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Dir Constitucional AFRFB 2011 - Aula 06

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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS 
Aula 6 - Organização do Estado 
Na aula de hoje, estudaremos como a Constituição Federal de 1988 estruturou 
o nosso Estado, especialmente no tocante à forma de Estado (federal), forma 
de governo (republicana) e sistema de governo (presidencialista). 
Em comparação a outros assuntos por nós já estudados neste curso on-line, os 
tópicos examinados nesta aula são uma moleza, embora repletos de detalhes! 
Afinal, eles tratam de assuntos que estão na mídia o tempo todo, em debates 
na televisão, em discussões no rádio etc. Se a matéria jornalística aborda o 
controle exercido pelo Tribunal de Contas da União sobre as obras 
(superfaturadas) do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), alguém 
faz referência ao princípio republicano; se o debate no rádio é sobre a 
interferência da União na legislação sobre o ICMS (tributo estadual), 
provavelmente algum governador invocará ofensa à autonomia política dos 
estados, ou dirá que essa intervenção da União desrespeita o princípio 
federativo - e assim por diante. 
Vamos, então, iniciar o nosso estudo, tratando das formas de Estado. 
1) Formas de Estado 
Quando examinamos as formas de Estado, preocupamo-nos com a verificação 
de quantos poderes políticos autônomos existem no território do 
Estado. A depender dessa relação - entre território e poder político -, teremos 
as duas clássicas formas de Estado: unitário e federado. 
O Estado unitário (ou simples) é aquele em que não há uma descentralização 
política, isto é, não há uma divisão espacial e política de poder, sendo todas as 
competências definidas pelo poder político central. Em outras palavras: no 
Estado unitário, temos um só poder político central, que irradia sua 
competência em todo o território. Constitui, pois, caso de centralização 
política. 
Modernamente, o Estado unitário pode ser de três espécies: 
a) centralizado (ou puro); 
b) descentralizado administrativamente; e 
c) descentralizado administrativa e politicamente. 
No Estado unitário centralizado (ou puro), o poder político central não só 
define como também executa diretamente, de forma centralizada, as políticas 
públicas. Ou seja: no Estado unitário puro, temos não só uma centralização 
política (definição das políticas públicas) como também uma centralização 
administrativa (execução dessas políticas); definição e execução estão, 
portanto, centralizadas no mesmo poder político central. 
No Estado unitário descentralizado administrativamente (ou regional), o 
poder político define as políticas públicas, mas não as executa diretamente, 
criando entidades meramente administrativas para esse fim. Ou seja: no 
Estado unitário descentralizado administrativamente, temos um exemplo de 
centralização política (na definição das políticas públicas pelo poder político 
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central) e descentralização administrativa (na execução dessas políticas pelas 
entidades administrativas - autárquicas - criadas para esse fim). 
No Estado unitário descentralizado administrativa e politicamente, 
além da descentralização meramente administrativa (para a execução das 
políticas públicas), os entes descentralizados recebem, também, certa 
autonomia política para, no momento da execução das decisões adotadas pelo 
poder central, decidir no caso concreto a mais conveniente e oportuna atitude 
a tomar. 
Cuidado! Veja que a diferença entre o Estado unitário descentralizado 
administrativamente e o Estado unitário descentralizado administrativa e 
politicamente é que, no primeiro, os entes descentralizados apenas 
executarão as decisões adotadas pelo governo central ("cegamente", sem 
emitir juízo de oportunidade e conveniência sobre a tarefa a ser executada), ao 
que passo que, no segundo, os entes descentralizados, ao executar as decisões 
do governo central, apreciarão, no caso concreto, a conveniência e a 
oportunidade de adoção desta ou daquela atitude (aqui, na emissão desse 
juízo de oportunidade e conveniência, é que se encontra a parcela de 
descentralização política). 
Importante: nos dias atuais, predominam os Estados unitários 
descentralizados administrativa e politicamente, isto é, aqueles em que 
temos não só a descentralização administrativa (de execução das decisões do 
governo central), como também descentralização de parcela da autonomia 
política (para os entes descentralizados decidirem que medida adotar, de 
acordo com a oportunidade e a conveniência que cada caso concreto 
recomende). 
O Estado federado (composto, complexo ou federal) é aquele formado por 
uma união indissolúvel de entidades regionais dotadas de autonomia política, 
isto é, com capacidade de autogoverno, auto-organização (autolegislação) e 
autoadministração. Essa união indissolúvel de entidades autônomas é 
estabelecida no texto de uma Constituição, que reparte entre tais entidades as 
competências do Estado. Constitui, pois, caso de descentralização política. 
A República Federativa do Brasil, por exemplo, é um Estado federal, porque 
formado pela união indissolúvel de entidades dotadas de autonomia política 
(União, estados, Distrito Federal e municípios) estabelecida no texto de uma 
Constituição, de forma que a cada ente federado sejam atribuídas 
competências próprias. 
São, portanto, características de um Estado federado: (a) união de diferentes 
entes; (b) autonomia política desses entes; (c) indissolubilidade (vedação à 
secessão); (d) repartição de competências, estabelecida no texto de uma 
Constituição. 
Importante destacar que, na federação, os entes federados dispõem, apenas, 
de autonomia política (e não de soberania). Na prática, significa dizer que, 
em um Estado federado, "ninguém pode tudo"! Todos os entes federados só 
podem exercer as suas competências nos termos e nos limites estabelecidos 
na Constituição. A autonomia política é exatamente isto: exercício de 
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competências nos limites estabelecidos pela Constituição (daí o fato de ser a 
"repartição constitucional de competências" o ponto nuclear de um Estado 
federado); todos os entes federados dispõem de competências próprias, mas 
somente nos limites estabelecidos pela Constituição Federal; logo, nenhum 
ente federado poderá invadir a competência de outro, sob pena de 
inconstitucionalidade. 
Desse modo, em um Estado federado, os entes componentes não dispõem de 
soberania (dispõem, apenas, de autonomia política). Só dispõe de soberania 
o todo, o Estado federado, nas suas relações internacionais com outros 
Estados soberanos. No nosso caso, portanto, temos o seguinte: a União, os 
estados, o Distrito Federal e os municípios dispõem, apenas, de autonomia 
política; só o todo, a República Federativa do Brasil, é que dispõe de soberania 
nas suas relações com outros Estados soberanos. 
