Buscar

ANTROPOLOGIA SOCIAL-TEMA 2-Aspectos Sociológicos e Antropológicos no Mundo Contemporâneo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
A visão socioantropológica dos aspectos contemporâneos da cidadania, globalização, desigualdades sociais, pobreza e exclusão social.
PROPÓSITO
Compreender os aspectos e os conceitos de cidadania, globalização, desigualdades sociais, pobreza e exclusão social sob o olhar da Sociologia e da Antropologia, bem como suas relações com o processo saúde-doença, é importante para sua formação como profissional de saúde, pois facilitará sua conexão com a população.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir o conceito de globalização e sua relação com o estado de saúde das sociedades
MÓDULO 2
Descrever as relações entre cidadania e saúde
MÓDULO 3
Identificar as desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão social como determinantes no processo saúde-doença
INTRODUÇÃO
Neste conteúdo, vamos conhecer um pouco as questões relacionadas à globalização, à
pobreza e à exclusão social por meio de alguns aspectos históricos e das ideias dos principais pensadores sobre o assunto. Ao final deste estudo, nosso olhar sobre tais questões mudará, pois as ideias aqui discutidas contribuirão muito para compreendermos as relações entre esses tópicos na sociedade de hoje.
Tal debate nos possibilita enxergar fatos além do que conhecemos superficialmente da sociedade, o que nos faz refletir para além do indivíduo que está a nossa frente e, por meio desse movimento, exige de nós um pensamento mais coletivo.
A abordagem feita aqui para discutir sobre a globalização, a pobreza e a exclusão social nos permitirá a refletir com embasamento pautado em conceitos, teorias e pesquisas de grandes autores.
Vamos mergulhar sobre esse novo olhar e conhecer uma nova perspectiva sobre o mundo, ver além dos contextos, além do que está à nossa frente. Certamente, após a leitura deste tema, nossa percepção sobre a sociedade será muito melhor.
MÓDULO 1
Definir o conceito de globalização e sua relação com o estado de saúde das sociedades
Imagem: Shutterstock.com
GLOBALIZAÇÃO
De acordo com Santos (1993), a globalização tem a Guerra Fria como um marco que gerou um impacto direto nas áreas da industrialização, a fim de estimular uma nova humanidade e novos avanços. Impulsionado por esse movimento, um grupo de intelectuais de diferentes lugares organizaram a Conferência Internacional para discutir essa nova dinâmica global e seus impactos em aspectos da sociedade, como a cultura, a economia e a comunicação.
Para Rattner (1995), a globalização teve início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois houve uma expansão internacional da economia devido à ampliação do comércio, ao aumento da produção mundial de produtos e aos investimentos externos.
Já Gorender (1995) afirma que a globalização só iniciou 30 anos após a Segunda Guerra Mundial, com o aumento das taxas gerado pela economia capitalista.
No relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, a globalização apresenta três etapas.
PRIMEIRA ETAPA
Entre 1870 e 1913, ocorreu uma enorme movimentação financeira e de trabalhadores. A diminuição dos gastos com os transportes de mercadoria contribuiu muito para o aumento da produção. Todo esse processo foi interrompido pela Primeira Guerra Mundial.
SEGUNDA ETAPA
Iniciou-se após a Segunda Guerra Mundial, de 1945 a 1973, onde o foco estava em estabelecer relações entre os países desenvolvidos, estreitar os laços por meio de acordos internacionais, econômicos e políticos, e aumentar o comércio de produtos manufaturados entre esses países.
TERCEIRA ETAPA
Começou nas últimas décadas do século XX, com a característica principal do crescimento do livre comércio e a presença de grandes empresas multinacionais.
Muitos estudiosos entendem que a globalização afeta apenas os aspectos econômicos de uma sociedade, mas há os que defendem que os aspectos sociais e culturais também são atingidos. Em outras palavras:
[...] A GLOBALIZAÇÃO IMPLICA UM ACESSO MAIS AMPLO, MAS NÃO EQUIVALE PARA TODOS, MESMO NA SUA ETAPA, TEORICAMENTE MAIS AVANÇADA. DO MESMO MODO, OS RECURSOS NATURAIS SÃO DISTRIBUÍDOS DE FORMA DESIGUAL. POR TUDO ISSO, [...] O PROBLEMA DA GLOBALIZAÇÃO ESTÁ EM SUA ASPIRAÇÃO EM GARANTIR UM ACESSO TENDENCIALMENTE IGUALITÁRIO AOS PRODUTOS E SERVIÇOS, EM UM MUNDO NATURALMENTE MARCADO PELA DESIGUALDADE E PELA DIVERSIDADE. HÁ
UMA TENSÃO ENTRE ESSES DOIS CONCEITOS BÁSICOS. TENTAMOS ENCONTRAR UM DENOMINADOR COMUM, ACESSÍVEL A TODAS AS PESSOAS DO MUNDO, A FIM DE QUE POSSAM OBTER AS COISAS QUE NATURALMENTE NÃO SÃO ACESSÍVEIS A TODOS. O DENOMINADOR COMUM É O DINHEIRO, ISTO É, OUTRO CONCEITO ABSTRATO.
(HOBSBAWM, 2000, p. 75)
Conceituar globalização envolve questões sociais, políticas e econômicas sem fronteiras, pois, na lógica de um mundo globalizado, qualquer decisão ou fato que modifique essas condições citadas em determinada sociedade pode afetar pessoas em diferentes lugares no mundo.
Falar sobre globalização envolve entender que ela precisa ser vista como uma unificação das relações sociais mundialmente e que suas transformações têm impacto nos diferentes aspectos da vida: religioso, social, cultural, econômico ou tecnológico.
A globalização está diretamente relacionada com a tecnologia, pois as duas, em conjunto, são
a característica principal do sistema capitalista. O avanço das novas tecnologias da informação possibilitou dar agilidade às mudanças financeiras de muitos países, levando-nos a uma sociedade com características globais e sistemas políticos e econômicos semelhantes.
