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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JULIO DE MESQUITA FILHO" FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS CÂMPUS DE ARARAQUARA Baccharis trimera (Less) DC.: estudo fitoquímico e avaliação da citotoxicidade JOSIANE CLARICE CLAUDINO ARARAQUARA - SP 2013 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JULIO DE MESQUITA FILHO" FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS CÂMPUS DE ARARAQUARA Baccharis trimera (Less) DC.: estudo fitoquímico e avaliação da citotoxicidade JOSIANE CLARICE CLAUDINO Orientador: Prof. Dr. André Gonzaga dos Santos Co-orientador: Prof. Dr. Luís Vítor Silva do Sacramento ARARAQUARA - SP 2013 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, UNESP, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas. 3 4 Dedicatória Dedico este trabalho aos meus queridos pais, Josias e Clarice, por terem sempre me apoiado e me proporcionado tudo nessa vida, alem de serem os meus exemplos de amor, dedicação e coragem para enfrentar os desafios que a vida nos proporciona. Aos meus irmãos Elias e Adilson que sempre me incentivaram e estiveram do meu lado. Dedico, ainda, ao meu companheiro de todas as horas Márcio Leme “TE AMO”. A vocês, a minha eterna gratidão! 5 Agradecimentos A Deus pelo seu amor, pela oportunidade desta existência, pela saúde, sua presença e proteção em todos os momentos; Ao Professor Doutor André Gonzaga dos Santos, pela sua dedicação, paciência em ensinar e amizade; A0 grupo Lapdesf e farmacognosia pela harmoniosa convivência; Aos técnicos Eduardo, Mateus e Caio pela prontidão com que sempre me ajudavam; Ao laboratório de Citologia, especialmente a Professora Doutora Christiane Pienna Soares por abrir a porta do seu laboratório para que eu pudesse realizar os meus experimentos e aos amigos Mauro, Felipe, Francieli, Flávio e Juliana; Aos grandes amigos do Laboratório de Farmacognosia Elaíse, Ana, Isabela, Alexandre, Natália, Gabrielle e tantos outros que por aqui passaram; As minhas amigas e parceiras Lígia e Mariana; As minhas adoráveis amigas da República das “Crôs” Andreza, Meri, Adriana e Josiane muito obrigado por me ouvirem horas afim; À pós-graduação em Ciências farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista – Araraquara; À Capes pela bolsa concedida; 6 “Ame muitas coisas, porque em amar está a verdadeira força. Quem ama muito conquistará muito, e o que for feito com amor estará bem feito.” Vincent Van Gogh 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 16 2. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................................................. 17 2.1 Baccharis trimera (Less) DC...................................................................................................... 17 2.2 Principais classes de metabólitos secundários que ocorrem em B. trimera (Less) DC.... 29 2.2.1 Terpenos ............................................................................................................................ 29 2.2.1.1 Biossíntese de terpenos............................................................................................... 30 2.2.1.2 Via do mevalonato........................................................................................................ 31 2.2.1.3 Via triose-piruvato......................................................................................................... 31 2.2.2 Flavonoides........................................................................................................................ 31 2.2.3 Derivados do ácido quínico e ácido cafeico....................................................................... 34 2.3 Considerações gerais sobre o câncer...................................................................................... 35 2.3.1 Ensaio de citotoxicidade..................................................................................................... 37 3. OBJETIVOS........................................................................................................................................ 38 3.1 Objetivo geral.............................................................................................................................. 38 3.2 Objetivos específicos................................................................................................................. 38 4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................................. 39 4.1 Especificações dos materiais e equipamentos....................................................................... 39 4.1.1 Fitoquímica......................................................................................................................... 39 4.1.2 Ensaio de citotoxicidade..................................................................................................... 41 4.2 Material vegetal........................................................................................................................... 41 4.3 Extração....................................................................................................................................... 42 4.3.1 Extrato acetato de etila....................................................................................................... 42 4.3.2 Extrato etanólico 95%......................................................................................................... 42 4.3.3 Extração do óleo essencial................................................................................................. 42 4.3.4 Extração em fase sólida...................................................................................................... 43 4.4 Cromatografia em coluna........................................................................................................... 43 4.5 Cromatografia em camada delgada.......................................................................................... 44 4.6 Análise do extrato e frações por CLAE-DAD e purificação de substância........................... 45 4.7 Técnicas espectrométricas utilizadas na determinação de substância purificada.............. 45 4.8 Identificação de substâncias no óleo essencial das partes aéreas de B. trimera (Less) DC. por CG-EM.................................................................................................................................. 45 4.9 Determinação espectrofotométrica do teor de fenólicos totais............................................. 46 4.10 Ensaio de citotoxicidade.......................................................................................................... 47 4.10.1 Manutenção das linhagens............................................................................................... 47 4.10.2 Preparo da suspensão de células e das amostras........................................................... 48 5. RESULTADOS...................................................................................................................................51 5.1 Extração....................................................................................................................................... 51 5.2 Extração em fase sólida............................................................................................................. 51 5.2.1 Extração em fase sólida 1.................................................................................................... 52 8 5.2.2 Extração em fase sólida 2......................................................................................................... 53 5.2.3 Extração em fase sólida em maior escala........................................................................... 54 5.3 Cromatografia em coluna........................................................................................................... 55 5.3.1 Cromatografia em coluna 1.................................................................................................. 56 5.3.2 Cromatografia em coluna 2.................................................................................................. 56 5.4 Análise do extrato e frações por CLAE-DAD e isolamento e purificação de substâncias a partir da subfração 148..................................................................................................................... 59 5.5 Identificação da substância purificada a partir da subfração 148.......................................... 63 5.6 Identificação e quantificação de substâncias do óleo essencial das partes aéreas de B. trimera (Less) DC. por CG-EM.......................................................................................................... 65 5.7 Determinação espectrofotométrica do teor de fenólicos totais............................................. 69 5.8 Ensaio de citotoxicidade............................................................................................................ 69 6. DISCUSSÃO....................................................................................................................................... 77 7. CONCLUSAO.................................................................................................................................... 81 REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 82 ANEXOS 9 LISTA DE FIGURAS Figura Página 1 Estrutura química das flavonas............................................................... 