Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESATER CENTRO DE FORMAÇÃO TECNOLÓGICO MAIS QUE UMA ESCOLA... UM PROJETO PARA VIDA. @esatersocial (75)98228-1605 Assistência de Enfermagem em Saúde Coletiva Profª Elisabeth S. Miranda Sanitarista e Enfa do Trabalho Feira de Santana – Ba 2022 2 SÚMARIO Programa da Disciplina....................................................................................... 3 Saúde Coletiva...................................................................................................... 6 A Visita Domiciliária no Contexto da Saúde da Família.................................. 8 PROSAD – Programa de Saúde do Adolescente............................................... 13 Atenção à Saúde do Adolescente: Mudança de Paradigma............................. 16 Puberdade e suas mudanças corporais.............................................................. 21 Hipertensão Arterial............................................................................................ 24 Diabetes Mellitus.................................................................................................. 39 Hanseniase............................................................................................................. 48 Tuberculose........................................................................................................... 52 Orientações para Coleta de Exames................................................................... 62 O que é o Programa Nacional de Suplementação de Ferro?............................ 64 Resumindo: Por que o Iodo é importante.......................................................... 68 O que é a Vitamina A........................................................................................... 69 PAISM – Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher.................... 73 Exame Ginecológico............................................................................................. 79 Câncer de Mama.................................................................................................. 85 Câncer de Pênis.................................................................................................... 90 Questões Norteadoras para Estudo.................................................................... 92 3 4 5 6 7 8 9 10 11 CADASTRO DA FAMÍLIA FICHA A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA UF | | | ENDEREÇO NÚMERO | | | BAIRRO CEP | | | | | | - | | | | MUNICÍPIO | | | | | | | | SEGMENTO | | | ÁREA |_ |_ |_ | MICROÁREA |_ |_ | FAMÍLIA |_ |_ |_ | DATA |_ |_ |_ |_ | | |_| PESSOAS COM 15 ANOS OU MAIS NOME DATA NASC. IDADE SEXO ALFABETIZADO OCUPAÇÃO DOENÇA OU CONDIÇÃO REFERIDA (sigla) sim não PESSOAS DE 0 A 14 ANOS NOME DATA NASC. IDADE SEXO FREQÜENTA A ESCOLA OCUPAÇÃO DOENÇA OU CONDIÇÃO REFERIDA (sigla) sim não Siglas para a indicação das doencas e/ ou condições referidas ALC – Alcoolismo CHA – Chagas DEF – Deficiências DIA – Diabetes EPI – Epilepsia GES – Gestação HA – Hipertensão Arterial TB – Tuberculose HAN – Hanseníase MAL – Malária 12 SITUAÇÃO DA MORADIA E SANEAMENTO OUTRAS INFORMAÇÕES TIPO DE CASA Tijolo/Adobe Taipa revestida Taipa não revestida Madeira Material aproveitado Outro - Especificar: Número de cômodos / peças Energia elétrica DESTINO DO LIXO Coletado Queimado / Enterrado Céu aberto TRATAMENTO DA ÁGUA NO DOMICÍLIO Filtração Fervura Cloração Sem tratamento ÁBASTECIMENTO DE ÁGUA Rede geral Poço ou nascente Outros DESTINO DE FEZES E URINA Sistema de esgoto (rede geral) Fossa Céu aberto EM CASO DE DOENÇA PROCURA Hospital Unidade de Saúde Benzedeira Farmácia Outros - Especificar: MEIOS DE COMUNICAÇÃO QUE MAIS UTILIZA Rádio Televisão Outros - Especificar: PARTICIPA DE GRUPOS COMUNITÁRIOS Cooperativa Grupo religioso Associações Outros - Especificar: MEIOS DE TRANSPORTE QUE MAIS UTILIZA Ônibus Caminhão Carro Carroça Outros - Especificar OBSERVAÇÕES Alguém da família possui Plano de Saúde? Número de pessoas cobertas pelo Plano de Saúde Nome do Plano de Saúde 13 14 15 16 Atenção à Saúde do Adolescente: Mudança de Paradigma Maria Helena Ruzany Efetividade da atenção ao adolescente. Mudança no modelo de atendimento integral para uma modalidade participativa e interativa. Bioética. Sintonia do profissional de saúde com os adolescentes. Palavras-chave: ética, mudança de paradigma, atenção ao adolescente Nas últimas duas décadas, a atenção à saúde do adolescente vem se tornando uma prioridade em muitos países, inclusive para instituições internacionais de fomento à pesquisa. Isto se deve à constatação de que a formação do estilo de vida do adolescente é crucial, não somente para ele, como também para as gerações futuras. De forma geral, no que se refere a organização de serviços para o atendimento a este grupo etário, observa-se que os esforços realizados no sentido da criação de programas de qualidade, tiveram até certo ponto, resultados positivos. Implementou-se um modelo de atendimento baseado na prestação da atenção integral a esta clientela, partindo-se das experiências adquiridas nos programas pioneiros de atendimento à mulher e à criança. Contudo, ainda falta muito para que os programas nacionais dêem cobertura adequada a toda população de adolescentes e jovens e para que se possa considerar que estes programas estejam integrados ao sistema de saúde, de tal forma que permitam o acesso universal (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995). Neste capítulo procura-se fazer uma reflexão sobre a atenção integral ao adolescente a partir da dimensão da bioética, com o objetivo de propor uma mudança de paradigma na abordagem desta clientela. Dificuldades no desenvolvimento do programa A especificidade da atenção ao adolescente é um aspecto da maior relevância na criação de um programa eficaz, apresentando-se como um grande desafio aos gerentes. Como exemplo do que se apresenta como desafio, podemos apontar a necessidade de adequação da linguagem e da forma de atuação dos profissionais, para o alcance de um nível de compreensão dos vários segmentos que constituem esta população. Neste sentido, a condição prévia para qualquer proposta de atenção é delimitar as características da população alvo. Trata-se de um grupo heterogêneo que exige uma implementação efetiva de uma política de atenção, levar em conta as diferenças que lhe são inerentes. Estas se apresentam em relação à faixa etária (adolescência inicial, intermediária e tardia), diferença de gênero, inserção no ambiente familiar (os que têm família e moram com ela e os que não têm), no âmbito educacional (os que freqüentam a escola e os que estão fora dela), condição social (os que vivem com parceiros ou não), quanto à sua condição física (portadores ou não de doenças mentais ou físicas), quanto à moradia (os que moram em zona urbana ou rural) e os que pertencem a minorias raciais, religiosas ou culturais (MORENO; NIREMBERG; PERRONE, 1992). Todas estas diferenças indicam que as necessidades de saúde do adolescente não podem ser encaradas de forma isolada, visto que estão intrinsecamente relacionadas com o contexto no qual está inserido (YUNES, 1993). Muitas vezes,os problemas de saúde do adolescente, aos quais os profissionais desta área devem estar atentos durante o atendimento, decorrem de suas dificuldades sócio-econômicas, tais como pobreza, privações, falta de moradia, ausência da família, ausência de um sistema educacional adequado, falta de capacitação laboral, falta de emprego, violência, entre 17 outros. Não obstante, vale enfatizar que as necessidades imediatas de amor, comida, abrigo, segurança, desenvolvimento do raciocínio lógico e dos valores morais são responsabilidades de toda a sociedade: família, escola e comunidade. O que um jovem vivencia de positivo ou negativo afetará sua vida presente e futura, mas, o que é mais importante, é a partir destas vivências que o adolescente poderá estabelecer novas práticas a serem assimiladas pela sociedade em geral. Todo jovem é influenciado pelos amigos e pelos adultos do mundo onde vive, e desta interação resultam mudanças comportamentais que vão pautar toda uma geração (RUZANY, 1994). Adolescência e sociedade Durante a adolescência ocorrem mudanças de ordem emocional que são de extrema importância para o indi- víduo, tais como o desenvolvimento da auto-estima e da autocrítica; questionamento dos valores dos pais e dos adultos em geral (FRIEDMAN, 1994). Trata-se de um período da existência em que o sujeito começa a interagir com o mundo externo de modo mais autônomo sem, aparentemente, ter de assumir as responsabilidades da vida adulta. Contudo, esta situação é de extrema ambivalência, visto que, se por um lado não lhe é exigido assumir os compromissos da vida adulta, por outro, não lhe é permitido “comportar-se” como uma criança. Na indecisão de como se conduzir, o adolescente se arrisca, oscilando entre condutas de risco “calculado” – decorrente de uma ação pensada – e do risco “insensato”, em que, gratuitamente, se expõe, com grande chance de ocorrerem insucessos, podendo comprometer sua saúde de forma irreversível (DiCLEMENTE, 1996). A adolescência vai delineando para o sujeito, uma identidade sexual, familiar e laboral, permitindo que ele venha a exercer determinados papéis dentro da sociedade. Esta identidade é a imagem que o sujeito tem de si, e ela permanece constante e reconhecível apesar das mudanças evolutivas e dos vários papéis sociais que venha a desempenhar. No entanto, a adolescência não pode ser considerada um período de transição, caracterizando-se