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Dir Constitucional AFRFB 2011 - Aula 10

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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS 
AULA 10: MODIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
Olá! 
Estudaremos, na aula de hoje, o processo de modificação da Constituição 
Federal de 1988, clareando os dispositivos constitucionais pertinentes à luz da 
jurisprudência e doutrina dominantes - especialmente em consonância com a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que é rica nesse assunto. 
1) Noção 
Estudamos, em aula pretérita deste curso, que a nossa Constituição de 1988 é 
do tipo rígida, haja vista exigir para a modificação do seu texto um 
procedimento especial, solene, mais difícil do que aquele adotado para a 
elaboração das demais leis. 
Na aula de hoje, estudaremos que procedimento diferenciado, solene, é esse 
que confere rigidez à nossa Lei Maior. Como se dá a modificação do texto 
constitucional, quais os limites para essas modificações, o que pode (e o que 
não pode) ser abolido - e assim por diante. 
Esse processo - como também já estudamos anteriormente - é de 
competência do chamado poder constituinte derivado reformador, exercido 
pelo Congresso Nacional. Esse poder - vale repetir - é aquele criado pelo 
poder constituinte originário para modificar, atualizar a sua obra. 
Passemos, então, aos aspectos relevantes do procedimento de modificação da 
Constituição Federal de 1988. 
2) Mutação e reforma 
A Constituição pode ser modificada por dois processos distintos: um processo 
formal e um processo informal. 
O processo informal de modificação da Constituição é conhecido por 
mutações constitucionais. Esse processo tem por característica a mudança 
do conteúdo da Constituição sem nenhuma alteração do seu texto, ou seja: 
muda-se a Constituição, mas sem qualquer alteração da literalidade do seu 
texto. 
Essas modificações informais do conteúdo da Constituição (mutações 
constitucionais) decorrem da evolução da própria sociedade, das pressões de 
grupos sociais e outros elementos fáticos que levam o Poder Judiciário a fazer 
nova leitura do texto constitucional, reconhecendo-lhe um novo alcance. No 
nosso país, temos mutação constitucional quando o Supremo Tribunal Federal, 
guardião da Lei Maior, confere nova interpretação a dispositivo da 
Constituição, alterando o seu alcance. 
Por exemplo: durante muitos anos, o Supremo Tribunal Federal entendeu que 
o foro especial por prerrogativa de função assegurava ao seu titular o direito 
de ser julgado pelo foro competente mesmo após a cessação do exercício da 
função pública (por exemplo: um ex-congressista continuava com o direito de 
ser julgado pelo STF mesmo após a expiração do mandato); mais 
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recentemente, porém, sem ter havido qualquer alteração no texto da 
Constituição, o Tribunal mudou de posição, e passou a entender que o foro 
especial por prerrogativa de função expira-se com o término do exercício da 
função pública (ou seja: a autoridade só tem direito a ser julgada pelo foro 
especial enquanto no exercício da função pública). 
Veja que, nesse caso, houve modificação no conteúdo da Constituição (o foro 
especial por prerrogativa de função passou a ter novo alcance, mais restrito), 
sem ter havido qualquer modificação na literalidade do texto da Constituição. É 
exatamente isso que constitui uma mutação constitucional: mudança do 
conteúdo da Constituição, sem nenhuma alteração do seu texto. 
E não se esqueça: conforme vimos na primeira aula deste curso on-line, as 
mutações constitucionais materializam a manifestação do chamado poder 
constituinte difuso. 
O processo formal de modificação da Constituição é chamado de reforma 
constitucional. Esse processo é aquele formalizado mediante alterações do 
texto da Constituição, com a aprovação de emenda à Constituição. É chamado 
de processo formal porque, ao contrário das mutações constitucionais, na 
reforma há alteração do texto da Constituição, por emenda constitucional -
acrescentando, revogando ou modificando dispositivos constitucionais. A 
reforma constitucional é obra do poder constituinte derivado reformador, 
que tem exatamente esta função: modificar o texto da Constituição. 
Portanto, tenha bastante claro na sua cabeça que se trata de duas maneiras de 
se alterar a Constituição: um processo informal, em que não se altera o texto 
da norma, mas sua interpretação (mutação constitucional); e outro processo, 
formal, denominado reforma constitucional, em que a Constituição é alterada 
segundo um rito de modificação previsto em seu texto. 
Vejamos esses dois enunciados do Cespe de 2009 (Defensor Público do Piauí): 
"A mutação constitucional não se pode dar por via de interpretação, mas 
apenas por via legislativa, quando, por ato normativo primário, procura-se 
modificar a interpretação que tenha sido dada a alguma norma 
constitucional." 
"Em constituições rígidas como a CF, a mutação constitucional se 
manifesta por meio da reforma constitucional, procedimento previsto no 
próprio texto constitucional disciplinando o modo pelo qual se deve dar 
sua alteração." 
Não há dificuldade em observar que as duas assertivas estão incorretas. 
A primeira considera não haver mutação constitucional por meio de 
interpretação. Como vimos, novas interpretações sobre o mesmo dispositivo 
constitucional promovem alterações informais na Constituição. 
A segunda mistura mutação constitucional (processo informal de modificação 
da Constituição) e reforma constitucional (processo formal de modificação da 
Constituição). 
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Resolvidas essas questões falemos um pouco mais sobre a reforma 
constitucional. A Constituição Federal de 1988 prevê dois procedimentos 
formais para a modificação do seu texto: revisão constitucional (ADCT, art. 
3°) e emenda constitucional (art. 60). 
2.1) Revisão constitucional 
O processo de revisão constitucional está previsto no art. 3° do ADCT, nestes 
termos: 
"Art. 3°. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da 
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do 
Congresso Nacional, em sessão unicameral." 
A revisão constitucional foi um processo simplificado de modificação da nossa 
Constituição Federal, instituído em razão da previsão da realização do 
plebiscito (ADCT, art. 2°), a realizar-se em 1993, para que os cidadãos 
brasileiros decidissem sobre a forma de governo (monarquia ou república) e o 
sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo). O pensamento, à 
época, foi o seguinte: se os cidadãos brasileiros decidirem, no plebiscito, pelo 
parlamentarismo e pela monarquia, será necessário promover grande 
alteração no texto da Constituição, para adaptá-lo às mudanças (haja vista 
que o texto originário foi todo escrito com a adoção do presidencialismo e da 
república); vamos, então, instituir um procedimento simplificado para essas 
adaptações ao texto constitucional, para uma data logo após a realização do 
plebiscito (isto é, vamos fazer uma "revisão constitucional" cinco anos após a 
promulgação da Constituição, logo depois do mencionado plebiscito). 
Na realidade, porém, a votação plebiscitária confirmou a república e o 
presidencialismo, o que terminou por praticamente deixar sem objeto a revisão 
constitucional. Aliás, não é à toa que, conforme veremos a seguir, mesmo com 
toda a facilidade para se modificar o texto da Constituição, no processo de 
revisão só foram aprovadas 6 (irrelevantes) emendas constitucionais de 
revisão (ECR). 
Passemos, então, objetivamente, ao estudo das características do processo de 
revisão constitucional: 
a) procedimento
simplificado; 
O processo de revisão constitucional foi um procedimento simplificado, em que 
as emendas eram aprovadas em um só turno de votação, por maioria 
absoluta. Quando afirmamos que esse procedimento foi "simplificado" é 
porque, nele, aprovar uma emenda à Constituição era muito mais fácil do que 
aprovar uma emenda pelo procedimento de emenda (dois turnos de votação, 
por maioria qualificada de três quintos). 
b) procedimento unicameral; 
No processo de revisão constitucional, a união do Congresso Nacional foi em 
sessão unicameral, isto é, não havia Câmara dos Deputados e Senado 
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Federal, mas sim atuação do Congresso Nacional como uma só Casa (daí a 
terminologia unicameral). 
Aqui, é importante destacarmos que a sessão unicameral não pode ser 
confundida com a sessão conjunta, também prevista na Constituição Federal 
para certas deliberações (para apreciação do veto a projeto de lei, por 
exemplo, nos termos do art. 66, § 4°, da Constituição), conforme explicado 
nos parágrafos seguintes. 
Na sessão unicameral, a discussão e a votação da proposição se dão entre 
congressistas, indistintamente (isto é, apura-se o resultado em uma só 
votação, entre todos os congressistas, indistintamente). 
Já na sessão conjunta, deputados e senadores discutem a matéria em 
conjunto, mas a votação é em separado (por exemplo: a maioria absoluta em 
sessão conjunta é apurada em duas votações, em separado: uma entre 
deputados, outra entre senadores). 
c) procedimento único; 
A Constituição Federal previu uma única revisão constitucional, a realizar-se 
cinco anos após a data de sua promulgação (05/10/1988). Conforme 
afirmamos anteriormente, essa revisão já ocorreu, cinco anos após a 
promulgação da Constituição Federal (1993/1994). 
