Buscar

intervencao do estado na propriedade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 1 
Aula 2: Intervenção do estado na propriedade: dos institutos afins à desapropriação – 
tombamento, ocupação temporária e requisição ........................................................................ 2 
Introdução ................................................................................................................................. 2 
Conteúdo ................................................................................................................................ 4 
Tombamento - Introdução.............................................................................................. 4 
Legislação federal .............................................................................................................. 5 
Natureza jurídica ................................................................................................................ 6 
Natureza jurídica - posicionamento .............................................................................. 7 
Fundamentos ...................................................................................................................... 8 
Forma ................................................................................................................................... 9 
Tipos de tombamento .................................................................................................... 10 
Ocupação temporária ..................................................................................................... 16 
Objeto ................................................................................................................................ 18 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 20 
Notas ........................................................................................................................................... 23 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 24 
Aula 2 ..................................................................................................................................... 24 
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 24
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 2 
 
 
 
 
Introdução 
Hoje vamos estudar as demais formas de Intervenção do Estado na 
propriedade: o Tombamento, a Requisição e, finalmente, a Ocupação 
Temporária. 
 
O tombamento é sempre uma forma branda de intervenção na propriedade. Se 
o Estado quiser tombar um bem e abri-lo à visitação pública, terá que se fazer 
desapropriação, porque o tombamento não retira a propriedade do particular, 
não se podendo impor ao dono do imóvel que seu bem seja aberto à visitação. 
A desapropriação pode perfeitamente ser usada nesse caso, pois ela também é 
instrumento de preservação do patrimônio cultural brasileiro. 
 
A Ocupação Temporária é outra forma de intervenção branda do Estado na 
propriedade. O próprio nome já demonstra isso (é temporária, ou seja, será 
devolvida ao particular depois de um certo tempo). A ocupação temporária é, 
portanto, uma forma de intervenção branda na propriedade que atinge o uso 
exclusivo da mesma. 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 3 
E, finalmente, abordaremos a Requisição. 
Muito comum nos filmes de Hollywold é a cena do heroico policial que, na 
busca ao transgressor das leis penais, se utiliza do carro de um cidadão, que 
passeia calmamente pelas ruas da violenta cidade. Eis aí um típico caso de 
requisição, que também encontra amparo no direito brasileiro. 
 
Objetivo: 
1. Analisar e compreender as demais modalidades restritivas de intervenção do 
Estado na propriedade, de acordo com as recentes interpretações dos 
nossos Tribunais Superiores (STJ e STF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 4 
Conteúdo 
Tombamento - Introdução 
Junto à opinião pública, o tombamento é cercado de dualismo, porque, ao 
mesmo tempo em que o instituto desperta simpatias, vem despertando, 
também, antipatias. No Brasil, é um assunto que se ouve falar, mas se conhece 
pouco. 
 
Não se trata de querer viver uma eterna nostalgia, mas viver sem conhecer o 
passado é como começar a ler um livro a partir da sua metade. E o direito de 
conhecer a história, que é fundamental para a compreensão de nosso presente, 
deve ser assegurado também para os cidadãos vindouros. 
 
Disciplina normativa 
A Constituição de 1937 foi a pioneira em relação à previsão de medidas 
públicas voltadas para a proteção do patrimônio histórico, artístico e natural 
(art. 134), sem, contudo, fazer menção expressa à figura do tombamento, que 
viria a ser inaugurado na ordem jurídica pátria através do Decreto-lei n.º 25, de 
30 de novembro de 1937. 
 
A partir de então, todas as Constituições reservaram espaço para a disciplina da 
preservação do patrimônio histórico, cultural e natural do país: a Constituição 
de 1946 (art. 175); a Constituição de 1967 (art. 172, parágrafo único); a 
Constituição de 1969 (art. 180, parágrafo único); e a Constituição de 1988 (art. 
216, § 1.º). 
 
Mas foi a Constituição vigente a primeira a se referir ao tombamento 
expressamente, no dispositivo anteriormente citado. Vejamos a sua redação: 
“Art. 216 - § 1.º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, 
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, 
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de 
acautelamento e preservação”. 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 5 
Mediante o tombamento, os poderes públicos se habilitam a proporcionar uma 
especial proteção a documentos, a obras e a locais de valores históricos, 
artísticos, aos monumentos, às paisagens notáveis e, até mesmo, às jazidas 
arqueológicas. O fundamento constitucional é o art. 216, nos seus parágrafos 
1° e 5°. Este último diz o seguinte: 
 
Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de 
reminiscências históricas dos antigos quilombos. 
No primeiro parágrafo do aludido artigo, fala que o Poder Público, com a 
colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural 
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e 
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. Essa 
preservação é realizada fundamentalmente por meio do tombamento, isto é, da 
inscrição da coisa em livro próprio, denominado Livro do Tombo. 
 