Essa confusão entre autonomia e soberania é muito cobrada em provas, como 
nestes exemplos: 
"(ESAF/EPPGG/MP0G/2009) Nem o governo federal, nem os governos dos 
Estados, nem os dos Municípios ou o do Distrito Federal são soberanos, 
porque todos são limitados, expressa ou implicitamente, pelas normas 
positivas da Constituição Federal." 
"(ESAF/AFC/CGU/2008) A organização político-administrativa da República 
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios, todos soberanos, nos termos da Constituição." 
A primeira está certa, pois, como vimos, os entes federados dispõem, apenas, 
de autonomia, nos limites estabelecidos na Constituição (e não de 
soberania); a segunda está errada, já que todos os entes federadosdispõem, 
apenas, de autonomia. 
A forma federativa de Estado nasceu nos Estados Unidos da América (em 
1789, com a promulgação da Constituição dos Estados Unidos da América) e, 
de lá para cá, foi sendo implantada por diferentes Estados soberanos. O Brasil, 
por exemplo, não nasceu como Estado federado. Inicialmente, adotou-se, aqui, 
a forma de Estado unitário. Somente na Constituição de 1891 é que foi 
implantada, entre nós, a forma federativa de Estado, com a 
descentralização política do poder. 
Vale destacar, ademais, que nem mesmo a união norte-americana nasceu sob 
a forma federativa de Estado. Com efeito, inicialmente, as colônias norte-
americanas uniram-se sob outra forma de Estado composto, a chamada 
confederação (a confederação funcionou, assim, como um embrião para o 
nascimento da federação). Na confederação, os poderes políticos são 
organizados no texto de um tratado internacional e dispõem de soberania 
e do direito de secessão (logo, os Estados podem se separar da 
confederação quando entenderem conveniente). Enfim, a confederação 
constitui uma união dissolúvel de poderes políticos soberanos, formalizada 
em um tratado internacional. 
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Sintetizando: 
Federação Confederação 
1. Constituição 1. Tratado 
2. Autonomia dos entes 2. Soberania dos entes 
3. Indissolubilidade (vedação à 3. Dissolubilidade (direito de 
secessão) secessão) 
Um enunciado que bem retratou esse assunto foi este, elaborado pela Esaf: 
"(ESAF/AFC/STN/2005) A divisão fundamentai de formas de Estados dá-se 
entre Estado simples ou unitário e Estado composto ou complexo, sendo 
que o primeiro tanto pode ser Estado unitário centralizado como Estado 
unitário descentralizado ou regional." 
O item está certo, abordando, em termos precisos, o que acabamos de estudar 
acima. 
2) Formas de Governo 
Quando estudamos as diferentes formas de governo, a preocupação é saber 
como se dá a relação entre governantes e governados no tocante à 
aquisição e o exercício do poder. É preocuparmos em responder, dentre 
outras, às seguintes perguntas: como os governantes adquirem o Poder? Eles 
são eleitos pelos governados? Os governantes exercem o poder por prazo 
certo, ou de forma vitalícia? Os governantes respondem perante os governados 
pelos seus atos? 
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De acordo com as respostas a essas indagações, temos as duas clássicas 
formas de governo: república e monarquia. 
A república é marcada por três características básicas: eletividade (os 
governantes são eleitos pelos governados), temporalidade (os governantes 
são eleitos para o exercício do poder por período certo de tempo, isto é, a 
forma republicana de governo pressupõe a alternância no exercício do poder) e 
responsabilidade (os governantes têm o dever de prestar contas sobre a 
gestão da coisa pública). 
Desse modo, tudo o que virmos na nossa Constituição Federal relacionado à 
eleição de governantes (eleições diretas para Presidente da República, 
governadores, prefeitos, parlamentares etc.), à temporalidade no exercício do 
poder (mandato de quatro anos para o Presidente da República, por exemplo) 
e dever de prestar contas (fiscalização popular das contas municipais, controle 
externo da competência do Congresso Nacional etc.) pode ser vinculado ao 
princípio republicano. 
A monarquia possui as seguintes características básicas: hereditariedade (os 
governantes não são eleitos pelos governados, o poder é repassado de 
antecessor a sucessor no âmbito de determinada família), vitaliciedade (os 
governantes exercem o poder por prazo indeterminado, em regra, por toda a 
sua vida) e irresponsabilidade (como os governantes não representam os 
governados, aqueles não respondem pelos seus atos perante estes). 
Sintetizando: 
São recorrentes as questões sobre formas de governo em provas, mas sempre 
abordando esses três aspectos - como esta, da Esaf, cobrada no concurso de 
Auditor-Fiscal do Trabalho/2006: 
"A forma republicana não implica a necessidade de legitimidade popular 
do presidente da República, razão pela qual a periodicidade das eleições 
não é elemento essencial desse princípio." 
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Ora, acabamos de ver, acima, que a periodicidade das eleições 
(temporalidade) é elemento essencial da forma republicana de governo. Item 
errado. 
3) Sistemas de Governo 
Estudar os sistemas de governo é examinar como se dá a relação entre 
os Poderes Executivo e Legislativo no Estado, isto é, se há uma maior 
independência (separação) ou interdependência (proximidade, colaboração) 
entre eles. 
O presidencialismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes 
características: 
a) independência entre os Poderes Executivo e Legislativo (o exercício do 
Poder no âmbito do Executivo independe da vontade do Legislativo, e vice-
versa); 
Vejamos o caso do Brasil. O Presidente da República é eleito para o exercício 
de um mandato de quatro anos, e tem direito a cumpri-lo integralmente, até o 
último dia de seu governo, sem nenhuma interferência do Legislativo (isto é, o 
Legislativo não pode abreviar o mandato do Presidente da República). Por 
outro lado, os membros do Legislativo, deputados e senadores, são eleitos 
para mandatos de quatro e oito anos, respectivamente, e terão também direito 
a cumprir integralmente tais períodos, sem nenhuma interferência do 
Executivo (isto é, o Executivo não pode determinar a dissolução do Congresso 
Nacional, a fim de abreviar o mandado dos congressistas). 
b) mandatos por prazo certo (membros do Executivo e do Legislativo exercem 
mandatos por prazo certo, que não podem ser abreviados); 
c) chefia monocrática ou unipessoal (as chefias de Estado e de Governo estão 
concentradas numa mesma pessoa). 
Novamente, temos o exemplo do Brasil, em que o Presidente da República 
exerce, simultaneamente, a chefia de Estado e a chefia de Governo. 