Imagem: Shutterstock.com
Com o processo de globalização, surgiram associações econômicas, geralmente, entre países
próximos, a fim de realizarem acordos econômicos e estabelecerem uma atuação no mercado de maneira conjunta.
Imagem: Shutterstock.com
Fala-se de globalização apenas com o olhar voltado para a economia. Muitas vezes, a análise
concentra-se no papel das empresas multinacionais, cujas operações ultrapassam os limites
territoriais dos países, interferindo nos processos globais de produção e distribuição de trabalho.
Imagem: Shutterstock.com
Há quem pense na globalização sob o viés da tecnologia, mas alguns acreditam que é errado refletir sobre esse conceito de maneira econômica e tecnológica. Isso porque, a globalização é um conjunto de fatores, porém cabe ressaltar que o seu progresso se deve aos avanços tecnológicos na comunicação (GIDDENS, 2008).
As principais características da globalização são:
Crescimento do comércio internacional de bens, produtos e serviços;
Transnacionalização de megaempresas; Livre circulação de capitais;
Privatização da economia e minimização do papel dos governos e dos Estados-nação;
Queda de barreiras comerciais protecionistas e regulação do comércio internacional, segundo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC);
Facilidade de trânsito de pessoas e bens entre os diversos países do mundo;
Expansão das possibilidades de comunicação pelo surgimento da chamada sociedade da informação e da grande facilidade de contato entre as pessoas devido ao aparecimento de diversos instrumentos e ferramentas, entre as quais a internet.
(BUSS, 2007)
TIPOS DE GLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E NEOLIBERAL
Nesse tipo de globalização, as economias internas devem estar abertas ao mercado mundial, e os valores internos precisam estar preparados para acompanhar as mudanças de preço das economias externas, adequando-se a elas, a fim de continuar em um padrão de competitividade.
No modelo econômico neoliberal, as seguintes características devem ser consideradas:
A restrição drástica à regulação estatal da economia;
Os novos direitos de propriedade internacional para investimentos estrangeiros, invenções e criações suscetíveis a entrar na regulação da propriedade intelectual;
A subordinação dos estados nacionais às agências multilaterais, tais como o Banco Mundial do Comércio.
(SANTOS, 2001)
GLOBALIZAÇÃO SOCIAL E DESIGUALDADES
O sistema global sempre apresentou características de estrutura baseada em classes, que,
atualmente, revelam relações transnacionais,e podem contribuir para as desigualdades econômicas. Nesse campo da globalização, é importante diminuir os gastos com salários para
fundamentar o crescimento e a estabilidade econômica. Dessa forma, esses fatores poderão contribuir para a desigualdade social.
GLOBALIZAÇÃO POLÍTICA E ESTADO-NAÇÃO
Como território com barreiras geográficas limitadas, o país deixa de ser o centro e uma unidade econômica, social e política. É necessário interagir com outros países para poder controlar bens e até mesmo a circulação de pessoas.
EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO
No campo da economia, as mudanças são perceptíveis nas áreas de produção de mercadorias. Impulsionados pelos novos meios de comunicação, muitos produtos deixam de ser produzidos de maneira centrada em um território e passam a ser fabricados por vários países. A concorrência faz com que o mercado interno se preocupe com a qualidade e o preço de seus produtos e, com isso, busque uma estabilidade econômica.
Esse aumento na competição internacional motivou as empresas a buscarem meios de diminuir custos e ganhos, a fim de alcançar melhores preços e qualidade dos produtos, e, assim, manter a competitividade no mercado nacional e internacional. Em consequência dessa busca pelo aumento da produção, observamos o processo de automação, que levou à diminuição de várias vagas de emprego, devido à troca da máquina pela mão de obra humana.
No campo político, os países buscam proteção mútua por meio de acordos e blocos internacionais, que os ajudam a se organizar diante de um mercado internacional competitivo com base em regras e normas estipuladas entre eles.
Fonte: Autor/Shutterstock
A tecnologia é outro campo da globalização. Sua rápida evolução e a pulverização da Tecnologia da Informação foram pontos-chave na abertura do comércio internacional e nas relações econômicas entre diferentes países. Uma nova forma de organização do trabalho está surgindo e, com todo o avanço tecnológico, trazendo a automação, aumentando a qualificação profissional e diminuindo a quantidade de trabalhadores.
Fonte: Autor/Shutterstock
O campo social da globalização apresenta um grande desequilíbrio na vida dos trabalhadores. O avanço da produção devido às novas tecnologias causou uma onda de desemprego e o aumento da desigualdade entre as classes.
Fonte: Autor/Shutterstock
Quanto aos aspectos culturais, houve um aumento da troca de informações sobre as diferentes culturas pelo mundo que foi possível devido ao uso da internet. Essa troca possibilita vislumbrar realidades sociais e culturais diferentes, bem como aumentar o reconhecimento e o respeito pela diversidade cultural. Ainda nessa troca, podemos incluir a inserção de novos hábitos alimentares por meio de fast-foods, principalmente, e o acesso a programas de televisão.
Fonte: Autor/Shutterstock
Para o meio ambiente, a globalização trouxe um enorme problema atmosférico, escassez de matéria-prima, poluição de rios e mares, e diversos desastres ambientais, que podem acontecer quando o homem interfere no percurso natural do meio ambiente ou por consequência climática derivada do aquecimento global e do efeito estufa.
Não há como os governos controlarem a surgimento de doenças de ordem pandêmica, a crise no mercado financeiro e suas consequências afetam a sociedade de modo geral.
Buscando dar uniformidade a essas questões, as grandes nações começaram a pensar em um tipo de governança global, que é uma autoridade acima dos interesses dos territórios nacionais. Como exemplo dessa governança, podemos citar a Organização das Nações
Unidas (ONU). Essa nova tendência se torna adequada à nova ordem mundial por estabelecer um ritmo semelhante às mudanças que ocorrem e à interdependência entre as nações. No entanto, essa nova função parece ser um dos maiores desafios para a sociedade global no
século XXI.