Portanto, não é juridicamente possível realizar uma nova revisão 
constitucional com fundamento no art. 3° do ADCT. Certo? Tem que estar 
tudo certo, pois já estudamos isto: que uma norma integrante do ADCT esgota 
a sua eficácia quando ocorre a situação nela prevista; como já aconteceu a 
revisão constitucional, a eficácia do art. 3° do ADCT ali se esgotou. 
Outra questão, não tão óbvia, é a seguinte: tudo bem, é evidente que não se 
afigura possível realizar nova revisão constitucional com fundamento na 
redação originária do art. 3° do ADCT; mas será que seria possível, nos dias 
atuais, o Congresso Nacional aprovar uma emenda à Constituição criando um 
novo procedimento simplificado de revisão constitucional? 
A resposta é negativa. Realizada a revisão constitucional prevista no art. 3° 
do ADCT, enquanto a nossa Constituição Federal de 1988 estiver em vigor ela 
só poderá ser modificada pelo procedimento rígido de emenda, previsto no art. 
60 do seu texto. Enfim, não é possível a criação de um novo 
procedimento simplificado de revisão constitucional; qualquer tentativa 
nesse sentido será flagrantemente inconstitucional (o porquê dessa vedação 
nós lhe explicaremos, mais adiante, ainda nesta aula, ao tratarmos das 
chamadas limitações materiais implícitas ao poder de reforma). 
d) procedimento vedado aos estados-membros; 
O procedimento simplificado de revisão constitucional não pode ser copiado 
(adotado) pelos estados-membros. Como vimos anteriormente, o 
procedimento foi previsto circunstancialmente, em razão do tal plebiscito sobre 
a forma e o sistema de governo - logo, não há motivos para a adoção desse 
modelo simplificado pelos estados-membros. 
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e) 6 ECR. 
No procedimento simplificado de revisão constitucional, tivemos a aprovação 
de seis emendas constitucionais de revisão (ECR), todas promulgadas 
pela Mesa do Congresso Nacional (veja, a promulgação tinha mesmo que ser 
pela Mesa do Congresso, já que a sessão era unicameral). 
2.2) Emenda Constitucional 
O procedimento de emenda à Constituição, previsto no art. 60, é o meio típico 
de modificação do texto constitucional, a qualquer tempo, desde que 
respeitadas as limitações nele previstas. 
São as seguintes as características do processo de emenda à Constituição: 
a) procedimento rígido; 
O processo de emenda à Constituição é rígido, solene, pois exige votação em 
dois turnos em cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por, pelo 
menos, três quintos dos respectivos membros. Veja que é muito mais difícil 
aprovar uma emenda constitucional (EC) pelo rito do art. 60 do que uma 
emenda constitucional de revisão (ECR) pelo procedimento simplificado da 
revisão constitucional, indicado no art. 3° do ADCT. 
b) reunião bicameral; 
Na aprovação de uma emenda à Constituição, a atuação do Congresso 
Nacional se dá em separado (bicameralmente), isto é, cada Casa Legislativa 
aprecia a matéria em dois turnos de votação, em separado (primeiro a 
proposta de emenda é votada em uma Casa, em dois turnos, e depois é 
encaminhada à outra Casa, para nova votação em dois turnos). 
c) procedimento permanente; 
Enquanto vigente a Constituição Federal de 1988, poderá ela ser modificada 
pelo procedimento de emenda do art. 60, desde que respeitadas as limitações 
ali previstas. 
d) procedimento de observância obrigatória pelos estados-membros; 
O procedimento de emenda, previsto no art. 60 da Constituição Federal, é de 
observância obrigatória pelos estados-membros (isto é, os estados-
membros deverão observar o regramento ali estabelecido para a modificação 
da Constituição Estadual). 
Então, uma coisa você já sabe: todas as Constituições Estaduais só podem ser 
modificadas mediante votação em dois turnos, com aprovação de, pelo menos, 
três quintos dos membros da Assembleia Legislativa! O quórum tem que ser 
exatamente de três quintos; não pode ser menos (maioria absoluta), nem mais 
(quatro quintos). Igualmente, a matéria deverá ser votada pela Assembleia 
Legislativa em dois turnos (não pode ser em um só turno, nem em três 
turnos). 
e) 67 emendas à Constituição (EC). 
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Até esta data (13/09/2011), já foram aprovadas 67 emendas à Constituição, 
todas promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal (veja que, aqui, a promulgação teria mesmo que ser efetuada pelas 
Mesas das duas Casas Legislativas, já que o procedimento é bicameral). 
Cuidado! Na verdade, até esta data, a nossa Constituição Federal já passou por 
73 modificações de seu texto, sendo: 6 ECR, resultantes do procedimento de 
revisão constitucional + 67 EC, resultantes do rito do art. 60 da Constituição! 
Revisão constitucional Emenda Constitucional 
Procedimento simplificado Procedimento rígido 
Procedimento único Procedimento permanente 
Reunião unicameral Reunião bicameral 
Não pode ser copiado pelos 
estados 
É de observância obrigatória 
pelos estados 
6 ECR, promulgadas pela Mesa 
do Congresso Nacional 
67 EC, promulgadas pelas Mesas 
da Câmara e do Senado 
Tente resolver este item do Cespe para a prova de agente administrativo da 
AGU, aplicada em 2010: 
"As emendas constitucionais de revisão, aprovadas durante o processo de 
revisão constitucional, foram promulgadas pelas duas casas do Congresso 
Nacional, em sessão bicameral, de acordo com o mesmo processo 
dificultoso exigido para qualquer tipo de emenda constitucional." 
Ora, o que diferencia a revisão constitucional é exatamente o procedimento 
simplificado e unicameral. Item errado. 
3) Limitações ao poder de reforma 
Conforme vimos na primeira aula deste curso, o poder constituinte derivado
reformador é um poder limitado, haja vista que deve obediência aos limites 
estabelecidos pela Constituição Federal. Essas limitações estão previstas no 
art. 60 da Constituição Federal e constituem, para o fim de concurso, a 
essência do estudo desse assunto. 
As limitações ao poder constituinte derivado reformador são tradicionalmente 
classificadas em: 
a) limitações temporais; 
b) limitações circunstanciais; 
c) limitações processuais ou formais; 
d) limitações materiais. 
Para resolver as questões sobre esse assunto você vai precisar não só 
conhecer as limitações em si, consubstanciadas nas regras do art. 60 da 
CF/88, mas também saber enquadrar cada uma delas nas categorias de 
limitações indicadas acima. Portanto, fique atento. 
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Passemos ao estudo de tais limitações, detalhe a detalhe. 
3.1) Limitações temporais 
Temos limitações temporais quando a Constituição estabelece um prazo, a 
contar de sua promulgação, durante o qual o seu texto não poderá sofrer 
qualquer modificação. 
A Constituição Federal de 1988 não adota limitações temporais. A única 
Constituição brasileira que adotou limitação de ordem temporal foi a Imperial, 
de 1824 (ela previa que o seu texto só poderia ser modificado após quatro 
anos de sua promulgação). 
Há quem defenda que os cinco anos para a realização da revisão constitucional 
(ADCT, art. 3°) seria uma limitação temporal. Esse entendimento, porém, é 
minoritário e deverá ser desconsiderado em qualquer prova de concurso! 
Ora, tal prazo não constitui limitação temporal simplesmente porque nesse 
período de cinco anos o texto da Constituição poderia ter sido (e, de fato, o 
foi) modificado normalmente, desde que pelo procedimento rígido de 
aprovação de emenda à Constituição (EC), previsto no art. 60 (isto é, durante 
os tais cinco anos só era vedada a aprovação de ECR, pelo procedimento 
simplificado de revisão). 
Então, no seu concurso, não tenha dúvida: a Constituição Federal de 1988 não 
possui limitações de ordem temporal. 
3.2) Limitações circunstanciais 
Temos limitações circunstanciais quando a Constituição estabelece períodos 
circunstanciais, de anormalidade da vida do Estado, que impedem a 
modificação da Constituição. 
A Constituição Federal possui limitações circunstanciais, pois proíbe a 
modificação do seu texto durante o estado de defesa, o estado de sítio e a 
intervenção federal (CF, art. 60, § 1°). 
3.3) Limitações processuais ou formais 
Temos limitações processuais (ou formais) quando são estabelecidas restrições 
ao processo legislativo de aprovação de emenda à Constituição, tornando-o 
mais solene, diferenciando-o do processo legislativo de elaboração das leis. 
A Constituição Federal de 1988 possui diversas limitações processuais ou 
formais, quais sejam: 
a) Art. 60, caput - Iniciativa restrita; 
A Constituição Federal só poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal; 
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II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da 
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus 
membros. 
Veja que essa legitimação é bem mais restrita do que a legitimação para 
apresentação de um projeto de lei, amplamente estabelecida no art. 61 da 
Constituição Federal (basta lembrar que qualquer congressista pode, 
individualmente, apresentar um projeto de lei!). 
Destacamos a seguir outros detalhes relevantes que podem te diferenciar do 
candidato comum, de conhecimento mediano. Portanto, fique atento a estas 
orientações... 