O Presidente da República exerce a chefia de Estado quando representa a 
República Federativa do Brasil frente a outros Estados soberanos ou perante 
organizações internacionais (quando celebra um tratado internacional, por 
exemplo), bem assim quando corporifica internamente a unidade nacional 
(quando decreta a intervenção federal para manter a integridade nacional -
art. 34, I -, por exemplo). 
O exercício da chefia de governo se dá quando o Presidente da República 
cuida dos negócios internos de interesse da sociedade brasileira (quando ele 
discute a reforma tributária com os governadores e prefeitos, por exemplo). 
Por outro lado, o parlamentarismo é o sistema de governo marcado pelas 
seguintes características: 
a) interdependência, maior proximidade e colaboração entre os Poderes 
Executivo e Legislativo (o exercício do poder no âmbito do Executivo depende 
da vontade do Legislativo, e vice-versa); 
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b) mandatos por prazo incerto (os membros do Parlamento e o chefe de 
Governo exercem mandados por prazo incerto); 
c) chefia dual (as chefias de Estado e de Governo são exercidas por duas 
pessoas distintas: a chefia de Estado é exercida pelo Monarca ou Presidente da 
República, conforme seja a forma de governo Monarquia ou República, e a 
chefia de Governo é exercida pelo Primeiro Ministro). 
Em resumo, o parlamentarismo funciona assim: (a) os membros do 
Parlamento são eleitos pelo povo;(b) o chefe de Estado (o monarca, se o 
Estado for monárquico; ou o Presidente da República, se o Estado for 
republicano) escolhe o seu chefe de Governo; (a) a partir daí, estabelece-se 
uma interdependência entre os Poderes, haja vista que o chefe de Governo só 
permanecerá no seu mandato enquanto o seu projeto de governo obtiver apoio 
da maioria do Parlamento (se ele perder o apoio parlamentar, será 
automaticamente exonerado); por outro lado, os parlamentares também não 
têm garantia de mandato por prazo certo, porque o Governo (Executivo) 
poderá determinar a dissolução do Parlamento, abreviando a duração do 
mandato dos parlamentares (hipótese em que serão convocadas novas 
eleições parlamentares). 
Sintetizando: 
Atenção! É muito importante que, na hora da prova, você não confunda esses 
três conceitos - formas de estado, formas de governo e sistema de governo. 
Isso porque as bancas examinadoras adoram confundir o candidato 
desavisado, trocando tais conceitos. Veja, por exemplo, estes três enunciados 
da Esaf: 
"(AFC/STN/2005) Forma de governo diz respeito ao modo como se 
relacionam os poderes, especialmente os Poderes Legislativo e Executivo, 
sendo os Estados, segundo a classificação dualista de Maquiavel, divididos 
em repúblicas ou monarquias." 
"(ESAF/AFRE/RN/2005) Sistema de governo pode ser definido como a 
maneira pela qual se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá 
a relação entre governantes e governados." 
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"(AFRE/RN/2005) O presidencialismo é a forma de governo que tem por 
característica reunir, em uma única autoridade, o Presidente da República, 
a Chefia do Estado e a Chefia do Governo." 
E então? Bem, os três enunciados estão errados. O primeiro, porque forma de 
governo diz respeito ao relacionamento entre governantes, governados e a 
instituição do poder, e não ao relacionamento entre os Poderes Executivo e 
Legislativo (este último aspecto diz respeito ao sistema de governo). O 
segundo está errado porque tal conceito refere-se às formas de governo 
(república e monarquia), e não aos sistemas de governo (presidencialismo e 
parlamentarismo). Finalmente, o terceiro está errado porque o 
presidencialismo não é forma de governo, mas sim sistema de governo. Fala 
sério, haja maldade do examinador! 
Outra confusão recorrente: princípio federativo com princípio republicano. Veja 
esta questão, elaborada pela Esaf: 
"(ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Como conseqüência direta 
da adoção do princípio republicano como um dos princípios fundamentais 
do Estado brasileiro, a Constituição estabelece que a República Federativa 
do Brasil é composta pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do 
Distrito Federal." 
Ora, o fato de ser a República Federativa do Brasil formada pela união 
indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal nada tem a ver com o 
princípio republicano (este, como vimos, tem a ver é com a relação entre 
governantes e governados no tocante à instituição do poder na sociedade)! 
Esse aspecto mencionado no enunciado está relacionado, aí sim, é com o 
princípio federativo. 
Por fim, vejamos uma questão do Cespe sobre a distinção entre o exercício da 
chefia de Estado e chefia de governo: 
"(CESPE/AGENTE PENITENCIÁRI0/SEJUS/ES/2009) Na qualidade de 
chefe de Estado, o presidente da República exerce a liderança da 
política nacional por meio da orientação das decisões gerais e da 
direção da máquina administrativa." 
A assertiva está errada, pois ao exercer a liderança da política nacional e 
dirigir a máquina administrativa, o Presidente da República estará 
atuando como chefe de governo. 
4) Federação na Constituição de 1988 
Nos subitens seguintes, veremos os principais aspectos que marcam a nossa 
Federação, desde o seu surgimento até o modo de formação. Em seguida, no 
tópico seguinte, estudaremos a disciplina prevista na Constituição Federal de 
1988. 
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4.1) Surgimento 
Conforme dissemos antes, o Estado brasileiro não nasceu Federado. 
Inicialmente, adotamos a forma de Estado unitário. Somente com a 
Constituição de 1891 tivemos formalmente a adoção da forma federativa de 
Estado no texto constitucional. 
4.2) Formação 
Há duas formas básicas para a formação inicial de um Estado Federado: por 
agregação ou por desagregação. 
A formação "por agregação" ocorre quando distintos Estados unitários 
resolvem se unir (agregar-se) para a criação de um único - e mais forte -
Estado do tipo federado. Foi o que aconteceu na formação dos Estados Unidos 
da América, em que os antigos Estados resolveram se uniram para formar um 
novo - e único - Estado, com o fim de se apresentar mais forte perante outros 
Estados soberanos. Observe que, nesse caso, temos uma formação de fora 
para dentro (diferentes Estados se agregando), por isso chamado de 
movimento centrípeto. 
A formação "por desagregação" ocorre quando um Estado unitário resolve 
subdividir-se espacialmente, descentralizando o poder político, mediante a 
concessão de autonomia política aos entes regionais então criados. Foi o que 
ocorreu no Brasil, em que tínhamos um grande Estado unitário e que, na 
Constituição de 1891, resolveu descentralizar-se (desagregar-se) 
politicamente, criando entes regionais dotados de autonomia política. Veja que, 
neste caso, temos uma formação de dentro para fora, por isso denominado 
movimento centrífugo. 