muito mais como parte de um processo de amadurecimento e de intenso aprendizado de vida (ADAMO, 1985). A tendência de ver a adolescência como “um período de transição” tem favorecido o esquecimento das necessidades desta população, o desrespeito com relação a seus direitos, e uma exigência, muitas vezes inadequada, quanto ao cumprimento de seus deveres como cidadão. Para que seja possível outro enfoque sobre o adolescente, é preciso que a sociedade valorize seu potencial de contribuição e o apóie, permitindo que seus pensamentos, desejos, idéias e críticas sejam ouvidos. Dito em outras palavras, esta postura pressupõe a abertura de um espaço para o adolescente exercer sua liberdade e participar mais ativamente de seu processo de amadurecimento. Atenção ao adolescente: uma questão ética? Visto que a atenção ao adolescente remete para a questão da normatização dos costumes e condutas, tendo como referência uma variação entre o tradicional e o correto, não se pode pensá-la fora do âmbito da ética. Neste caso, a sociedade definida como um conjunto de indivíduos adultos “donos” de uma ordem vigente em cada cultura, leva ao adolescente sua ideologia de normas, atitudes e práticas que sem dúvida irão influenciar positiva ou negativamente sua formação. Nesta discussão, a educação, o trabalho e a saúde passam a representar o “locus” onde a ideologia do mundo adulto é oferecida ao adolescente para ser absorvida e, dependendo de como esta relação acontece, verifica-se uma adesão sem questionamentos. Mudança de paradigma na atenção à saúde do adolescente O panorama atual das ações em saúde apresenta, ao lado da prevenção e do tratamento de doenças infecto- contagiosas, a necessidade de se voltar prioritariamente para a questão da 18 manutenção do bem maior da “saúde”, por meio da promoção de um estilo saudável de vida. Entende-se como promoção de saúde a possibilidade de “proporcionar aos povos os meios necessários para melhorar sua saúde e exercer um maior controle sobre a mesma” (RESTREPO, 1992, p. 1). Conforme assinalamos na introdução deste capítulo, a saúde do adolescente tem representado um desafio para os profissionais de saúde que se dedicam a este grupo populacional. Inicialmente, buscou-se uma metodologia de atuação interdisciplinar por meio de programas de atenção integral. Esta proposta mostrou-se inovadora frente à prática médica vigente, já que até este momento a atenção se dava de forma tradicional, restringindo-se a oferecer tratamento aos pacientes a partir dos sintomas relatados. Entretanto, essa metodologia de atuação interdisciplinar não promoveu uma mudança significativa com respeito aos grandes problemas de saúde da população adolescente. Os problemas persistiram: média do Índice de Massa Corporal–IMC dos adolescentes dos países em desenvol- vimento mais baixo do que nos países desenvolvidos; uso abusivo de drogas como fumo, álcool, maconha etc.; suicídio e depressão; aumento da morbi/mortalidade decorrentes de situações de risco como acidentes, violência, gravidez e DST/aids etc. (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995). Deste modo, torna-se necessário e urgente uma mudança na forma de prestação de serviço, visando a uma atenção que promova, realmente, uma melhoria na saúde da população adolescente. Propor uma mudança estratégica de atuação do profissional com relação ao adolescente, dentro de um enfoque de promoção da saúde e de participação juvenil efetiva, aponta para a necessidade de se refletir sobre a questão ética, na medida em que determina que não se tenha como paradigma um modelo normativo. A condição nor- matizante se caracteriza pelo pressuposto de que há uma distinção entre “fatos e valores”, onde o observador não está envolvido com a situação e o usuário deve se comportar de acordo com as normas estabelecidas, ou seja, sem participar efetivamente do processo (SCHRAMM, 1994). É suficiente prestar uma atenção integral? O programa brasileiro de saúde do adolescente foi concebido dentro de uma proposta de atenção integral jun- tamente com as reflexões que surgiram no Programa da Mulher e da Criança do Ministério da Saúde. Trata-se, portanto, de um programa diferenciado, em que os profissionais ultrapassaram o modelo tradicional. No modelo tradicional o indivíduo deixa de ser visto em sua singularidade, uma vez que o objetivo maior é a cura da doença (HERZOG, 1987). Dizendo em outras palavras, nesse modelo o profissional de saúde estabelece uma relação vertical com o cliente, outorgando-se o direito de ditar normas de conduta acreditando que, assim fazendo, proporciona ao usuário uma qualidade melhor de vida. Esta postura coloca o paciente numa posição de inferioridade e de passividade, retirando dele não só a liberdade de escolha, como também a responsabilidade por seus atos. No modelo de atenção integral o objetivo é ampliar a possibilidade de atuação do profissional, tendo como preocupação não só a singularidade do sujeito, mas também a organização dos serviços. Com isto transforma-se o espaço antes considerado como o “lugar, por excelência, do profissional” – um lugar de poder – em outro em que se busca uma interação maior dos profissionais com a população assistida. Esta política de atuação significou uma mudança com respeito ao modo de como se dava, até então, a relação profissional usuário. Em vez de considerar que o adolescente deveria pautar sua conduta segundo um modelo pré-estabelecido, o profissionalpassou a consi- derar o meio ambiente como um fator de importância capital na compreensão da problemática do adolescente. A dimensão ética que esta estratégia envolveu diz respeito ao fato de considerar, na relação, o adolescente como um sujeito e não mais como mero objeto de investigação. Novo enfoque na atenção O novo enfoque de atenção integral constitui um modelo dinâmico que comporta uma 19 transformação contí- nua, na medida em que se pauta nas necessidades globais de atendimento da população alvo. O desafio agora é aprimorar um modelo qualificado para alcançar outro mais eficaz, que amplie a participação dos adolescentes na gestão, avaliação e reconstrução dos serviços. A mudança a ser efetuada no novo modelo deve corresponder a uma determinada atitude frente a opções a serem priorizadas com respeito à saúde/bem estar do adolescente. Trata-se, então, de incentivar o sujeito a fazer suas próprias escolhas, propiciando um espaço reflexivo para um encontro harmônico entre as diversas alternativas de conhecimento, para que as condutas sejam fruto de um novo saber. A atenção ao adolescente deve ter como premissa uma reflexão sobre a liberdade. E isto é possível desde que se possa refletir, a partir das dimensões sociais e políticas, de que modo a população adulta, melhor dizendo, a socie- dade como um todo, permitirá que os jovens participem desse projeto? Infelizmente, por enquanto, as informações são escamoteadas, por meio de códigos e barreiras institucionais que impedem o adolescente de se posicionar e de verdadeiramente participar (CARDARELLII, 1996). O esforço atual deve se dar na relação horizontal entre profissionais de saúde e usuário/adolescente, relação esta que vai permitir uma nova forma de abordagem com respeito à atenção à saúde do adolescente. Para que isto ocorra, é necessário que haja um despojamento dos saberes pré-estabelecidos. O autoritarismo que vem direcionando a ciência impede que o sujeito produza sua verdade, pois não lhe dá acesso ao conhecimento. Seria a partir desta possibilidade que o adolescente poderia vir a tomar decisões. De acordo com Garrafa (1995, p.13), “o extraordinário progresso técnico-científico constatado na área médico-biológica nos últimos anos não foi acompanhado com a mesma veloci- dade por um pertinente embasamento ético que dessa sustentação às novas situações que se criaram”. A questão agora é como criar um serviço em que liberdade e responsabilidade sejam pertinentes tanto para o profissional quanto para o usuário? Esta questão coloca a necessidade de se refletir como o profissional vai-se comportar com relação a este grupo, a maneira pela qual se dará a abertura para a participação dos jovens na gestão do serviço e que pressupõe oferecer todo tipo de informação necessária, bem como uma disponibilidade, por parte do profissional, para a escuta do adolescente. Esta postura deve desconsiderar regras pré-estabelecidas de comportamento e deve promover um esforço no sentido de criar, juntamente com o usuário, padrões que se adeqüem à realidade e à singularidade de cada situação (CERQUEIRA, 1996). A informação, num sentido amplo, possibilita ao jovem dispor de um conhecimento que lhe permitirá tomar decisões quanto a sua conduta em lugar de ser submetido a valores e normas que o impedem de exercer seu direito de escolha na administração de sua própria vida. A proposta atual parte de um questionamento da qualidade da atenção que vem sendo prestada e aponta para a necessidade urgente de reformulação. Todavia, o caminho desta reforma não está claro, pois implica o repensar da participação juvenil em sua construção e de como esta participação é impedida por um código de ética gerontocrático, em que os adultos dão os desígnios dos valores e condutas sociais. Vale a proposta de se repensar os papéis dos indivíduos dentro do organismo social, para que cada um se respon- sabilize por sua própria saúde e pela saúde da coletividade, evitando agravos desnecessários, oriundos de condutas de risco. Quanto ao programa de saúde dos adolescentes e jovens, deve dar início à abertura democrática dos serviços para uma real participação juvenil, com o objetivo de reverter o quadro epidemiológico que está posto. Referências ADAMO, F. Juventude: trabalho, saúde e educação. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1985. p. 16 –19. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Saúde do Adolescente. Bases Programáticas. Divisão nacional de saúde materno infantil. Brasília,1989. 20 CARDARELLI, G. Juventud y Participación: para que los senderos no se bifurquen. Buenos Aires: [s.n.], 1996. Mimeo. CERQUEIRA, M. T. Promoción de la Salud: evolución y nuevos rumbos. Bol. Oficina Sanit. Panam., [S.l.], 1996. DICLEMENTE, R. J.; PONTON, L. E.; HANSEN W., B. New Directions for Adolescent Risk Prevention Research and Health Promotion Research and Interventions. In: . Handbook of Adolescent Health Risk Behavior - Issues in Clinical Child Psychology. New York: Plenum Press, 1996. p. 413-420. FRIEDMAN, H. L. The promotion of adolescent health: principles of eff ective intervention. Mexico: Latin American and Caribbean Meeting on Adolescent Health, 1994. Mimeo. GARRAFA, V. Fundamentação teórica. Antecedentes: a deontologia ou ética médica. In:. A dimensão da ética em saúde pública. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública, 1995. p. 11-13. HERZOG, R. Sujeito da doença ou doença do sujeito? A construção do ser doente. Dissertação (Mestrado)-Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1987. MORENO, E.; NIREMBERG, O.; PERRONE, N. Desarrollo de un modelo evaluativo para sistemas loacales de salud: primera fase, informe final. Buenos Aires; Canadá: CEADEL; IDRC, 1992. RESTREPO, H. E. Las Políticas de Promoción de la Salud en la Organización Panamericana de la Salud. Conferencia Internacional de Promoción de la Salud. Santafé de Bogotá, Colômbia: [s.n.]: 1992. Mimeo, RUZANY, M. H.; MUNIST, M.; SOLÍS, A. Promoción de la Salud del Adolescente respecto a la sexualidad y la salud reproductiva. Adolescência un enfoque integrado. Seminario Interno. Equipo de Apoyo del FNUAP. Oficina para América Latina y El Caribe, 1994. (Colección Seminarios, n. 1) SCHRAMM, F. R. Toda ética é, antes, uma Bioética: humanidades – bioética. Brasília: Universidade de Brasília, 1994. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). UNFPA. UNICEF. Study Group on Programming for Adolescent Health. Discussion Paper, Saillon, Switzerland, 1995. YUNES, J. Mortalidad y morbilidad de adolescentes en la región de las gg Américas. Archivos Argentinos de Pediatria, [S.l.], 1993. 21 PUBERDADE E SUAS MUDANÇAS CORPORAIS Texto extraído do artigo: FERRIANI, M. G. C. & SANTOS, G. V. B. Adolescência: Puberdade e Nutrição. Revista Adolescer, Cap. 3 (http://www.abennacional.org.br/revista/cap3.2.html. Acesso em 06/09/2011). O rápido crescimento em estatura, característico da adolescência, é chamado de estirão puberal. O crescimento pondo-estatural na puberdade e a rapidez e a magnitude com que os jovens crescem podem ser acompanhados com a utilização de tabelas e gráficos de altura e peso construídos a partir de estudos populacionais. No acompanhamento da saúde do adolescente, é fundamental que se trabalhe com a detecção da velocidade dessas mudanças, tendo em vista que o seu acompanhamento é um sensível detector de possíveis agravos que podem retardar o desenvolvimento físico. O fenômeno puberdade/adolescência não pode ser estudado isoladamente. Segundo Osório (1989) e Chipkevitch (1995), a puberdade corresponde às modificações biológicas e a adolescência, às transformações biopsicossociais em que elas se inserem. O conceito de puberdade está relacionado aos aspectos físicos e biológicos do indivíduo, iniciando-sepor volta dos 9/10 anos de idade. Segundo Tiba (1994), é nesse período que a criança perde o modo infantil e sente as primeiras modificações corporais. Embora as modificações pubertárias sejam observadas em praticamente todo o organismo, apresentam-se, sobretudo, nos seguintes componentes (LEAL; SILVA, 2001): estirão de crescimento pondo-estatural; modificação da composição corporal, resultante do desenvolvimento esquelético e muscular e das modificações na quantidade e distribuição de gordura; desenvolvimento do sistema cardiorrespiratório, predominantemente da força e da resistência; desenvolvimento do aparelho reprodutor. Nesse momento do ciclo vital, o hipotálamo passa a estimular a hipófise para a produção de hormônios do crescimento e amadurecimento, fazendo com que ocorra o desenvolvimento das características sexuais secundárias. Segundo Rappaport (1997), a puberdade marca a adolescência do ponto de vista biológico e possibilita a aquisição de um corpo adulto, com acesso à expressão da sexualidade e da capacidade reprodutiva. Nas meninas, o estrogênio e a progesterona são os responsáveis pelo surgimento das características sexuais secundárias, estando relacionados à vida sexual e reprodutiva. Nos meninos, a testosterona é o hormônio responsável pelo surgimento das características sexuais secundárias, pela produção de espermatozoides e pelo aumento do impulso sexual, da agressividade, do crescimento em altura e da força física, entre outros (TIBA, 1986). Geralmente a puberdade feminina inicia-se entre os 10 e 11 anos de idade, com o surgimento dos brotos mamários; concomitantemente, aparecem os pelos púbicos. A quantidade de pelos púbicos e o tamanho dos seios vão aumentando paralelamente à aceleração do crescimento. A fase do estirão (12 anos) é relativamente precoce dentro do processo pubertário feminino, muitas vezes antecedendo a menarca. A velocidade de crescimento praticamente dobra durante o estirão (8- 9cm/ano), quando comparada ao crescimento pré-puberal (4-5cm/ano). Ao final do estirão, na fase de desaceleração do crescimento, mais perto do fim da puberdade (12- 13 anos) é que ocorre a menarca. Nos anos seguintes a ela, a menina ainda cresce alguns centímetros (5-6 cm), tem pequeno acréscimo no tamanho dos seios e na quantidade de pelos púbicos. Nessa fase o corpo acumula gordura, principalmente em certas regiões como quadris, nádegas e coxas, resultando em contornos tipicamente femininos. A puberdade masculina tem início por volta dos 11-12 anos. Primeiro, ocorre um ligeiro aumento do volume testicular, geralmente ignorado pelo menino; concomitantemente, surgem os primeiros http://www.abennacional.org.br/revista/cap3.2.html 22 pelos púbicos e, posteriormente, o crescimento do pênis, inicialmente em comprimento, depois em diâmetro. O estirão do menino (10cm/ano) ocorre por volta dos 14 anos, num momento mais próximo do fim da puberdade. As mãos e os pés, seguidos pelos braços e pernas, têm seu estirão de crescimento anterior ao estirão do tronco e da altura, conferindo ao menino desproporcionalidade temporária, tornando-o "desajeitado". Ao contrário das meninas, que acumulam gordura, os meninos desenvolvem massa muscular. É comum para os dois sexos uma variabilidade individual dos fenômenos pubertários, tanto em relação ao seu momento inicial como em relação ao ritmo de sua progressão. Adolescentes de mesma idade podem estar em fases diferentes da puberdade, assim como adolescentes que a iniciam com a mesma idade podem chegar ao término em idades diferentes (TANNER, 1989). Durante a puberdade, em ambos os sexos, mas de forma mais acentuada nos meninos, a pele se torna mais oleosa, aumenta a produção de suor e pode surgir a acne; também ocorre a mudança de voz e o crescimento dos pelos axilares. Uma das características importantes desse processo é a magnitude e a rapidez das transformações que a caracterizam. Durante um período de 3 a 5 anos surgem e desenvolvem-se os caracteres sexuais secundários, culminando com a aquisição da capacidade reprodutora, quando ocorre intenso estirão do crescimento, durante o qual são ganhos cerca de 50% do peso e 20% da estatura definitiva. De acordo com Chipkevitch (1995), a velocidade de ganho de peso acompanha a do crescimento em estatura durante o estirão puberal; a velocidade máxima de ganho de peso coincide com o pico de velocidade de crescimento (PVC) ou ocorre logo em sequência, alguns meses após. No ano que inclui o PVC, o adolescente ganha cerca de 9 a 10kg. São muitas as diferenças na composição corporal entre ambos os sexos. O ganho de peso dos meninos é consequência do grande crescimento da sua massa muscular, enquanto nas meninas o maior responsável é o ganho do tecido adiposo. A maioria das crianças passa por uma fase de repleção puberal: entre 8 e 10 anos de idade, acontece o ganho de tecido adiposo em ambos os sexos, que se traduz no aumento da porcentagem de gordura corpórea e da espessura das pregas cutâneas, proporcionando um aspecto mais "rechonchudo" nessa fase. Com o início do estirão puberal, entretanto, a velocidade de ganho de gordura diminui. Essa diminuição na deposição do tecido adiposo ocorre juntamente ao incremento do crescimento ósseo e muscular. Como músculo e osso pesam mais que gordura, a densidade corpórea (peso/altura) aumenta na adolescência, e é maior no sexo masculino, devido à sua maior massa muscular. A diferença importante entre os sexos consiste no fato de que as meninas têm taxa de deposição de gordura sempre maior que os meninos e, mesmo diminuindo o ritmo de acréscimo, continuam sempre ganhando gordura, embora mais lentamente, enquanto os meninos chegam realmente a perder tecido adiposo. Isso explica por que os meninos se tornam aparentemente mais magros nessa fase e as meninas, mais gordinhas – principalmente após passarem pelo PVC, na época da menarca (Chipkevitch, 1995, p. 48). A porcentagem da gordura