 
Atenção 
 O Decreto-lei n.º 25/37 ainda é hoje o diploma legal 
disciplinador do tombamento (norma geral) e o procedimento 
está regulado pela Lei Federal 6292/75, mas Estados, Distrito 
Federal e Municípios também têm competência para legislar 
sobre o tema, como se infere do disposto no art. 24, VII e art. 
30, I e II, todos da CRFB/88. Portanto, temos neste caso 
competência legislativa concorrente, o que importa em dizer que 
a legislação daqueles entes federados deverá se amoldar à 
legislação federal, mas só no que essas tiverem de geral. 
 
Legislação federal 
Todos os entes da federação podem efetuar o tombamento, mas o único 
problema é com respeito à legislação já que o Texto Constitucional quando fala 
da competência para legislar – art. 23, da Constituição Federal –, diz da 
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 6 
Municípios. Todos podem providenciar o tombamento, é o que diz o inciso III 
(exibir documentos, provas contundentes do valor histórico, artístico e 
cultural...). 
Art. 24, inc. VII: compete à União, aos Estados, Distrito Federal, legislar 
concorrentemente, porém,não fala dos Municípios. 
 
Quanto à proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e 
paisagístico, de acordo com o inc. VII percebe-se que o Município, em questão 
de competência, aparentemente, não teria condições de legislar. Porém, 
usando da mesma técnica, exatamente pelo que diz o art. 30, encontramos: 
compete aos Municípios, incisos I, II, legislar sobre assuntos de interesses 
locais e suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. Podemos 
somar com o inc. IX que fala, apesar de parecer mais materialização e não 
legislação, vale promover a proteção do ambiente histórico – cultural local, 
observada a legislação e ação fiscalizadora federal estadual. O que significa 
dizer que compete ao Município, com base no art. 30, incisos I, II e IX, legislar 
suplementarmente à legislação federal e estadual. 
 
 
Atenção 
 Dada a complexidade do tema, analisaremos, aqui, tão somente 
a legislação federal, sem fazer referência à legislação dos 
Estados e Municípios. 
 
 
Natureza jurídica 
Discute-se, em doutrina, qual seria a natureza jurídica do tombamento, não 
sendo de forma alguma pacíficas as conclusões alcançadas pelos 
administrativistas de peso. 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 7 
Celso Antônio Bandeira de Mello advoga a tese de que o tombamento seria uma 
espécie de , por incrível que pareça, a servidão administrativa, ganhando
adesão da professora Lúcia Valle Figueiredo, quando esta afirma: 
 
De conseguinte, o tombamento, além de fato administrativo - ato de inscrever - 
nada mais é que rótulo inútil no que tange ao regime jurídico. É dizer: ou 
estaremos diante da figura jurídica da expropriação, ou da servidão 
administrativa. 
 
Natureza jurídica - posicionamento 
No que toca ao primeiro posicionamento, que trata do tombamento como 
verdadeira servidão administrativa, é de se considerar que aquele não confere 
direito real incidente sobre o poder de uso da propriedade atingida à 
Administração Pública. E, mesmo que se considere de natureza real o direito de 
preferência instituído pelo art. 22 do Decreto-lei n.º 25/37, não se poderia, 
por isso, afirmar tal equiparação, pois este incide (ou incidiria) sobre o poder de 
disposição do bem (móvel ou imóvel), enquanto as servidões gravam o direito 
de propriedade no que concerne ao poder de uso do bem (sempre imóvel). 
 
Em relação ao segundo posicionamento, que trata do tombamento como 
limitação administrativa, é de se verificar que esta é necessariamente genérica 
e abstrata, atingindo bens indeterminados, enquanto o tombamento, ao 
contrário, é intervenção concreta, dirigida a um ou mais bens determinados. 
Mas aqui ainda cabe uma observação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 8 
 
Atenção 
 Hely Lopes Meirelles faz distinção entre tombamento individual e 
tombamento geral. 
• O primeiro atingiria bem determinado; 
• O segundo uma coletividade de bens. 
E cita como exemplo de tombamento geral o que atinge locais 
históricos ou paisagísticos. Nisto parece estar, de alguma forma, 
pretendendo equiparar o dito tombamento geral às limitações 
administrativas. 
 
Fundamentos 
Assim como as demais modalidades analisadas anteriormente, a intervenção do 
Estado na propriedade através do tombamento se funda naqueles dois grandes 
pilares constitucionais, quais sejam: 
 
a) o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado 
(princípio implícito); 
 
b) princípio da função social da propriedade (art. 5.º, XXIII e art. 170, 
III da CRFB/88). 
 