Importante! O movimento de agregação, que se deu nos Estados Unidos da 
América, é o modo típico de formação de um Estado federado. A nossa 
federação, portanto, formou-se por processo atípico (de desagregação). 
4.3) Características da Federação 
Além do que dissemos a respeito da caracterização de um Estado federado, 
vale a pena conhecermos seus principais elementos, apontados pela doutrina 
constitucionalista. Para a doutrina dominante, são os seguintes os elementos 
de caracterização de um Estado federado: 
a) existência de uma Constituição do tipo rígida (que organiza o Estado 
Federado e divide as competências desse Estado entre os entes federativos); 
b) entidades federadas titulares de autonomia política (que exercem suas 
competências de organização, de governo, de legislação e de administração -
nos limites estabelecidos na Constituição); 
c) Estado federado (o todo) titular de soberania nas suas relações com outros 
Estados soberanos; 
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d) vedação à secessão (os entes federados não podem se separar do todo, a 
fim de formar um novo Estado soberano); 
e) ausência de hierarquia entre os entes federados (a União não é entidade 
hierarquicamente superior aos estados-membros, nem esses são superiores 
aos municípios); 
f) repartição constitucional de competências (já que coexistem, no mesmo 
território, diferentes entes federados dotados de autonomia política, faz-se 
necessário repartir entre eles as competências do Estado federado); 
g) participação dos entes federados na formação da vontade nacional (no 
Brasil, essa participação se dá pela existência do Senado Federal, que 
representa os Estados e o Distrito Federal, daí o porquê de o nosso 
bicameralismo ser chamado de "bicameralismo federativo"); 
Cuidado! Veja que essa não é uma característica própria da nossa Federação, 
haja vista que nem todos os entes federados participam da formação da 
vontade nacional, haja vista que os Municípios não têm nenhuma 
representação no Legislativo federal (já que o Senado só representaos 
Estados e o Distrito Federal). 
h) controle de constitucionalidade das leis (a fim de se evitar que um ente 
federado invada a competência de outro, em desrespeito à repartição de 
competências estabelecida na Constituição Federal). 
4.4) Federalismo de segundo grau (quatro entes federados) 
Na Constituição Federal de 1988, temos quatro entes federados, todos 
autônomos (lembre-se: soberano é só o todo, a República Federativa do 
Brasil!): União, estados, Distrito Federal e municípios. 
Mais uma vez, a nossa federação foge do modelo clássico de Estado federado. 
Por quê? Ora, porque nas federações clássicas, só temos duas espécies de 
entes federados: a entidade nacional (União) e os entes regionais (estados). 
Na nossa federação, além desses dois entes federados (típicos), temos, ainda, 
dois outros (atípicos): o Distrito Federal e os municípios. 
Por isso, diz-se que a nossa federação é do tipo segundo grau, pois 
contempla dois graus de autonomias políticas (um primeiro grau, da União 
para os estados; e um segundo grau, dos estados para os municípios). 
4.5) Federalismo cooperativo 
Vimos que um dos elementos que caracterizam a forma federativa de Estado é 
a repartição de competências, que deve estar estabelecida no texto de uma 
Constituição rígida. Pois bem, há Estados federados que adotam um modelo 
rígido de repartição de competências, enquanto outros adotam modelo não 
rígido, com maior proximidade entre os entes federados. No primeiro caso -
rígida repartição de competências -, temos o chamado federalismo dual 
(como nos Estados Unidos da América). No segundo caso - repartição de 
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competências não rígida -, temos o federalismo cooperativo (como é o caso 
do Brasil). 
Com efeito, no Brasil, a Constituição Federal não adotou um modelo rígido de 
repartição de competências. Na verdade, o legislador constituinte originário 
combinou o modelo de competência exclusiva, com competência privativa 
(delegável, na forma do art. 22, parágrafo único), com competência comum 
(em que todos os entes atuam em paralelo, em condições de igualdade, nos 
termos do art. 23) e, ainda, uma concorrência legislativa (art. 24). Ora, a 
possibilidade de delegação da competência privativa da União (art. 22, 
parágrafo único), a previsão de competências comuns a todos os entes (art. 
23) e a concorrência legislativa entre a União, os estados e o Distrito Federal 
(art. 24) não deixam dúvida de que, no Brasil, não foi adotado modelo 
rígido de repartição de competências - isto é, não há dúvida de que o 
nosso federalismo é do tipo cooperativo. 
4.6) Federalismo simétrico 
Fala-se em federalismo simétrico quando há, no Estado, uma 
homogeneidade cultural, de grau de desenvolvimento e também de língua 
adotada pelos integrantes da federação - como ocorre nos Estados Unidos da 
América. 
Já o federalismo assimétrico é aquele marcado pela diversidade cultural e 
de língua falada, como é o caso do Canadá, país bilíngue e multicultural. 
5) Organização da República Federativa do Brasil 
A partir de agora, estudaremos cada um dos entes federados. Observe, antes 
de tudo, o que dispõe o art. 18 da CF/88: 
"A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil 
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos 
autônomos, nos termos desta Constituição". 
Objetivamente, é importante você saber que: 
a) a República Federativa do Brasil (RFB) é integrada por diferentes entes 
federados, que são: a União, os estados-membros, o DF e os municípios; 
Diante disso, não caia nas "pegadinhas" das bancas, que inserem os territórios 
nessa lista, pois isso está incorreto. Os territórios não são entes federativos, 
como veremos mais à frente. 
b) os entes federados são autônomos; 
Observe que o dispositivo constitucional transcrito acima deixa patente o fato 
de que cada um dos entes federados é dotado de autonomia política (aliás, já 
mencionamos isso várias vezes nesta aula). Por isso, está errada a questão 
que diga que um estado-membro ou município é soberano. Não. Eles são 
autônomos. Guarde isso! 
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Agora ficou fácil acertar uma questão como esta do Cespe, concurso de 
Analista de infraestrutura do MPOG realizado em 2010: 
"Segundo a CF, a organização político-administrativa da República 
Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito Federal 
(DF), os municípios e os territórios, todos dotados de autonomia." 
A questão está incorreta, pois os territórios não são entes federados 
integrantes da Federação brasileira. 
