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Fato típico e seus conceitos Fato típico É um fato humano que se enquadra com perfeição aos elementos descritos pelo tipo penal. Em sentido contrário, fato atípico é a conduta que não encontra correspondência em nenhum tipo penal. Por exemplo, a ação do pai consiste em manter relação sexual consentida com sua filha maior de idade e plenamente capaz é atípica, pois o incesto, ainda que imoral, não é crime. Elementos do fato típico Para existir fato típico, temos que considerar os quatro elementos: 1. Conduta 2. Resultado 3. Nexo de causalidade 4. Tipicidade Obs: dos quatro elementos do fato típico, apenas a CONDUTA e a TIPICIDADE são elementos considerados OBRIGATÓRIOS. O nexo causal e o resultado, por sua vez, não serão necessários em alguns casos! A conduta produz o resultado naturalístico, ligados entre si pela relação de causalidade. Em caso de tentativa, suprime-se o resultado naturalístico (não produzido por circunstâncias alheias à vontade do agente) e o nexo causal, limitando-se o fato típico aos elementos conduta e tipicidade. Nos crimes formais e de mera conduta, os componentes do fato típico também são a conduta e tipicidade. Conduta livre: disparo de arma de fogo, facada, golpe de jiu-jitso Nexo causal: relação de causa e feito entre a ação (disparo) e o resultado (morte da vítima) Resultado: trata-se de crime material, que prevê um resultado necessário para sua configuração, no caso, a morte da vítima. Tipicidade: adequação entre o fato praticado e a previsão legal- matar alguém. Conduta= ação humana no sentido de sequestrar alguém para obter qualquer tipo de vantagem. Nexo causal= desnecessário Resultado= desnecessário Tipicidade= adequação entre o fato praticado e a previsão legal Conduta Animais praticam conduta para fins penais? Não, para fins penais, é humana. Deve ser VOLUNTÁRIA E CONSCIENTE. Para que seja considerada como típica, a conduta deve ser DOLOSA ou CULPOSA. A conduta pode se exteriorizar por ação ou por omissão. Dolosa (intencional) ou culposa (por negligência, imprudência ou imperícia) Ex: indivíduos sonâmbulos que cometem homicídios ou de pessoas que “levam susto” e acabam, por reflexo, acidentalmente, ferindo e matando alguém. Existe conduta? Elementos da conduta a) Comportamento voluntario (dirigido a um fim): nos crimes dolosos, o fim é a lesão ao bem jurídico ou sua exposição a perigo, ao passo que, nos crimes culposos, a finalidade é a prática de um ato cujo resultado previsível seja capaz de causar lesão ao bem jurídico; b) Exteriorização da vontade: é o aspecto mecânico ou neuromuscular, consistente na prática de uma ação ou omissão capaz de externar o elemento psíquico. Exclusão da conduta a) Caso furtuito e força maior Acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que fogem do domínio da vontade do ser humano. Ampla divergência doutrinaria: acontecimento imprevisível e inevitável provocado pelo homem (exemplo: greve de ônibus), e por força maior o evento, decorrente da natureza (exemplo: inundação provocada por uma tempestade). b) Atos ou movimentos reflexos: Movimento corpóreo não se deve ao elemento volitivo, mas sim ao fisiológico. Obs: não se confundem com as ações derivadas dos atos impulsivos fundamentais em emoções ou paixões violentas. Nesses casos há o elemento volitivo que estimula a conduta. “homem diz que matou a mulher porque amava demais e teve ciúmes” c) Coação física irresistível Vis absoluta, o coagido não tem liberdade para agir. Não lhe resta nenhuma outra opção, a não ser praticar um ato em conformidade com a vontade do coator. Ex: alguém pressiona o dedo do coagido contra o gatilho de revolver. Exclui a conduta. Coação física não se confunde com a coação moral irresistível (vis compulsiva), havendo, nesse caso, o emprego de grave ameaça. Na coação moral é conferida ao coagido a possibilidade de escolha. “ou você mata aquela pessoa, ou eu mato o seu filho” d) Sonambulismo e hipnose Também não há conduta, por falta de vontade nos comportamentos praticados. Em síntese, a vontade é a causa da conduta, e a conduta é a causa do resultado. Não há vontade no tocante à produção do resultado. O