Entretanto, podemos vislumbrar, aqui, um diferencial: 
Com efeito, não é qualquer interesse público que legitima o tombamento de um 
bem. Trata-se de um interesse público específico, relacionado com 
peculiaridades do bem atingido. Vale dizer, deve este bem guardar alguma 
vinculação com fatos memoráveis da história do Brasil ou ter um excepcional 
valor de natureza cultural, artística, arqueológica, etc. Só neste caso se justifica 
a dita intervenção, com vistas à sua preservação. 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 9 
 
Atenção 
 Não poderá, verbi gratia, o prédio da esquina X, onde funciona o 
Botequim da Cachaça, ser tombado com a finalidade de ali ser 
exercida uma atividade pública consistente no cadastramento de 
pessoas portadores do vírus da hepatite C, pelo Ministério da 
Saúde. Seria, sem dúvida, essa intervenção motivada por um 
interesse público. Entretanto, nenhuma relação guardaria com a 
finalidade de preservação de um patrimônio que traz em si 
lembranças, por exemplo, de um fato histórico relevante para a 
nação. Seria o caso, isto sim, de uma ocupação temporária, 
como veremos. 
 
Forma 
A forma de tombamento vai depender da estrutura de cada ente da federação. 
Em âmbito federal e estadual, a forma do tombamento é a inscrição no 
Livro Tombo. Em geral, há uma autarquia destinada especificamente a isso. Em 
âmbito municipal, pela falta de possibilidade de haver uma estrutura 
especializada no tema, é mais comum que os tombamentos sejam feitos por via 
de Decreto. 
 
Em relação à indenização do tombamento, a regra era a de que não havia 
indenização, a menos que houvesse dano. Nem sempre o tombamento gera 
desvalorização (em relação a bens móveis tombados, seu valor geralmente dá 
um salto após o tombamento). O problema maior é em relação à especulação 
imobiliária. Um bem imóvel tombado não vai poder dar lugar a um prédio de 40 
andares, por exemplo. Seu dono vai, possivelmente, deixar de ter lucro com 
uma eventual venda. Caso: quer-se preservar as características arquitetônicas 
de um bairro. 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 10 
Mas, em vez de tombar todo o bairro, tomba-se apenas uma casa, para que 
aquele estilo seja preservado. O dono da casa terá seu imóvel tombado, 
enquanto seus vizinhos todos vão poder vender suas casas. Isso seria injusto. 
Deve-se então indenizar o dono daquela casa, pois aquele será um sacrifício 
imposto a ele, individualmente, em favor do coletivo (Celso Antônio). 
 
 
Atenção 
 O STF tem uma decisão recente, em que não se segue a posição 
de Celso Antônio, mas diz que cabe indenização se houver 
comprovado esvaziamento do valor econômico da propriedade 
(RDA 200). 
 
Tipos de tombamento 
Compreenda sobre os tipos de tombamentos: 
 
Temos um caso típico em que o Poder Público quer tombar, mas o dono do 
bem quer evitar o tombamento. Isso está no DL 25/37, art. 6°, que diz que o 
tombamento de bem de pessoa física ou jurídica pode ser voluntário (a pedido 
do proprietário) ou compulsório (a Administração quer tombar e o proprietário é 
contra). No caso de tombamento de bem público, ele será tombado de ofício, 
devendo ser notificado o ente proprietário. No caso de tombamento 
compulsório, haverá um processo administrativo para isso (arts. 8° e 9° do DL). 
Haverá aceitação tácita por parte do proprietário, se ele não impugnar o 
tombamento até 15 dias depois de notificado do processo. 
 
Quando o particular impugna tempestivamente, o processo volta ao ente que 
faz o tombamento, para sustentar a iniciativa do tombamento. Depois disso, o 
Conselho Consultivo do Iphan decide. O final do art. 9°, III diz que não cabe 
recurso dessa decisão, mas isso não foi recepcionado pela CF. Deve haver 
ampla defesa (possibilidade de recurso) também nos processos administrativos. 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 11 
Haverá recurso ao Ministro da Cultura (é recurso impróprio, pois muda-se de 
entidade: a decisão será de uma pessoa jurídica, a autarquia Iphan, e o recurso 
será para outra pessoa jurídica, a União Federal, através do Ministro da 
Cultura). Além disso, desse possível recurso administrativo, sempre pode haver 
a ida a Juízo para discutir o tombamento. 
 