De se destacar as vedações que a Constituição estabelece aos entes 
federados (CF, art. 19). Nesse sentido, é vedado à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios: 
I) estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o 
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público; 
II) recusar fé aos documentos públicos; 
III ) criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
Essas vedações são cobradas de forma literal em concursos, como foi o caso 
dessa prova de Analista de Finanças e Controle da CGU de 2008, realizada pela 
Esaf: 
"É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios criar 
distinções entre brasileiros ou estrangeiros." 
As distinções entre brasileiros e estrangeiros são admitidas. Não é dado aos 
entes federados criar distinções entre brasileiros (CF, art. 19, III). Logo, a 
assertiva está incorreta. 
Lembrando ainda que, de acordo com o art. 12, § 2°, a lei não poderá 
estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos 
previstos na própria Constituição. 
5.1) União 
A União é um dos entes autônomos integrantes da nossa Federação, nos 
termos do art. 18 da CF/88. 
Portanto, fique atento! Não faça confusão entre a República Federativa do 
Brasil (RFB) e a União! Não confunda o todo com a parte. RFB e União são 
duas coisas completamente diferentes. 
A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público 
internacional que engloba União, estados, municípios e DF. 
No âmbito externo, a União até representa o Estado brasileiro, mantendo 
relações com Estados estrangeiros e participando de organizações 
internacionais (CF, art. 21, I). Mas a União é pessoa jurídica de direito 
público interno. Enfim, a União é parte integrante do Estado federal; vale 
dizer, é uma das entidades políticas que integram o Estado federal. 
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A União (como os demais entes) dispõe de autonomia, enquanto a RFB dispõe 
de soberania. 
É isso que tínhamos para falar nesta aula sobre a União; as competências da 
União serão estudadas na próxima aula; já os Poderes da União serão 
estudados cada um na sua respectiva aula. 
Falta-nos, apenas, o art. 20 da CF/88 (bens da União). Mas sobre isso não há 
o que falar. Quando esse dispositivo é cobrado em prova (o que é raro!), 
exige-se somente a literalidade do texto constitucional. De qualquer forma, 
dentre os exercícios comentados, haverá alguns sobre esse tema - para serem 
respondidos com a Constituição ao lado. 
5.2) Estados-membros 
Você já estudou o poder constituinte derivado decorrente. Então já sabe que 
os estados-membros organizam-se pelas suas próprias Constituições, 
observados os princípios da Constituição Federal (afinal,o poder constituinte 
derivado decorrente sofre limites). 
Assim como a União, os estados-membros também dispõem de autonomia. 
Por isso, não se subordina a nenhum outro ente, mas unicamente à 
Constituição Federal. Afinal, o Brasil é uma Federação! 
Diante disso, temos a chamada tríplice capacidade garantidora de autonomia 
dos estados-membros, que assegura a eles: (i) autogoverno; (ii) 
autoadministração; e (iii) auto-organização e normatização própria. 
I) Autogoverno: o povo daquele estado-membro escolhe seus próprios 
governantes (poderes Executivo e Legislativo locais) sem qualquer vínculo de 
subordinação ou tutela por parte da União. 
II) Autoadministração: os estados-membros se autoadministram por meio 
do exercício das suas competências legislativas, administrativas e tributárias 
definidas pela Constituição Federal. 
III) Auto-organização e normatização própria: os estados-membros 
editam suas próprias Constituições, bem como sua própria legislação, 
respeitados os princípios da Constituição Federal (que funcionam como 
limitadores da autonomia estadual). 
Apesar dessa autonomia, devemos lembrar que os estados-membros estão 
sujeitos a determinadas limitações impostas pela Constituição, e devem 
respeitar, portanto, seus princípios (CF, art. 25). 
Tratando da organização dos estados, podemos citar, objetivamente, as 
seguintes regras. 
a) Número de Deputados estaduais - triplo da representação do Estado na 
Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de 
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze (CF, art. 27). 
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b) Mandato dos Deputados estaduais - será de quatro anos, aplicáveis aos 
deputados estaduais as regras dos parlamentares federais (imunidades, 
impedimentos, licenças etc.), nos termos do art. 27, § 1°, da CF/88. 
c) Subsídio dos Deputados estaduais - fixado por lei de iniciativa da 
Assembléia Legislativa (no máximo, 75% do valor dos deputados federais) (CF, 
art. 27, § 2°). 
d) Subsídios do Governador, Vice e Secretários - fixados por lei de iniciativa da 
Assembléia Legislativa (CF, art. 28, § 2°). 
e) Poder Judiciário estadual - os estados organizarão sua justiça, observados 
os princípios estabelecidos na Constituição Federal (CF, art. 125). 
Antes de passarmos aos municípios, julgue o item abaixo. 
"(CESPE/ANALISTA PR0CESSUAL/MPU/2010) As capacidades de auto-
organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação 
reconhecidas aos estados federados exemplificam a autonomia que lhes é 
conferida pela Carta Constitucional." 
A questão traz a tríplice capacidade garantidora de autonomia, isto é, 
competências que conferem autonomia aos estados-membros. Item certo. 
5.3) Municípios 
O Município rege-se por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício 
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara 
Municipal, que a promulgará. Deverão ser atendidos os princípios estabelecidos 
na Constituição Federal e na Constituição do respectivo Estado (CF, art. 29, 
caput). 
Sobre os municípios, vale destacar as regras a seguir. 
I) Subsídios do Prefeito, Vice e Secretários - fixados por lei de iniciativa da 
Câmara Municipal (CF, art. 29, V). 
II) Subsídio dos Vereadores - fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em 
cada legislatura para a subseqüente (observados limites máximos 
estabelecidos na Constituição) (CF, art. 29, VI). 
III) O total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá 
ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Município (CF, art. 29, 
VII). 
IV) A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua receita com folha de 
pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores (CF, art. 29-
A, § 1°). 
V) Eleição do Prefeito e Vice - só haverá segundo turno da eleição no caso de 
municípios com mais de duzentos mil eleitores (cuidado: não confundir 
eleitores com habitantes!). 
Por fim, abro um parêntese para mencionar algo importante sobre os 
municípios. É que, em 2009, houve a aprovação da Emenda Constitucional 58, 
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alterando regras dos arts. 29 e 29-A (assuntos não muito cobrados em 
concursos). 
Em resumo, essa nova emenda constitucional: 
a) cria 24 limites máximos para a composição das Câmaras Municipais (art. 1°, 
alterando o inciso IV do art. 29 da Constituição), aumentando em 7.709 o 
número de vereadores em todo o país; 
b) fixa novos limites de percentuais máximos do total de despesas para as 
Câmaras Municipais (art. 2°, alterando o art. 29-A da Constituição). 