elemento volitivo, interno, acarreta em um movimento corporal do agente, o qual, objetivamente, produz o resultado. Em outras palavras, para a configuração da conduta basta apenas uma fotografia do resultado. Imagine-se o seguinte exemplo: “A” trafega cautelosamente com seu carro em via pública, a 40km/h. O limite da pista é de 60km/h, e o veículo reúne perfeitas condições de uso. De repente, uma criança se solta dos braços da mãe, passa por trás de um ônibus que estava estacionado em local permitido e impedia a visibilidade de “A”, e, inesperadamente, lança-se na direção do automóvel, chocando-se contra ele. A criança morre. O agente não tinha dolo nem culpa. Qual a fotografia do evento? “A” na direção do seu veículo automotor, uma criança morta á sua frente e o para-choque do carro amassado. No exemplo citado, não haveria crime por ausência de culpabilidade. O fato seria típico e ilícito (pois não se encontra presente nenhuma causa de exclusão de ilicitude), mas não existiria a culpabilidade pela falta de um dos seus elementos (dolo ou culpa). O principal defeito dessa teoria é separar a conduta praticada no mundo exterior (movimento corporal objetivo) da relação psíquica do agente (conteúdo volitivo), deixando de analisar a sua vontade. Consequentemente, as regras do direito não podem ordenar ou proibir meros processos causais, mas apenas atos dirigidos finalisticamente, ou então a omissão de tais atos. Para teoria finalista, conduta é o comportamento humano, consciente e voluntario, dirigido a um fim. Daí o seu nome finalista, levando em conta a finalidade do agente. Sistema finalista Fato típico---ilicitude---culpabilidade Imputabilidade potencial Consciência da ilicitude Exigibilidade de conduta diversa Conduta (c/ dolo ou culpa) Resultado naturalístico Relação de causalidade Tipicidade ELEMENTOS DA CONDUTA= VONTADE, FINALIDADE, EXTERIORIZAÇÃO, CONSCIÊNCIA Resultado É a consequência provocada pela conduta do agente Em direito penal, o resultado pode ser jurídico ou naturalístico. Tipos de resultado Resultado jurídico ou normativo, é a lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico protegido pela lei penal. (fato e norma, está no código) Resultado naturalístico, ou material, é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente. (tem que exteriorizar). Estará presente somente nos crimes materiais consumados. Se tentado o crime, ainda que material, não haverá resultado naturalístico. Nos crimes formais, ainda que possível sua ocorrência, é dispensável o resultado naturalístico. Qual resultado (naturalístico ou normativo) integra o crime? Para a primeira corrente, é o naturalístico. Logo, os quatro elementos do fato típico irão se reunir apenas nos crimes materiais, pois só estes provocam indispensável modificação no mundo exterior. Nesta linha de raciocínio, os crimes formais e os de mera conduta seria dotado apenas de conduta e de tipicidade. Para outra, é o normativo. Dispondo o artigo 13 do código penal que a existência do crime depende da ocorrência do resultado, deve-se compreende-lo não sob o aspecto puramente naturalístico, mas principalmente jurídico. Logo, o resultado deve ser entendido como a lesão ou o perigo ao bem jurídico, como forma de harmonizar o texto do artigo 13 com os tipos penais que não exigem a ocorrência de resultado naturalístico. Art. 13º O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Tipicidade Descrição abstrata de uma conduta que permite concretizar o principio da reserva legal (não há crime sem lei anterior que o defina). Otipo penal vem estruturado da seguinte forma: a) Título ou “nomem juris”: o legislador confere à conduta e o ao evento produzido um nome, como o homicídio simples é a rubrica do modelo de comportamento “matar alguém”. b) Princípio primário: é a descrição da conduta proibida, quando se refere ao tipo incriminador. Ex; art 121 do código penal é “matar alguém” c) Preceito secundário: é a parte sancionadora, que ocorre somente nos tipos incriminadores, estabelecendo a sanção penal. (é a pena) Ex: no crime de homicídio simples, o preceito secundário é “reclusão, de seis a vinte anos”.
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