Outro detalhe interessante é que, muitas vezes, quando o proprietário recebea 
notificação de tombamento (que ele não deseja), ele passa a tomar certas 
providências no sentido de destruir logo o bem, para que o tombamento fique 
sem efeito (ex: incêndio criminoso). Para evitar isso, o art. 10 fala que, no 
tombamento compulsório, a notificação já constitui um tombamento provisório. 
Enquanto rolar o processo administrativo que discute o tombamento definitivo, 
aquele bem já vai ser considerado tombado. Quando houver a inscrição no 
Livro Tombo, o tombamento passa de provisório a definitivo. Pode ser também 
que o Iphan ache que aquele bem realmente não deve ser tombado, e aí, nesse 
caso, o tombamento é levantado. O Iphan é autarquia federal. No âmbito 
estadual, a autarquia é outra. 
 
Efeitos do tombamento 
São positivos, negativos e perante terceiros. compreenda cada um deles: 
 
Efeitos positivos são os que impõem obrigação de fazer (ex: DL 25/37, art. 
22: oferecimento de bem tombado preferencialmente ao ente que tombou, 
quando de sua alienação. Não há qualquer restrição à alienação de bem 
tombado, mas o Poder Público tem o direito de preferência de aquisição. 
Outro exemplo: DL, art. 19: o proprietário de bem tombado que não tiver 
condições financeiras de arcar com os custos das obras de conservação tem a 
obrigação de levar a necessidade das obras ao conhecimento do Iphan, que 
deverá conseguir os recursos para realizá-las. Se o proprietário não fizer essa 
notificação, ele sofrerá multa de duas vezes o valor necessário para a obra). 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 12 
Efeitos negativos são os que impõem obrigação de não fazer. Um efeito 
negativo importante está no art. 14 do DL, e é a proibição da retirada do país 
de bem tombado, salvo por motivo de intercâmbio cultural, por curto prazo e 
sem que haja transferência do domínio. É o Conselho Consultivo do Iphan que 
decide se pode haver ou não aquela determinada saída. Outro efeito negativo é 
o do art. 17: as coisas tombadas não poderão, em caso algum, ser destruídas, 
demolidas ou mutiladas. Além disso, deve haver prévia autorização do Iphan 
para sua pintura, reparação e restauração, sob pena de multa de 50% do dano 
causado. 
 
Além dos efeitos positivos (que impõem obrigação de fazer) e dos efeitos 
negativos (que impõem obrigação de não fazer), há também os efeitos 
perante terceiros, que é a servidão criada em decorrência de tombamento 
(DL, art. 18). O art. 18 diz que, sem autorização do Iphan, não pode haver, na 
vizinhança do bem tombado, construção ou fixação de cartazes que impeçam 
ou reduzam a visibilidade do bem, sob pena de ser mandado destruir a obra ou 
retirar o objeto, além da pena de multa de 50% do valor do objeto. É o efeito 
perante terceiros, no tombamento. É questão que seria prato feito para 
concurso de Procuradoria do Município. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 13 
 
Atenção 
 Ex: particular recebe alvará da Prefeitura para construir perto de 
bem tombado. Quando ele já começou a obra, vem o Iphan e 
diz que ela deve ser interrompida, pois iria afetar a visibilidade 
do bem tombado. O particular diz que obteve autorização da 
Prefeitura, tendo atendido todos os requisitos previstos pela 
legislação municipal sobre construções. Ele terá que ser 
indenizado. Quem deve pagar a indenização é o Iphan, pois o DL 
não fala o que se deve ter por “vizinhança” do bem tombado. Ele 
deveria fazer um convênio com as prefeituras, para 
regulamentar essa metragem. Isso também passaria a ser 
exigido pelo Município para a concessão de licença. Onde já 
houver regra municipal sobre isso, Di Pietro entende que 
também haveria responsabilidade do Município quando da 
concessão indevida da licença. 
 
Muito comum nos f i lmes de Hollywold é a cena do hero ico policial 
que, na busca ao transgressor das leis penais, se util iza do carro 
de um cidadão, que passeia calmamente pelas ruas da violenta 
cidade. Eis aí um típico caso de requisição, que também encontra 
amparo no direito brasileiro. 
 
A requisição é a util ização coativa de bens ou serviços 
particulares, pelo Poder Público, por ato de execução imediata e 
direta da autoridade requisitante e indenização ulterior, para 
atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias. 
 
Trata-se de uma modalidade de intervenção branda na 
propriedade, em regra, mas que pode se converter em intervenção 
drástica em algumas hipóteses. Sempre será drástica, no entanto, 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 14 
quando incidir sobre bens de consumo imediato, isto é, aqueles 
que se desintegram com a sua util ização normal. 
 
A requisição tem dupla face. Ora pode ser branda, ora pode ser drástica. Tudo 
depende do objeto da requisição, do que está sendo requisitado. Será branda 
quando atingir apenas o uso exclusivo da propriedade (ao seu término, 
devolve-se ao particular). Será drástica quando atingir o caráter absoluto da 
propriedade, e, neste caso, nem será possível a devolução. A requisição está 
sempre voltada ao perigo público. A CF traz um conceito de requisição, no CF, 
5°, XXV: “No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá 
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização anterior, 
se houver dano.” A maioria da doutrina entende que esse dispositivo é 
autorização constitucional não só para a requisição, mas para todas as formas 
de intervenção do Estado na propriedade. 
 