24 2 Estrutura química dos flavonois.............................................................. 24 3 Estrutura química da Flavanona............................................................. 24 4 Estrutura química dos diterpenos clerodânicos dilactônicos 4a, 4b e 4c............................................................................................................. 25 5 Estrutura química de 7α-hidróxi-3,13-clerodadieno-16,15:18,19- diolídeo................................................................................................... 25 6 Estrutura química do diterpeno 6 (tetranorditerpeno) ......................... 25 7 Estrutura química do ácido hautriwaico (diterpeno clerodânico).......... 26 8 Estrutura química da lactona do ácido hautriwaico (a), 1 desoxibacrispina (b) e bacrispina (c) (diterpenos clerodânicos) ....... 26 9 Estrutura química de (a) 15,16-epóxi-18-hidróxi-15-metóxi-ent- cleroda-3-eno e (b) 15,16-epóxi-7α,18-diidróxi-15-metóxi-ent- cleroda-3-eno (diterpeno clerodânico).................................................... 26 10 Estrutura química de 15,16-epóxi-7α,18-diidróxi-15-oxo-ent-cleroda- 3-eno (diterpeno clerodânico) .................................................. 27 11 Estrutura química de 7α,15,18-triidróxi-ent-cleroda-3-eno (diterpeno clerodânico) ........................................................................................... 27 12 Estrutura química dos diterpenos clerodânicos 12a e 12b...................... 27 13 Estrutura química do diterpeno 13 (diterpeno clerodânico).................... 28 14 Estrutura química do ácido equinocístico (sapogenina triterpênica)... 28 15 Estrutura química da unidade [E]-cafeoila – caf (a) e dos ésteres do ácido quínico/ácido cafeico .................................................................... 28 16 Estrutura química da substância 16 (éster aromático ou derivado do ácido benzóico)........................................................................................ 29 17 Biossíntese de terpenos ........................................................................ 30 18 Núcleo fundamental dos flavonoides e sua numeração ........................ 32 19 Biossíntese de flavonoides .................................................................... 32 20 Classe de flavonoides mais abundantes ............................................... 33 10 21 Derivados do ácido cinâmico ................................................................. 34 22 Estrutura do ácido clorogênico .............................................................. 34 23 Estrutura química da sulforrodamina...................................................... 38 24 Esquema da placa de 96 poços contendo a disposição dos controles, células e amostras. Sendo: Controle negativo, apenas células na ausência de qualquer composto contendo apenas solvente usado para dissolver as amostras; Branco, somente meio de cultura; Controle positivo, doxorrubicina............................................................................. 49 25 Esquema da placa de 96 poços contendo a disposição dos controles, células e amostras teste......................................................................... 49 26 Cromatoplaca EFSteste1. Fase estacionária: Sílica Gel; Fase móvel: Hex/AcOEt/ i-PrOH 70:28:02 Revelador: Anisaldeído sulfúrico; da esquerda para direita: Extrato acetato de etila, fração1, fração 2 fração 3, fração 4, fração 5, fração 6, fração 7, fração 8, fração 9, fração 10, fração 11, fração 12, fração 13................................................................ 52 27 Cromatoplaca EFSteste 2. Fase estacionária: Sílica Gel; Fase móvel: Hex/AcOEt/i-PrOH 70:28:02 Revelador: Anisaldeído sulfúrico; da esquerda para direita: Extrato AcOEt, fração 2,1, fração 2,2, fração 2,3, fração 2,4, fração 2,5, fração 2,6, fração 2,7, fração 2,8, fração 2,9, fração 2,10, fração 2,11, fração 2,12, fração 2,13 e volume morto....................................................................................................... 53 28 Cromatoplaca da EFS em maior escala. Fase estacionária: Sílica Gel; Fase móvel: Hex/AcOEt/ i-PrOH 70:28:02 Revelador: Anisaldeído sulfúrico; da esquerda para direita Extrato AcOEt, fração1, fração 2, fração 3, fração 4, fração 5, fração 6, fração e fração 8......................... 55 29 Cromatoplacas das frações da CC2. Fase estacionária: Sílica Gel; Fase móvel: Hex/AcOEt 90:10 Revelador: Anisaldeído sulfúrico. Frações 1 até 149................................................................................... 58 30 Cromatoplacas das frações da CC2. Fase estacionária: Sílica Gel; Fase móvel: Hex/AcOEt 80:20 Revelador: Anisaldeído sulfúrico Frações 1 até 149................................................................................... 58 31 Cromatoplacas das frações da CC2. Fase estacionária: Sílica Gel; Fase móvel: Hex/AcOEt/ i-PrOH 70:28:02 Revelador: Anisaldeído sulfúrico;Frações: 1 até 149................................................................... 58 32 Cromatoplacas das frações da CC2. Fase estacionária: Sílica Gel; Fase móvel: Hex/AcOEt/ i-PrOH 60:35:5 Revelador: Anisaldeído sulfúrico; Frações: 1 até 149................................................................... 59 33 Cromatograma do extrato acetato de de Baccharis trimera e espectro no UV do pico principal. Condições de análise descrita no item 3.8 (gradiente).............................................................................................. 59 11 34 Cromatograma da fração 148 em 350 nm da cromatografia em coluna 2. Condições de análise descrita no item 3.8 (gradiente).............................................................................................. 60 35 Cromatograma da fração 148 em 254 nm da cromatografia em coluna 2 condições de análise descrita acima no item 3.8 (gradiente)............. 61 36 Cromatograma da fração 148 em 210 nm da cromatografia em coluna 2 condições de análise descrita acima no item 3.8 (gradiente)............. 61 37 Cromatograma da fração 148 em 254 nm da cromatografia em coluna 2 condições de análise descrita acima no item 3.8 (isocrático)............. 62 38 Cromatograma da substância purificada 3’,5-diidroxi-4’,6,7- trimetoxiflavona (eupatorina), condições de análise descrita no item 3.8............................................................................................................ 63 39 Principais correlações observadas no mapa de contornos HMBC para a eupatorina ou 3’,5-diidroxi-4’,6,7-trimetoxiflavona.......................... 63 40 Cromatograma do óleo essencial das partes aéreas de B. trimera (Less) DC. obtido em CG-EM.................................................................. 66 41 Espectros de massas das substâncias identificadas por CG-EM: α- copaeno, ß-elemeno, E-cariofileno, aromadendreno e α-humuleno........ 67 42 Espectros de massas das substâncias identificadas por CG-EM: germacreno D, biciclogermacreno, delta cadineno, germacreno B, viridiflorol, espatulenol, torreiol e α-cadinol.............................................. 68 43 Determinação espectrofotométrica do teor de fenólicos totais no extrato acetato de etila seco de B. trimera.............................................. 69 44 Viabilidade celular (em porcentagem) em linhagem HepG2, a partir de 3 experimentos independentes (média ± erro padrão-ep). Tratamento realizado com os extratos acetato de etila (EAcBt), etanólico 95% (EEtBt95) e fração EFSBt3 de B. trimera. DX: controle positivo (doxorrubicina). H2O2: controle positivo (peróxido de hidrogênio). DM: controle de veículo (DMSO). CN: controle negativo. Análise de variância One-way ANOVA com pós-teste de Tukey. (***) p<0,001; (**) p<0,01; (*) p<0,05................................................................................... 70 45 Viabilidade celular (em porcentagem) em linhagem HepG2, a partir de 3 experimentos independentes (média ± erro padrão-ep). Tratamento realizado com óleo essencial, a sub-fração 148 e a substância isolada eupatorina de B. trimera. DX: controle positivo (doxorrubicina). H2O2: controle positivo (peróxido de hidrogênio). DM: controle de veículo (DMSO). CN: controle negativo. Análise de variância One-way ANOVA com pós-teste de Tukey. (***) p<0,001; (**) p<0,01;(*)p<0,05................. 71 12 46 Viabilidade celular (em porcentagem) em linhagem SiHa, a partir de 3 experimentos independentes (média ± erro padrão-ep). Tratamento realizado com os extratos acetato de etila (EAcBt), etanólico 95% (EEtBt95) e fração EFSBt3 de B. trimera. DX: controle positivo (doxorrubicina). H2O2: controle positivo (peróxido de hidrogênio). DM: controle de veículo (DMSO). CN: controle negativo. Análise de variância One-way ANOVA com pós-teste de Tukey. (***) p<0,001; (**) p<0,01; (*) p<0,05................................................................................... 72 47 Viabilidade celular (em porcentagem) em linhagem SiHa, a partir de 3 experimentos independentes (média ± erro padrão-ep). Tratamento realizado com óleo essencial e a sub-fração 148 de B. trimera. DX: controle positivo (doxorrubicina). H2O2: controle positivo (peróxido de hidrogênio). DM: controle de veículo (DMSO). CN: controle negativo. Análise de variância One-way ANOVA com pós-teste de Tukey. (***) p<0,001; (**) p<0,01;(*)p<0,05................................................................ 