corpórea está em torno de 15%, em ambos os sexos, aos 9 anos de idade. Na época do PVC ela é de 12% nos meninos (permanecendo assim por alguns anos), e de 19% nas meninas, subindo para 25% após a menarca (MARSHAL; ANYAN, apud CHIPKEVITCH, 1995). Assim, ao fim da puberdade, as moças têm o dobro de gordura, se comparadas aos rapazes. A exemplo do estirão puberal em estatura, o crescimento e desenvolvimento do aparelho reprodutor e dos caracteres sexuais secundários é um dos acontecimentos mais característicos e importantes da puberdade. A realização constante e sucessiva das medidas da estatura e cálculos da velocidade de crescimento são muito importantes para caracterizar a fase de crescimento físico do adolescente, sendo necessário algum método de mensuração do grau de maturação sexual também para avaliar a progressão pubertária. O estadiamento da maturação sexual é feito pela avaliação das mamas e dos pelos púbicos no sexo feminino e dos genitais e pelos púbicos no sexo masculino. A maturação sexual é um processo contínuo, e os estágios de Tanner são pontos 23 arbitrários dentro desse processo (CHIPKEVITCH, 1995). A puberdade termina e com ela o crescimento físico e o amadurecimento gonadal, em torno dos 18 anos, coincidindo com a soldadura das cartilagens de conjugação da epífise dos ossos longos, o que determina o fim do crescimento esquelético (OSORIO, 1989). O crescimento é, portanto, um processo caracterizado pelo aumento físico do corpo e pelo aumento do tamanho e do número de células de todos os órgãos e sistemas, que se inicia na concepção e continua por toda a vida. Já o desenvolvimento pubertário é o aumento da capacidade do indivíduo de realizar funções orgânicas cada vez mais complexas (BRASIL, 1996). Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Programa de saúde do adolescente: bases programáticas (Prosad). 2ª ed. Brasília, 1996, 32 p. CHIPKEVITCH, E. Puberdade& adolescência: aspectos biológicos, clínicos e psicossociais. São Paulo: Roca, 1995. Parte 1. LEAL, M. M.; SILVA, L. E. V. Crescimento e desenvolvimento puberal. In: SAITO, M. I.; SILVA, L. E. V. Adolescência: prevenção e risco. São Paulo: Atheneu, 2001. Cap. 5, p. 42. OSÓRIO, L. C. Adolescente hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 103p. RAPPAPORT, C. Encarando a adolescência. São Paulo: Ática, 1997. TANNER, J. M. The interaction of heredity and environment in control of growth. In: TANNER, J. M. Foets into man. 2 nd ed. Ware: Castlemead, 1989. p. 119-164. TIBA, I. Adolescência: o despertar do sexo: um guia para entender o desenvolvimento sexual e afetivo nas novas gerações. São Paulo: Gente, 1994. 130p. TIBA, I. Puberdade e adolescência: desenvolvimento biopsicossocial. São Paulo: Ágora, 1986. 236p. 24 25 26 27 28 29 30 31 Medida da pressão arterial Blood pressure measurement Editor: Tufik J. M. Geleilete Medida casual da pressão arterial Office blood pressure measurement Tufik J. M. Geleilete1, Eduardo Barbosa Coelho2, Fernando Nobre3 A pressão arterial, medida pela técnica clássica proposta há mais de um século por Riva-Rocci, é um dos procedimentos médicos mais difundidos e, possivelmente, realizados. Nas últimas décadas, com o aumento da aplicação das medidas ambulatoriais e residenciais de pressão arterial, ela tem sido questionada quanto à sua precisão. Entretanto, por mais questionado que seja o método, ainda é, e por muitos anos deverá ser, um das ações médicas mais importantes e fundamentais na prática clínica, seja em situações de urgência ou em condições de consultório. Seguramente a medida da pressão arterial resulta em be- nefícios inquestionáveis ao paciente, quando adequadamente bem realizada. Os conhecimentos obtidos nas últimas décadas permitiram grandes avanços, no diagnóstico mais preciso, tratamento mais eficaz, melhor conhecimento da epidemiologia e, consequentemente, maiores benefícios aos pacientes por- tadores de hipertensão. Mas, para que bons resultados sejam realmente observados, são necessárias medidas precisas, com procedimentos técnicos acurados. A principal informação resultante dos estudos com moni- torização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e monito- rização residencial da pressão arterial (MRPA) é a percepção que a medida casual da pressão arterial produz valores que podem superestimar ou, menos frequentemente, subestimar seu valor real. Pelo fato de que pequenos aumentos podem trazer signifi- cativas elevações do risco cardiovascular, torna-se necessária a busca de novos métodos práticos e confiáveis para a obtenção de medida precisa da pressão arterial. Os procedimentos para sua realização exigem cuidados nem sempre observados, e o efeito do avental branco, por exemplo, quando não adequadamente identificado, pode fazer com que os pacientes sejam inadequadamente diagnosticados ou inapropriadamente tratados. Embora as medidas residenciais e ambulatoriais de pressão arterial permitam o diagnóstico de hipertensão mascarada e do avental branco, medida da pressão arterial realizada por um médico ou qualquer outro profissional de saúde, utilizando um esfigmomanômetro adequadamente calibrado e validado, continua sendo considerada a mais difundida para o diagnóstico da hipertensão arterial sistêmica 1 , seja com o uso de aparelhos com coluna e mercúrio, que estão sendo desaconselhados por seu impacto ambiental 2 , ou por aparelhos aneroides, que predominam em nosso país. Nesse contexto, é possível diagnosticar-se como hipertensos pacientes com comportamento normal da pressão arterial ou deixar-se de diagnosticar verdadeiros hipertensos. No primeiro caso, um tratamento anti-hipertensivo desnecessário será instituído e, no outro, o indivíduo será privado da terapêutica apropriada. A medida adequada da pressão arterial envolve diversos cuidados básicos em relação ao paciente, ao equipamento, à técnica de medida, ao registro correto dos valores obtidos, e à interpretação desses resultados. Pelo impacto dessas avaliações da pressão arterial, quer em consultório ou pela MAPA ou MRPA, elas serão motivo, neste número e nos dois seguintes, de uma criteriosa revisão. A seguir, passaremos a uma revisão dos principais fatores determinantes de eventuais erros na avaliação casual ou de consultório da pressão arterial. 32 FATORES RELACIONADOS AO PACIENTE O preparo adequado do paciente é o passo inicial na técnica. Ele deverá ser previamente informado do procedimento a que será submetido; estar calmo e descansado em ambiente confortável, por pelo menos cinco minutos antes da primeira medida, deven- do ser posicionado sentado com as pernas descruzadas 3 . Deve ser orientado a esvaziar a bexiga; não praticar exercícios físicos intensos nos 60 a 90 minutos que precedem o exame 4 ; e não fazer uso de bebidas alcoólicas 5 , café 6 , fumo 7,8 e alimentação copiosa por pelo menos 30 minutos antes da medida. Essas diversas orientações estão em conformidade com a boa prática médica, porém nem sempre são realizadas e consen- suais. Por exemplo, não foi identificada a importância de cruzar as pernas durante a medida da pressão arterial em pacientes sob tratamento anti-hipertensivo 9 , mas há consenso em aceitar-se como melhor prática manter as pernas descruzadas. Por outro lado, o uso de roupas finas, com menos de 2 mm de espessura, sobre o braço que será utilizado para medir a pressão arterial causaria diferenças entre 0,5 e 1,1 mm Hg, consideradas não relevantes 10 isoladamente, mas que, associadas a outros desvios da técnica, podem contribuir para um resultado equivocado. A exigência de permanecer 30 minutos sem fumar antes da medida da pressão pode, entretanto, subestimar a pressão arterial desses indivíduos 11 . O fumo pode causar uma elevação transitória, porém se repetitiva, no caso dos tabagistas pesados, pode haver elevação da pressão arterial entre 5 e 10 mm Hg 7,8 e o efeito do primeiro cigarro do dia pode ser ainda maior, chegando até 20 mm Hg 11 . Em grandes tabagistas, ocorre elevação contínua da pressão arterial, e também da sua variabilidade, ambas induzidas pelo fumo. Verificou-se que em pacientes fumantes e em não fumantes, todos hipertensos ainda não tratados, parea- dos para idade, sexo e raça, a pressão arterial de consultório não era diferente, embora a pressão arterial diurna obtida pela MAPA tenha sido significativamente maior nos tabagistas, enquanto a pressão arterial no período de sono não tenha apresentado diferença significativa 12 . Essa situação é, provavelmente, devida à abstinência de fumo que antecede a consulta, fato que não ocorre durante a realização da MAPA. A cafeína induz, agudamente, alterações hemodinâmicas que levam ao aumento da pressão arterial em indivíduos que apenas ocasionalmente a utilizem, mas em pessoas habituadas a ingerir cafeína frequentemente o mesmo efeito agudo não é observado 7,13-15 . Essa resposta é ainda mais importante nos pacientes já hipertensos, e muitos indivíduos com pressão arterial limítrofe podem atingir valores acima dos utilizados para o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica 16 . Entretanto, o impacto do uso crônico de cafeína sobre a pressão arterial ainda é motivo de discussão, sendo que estudos não relacionam a ingestão crônica de cafeína com aumento na incidência de hipertensão arterial sistêmica, sugerindo um mecanismo de tolerância 17,18 . Essa tolerância pode apresentar-se de modo incompleto em alguns pacientes 19 , nos quais, um discreto aumento de pressão arterial pode ocorrer. Em uma meta-análise de 11 estudos, envolvendo 522 participantes, nos quais a ingestão crônica