O iminente perigo público é característica exclusiva da requisição. Ele acha que 
isso é o perfeito conceito de requisição (conferir em Hely Lopes Meirelles). 
Quando o policial se utiliza do carro particular para perseguir um bandido, isso 
é uma requisição (branda, pois o carro será devolvido depois). O dono do carro 
será indenizado pela gasolina gasta e pelos furos de bala no carro, e.g., que 
serão os prejuízos sofridos. Outro exemplo, mas de requisição drástica (que foi 
erradamente chamado de confisco), foi o dos “bois do Sarney”, no Plano 
Cruzado. Isso não foi confisco, porque confisco é punição, na qual não há 
indenização. Naquele caso, houve indenização (pagou-se o preço tabelado, que 
era menor, mas pelo menos houve o pagamento). A requisição foi drástica, pois 
os bois não seriam (e nem poderiam ser) devolvidos depois. 
 
Conforme a urgência, a iminência do perigo público, a requisição pode ser feita 
até verbalmente. Nem sempre se pode reduzi-la a termo (exemplo do policial 
que pega o carro do particular). 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 15 
A diferença entre requisição branda e drástica gera outra, no montante da 
indenização. Na requisição branda, só se perde o uso da coisa por certo 
período. Na requisição drástica, a perda é definitiva, o bem não é devolvido. 
 
Todos os entes da federação podem fazer requisição. Mas só a União poderá 
legislar sobre isso (CF, 22, III, que também liga a requisição ao iminente perigo 
público). 
 
O sujeito passivo da requisição será sempre determinado. Eu sempre saberei 
qual bem estarei utilizando. Poderei, assim, saber quem é o proprietário. 
 
Exemplo que poderia trazer confusão entre requisição e ocupação temporária: 
arrastão na praia de Ipanema. Se a PM ocupar um apartamento na praia para 
observar o movimento do arrastão, isso será uma requisição. Só haverá 
indenização (que é sempre a posteriori) se houver dano ao apartamento. Do 
contrário, não se indeniza. A requisição não é só de bens; pode ser de bens, 
serviços e pessoas. Ex: requisição do serviço de um médico, em uma situação 
de calamidade pública; requisição de pessoas para trabalhar em eleição (neste 
último caso, não concordamos muito com a requisição, pois ele não vislumbra o 
perigo público). 
 
Quando não houver iminente perigo público, o que há é ocupação temporária. 
Nesta, também, só se paga indenização se houver dano. LOCJ diz quenão há 
iminente perigo público na ocupação temporária. 
 
Diferença entre requisição, desapropriação e confisco: a mais significativa é 
referente à indenização. Na desapropriação, a indenização é prévia e justa (CF, 
5°, XXIV). Na requisição, a indenização é posterior, e só se houver dano. No 
confisco, não há indenização. 
 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 16 
Ocupação temporária 
Encerraremos a última forma de intervenção branda do Estado na 
propriedade, que é a ocupação temporária: 
 
Sujeito ativo: todos os entes da federação podem fazer ocupação temporária. 
Há quem diga que o único exemplo de ocupação temporária que existe está na 
lei de desapropriação (DL 3365/41), no art. 36. Como esse DL aplica-se a todos 
os entes da federação, todos eles também poderiam fazer essa ocupação 
temporária prevista no art. 36, que fala da ocupação de área (não edificada) 
vizinha ao terreno desapropriado, para fins de construir o canteiro daquela obra 
que vai ser feita na área desapropriada. Não concordamos em que esse seja o 
único exemplo de ocupação temporária. 
 
A Lei 3924/61, que fala dos sítios arqueológicos, e diz no art. 13 que antes do 
Estado fazer uma desapropriação ou um tombamento da área, a Administração 
poderá fazer uma ocupação temporária, para a verificação da real existência 
(ou não) de elementos da cultura pré-histórica naquela área. Havendo a 
confirmação disso, o Estado parte então para outras formas de intervenção na 
propriedade, como o tombamento e a desapropriação. 
 