GLOBALIZAÇÃO E SAÚDE
Existe um conceito ampliado de saúde que a avalia sob os aspectos biológico, social e psíquico. Pensando assim, o processo saúde-doença é diretamente afetado pela globalização se pensarmos na desigualdade social causada por ela.
Para entendermos melhor essa relação entre globalização e saúde, vamos relembrar alguns aspectos históricos que a compõem.
No final do século XIX, na luta contra as doenças contagiosas, três questões foram consideradas primordiais pelo mundo:
Fonte: Autor/Shutterstock
A descoberta das causas das doenças.
O uso de remédios e terapias adequadas para o tratamento.
A vontade política de combatê-las.
Os séculos XIX e XX foram de grande avanço nesse sentido, em relação às principais comorbidades que afetavam a população mundial. Doenças como a cólera, a tuberculose e a peste faziam parte desse grupo de comorbidades. Graças a ações como o uso de soros e vacinas, o aumento de saneamento básico nas cidades, a diminuição da carga horária de trabalho e os protocolos de segurança para evitar a contaminação entre países, tais doenças foram combatidas.
COMENTÁRIO
Com todos esses avanços na saúde, foi observado, em seguida, o aumento da expectativa de vida em escalas diferentes nos países, até mesmo porque a desigualdade social interna também colabora para índices de expectativa de vida. No entanto, mesmo com essa desigualdade, tais avanços representaram um grande progresso social e biológico.
A facilidade de circulação entre os países e o aumento das viagens internacionais foram fatores que contribuíram para a disseminação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e aumentaram o risco de pandemias. Além desses aspectos, a maior circulação de pessoas entre os países também fomentou o aumento da circulação de drogas ilícitas.
Junto com as questões políticas e econômicas que a globalização tornou sem fronteiras, os avanços em saúde também acompanharam esse processo, trazendo melhorias e riscos em nível global.
A GLOBALIZAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE
A especialista Carine Sena fala sobre a globalização e sua relação com a saúde.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A GLOBALIZAÇÃO É UM PROCESSO CONTÍNUO DE INTEGRAÇÃO, EM ESPECIAL, ECONÔMICA DO GLOBO. PARA ISSO, É NECESSÁRIA A DISPONIBILIDADE DE FERRAMENTAS QUE PERMITAM A ORGANIZAÇÃO DAS REDES E DOS FLUXOS ENTRE AS DIFERENTES REGIÕES DO MUNDO. DESSE MODO, A GLOBALIZAÇÃO ESTÁ AMPARADA NO:
Protecionismo econômico praticado pelos países desenvolvidos.
Desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação.
Emprego de técnicas tradicionais de produção, como o fordismo.
Comprometimento com o desenvolvimento sustentável das nações.
Processo industrial altamente concentrado nos países emergentes.
2. NA ATUALIDADE, A EMERGÊNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS GERA INTENSOS DEBATES ENTRE OS REPRESENTANTES DOS PAÍSES, ASSIM COMO NA SOCIEDADE CIVIL. COMO INDUTOR DE TRANSFORMAÇÕES NA SUPERFÍCIE TERRESTRE, O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO CONTRIBUI PARA O AUMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELAS ATIVIDADES HUMANAS. UM EXEMPLO DE IMPACTO AMBIENTAL PROVOCADO PELO AUMENTO DAS REDES E DOS FLUXOS TÍPICOS DA GLOBALIZAÇÃO É:
O estabelecimento de acordos comerciais entre os países do globo.
O acordo das nações desenvolvidas para o desenvolvimento agrário.
A escassez de matéria-prima e os diversos desastres ambientais.
O planejamento urbano baseado nos fluxos das grandes cidades.
O aumento da produção de veículos movidos à eletricidade.
GABARITO
1. A globalização é um processo contínuo de integração, em especial, econômica do globo. Para isso, é necessária a disponibilidade de ferramentas que permitam a organização das redes e dos fluxos entre as diferentes regiões do mundo. Desse modo, a globalização está amparada no:
A alternativa "B " está correta.
A globalização é vista por muitos autores apenas como uma revolução econômica, mas
ultrapassa os limites territoriais de produção. Esses limites são rompidos graças ao progresso da globalização, com avanços tecnológicos nos meios de comunicação, e à ampliação dos meios de transporte para o comércio.
2. Na atualidade, a emergência das questões ambientaisgera intensos debates entre os representantes dos países, assim como na sociedade civil. Como indutor de transformações na superfície terrestre, o processo de globalização contribui para o aumento dos impactos ambientais gerados pelas atividades humanas. Um exemplo de impacto ambiental provocado pelo aumento das redes e dos fluxos típicos da globalização é:
A alternativa "C " está correta.
A ampla utilização dos diferentes meios de transportes, em razão do aumento das trocas comerciais em nível global, elevou os níveis de poluentes na atmosfera.
MÓDULO 2
Descrever as relações entre cidadania e saúde
Foto: Shutterstock.com
CIDADANIA
Cidadania é uma palavra de origem latina e que significa cidade. Nos séculos VIII e VII a.C., cidadão era aquele indivíduo homem que nascia em terras gregas e, por isso, tinha seus direitos políticos garantidos. Já os escravos, as mulheres e os estrangeiros não tinham esses direitos assegurados.
Em Roma, exercer a cidadania tinha relação direta com questões políticas. Como a classe social era muito importante, apenas os nobres tinham o direito de cidadão romano garantido.
Após séculos, com o objetivo de diminuir as desigualdades entre a população por meio de revoluções, a palavra cidadania assumiu o significado de ter direitos, sejam civis e sociais sejam coletivos e bioéticos. Posteriormente, esses direitos foram estendidos à saúde e ao âmbito econômico.
Para Marshall (1967), a cidadania moderna pode ser descrita a partir de três elementos importantes: político, civil e social.
O elemento político trata do direito de qualquer cidadão em participar do poder político como eleitor ou como um candidato para fazer parte da estrutura.