Ausência de participação dos municípios 
Anote-se que os municípios não têm legitimidade - direta ou indireta - para 
apresentar proposta de emenda à Constituição. Na verdade, os municípios não 
participam, em momento algum, do processo de modificação da Constituição, 
já que nem podem apresentar proposta de emenda à Constituição, nem 
participarão da deliberação - os municípios não têm representação no 
Legislativo federal (a Câmara dos Deputados representa o povo, e o Senado 
Federal representa os estados e o Distrito Federal). 
Ausência de iniciativa popular 
Não há iniciativa popular no processo legislativo de emenda à Constituição, isto 
é, os cidadãos não podem apresentar uma proposta de emenda à Constituição 
(a iniciativa popular prevista na Constituição Federal é para apresentação de 
projeto de lei). 
Ausência de iniciativa privativa 
Não há iniciativa reservada (exclusiva ou privativa) no processo legislativo de 
emenda à Constituição (isto é, nenhum dos legitimados pelos incisos I, II e III 
do art. 60 tem iniciativa reservada para apresentar proposta de emenda sobre 
determinada matéria). 
As iniciativas reservadas previstas na Constituição Federal (para o Presidente 
da República, para os tribunais do Judiciário, para o Ministério Público etc.) são 
exclusivamente para a apresentação de projeto de lei (e não de proposta de 
emenda à Constituição). 
Na prática, significa dizer que a iniciativa em proposta de emenda à 
Constituição é sempre concorrente, ou seja, todos os legitimados concorrem 
entre si na apresentação de proposta de emenda sobre qualquer matéria, sem 
reserva. 
b) Art. 60, § 2° - deliberação; 
A proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 
três quintos dos votos dos respectivos membros. 
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Anote-se que esse rito é muito mais árduo do que aquele de aprovação de uma 
lei (a lei é discutida e votada em um só turno, sendo aprovada por maioria 
simples de votos). 
Ausência de Casa iniciadora 
Ao estudar o processo legislativo, vimos que a Casa iniciadora é definida pela 
autoridade que apresenta o projeto de lei. Por exemplo, se o Presidente da 
República apresenta um projeto de lei, sua discussão e votação têm início na 
Câmara dos Deputados (CF, art. 64). Por sua vez, um projeto de lei 
apresentado por senador terá o Senado Federal como Casa iniciadora. Você se 
lembra disso, certo? 
Pois bem, aqui o detalhe é que, no que se refere às emendas constitucionais, 
não há uma Casa iniciadora estabelecida pela autoridade que apresenta a 
proposta de emenda constitucional (PEC). Por exemplo, o presidente da 
república pode apresentar uma PEC tanto no Senado Federal, quanto na 
Câmara dos Deputados. Afinal, diferentemente das leis em geral, a proposta 
de emenda constitucional pode ter início em qualquer das Casas do Congresso 
Nacional. Em simples palavras: não há Casa iniciadora obrigatória em 
PEC. 
Alteração substancial 
Vimos que a proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, e só será considerada aprovada se 
obtiver, em ambos, três quintos dos respectivos membros. 
Em decorrência dessa regra constitucional, se a segunda Casa Legislativa 
alterar o texto aprovado pela primeira Casa, o texto terá que voltar a esta, 
para nova votação, em dois turnos (afinal, o texto só será aprovado quando for 
aprovado, em dois turnos, nas duas Casas). 
Pois bem, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que esse 
retorno da proposta somente é necessário se a alteração do texto for 
substancial (mera alteração de redação, que não interfira substancialmente 
na matéria tratada, dispensa o retorno do texto). 
c) Art. 60, § 3°;
Estabelece a Constituição Federal que a emenda à Constituição será 
promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com 
o respectivo número de ordem. 
Vamos direto ao Ponto! Desse dispositivo, extraímos três informações 
importantes: 
(i) a emenda à Constituição é diretamente promulgada pelas Mesas da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal (e não pelo Presidente da República, como 
acontece com as leis); 
(ii) a emenda à Constituição não se sujeita a veto ou à sanção do Presidente 
da República; e 
(iii) a emenda à Constituição recebe numeração distinta daquela atribuída às 
leis (EC 1; EC 2; EC 3 etc.). 
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d) Art. 60, § 5°. 
Determina a Constituição Federal que a matéria constante de proposta de 
emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova 
proposta na mesma sessão legislativa. 
Se a matéria constante de uma proposta de emenda à Constituição for 
rejeitada, ou havida por prejudicada, ela só poderá constituir nova proposta de 
emenda em sessão legislativa distinta. Não há exceção a essa regra, em 
nenhuma hipótese. 
Cuidado! Não confunda essa situação - de matéria constante de proposta de 
emenda rejeitada - com a rejeição de matéria constante de projeto de lei. Com 
efeito, a matéria constante de projeto de lei rejeitado pode constituir novo 
projeto na mesma sessão legislativa, desde que haja proposta de maioria 
absoluta de uma das Casas do Congresso Nacional, nos termos do art. 67 da 
Constituição Federal. 
3.4) Limitações materiais 
Temos limitações materiais quando a Constituição estabelece certas matérias 
que não poderão ser abolidas, ou substancialmente prejudicadas, por emenda 
à Constituição. 
Aqui, para complicar um pouco a sua vida, a doutrina resolveu dividir as 
limitações materiais em dois grupos: expressas ou explícitas (quando 
explicitamente indicadas no texto da Constituição) e implícitas ou tácitas 
(quando não explicitamente indicadas no texto da Constituição). 
A Constituição Federal possui limitações materiais expressas e, também, 
implícitas ao poder de reforma. 
As limitações materiais expressas são aquelas explicitamente indicadas no 
§ 4° da Constituição Federal. Com efeito, dispõe esse dispositivo que não será 
objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
Fácil, não? Estão aí as chamadas cláusulas pétreas expressas, 
explicitamente indicadas pela Constituição Federal - e que você tem a 
obrigação, desde o chiqueirinho da mamãe, de memorizá-las, literalmente! 
E as limitações materiais implícitas, onde estão indicadas no texto 
constitucional? Ora, em nenhum dispositivo constitucional, senão elas não 
seriam implícitas! Pois é, as limitações materiais implícitas são resultado 
do estudo dos constitucionalistas, que perceberam que, além daquelas 
limitações explicitamente indicadas no texto da Constituição, há outras 
limitações materiais impostas ao poder de reforma, por decorrência lógica do 
sistema jurídico. 
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A doutrina aponta, especialmente, as seguintes limitações materiais implícitas 
ou tácitas ao poder de reforma da Constituição Federal de 1988: 
(i) titularidade do poder constituinte originário; 
Vimos, na primeira aula deste curso on-line, que o poder constituinte originário 
é o poder de elaborar uma nova Constituição. Vimos, também, que a 
titularidade do poder constituinte originário pertence ao povo. Nesse sentido, 
seria flagrantemente inconstitucional a aprovação de uma emenda à 
Constituição Federal outorgando a um órgão constituído qualquer (ao STF, por 
exemplo) a competência para elaborar uma nova Constituição, em substituição 
à atual. 
(ii) titularidade do poder constituinte derivado; 
O poder constituinte derivado é o poder de modificar a Constituição Federal 
(poder constituinte derivado reformador) ou de elaborar a Constituição 
Estadual (poder constituinte derivado decorrente). O exercício do primeiro foi 
atribuído ao Congresso Nacional (art. 60, § 2°); o exercício do segundo cabe 
às Assembleias Legislativas (ADCT, art. 11). Qualquer emenda que intente 
alterar essa titularidade do poder constituinte derivado será, também, 
flagrantemente inconstitucional. 
(iii) o próprio procedimento de modificação da Constituição Federal não pode 
ser alterado. 
Estudamos que o poder constituinte originário estabeleceu dois procedimentos 
formais para modificação do texto da Constituição Federal, quais sejam: 
revisão constitucional (ADCT, art. 3°) e emenda à Constituição (CF, art. 60). 
Pois bem, esses dois procedimentos, em si, constituem duas "cláusulas pétreas 
implícitas", que não admitem alteração substancial do seu conteúdo. Enquanto 
a nossa Constituição Federal de 1988 estiver em vigor, ela só poderá ser 
modificada por esses dois procedimentos (de agora em diante, na verdade, só 
pelo procedimento do art. 60, haja vista que a revisão constitucional já se 
esgotou). Qualquer tentativa de alterar esses procedimentos, para se permitir 
a modificação da Constituição por outros processos, será flagrantemente 
inconstitucional. 
E, aqui, um aspecto importante: o art. 60 da Constituição Federal não admite 
modificações ao seu texto, nem para fragilizar (tornar mais fácil), nem para 
reforçar (tornar mais difícil) o procedimento ali estabelecido. 
Por exemplo: dispõe o art. 60, § 2°, que a modificação da Constituição Federal 
exige aprovação de três quintos dos membros das Casas do Congresso 
Nacional, em dois turnos de votação; pois bem, assim como seria 
inconstitucional uma emenda alterando esse procedimento para um turno de 
votação e aprovação de maioria absoluta, seria também inconstitucional outra 
emenda que alterasse tal procedimento para três turnos de votação e 
aprovação de quatro quintos; no primeiro caso, nossa Constituição estaria 
sendo transformada em uma Constituição flexível, e, no segundo, seria 
estabelecida uma rigidez desmedida para o texto constitucional; nas duas 
situações, repita-se, haveria inconstitucionalidade. 