 
Atenção 
 Além desse caso, há um outro, também de ocupação 
temporária. É uma posição não pacífica da doutrina, que em sua 
maioria entende que se trata de requisição. É a instalação de 
zonas eleitorais. Atinge apenas imóveis. Na requisição há 
iminente perigo público, o que não existe no caso das zonas 
eleitorais (já que as eleições sempre são marcadas muito tempo 
antes). 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 17 
Sujeito passivo: será determinado, na ocupação temporária, já que ela atinge 
imóveis (e aí pode-se conhecer o proprietário). Será, então, o proprietário da 
área ocupada. 
Indenização: mais uma vez, só surge se houver dano. Se a ocupação não 
causar qualquer dano, qualquer prejuízo, não há direito à indenização. Segue-
se a regra das intervenções brandas na propriedade. 
Forma: a ocupação temporária se faz por Decreto do chefe do Poder Executivo 
(federal, estadual ou municipal, já que todos os entes podem fazê-la). 
A principal diferença entre requisição e ocupação temporária está no fato de 
que a primeira pressupõe iminente perigo público. 
 
Questão da Magistratura: Falar da ocupação temporária de bens privados pelo 
Poder Público, apontando seu objetivo e indicando a legislação concernente ao 
tema. A resposta para isso é dizer que a ocupação temporária é forma de 
intervenção branda do Estado na propriedade, que atinge seu uso exclusivo. 
Seu objeto será bem imóvel (não edificado, nos casos do DL da desapropriação 
e na lei dos sítios arqueológicos). 
 
 
Atenção 
 A legislação que pode ser apontada são o DL da desapropriação 
e a lei dos sítios arqueológicos. Mas há um artigo da CF/88 que 
fala em ocupação temporária, mas de forma imprópria. Deve-se 
mencionar o artigo, apontando o erro técnico. É o CF, 136, §1°, 
II, que fala do estado de defesa, em que poderia haver a 
ocupação temporária em caso de calamidade pública. Ocorre 
que aqui há urgência, o que caracterizaria aquele pressuposto da 
requisição, o iminente perigo público. É por isso que essa regra 
da CF fala de ocupação temporária (devemos mencionar isso em 
concursos), mas LOCJ entende ser caso de requisição. 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 18 
Objeto 
Neste ponto, três perguntas serão respondidas, a saber: 
a) Somente os bens imóveis, ou também os móveis, serão atingidos pela 
ocupação temporária? 
b) Quanto aos imóveis, somente os não edificados podem ser temporariamente 
ocupados? 
c) Somente por ocasião de uma desapropriação é que as ocupações 
temporárias serão instituídas? 
Analisando a questão com os olhos voltados somente para o art. 36 do 
Decreto-lei n.º 3.365/41, a resposta seria, tranquilamente, no sentido de 
somente os imóveis não edificados poderem ser objeto de ocupação 
temporária, por ocasião de uma desapropriação. Mas não é bem assim. 
 
Para iniciar, diga-se que não encontramos registros, entre os autores nacionais 
mais conhecidos, de opinião no sentido de ser possível a ocupação temporária 
de bem móvel. 
Ao contrário, o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que “a 
ocupação temporária é instituto típico de utilização da propriedade 
imóvel”. 
Mas ainda persistem as outras duas dúvidas, href="docs/a02_t12.pdf" clique 
aqui e compreenda essa questão. 
 
Extinção 
Se para a instituição da ocupação temporária somos daqueles que entendem 
necessária a declaração de utilidade pública do bem (por decreto ou não), para 
a extinção parece-nos despicienda qualquer formalidade. Vale dizer, a extinção 
da ocupação temporária será um mero fato administrativo. 
 
Neste sentido é a opinião do professor José dos Santos Carvalho Filho, in 
verbis: 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 19 
“Quanto à extinção, não haverá muita dificuldade em identificar a situação que 
a provoca. Se a ocupação visa à consecução de obras e serviços públicos, 
segue-se que a propriedade deve ser desocupada tão logo esteja concluída a 
atividade pública. Prevalece, pois, o princípio de que, extinta a causa, extingue-
se o efeito”. 
 
Embora não se utilize da expressão fato administrativo, é o que prega o citado 
mestre, como não deixam dúvidas as suas palavras transcritas. Para aprender 
mais sobre o controle do tombamento, href="docs/a02_t13.pdf" clique aqui e 
compreenda essa questão. 
 
Atividade proposta 
Leia o CASO CONCRETO a seguir e responda à questão formulada: 
O município de Itabuna, no interior da Bahia, decretou o tombamento, por 
interesse histórico, da Fazenda Cacau Amarelo, pertencente à Cacau Brasil Cia. 
Ltda., que teria sido uma das primeiras propriedades da região a dedicar-se à 
produção em larga escala daquele produto na região. Entretanto, com a crise 
econômica mundial, a empresa titular do imóvel embora mantivesse atividade 
produtiva na propriedade deixou de empreender as medidas atinentes à 
manutenção nos prédios históricos da Fazenda. 
 
