriológico - Baciloscopia de escarro deverá ser indicada para todos os sintomáticos 
respiratórios (indivíduo com tosse e expectoração por três semanas a mais), pacientes que 
apresentem alterações pulmonares na radiografia de tórax e os contatos de tuberculose pulmonar 
bacilíferos. Recomenda-se, para o diagnóstico, a coleta de duas amostras de escarro: a primeira 
amostra é coletada quando o sintomático respiratório procura o atendimento na unidade de saúde, 
53 
 
para aproveitar a presença dele e garantir a realização deste exame (não é necessário estar em 
jejum), e a segunda amostra é coletada na manhã do dia seguinte, assim que o paciente desper- tar. 
Também é utilizada para acompanhar, mensalmente, a evolução bacte- riológica do paciente 
pulmonar bacilífero, para isso é indispensável que seja realizado pelo menos, ao final do 2º, do 4º e 
do 6º mês de tratamento. 
 
Cultura - É indicada para suspeitos de tuberculose pulmonar com baciloscopia repetidamente 
negativa, diagnóstico de formas extrapulmonares, como menín- gea, renal, pleural, óssea e 
ganglionar e também para o diagnóstico de todas as formas de tuberculose em pacientes HIV 
positivo. Também está indicada para os casos de tuberculose com suspeita de falência de tratamento 
e em casos de retrata- mento para verificação da farmacorresistência nos testes de sensibilidade. 
 
Exame Radiológico de Tórax - Auxiliar no diagnóstico. Permite medir a extensão das lesões e 
avaliação da evolução clinica do paciente ou de patologias concomitantes. 
 
Provatuberculínica (PPD) - Auxiliar no diagnóstico de pessoas não vacinadas com 
BCG.Indicaapenasapresençadainfecçãoenãoésuficienteparadiagnóstico da doença. 
 
Exame anátomo-patológico - (histológico e citológico) - Iindicado nas formas extrapulmonares, 
através realização de biópsia. 
 
Exames bioquímicos - Mais utilizados nas formas extrapulmonares, em derrame pleural, derrame 
pericárdico e LCR em meningoencefalite tuberculosa. 
 
Outros - Os exames sorológicos e de biologia molecular são úteis, mas seus altos custos e 
complexidade os inviabilizam como exames de rotina. 
 
Diagnóstico diferencial - Abscesso pulmonar por aspiração, pneumonias, micoses pulmonares 
(paracoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidose e carcinoma brônquico, dentre outras. Em 
crianças, causas de adenomegalia mediastino-pulmo- nar devem ser investigadas. 
 
Tratamento - O tratamento da tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial, no serviço de 
saúde mais próximo à residência do doente. A hospitalização é indicada apenas para os casos graves 
ou naqueles em que a probabilidade de abandono do tratamento é alta, em virtude das condições 
sociais do doente. O esquema de tratamento da tuberculose está sintetizado nos quadros a seguir. 
 
ESQUEMA I 
 
2RHZ/4RH* - INDICADO NOS CASOS NOVOS DE TODAS AS FORMAS DE 
TUBERCULOSE PULMONAR E EXTRAPULMONAR, EXCETO MENINGITE. 
 
PESO DO DOENTE 
Fases do 
Tratamento 
Drogas 
Até 20 kg 
mg/kg/dia 
Mais de 20 kg e 
até 35 kg mg/dia 
Mais de 35 kg e até 
45 kg mg/dia 
Mais de 45 kg 
mg/dia 
1ª fase 
(2 meses) 
R 
H 
Z 
10 
10 
35 
300 
200 
1.000 
450 
300 
1.500 
600 
400 
2.000 
2ª fase 
(4 meses) 
R 
H 
10 
10 
300 
200 
450 
300 
600 
400 
 
Siglas: R - Rifampicina H - Isoniazida Z – Pirazinamida 
Obs.: 
a) As drogas deverão ser administradas preferencialmente em jejum, em uma única tomada, ou, 
54 
 
em caso de intolerância digestiva, junto com uma refeição. 
b) Em csos individualizados, cuja evolução clinica inicial não tenha sido satisfatória, ou ainda nos 
casos de TB extrapulmonar, com a orientação de especialistas, o tempo de tratamento poderá ser 
prolongado, na sua 2ª fase, por mais três meses (2RHZ/7RH); 
c) Os casos de tuberculose, associados ao HIV, devem ser encaminhados para unidades de refe- 
rência em seu município ou em municípios vizinhos, para serem tratatdos para os dois agravos 
(TB/HIV). 
 
ESQUEMA IR* 
 
2RHZ/4RHE* - CASOS DE RECIDIVA APÓS CURA* OU RETORNO APÓS ABANDONO 
DO ESQUEMA I. 
 
PESO DO DOENTE 
Fases do 
Tratamento 
Drogas 
Até 20 kg 
mg/kg/dia 
Mais de 20 kg e 
até 35 kg mg/dia 
Mais de 35 kg e até 
45 kg mg/dia 
Mais de 45 kg 
mg/dia 
1ª fase 
(2 meses) 
R 
H 
Z 
E 
10 
10 
35 
25 
300 
200 
1.000 
600 
450 
300 
1.500 
800 
600 
400 
2.000 
1.200 
2ª fase 
(4 meses) 
R 
H 
E 
10 
10 
25 
300 
200 
600 
450 
300 
800 
600 
400 
1.200 
 
*Casos de recidiva após cura com o esquema básico; considera-se retratamento a prescrição de um 
esquema de drogas para o doente já tratado por mais de 30 dias, que venha a necessitar de nova 
terapia or recidiva após cura, retorno após abandono, ou falência do esquema I ou esquema IR 
(esquema básico etambutol). 
Siglas: R - Rifampicina H - Isoniazida Z - Pirazinamida E – Etambutol 
Obs.: Levar em consideração as indicações de retratamento, discutidas anteriormente. 
Os recidivantes de esquemas alternativos por toxicidade ao Esquema I devem ser avaliados em 
unidade de referência, para prescrição de esquema individualizado. 
Havendo alteração visual durante o tratamento, o paciente deverá ser encaminhado para uma 
unidade de referência, com o objetivo de avaliar o uso do etambutol. 
 
ESQUEMA II 
 
2RHZ/7RH* - INDICADO PARA TUBERCULOSE MENINGOENCEFÁLICA. 
 
PESO DO DOENTE 
Fases do 
Tratamento

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