O elemento civil, inicialmente, era garantido apenas aos homens e assegurava o direito de ir e vir, de se expressar, bem como o direito à justiça.
Já o elemento social foi definido da seguinte maneira:
[...] refere-se a tudo o que vai desde o direito a um mínimo bem-estar econômico e à segurança ao direito de participar, por completo, na herança social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade.
(MARSHALL, 1967, p. 111)
Entendendo que a cidadania não está vinculada apenas à política, aqui, vamos descrever como seu exercício também está relacionado com as questões voltadas para a saúde da população como direito.
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, em Brasília, foi um marco da busca pelo direito à saúde da população brasileira. Essa foi a conferência com o maior número de participantes que promoveu a construção de ações políticas e financeiras para garantir o acesso, baseado na universalidade, integralidade e equidade, à saúde para qualquer cidadão em território nacional. Em nível internacional, o direito à saúde foi estabelecido pela Declaração dos Direitos Humanos, em 1948.
A saúde é um direito reconhecido e legitimado na Constituição Federal brasileira. Na prática, porém, observamos que esse direito não está totalmente assegurado, pois depende de arranjos políticos e partidários que tenham interesse em garanti-lo à população. Os ideais capitalistas acabam se sobrepondo aos de ética, direito à vida e humanidade que deveriam ser respeitados quando o assunto é saúde.
DIREITOS GARANTIDOS POR LEI
O conceito de cidadão sofreu mudanças ao longo da história até chegar ao atual, que considera todos os cidadãos iguais perante a lei e com direitos iguais. No entanto, nem todos
os países conseguem garantir esse direito de cidadania frente às desigualdades sociais enfrentadas.
Diante desse estado de desigualdades, vale abordarmos aqui a normalidade com que a população as recebe e como isso passa a fazer parte do cotidiano. Sobre essa passividade, Freire (2005) afirma que a população precisa se empoderar de seus direitos para reivindicá- los. Esse empoderamento, cujo nível pode ser individual ou coletivo, envolve despertar no cidadão a autonomia para que realize suas próprias análises e críticas, a fim de interferir em seu processo saúde-doença.
A Constituição Federal de 1988 define:
ART. 196. A SAÚDE DIREITO DE TODOS E UM DEVER DO ESTADO, GARANTIDO MEDIANTE POLÍTICAS SOCIAIS E ECONÔMICAS QUE VISEM À REDUÇÃO DO RISCO DE DOENÇAS E OUTROS AGRAVOS, E AO ACESSO UNIVERSAL E IGUALITÁRIO ÀS AÇÕES E [AOS] SERVIÇOS PARA PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO.
(BRASIL, 1988)
Essa definição demonstra o reconhecimento de um cenário político de luta pela ampliação da cidadania.
Foto: Brenda Rocha - Blossom / Shutterstock.com
No Brasil, a representação da participação popular na construção do Sistema Único de Saúde (SUS) é garantida pela Lei nº 8.142/1990, que assegura, por meio dos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional, bem como pelas Conferências de Saúde, a atuação da sociedade na tomada de decisões, principalmente em questões relativas à saúde da coletividade. Ao longo dos anos, novas estratégias foram estruturadas para fortalecer cada vez mais essa participação.
Os integrantes dessas instituições devem ser estabelecidos de maneira paritária, ou seja, 50% de representantes da sociedade civil e 50% de prestadores de serviços, profissionais de saúde e representantes do governo. Outra característica importante é que todos os representantes possuem grau de autoridade igual dentro dos espaços colegiados.
Em 1991, foram criadas as Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite. A Comissão Intergestores Bipartite possui representação de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde. Já a Comissão Intergestores Tripartite possui, além dessas duas instâncias, a representação do Ministério da Saúde.
A partir de 1993, o governo começou a instituir Normas Operacionais Básicas (NOBs) que contribuíram para a estrutura e descentralização da tomada de decisão e do poder sobre a saúde da população. Vejamos algumas delas:
NOB-SUS/1993 NOB-SUS/1996
NOB-SUS/1993
Instituiu o início da municipalização a partir da descentralização do poder político- administrativo da assistência em saúde.
NOB-SUS/1996
Acelerou o processo de descentralização da gestão para os municípios, instituiu programas com o olhar voltado para a população mais vulnerável, como o Programa do Agente Comunitário de Saúde (PACS), e incentivou a ampliação do Programa Saúde da Família (PSF), que já havia iniciado em 1994. As ações de ambos os programas estão voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a recuperação.
Em 2002, foi lançada a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS/2002), com a intenção de fomentar a regionalização dos serviços de saúde, que teve o apoio da Secretaria Estadual de Saúde. De acordo com essa norma, os municípios com características semelhantes e proximidade nos limites territoriais devem planejar ações em conjunto e de maneira integrada, buscando atender às demandas de média e alta complexidade de determinada região, a fim de garantir ao cidadão e àquela coletividade o direito e o acesso aos diferentes níveis de atenção à saúde.
ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
O Brasil possui como modelo preferencial de acesso à assistência à saúde a Atenção Primária em Saúde (APS). Por adotar esse modelo, o país precisa seguir alguns valores e princípios e determinadas características oriundas do padrão de APS existente no mundo. Esses valores precisam garantir acesso aos diferentes níveis de atenção à saúde, de forma a manter a complexidade equivalente a cada um deles.
A tabela a seguir apresenta o modelo de assistência à saúde com base no sistema APS:
	Atenção Primária em Saúde	
	Princípios	Características
		Acesso e cobertura universal.
	Resposta às necessidades de saúde da população.	Atenção integral e integrada.
		Ênfase na prevenção e na promoção.
	Serviços de saúde
orientados pela qualidade.
Responsabilidade e prestação de contas dos governos.	Atenção apropriada, ou seja, focalizar na pessoa como um todo e em suas necessidades sociais e de saúde ao longo da vida.
		Orientação familiar e comunitária.
	Sociedade justa.Organização e gestão otimizadas.
	Sustentabilidade do sistema
de saúde.	Primeiro contato/porta de entrada principal do sistema de serviços sociais e de saúde.