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Podemos, então, afirmar que o art. 60 da Constituição Federal constitui um 
"núcleo imutável" da nossa Constituição? Sim, podemos, sem medo de errar. 
Afinal, tal dispositivo constitucional não admite alterações que venham 
dificultar aquele procedimento ali estabelecido, tampouco que intente 
enfraquecê-lo. 
Você entendeu, agora, por que afirmamos antes que não é possível criar um 
novo procedimento simplificado de revisão constitucional? Ora, não é possível 
porque o procedimento de modificação da Constituição Federal constitui, em si, 
uma limitação material implícita ao poder constituinte derivado 
reformador (ou, como preferem alguns, constitui uma cláusula pétrea 
implícita ao poder constituinte derivado). 
A expressão "não será objeto de deliberação" 
Estabelece o art. 60, § 4°, que não será objeto de deliberação a proposta 
de emenda tendente a abolir cláusula pétrea. Por força dessa proibição, 
entende o Supremo Tribunal Federal que uma proposta de emenda à 
Constituição que tenda a abolir cláusula pétrea não pode, sequer, 
tramitar pelas Casas do Congresso Nacional. Não pode porque, nesse 
caso, a própria tramitação da proposta, em si, já constituiria uma ofensa ao 
direito de que dispõem os congressistas à observância
do devido processo 
legislativo constitucional. 
Por isso, nessa situação, o Supremo Tribunal Federal admite o controle judicial 
preventivo, incidente sobre o processo legislativo em si, já estudado por nós 
quando do exame, na aula pretérita, do processo legislativo das leis. E como 
será mesmo esse controle judicial preventivo? Bem, conforme já visto 
anteriormente, ele terá as seguintes características: 
a) deverá ser iniciado por um congressista da Casa Legislativa em que a 
proposta estiver tramitando; 
b) deverá ser realizado via mandado de segurança (controle incidental de 
constitucionalidade, conforme estudaremos adiante); 
c) o mandado de segurança deverá ser impetrado diretamente 
(originariamente) perante o Supremo Tribunal Federal. 
Portanto, caso seja colocada em tramitação uma proposta de emenda à 
Constituição que tenda à abolição de cláusula pétrea, qualquer congressista da 
respectiva Casa poderá impetrar um mandado de segurança perante o STF, 
visando à sustação do procedimento legislativo - e a fazer valer o seu direito 
líquido e certo à fiel observância do devido processo legislativo constitucional. 
A expressão "tendente a abolir" 
Estabelece a Constituição Federal que não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir as cláusulas pétreas. Essa expressão 
"tendente a abolir" é de fundamental importância para verificarmos se 
determinada emenda é válida (constitucional) ou inválida (inconstitucional). 
Por quê? Ora, porque as matérias gravadas como cláusula pétrea expressa 
podem sim ser objeto de emenda à Constituição. Não há vedação alguma a 
que o direito ao voto, a separação dos poderes, a forma federativa de Estado e 
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os direitos e garantias individuais venham a ser objeto de emenda. Não há 
mesmo. O que há é vedação a que essas matérias sejam objeto de emendas 
que tendam à sua abolição. Se não houver essa tendência à abolição, 
qualquer matéria gravada como cláusula pétrea expressa poderá ser objeto de 
emenda! 
Dois exemplos, para não restar dúvida. Sabemos que os direitos e garantias 
individuais são cláusula pétrea expressa (CF, art. 60, § 4°, IV). Mesmo assim, 
a EC 45/2004 alterou essa matéria, acrescentando mais uma garantia 
individual ao art. 5° da Constituição (inciso LXXVIII, que prevê o princípio da 
celeridade processual). Houve alguma inconstitucionalidade nessa emenda por 
esse motivo? É claro que não, pois não houve nenhuma tendência à abolição 
dos direitos e garantias individuais (ao contrário, a emenda veio alargar o 
catálogo desses institutos). Contrariamente, haveria flagrante 
inconstitucionalidade se a mesma EC houvesse abolido um direito ou uma 
garantia individual ali presente (abolição do habeas corpus, por exemplo). 
Passemos ao segundo exemplo. Sabemos que o direito ao voto direto, secreto, 
universal e periódico constitui cláusula pétrea expressa (CF, art. 60, § 4°, III). 
Imagine uma emenda à Constituição abolindo a obrigatoriedade de votar. Seria 
tal emenda inconstitucional? De modo algum, pois a obrigação de votar 
constitui um dever fundamental, cuja abolição não prejudicaria, em nada, o 
direito de votar (afinal, os cidadãos poderiam continuar a votar normalmente, 
simplesmente não estariam mais obrigados a votar!). Agora, suponha outra 
emenda, abolindo o direito de votar dos analfabetos. E esta, seria válida? Não, 
não, essa seria flagrantemente inconstitucional, pois tenderia a abolir a 
universalidade do voto (eliminando um de seus titulares - os analfabetos). 
Moral da história: para você acertar na sua prova essas questões que indagam 
se determinada emenda à Constituição é válida, ou não, é fundamental que 
você: em primeiro lugar, lembre-se de quais são as cláusulas pétreas; em 
segundo lugar, faça essa averiguação, se o conteúdo da emenda está, ou não, 
com alguma tendência à abolição de tais cláusulas pétreas. 
O alcance da cláusula pétrea "direitos e garantias individuais" 
Estabelece a Constituição Federal que não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais 
(CF, art. 60, § 4°, IV). 
Na nossa Constituição Federal de 1988, sempre que nos referimos aos direitos 
e às garantias fundamentais temos a mania de pensarmos, de pronto, no art. 
5° do texto constitucional. Entretanto, esse link não é, necessariamente, 
correto, pelas razões a seguir expostas. 
Primeiro, porque nem todos os direitos e garantias individuais estão 
enumerados no art. 5° da Constituição. Além daqueles indicados no art. 5°, há 
outros direitos e garantias individuais dispersos, indicados em outros 
dispositivos da Constituição. Logo, há direitos e garantias individuais 
gravados como cláusula pétrea fora do art. 5° da Constituição. O 
Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento de que o art. 16 (princípio 
da anterioridade eleitoral) e o art. 150, III, "b" (princípio da 
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anterioridade tributária) constituem cláusulas pétreas, por 
representarem garantias individuais. 
Segundo, porque nem tudo o que está indicado no art. 5° constitui cláusula 
pétrea. Com efeito, reza a Constituição que o art. 5° enumera os direitos e 
deveres individuais e coletivos. Por outro lado, só foram gravados como 
cláusula pétrea os direitos e garantias individuais. Logo, há, ali no art. 5°, 
conteúdos que não foram gravados como cláusula pétrea. É o caso dos deveres 
individuais (pena de morte no caso de guerra declarada, por exemplo) e dos 
direitos coletivos (mandado de segurança coletivo, por exemplo). 
Você já havia pensado nisso? Ah, os deveres individuais (dever de nos sujeitar 
às penas admitidas em lei; dever de sujeição à requisição administrativa, no 
caso de iminente perigo público; dever de votar etc.), ainda que indicados no 
art. 5° da Constituição, não são cláusulas pétreas, e podem normalmente ser 
abolidos por emenda à Constituição! 
A vedação à chamada "dupla revisão" 
Estudamos até aqui que as cláusulas pétreas não podem ser abolidas 
(superadas, burladas, afastadas) por obra do poder constituinte derivado 
reformador. Mais ainda: que o nosso ordenamento constitucional não permite, 
sequer, emendas que tendam à abolição de cláusula pétrea. Certo? Certíssimo. 
Há, entretanto, alguns doutrinadores que não admitem essa ideia, de que 
certas matérias consagradas no texto de uma Constituição (as cláusulas 
pétreas) não possam, nunca, ser objeto de abolição. Defendem eles que tais 
matérias poderiam, sim, ser abolidas pelo poder constituinte derivado 
reformador, desde que mediante o mecanismo da dupla revisão 
(aprovação de duas emendas à Constituição). 
E como seria essa superação de cláusula pétrea mediante dupla revisão? Bem, 
em um primeiro momento, seria aprovada uma emenda à Constituição 
abolindo (afastando) a proibição prevista na Constituição, consagrada na 
cláusula pétrea. Em um segundo momento, seria aprovada outra emenda à 
Constituição - agora já sem a presença da proibição antes existente na 
cláusula pétrea -, abolindo o direito não mais protegido (não mais previsto em 
cláusula pétrea). 