Intimada pela municipalidade a proceder à conservação do imóvel tombado, a 
empresa informou que não lhe cabia tal encargo, vez que o imóvel fora objeto 
de intervenção do Estado na propriedade privada – tombamento – com o que 
passava a assistir ao Poder Público os deveres de conservação. 
Alternativamente, afirma ainda que não poderia promover às obras, ao 
argumento de indisponibilidade de recursos para fazer face às despesas. No 
mesmo processo, suscita o cabimento de desapropriação da área, em função de 
que requerer o imediato pagamento de justa e prévia indenização, a teor do 
art. 5º, XXIV CF como a única alternativa cabível para garantir a preservação 
do imóvel, postulando ainda a inclusão de juros compensatórios. 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 20 
Examine, como assessor da Secretaria Municipal de Cultura, o requerimento do 
proprietário, manifestando-se, de forma fundamentada, em relação a cada qual 
dos quatro argumentos suscitados. 
 
Chave de resposta: A decretação do tombamento não transfere à entidade 
responsável por essa modalidade de intervenção na propriedade privada o 
dever de conservação, que ao contrário, permanece primariamente confiado ao 
proprietário. 
O argumento de indisponibilidade de recursos para as obras de conservação, 
esse sim poderia – desde que devidamente comprovado – transferir para o 
Poder Público o ônus de manter as condições do prédio tombado (art. 19 do 
Decreto-Lei25/37). 
Descumprido esse dever pelo Poder Público, a providência que pode ser 
requerida pelo proprietário é o cancelamento do tombamento da coisa (art. 19, 
§ 2º do Decreto-Lei 25/37) – e não a decretação da desapropriação, que se 
constitui medida sujeita ao juízo da administração, e não do proprietário. 
Finalmente, ainda que de desapropriação se cuidasse, jamais teriam incidência 
juros compensatórios, na medida em que o seu pressuposto é a imissão 
provisória na posse, que in casu não se deu. 
 
Referências 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Direito administrativo. 26. ed. rev. e 
atual. São Paulo: Atlas, 2013. 
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 
2012. 
MADEIRA, José Maria Pinheiro. Administração pública centralizada e 
descentralizada, Tomo II. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 21 
Carlos, morador de Ouro Preto – MG, é proprietário de casarão cujo valor 
histórico foi reconhecido pelo Poder Público. Após regular procedimento, o bem 
foi tombado pela União, e Carlos, contrariado com o tombamento, decidiu 
mudar-se da cidade e alienar o imóvel. Na situação hipotética apresentada, 
Carlos: 
a) Pode alienar o bem desde que o ofereça, pelo mesmo preço, à União, 
bem como ao Estado de Minas Gerais e ao Município de Ouro Preto, a 
fim de que possam exercer o direito de preferência da compra do bem. 
b) Não pode alienar o bem, visto que, a partir do tombamento, o casarão 
tornou-se bem inalienável. 
c) Pode alienar o bem livremente, sem qualquer comunicação prévia ao 
poder público. 
d) Somente pode alienar o bem para a União, instituidora do Tombamento. 
e) O proprietário de bem imóvel que tenha os requisitos necessários para 
ser considerado parte integrante do patrimônio histórico e artístico 
nacional pode vender o bem, independentemente da comunicação ao 
poder público. 
 
Questão 2 
Considere que o Poder Judiciário tenha anulado o tombamento de imóvel 
particular por entendê-lo desprovido de valor cultural. Em face dessa 
consideração, assinale a opção correta. 
a) A existência de valor cultural atribuído a um bem é matéria que não está 
sujeita à sindicabilidade do Poder Judiciário, por ser matéria de índole 
meritória na adminstração pública. 
b) Como o tombamento é resultado de um processo administrativo que 
nasce e se desenvolve no âmbito da administração pública, a ingerência 
do Poder Judiciário nessa questão constituiria lesão ao princípio da 
separação dos poderes. 
c) Se o Poder Judiciário invocar-se o manifesto desvio de finalidade do ato 
de tombamento para desconstituí-lo, por restar provado que o 
tombamento deu-se em razão de perseguição ao particular, estar-se-ia 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 22 
diante de um vício de legalidade que autorizaria a ingerência do Poder 
Judiciário sobre o ato de tombamento. 
d) O valor cultural de um bem é a finalidade ou o pressuposto de fato que 
serve de fundamento ao ato administrativo de tombamento. 
e) No caso concreto apresentado, a discussão acerca da relação entre 
questões de mérito e de legalidade é de interesse meramente teórico. 
 
Questão 3 
Legislação proíbe que propriedades vizinhas de coisa tombada coloquem 
anúncios ou cartazes que impeçam ou reduzam a visibilidade desta coisa 
tombada. Essa restrição do Estado sobre a propriedade privada caracteriza: 
a) Servidão administrativa em princípio não indenizável. 
b) Tombamento não indenizável a não ser que a limitação impeça 
totalmente a utilização da propriedade privada. 
c) Desapropriação indireta, podendo ser indenizada. 
d) Servidão ou requisição administrativa, dependendo de ser, a indenização, 
prévia ou posterior. 
e) O tombamento não pode impor tal conduta porque estaria ferindo o uso 
da propriedade. 
 