	Participação e
intersetorialidade.	Sistema acoplado intimamente com as ações intersetoriais e com enfoques comunitários.
Quadro: Sistema de saúde baseado na APS.
Extraído de Organização Pan-americana da Saúde, 2007, p. 9.
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A partir de 2006, houve reforço da APS na perspectiva de uma atenção organizadora ou coordenadora do modelo assistencial, ou, ainda, responsável pela integração do cuidado, por meio da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), aprovada pela Portaria nº 648/2006.
Dentro da proposta de organização do modelo de atenção à saúde no Brasil, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) surge a fim de reestruturar os serviços de saúde, onde há maior contato com a população. Essa nova proposta busca estabelecer vínculo e continuidade nas práticas assistenciais por meio de uma rede de atenção à saúde, demandada pela ESF, para os outros níveis de complexidade da rede.
O compromisso assumido é prestar uma assistência baseada na universalidade, integralidade e equidade, e longínqua, na própria unidade ou em atendimento domiciliar, caso haja necessidade (GIOVANELLA; MENDONÇA, 2018).
A PNAB/2006 foi revisada cinco anos depois e publicada pela Portaria nº 2.488/2011. Essa revisão manteve parte do conteúdo da PNAB anterior. As mudanças atenderam apenas a algumas necessidades de adequação quanto às equipes de saúde da família, ao núcleo de apoio à saúde da família, às equipes fluviais e ribeirinhas, ao consultório na rua e à alteração da carga horária médica.
Depois disso, houve uma revisão na PNAB/2011, quando foi lançada a Portaria nº 2.436/2017, que manteve parte do conteúdo da política anterior, propondo algumas mudanças na estrutura das equipes. Independentemente da formação dessas equipes, elas são responsáveis por desenvolver suas atividades respeitando algumas diretrizes inerentes ao processo de trabalho do modelo APS, que são:
[...] DEFINIÇÃO DO TERRITÓRIO E TERRITORIALIZAÇÃO, RESPONSABILIZAÇÃO SANITÁRIA, PORTA DE ENTRADA PREFERENCIAL, ADSCRIÇÃO DE USUÁRIOS E
DESENVOLVIMENTO DE RELAÇÕES DE VÍNCULO, ACESSO, ACOLHIMENTO, TRABALHO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL, RESOLUTIVIDADE, PROMOÇÃO DE ATENÇÃO INTEGRAL, REALIZAÇÃO DE AÇÕES DE ATENÇÃO DOMICILIAR, PROGRAMAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO À SAÚDE DE ACORDO COM AS NECESSIDADES DE SAÚDE DA POPULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE COMO UM PRINCÍPIO PARA O CUIDADO EM SAÚDE, DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS E AGRAVOS, DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES EDUCATIVAS, DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES INTERSETORIAIS, PARTICIPAÇÃO DO PLANEJAMENTO LOCAL DE SAÚDE, FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE.
(BRASIL, 2017, p. 18)
Após a criação do SUS, ficaram perceptíveis os esforços políticos para garantir o direito ao cidadão e à coletividade de ter acesso aos serviços de saúde nos diferentes níveis de atenção à saúde. Sabemos que as falhas e as dificuldades existem, mas precisamos estar de prontidão, exercendo nossa cidadania de maneira empoderada, para lembrar ao Estado que o direito à
saúde, no sentido mais amplo da palavra, é um direito do cidadão adquirido e previsto na Constituição Federal.
A RELAÇÃO ENTRE CIDADANIA E SAÚDE
A especialista Carine Sena fala sobre a relação entre cidadania e saúde.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) REPRESENTOU UM MARCO DE CONQUISTAS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA FRENTE AOS AVANÇOS PARA MELHORAR O ACESSO DA POPULAÇÃO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE. O MODELO DEMOCRÁTICO DE DIREITO ESTIPULADO NO BRASIL GARANTE, POR MEIO DO SUS, PROTEÇÃO E REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES EM SAÚDE PELA GARANTIA DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA, SEM JULGAMENTOS E PRECONCEITOS, COMO ESTÁ PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
BASEADO NESSE ENTENDIMENTO, AS DUAS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DA POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE BRASILEIRA SÃO:
Paternalismo e filantropia
Liberalismo e meritocracia
Universalismo e igualitarismo
Nacionalismo e individualismo
Revolucionarismo e coparticipação
2. A CIDADANIA É UM CONCEITO QUE POSSUI DIVERSOS SIGNIFICADOS, EM GERAL, RELACIONADOS COM A PARTICIPAÇÃO SUJEITO-CIDADÃO DENTRO DA SOCIEDADE, BEM COMO COM SEUS DIREITOS E DEVERES. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR EXPRESSA A IDEIA DE CIDADANIA:
A maneira que o indivíduo encontra para responsabilizar o Estado por sua condição.
A conjunção entre direitos políticos, civis e sociais.
O direito do cidadão de agir livremente na sociedade.
Uma perspectiva que considera o indivíduo responsável apenas por sua própria vida.
A garantia de igualdade perante a justiça.
GABARITO
1. O Sistema Único de Saúde (SUS) representou um marco de conquistas da população brasileira frente aos avanços para melhorar o acesso da população aos serviços de saúde. O modelo democrático de direito estipulado no Brasil garante, por meio do SUS, proteção e redução das desigualdades em saúde pela garantia do exercício da cidadania, sem julgamentos e preconceitos, como está previsto na Constituição Federal de 1988.
Baseado nesse entendimento, as duas características importantes da política pública de saúde brasileira são:
A alternativa "C " está correta.
Os princípios da universalidade e do igualitarismo relacionados à saúde estão determinados pelo art. 196 da Constituição Federal de 1988. Enquanto a universalidade preza o acesso de todos os cidadãos aos serviços de saúde, o igualitarismo traduz que tais serviços serão prestados sem qualquer tipo de discriminação.