Vamos a um exemplo, para facilitar o entendimento. Suponha que o Congresso 
Nacional queira, hoje, abolir a garantia individual habeas corpus. Poderia o 
Congresso Nacional fazê-lo, nos dias atuais? Não, porque há uma proibição na 
Constituição Federal (cláusula pétrea), que veda a aprovação de emenda 
tendente a abolir os direitos e garantias individuais (CF, art. 60, § 4°, IV). Ora, 
vamos, então, adotar a dupla revisão, e afastar essa cláusula pétrea! Primeiro, 
o Congresso Nacional aprova uma emenda
à Constituição afastando a tal 
proibição, isto é, revogando o art. 60, § 4°, IV (com isso, deixaria de existir a 
proibição à abolição de garantias individuais). Em seguida, o Congresso 
Nacional aprova uma segunda emenda, agora abolindo diretamente o habeas 
corpus (isto é, revogando o inciso LXVIII do art. 5° da Constituição). 
E, então, a dupla revisão é admitida como meio legítimo de superar uma 
cláusula pétrea? A resposta é negativa. O mecanismo da dupla revisão não é 
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adotado no Brasil, haja vista que a tal primeira emenda à Constituição, que 
alteraria o art. 60 da Constituição Federal, seria flagrantemente 
inconstitucional, por violar uma limitação material implícita. 
Antes de continuarmos, vamos treinar o assunto visto resolvendo algumas 
questões de provas bem recentes, que foram aplicadas neste ano de 2011. 
"(FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE/PA/2011) As constituições imutáveis 
são aquelas que não comportam modificação de nenhuma espécie, 
enquanto as rígidas exigem um processo de alteração mais rigoroso do 
que aquele previsto para a legislação infraconstitucional. A Constituição de 
1988 é considerada super-rígida, isto é, ela possui uma parte imutável e 
uma parte rígida. Para que se altere a CRFB de 1988 na sua parte rígida, 
é necessário que 
a) haja proposta de emenda por, no mínimo, metade dos membros da 
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. 
b) a proposta de emenda seja discutida e votada em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos. 
c) a proposta de emenda seja aprovada se obtiver, em pelo menos uma 
das casas, três quintos dos votos. 
d) a emenda seja promulgada pelo Senado Federal, que detém 
competência privativa para tanto. 
e) a proposta de emenda tenha iniciativa do Presidente da República ou 
dos Governadores dos Estados ou do Distrito Federal." 
Esta é uma ótima questão para fixarmos os procedimentos formais de 
aprovação de emendas constitucionais. 
A alternativa "a" está errada, pois Deputados Federais e Senadores têm 
legitimidade para dar iniciativa a projetos de emendas à Constituição por 
proposta de, pelo menos, um terço dos membros (CF, art. 60, I). 
A alternativa "b" está correta, pois, de fato, exigem-se dois turnos de votação 
para a aprovação de emendas constitucionais (CF, art. 60, § 2°). 
A alternativa "c" está errada, pois a aprovação de emendas constitucionais 
exige três quintos dos votos em cada uma das Casas legislativas (CF, art. 60, 
§ 2°). 
A alternativa "d" está errada, pois a emenda à Constituição será promulgada 
pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo 
número de ordem (CF, art. 60, § 3°). 
A alternativa "e" está errada, pois governadores não são legitimados à 
proposição de emendas constitucionais (CF, art. 60, caput). 
Logo, o gabarito é letra "b". 
"(FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMIN ISTRATIVA/TRF/1a 
REGIÃO/2011) Pode ser objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir a forma federativa de Estado." 
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Não se admite nem mesmo a deliberação de uma proposta de emenda 
constitucional tendente a abolir uma cláusula pétrea, como a forma federativa 
de Estado (CF, art. 60, § 4°, I). Logo, a assertiva está errada. 
"(CESPE/TECNICO DE NÍVEL MÉDIO/STM/2011) Proposta de emenda 
constitucional deve ser discutida e votada nas duas Casas do Congresso 
Nacional, em turno único, considerando-se aprovada se obtiver três 
quintos dos votos dos seus respectivos membros. Na fase constitutiva do 
seu processo legislativo, conta-se com a participação do presidente da 
República, e a promulgação deve realizar-se, conjuntamente, pelas Mesas 
do Senado Federal e da Câmara dos Deputados." 
A questão apresenta duas impropriedades. Em primeiro lugar, a aprovação de 
uma emenda constitucional exige votação em dois turnos em cada uma das 
Casas Legislativas (CF, art. 60, § 2°). Em segundo lugar, a participação do 
Presidente se esgota na possibilidade de iniciativa - não há participação 
posterior na fase constitutiva da PEC. Portanto, incorreta a assertiva. 
4) Entrada em vigor de uma nova Constituição 
Até aqui, nós falamos sobre alterações na Constituição em vigor. Deixamos 
para este tópico a explicação sobre o que acontece quando ocorre a 
substituição de uma Constituição por outra, como aconteceu, em nosso país, 
pela última vez em 5 de outubro de 1988. 
Portanto, imagine se, hoje, estivéssemos em meio a uma convulsão social e a 
sociedade brasileira decidisse que a Constituição de 1988 não mais consegue 
"ditar as regras" para a conduta social. Em suma, imagine que o titular do 
poder constituinte entendesse por bem editar uma nova Constituição. 
O que aconteceria com a Constituição Federal de 1988 (que passaria a ser a 
"Constituição antiga"?). E o ordenamento jurídico existente, perderia sua 
validade como um todo? 
São essas e outras questões que vamos abordar agora. 
4.1) Efeitos 
A entrada em vigor de uma nova Constituição alcança todo o ordenamento 
jurídico, com efeitos sobre a Constituição antiga e a legislação 
infraconstitucional. 
Um primeiro detalhe importante, pois às vezes cai em concursos: de acordo 
com a jurisprudência do STF, as novas normas constitucionais, salvo 
disposição em contrário, se aplicam de imediato, alcançando os efeitos 
futuros de fatos passados. Essa eficácia especial denomina-se retroatividade 
mínima. 
Significa dizer que, salvo disposição constitucional em contrário (pois a 
Constituição pode estabelecer outra regra de aplicabilidade), a entrada em 
vigor de uma norma constitucional não alcança os fatos consumados no 
passado (nesse caso, ocorreria a chamada retroatividade máxima). Não 
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alcança também as prestações vencidas e não pagas (nessa hipótese, tratar-
se-ia de retroatividade média). 
Para clarear podemos citar o exemplo do art. 7°, IV, da CF/88. Esse dispositivo 
veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim. Assim, em outubro de 
1988, quando entrou em vigor a Constituição, os proventos de pensão que 
seriam recebidos após aquela data deixaram de estar vinculados ao salário 
mínimo automaticamente (apesar de ter havido essa vinculação até então para 
os proventos recebidos anteriormente). 
E se o exemplo fosse um contrato de aluguel, a norma constitucional poderia 
retroagir e alcançar esse ato jurídico perfeito? Sim, poderia sim. Salvo 
disposição constitucional em contrário, a entrada em vigor de uma nova 
Constituição alcançaria os efeitos futuros (novos aluguéis, vencidos após a 
entrada em vigor da nova Constituição) de fatos passados (um contrato de 
aluguel firmado sob a égide de outra Constituição). 
É importante deixar claro que essa regra especial serve apenas para a 
Constituição Federal. No caso das constituições estaduais e legislação 
infraconstitucional, essa regra não se aplica. Elas não são dotadas de 
retroatividade mínima, por força do art. 5°, XXXVI, da Constituição Federal. 
O Cespe andou cobrando esse assunto na prova de Procurador do Bacen, 
realizada em 2009. 
"De acordo com entendimento do STF, as normas constitucionais 
provenientes da manifestação do poder constituinte originário têm, via de 
regra, retroatividade máxima." 
Como vimos, o STF deixou assente que, salvo disposição expressa ao 
contrário, a nova Constituição aplica-se de imediato, alcançando efeitos futuros 
de negócios passados. Essa regra de eficácia é denominada retroatividade 
mínima.
Seria retroatividade máxima se a nova Constituição pudesse alcançar 
inclusive os fatos já consumados. Ela até pode, desde que o faça 
expressamente, mas sim, por óbvio, é matéria excepcional (a regra, repita-se, 
é a retroatividade mínima). 
Item errado. 
4.2) Conflitos com o ordenamento jurídico anterior 
Continuando a análise da problemática da força de um novo texto 
constitucional em relação ao direito anterior ou o direito "pré-constitucional", 
vamos verificar, de maneira objetiva, cada uma das possibilidades de conflito 
que podem ocorrer. 
Sendo assim, promulgada uma nova Constituição o que acontece com... 
a) a Constituição pretérita - terá todos seus dispositivos integralmente 
revogados pela nova Constituição, em bloco, ainda que haja alguma 
compatibilidade; ou seja, não se aproveita nada da Constituição pretérita; 
b) o direito infraconstitucional materialmente compatível - será recepcionado 
pela nova Constituição, com o status (força) que esta der para aquele assunto; 
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Deixe-nos explicar melhor. É que no confronto entre o direito pré-
constitucional e Constituição futura só interessa a compatibilidade material 
(conteúdo da norma). Não interessa em nada a compatibilidade formal, ligada 
ao processo legislativo de elaboração das normas. 
Entenda bem, a compatibilidade formal (ligada ao processo de elaboração das 
leis) é importante para fins de controle de constitucionalidade, com vistas a 
analisar se uma norma constitucional ofende a Constituição de sua época. 