72 48 Viabilidade celular (em porcentagem) em linhagem MRC5, a partir de 3 experimentos independentes (média ± erro padrão-ep). Tratamento realizado com os extratos acetato de etila (EAcBt), etanólico 95% (EEtBt95) e fração EFSBt3 e a substância isolada eupatorina de B. trimera. DX: controle positivo (doxorrubicina). H2O2: controle positivo (peróxido de hidrogênio). DM: controle de veículo (DMSO). CN: controle negativo. Análise de variância One-way ANOVA com pós- teste de Tukey. (***) p<0,001; (**) p<0,01; (*) p<0,05.............................. 73 49 Viabilidade celular (em porcentagem) em linhagem C33A, a partir de 3 experimentos independentes (média ± erro padrão-ep). Tratamento realizado com os extratos acetato de etila (EAcBt), etanólico 95% (EEtBt95) e fração EFSBt3 de B. trimera. DX: controle positivo (doxorrubicina). H2O2: controle positivo (peróxido de hidrogênio). DM: controle de veículo (DMSO). CN: controle negativo. Análise de variância One-way ANOVA com pós-teste de Tukey. (***) p<0,001; (**) p<0,01; (*) p<0,05.................................................................................... 74 50 Viabilidade celular (em porcentagem) em linhagem C33A, a partir de 3 experimentos independentes (média ± erro padrão-ep). Tratamento realizado com o óleo essencial e a sub-fração 148 de B. trimera. DX: controle positivo (doxorrubicina). H2O2: controle positivo (peróxido de hidrogênio). DM: controle de veículo (DMSO). CN: controle negativo. Análise de variância One-way ANOVA com pós-teste de Tukey. (***) p<0,001; (**) p<0,01; (*) p<0,05.............................................................. 74 13 LISTA DE TABELAS Tabela Página 1 Informações sobre metabólitos secundários isolados e/ou identificados em partes aéreas de Baccharis trimera (Less.) DC Asteraceae; sinonímia botânica – Baccharis genistelloides var. trimera (Less.) Baker ............................................................................. 20 2 Extração em fase sólida 1: Eluente e massa (g) das frações................. 52 3 Extração em fase sólida 2: Eluente e massa (g) das frações ................ 53 4 Extração em fase sólida em maior escala: Eluente e massa (g) das frações.................................................................................................... 54 5 Cromatografia em coluna 1: Eluente e massa (g) reunião das subfrações em 19 frações....................................................................... 56 6 Cromatografia em coluna 2: Eluente e massa (g) reunião das sub- frações da cromatografia em coluna 2.................................................... 57 7 Dados espectrométricos de RMN obtidos para a eupatorina a 300 MHz para 1H e a 75 MHz para 13C, em CDCl3........................................ 64 8 Dados obtidos das análises por CG-EM do óleo essencial de Baccharis trimera(Less) DC....................................................................66 9 Efeito citotóxico dos extratos e fração EFSBt3 de Baccharis trimera nas diferentes linhagens celulares. Concentração suficiente para inviabilizar 20% das células (CI20) expressa em μg/mL ± 𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜. 76 10 Efeito citotóxico dos extratos de Baccharis trimera e fração 3 nas diferentes linhagens celulares. Concentração suficiente para inviabilizar 50% das células (CI50) expressa em μg/mL ± 𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜. 76 11 Efeito citotóxico da sub-fração 148 e do óleo essencial nas diferentes linhagens celulares. Concentração suficiente para inviabilizar 20% das células (CI20) expressa em μg/mL ± 𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 .......................... 77 12 Efeito citotóxico da sub-fração 148 e do óleo essencial nas diferentes linhagens celulares. Concentração suficiente para inviabilizar 50% das células (CI50) expressa em μg/mL ± 𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜........................... 77 14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CPQBA – Centro de Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária CC – cromatografia em coluna CCD – cromatografia em camada delgada CG – cromatografia gasosa CLAE – cromatografia líquida de alta eficiência CLAE-DAD – cromatografia líquida de alta eficiência com detector de arranjo de diodos CLAE-UV – cromatografia líquida de alta eficiência com detector no UV-Vis d - dubleto dd – duplodubleto DEPT – Distorlionless Enhancement Polarization Transfer DMSO – dimetilsulfóxido CDCl3 – clorofórmio deuterado s – singleto Rf – fator de retenção HMBC – Heteronuclear Multiple-Bond Correlation HMQC – Heteronuclear Multiple Quantum Coherence J – constante de acoplamento ppm – partes por milhão RMN – ressonância magnética nuclear tR – tempo de retenção Veluente – volume de eluente Vinj – volume de injeção UV – ultravioleta EFS – extração em fase sólida 15 Resumo Baccharis trimera (Less.) DC. (Asteraceae) é uma espécie vegetal nativa do Brasil com amplo uso na medicina tradicional, cujos extratos e metabólitos secundários purificados apresentaram atividades farmacológicas interessantes. O objetivo desse estudo foi avaliar o perfil químico das partes aéreas de Baccharis trimera (Less.) DC, denominada “CPQBA-1”, através de análises cromatográficas, purificação, determinação estrutural de substâncias e avaliação da citotoxicidade em linhagens de células tumorais e normal usando ensaio colorimétrico com sulforrodamina B. Foram obtidos, a partir das partes aéreas por maceração, os extratos acetato de etila e etanólico 95 %, além do óleo essencial por hidrodestilação. No processo de fracionamento do extrato acetato de etila foram utilizadas as técnicas de extração em fase sólida, cromatografia em coluna e cromatografia líquida de alta eficiência. As frações resultantes foram analisadas criteriosamente por cromatografia em camada delgada e cromatografia líquida de alta eficiência. Os perfis cromatográficos das frações demonstraram que ocorreu fracionamento adequado e foi possível isolar uma flavona, a eupatorina, e identificá-la por RMN de 13C e 1H. Através da cromatografia à gás acoplada à espectrometria de massas foram identificados 13 sesquiterpenos, dos quais 12 já tinham sido identificados no óleo essencial de B. trimera. A determinação espectrofotométrica foi importante para determinar a quantidade de fenólicos totais expressos em ácido gálico: 4,19% no extrato acetato de etila e 6,42 % (m/m) no extrato etanólico 95%. Avaliou-se neste trabalho a citotoxicidade em linhagens de células HEPG2, SiHa, C33A e MRC5 dos extratos, frações, subfrações, substância pura e óleo essencial através do ensaio de sulforrodamina B (Fracionamento Biomonitorado). Os extratos e a fração EFSBt3 de Baccharis trimera apresentaram atividade citotóxica tanto nas células tumorais quanto nas linhagens de células normais. Considerando os valores de CI20 e CI50, a fração EFSBt3 apresentou maior ação citotóxica sobre a linhagem HepG2 do que o extrato acetato de etila, do qual a fração foi obtida. Por outro lado, a fração EFSBt3 apresentou menor ação citotóxica do que o extrato sobre a linhagem normal MRC5. Já na linhagem C33A, pela análise dos gráficos dos extratos e frações, notou-se que o extrato acetato de etila apresentou citotoxicidade, tendo sido necessárias as menores concentrações para inviabilizar tanto 20 quanto 50 % das células. O óleo essencial apresentou citotoxicidade em todas as linhagens nas maiores concentrações testadas, sendo que as substâncias majoritárias presentes (biciclogermacreno - 24,47%; germacreno D -17,53%; E- cariofileno -14,08%) podem ser os responsáveis pela ação citotóxica. A eupatorina não apresentou citotoxicidade nas linhagens testadas. Palavras-chave: Baccharis trimera, fitoquímica, citotoxicidade, eupatorina. 16 ABSTRACT Baccharis trimera (Less.) DC. (Asteraceae) is a Brazilian native species that is used in traditional and popular medicine. Its extracts and secondary metabolites showed interesting pharmacological activities. The objective of this work was to evaluate the chemical profile of aerial parts from Baccharis trimera (Less.) DC “CPQBA-1” and the citotoxicity of its extracts, fractions and purified metabolites in tumor and normal cell lines using sulforhodamine B assay. Both ethyl acetate and ethanol 95% extracts of aerial parts were obtained by maceration; the essential oil was obtained by hidrodestilation. The fractionation of ethyl acetate extract was realized using solid phase extraction, column chromatography and high performance liquid chromatography. The resulting fractions were analyzed by thin layer chromatography and high performance liquid chromatography. The chromatographic profile of the fractions demonstrated that the strategy adopted was adequate and eupatorin (flavones) was isolated and its structure was identified by NMR analysis. Sesquiterpenes (13) were identified in the essential oil by gas chromatography/ mass spectrometry and among these 12 sesquiterpenes were identified previously in the species. Spectrophotometric determination of total phenolic compounds expressed as gallic acid showed 4.19 % (m/m) of phenolics in ethyl acetate extract and 6.42 % in ethanolic 95% extract. Samples from B. trimera were tested in HEPG2, SiHa, C33A e MRC5 cell lines using the colorimetric method with sulforhodamine B (Bioguided Fractionation). Extracts and fraction EFSBt3 from ethyl acetate extract showed citotoxic activity in both normal and tumor cell lines. Considering IC20 e IC50 values, fraction EFSBt3 showed greater activity against tumor cell HEPG2 than against normal cell, compared with ethyl acetate extract. In C33A cell line the ethyl acetate extract showed citotoxicity in low concentrations. Essential oil showed citotoxic action in all cell lines and its major compounds (bicyclogermacrene – 24.47%; germacrene D -17.53%; E-cariophyllene - 14.08%) may be related with this action. Eupatorin did not presented citotoxicity in cell lines tested. Keywords: Baccharis trimera, phytochemistry, citotoxicity, eupatorin. 