2. A cidadania é um conceito que possui diversos significados, em geral, relacionados
com a participação sujeito-cidadão dentro da sociedade, bem como com seus direitos e deveres. Assinale a alternativa que melhor expressa a ideia de cidadania:
A alternativa "B " está correta.
Cidadania traduz a ideia de indivíduos com direitos nas esferas civis, sociais, coletivas, econômicas, bioéticas e de saúde, permitindo, assim, uma atuação do Estado com o objetivo
de diminuir as desigualdades sociais.
MÓDULO 3
Identificar as desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão social como determinantes no processo saúde-doença
Imagem: Shutterstock.com
DESIGUALDADES SOCIAIS
Atualmente, devido à desigualdade social, muitas pessoas vivem abaixo da linha da pobreza,
o que as classifica como parte do grupo de extrema pobreza. O quadro em que esses indivíduos se encontram envolve falta de acesso digno à moradia, à alimentação, à água encanada, ao saneamento básico e aos serviços básicos de saúde.
Foto: Joa Souza / Shutterstock.com
Já em contraste com a situação de pobreza existente no mundo, os ricos, milionários e
bilionários vivem no luxo, com acesso a serviços de saúde de alto padrão e sem limites para adquirir tudo por meio do dinheiro.
Foto: kibri_ho / Shutterstock.com
Davis e Moore (1945) desenvolveram uma explicação para a desigualdade social, baseados em um sistema de remuneração salarial desigual. De acordo com os estudiosos, pessoas que se preparam melhor para o mercado de trabalho se cercam de conhecimento de alto padrão e conseguem melhores salários e maiores realizações na vida. Entretanto, existem críticas a esse argumento fundamentadas no fato de que muitas pessoas possuem preparo e, nem sempre, conseguem alcançar os melhores cargos.
Gans (1972) afirma que manter a desigualdade social é vantajoso para o grupo de indivíduos ricos da sociedade, porque garante uma classe de proletariados baratos, que precisam de renda para o sustento familiar.
Foto: John Jabez Edwin Mayal/Wikimedia Commons/Domínio Público.
Karl Marx constatou que a desigualdade social é resultado de uma predominância de poder dos donos de indústrias, que passaram a acumular riquezas a partir do lucro obtido com os baixos salários pagos aos trabalhadores.
KARL MARX (1818-1883)
“Sociólogo e filósofo alemão que se debruçou,em particular, sobre a formação e a essência do capitalismo, considerando que este se fundamenta em uma apropriação indevida da mais-valia gerada pelo trabalho em uma lógica de acumulação e concentração de riqueza, que deixa completamente de lado a função social do trabalho e reduz o proletariado a um estado de alienação, em que o trabalho deixa de ser um fator de realização pessoal.”
Fonte: Infopédia – Dicionários Porto Editora.
A desigualdade social vem para desafiar os valores de justiça, equidade e igualdade de oportunidades. Trata-se de uma violação aos direitos humanos que afeta toda a população com sérias consequências econômicas e sociais.
Quanto mais pessoas pobres e na extrema pobreza, mais a sociedade é afetada.
Crianças de famílias pobres, em diferentes países pelo mundo, têm pouca ou nenhuma escolaridade e tendem a sofrer consequências na vida adulta, devido a uma inadequada alfabetização ou ao baixo rendimento escolar. Elas poderão se transformar em adultos que enfrentarão dificuldades para concorrer a uma vaga de emprego, por exemplo.
Fatores como a falta de saneamento básico em algumas regiões de um território, dificuldade de acesso à água potável e taxa de mortalidade materna ou infantil são reflexos das desigualdades sociais.
VOCÊ SABIA
Nas camadas da sociedade em que a população possui renda familiar mais baixa, também há maior concentração de enfermidades como hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardíacas. Pessoas sem recursos financeiros adequados têm dificuldade em acessar alimentos mais saudáveis e isso pode ter consequências a longo prazo.
A desigualdade social é um tema no qual a Sociologia se fundamentou para discutir as relações humanas e sociais, baseada em desigualdades de classe e poder datadas da Revolução Industrial. Seu estudo é importante, pois, a partir dele, conseguimos entender diversos problemas e conflitos de ordem global, que, junto à pobreza e à exclusão social, traçam a perspectiva de vida para grande parte da população mundial que vive em situação desfavorável.
POBREZA
A palavra pobre vem do latim paupe (pau = pequeno + pário = dou à luz) e, originalmente, referia-se a terrenos agrícolas ou gado que não produziam o desejado.
Para as Ciências Sociais, como a Antropologia e a Sociologia, a pobreza é um fenômeno complexo, pois é difícil criar uma abordagem para defini-la.
Imagem: Shutterstock.com
Por ser uma manifestação que apresenta uma multiplicidade de fatores agregados, a pobreza precisa ser vista sob as perspectivas sociais, econômicas, políticas e culturais. Ela faz parte da história, desde que grupos e classes sociais foram estabelecidos, dentro dos quais sempre existiram os mais privilegiados.
Foto: Shutterstock.com
Dentro dos marcos históricos que podemos traçar para entender como a distribuição desigual de recursos se iniciou, revisitamos o Egito, onde o Faraó exigia do povo parte de suas colheitas, ou a Grécia Antiga, onde a divisão de terras foi realizada apenas entre os descendentes dos chefes e poderosos da época. É possível observar que a terra e a produção estavam intimamente vinculadas ao poder.
Para Abreu (2012), a pobreza deve atingir muito mais pessoas do que aquelas que realmente são identificadas como pobres. Podemos afirmar que a incapacidade do sujeito que possui uma renda insuficiente em prover suas necessidades básicas:
autor/shutterstock
A falta de trabalho e de rendimento coloca esse indivíduo em um ciclo vicioso: ele não consegue alcançar seu lugar no mercado de trabalho para melhorar de vida porque não tem condições financeiras para se estruturar e se tornar competitivo aos outros que possuem toda essa estrutura.