Mas essa análise não tem relevância para se avaliar a compatibilidade de uma 
norma antiga, frente a uma nova Constituição futura (nesse caso, só 
interessa a compatibilidade material). 
Em outras palavras, se a Constituição pretérita exigia lei ordinária para regular 
a matéria e a nova Constituição passa a exigir lei complementar para esse 
mesmo fim, a norma poderá sim ser recepcionada pela nova Constituição. E 
será recepcionada com força (status) de lei complementar. Conclusão: apesar 
de ter sido aprovada anteriormente como lei ordinária, só poderá ser 
revogada por lei complementar ou norma hierarquicamente superior. 
E se houver uma lei federal pretérita tratando de determinada matéria cuja 
disciplina passou para o âmbito de competência dos Estados (ou dos 
Municípios), segundo a nova Constituição? O que acontece? 
Nesse caso, o raciocínio é o mesmo: não interessam em nada os aspectos 
formais e tal legislação federal pretérita será recepcionada pela nova 
Constituição como se norma estadual (ou Municipal) fosse. 
III) o direito infraconstitucional materialmente incompatível - será revogado 
pela nova Constituição; 
Atenção! Não é que ele se torna inconstitucional. Não, não. O confronto entre 
a nova Constituição e o direito pré-existente materialmente incompatível se 
resolve pela revogação deste por aquela (e não pela inconstitucionalidade). 
Sobre isso, guarde aquele famoso bordão: não há inconstitucionalidade 
superveniente no Brasil. 
IV) o direito infraconstitucional não vigente no momento da promulgação da 
nova Constituição - até poderá ter a sua vigência restaurada pela nova 
Constituição, desde que esta o faça expressamente (poderá ocorrer 
repristinação expressa). Entretanto, não tem sua vigência tacitamente 
(automaticamente) restaurada. 
Trata-se de outro bordão: não haverá repristinação tácita. 
Quanto a esse último ponto tem um detalhe importante, relativo ao direito 
infraconstitucional que se encontrar no período da vacatio legis no momento 
da promulgação da nova Constituição. Trata-se da chamada vacância da lei, o 
período entre a publicação da lei e o início de sua vigência (o legislador pode 
estabelecer esse prazo, mas o mais comum é estabelecer que "essa lei entra 
em vigor na data de sua publicação"). 
Caso a lei esteja no período de vacatio legis no momento da promulgação da 
nova Constituição, ela não entrará em vigor no novo ordenamento 
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constitucional que se inicia; ou seja, não será aproveitada pela nova 
Constituição. 
Bem, vamos então ao que interessa, um resumo dos aspectos mais relevantes. 
Objetivamente, você precisa guardar o seguinte. 
Em primeiro lugar, o confronto entre a nova Constituição e o direito 
infraconstitucional anterior se resolve pela recepção ou revogação deste 
último, tendo em vista que não há inconstitucionalidade superveniente. 
Em segundo lugar, para a análise desse confronto, não interessa, em nada, os 
aspectos formais, procedimentais. Avalia-se exclusivamente a 
compatibilidade material da norma com a nova ordem constitucional. 
Por fim, interessa observar que, para que norma infraconstitucional possa ser 
recepcionada pela nova Constituição, ela deve cumprir os seguintes requisitos: 
(i) estar em vigor no momento da promulgação da nova Constituição; (ii) ter 
conteúdo compatível com a nova Constituição; e (iii) ter sido produzida de 
modo válido (de acordo com a Constituição de sua época). 
Em suma, quanto a esse terceiro aspecto, você tem de pensar da seguinte 
forma. 
Se em 1970 foi produzida uma lei inconstitucional (por exemplo, se ela tiver 
desrespeitado o processo legislativo estabelecido pela Constituição da sua 
época), ela é inválida desde a sua origem. Ou seja, essa lei é nula, mesmo que 
ainda não tenha sido formalmente declarada a sua inconstitucionalidade. 
Assim, essa lei não pode ser recepcionada pela nova Constituição. Pois para 
ser recepcionada ela deve ter sido produzida de modo válido (de acordo 
com a Constituição de sua época). 
Não há que se avaliar sua compatibilidade frente à nova Constituição, ela é 
inválida frente à Constituição anterior. Portanto, inválida desde a sua origem, 
não cabendo falar em sua recepção pelo novo ordenamento. 
4.3) Desconstitucionalização 
Antes de resolver novas questões, precisamos apresentar o conceito de 
desconstitucionalização. 
Alguns doutrinadores defendem que a entrada em vigor de uma nova 
Constituição não deveria acarretar a revogação de toda a Constituição 
pretérita. Para eles, cada dispositivo da Constituição antiga deveria ser 
confrontado com a nova Constituição. Como resultado desse confronto, os 
dispositivos da Constituição pretérita que fossem incompatíveis com a nova 
Carta seriam imediatamente revogados. Entretanto, os dispositivos 
compatíveis seriam recepcionados com força de leis comuns, normas 
infraconstitucionais. 
Em suma, aquela parte compatível entre as duas Constituições não seria 
revogada, tão somente perderia o status de norma constitucional, sendo 
recepcionada como norma infraconstitucional. Daí o nome de 
desconstitucionalização. 
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É importante que você saiba que essa tese (desconstitucionalização) não é 
adotada no nosso ordenamento. 
Vamos ver se você entendeu resolvendo esta questão da Esaf (prova de 2006 
para o cargo de Juiz do TRT 7a Região): 
"Com o advento de uma nova Constituição, normas da Constituição 
anterior que sejam compatíveis com o novo diploma continuam a vigorar, 
embora com força de lei." 
Como vimos, promulgada uma nova Constituição, a Constituição pretérita será 
completamente revogada. É dizer, terá todos seus dispositivos integralmente 
revogados pela nova Constituição, independentemente de haver 
compatibilidade ou não com esta última. A questão está relacionada ao 
conceito de desconstitucionalização, não admitido no nosso ordenamento 
jurídico. Logo, questão incorreta.
Agora, vamos resolver esta questão da Esaf, que abrange vários aspectos 
deste assunto. 
"(ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Suponha a existência de uma lei ordinária 
regularmente aprovada com base no texto constitucional de 1969, a qual 
veicula matéria que, pela Constituição de 1988, deve ser disciplinada por 
lei complementar. Com base nesses elementos, pode-se dizer que tal lei 
a) foi revogada por incompatibilidade formal com a Constituição de 1988. 
b) incorreu no vício de inconstitucionalidade superveniente em face da 
nova Constituição. 
c) pode ser revogada por outra lei ordinária. 
d) foi recepcionada com força de lei ordinária, mas somente pode ser 
modificada por lei complementar. 
e) pode ser revogada por emenda à Constituição Federal." 
Primeira coisa: você entendeu a situação apresentada pela questão? 
A Lei ordinária "A" foi aprovada antes de 1988 (por exemplo, em 1975), 
tratando de um assunto "X", por exemplo. Veio a Constituição de 1988 e 
estabeleceu que "apenas as leis complementares podem dispor sobre o 
assunto 'X'". 
Ela é inconstitucional frente à CF/88? Não, pois não há 
inconstitucionalidade superveniente. Letra "b" está errada. 
Ela foi revogada por ser lei ordinária? Não, pois para se avaliar o fenômeno da 
recepção, não importam em nada os aspectos formais (por exemplo, se a 
lei era ordinária, complementar, se era um decreto-lei etc.). Letra "a" errada. 
Na verdade, a princípio, essa norma seria recepcionada (a questão não falou 
se ela é materialmente compatível) com força de lei complementar (afinal, 
essa é a espécie normativa que deve tratar do tema "X", de acordo com a 
Constituição de 1988). 
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Diante disso, só pode ser revogada por lei complementar ou norma 
hierarquicamente superior. Portanto, estão erradas as letras "c" e "d". E 
correta a letra "e", uma vez que emenda constitucional, norma 
hierarquicamente superior a todas as leis, poderá revogar a Lei "A". 
A mesma prova da Esaf cobrou a seguinte questão. 
"(ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A legislação federal anterior à 
Constituição de 1988 e regularmente aprovada com base na competência 
da União definida no texto constitucional pretérito é considerada recebida 
como estadual ou municipal se a matéria por ela disciplinada passou 
segundo a nova Constituição para o âmbito de competência dos Estados 
ou dos Municípios, conforme o caso, não se podendo falar em revogação 
daquela legislação em virtude dessa mudança de competência promovida 
pelo novo texto constitucional." 
De fato, não importam os aspectos formais. Nesse caso, se a lei federal for 
materialmente compatível, ela será recepcionada com status de lei estadual ou 
municipal, conforme o caso. 
Ou seja, uma lei federal aprovada validamente, passa a ter força de norma 
local (estadual ou municipal), caso a nova Constituição destine aquela matéria 
para a competência estadual ou municipal. Portanto, o item está correto. 
Super interessante isso, não? Muito, muito. Mas, para finalizar, uma questão 
do Cespe que aprofunda um pouco este assunto. 
"(CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) Uma lei 
estadual editada com base na sua competência prevista em Constituição 
pretérita é recepcionada como lei federal, quando a nova Constituição 
atribui essa mesma competência à União." 