17 1. INTRODUÇÃO Substâncias de origem vegetal e seus derivados sintéticos fazem parte da composição de grande parte dos medicamentos utilizados na terapêutica (LI; VEDERAS, 2009). O Reino Plantae fornece-nos grande diversidade de moléculas com estruturas químicas únicas, os metabólitos secundários ou especiais, sendo o Brasil um dos países considerados detentores de megadiversidade, possuindo a maior diversidade vegetal genética do mundo (NODARI; GUERRA, 2004). Atualmente, matérias-primas vegetais são utilizadas na produção de medicamentos fitoterápicos padronizados segundo normas rigorosas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária(ANVISA, 2010a). São igualmente importantes no isolamento/purificação de fitofármacos (ex. pilocarpina, morfina, digoxina), precursores de fármacos (ex. esteroides vegetais) e, ainda, na obtenção de moléculas modelo para o desenvolvimento de novos fármacos. A espécie selecionada para o desenvolvimento desse estudo foi Baccharis trimera (Less.) DC (Asteraceae), conhecida popularmente como carqueja. Trata-se de uma planta nativa de nosso país, com amplo uso tradicional, cuja monografia está presente na Farmacopeia Brasileira 5ª edição e cujo uso é recomendado pela ANVISA na forma de infusão para o tratamento de dispepsias (ANVISA, 2010b; ANVISA, 2010c). Baccharis trimera tem sido objeto de pesquisas em diversas áreas. Extratos obtidos a partir de suas partes aéreas apresentaram atividades farmacológicas interessantes, algumas das quais relacionadas ao uso popular; avaliações toxicológicas de alguns extratos sugerem sua baixa toxicidade. Diversos estudos fitoquímicos realizados com a espécie conduziram ao isolamento e/ou identificação de metabólitos secundários. Este trabalho procurou avaliar o perfil químico das partes aéreas de Baccharis trimera (Less.) DC denominada “CPQBA-1” obtida por melhoramento genético e cujo perfil químico não tinha sido estudado até o momento. A mesma esta registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento pelo Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Universidade Estadual de Campinas. Avaliamos também a citotoxicidade de extratos, frações e uma substância purificada de B. trimera em linhagens de células tumorais e normal usando ensaio colorimétrico com sulforrodamina B. A procura de novas substâncias eficazes para o combate ao câncer tem aumentando nos últimos anos através da prospecção racional de produtos naturais originados de algas, fungos, líquens, macrofungos e plantas superiores, que tem se mostrado importantes fontes para pesquisas de novas moléculas bioativas. Esses estudos têm norteado inúmeras pesquisas para obtenção de novos fármacos para o tratamento de câncer (MAGALHÃES, 2005). 18 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Baccharis trimera (Less.) DC O gênero Baccharis é um dos maiores em número de espécies na família Asteraceae, sendo representado por mais de 500 exclusivamente do continente americano, distribuídas desde o sul dos Estados Unidos da América até a Argentina e Chile (ABAD; BERMEJO, 2007; GIULIANO, 2001). Baccharis trimera (Less.) DC. é um subarbusto perene com caules alados (cladódios) com ramos verdes de expansões trialadas, com 50-80 cm de altura. É conhecida popularmente como carqueja, carqueja-amargosa, carqueja-do-mato, carquejinha, tiririca-de- balaio e cacália, sendo nativa do sul e sudeste do Brasil (LORENZI; MATOS, 2002). O amplo uso medicinal popular de B. trimera pode ter origem em sua utilização há séculos por povos indígenas (LORENZI; MATOS, 2002). As indicações descritas na literatura incluem seu uso como digestivo, estomáquico, anti-helmíntico, depurativo do sangue, tônico, antitérmico, em gastrites e úlceras, doenças hepáticas (ex. dores no fígado e hepatite), doenças do intestino, diarréia, impotência sexual masculina, esterilidade feminina, inflamações, reumatismo, diabetes, doenças renais, anemias, gripe, tratamento de obesidade, lepra e cicatrização de feridas; a forma de preparo mais citada é a infusão (AGRA; FRANÇA; BARBOSA-FILHO, 2007; CAMINHOÁ, 1877; CORREA, 1931; MACEDO et al., 2007; MORS; RIZZINI; PEREIRA, 2000; NUNES et al., 2003; PEREIRA; OLIVEIRA; LEMOS, 2004; RITTER et al., 2002). Estudos fitoquímicos das partes aéreas da planta resultaram no isolamento e/ou na identificação de diversos metabólitos secundários: a) flavonoides, especialmente flavonas do tipo aglicona, além de flavonois (glicosilados ou agliconas) e de uma flavanona (BORELLA et al., 2006; GIANELLO et al., 2000; HERZ et al., 1977; KUROYANAGI et al., 1985; NAKASUGI; KOMAI, 1998; SILVA et al., 2006a; SIMÕES-PIRES et al., 2005a; SOICKE; LENG-PESCHLOW, 1987; SUTTISRI et al., 1994); b) derivados do ácido quínico/ácido cafeico (SIMÕES-PIRES et al., 2005b); c) mistura de saponinas, cuja principal genina identificada foi o ácido equinocístico (GENÉ et al., 1996); d) monoterpenos e sesquiterpenos componentes do óleo essencial das partes aéreas (LAGO et al., 2008a; LAGO et al., 2008b; PALÁCIO et al., 2007; SILVA et al., 2007; SILVA et al., 2006b; SIMÕES-PIRES et al., 2005a; VARGAS et al., 2006); e) diterpenos, sendo 15 do tipo clerodânico. Foram desenvolvidos métodos de análise por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e cromatografia em camada delgada (CCD) para compostos fenólicos de B. trimera com aplicação na identificação da espécie (OLIVEIRA et al., 2006; SILVA et al., 2006a; SIMÕES- PIRES et al., 2005b). Métodos por cromatografia gasosa foram utilizados para análise de componentes do óleo volátil da planta, ou seja, monoterpenos e sesquiterpenos (LAGO et al., 2008a; LAGO et al., 2008b). 19 Diversos estudos farmacológicos foram realizados com extratos de partes aéreas de B. trimera. Os extratos etanólico 70% (v/v) e aquoso apresentaram atividade antiulcerogênica (DIAS et al., 2009; GONZALES et al., 2000). O extrato aquoso e a fração n-butanólica deste extrato demonstraram ação anti-inflamatória (GENÉ; MARIN; ADZET, 1992; GENÉ et al., 1996). O extrato aquoso e as frações etanólica e aquosa também apresentaram ação anti- inflamatória, inibindo significativamente o edema de pata induzido por carragenina em 3h em diferentes doses testadas (NOGUEIRA et al., 2011). O mesmo extrato e frações inibiram a atividade de uma importante enzima de desintoxicação hepática a glutationa-S-transferase. Outras atividades exibidas por extratos, frações ou substâncias isoladas das partes aéreas de B. trimera incluem: inibição dos efeitos de venenos de cobras (JANUÁRIO et al., 2004; LEITE et al., 2007), ações antibacteriana em Staphylococcus aureus e Streptococcus uberis (AVANCINI; WIEST; MUNDSTOCK, 2000; AVANCINI et al., 2008; BETONI et al., 2006), antiprotozoária em Leishmania amazonensis e Trypanosoma cruzi (LUIZE et al., 2005), antioxidante (DIAS et al., 2009; SIMÕES- PIRES et al., 2005b), antimutagênica (NAKASUGI; KOMAI, 1998) e hipoglicemiante (OLIVEIRA et al., 2005). Em ensaio de toxicidade aguda com camundongos não foram verificados sinais de alterações aparentes com a administração do extrato etanólico 70% (DIAS et al., 2009). O extrato etanólico 70% administrado a ratas grávidas não produziu alterações nos parâmetros hematológicos observados nem sinais de toxicidade clínica; foi observada toxicidade hepática e renal, reversível com a descontinuação do tratamento (GRANCE et al., 2008). O extrato aquoso não produziu efeito mutagênico ou citotóxico em células de medula óssea de ratos (PERON et al., 2008). Porém, em outro estudo o extrato aquoso produziu efeitos genotóxicos (Ensaio Cometa) e mutagênicos (Ensaio de Micronúcleos), mas também foi eficaz na redução de genotoxicidade induzida por H2O2, provavelmente devido a sua ação antioxidante (RODRIGUES et al., 2009). O óleo essencial de Baccharis trimera apresentou atividade esquistossomicida in vitro, com efeitos sobre a capacidade reprodutiva e alteração do tegumento de vermes adultos (OLIVEIRA et al., 2012). O diterpeno clerodânico7-α-hidróxi-3,13-clerodadieno-16,15:18,19-diolideo (Figura 5) inibiu totalmente as ações hemorrágica e proteolítica provocadas por venenos de Bothrops e as atividades hemorrágica, fibrinogenolítica e caseinolítica de metaloproteases isoladas, além de inibir parcialmente o edema de pata induzido por outros venenos de cobras, metaloproteases e fosfolipase A2. O mesmo diterpeno apresentou atividade relaxante sobre a musculatura lisa vascular em ratos (JANUÁRIO et al., 2004; TORRES et al., 2000). Já outro diterpeno (e também o extratoaquoso do qual foi isolado) inibiu a secreção ácida gástrica atuando nas vias colinérgica e histaminérgica, corroborando o uso popular de B. trimera no tratamento de úlceras e gastrites (BIONDO et al., 2011). 