A importância do trabalho no processo histórico da humanidade pode ser expressa nas seguintes palavras:
O PRESSUPOSTO DE TODA A EXISTÊNCIA E TAMBÉM, PORTANTO DE TODA A HISTÓRIA, A SABER, O PRESSUPOSTO DE QUE OS HOMENS
TÊM DE ESTAR EM CONDIÇÕES DE VIVER PARA PODER ‘FAZER HISTÓRIA’. MAS, PARA VIVER, PRECISA-SE, ANTES DE TUDO, DE COMIDA, BEBIDA, MORADIA, VESTIMENTA E ALGUMAS COISAS MAIS. O PRIMEIRO ATO HISTÓRICO É, POIS, A PRODUÇÃO DOS MEIOS PARA A SATISFAÇÃO DESSAS NECESSIDADES, A PRODUÇÃO DA PRÓPRIA VIDA MATERIAL, E ESTE É, SEM DÚVIDA, UM ATO HISTÓRICO, UMA CONDIÇÃO FUNDAMENTAL DE TODA A HISTÓRIA, QUE AINDA HOJE, ASSIM COMO HÁ MILÊNIOS, TEM DE SER CUMPRIDA DIARIAMENTE, A CADA HORA, SIMPLESMENTE PARA MANTER OS HOMENS VIVOS.
(MARX; ENGELS, 2007, p. 32-33)
Nesse debate a respeito da pobreza, alguns sociólogos como Crespo e Gurovitz (2002) a dividem em dois tipos:
POBREZA RELATIVA
Desigualdade de distribuição de renda, onde o sujeito possui menos renda comparado a outros que possuem mais.
POBREZA ABSOLUTA
Aquela estabelecida por meio de padrões mínimos de sobrevivência. Quem fica abaixo desses padrões está na linha da pobreza.
EXCLUSÃO SOCIAL
A pobreza está intimamente vinculada à exclusão social, pois o indivíduo que está no grupo estabelecido como pobre é excluído socialmente. A pobreza propicia um aumento da mão de obra barata, então, empregos legais e ilegais surgem e a população mais pobre são submetidas a condições precárias de trabalho.
Como parte de um processo iniciado na década de 1980, o termo marginalizado, ou seja, aquele que está à margem da sociedade, foi deixado de lado, e os autores começaram a utilizar a expressão exclusão social para se referir àqueles que estavam justamente na pobreza.
Fatores como estar desempregado, fazer parte de uma minoria social e ser portador de necessidades especiais são aspectos levados em consideração dentro de uma sociedade para colocar determinados grupos como excluídos sociais.
Quando se fala em exclusão social, a referência é uma sociedade composta de aspectos diversos considerados básicos, incluindo os políticos, sociais e culturais, que se complementam e se sobrepõem. A ausência desses recursos cria barreiras que dificultam o acesso ao mercado de bens e serviços, assim como maiores dificuldades aos prestadores de serviços, mesmo àqueles que estão total ou parcialmente protegidos.
Dessa maneira, para alguns autores, a exclusão social pode ser classificada como um processo que abrange as situações superficiais e as profundas.
As situações superficiais consideram, por exemplo, a falta de recurso para adquirir bens que os mais ricos conseguem com facilidade.
Já as situações profundas dizem respeito às pessoas que não têm moradia garantida, por exemplo.
A noção de exclusão social surgiu em meio às discussões de sociólogos para entender as questões de disparidades dentro da sociedade. A expressão é utilizada para tentar explicar como alguns grupos ou indivíduos são separados do todo da sociedade em casos específicos. Em outros termos:
A EXCLUSÃO SOCIAL LEVANTA A QUESTÃO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL. AFINAL, A PALAVRA EXCLUSÃO IMPLICA QUE ALGUÉM OU ALGO É DEIXADO DE FORA. CERTAMENTE, EXISTEM CASOS EM QUE INDIVÍDUOS SÃO EXCLUÍDOS COMO RESULTADOS DE DECISÕES QUE ESTÃO FORA DO SEU PRÓPRIO CONTROLE. OS BANCOS PODEM SE RECUSAR A ABRIR UMA CONTA CORRENTE OU DAR UM CARTÃO DE CRÉDITO A INDIVÍDUOS QUE VIVEM EM DETERMINADAS ÁREAS DA CIDADE, AS SEGURADORAS PODEM REJEITAR UM PEDIDO DE APÓLICE COM BASE NO HISTÓRICO PESSOAL DO CANDIDATO, UM EMPREGADO DESPEDIDO NA VELHICE PODE NÃO CONSEGUIR OUTRO EMPREGO POR CAUSA DA IDADE.
(GIDDENS, 2012, p. 357)
Giddens (2012) identifica as seguintes três formas de exclusão:
EXCLUSÃO ECONÔMICA
Que envolve os aspectos de aquisição de bens.
EXCLUSÃO POLÍTICA
Que ocorre quando o indivíduo não possui informação ou recursos que possibilitem sua participação no processo político.
EXCLUSÃO SOCIAL
Que se origina da falta de infraestrutura que permite à população ter acesso a espaços que promovem integração social e cultural.
Portanto, para Giddens (2012, p. 325), a exclusão social é entendida como: “as formas pelas quais os indivíduos podem ser afastados do pleno envolvimento na sociedade.”
PROGRAMAS SOCIAIS
Para diminuir os impactos causadospela pobreza e pela exclusão social na saúde da população, o governo brasileiro vem, desde 1980, lançando vários programas sociais de combate à fome e à miséria, tais como o Fundo de Combate à Pobreza, o Bolsa Família e o Fome Zero.
Como já discutido anteriormente, dentro desse processo de pobreza e exclusão social, é importante incentivar a conscientização da população quanto a seus direitos, a fim de que as pessoas tenham conhecimento suficiente para agir e romper com as amarras das desigualdades e iniquidades sociais, e que sejam inseridas no meio social sem nenhum tipo de barreira.