Pois bem, vimos que não importam os aspectos formais para se analisar a 
recepção/revogação de uma norma infraconstitucional, certo? Certo. 
Entretanto, há um detalhe importante nisso. 
Digamos que na vigência da Constituição anterior, a competência para 
disciplinar determinada matéria era da União, tendo esse ente editado diploma 
legal sobre o assunto. Pois bem, caso a nova Constituição atribua essa 
competência aos estados, havendo compatibilidade material entre a lei e a 
nova Constituição, a lei federal pretérita será recepcionada com status de lei 
estadual. 
Tá tudo muito bom, tudo muito bem. 
Todavia, a situação apresentada na questão é inversa: anteriormente, a 
competência era estadual; a nova Constituição atribuiu aquela competência à 
União. 
Nesse caso, não haverá a recepção das leis pré-constitucionais pela nova 
Constituição. E por um motivo lógico, senão vejamos! Ora, se a competência 
anterior era dos estados, cada um (dos 26 estados) havia disciplinado a 
matéria à sua maneira. Como saber qual norma dentre essas 26 existentes 
seria recepcionada com status de lei federal? 
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Em suma, na mudança de competência entre os entes políticos, efetivada pela 
nova Constituição, é admitida a estadualização (de cima para baixo) da 
legislação federal pretérita; mas não a federalização (de baixo para cima) da 
legislação estadual ou municipal pretérita. Diante disso, a questão está errada. 
0 mesmo raciocínio vale para a mudança da competência envolvendo os 
municípios. 
Pronto! Acabamos de abordar os aspectos relevantes sobre o nosso processo 
de modificação da Constituição Federal - assunto interessantíssimo e pouco 
extenso, que você não pode se dar ao luxo de errar uma questão na prova! 
Para fixarmos os conceitos aqui estudados, passemos à resolução de 
exercícios... 
(AUFC/TCU/2009) Considerando que um deputado federal, diante da pressão 
dos seus eleitores, pretende modificar a sistemática do recesso e da 
convocação extraordinária no âmbito do Congresso Nacional, e sabendo que o 
poder constituinte derivado reformador manifesta-se por meio das 
denominadas emendas constitucionais, as quais estão regulamentadas no art. 
60 da CF, julgue o item a seguir. 
1. (CESPE/AUFC/TCU/2009) A CF estabelece algumas limitações de forma e 
de conteúdo ao poder de reforma. Assim, no caso narrado, para que a 
modificação pretendida seja votada pelo Congresso Nacional, a proposta 
de emenda constitucional deverá ser apresentada por, no mínimo, um 
terço dos membros da Câmara dos Deputados. 
De fato, o art. 60 da CF/88 estabelece que a iniciativa para proposta de 
emenda poderá ser apresentada exclusivamente: 
1 - por um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados 
ou do Senado Federal; 
II - pelo Presidente da República; 
III - por mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da 
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus 
membros. Portanto, a questão está correta. 
2. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) A CF admite emenda constitucional 
por meio de iniciativa popular. 
A Constituição até permite iniciativa popular para projetos de lei federal (CF, 
art. 61, § 2°), e prevê essa possibilidade no âmbito estadual (CF, art. 27, § 
4°) e municipal (CF, art. 29, III). Entretanto, não há previsão para 
iniciativa popular no caso de emendas à Constituição (CF, art. 60, 
caput). Logo, a assertiva está incorreta. 
3. (CESPE/AUFC/TCU/2009) Uma vez preenchido o requisito da iniciativa e 
instaurado o processo legislativo, a proposta de emenda à CF será 
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos 
dos respectivos membros. 
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Segundo a Carta Maior, a proposta de emenda será discutida e votada em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada 
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros (CF, 
art. 60, § 2°). 
O fato de o rito de deliberação das emendas constitucionais ser mais complexo 
do que o rito ordinário das leis federais
em geral faz com que a nossa 
Constituição possa ser classificada como rígida. Portanto, a questão está 
correta. 
4. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) Tratando-se 
de mutação constitucional, o texto da constituição permanece inalterado, 
e alteram-se apenas o significado e o sentido interpretativo de 
determinada norma constitucional. 
A mutação constitucional é um fenômeno de modificação silenciosa e contínua 
da Constituição, sem a ocorrência de qualquer alteração formal em seu texto. 
Trata-se de um processo informal e espontâneo de alteração da interpretação 
constitucional, em que se muda o conteúdo de determinado dispositivo, sem 
mudança no teor da norma. 
Isso acontece no Brasil? É claro! Todos os dias a Constituição está sendo lida, 
utilizada e interpretada pelos aplicadores do direito (em especial, o Supremo 
Tribunal Federal). E com o passar do tempo, a própria evolução de usos e 
costumes da sociedade faz com que o sentido daqueles dispositivos 
constitucionais mude, faz com que mude a forma de interpretá-los (mesmo 
que o texto permaneça o mesmo). Item certo. 
5. (CESPE/PROMOTOR/MPE-ES/2010) A CF consagrou, em seu texto, a 
iniciativa popular, sem restrição de matérias, para promover proposta de 
emenda constitucional. 
Não há iniciativa popular para projetos de emenda constitucional (CF, art. 60, 
caput). Portanto, o item está incorreto. 
6. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) A CF pode ser alterada, a qualquer 
momento, por intermédio do chamado poder constituinte derivado 
reformador e também pelo derivado revisor. 
Está errado afirmar que a CF/88 poderá ser alterada em qualquer momento 
pelo poder reformador e pelo poder revisor. Primeiro, porque há limitações 
circunstanciais que impedem a alteração da Constituição na vigência de 
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio (CF, art. 60, § 
1°). Ademais, a revisão constitucional foi restringida a um processo único, com 
data pré-fixada (cinco anos contados da promulgação da Constituição Federal, 
nos termos do art. 3° do ADCT). Incorreta a assertiva. 
7. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) A forma federativa de Estado poderá 
ser alterada mediante emenda constitucional. 
A forma federativa de Estado é uma das cláusulas pétreas expressas 
estabelecidas pela nossa Constituição (CF, art. 60.§ 4°, I). Nesse sentido, não 
se admite mudança na forma de Estado adotada (adoção da forma unitária de 
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Estado, por exemplo) nem mesmo por meio de reforma constitucional. Logo, a 
assertiva está incorreta. 
8. (CESPE/IRBR/DIPLOMACIA/2009) Não é passível de deliberação a 
proposta de emenda constitucional que desvirtue a forma republicana de 
governo, a qual está prevista como cláusula pétrea; no entanto, pode o 
Congresso Nacional, no exercício do poder constituinte derivado 
reformador, promover modificação do modelo federal, de modo a 
transformar o Brasil em Estado unitário. 
E aí, o que você acha? Poderia vir uma emenda à Constituição e transformar o 
Brasil numa monarquia parlamentarista? É o mesmo que perguntar: forma e 
sistema de governo são cláusulas pétreas? E transformar o Brasil em um 
Estado unitário, pode? 
A Constituição gravou com a chancela de cláusula pétrea expressa apenas a 
forma de Estado (Federação). É dizer, nem a república nem o sistema 
presidencialista são cláusulas pétreas expressas (CF, art. 60, § 4°). Logo, 
incorreta a assertiva. 
Aliás, se você não for tão jovem se lembrará que, no ano de 1993, tivemos um 
plebiscito nacional para a escolha tanto da forma quanto do sistema de 
governo. Isso significa que essas características poderiam ser alteradas, 
concorda? Tai uma boa dica para você memorizar essa informação! 
Entretanto (isso não é pacífico!), há autores que consideram que não seria 
válida uma emenda constitucional que instituísse a monarquia ou o sistema 
parlamentarista. Isso porque ela estaria em colisão com a decisão direta do 
Poder Constituinte Originário, tomada em 1993, no plebiscito que decidiu a 
forma e o sistema de Governo. 
Pode-se considerar ainda que haveria vedação à instituição da monarquia ao 
se prever como cláusula pétrea o voto direto, secreto, universal e periódico. 
Agora mais um detalhe. Se, por um lado, esse modelo não é petrificado na 
Constituição Federal, por outro lado, a forma e o sistema de governo são 
limitações à Constituição Estadual. Em outras palavras, é vedado ao estado-
membro, município ou Distrito Federal estabelecerem a monarquia como forma 
de governo ou o parlamentarismo como sistema de governo. 
Em suma, o enunciado está errado, pois simplesmente inverteu os institutos: 
na vigente Constituição Federal de 1988, a forma federativa de Estado é 
cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4°, I), o mesmo não acontecendo com a forma 
republicana de governo, matéria que não foi gravada expressamente como 
cláusula pétrea. 
Vale lembrar que na vigência da Constituição Federal pretérita, de 1969, a 
forma republicana de governo era expressamente gravada como cláusula 
pétrea. 
9. (CESPE/ANALISTA/MINISTÉRIO DA SAÚDE/2010) A forma de governo 
republicana é considerada cláusula pétrea. 