20 A tabela 1 fornece informações sobre metabólitos secundários isolados e/ou identificados em partes aéreas de Baccharis trimera (Less.) DC Asteraceae; foi considerada como sinonímia botânica Baccharis genistelloides var. trimera (Less.) Baker. 21 Tabela 1: Informações sobre metabólitos secundários isolados e/ou identificados em partes aéreas de Baccharis trimera (Less.) DC Asteraceae; sinonímia botânica – Baccharis genistelloides var. trimera (Less.) Baker. Substância isolada (classe) Fig Informações sobre extração (droga vegetal/extrato seco; g/g) rendimento % Atividade Biológica Determinação estrutural/ identificação Ref. FLAVONOIDES eupatorina ou 3’,5-diidroxi- 4’,6,7-trimetoxiflavona (flavona) 1a acetato de etila (6.500/240) 3,69% extrato apresentou ação protetora contra infecção por cercárias de Schistossoma mansoni RMN, UV, PF 1 CHCl3: CH3OH 2:1 (30) -------- RMN 6 CHCl3, Sohxlet, 1 L, 24h (50/1,6) 3,2% -------- RMN, IV, EM, PF, an. elementar 10 acetato de etila 1 moluscicida -------- 11 CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- RMN, IV, EM, UV, PF 12* -------- -------- -------- 13 5-hidroxi-6,7,3’,4’- tetrametoxiflavona (flavona) 1b CHCl3:CH3OH 2:1 (30) -------- RMN 6 CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- RMN, IV, EM, UV, PF 12* eupatrina (flavona) 1c CH3OH quente (2.500) -------- IV, EM, PF 2* cirsimaritina ou 5,4’-diidroxi- 6,7-dimetoxiflavona (flavona) 1d CH3OH quente (2.500) -------- IV, EM, PF 2* CH3OH sob fervura 2h (31,7 L em 2 etapas) (3.500/346) 9,88% antimutagênica RMN, UV, IV, EM, PF 8 CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- RMN, UV, IV, EM, PF 12* cirsiliol (flavona) 1e CH3OH quente (2.500) -------- IV, EM, PF 2* apigenina ou 5,7,4’- triidroxiflavona (flavona) 1f CH3OH quente (2.500) -------- IV, EM, PF 2* CH3OH sob fervura 2h (31,7 L em 2 etapas) (3.500/346) 9,88% antimutagênica RMN, UV, IV, EM, PF 8 acetato de etila anti-hepatotóxica -------- 7 22 genkwanina ou 5,4’-diidroxi-7- metoxiflavona (flavona) 1g CH3OH quente (2.500) -------- IV, EM, PF, CCD 2* CH3OH quente sob refluxo 2h -------- RMN, EM 5 CH3OH sob fervura 2h (31,7 L em 2 etapas) (3.500/346) 9,88% antimutagênica RMN, UV, IV, EM, PF 8 canferol (flavonol) 2a -------- -------- -------- 9* eriodictiol (flavanona) 3 CH3OH quente (2.000) -------- IV, EM, PF 2* quercetina (flavonol) 2b água fervente 30 min (50/4) 8% -------- CLAE-DAD +padrão+ reagentes de deslocamento (UV)+EM 4 acetato de etila anti-hepatotóxica -------- 7 -------- -------- -------- 9* isoquercetina (flavonol glicosilado) 2c água fervente 30 min (50/4) 8% -------- CLAE-DAD + padrão + reag. deslocamento no UV+EM 4 nepetina (flavona) 1h água fervente 30 min (50/4) 8% -------- CLAE-DAD + reag. deslocamento no UV+EM 4 acetato de etila anti-hepatotóxica -------- 7 7,4’-O-dimetilapigenina (flavona) 1i CH3OH quente sob refluxo 2h -------- RMN, EM 5 hispidulina ou 5,7,4’-triidroxi-6- metoxiflavona (flavona) 1j CH3OH sob fervura 2h (31,7 L em 2 etapas) (3.500/346) 9,88% antimutagênica RMN, UV, IV, EM, PF 8 acetato de etila anti-hepatotóxica -------- 7 -------- -------- -------- 9* luteolina (flavona) 1k acetato de etila anti-hepatotóxica -------- 7 rutina (flavonol glicosilado) 2d H2O fervente, 12 L (400) anti-inflamatória e analgésica UV, EM, RMN, CCD 14 5,6-diidroxi-7,3’,4’- trimetoxiflavona 1l CH3OH, US, 25 min (1.000) -------- RMN e UV 15 DITERPENOS diterpeno 4a (dit. clerodânico) 4a acetato de etila (6.500/240) 3,69% -------- RMN, UV, PF, CD, IV, EM 1 diterpeno 4b (dit. clerodânico) 4b acetato de etila (6.500/240) 3,69% -------- RMN, UV, PF, CD, IV, EM, [α]D 1 CHCl3 Sohxlet, 1L, 24h (50/1,6) 3,2% ação relaxante sobre a musculatura lisa vascular RMN, IV, EM, PF, análise elementar 10 CH3OH quente (2.500) -------- RMN, UV, PF, IV, EM, [α]D 2* acetato de etila moluscicida -------- 11 23 diterpeno 4c (dit. clerodânico) 4c CH3OH quente (2.500) -------- RMN, UV, PF, IV, EM, [α]D 2* água 72º C, 30 min 12% antiulcerogênica RMN 17 7α-hidroxi-3,13-clerodadieno- 16,15:18,19-diolídeo (dit. clerodânico) 5 acetato de etila (6.500/240) 3,69% -------- RMN, UV, PF, CD, IV, EM, [α]D 1 CH3OH quente (2.500) -------- RMN, UV, PF, IV, EM, [α]D 2* CHCl3:CH3OH 2:1 (500/99,2) 19,84% inibição das atividades hemorrágica e proteolítica, edema e miotoxicidade induzidos por venenos e metaloproteases de Botrophs Raios X 3 diterpeno 6 (tetranorditerpeno) 6 CH3OH quente (2.500) -------- an. elem., EM, RMN, PF, IV, [α]D 2* ácido hautriwaico (dit. clerod.) 7 CH3OH quente, refluxo, 2h -------- RMN, EM 5 lactona do ácido hautriwaico (dit. clerodânico) 8a CH3OH quente, refluxo, 2h -------- RMN, EM 5 1-desoxibacrispina (dit. clerodânico) 8b CH3OH quente, refluxo, 2h -------- RMN, EM 5 bacrispina (dit. clerodânico) 8c CH3OH quente, refluxo, 2h -------- RMN, EM 5 15,16-epóxi-18-hidróxi-15- metóxi-ent-cleroda-3-eno (dit. clerodânico) 9a CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- EM, RMN, IV, [α]D 12* 15,16-epóxi-7α,18-diidróxi-15- metóxi-ent-cleroda-3-eno (dit. clerodânico) 9b CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- -------- 12* 15,16-epóxi-7α,18-diidróxi-15- oxo-ent-cleroda-3-eno (dit. clerodânico) 10 CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- EM, RMN, IV, [α]D 12* 7α,15,18-triidróxi-ent-cleroda-3- eno (dit. clerodânico) 11 CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- EM, RMN, IV, [α]D 12* 15,16-diacetóxi-7α,18-diidróxi- ent-cleroda-3-eno (dit. clerodânico) 12a CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- EM, RMN, IV, [α]D 12* 15,16-diacetóxi-7α-hidróxi-18- maloniloxi-ent-cleroda-3-eno (dit. clerodânico) 12b -------- -------- EM, RMN, IV 13 diterpeno 14 (dit. clerodânico) 13 -------- -------- -------- 13 trans-fitol (diterpeno acíclico) ---- CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- EM, RMN, IV 12* 24 SAPONINAS Mistura de saponinas, com genina principal ác. equinocístico (ou enantiômero) 14 H2O fervente, 12 L (400) anti-inflamatória e analgésica UV, EM, RMN 14 DERIVADOS DO ÁCIDO QUÍNICO / ÁCIDO CAFEICO ácido 3-O-[E]-cafeoilquínico 15b água fervente 30 min antioxidante – CCD/DPPH CLAE-UV +padrões 4 ácido 5-O-[E]-cafeoilquínico 15c água fervente 30 min antioxidante – CCD/DPPH CLAE-UV +padrões 4 4-O[E]-cafeoilquinato de metila ácido 4-O-[E]-cafeoil-1-metilquínico (?) 15d água fervente 30 min antioxidante – CCD/DPPH CLAE-UV +padrões 4 ácido 4,5-O-[E]-dicafeoilquínico 15e água fervente 30 min antioxidante – CCD/DPPH CLAE-UV +padrões 4 ácido 3,4-O-[E]-dicafeoilquínico 15f água fervente 30 min antioxidante – CCD/DPPH CLAE-UV +padrões 4 ácido 3,5-O-[E]-dicafeoilquínico 15g água fervente 30 min antioxidante – CCD/DPPH CLAE-UV +padrões 4 ácido tricafeoilquínico 15h etanol/água 1:1,maceração -------- CLAE-EM-DAD + padrão 16 OUTROS éster 29 (éster aromático) 16 CH3OH quente -------- RMN, IV, EM, PE 2* Espatulenol ---- CH3OH 80%, percolação, 72 L (2.500) -------- RMN, IV, [α]D 12* *espécie identificada como Baccharis genistelloides. 1 caules alados+flores+frutos Referências: 1. HERZ et al. 1977. 2. KUROYANAGI et al., 1985. 3. JANUÁRIO et al., 2004. 4. SIMÕES-PIRES et al., 2005b. 5. GIANELLO et al., 2000. 6. SILVA et al., 2006a. 7. SOICKE; LENG-PESCHLOW, 1987. 8. NAKASUGI; KOMAI, 1998. 9. DAILY; WAGNER; SELIGMANN, 1984. 10. TORRES et al., 2000. 11. DOS SANTOS FILHO et al., 1980. 12. SUTTISRI et al., 1994. 13. ZDERO et al., 1989. 14. GENE et al., 1996. 15. BORELLA et al., 2006. 16. ABOYet al., 2012. 17. BIONDO et al., 2011. RMN: espectrometria de ressonância magnética nuclear; UV: espectrometria no ultravioleta; IV: espectrometria no infravermelho; EM: espectrometria de massas; PF: determinação do ponto (ou faixa) de fusão; CCD: cromatografia em camada delgada; CLAE: cromatografia líquida de alta eficiência. 25 OR R 1 R 2 R 3 R 4 O Figura 1: Estrutura química das flavonas. OOH OH R OH O O R 1 Figura 2: Estrutura química dos flavonois. OOH OH OH OH O Figura 3: Estrutura química do eridioctiol (flavanona). Substância R R 1 R 2 R 3 R 4 a OCH3 OCH3 OH OH OCH3 b OCH3 OCH3 OH OCH3 OCH3 c OCH3 OCH3 OH OCH3 OH d OCH3 OCH3 OH H OH e OCH3 OCH3 OH OH OH f OH H OH H OH g OCH3 H OH H OH h OH OCH3 OH OH OH I OCH3 ---- ---- ---- OCH3 j OH OCH3 ---- ---- OH k OH ---- ---- OH OH l OCH3 OH ---- OCH3 OCH3 Substância R R 1 a H H b OH H c OH glicose d OH α-L-ramnose-(1,6)-ß-D-glicose 26 O O H R H O O Figura 4: Estrutura química dos diterpenos clerodânicos dilactônicos 4a, 4b e 4c. O O H OH O O Figura 5: Estrutura química de 7α-hidróxi-3,13-clerodadieno-16,15:18,19-diolídeo. H OH O O O OH Figura 6: Estrutura química do diterpeno 6 (tetranorditerpeno). substância R diterpeno 4a H diterpeno 4b OH diterpeno 4c =O 27 H OH O OH O Figura 7: Estrutura química do ácido hautriwaico (diterpeno clerodânico). H O O O R 1 R 2 Figura 8: Estrutura química da lactona do ácido hautriwaico (a), 1 desoxibacrispina (b) e bacrispina (c) (diterpenos clerodânicos). H OH O O R Figura 9: Estrutura química de (a) 15,16-epóxi-18-hidróxi-15-metóxi-ent-cleroda-3-eno e (b) 15,16- epóxi-7α,18-diidróxi-15-metóxi-ent-cleroda-3-eno (diterpeno clerodânico). Substância R (a) H (b) OH substância R 1 R 2 (a) H H (b) H OH (c) OH OH 28 H OH O O OH Figura 10: Estrutura química de 15,16-epóxi-7α,18-diidróxi-15-oxo-ent-cleroda-3-eno (diterpeno clerodânico). H OH OH OH Figura 11: Estrutura química de 7α,15,18-triidróxi-ent-cleroda-3-eno (diterpeno clerodânico). H R 1 OH O O CH3 O CH3 O Figura 12: Estrutura química dos diterpenos clerodânicos 12a e 12b. Substâncias R 1 a OH b OCOCH2CO2H 29 H O O OH O O O Figura 13: Estrutura química do diterpeno 13 (diterpeno clerodânico). OH OH O OH Figura 14: Estrutura química do ácido equinocístico (sapogenina triterpênica). OR 4 OR 5 R 3 O COR 1 OH O OH OH Figura 15: Estrutura química da unidade [E]-cafeoila – caf (a) e dos ésteres do ácido quínico/ácido cafeico: ácido 3-O-[E]-cafeoilquínico (b), ácido 5-O-[E]-cafeoilquínico (c), 4-O-[E]-cafeoilquinato de metila (ácido 4-O-[E]-cafeoil-1-metilquínico 1 ) (d), ácido 4,5-O-[E]-dicafeoilquínico (e), ácido 3,4-O-[E]- dicafeoilquínico (f), ácido 3,5-O-[E]-dicafeoilquínico (g), ácido tricafeoilquínico (h). 