Questão 4 
Considerando que a execução de obras para implantação de uma linha de 
metrô compreende inúmeras fases, destaca-se a primeira delas como sendo a 
identificação das áreas que serão afetadas pelo investimento público. Nem 
todas as áreas utilizadas para a implantação da obra terão seu aproveitamento 
econômico esvaziado, de forma que muitas prescindirão de aquisição de 
domínio (por exemplo, áreas para canteiro de obras ou margem de segurança 
para perfuração). Nesse sentido, é correto afirmar que, além da desapropriação 
para alguns trechos da obra, poderão ser utilizados pela Cia. do Metropolitano – 
METRÔ, os seguintes institutos de intervenção na propriedade privada: 
a) Limitação administrativa, na medida em que impõe obrigações de não 
fazer decorrentes de necessidade urgente do Poder Público. 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 23 
b) Ocupação temporária, na medida em que viabiliza a utilização transitória 
remunerada de propriedade particular. 
c) Requisição administrativa, instituída por acordo entre as partes e que 
visa à obrigação de fazer pelo proprietário, que deverá colaborar com a 
obra. 
d) Tombamento, que grava a propriedade particular com limitações do 
aproveitamento econômico, restringindo-lhe os usos permitidos. 
e) Servidão, na medida em que impõe ao proprietário o dever de suportar, 
gratuita e por meio de lei, o serviço público cuja prestação justificou sua 
instituição. 
 
Questão 5 
No curso de uma inundação e do aumento elevado das águas dos rios em 
determinada cidade no interior do Brasil, em razão do expressivo aumento do 
índice pluviométrico em apenas dois dias de chuvas torrenciais, o Poder Público 
municipal ocupou durante o período de 10 (dez) dias a propriedade de uma 
fazenda particular com o objetivo de instalar, de forma provisória, as sedes da 
Prefeitura, do Fórum e da Delegacia de Polícia, que foram completamente 
inundadas pelas chuvas. 
Diante da hipótese acima narrada, assinale a afirmativa que indica o instituto 
do direito administrativo que autoriza a atitude do Poder Público. 
a) Tombamento 
b) Limitação Administrativa 
c) Servidão Administrativa 
d) Ocupação Temporária 
e) Requisição 
 
Servidão administrativa: “São exemplos de servidão administrativa: a 
passagem de fios elétricos sobre imóveis particulares, a passagem de 
aquedutos, a instalação de placas sinalizadoras de ruas nos imóveis 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 24 
particulares, o trânsito sobre bens privados, o tombamento em favor do 
Patrimônio Histórico, etc.” (Ob. cit., p. 182). 
Ob. cit., p. 200. Note-se que, linhas atrás, a autora se refere à possibilidade de 
a Administração mascarar a desapropriação, fazendo-a parecer com o 
tombamento, para se livrar do dever de indenizar. Daí ela se referir, neste 
ponto, à desapropriação. 
 
Aula 2 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - A 
Justificativa: O proprietário poderá, sim, alienar o bem tombado. No entanto, 
antes de vendê-lo, obrigatoriamente terá que dar preferência para o ente da 
federação que promoveu o tombamento, sob pena de nulidade, de acordo com 
DL n° 25/32, art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade 
particular será, por iniciativa do órgão competente do Serviço do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo 
dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do 
domínio. 
§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo, 
deverá o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez 
por cento sobre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se 
trate de transmissão judicial ou causa mortis. 
 
Questão 2 - C 
Justificativa: O tombamento é ato vinculado, por se tratar de motivo de direito. 
 
Questão 3 - A 
Justificativa: Os institutos afins à desapropriação são indenizáveis, salvo se 
causarem o esvaziamento econômico da propriedade. 
 
 
 INTERVENÇÕES EST. NA PROP. E NO DOMÍNIO ECONÔMICO 25Questão 4 - B 
Justificativa: Ocupação temporária, na medida em que viabiliza a utilização 
transitória remunerada de propriedade particular. 
 
Questão 5 - E 
Justificativa: Trata-se do instituto da requisição, tal como prevê o artigo 5º, 
XXV, da CRFB. 
A requisição de bens privados consiste no apossamento, mediante ato 
administrativo unilateral, de bem privado para uso temporário, em caso de 
iminente perigo público, com o dever de restituição no mais breve espaço de 
tempo e eventual pagamento de indenização pelos danos produzidos. Deve o 
examinando explicitar que se trata de instrumento de exceção e que exige a 
configuração de uma situação emergencial.

Continue navegando