DESIGUALDADE SOCIAL E POBREZA
A especialista Carine Sena fala sobre a exclusão social e os determinantes no processo saúde-
doença.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. PARA ALGUNS SOCIÓLOGOS, COMO O ALEMÃO MAX WEBER (1864-1920), OS CONFLITOS SOCIAIS QUE GERAM A EXCLUSÃO SOCIAL SERIAM RESULTADOS DAS POSIÇÕES ASSIMÉTRICAS QUE OS INDIVÍDUOS OCUPAM NA SOCIEDADE. TAMBÉM ESTUDIOSO DEDICADO A ENTENDER AS QUESTÕES RELACIONADAS À POBREZA E À EXCLUSÃO SOCIAL, GIDDENS (2012) ESTRATIFICA A EXCLUSÃO EM TRÊS ESFERAS. SÃO ELAS:
Política, comportamental e jurídica
Econômica, social e política
Jurídica, participativa e relacional
Pública, privada e política
Política, participativa e privada
2. CRIADO EM 2003, O BOLSA FAMÍLIA É UM PROGRAMA DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA QUE REUNIU OUTROS AUXÍLIOS. ATUALMENTE, O VALOR MÉDIO RECEBIDO POR FAMÍLIA É DE R$191,00. É INCORRETO AFIRMAR QUE O PROGRAMA TEM O OBJETIVO DE:
Diminuir as taxas de mortalidade infantil.
Reduzir os índices de evasão escolar.
Assegurar o acesso a serviços essenciais.
Minimizar a migração interna no Brasil.
Garantir o acesso aos serviços básicos.
GABARITO
1. Para alguns sociólogos, como o alemão Max Weber (1864-1920), os conflitos sociais que geram a exclusão social seriam resultados das posições assimétricas que os indivíduos ocupam na sociedade. Também estudioso dedicado a entender as questões
relacionadas à pobreza e à exclusão social, Giddens (2012) estratifica a exclusão em três esferas. São elas:
A alternativa "B " está correta.
De acordo com Giddens (2012), os indivíduos podem ser afastados da sociedade por
intermédio da exclusão econômica, social e política. Enquanto a exclusão econômica está relacionada à aquisição de bens, a exclusão política refere-se à impossibilidade de participação do processo político por ausência de informação/recurso. Já a exclusão social se origina da falta de acesso aos serviços de integração social e cultural.
2. Criado em 2003, o Bolsa Família é um programa de transferência de renda que reuniu outros auxílios. Atualmente, o valor médio recebido por família é de R$191,00. É
incorreto afirmar que o programa tem o objetivo de:
A alternativa "E " está correta.
Os objetivos do programa Bolsa família estão relacionados a três eixos importantes:
Alívio imediato da pobreza – por meio da transferência direta de renda às famílias.
Ampliação do acesso a serviços públicos que representam direitos básicos nas áreas de Saúde, Educação e Assistência Social – por meio das condicionalidades, contribuindo para que as famílias rompam o ciclo intergeracional de reprodução da pobreza.
Coordenação com outras ações e outros programas dos governos, em suas três esferas, e da sociedade – de modo a apoiar as famílias para que superem a situação de vulnerabilidade e pobreza.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A globalização, a pobreza e a exclusão social são questões recentes no processo metodológico de estudos científicos que dependem de várias vertentes para serem analisadas. As sociedades são diretamente influenciadas pelo contexto social no qual as pessoas estão inseridas, e questões como essas são reflexos de como a distribuição de recursos é feita à população.
Os aspectos políticos, sociais e econômicos são de interesse dos estudiosos sobre o assunto, pois são os principais pilares que definem a desigualdade instalada na sociedade atual.
Estamos vivendo em um período de transformação global que, provavelmente, é tão profunda e sentida de maneira mais ampla em áreas maiores do mundo. No entanto, neste momento,
precisamos de novas teorias para nos ajudar a entender e explicar os novos conhecimentos que estão transformando as sociedades de hoje em dia.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ABREU, C. Desigualdade social e pobreza: ontem, hoje e (que) amanhã. Revista Angolana de Sociologia, n. 9, p. 93-111, 2012.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, DF: MS, SAS, DAB, 2017.
BUSS, P. M. Globalização, pobreza e saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 6, p. 1575-1589, nov./dez. 2007.
CRESPO, A.; GUROVITZ, E. A pobreza como um fenômeno multidimensional. RAE eletrônica, v. 1, n. 2, p. 2-12, 2002.
DAVIS, K.; MOORE, W. Some principles os stratification. American Sociological Review, v. 10, p. 242-249, 1945.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 45. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GANS, H. The positive functions of poverty. American Journal of Sociology, v. 78, p. 275- 289, 1972.
GIDDENS, A. Sociologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. GIDDENS, A. Sociologia. 7. ed. Porto Alegre: Penso, 2012.
GIOVANELLA, L.; MENDONÇA, M. H. M. Atenção Primária à Saúde. In : GIOVANELLA, L. et al . (org.). Políticas e sistemas de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, p. 575-623, 2018.
GORENDER, J. Estratégias dos Estados nacionais diante do processo de globalização.
Estudos Avançados, São Paulo, 1995.
HOBSBAWM, E. O novo século: entrevista a Antônio Polito. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.
MARX, K.; ENGELS, F. Feuerbach e história. In: MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Renovação da atenção primária em saúde nas Américas. Washington: OPAS, 2007.
RATTNER, H. Globalização em direção a um mundo só? Estudos Avançados, São Paulo, 1995.
SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2001.
SANTOS, T. Globalização. Cadernos do Terceiro Mundo, Rio de Janeiro, v. 163, 1993.
EXPLORE+
Para aprofundar os seus conhecimentos a respeito do conteúdo estudado:
Pesquise a Portaria nº 373/2002 e conheça a Norma Operacional Básica da Assistência à Saúde (NOAS-SUS);
Pesquise a Portaria nº 2.436/2017 e conheça a Política Nacional de Atenção Básica e os esforços para estabelecer uma atenção à saúde da população, respeitando todas as diretrizes do SUS.
CONTEUDISTA
Carine Sena Sousa dos Santos
CURRÍCULO LATTES

Continue navegando