1 nome fornecido pelos autores! (a) substância R 1 R 3 R 4 R 5 b OH caf H H c OH H H caf d OCH3 H caf H e OH H caf caf f OH caf caf H g OH caf H caf h caf caf OOH caf 30 O O OCH3 H3CO Figura 16: Estrutura química da substância 16 (éster aromático ou derivado do ácido benzóico). 2.2 Principais classes de metabólitos secundários que ocorrem em B. trimera (Less) DC. Dentre os metabólitos identificados e isolados de Baccharis trimera destacam-se os terpenos, flavonoides e derivados do ácido quínico e cafeico. 2.2.1 Terpenos A origem de todos os metabólitos secundários pode ser resumida a partir do metabolismo da glicose, via dois intermediários principais, o ácido chiquímico e o acetato (SIMÕES et al., 2007) e dividem-se em três grandes grupos: terpenos, compostos fenólicos e alcaloides. Os terpenos são formados a partir do ácido mevalônico, no citoplasma, ou do piruvato e 3-fosfoglicerato, no cloroplasto (PERES, 2004). O mais simples dos terpenoides é o hidrocarboneto isopreno (C5H8) (RAVEN et al., 2001), sendo que em 1887 Wallach propôs que os monoterpenos, triterpenos bem como outros terpenos eram formados por unidades isoprênicas, um conceito que se tornou conhecido como regra do isopreno (SEIGLER, 1995). Cada grupo de terpenos é o resultado da condensação cabeça-cauda e/ou cauda-cauda de um número variado de unidades isoprênicas (BRUNETON, 2001) e são classificados em monoterpenos, que consistem em duas unidades isoprênicas, sesquiterpenos (três unidades isoprênicas), diterpenos (quatro unidades isoprênicas), sesquiterpenos (cinco unidades isoprênicas), triterpenos (seis unidades isoprênicas) e tetraterpenos (oito unidades isoprênicas). Uma única planta pode sintetizar muitos terpenoides diferentes, em distintas partes da planta, para uma grande variedade de propósitos e em épocas diferentes, ao longo do seu desenvolvimento (SIMÕES et al., 2007). 31 2.2.1.1 Biossíntese de terpenos Os terpenos podem ser biossintetizados a partir de metabólitos primários através de duas rotas diferentes (TAIZ et al., 2004), via do acetato (via do mevalonato) ou via da triose- piruvato (via da deoxixilulose), conforme mostra a figura 17. Figura 17. Biossíntese de terpenos (adaptado de TAIZ et al., 2004). V ia d a t ri o s e -p ir u v a to o u d e o x ix il u lo s e 32 2.2.1.2 Via do mevalonato O mevalonato é formado da condensação aldólica de uma unidade da acetoacetil-CoA com uma molécula da acetil-CoA, originando a 3-hidroxi-3 metilglutaril-CoA (HMG-CoA) que é reduzida a mevalonato, numa reação irreversível (SIMÕES et al., 2007). Esse importante intermediário de seis carbonos é então pirofosforilado, descarboxilado e desidratado para produzir o isopentenil difosfato (IPP), que é a unidade básica na formação dos terpenos (TAIZ et al., 2004). 2.2.1.3 Via triose-piruvato O IPP também pode ser formado a partir de intermediários da glicose ou do ciclo de redução fotossintética do carbono, através de um conjunto de reações denominada de via do metileritritol fosfato (MEP), via da triose-piruvato ou via da deoxixilulose, que ocorre nos cloroplastos e outros plastídeos. O gliceraldeído-3-fosfato e dois átomos de carbono derivados do piruvato combinam-se para formar intermediários (1-deoxi-D-xilulose-5-fosfato e 2-metil-D- eritritol-4-fosfato) que são convertidos em IPP (DEWICK, 2002; TAIZ et al., 2004). O IPP e seu isômero, o dimetilalil difosfato (DMAPP), são as unidades pentacarbonadas ativas na biossíntese dos terpenos que se unem para formar moléculas maiores (TAIZ et al., 2004), como monoterpenos (C10) e os sesquiterpenos (C15) que são os principais constituintes de aromas de plantas, os diterpenos (C20) que são conhecidos pelas suas propriedades antitumorais, os triterpenos (C30) e os carotenóides (C40) que são considerados agentes estabilizantes de membrana, antioxidantes e fotorreceptores (YUNES et al., 2007). 2.2.2 Flavonoides Flavonoides (Figura 18) são metabólitos secundários fenólicos que constituem uma importante classe de polifenois, presentes em relativa abundância entre os metabólitos secundários vegetais. Possui esqueleto básico do tipo C6C3C6 contendo 15 átomos de carbono com substituintes hidroxilados e/ou seus derivados funcionais (ésteres, éteres, glicosídeos e outros). Tem rota biossintética mista – vias do chiquimato e acetato (malonil-CoA e acetil-CoA) (SIMÕES et al., 2007; LOPES et al.; 2000). 33 Figura 18. Núcleo fundamental dos flavonoides e sua numeração (SIMÕES et al., 2007). A rota biossíntetica resumida ocorre quando a fenilalanina étransformada pela PAL (fenilalanina liase) em cinamato que sofre hidroxilação formando cumarato que se une a três moléculas de malonato, que servirá de substrato a ação da enzima chalcona sintase, originando os flavonoides a partir da chalcona (Figura 19). Figura 19. Biossíntese de flavonoides (adaptado de SIMÕES et al., 2007). A diversidade estrutural dos flavonoides pode ser atribuída ao nível de oxidação e às variações no esqueleto carbônico básico, promovidas por reações de alquilação, glicosilação 34 ou oligomerização. Modificações no anel central dessas substâncias levam à diferenciação em subclasses distintas, tais como: chalconas, flavanonas, flavonas, flavonois, isoflavonas e antocianidinas dentre outras (Figura 20) (TAHARA, 2007; VEITCH; GRAYER, 2008). Figura 20. Classe de flavonoides mais abundantes (SIMÕES et al., 2007) Dentre as atividades biológicas dos flavonoides destacam-se ações contra doenças cardiovasculares, antitumoral e ação antioxidante. A quercetina em particular é um poderoso antioxidante, quelante de metais, ajuda na eliminação de radicais livres e impede a oxidação de lipoproteínas (SIMÕES et al., 2007; DEWICK, 2002). 35 2.2.3 Derivados do ácido quínico e ácido cafeico Um grande grupo de compostos fenólicos (fenóis simples com apenas um grupo fenólico em sua estrutura molecular) é formado pelo ácido cinâmico e seus derivados. As estruturas destes grupos podem ser encontradas com diferentes níveis de hidroxilação e existem principalmente numa forma esterificada com ácidos orgânicos. Os derivados de ácidos cinâmicos são representados pelos ácidos cafeicos, p-cumáricos dentre outros conhecidos como hidroxicinâmicos (Figura 21), que são importantes constituintes naturais e prováveis progenitores para a formação de outras substâncias contendo esqueleto C6C3. A maioria desses derivados é formada a partir de processos oxidativos e/ou de reações de metilação (DEWICK, 2002; LAY e YAMAGUGUI, 2006). Figura 21. Derivados do ácido cinâmico (adaptado de LAY E YAMAGUGUI, 2006). O ácido cafeico é largamente distribuído nas plantas superiores na forma de seu éster com o ácido quínico, mais conhecido como ácido clorogênico (ácido 3-O-cafeoilquínico). O ácido clorogênico engloba um conjunto de substâncias, sendo um éster formado a partir da reação de esterificação entre o ácido trans-cinâmico ou p-cumárico, ferúlico e/ou cafeico com o ácido quínico, caracterizados como uma família de ésteres (CLIFFORD, 1999). Figura 22. Estrutura do ácido clorogênico (adaptado de LAY E YAMAGUGUI, 2006). 36 De forma geral os ácidos clorogênicos podem ser subdivididos em grupos de monoésteres, di-ésteres e tri-ésteres do ácido caféico, ácido p-cumárico e ácido ferúlico. Para cada grupo destes compostos existe certo número de isômeros já identificados (CLIFFORD, 1999; CLIFFORD, 2000). Estudos in vivo e in vitro têm apontado que os derivados do ácido quínico e cafeico apresentam ações terapêuticas no combate a inúmeras doenças de grande incidência como doenças coronárias e vários tipos de carcinomas. Normalmente, tais compostos previnem ou inibem a formação de substâncias carcinogênicas e mutagênicas (KIKUGAWA et al., 1983; FILIP et al., 2000). 