de cafeína atingiu umamédia de cinco xícaras por dia, verificou-se que as pressões arteriais sistólica e diastólica aumentavam, respectivamente, 2,4 e 1,2 mm Hg20. Valores semelhantes foram observados em alguns estudos em que a cafeína foi retirada da dieta de pacientes hipertensos 18 , seja pela eliminação do café ou uso de decafeinados 21,22 . Portanto, bebedores crônicos que se abstenham por alguns minutos de cafeína não devem apresentar alterações da pressão arterial, mas o uso de café pode alterar a pressão arterial de indivíduos não habituados ao seu uso. A pressão arterial deve, por convenção, ser medida com o pa- ciente sentado, para fins de diagnóstico e seguimento. Em posição supina, a pressão arterial tende a ser ligeiramente diferente, com o aumento da pressão sistólica e uma queda da pressão diastólica de 2 a 3 mm Hg 23 . Entretanto, em idosos, e nos indivíduos nos quais haja suspeita de hipotensão postural, a medida na posição supina e em pé deve ser realizada. Para a medida de pé, o paciente deve ficar deitado por 5 minutos e, pelo menos dois minutos após, levantar-se para então se fazer a medida. Na primeira consulta, recomenda-se que a medida de pres- são seja feita em posição supina, de 33 pé e em ambos os membros superiores. A medida nos membros inferiores é necessária quando há suspeita de coartação de aorta, devendo, obviamente, ser realizada com técnica e manguito apropriados. O paciente não necessita estar em jejum para a medida de pressão arterial em consultório, mas deve-se evitar alimentação copiosa, mesmo quando não se suspeite de hipotensão pós- prandial. A alimentação está associada a reduções significativas da pressão arterial, por mecanismos ainda não totalmente esclarecidos 24 , sendo que esse efeito pode ser mais pronunciado em pacientes idosos, com episódios de hipotensão. O ambiente calmo é muito importante, e medidas realizadas em locais inadequados não devem ser consideradas para fins de diagnóstico. O ambiente deve colaborar para que o paciente relaxe, contribuindo para a redução do efeito do avental branco, que pode atingir valores expressivos naqueles indivíduos consi- derados hipertensos pelas medidas de consultório 25 . FATORES RELACIONADOS AO EQUIPAMENTO É absolutamente necessário que o equipamento a ser utilizado seja validado e esteja adequadamente calibrado. O aparelho em uso deve ser periodicamente calibrado, com intervalo não superior a seis meses. Isso se aplica particularmente os apa- relhos aneroides, embora os aparelhos de coluna de mercúrio também estejam sujeitos à descalibração 26,27 . Os aparelhos eletrônicos, em geral, oferecem boa precisão na leitura dos resultados, minimizam erros relacionados à pre- ferência do observador, mas atenção especial deve ser dada à escolha do modelo, que deve ser validado por critérios rigorosos e, igualmente, testado periodicamente. Independente do modelo de esfigmomanômetro adotado, o uso de um manguito de tamanho adequado ao braço do exami- nando é essencial. A bolsa de borracha inflável deve corresponder a pelo menos 75% a 80% da circunferência do braço e cobrir pelo menos 80% de sua extensão 28-30 . O uso de manguitos menores que o recomendado pode superestimar a pressão arterial sistólica de 10 a até 50 mm Hg, enquanto o contrário pode ocorrer com manguitos maiores aplicados a braços magros. A aplicação de manguitos adequados deve ser o objetivo. Em estudo conduzido por Mion et al. 31 , foram observados dados alarmantes em relação à qualidade dos aparelhos de pressão utilizados em importante instituição de atendimento médico de nosso país. FATORES RELACIONADOS À TÉCNICA DE MEDIDA Para realizar a medida da pressão, o observador deve estar em posição confortável, relaxado e evitando que a deflação seja muito rápida. Medidas feitas de modo inadequado podem resultar em subestimação da pressão arterial sistólica e em superestimação da diastólica 30 . Para evitar erro de paralaxe, os olhos do observador devem estar no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mostrador do manômetro aneroide 32 . A posição do braço, que necessariamente deverá estar ao nível do coração, pode, também, concorrer para medidas imprecisas da pressão arterial. Como regra prática pode-se estabelecer que, se o braço está acima do nível do coração, a pressão será superestimada, enquanto para o braço abaixo desse nível ocorrerá o contrário. O braço do paciente deve estar descoberto, livre de roupas, com o cotovelo ligeiramente fletido e com a palma da mão voltada para cima. A pressão sistólica deve ser definida pelo método palpatório. Depois de decorrido um mi- nuto, o manguito deverá ser inflado até 20-30 mm Hg acima do nível estimado da pressão sistólica. A seguir, inicia-se a deflação com velocidade de 2 a 4 mm Hg por segundo, sendo que após a identificação da pressão sistólica, ao se auscultar o primeiro ruído (fase I de Korotkoff), a velocidade deve aumentar para 5 a 6 mm Hg por segundo, evitando-se congestão venosa 32,33 , até o desaparecimento dos batimentos (fase V de Korotkoff). Quando os batimentos persistirem até o zero, a pressão arterial diastólica deve ser considerada quando se percebe um abafamento do som (fase IV de Korotkoff). Naqueles pacientes em que a diferença entre as fases IV e V seja maior do que 10 mm Hg, o que pode ocorrer 34 em crianças e condições associadas a alto débito, a fase IV também deve ser preferida 29,34 . Eventualmente uma lesão arterial unilateral pode causar dife- renças significativas nas medidas de pressão arterial em ambos os braços de um paciente. Neste caso, a medida no braço em que se obteve a maior pressão arterial deve ser utilizada para diagnóstico e para o seguimento 35 . Em cada visita, a pressão arterial deve ser medida pelo menos duas vezes com um intervalo entre elas de 2 minutos. Uma terceira medida, e mesmo outras, deve ser obtida se houver uma diferença maior que 5 mm Hg entre as duas primeiras. Neste caso, o registro deve ser feito com a média das duas últimas medidas 34 . Para fins de diagnóstico, recomendam-se pelo menos duas medidas realizadas por consulta em duas ocasiões diversas 33 . FATORES RELACIONADOS AO REGISTRO DOS VALORES OBTIDOS Os valores obtidos devem ser anotados imediatamente, evi- tando-se possível esquecimento dos valores exatos 30 e não se deve realizar aproximações ou arredondamentos para números terminados em zero ou cinco. Além dos valores das pressões arteriais sistólicas e diastólicas, deve-se anotar posição do paciente, o braço utilizado, e o tamanho do manguito empregado. A presença do hiato auscultatório, quando presente, deve ser registrada. Em pacientes em terapia medicamentosa, também devem ter anotados os horários em que a medicação foi ingerida e a pressão, medida 30,36,37 . FATORES RELACIONADOS À INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS Respeitando-se todos esses fatores, deve-se obter um valor que permitirá avaliar se o paciente é ou não hipertenso de acordo com a classificação proposta pela V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 38 (Tabela 1). A ansiedade e o estresse gerados pela consulta ao paciente podem levar a um aumento da pressão arterial no consultório, não sendo esta medida representativa dos valores reais durante as atividades diárias, fenômeno esse denominado efeito do avental branco. Existe uma redução progressiva da pressão arterial sistólica e diastólica, nas três primeiras consultas, de aproximadamente 15 e 7 mm Hg, respectivamente, em pacien- tes diagnosticados como hipertensos na primeira avaliação. Alguns pacientes apresentam queda após valores obtidos de pressão arterial até a sexta consulta 39 . O diagnóstico de hipertensão do avental branco deve ser levado em consideração ao se avaliar pacientes que se mostram Tabela 1. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos)Classificação Pressão sistólica (mm Hg) Pressão diastólica (mm Hg) Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130-139 85-89 Hipertensão estágio 1 140-159 90-99 Hipertensão estágio 2 160-179 100-109 Hipertensão estágio 3 Hipertensão sistólica isolada < 90 35 Quando as pressões sistólica e diastólica de um paciente situan-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial. hipertensos na primeira consulta, que apresentam valores per- sistentemente elevados de pressão arterial na ausência de lesão de órgãos-alvo e que informam que sua pressão arterial só se altera na presença do médico. Mas sua confirmação demandará na realização de monitorização residencial ou ambulatorial de pressão arterial 40,41 . Todas essas considerações permitem entender a importância das etapas propostas nas V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 38 para a adequada medida da pressão arterial em con- sultório ou casual, que estão apresentadas na tabela 2. Frequentemente os profissionais da saúde, particularmente enfermeiras e médicos, não cumprem adequadamente as etapas propostas e necessárias à medida casual da pressão arterial. Em estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HC-FMRP-USP), avaliando os procedimentos para medida da pressão arterial adotados por alunos, médicos (residentes e docentes) e enfermeiros (alunos e docentes) dessa instituição, não encontramos mais do que, em média, 50% das etapas propostas atendidas (Tabela 2) 42 . A medida da pressão no consultório, apesar de ser um pro- cedimento de grande importância e alto impacto no diagnóstico de uma das mais prevalentes doenças, tem sido frequentemente negligenciada ou incorretamente feita. Isso pode ser decorrente da pressão dos sistemas de saúde públicos e privados por maior rapidez no atendimento médico, ou por desatenção dos profis- sionais envolvidos, ou ambos os motivos. Nobre 43 observou a necessidade de as normas técnicas de medida da pressão ser atendidas e não se abandonar a prática do procedimento se ele não estiver sendo feito corretamente, afirmando que, “se um procedimento que compete aos médicos não está sendo adequadamente bem feito, eles não devem deixar de fazê-lo, mas sim aprender a executá-lo corretamente” 43 . Embora alguns autores afirmem que não é mais tempo de utilizar-se apenas os valores de pressão obtidos pelo médico Tabela 2. Procedimento de medida da pressão arterial, segundo as DBH V Preparo do paciente para a medida da pressão arterial 1. Explicar o procedimento ao paciente 2. Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente calmo 3. Evitar bexiga cheia 4. Não praticar exercícios físicos 60 a 90 minutos antes 5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos antes 6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado 7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito 8. Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4o espaço intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido 9. Solicitar para que não fale durante a medida Procedimento de medida da pressão arterial 1. Medir a circunferência do braço do paciente 36 2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço 3. Colocar o manguito sem deixar folgas acima da fossa cubital, cerca de 2 a 3 cm 4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria branquial 5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, desinflar rapidamente e aguardar 1 minuto antes da medida) 6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula do estetoscópio sem compressão excessiva 7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mm Hg o nível estimado da pressão sistólica 8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mm Hg por segundo) 9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares, e após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação 10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff) 11. Auscultar cerca de 20 a 30 mm Hg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa 12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero 13. Esperar 1 a 2 minutos antes de novas medidas 14. Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente 15. Anotar os valores e o membro Em geral para tomar a decisão de se instituir o tratamento anti-hipertensivo44, a medida casual ainda é a principal ferramenta para diagnóstico e acompanhamento do paciente portador de hipertensão arterial. O conhecimento de sua técnica correta, sua aplicação e limitações permitem aos médicos oferecer a melhor assistência aos pacientes, com apoio das monitorizações resi denciais e ambulatoriais, otimizando os recursos e adequando com mais precisão as terapias. A correta realização da técnica e interpretação dos resultados deve fazer parte da rotina de todos os médicos e profissionais de saúde, permitindo assim maior benefício para os pacientes. REFERÊNCIAS 1. Pickering TG. Principles and techniques of blood pressure measurement. Cardiol Clin. 2002;20:207-23. 2. O’Brien E. Will mercury manometers soon be obsolete? J Hum Hypertens. 3. 1995;9:933-4. 4. Foster-Fitzpatrick L, Ortiz A, Sibilano H, Marcantonio R, Braun LT. The effects of crossed leg on blood pressure measurement. Nurs Res. 1999;48:105-8. 5. Palatini P. Exercise haemodynamics in the normotensive and the hypertensive subject. Clin Sci (Lond). 1994;87:275-87. 6. Potter JF, Watson RD, Skan W, Beevers DG. The pressor and metabolic effects of alcohol in normotensive subjects. Hypertension. 1986;8:625-31. 7. van Dusseldorp M, Smits P, Lenders JW, Thien T, Katan MB. Boiled coffee and blood pressure. A 14-week controlled trial. Hypertension. 1991;18:607-13. 8. Freestone S, Ramsay LE. Effect of coffee and cigarette smoking on the blood pressure of untreated and diuretic-treated hypertensive patients. Am J Med. 1982;73:348-53. 9. Lecerof H, Bornmyr S, Lilja B, De Pedis G, Hulthen UL. Acute effects of doxazosin and atenolol on smoking-induced peripheral vasoconstriction in hypertensive habitual smokers. J Hypertens Suppl. 1990;8:S29-33. 10. Avvampato CS. Effect of one leg crossed over the other at the knee on blood pressure in 37 hypertensive patients. Nephrol Nurs J. 2001;28:325-8. 11. Liebl ME, Holzgreve H, Schulz M, Crispin A, Bogner JR. The effect of clothes on sphygmomanometric and oscillometric blood pressure measurement. Blood Pressure. 2004;13:279-282. 12. Groppelli A, Giorgi DM, Omboni S, Parati G, Mancia G. Persistent blood pressure increase induced by heavy smoking. J Hypertens. 1992;10:495-9. 13. Mann SJ, James GD, Wang RS, Pickering TG. Elevation of ambulatory sys- tolic blood pressure in hypertensive smokers. A case-control study. JAMA. 1991;265:2226-8. 14. Corti R, Binggeli C, Sudano I, Spieker L, Hanseler E, Ruschitzka F, et al. Coffee acutely increases sympathetic nerve activity and blood pressure independently of caffeine content: role of habitual versus nonhabitual drinking. Circulation. 2002;106:2935-40. 15. Sharp DS, Benowitz NL. Pharmacoepidemiology of the effect of caffeine on blood pressure. Clin Pharmacol Ther. 1990;47:57-60. 16. Curatolo PW, Robertson D. The health consequences of caffeine. Ann Intern Med. 1983;98:641-53. 17. Hartley TR, Sung BH, Pincomb GA, Whitsett TL, Wilson MF, Lovallo WR. Hypertension risk status and effect of caffeine on bloodpressure. Hypertension. 2000;36:137-41. 18. Myers MG. Effects of caffeine on blood pressure. Arch Intern Med. 1988; 148:1189-93. 19. van Dusseldorp M, Smits P, Thien T, Katan MB. Effect of decaffeinated versus regular coffee on blood pressure. A 12-week, double-blind trial. Hypertension. 1989;14:563-9. 20. Lovallo WR, Wilson MF, Vincent AS, Sung BH, McKey BS, Whitsett TL. Blood pressure response to caffeine shows incomplete tolerance after short-term regular consumption. Hypertension. 2004;43:760-5. 21. Jee SH, He J, Whelton PK, Suh I, Klag MJ. The effect of chronic coffee drinking on blood pressure: a meta-analysis of controlled clinical trials. Hypertension. 1999;33:647-52. 22. Superko HR, Myll J, DiRicco C, Williams PT, Bortz WM, Wood PD. Effects of cessation of caffeinated-coffee consumption on ambulatory and resting blood pressure in men. Am J Cardiol. 1994;73:780-4. 23. Bak AA, Grobbee DE. A randomized study on coffee and blood pressure. J Hum Hypertens. 1990;4:259-64. 24. Jamieson MJ, Webster J, Philips S, Jeffers TA, Scott AK, Robb OJ, et al. The measurement of blood pressure: sitting or supine, once or twice? J Hypertens. 1990;8:635-40. 25. Jansen RW, Lipsitz LA. Postprandial hypotension: epidemiology, pathophysiology, and clinical management. Ann Intern Med. 1995;122:286-95. 26. Pickering TG, James GD, Boddie C, Harshfield GA, Blank S, Laragh JH. How common is white coat hypertension? JAMA. 1988;259:225-8. 27. Bailey RH, Knaus VL, Bauer JH. Aneroid sphygmomanometers. An assessment of accuracy at a university hospital and clinics. Arch Intern Med. 1991;151: 1409-12. 28. Knight T, Leech F, Jones A, Walker L, Wickramasinghe R, Angris S, et al. Sphyg- momanometers in use in general practice: an overlooked aspect of quality in patient care. J Hum Hypertens. 2001;15:681-4. 29. Russell AE, Wing LM, Smith SA, Aylward PE, McRitchie RJ, Hassam RM, et al. Optimal size of cuff bladder for indirect measurement of arterial pressure in adults. J Hypertens. 1989;7:607- 13. 30. Beevers G, Lip GY, O’Brien E. ABC of hypertension. Blood pressure measurement. Part I- sphygmomanometry: factors common to all techniques. BMJ. 2001; 322:981-5. 31. Beevers G, Lip GY, O’Brien E. ABC of hypertension: Blood pressure measurement. Part II- conventional sphygmomanometry: technique of auscultatory blood pressure measurement. BMJ. 2001;322:1043-7. 32. Mion D Jr, Pierin AM, Alavarce DC, Vasconcellos JH. The results of the campaign for evaluating sphygmomanometers accuracy and their physical conditions. Arq Bras Cardiol. 2000;74:31-8. 38 33. Perloff D, Grim C, Flack J, Frohlich ED, Hill M, McDonald M, et al. Human blood pressure determination by sphygmomanometry. Circulation. 1993;88:2460-70. 34. IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Rev Bras Hipertens. 2002;21: 359-408. 35. Bailey RH, Bauer JH. A review of common errors in the indirect measu- rement of blood pressure. Sphygmomanometry. Arch Intern Med. 1993; 153:2741-8. 36. Gosse P. Blood pressure should be measured in both arms on the first consulta- tion. J Hypertens. 2002;20:1045-6. 37. Terent A, Breig-Asberg E. Epidemiological perspective of body position and arm level in blood pressure measurement. Blood Press. 1994;3:156-63. 38. Wen SW, Kramer MS, Hoey J, Hanley JA, Usher RH. Terminal digit preference, random error, and bias in routine clinical measurement of blood pressure. J Clin Epidemiol. 1993;46:1187-93. 39. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. 2007;89: e24-e79. 40. Watson RD, Lumb R, Young MA, Stallard TJ, Davies P, Littler WA. Variation in cuff blood pressure in untreated outpatients with mild hypertension − implications for initiating antihypertensive treatment. J Hypertens. 1987;5:207-11. 41. Pickering TG, Gerin W, Schwartz AR. What is the white-coat effect and how should it be measured? Blood Press Monit. 2002;7:293-300. 