O interessante (interessante para quem?) é que a letra "a" acima foi aprovada 
com efeitos retroativos às eleições pretéritas, realizadas em 2008. A finalidade 
dessa retroatividade era recalcular os quocientes eleitorais, de forma a já dar 
posse a 7.709 vereadores à época não eleitos em todo país. 
Você, que está dando duro para buscar seu cargo público, acha justo? 
Pois é! Graças ao bom senso, imediatamente, o Procurador-Geral da República 
propôs uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) perante o STF 
impugnando tais disparates. Nessa ação, a Corte Maior afastou, com efeitos 
retroativos, a eficácia dessa determinação de aplicação retroativa do referido 
comando. Assim, outorgaram-se efeitos ex tunc (retroativos) à medida 
cautelar concedida, para o fim de tornar nulas as posses dos vereadores mais 
afoitos. 
5.4) Distrito Federal 
O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, rege-se por lei 
orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e 
aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos 
os princípios estabelecidos na Constituição (CF, art. 32, caput). 
Ou seja, a LODF é o instrumento que organiza e estrutura o Distrito Federal, 
garantindo sua autonomia. Aliás, o STF já decidiu que a LODF tem natureza 
de Constituição estadual. 
Portanto, não se engane. A Constituição Federal atribui ao DF natureza de ente 
federado, dotado de autonomia. É dizer que aquela tríplice capacidade 
organizadora serve também para o DF (e para os municípios), com a diferença 
de que o Poder Judiciário no DF é organizado e mantido pela União (CF, art. 
21, XIII). 
Como veremos na próxima aula, o Distrito Federal recebeu da Constituição as 
competências de interesse predominantemente local (municipais) e regional 
(estaduais), pois há vedação à sua divisão em municípios (CF, art. 32, § 1°). 
5.5) Territórios Federais 
Ao contrário da União, estados, DF e municípios, os Territórios Federais não 
são entes federativos. Essas autarquias territoriais integram a União, como 
mera divisão administrativo-territorial, sem autonomia política. 
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Segundo a Constituição, a lei disporá sobre a organização administrativa e 
judiciária dos Territórios, sendo admissível sua divisão em municípios (CF, art. 
33, § 1°). 
As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, 
com parecer prévio do Tribunal de Contas da União (CF, art. 33, § 2°). 
Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador 
nomeado pelo Presidente da República, haverá órgãos judiciários de primeira e 
segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos 
federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua 
competência deliberativa (CF, art. 33, § 3°). 
5.6) Formação de Estados, Municípios e Territórios 
Esse assunto estána moda, com o possível desmembramento do estado do 
Pará. 
Os parágrafos 3° e 4° do art. 18 estabelecem as regras de formação de 
estados e municípios. 
Os estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para 
se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, 
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de 
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Para isso deverão 
ser consultadas as respectivas Assembléias Legislativas (CF, art. 48, VI). 
Portanto, deve-se passar pelas seguintes etapas: 
a) aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito; 
b) manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; 
c) aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional (lembre-se: 
como se trata de lei, haverá, depois da aprovação do Congresso Nacional, o 
encaminhamento do projeto para o Presidente da República, para sanção ou 
veto). 
Um detalhe relevante é que a formação de estados depende da aprovação por 
plebiscito. Ou seja, a discordância da população mediante plebiscito inviabiliza 
a alteração do território estadual. Agora, se o plebiscito for favorável à 
mudança, o Congresso Nacional decidirá com plena independência. Ou seja: a 
discordância da população impede a formação do Estado; entretanto, a 
concordância da população não obriga o Congresso Nacional, que decidirá, 
com plena independência, se altera, ou não, o território estadual. 
No que se refere à Assembleia legislativa, o caso é de mera consulta. Ou 
seja, a manifestação das assembleias legislativas é meramente opinativa. 
Logo, o Congresso pode criar ou extinguir um estado mesmo que haja posição 
contrária da Assembleia manifestada na oitiva. Ou poderá não fazê-lo, mesmo 
que as Assembleias Legislativas tenham se manifestado favoravelmente. 
Já os municípios seguem regra distinta. Segundo o art. 18, § 4°, da CF/88, a 
criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão 
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por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, 
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos 
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, 
apresentados e publicados na forma da lei. 
Em suma, para a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 
municípios será necessário percorrer as etapas a seguir: 
a) aprovação de lei complementar federal fixando genericamente o período 
dentro do qual poderá ocorrer a criação, a incorporação, a fusão e o 
desmembramento de municípios; 
b) aprovação de lei ordinária federal estabelecendo a forma de apresentação 
e publicação dos estudos de viabilidade municipal; 
c) divulgação dos estudos de viabilidade municipal, na forma estabelecida 
pela lei ordinária federal acima mencionada; 
d) consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios 
envolvidos; 
e) aprovação de lei ordinária estadual formalizando a criação, a 
incorporação, a fusão ou o desmembramento do município, ou dos municípios. 
Ou seja, a alteração dos limites territoriais dos municípios passou a depender 
da vontade do Congresso Nacional, expressa em lei complementar federal. 
Enquanto não publicada tal lei complementar federal, não se pode alterar 
limites de municípios no Brasil. 
Sintetizando: 
Ainda falando dos municípios, é interessante mencionar que a exigência de lei 
complementar não existia até 1996, quando foi aprovada a EC 15/96. Desde 
então a criação de municípios depende de edição de lei complementar federal. 
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Ocorre que, mesmo não havendo tal lei complementar, vários municípios 
foram sendo criados ao arrepio da Constituição. Com isso, a criação de alguns 
desses municípios foi questionada no STF, que, em 2007, decidiu o seguinte: 
a) eram inválidas as leis de criação de municípios editadas a partir da EC 
15/96, uma vez que careciam da edição de lei complementar federal; 
b) entretanto, não se podia desconsiderar a realidade fática de que, não 
obstante essa irregularidade, passados vários anos desde a criação, tais 
municípios já existiam de fato, constituindo uma situação consolidada (já havia 
prefeitos, vereadores, servidores contratados etc.); e sua desconstituição 
causaria mais prejuízos e insegurança jurídica; 
c) diante disso, em homenagem ao princípio da segurança jurídica, entendeu-
se por bem admitir a existência dos municípios criados até que tal lei 
regulamentasse a situação; adicionalmente, o STF declarou a mora do 
Congresso Nacional, cuja omissão em editar a LC, passados mais de dez anos 
desde a EC 56/2007, consubstanciaria autêntica violação da ordem 
constitucional; 
d) assim, o STF considerou razoável o prazo de dezoito meses para que fossem 
adotadas todas as providências legislativas necessárias ao cumprimento do 
dever constitucional. 