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Como vimos, a forma republicana não está expressamente prevista como 
cláusula pétrea. Com base nisso, a questão foi considerada incorreta pelo 
Cespe no gabarito preliminar. 
Todavia, logo em seguida, ela foi anulada, tendo o Cespe argumentado o 
seguinte: 
"A forma de governo republicana não é considerada como cláusula pétrea, já 
que pode ser modificada por plebiscito. No entanto, existem julgados no 
Supremo Tribunal Federal que sustentam a tese de ser uma cláusula pétrea 
implícita, fato que prejudica o julgamento objetivo do item." 
Bem, diante disso, em provas do Cespe vale ficar atento a essas duas 
hipóteses: a questão pode perguntar "com base na Constituição" e aí, você já 
sabe: a República não foi expressamente prevista como cláusula pétrea. 
Por outro lado, se o Cespe se aprofundar no assunto e pedir esse detalhe, você 
também estará preparado: há autores- que sustentam ser a República uma 
cláusula pétrea implícita, tendo em vista a decisão tomada no plebiscito de 
1993 e a previsão do voto direto, secreto, universal e periódico como cláusula 
pétrea. 
10. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) A revisão 
constitucional prevista no ADCT da CF, que foi realizada pelo voto da 
maioria simples dos membros do Congresso Nacional, gerou seis emendas 
constitucionais de revisão que detêm o status de normas constitucionais 
originárias. 
A revisão constitucional foi realizada pelo voto da maioria absoluta dos 
membros do Congresso Nacional (ADCT, art. 3°). Foram criadas seis emendas 
constitucionais de revisão, com status de normas constitucionais 
derivadas (e não originárias). Logo, a assertiva está incorreta. 
11. (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MPS/2010) Pode ser objeto de 
emenda constitucional a proposta tendente a abolir o direito de petição 
aos poderes públicos ou a obtenção de certidões em repartições públicas. 
O direito de petição é um dos direitos individuais previstos na Constituição (CF, 
art. 5°, XXXIV). Logo, insuscetível de abolição por emenda constitucional, uma 
vez que os direitos individuais constituem cláusulas pétreas (CF, art. 60, § 4°, 
IV). Incorreta a questão. 
12. (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2010) De acordo com a CF, a 
forma de governo republicana no Brasil é considerada cláusula pétrea e 
não pode ser modificada por emenda constitucional. 
Observe que o Cespe perguntou "de acordo com a CF". Bem, de acordo com a 
Constituição,
a forma de governo republicana não é cláusula pétrea. De 
qualquer forma, lembre-se: apesar da literalidade da constituição, há quem 
defenda que a República seja uma cláusula pétrea implícita. Errada a questão. 
13. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA I/TRE/MT/2010) A CF 
poderá ser emendada mediante proposta de um terço das assembleias 
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legislativas das unidades da Federação, mediante a maioria relativa de 
seus membros. 
A Constituição admite proposta de emenda constitucional de mais da metade 
das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, 
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Logo, incorreta a 
questão. 
14. (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/AGU/2010) As emendas 
constitucionais de revisão, aprovadas durante o processo de revisão 
constitucional, foram promulgadas pelas duas casas do Congresso 
Nacional, em sessão bicameral, de acordo com o mesmo processo 
dificultoso exigido para qualquer tipo de emenda constitucional. 
Vimos que o principal detalhe da revisão constitucional é que se trata de 
processo simplificado, diferente do previsto para as emendas 
constitucionais. Sendo assim, incorreto o item. 
15. (CESPE/ANALISTA EM C & T JÚNIOR/DIREITO/INCA/2010) O processo de 
mutação constitucional consiste em proceder a um novo modo de 
interpretar determinada norma constitucional, sem que haja alteração do 
próprio texto constitucional. 
É exatamente isso! A mutação constitucional consiste num processo de 
mudança na interpretação da norma, sem alteração no texto literal. Correta a 
questão. 
16. (CESPE/ANALISTA EM C & T JÚNIOR/DIREITO/INCA/2010) Nas Casas do 
Congresso Nacional, as emendas constitucionais são aprovadas com 
quorum de três quintos dos componentes de cada uma, em dois turnos de 
discussão e votação. 
Correta a questão, pois está de acordo com art. 60, § 2°, da CF/88. 
17. (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2010) A matéria constante de 
proposta de emenda constitucional rejeitada ou havida por prejudicada 
não pode ser objeto de nova proposta pelos parlamentares na mesma 
legislatura. 
Esta questão só acertou quem estava bastante atento! 
Segundo o art. 60, § 5°, da CF/8, a matéria constante de proposta de emenda 
rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na 
mesma sessão legislativa. 
Não confunda o conceito de sessão legislativa com o de legislatura! Chamamos 
sua atenção para isso na aula sobre Poder Legislativo: cada legislatura abrange 
o período de quatro anos, que corresponde ao período de renovação na 
composição das Casas Legislativas e compreende quatro sessões legislativas 
ordinárias ou oito períodos legislativos. 
Logo, incorreta a questão. 
18. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) A proposta de emenda constitucional 
deve ser discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, e será considerada aprovada se obtiver, em ambos, três quintos 
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dos votos dos respectivos membros e for promulgada após a respectiva 
sanção presidencial. 
Esse aspecto é importante. Chamamos sua atenção para isto: não há sanção 
presidencial nos projetos de emenda constitucional. Após aprovação nas 
duas Casas, a emenda será promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (CF, art. 
60, § 3°). Logo, a assertiva está incorreta. 
19. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/STF/2008) O início 
da tramitação de proposta de emenda constitucional cabe tanto ao Senado 
Federal quanto à Câmara dos Deputados, pois a CF confere a ambas as 
casas o poder de iniciativa legislativa. 
Não há obrigatoriedade para a apresentação de proposta de emenda em 
determinada Casa do Congresso Nacional. Assim como afirma a questão, o 
início da tramitação de PEC caberá tanto a uma quanto a outra casa - Câmara 
dos Deputados ou Senado Federal. Portanto, a questão está correta. 
20. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Uma proposta de emenda 
constitucional que tenha sido rejeitada ou prejudicada somente pode ser 
reapresentada na mesma sessão legislativa mediante a propositura da 
maioria absoluta dos membros de cada casa do Congresso Nacional. 
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por 
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa 
em nenhuma hipótese (CF, art. 60, § 5°). 
A questão misturou o procedimento de emenda com o rito ordinário das leis. 
Com efeito, a Constituição admite que matéria constante de projeto de lei 
rejeitado seja objeto de novo projeto na mesma sessão legislativa, mediante 
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do 
Congresso Nacional (CF, art. 67). Entretanto, essa possibilidade não se aplica 
aos projetos de emenda constitucional (CF, art. 60, § 5°). 
Outra hipótese de impossibilidade de reapreciação de matérias na mesma 
sessão legislativa diz respeito às medidas provisórias, que não poderão ser 
reeditadas em caso de rejeição ou perda de eficácia por decurso de prazo (CF, 
art. 62, § 10). Item incorreto. 
21. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/STF/2008) Todos 
os direitos e garantias fundamentais previstos na CF foram inseridos no 
rol das cláusulas pétreas. 
Não, não. Dentre os direitos e garantias fundamentais, o constituinte originário 
só gravou expressamente como cláusula pétrea os direitos e garantias 
individuais (art. 60, § 4°, IV). 
Mas, observe que a cláusula pétrea "direitos e garantias individuais" protege 
também direitos e garantias individuais localizados fora desse catálogo, isto é, 
que se encontram em outros dispositivos da Constituição Federal. Com base 
nesse entendimento, o STF decidiu que o princípio da anterioridade tributária 
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(CF, art. 150, III, "b") constitui cláusula pétrea, por representar uma garantia 
individual do contribuinte. Logo, a assertiva está incorreta. 
22. (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ÁREA:CONTROLE 
EXTERNO/TCU/2008) A república e a forma federativa de Estado foram 
arroladas expressamente como cláusulas pétreas pelo constituinte 
originário. 
Já mencionamos que a forma republicana de governo e o sistema 
presidencialista de governo não foram arrolados expressamente como cláusula 
pétrea. A forma federativa de Estado sim, foi expressamente arrolada como 
cláusula pétrea (art. 60, § 4°, I). Item errado. 
23. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TJ/CE/2008) A CF não 
poderá ser emendada na vigência de estado de sítio. 
De fato, a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção 
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio (CF, art. 60, § 1°). Correta 
a assertiva. 
24. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) As 
mutações constitucionais decorrem da conjugação da peculiaridade da 
linguagem constitucional, polissêmica e indeterminada, com fatores 
externos, de ordem econômica, social e cultural, que a CF intenta regular, 
produzindo leituras sempre renovadas das mensagens enviadas pelo 
constituinte. 
Mutações constitucionais constituem o processo informal de alteração da 
Constituição, quando se muda o conteúdo/alcance de certo dispositivo 
constitucional sem nenhuma alteração da literalidade do seu texto. 
Podemos considerar que essas "mudanças silenciosas" da Constituição 
decorrem de novas leituras do texto constitucional, a partir de influências 
externas advindas de fatores de ordem econômica, social

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