42. Alessi A, Brandao AA, Pierin A, Feitosa AM, Machado CA, de Moraes Forjaz CL, Atie CS, Giorgi DM, Mion Jr D, Rosa EC, Nobre F, Silva GV, Chaves Jr H, Pascoal IJ, Guimaraes JI, Santello JL, Ribeiro JM, Praxedes JN, Ortega KC, da Costa LS, Bortolotto LA, Gomes MA, Wajngarten M, Gus M, Kohlmann Jr O, Jardim PC, Geleilete TJ, Koch V. [IV Guideline for ambulatory blood pressure monitoring. II Guideline for home blood pressure monitoring. IV ABPM/II HBPM.]. Arq Bras Cardiol. 2005;85 Suppl 2:1-18. 43. Veiga EV, Nogueira MS, Carnio EC, Marques S, Lavrador MA, de Moraes SA, et al. Assessment of the techniques of blood pressure measurement by health professionals. Arq Bras Cardiol. 2003;80:89-93, 83-8. 44. Nobre F. Physicians and blood pressure measurement. Am J Hypertens. 45. 2005;18:145. 46. Little P, Barnett J, Barnsley L, Marjoram J, Fitzgerald-Barron A, Mant D. Com- parison of agreement between different measures of blood pressure in primary care and daytime ambulatory blood pressure. BMJ. 2002;325:254. 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 HANSENÍASE CID 10 – A30 ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS Descrição - Doença infectocontagiosa, crônica, curável, causada pelo bacilo de Han- sen. Esse bacilo é capaz de infectar grande número de pessoas (alta infectivi- dade), mas poucos adoecem, (baixa patogenicidade). O poder imunogênico do bacilo é responsável pelo alto potencial incapacitante da hanseníase. Definição de caso - Um caso de hanseníase, definido pela Organização Mundial de Saúde - OMS, é uma pessoa que apresenta um ou mais dos critérios listados a seguir, com ou sem história epidemiológica e que requer tratamento qui- mioterápico específico: lesão(ões) de pele com alteração de sensibilidade; espessamento de nervo(s) periférico(s), acompanhado de alteração de sen- sibilidade; e baciloscopia positiva para bacilo de Hansen. Observação - A baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico de hanseníase. Os as- pectos morfológicos das lesões cutâneas e classificação clínica nas quatro formas abaixo devem ser utilizados por profissionais especializados e em investigação científica. No campo, a OMS recomenda, para fins terapêu- ticos, a classificação operacional baseada no número de lesões cutâneas. O quadro ao final sintetiza as formas clínicas de hanseníase, com suas principais características. Sinonímia - Mal de Hansen; antigamente a doença era conhecida como lepra. Agente etiológico - Bacilo álcool-ácido resistente, intracelular obrigatório, denominado bacilo de Hansen ou Mycobacterium leprae. Reservatório - O homem é reconhecido como única fonte de infecção, embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados. Modo de transmissão - Contato íntimo e prolongado de indivíduos susceptíveis com pacientes bacilíferos não tratados. Período de incubação - Em média 5 anos, podendo ir de meses a mais de 10 anos. Período de transmissibilidade - Os pacientes multibacilares podem transmitir hanseníase, antes de iniciar o tratamento específico. A primeira dose de rifampicina é capaz de matar as cepas viáveis do bacilo de Hansen em até 99,99% da carga bacilar de um indivíduo. Complicações - Quando o diagnóstico é precoce e o tratamento quimioterápico do paciente é adequadamente seguido, com orientações de auto-cuidado para prevenir incapacidades, geralmente, a hanseníase não deixa seqüelas e ou complica- ções. Um grupo de pacientes pode desenvolver episódios reacionais, que são fenômenos agudos que ocorrem na evolução da doença crônica (hansenía- se), cuja manifestação clínica decorre da interação do bacilo ou restos baci- lares e o sistema imunológico do hospedeiro. Podem surgir como primeira manisfestação da hanseníase, durante o tratamento específico, ou após a alta do paciente. Nesse último caso, não requer a reintrodução da poliqui- mioterapia. As reações (ou episódios reacionais) são agrupadasem 2 tipos: Tipo 1 - Também chamado reação reversa. Ocorre mais freqüentemente em pacientes com hanseníase tuberculóide e dimorfa. Caracteriza-se por eritema e edema das lesões e/ou espessamento de nervos com dor à pal- pação dos mesmos (neurite). A neurite pode evoluir sem dor (neurite si- lenciosa). É tratado com Prednisona, VO, 1-2mg/kg/dia, com redução em intervalos 49 fixos, conforme avaliação clínica. São também indicação de uso de corticosteróides a irite/iridociclite e a orquite (consultar o Guia para o Controle da Hanseníase, da Área Técnica de Dermatologia Sanitária/Ca- dernos da Atenção Básica nº 10/Ministério da Saúde). Tipo 2 - A manifestação clínica mais freqüente é o eritema nodoso hansênico. Os pacientes com hanseníase virchowiana são os mais acometidos. Caracteriza-se por nódulos eritematosos, dolorosos, em qualquer parte do corpo. Pode evoluir com neurite. Trata-se com talidomida, VO, na dose de 100 a 400mg/dia, (seu uso em mulheres em idade fértil é restrito e regulamentado pela Lei No 10.651, de 17 de abril de 2003, devido à possibilidade de ocorrência de teratogeinicidade); ou prednisona, VO, 1-2mg/kg/dia. A redução também é feita em intervalos fixos, após avaliação clínica. Diagnóstico - É clínico, baseado na definição de caso. Pode ter apoio da epidemiologia e de laboratório - esse último em locais com pessoal habilitado para os procedimentos requeridos para cada exame laboratorial (ex.: baciloscopia, histopatologia). ESQUEMAS PRECONIZADOS PARA ADULTOS – POLIQUIMIOTERAPIA OMS FORMAS Medicamento Paucibacilar Multibacilar Rifampicina (RFM) 600mg, 1 vez por mês supervisionada 600mg, 1 vez por mês, supervisionada Dapsona (DDS) 100mg/dia auto - administrada 100mg/dia auto - administrada Clofazimina (CFZ) - 300 mg, 1vez por mês, supervisionada + 100mg em dias alternados ou 50mg/dia auto - administrada ESQUEMAS PRECONIZADOS PARA MENORES DE 15 ANOS – POLIQUIMIOTERAPIA OMS 0 A 5 ANOS FORMAS Medicamento Paucibacilar Multibacilar Rifampicina (RFM) 150 – 300 mg 150 – 300 mg Dapsona (DDS) 25 mg 25 mg Clofazimina (CFZ) - 100 mg, 1vez por mês, supervisionada + 100mg/ semana, auto - administrada 6 A 14 ANOS FORMAS Medicamento Paucibacilar Multibacilar Rifampicina (RFM) 300 – 450 mg 300 – 450 mg Dapsona (DDS) 50 – 100 mg 50 - 100 mg Clofazimina (CFZ) - 150 - 200 mg, 1vez por mês, supervisionada + 150mg/ semana, auto - administrada Tempo de tratamento Lesão única - Dose única - ROM - com alta por cura no momento do diag- nóstico. Somente recomendado para centros de referência. 50 Paucibacilares - Seis doses mensais, em até 9 meses de tratamento. Multibacilares - Doze doses mensais, em até 18 meses de tratamento. Casos multibacilares que iniciam o tratamento com numerosas lesões ou extensas áreas de infiltração cutânea, poderão apresentar uma regressão mais lenta das lesões de pele. A maioria desses doentes continuará a me- lhorar após a conclusão do tratamento com 12 doses. É possível, no entan- to, que alguns desses casos não demonstrem qualquer melhora e por isso poderão necessitar de 12 doses adicionais de PQT-MB. Características epidemiológicas - A hanseníase é mais comum em países subdesenvolvidos e em desenvol- vimento. Tem baixa letalidade e baixa mortalidade, podendo ocorrer em qualquer idade, raça ou gênero. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivo - Reduzir os coeficientes de detecção e prevalência da doença, através do diagnóstico e tratamentos precoces dos casos, procurando assim inter- romper a cadeia de transmissão. Notificação - Doença de notificação compulsória no Brasil. MEDIDAS DE CONTROLE Diagnóstico precoce dos casos, através do atendimento de demanda es- pontânea, de busca ativa e de exame dos contatos para tratamento especí- fico, que deve ser feito em regime eminentemente ambulatorial. Prevenção de incapacidades - Todo paciente de hanseníase deve ser examinado minuciosamente e orientado quanto aos auto-cuidados para evitar ferimentos, calos, queimaduras (que podem ocorrer devido à hi- poestesia e/ou anestesia), e que, uma vez instalados, podem, potencial- mente, levar a incapacidades. Observar que a melhor forma de prevenir incapacidades é fazer o tratamento poliquimioterápico de modo regular e completo. Ratifica-se ainda que o diagnóstico precoce do acometimento neural, com ou sem reação hansênica, e seu tratamento adequado é medi- da essencial na prevenção de incapacidades. Vigilância de contatos - Contato intradomiciliar é toda pessoa que resida ou tenha residido com o paciente nos últimos 5 anos. Examinar todos os contatos de casos novos; os doentes devem ser notificados como caso novo e tratados. Os contatos sãos devem receber duas doses da vacina BCG- ID. Quando houver a cicatriz por BCG-ID, considerar como 1a dose e aplicar a 2a dose. Quando não houver a cicatriz, aplicar a 1a dose e a 2a após 6 meses. Paralelamente, os conta- tos sãos devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da hanseníase. Recidiva - Deve-se suspeitar de recidiva, com base nos seguintes parâmetros: Paucibacilares - Paciente que, após alta por cura, apresentar: dor em ner- vo não afetado anteriormente, novas lesões e/ou exacerbações de lesões anteriores que não respondam à corticoterapia recomendada para tratar episódios reacionais do tipo I, nas doses indicadas. Multibacilares - Paciente que, após 5 anos de alta por cura, continuar apresentando episódios reacionais que não cedem à terapêutica com corti- costeróide e/ou talidomida, nas doses recomendadas para tratar episódios do tipo 2. Considerar, na recidiva, a confirmação baciloscópica, ou seja, a presença de bacilos íntegros e globias. Observação - A ocorrência de episódio reacional após a alta do paciente não significa recidiva da 51 doença. A conduta correta é instituir apenas tera- pêutica antirreacional (prednisona e/ou talidomida). Todo caso de recidiva deve, após confirmação, ser notificado como recidi- va e reintroduzido novo esquema terapêutico. A hanseníase não confere imunidade. Os parâmetros para diferenciar recidiva e reinfecção não estão claros na literatura. CARACTERÍSTICAS Clínica Baciloscopia Forma clínica Classificação operacional vigente para rede básica Áreas de hipo ou aneste- sia, parestesias, manchas hipo- crômicas e/ou eritemato- hipocrômicas, com ou sem diminuição da sudorese e rarefação de pêlos. Negativa Indeterminada (HI) PB Até 5 lesões de pele Placas eritematosas, eritemato- hipocrômicas, bem definidas, hipo ou anestésicas, comprome- timento de nervo. Negativa Tuberculóide (HT) Lesões pré-foveolares (eritematosas, planas com o centro claro). Lesões foveolares (eritematopigmentares, de tonalidade ferrugi- nosa ou pardacenta). Apresenta alterações de sensibilidade. Positiva (baci- los e globias ou com raros bacilos) ou Negativa Dimorfa (HD) MB Mais que 5 lesões de pele Eritema e infiltração difu- sas, placas eritematosas infiltradas e de bordas mal definidas, tubérculos e nódulos, madarose, lesões das mucosas, com alteração de sensibilidade. Positiva (bacilos abundantes e globias) Virchoviana (HV) Notas: 1) Na hanseníase virchoviana, afora as lesões dermatológicas e das mucosas, ocorrem também lesões viscerais. 