Bem, como o prazo acima foi apenas um parâmetro, tendo em vista a 
impossibilidade de o STF obrigar o Parlamento a legislar, a fatídica lei 
complementar não foi editada... 
Aí você pergunta: e os municípios indevidamente criados? 
Eles foram convalidados pela EC 57/2008, que incluiu art. 96 no ADCT: 
"Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e 
desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de 
dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do 
respectivo Estado à época de sua criação." 
Por fim, cabe mencionar algo sobre a formação de Territórios. 
Hoje não existem Territórios, mas, se eles voltarem a existir, sua criação, 
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão 
reguladas em lei complementar (CF, art. 18, § 2°). 
Ademais, a Constituição dispõe que os Estados podem desmembrar-se para 
formar Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente 
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei 
complementar (CF, art. 18, § 3°). 
Segundo o inciso VI do art. 48 da CF/88, cabe ao Congresso Nacional dispor 
sobre incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios, 
ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas. 
Em suma, as regras de formação de Território Federal a partir do 
desmembramento de área de estado assemelham-se à formação dos estados, 
a saber: 
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a) aprovação da população diretamente interessada, mediante plebiscito; 
b) manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; e 
c) edição de lei complementar pelo Congresso Nacional. 
6) Intervenção 
Apesar da autonomia que caracteriza a Federação, em determinadas situações 
excepcionais a Constituição possibilita que ela seja afastada temporariamente, 
por meio da intervenção de um ente (maior) sobre o outro (menor). 
Portanto, em nosso país, só a União e os estados-membros podem ser 
sujeitos ativos de intervenção. Os estados-membros podem intervir sobre os 
municípios situados em seus territórios (CF, art. 35). E a União pode 
intervir nos estados-membros e no Distrito Federal (CF, art. 34) e nos 
municípios localizados em Territórios Federais (CF, art. 35), tendo em 
vista que a Constituição não prevê intervenção federal em municípios 
localizados em estados-membros. 
A intervenção funciona como medida última para estabelecer o respeito à 
Constituição Federal. Por isso, pode ser considerada como meio de controle 
de constitucionalidade. 
Observe que a intervençãoconfigura ato de dupla conseqüência: 
a) uma de natureza estritamente jurídica ^ invalidade do ato; e 
b) uma de caráter político-administrativo ^ afastamento temporário da 
autonomia local. 
Por fim, guarde mais dois detalhes sobre a intervenção. Em primeiro lugar, 
lembre-se que as normas que regulam a intervenção são elementos de 
estabilização constitucional (elementos das Constituições, segundo José 
Afonso da Silva). Em segundo lugar, como veremos ao estudar a reforma da 
Constituição, a Constituição não pode ser emendada na vigência de 
intervenção federal (CF, art. 60, § 1°). 
6.1) Espécies de Intervenção Federal 
As possibilidades de intervenção se dividem em espontânea e provocada. 
Espontânea - Nesses casos, o chefe do Executivo age de ofício, 
discricionariamente, efetivando a medida diretamente. As situações que 
ensejam essa medida são: 
a) manter a integridade nacional (CF, art. 34, I); 
b) repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra (CF, 
art. 34, II); 
c) pôr termo a grave comprometimento da ordem pública (CF, art. 34, III); 
d) reorganizar as finanças da unidade da Federação que: (i) suspender o 
pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo 
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motivo de força maior; ou (ii) deixar de entregar aos Municípios receitas 
tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei 
(CF, art. 34, V). 
Entenda bem: nos casos acima, a iniciativa do chefe do Executivo não 
depende de nenhum órgão. 
Além desses casos, temos a chamada intervenção provocada, quando a 
medida depende da provocação de algum outro órgão ao qual a Constituição 
conferiu essa competência. Nesses casos, a provocação poderá se dar por 
solicitação ou requisição. 
Provocada por solicitação - Na situação prevista no art. 34, IV, da CF/88 
(garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da 
Federação), caso o poder impedido seja o Executivo ou o Legislativo, a 
intervenção dependerá de solicitação desse poder. Por exemplo, se o poder 
coagido for o Legislativo estadual, caberá a ele solicitar ao Presidente da 
República a intervenção federal naquele estado. Nesse caso, o Presidente 
poderá ou não atender ao pedido (trata-se de solicitação). 
Provocada por requisição - Podemos listar os seguintes casos como sendo 
de requisição (em todos esses casos só haverá intervenção se houver a 
provocação de um desses órgãos, lembrando que não haverá 
discricionariedade na atuação do Presidente, que, quando requisitado, está 
obrigado a promover a intervenção): 
a) para garantir o livre exercício do Poder Judiciário nas unidades da Federação 
(CF, art. 34, IV) - caso em que a competência para a requisição será do STF; 
b) para prover a execução de ordem ou decisão judicial (CF, art. 34, VI) - caso 
em que a intervenção dependerá de requisição feita pelos seguintes tribunais 
superiores, de acordo com a natureza da ordem descumprida: (i) TSE, no caso 
de descumprimento de ordem ou decisão da Justiça eleitoral; (ii) STJ, no caso 
de descumprimento de ordem ou decisão do próprio STJ; e (iii) STF, no caso 
de descumprimento de ordem ou decisão do próprio STF, da justiça do 
trabalho ou da justiça militar; 
(Um detalhe importante é que se o descumprimento for de ordem ou decisão 
da justiça federal ou estadual, a competência para requisição será do STJ, 
exceto se envolver matéria constitucional, caso em que a competência para a 
requisição será do STF). 
Aliás, esse aspecto já foi cobrado pelo Cespe na prova de Advogado da União 
de 2010: 
"De acordo com a jurisprudência, é da competência do STF o julgamento 
do pedido de intervenção federal por falta de cumprimento de decisão 
judicial proferida pela justiça do trabalho, mesmo quando referida decisão 
não contiver matéria de cunho constitucional." 
Se a ordem ou decisão for da justiça federal ou da justiça estadual, a 
competência só será do STF se estiver envolvida matéria constitucional. Ao 
contrário, caso envolva apenas questões legais, a requisição competirá ao STJ. 