2.3 Considerações gerais sobre o câncer Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo (INCA, 2012). Nas últimas décadas ocorreu, em todo mundo, um expressivo aumento da incidência de câncer, isso se deve principalmente ao fato do aumento da expectativa de vida da população, pois se trata de uma doença associada às últimas décadas de vida. Dados da organização mundial da saúde mostram que no ano de 2030 podemos esperar 27 milhões de casos incidentes, 17 milhões de mortes e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente com algum tipo de câncer (INCA, 2012). No Brasil, a estimativa para o ano de 2012 é de mais de 257 mil novos casos, sendo o câncer de próstata mais comum entre os homens, e o câncer de mama mais frequente em mulheres (BRASIL, 2011). O câncer surge da violação das regras básicas do comportamento celular, (JOHNSON; WALTER, 2011). A qual se dá pela alteração de seu DNA com a participação de vírus, como exemplo certos tipos do HPV, que desempenham um papel central na formação do câncer aonde a interação entre o vírus e a célula hospedeira vem sendo bem estudada. Outros fatores de risco estão envolvidos no desenvolvimento do câncer como substâncias químicas do ambiente ou da alimentação e agentes físicos como certos tipos de radiação (LEWIS; WALTER, 2010; JUNQUEIRA, 2000), fazendo com que o câncer seja a terceira maior causa de morte no mundo. Os fatores de risco podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser hereditários. A maioria dos casos (cerca de 80%) está relacionada ao meio ambiente. Entende- se por ambiente, o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (quando insalubre) 37 o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida) e o ambiente de consumo (alimentos e medicamentos) (ALMEIDA; 2005). Esses fatores de risco apresentam capacidade de provocar lesões e induzir transformações neoplásicas das células, aonde pode ocorrer profunda alteração no sistema de regulação da proliferação e da diferenciação celular. Essas células alteradas passam então a se comportar de forma anormal, multiplicando-se de maneira descontrolada sendo que essas mutações ocorrem em determinados genes nucleares. Uma mutação em um gene que modula a proliferação ou a diferenciação da célula pode fazer com que seu produto seja hiperativo ou produzido em excesso formando células malignas. Essas células malignas secretam moléculas que estimulam o crescimento dos vasos sanguíneos para que ocorra a nutrição das mesmas em um processo denominado de angiogênese. Essas células se tornam invasivas e são transportadas pela corrente sanguínea migrando-se a órgãos distantes do local onde o tumor se iniciou, formando as metástases (LEWIS; WALTER, 2010; JUNQUEIRA, 2000; INCA, 2012). Todo esse processo de formação é conhecido como carcinogênese e em geral dá-se lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa origine um tumor detectável. O processo se divide em 3 etapas: Estágio de iniciação: É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito dos agentes cancerígenos ou carcinógenos (ex: tabaco, vírus-HPV) que provocam modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células se encontram geneticamente alteradas, porém ainda não é possível detectar um tumor clinicamente. Estágio de promoção: Nele, a célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. É necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor para que ocorra essa transformação. Estágio de progressão: É o terceiro e último estágio e se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas surgindo às primeiras manifestações clínicas da doença. (NERURKAR; RAY, 2010; INCA 2012). A carcinogênese pode ser evitada através da quimioprevenção, que intervém em todas as fases do seu processo (MAITI et al., 2009). Como exemplo de agente antineoplásico podemos citar os alcaloides vegetais (produtos naturais nitrogenados derivados biossinteticamente de aminoácidos) como os alcaloides da vinca (vimblastina e vincristina). Entretanto, a maioria dos agentes quimioterápicos atua de forma não-específica lesando tanto células malignas como normais. Como exemplos têm os antibióticos antitumorais, antraciclinas e os agentes alquilantes (ALMEIDA 2005). 38 A procura de novos fármacos eficazes para o combate ao câncer tem aumentando nos últimos anosatravés de substâncias promissoras por meio de screening racional de produtos naturais com algas, fungos, líquens, macrofungos e plantas superiores que tem se mostrado importantes fontes para pesquisas de novas moléculas bioativas. Esses estudos têm norteado inúmeras pesquisas para obtenção de novos fármacos para o tratamento de câncer (MAGALHÃES, 2005). No desenvolvimento de novos fármacos anticâncer, tem-se avaliado a citotoxicidade dos compostos in vitro em linhagens celulares neoplásicas (FRESHNEY, 1994), e para verificar a seletividade dessas drogas utilizam-se linhagens de células normais (HOUGHTON et al., 2007). Estes estudos, durante a fase de screening, têm reduzido o número de ensaios in vivo (CINGI et al., 1991; HAMBURGER; HOSTETTMANN, 1991). 2.3.1 Ensaio de citotoxicidade A utilização de produtos naturais como fonte de agentes anticancerígenos foi reconhecida em 1950 pelo Instituto Nacional do Câncer ao longo dos últimos 30 anos, sendo que hoje a principal abordagem na busca de potentes agentes para o tratamento do câncer tem sido baseada em ensaios de citotoxicidade (HAMBURGER; HOSTETTMANN, 1991; HOUGHTON et al., 2007). As potenciais atividades antitumorais são avaliadas in vitro em linhagens celulares tumorais, sendo tais efeitos avaliados por parâmetros que incluem desde a morte celular até a alteração de seu metabolismo (FRESHNEY, 1994). Através dos ensaios de citotoxicidade a taxa de crescimento e multiplicação é medida indiretamente por algum indicador de crescimento através da formação de coloração, sendo a intensidade da cor diretamente proporcional ao número de células presentes (HOUGHTON et al., 2007). Estes ensaios são conhecidos como ensaios colorimétricos, dentre os quais podemos citar o ensaio colorimétrico com sulforrodamina B (SRB). Este ensaio é utilizado para determinação da densidade de células, a partir da medição do teor de proteína celular. A SRB (figura 23) é um corante de proteína com fórmula molecular C27H30N2O7S2 (558,66 Da) que se liga à resíduos de aminoácidos sob condições acídicas e que se dissociam em condições básicas. Foi desenvolvido em 1990 e continua a ser um dos métodos mais amplamente utilizados para screening de citotoxicidade in vitro (VICHAI, 2006; BLUMENTHAL, 2005). 39 ON CH3 CH3 N + CH3 CH3 S O OO - S + O OH OH Figura 23: Estrutura química da sulforrodamina B. Para este estudo foi realizado uma prospecção com o extrato, frações e sub-frações semipurificadas e substância pura de Baccharis trimera, avaliando-se a citotoxicidade através do ensaio de SRB. Este ensaio constitui em um método que não requer reagentes de alto custo e nem equipamentos mais sofisticados e permite que um número maior de substâncias seja testado em poucos dias (HENRIKSSON, 2006; VICHAI, 2006). 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral O objetivo desse estudo foi avaliar o perfil químico das partes aéreas de Baccharis trimera (Less.) DC. denominada “CPQBA-1” através de análises cromatográficas, purificação e determinação estrutural de substâncias, bem como avaliar a citotoxicidade do extrato, frações e substâncias purificadas em linhagens de células tumorais e normal usando ensaio colorimétrico com sulforrodamina B. 3.2 Objetivos específicos a) Realizar o fracionamento do extrato das partes aéreas de Baccharis trimera (Less.) DC. através de técnicas cromatográficas como extração em fase sólida (EFS), cromatografia em coluna (CC), cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). 40 b) Obter os perfis cromatográficos do extrato e frações através de CCD e CLAE-UV e do óleo essencial das partes aéreas por cromatografia à gás (CG-EM). c) Determinar o teor de fenólicos totais dos extratos através de análises espectrofotométricas d) Avaliar a citotoxicidade do extrato, frações, sub-frações, substâncias purificadas e do óleo essencial de partes aéreas de Baccharis trimera através do ensaio colorimétrico com sulforrodamina B, utilizando a estratégia de Fracionamento Biomonitorado. e) Determinar a estrutura química de substâncias purificadas utilizando técnicas espectrométricas. 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Especificações dos materiais e equipamentos 4.1.1 Fitoquímica Balança semi-analítica: GEHAKA® modelo BG 200 (máx 200g; min 0,025g; d = 0,001g). Balança analítica: MARTE® modelo AY220 (Max 220g; min 0,01; d=0,001). Aparelho tipo Clevenger para hidrodestilação. Colunas cromatográficas de bancada: coluna de vidro com 1,2 cm de diâmetro interno com adaptador para entrada para ar comprimido; coluna de vidro com 10,5 cm de diâmetro interno adaptado a sistema de sucção ("vácuo"); coluna de vidro com 3 cm de diâmetro interno com adaptador para entrada para ar comprimido; coluna de vidro com 5 cm de diâmetro interno com adaptador para entrada para ar comprimido; Coluna cromatográfica CLAE: Hypersil Gold® C18 (250 x 4,6 mm; 5 µm). Coluna cromatográfica CG: DB-5 (30 m x 0,25 mm x 0,25 µm). Cartucho para clean-up: Phenomenex® modelo StrataTM C18 - E (15 x 10 mm; 55 μm). 41 Cromatografia em camada delgada comparativa: Sílica Gel 60G aplicada em placas de vidro de 20 X 20 cm obtendo-se 0,25 mm de espessura. Após preparo, as placas foram ativadas por 1h em estufa a 110º C. Cromatografia em camada delgada preparativa: Sílica Gel 60G aplicada em placa de vidro de 20 X 20 cm obtendo-se 1 mm de espessura. Após preparo, as placas foram ativadas por 1h em estufa a 110º C. Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência (Shimadzu® Prominence®, modo analítico), constituído dos seguintes módulos: bomba modelo LC-20AT, injetor automático modelo SIL- 20, forno de coluna modelo CTO-20A, detector de arranjo de diodos modelo SPD-M20A, módulo de comunicação modelo CBM-20A, desgaseificador modelo DGU-20A5. Software para controle do sistema e aquisição e tratamento de dados LCSolution®. Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência (Shimadzu®, modo analítico), constituído dos seguintes módulos: bomba modelo LC-10AD, detector UV-VIS modelo SPD-10A, módulo de comunicação modelo SCL-10A, desgaseificador modelo DGU-14A. Software para controle do sistema e aquisição e tratamento de dados ClassVP®. Cromatógrafo à Gás: Shimadzu® modelo QP2010. Estufa de secagem e esterilização: FANEM® modelo 320-SE. Lâmpada UV: MineraLight® modelo UVSL-25. UV/Vis: Beckman DV 530, Life Science. Fases estacionárias para cromatografia em coluna e extração em fase sólida: Sílica gel: 0,074-0,250 mm J. T. Baker®; 0,040-0,063 mm MERCK®; Sílica C18: 0,040-0,060 mm LiChroprep®; Rota evaporador: IKA-DEST® modelo KV 05S3, com banho de aquecimento QUIMIS®, banho ultratermostatizado (refrigeração) QUIMIS® modelo Q214M3; Solventes: CCD, CC, EFS: Qhemis® P.A; CLAE (incluindo pré-tratamento das amostras): Solventes grau cromatográfico J.T. Baker®; Água ultrapura: obtida a partir de purificador Milli Q modelo Synergy®; Ultrassom: UNIQUE®, modelo USC-2800; frequência: 40KHz . Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear: Espectrômetro Varian® INOVA 7,0 T operando a 300 MHz para 1 H e a 75 MHz para 13 C. Folin-ciocalteau – Reagente analítico IMBRALAB®. 42 4.1.2 Ensaio de citotoxicidade Peagâmetro: MARCONI® modelo MAPA200, série 081390709. Balança analítica: SARTORIUS® modelo TE2145 (Max 210g; min 0,01g) Capela: QUIMIS® modelo Q-216-11. Estufa bacteriológica: MARCONI® MA 032 Solventes: grau PA Qhemis®. Microscópio óptico: Olympus® modelo CKX41SF. Bancada de fluxo laminar vertical: PACHANE® nº 03505 modelo 050. Incubadora de CO2: TECNAL ® modelo TE-399. 4.2 Material vegetal Partes aéreas de Baccharis trimera foram coletadas no Horto de Plantas Medicinas e Tóxicas "Profa. Dra. Célia Cebrian de Araujo Reis" da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP-Araraquara.O espécime de Baccharis trimera cultivado no Horto pertence a uma variedade desenvolvida e fornecida pelo CPQBA-UNICAMP denominada “CPQBA-1” registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento pelo Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Universidade Estadual de Campinas tendo sido identificada pelo Prof. Dr. Luis Vitor Silva do Sacramento do Laboratório de Farmacobotânica da FCF-UNESP. A exsicata da mesma, esta depositada no Herbário CPQBA sob número 1286. Primeira coleta: Dados da coleta: 07/01/2011, 07:30 h; latitude: S 21.81453º; longitude: O 48.20170º; altitude: 662 m. O material vegetal foi seco em estufa com circulação de ar à 40 ºC por sete dias e moído em moinho de facas. Segunda coleta: Foi realizada uma segunda coleta de B. trimera para extrair óleo essencial das partes aéreas frescas. Dados da coleta para extração do óleo essencial: 10/10/2012, 07:30 h; latitude: S 21.81453º; longitude: O 48.20170º; altitude: 662 m. 43 4.3 Extração 4.3.1 Extrato acetato de etila O método de extração utilizado foi maceração com aquecimento a 35º C, com agitação ocasional e renovação do líquido extrator (remaceração). Para isso, foram pesados em balança semi-analítica 500g de droga vegetal, a qual foi intumescida com 1000 mL de acetato de etila. Posteriormente, adicionou-se mais 1000 mL de acetato de etila dando início ao processo de extração. No total, foram realizadas três etapas (1000 mL cada) com duração de 8, 24 e 72 h. Este procedimento foi realizado três vezes e os extratos líquidos obtidos foram reunidos. A solução extrativa foi filtrada em papel de filtro e concentrada em rota-evaporador sob pressão reduzida (530-540 atm) à 45º C. 4.3.2 Extrato etanólico 95% A extração foi realizada através do método de maceração com etanol 95% à temperatura ambiente e sob agitação ocasional, em 3 etapas de 72 h cada. A massa de droga vegetal utilizada para cada extração foi de 100,0 g e o volume total de solvente (dividido nas 3 etapas de extração) foi de 1.500 mL; portanto, a relação droga vegetal/solvente utilizada foi de 1:15 (g/mL). Após cada etapa, as soluções extrativas foram separadas do material vegetal por filtração simples (papel de filtro) e reunidas. 4.3.3 Extração do óleo essencial O óleo essencial foi obtido através da técnica de extração por arraste à vapor de água com utilização de um aparelho do tipo Clevenger. Foram utilizadas 100 g de partes aéreas frescas de Baccharis trimera em 500 mL de água deionizada e o tempo de destilação foi de 4 h. O óleo essencial foi retirado do Clevenger com auxílio de uma pipeta de Pasteur e o aparelho foi lavado com hexano para obter o óleo essencial residual. Posteriormente, foi adicionado Na2SO4 anidro para retirar a água residual da solução hexânica do óleo essencial que foi filtrada para separação do Na2SO4 hidratado. Após evaporação do hexano sob fluxo de ar em capela o óleo essencial foi armazenado em frasco de vidro fechado sob refrigeração. 44 4.3.4 Extração em fase sólida Extração em fase sólida teste 1: Foi realizada uma extração em fase sólida com 403 mg do extrato acetato de etila seco utilizando-se uma coluna de vidro de 1,2 cm de diâmetro interno, preenchida com 12 cm de sílica gel (0,074-0,250 mm). A eluição (Veluente: 30 mL) foi realizada como segue: 1. hexano/ acetato de etila 95:5 (frações 1, 2 e 3) 2. hexano/acetato de etila 1:1 (frações 4, 5 e 6) 3. acetato de etila (frações 7, 8 e 9) 4. acetato de etila/metanol 1:1 (frações10, 11 e 12) e 5. metanol (fração 13). Extração em fase sólida teste 2: Foi realizada a segunda extração em fase sólida nas mesmas condições do teste 1, diferenciando apenas a fase móvel. A eluição (Veluente: 30 mL) foi realizada como segue: 1. hexano/acetato de etila 92:8 (frações 2,1; 2,2; 2,3) 2.hexano/acetato de etila 40:60 (frações 2,4; 2,5; 2,6) 3. acetato de etila (frações 2,7; 2,8; 2,9) 4. metanol (frações 2,10; 2,11; 2,12; 2,13). Extração em fase sólida em maior escala: A partir da otimização das condições de separação das EFSteste1 e 2 foi realizada uma extração em fase sólida em maior escala, utilizando uma coluna de vidro de 10,5 cm de diâmetro, preenchida com 12 cm de sílica gel. Foram adicionados na coluna 30 g de extrato seco. A eluição (Veluente: 1800 mL) foi realizada como segue: 1. hexano/acetato de etila 95:5 (frações 1 e 2) 2. acetato de etila (frações 3 e 4) 3. acetato de etila/metanol 1:1 (frações 5 e 6) 4. metanol (fração 7 e 8). 4.4 Cromatografia em coluna As condições de análise para cromatografia em coluna foram estabelecidas a partir das análises em cromatografia em camada delgada e segundo metodologia para transferência de separações adaptada de Still, Kahn e Mitra (1978). Cromatografia em coluna 1: Foi realizada cromatografia em coluna com a fração 4 da extração em fase sólida em maior escala. Foi utilizada uma coluna de vidro de 3 cm de diâmetro, preenchida com 20 cm de sílica gel (0,040-0,063 mm). Foi adicionado na coluna 1 g da fração 4. A eluição em gradiente (Veluente: 400 mL) foi realizada como segue, coletando-se 20 mL por fração para os eluentes 1 a 6, 40 mL para o eluente 7, 50 mL para o eluente 8 e 400 mL para o eluente 9: 1. hexano/acetato de etila/ isopropanol 95:4,7:0,3 (frações 1 até 18); 2. hexano/acetato de etila/ isopropanol 94:5,6:0,4 (frações 19 até 37); 3. hexano/acetato de etila/ isopropanol 92:7,5:0,5 (frações 38 até 56); 4. hexano/acetato de etila/ isopropanol 88:11,2:0,8 (frações 57 até 77); 5. hexano/acetato de etila/ isopropanol 80:18,7:1,3 (frações 78 até 97); 6. 45 hexano/acetato de etila/ isopropanol 70:28:02 (frações 98 até 120); 7. hexano/acetato de etila 1:1 (frações121 até 130); 8. acetato de etila (frações 131 até 138); 9. metanol (fração 139). Como o rendimento de massa das frações da cromatografia em coluna 1 foi baixo, foi realizada uma segunda cromatografia em coluna com as frações 3 e 4 da extração em fase sólida em maior escala otimizando algumas condições da cromatografia em coluna 1. Cromatografia em coluna 2: Foi realizada cromatografia em coluna com as frações 3 e 4 da extração em fase sólida em maior escala. Utilizou-se uma coluna de vidro de 5 cm de diâmetro interno, preenchida com 20 cm de sílica gel (0,040-0,063 mm). Foram adicionados 1.061,2 mg da fração 3 e 2.079,4 mg da fração 4. A eluição (Veluente: 1000 mL) foi realizada como segue: 1. hexano/ acetato de etila/ isopropanol 98:02 (frações 1 até 11) 2. hexano/acetato de etila/ isopropanol 90:9,3:0,7 (frações 12 até 30) 3. hexano/acetato de etila/isopropanol 89:10,2:0,8 (frações 31 até 50) 4. hexano/acetato de etila/ isopropanol 87:12,1:0,9 (frações 51 até 70) 5. hexano/acetato de etila/ isopropanol 83:15,8:1,2 (frações 71 até 90) 6. hexano/acetato de etila/isopropanol 75:23,3:1,7 (frações 91 até 110) 7. hexano/acetato de etila/isopropanol 70:28:02 (frações 111 até 130) 8. hexano/acetato de etila 50:50 (frações 131 até 140) 9. acetato de etila (frações 141 até 147) 10. metanol (fração 148 e 149). Todas as frações foram coletadas com volume de 50 mL, com exceção das frações eluídas com metanol que foram coletadas com volume de 500 mL. Todas as frações obtidas por EFS ou CC foram secas em capela ou rotaevaporador e, em seguida, em dessecador com sílica gel sob vácuo. Após foram armazenadas sob refrigeração em frascos fechados. 4.5 Cromatografia em camada delgada Todas as frações obtidas foram solubilizadas em acetato de etila (5 mg/mL) e submetidas à análise por cromatografia em camada delgada, utilizando uma série de eluentes e reveladores seletivos como anisaldeído (terpenos e esteroides) e NP/PEG (flavonoides), além de ácido sulfúrico 10 % como revelador de compostos orgânicos (revelador universal). Condições cromatográficas: sílica Gel 60G (20 x 20 cm x 0,25 mm); ativação: 110ºC
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