2) As manifestações neurológicas são comuns a todas as formas clínicas. Na hanseníase indeterminada, não há comprometimento de troncos nervosos, expressos clinicamente. Na hanseníase tuberculóide, o comprometimento dos nervos é mais precoce e mais intenso. 3) Os casos não classificados quanto à forma clínica serão considerados para fins de tratamento como multibacilares. 52 TUBERCULOSE CID 10 – A15 a A19 ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS Descrição - A tuberculose é um problema de saúde prioritário no Brasil, que, juntamentecom outros 21 países em desenvolvimento, alberga 80% dos casos mundiais da doença. O agravo atinge a todos os grupos etários, com maior predomínio nos indivíduos economicamente ativos (15-54 anos); Os homens adoecem duas vezes mais do que as mulheres. Doença infecciosa, atinge principalmente o pulmão. Após a inalação dos bacilos estes atingem os alvéolos (primoinfecção), onde provocam uma reação inflamatória e exsudativa do tipo inespecífico. A infecção benigna pode atingir linfonodos e outras estruturas; em 95% dos indivíduos infectados o sistema imunológico consegue impedir o desenvolvimento da doença. Em 5% dos indivíduos, observa-se a implantação dos bacilos no parenquima pulmonar ou linfonodos, iniciando-se a multiplicação, originando-se o quadro de tuberculose primária. A tuberculose pós-primária ocorre em indivíduos que já desenvolveram alguma imunidade, através da reativação endógena ou por reinfecção exógena, sendo a forma pulmonar a mais comum. Os sinais e sintomas mais freqüentes são: comprometimento do estado geral, febre baixa vespertina com sudorese, inapetência e emagrecimento. Na forma pulmonar apresenta-se dor torácica, tosse inicialmente seca e posteriormente produtiva, acompanhada ou não de escarros hemoptoicos. Nas crianças é comum o comprometimento ganglionar mediastínico e cervical (forma primária) que se caracteriza por lesões bipolares: parênquima e gânglios. Nos adultos, a forma pulmonar é a mais freqüente. Pode afetar qualquer órgão ou tecido, como pleura, linfonodos, ossos, sistema urinário, cérebro, meninges, olhos, entre outras. A forma extra-pulmonar é mais comum nos hospedeiros com pouca imunidade, surgindo com maior freqüência em crianças e indivíduos com infecção por HIV. Agente Etiológico - Mycobacterium tuberculosis. Reservatório - O homem (principal) e o gado bovino doente em algumas regiões específicas. Modo de transmissão - Através da tosse, fala e espirro. Período de incubação - A maioria dos novos casos de doença ocorre em torno de 6 a 12 meses após a infecção inicial. Período de transmissibilidade - Enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não houver iniciado o tratamento. Com o início do esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida, gradativamente em algumas semanas (duas). Complicações - Distúrbio ventilatório; infecções respiratórias de repetição; formação de bronquiectasias; hemoptise; atelectasias; empiemas. Diagnóstico - São fundamentais os seguintes métodos: Exame clínico - Baseado nos sintomas e história epidemiológica. Exame bacteriológico - Baciloscopia de escarro deverá ser indicada para todos os sintomáticos respiratórios (indivíduo com tosse e expectoração por três semanas a mais), pacientes que apresentem alterações pulmonares na radiografia de tórax e os contatos de tuberculose pulmonar bacilíferos. Recomenda-se, para o diagnóstico, a coleta de duas amostras de escarro: a primeira amostra é coletada quando o sintomático respiratório procura o atendimento na unidade de saúde, 53 para aproveitar a presença dele e garantir a realização deste exame (não é necessário estar em jejum), e a segunda amostra é coletada na manhã do dia seguinte, assim que o paciente desper- tar. Também é utilizada para acompanhar, mensalmente, a evolução bacte- riológica do paciente pulmonar bacilífero, para isso é indispensável que seja realizado pelo menos, ao final do 2º, do 4º e do 6º mês de tratamento. Cultura - É indicada para suspeitos de tuberculose pulmonar com baciloscopia repetidamente negativa, diagnóstico de formas extrapulmonares, como menín- gea, renal, pleural, óssea e ganglionar e também para o diagnóstico de todas as formas de tuberculose em pacientes HIV positivo. Também está indicada para os casos de tuberculose com suspeita de falência de tratamento e em casos de retrata- mento para verificação da farmacorresistência nos testes de sensibilidade. Exame Radiológico de Tórax - Auxiliar no diagnóstico. Permite medir a extensão das lesões e avaliação da evolução clinica do paciente ou de patologias concomitantes. Provatuberculínica (PPD) - Auxiliar no diagnóstico de pessoas não vacinadas com BCG.Indicaapenasapresençadainfecçãoenãoésuficienteparadiagnóstico da doença. Exame anátomo-patológico - (histológico e citológico) - Iindicado nas formas extrapulmonares, através realização de biópsia. Exames bioquímicos - Mais utilizados nas formas extrapulmonares, em derrame pleural, derrame pericárdico e LCR em meningoencefalite tuberculosa. Outros - Os exames sorológicos e de biologia molecular são úteis, mas seus altos custos e complexidade os inviabilizam como exames de rotina. Diagnóstico diferencial - Abscesso pulmonar por aspiração, pneumonias, micoses pulmonares (paracoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidose e carcinoma brônquico, dentre outras. Em crianças, causas de adenomegalia mediastino-pulmo- nar devem ser investigadas. Tratamento - O tratamento da tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial, no serviço de saúde mais próximo à residência do doente. A hospitalização é indicada apenas para os casos graves ou naqueles em que a probabilidade de abandono do tratamento é alta, em virtude das condições sociais do doente. O esquema de tratamento da tuberculose está sintetizado nos quadros a seguir. ESQUEMA I 2RHZ/4RH* - INDICADO NOS CASOS NOVOS DE TODAS AS FORMAS DE TUBERCULOSE PULMONAR E EXTRAPULMONAR, EXCETO MENINGITE. PESO DO DOENTE Fases do Tratamento Drogas Até 20 kg mg/kg/dia Mais de 20 kg e até 35 kg mg/dia Mais de 35 kg e até 45 kg mg/dia Mais de 45 kg mg/dia 1ª fase (2 meses) R H Z 10 10 35 300 200 1.000 450 300 1.500 600 400 2.000 2ª fase (4 meses) R H 10 10 300 200 450 300 600 400 Siglas: R - Rifampicina H - Isoniazida Z – Pirazinamida Obs.: a) As drogas deverão ser administradas preferencialmente em jejum, em uma única tomada, ou, 54 em caso de intolerância digestiva, junto com uma refeição. b) Em csos individualizados, cuja evolução clinica inicial não tenha sido satisfatória, ou ainda nos casos de TB extrapulmonar, com a orientação de especialistas, o tempo de tratamento poderá ser prolongado, na sua 2ª fase, por mais três meses (2RHZ/7RH); c) Os casos de tuberculose, associados ao HIV, devem ser encaminhados para unidades de refe- rência em seu município ou em municípios vizinhos, para serem tratatdos para os dois agravos (TB/HIV). ESQUEMA IR* 2RHZ/4RHE* - CASOS DE RECIDIVA APÓS CURA* OU RETORNO APÓS ABANDONO DO ESQUEMA I. PESO DO DOENTE Fases do Tratamento Drogas Até 20 kg mg/kg/dia Mais de 20 kg e até 35 kg mg/dia Mais de 35 kg e até 45 kg mg/dia Mais de 45 kg mg/dia 1ª fase (2 meses) R H Z E 10 10 35 25 300 200 1.000 600 450 300 1.500 800 600 400 2.000 1.200 2ª fase (4 meses) R H E 10 10 25 300 200 600 450 300 800 600 400 1.200 *Casos de recidiva após cura com o esquema básico; considera-se retratamento a prescrição de um esquema de drogas para o doente já tratado por mais de 30 dias, que venha a necessitar de nova terapia or recidiva após cura, retorno após abandono, ou falência do esquema I ou esquema IR (esquema básico etambutol). Siglas: R - Rifampicina H - Isoniazida Z - Pirazinamida E – Etambutol Obs.: Levar em consideração as indicações de retratamento, discutidas anteriormente. Os recidivantes de esquemas alternativos por toxicidade ao Esquema I devem ser avaliados em unidade de referência, para prescrição de esquema individualizado. Havendo alteração visual durante o tratamento, o paciente deverá ser encaminhado para uma unidade de referência, com o objetivo de avaliar o uso do etambutol. ESQUEMA II 2RHZ/7RH* - INDICADO PARA TUBERCULOSE MENINGOENCEFÁLICA. PESO DO DOENTE Fases do Tratamento
Compartilhar