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Por outro lado, se a ordem for emanada da justiça do trabalho ou da justiça 
militar, a competência será do STF, independentemente de haver ou não 
relação com matéria constitucional. Logo, a assertiva está correta. 
c) para garantir a execução de lei federal (CF, art. 34, VI) e no caso de ofensa 
aos princípios sensíveis (CF, art. 34, VII) - caso em que a intervenção 
dependerá de representação interventiva do Procurador-Geral da República 
perante o STF (CF, art. 36, III). 
E o que são os tais "princípios sensíveis", capazes de acarretar intervenção 
federal, caso não sejam respeitados? 
Bem, eles estão listados no art. 34, VII da CF/88: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
O decreto de intervenção especificará a amplitude, o prazo e as condições de 
execução da medida e, se couber, nomeará o interventor. Observe que nem 
sempre haverá nomeação de interventor, pois a anormalidade poderá ser 
restrita (restrita somente ao Poder Legislativo estadual, por exemplo). De se 
destacar, ainda, que, cessados os motivos da intervenção, as autoridades 
afastadas de seus cargos retornam, salvo impedimento legal. 
Ademais, esse decreto será submetido à apreciação do Congresso Nacional, no 
prazo de vinte e quatro horas. Nesse caso, estando o Legislativo em período de 
recesso, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e 
quatro horas. 
Segundo a Constituição, dispensa-se essa análise posterior do Congresso nos 
casos em que a intervenção teve por finalidade: (i) prover a execução de lei 
federal, ordem ou decisão judicial (CF, art. 34, VI); e (ii) assegurar a 
observância dos princípios sensíveis (CF, art. 34, VII). Nesses casos, o decreto 
limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se esta medida bastar 
ao restabelecimento da normalidade (CF, art. 36, § 3°). 
Veja que são casos em que a intervenção se deu de forma provocada por 
requisição. É intuitivo que o controle político do Congresso não faz muito 
sentido naquelas ocasiões em que o ato do presidente limitou-se a obedecer a 
requisição feita pelo Poder Judiciário (ou seja, naqueles casos em que a 
atuação do Presidente foi vinculada). 
Nesse sentido, parte da doutrina considera que não haveria controle do 
Congresso também no caso de intervenção provocada por requisição do STF 
para garantir o livre exercício do Poder judiciário nas unidades da Federação. 
Entretanto, esse entendimento não é pacífico, tendo em vista que a 
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Antes de continuar, tente resolver esta recente questão da FCC (Analista do 
TRE-RN/2011): 
"A União poderá intervir nos Estados ou no Distrito Federal para assegurar 
a observância do princípio constitucional da autonomia municipal. Neste 
caso, a decretação da intervenção dependerá de 
a) solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou 
impedido. 
b) provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do 
Procurador-Geral da República. 
c) requisição do Supremo Tribunal Federal. 
d) provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do 
Municípioenvolvido. 
e) provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do 
Presidente da República." 
Autonomia municipal é princípio sensível (CF, art. 34, VII, "c"); nessa 
hipótese, a intervenção depende de provimento, pelo Supremo Tribunal 
Federal, de representação do Procurador-Geral da República (CF, art. 36, III). 
Logo, o gabarito é letra "b". 
6.2) Intervenção estadual nos municípios 
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Constituição dispensa expressamente o controle político do Congresso apenas 
nos casos do art. 34, VI e VII. 
Sintetizando: 
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Salvo no caso de municípios localizados em territórios, apenas os estados-
membros poderão intervir em municípios (e, por óbvio, apenas em municípios 
localizados no seu próprio domínio). 
Nesse caso, a intervenção passa a ser competência do governador, competindo 
à Assembléia Legislativa o controle político (também no prazo de 24 horas). 
As hipóteses de intervenção estadual em municípios estão taxativamente 
previstas no art. 35 da CF/88: 
I) deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, 
a dívida fundada; 
II) não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
III) não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de 
saúde; 
IV) o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar 
a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para 
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
Essa última hipótese apresenta duas especificidades: 
a) depende de provimento pelo Tribunal de justiça de representação formulada 
pelo Procurador-Geral de Justiça; e 
b) não será submetida ao controle político da Assembléia Legislativa. 
Vejamos, a partir de agora, várias (muitas!) questões sobre a Organização do 
Estado. Ao final, essas questões encontram-se listadas, sem os comentários. 
1. (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2010) A Espanha e a Itália são 
exemplos de estados unitários com peculiaridades próprias, já que se 
caracterizam pela descentralização de poder, seja na execução das 
determinações centrais, seja na capacidade legislativa e política para 
eleição dos seus representantes. 
O Estado unitário caracteriza-se pela centralização do poder político. Ou seja, 
considera-se que exista apenas uma esfera de poderes executivo, legislativo e 
judiciário. 
Apesar dessa definição doutrinária, é bastante difícil que haja, na realidade, 
um Estado unitário completamente centralizado (Estado unitário simples ou 
puro). 
Por isso, hoje, o mais comum (especialmente nos países europeus) é que haja 
uma descentralização, não só administrativa, mas também política, em que os 
territórios recebem diversas competências do poder central. 
Há casos (como os da Espanha e da Itália, mencionadas no enunciado), em 
que determinados territórios regionais chegam a deter até mesmo 
competências legislativas delegadas. Isso faz com que alguns autores já 
situem esses dois Estados (Espanha e Itália) num estágio intermediário entre o 
Estado unitário e a Federação, tal o grau de descentralização. Portanto, a 
questão está correta. 
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Em suma, para concursos, guarde que, apesar da tradicional definição de 
Estado unitário, esse seu caráter não é incompatível com a autonomia regional 
e descentralização territorial; daí podermos classificar os Estados unitários 
como: (i) puros ou simples; (ii) descentralizados administrativamente; e (iii) 
descentralizados administrativa e politicamente. 
2. (CESPE/ADVOGADO/CORREIOS/2011) Quando, no exercício de sua 
capacidade de auto-organização, o estado-membro edita sua constituição, 
ele age com fundamento no denominado poder constituinte derivado 
decorrente. 
A auto-organização está relacionada com a capacidade de elaboração de suas 
próprias Constituições estaduais, respeitados os princípios da Constituição 
Federal (CF, art. 25). Relacionando esse assunto com o da aula sobre Poder 
Constituinte, você pode lembrar que essa elaboração de Constituições 
estaduais nada mais é do que exercício do poder constituinte derivado 
decorrente. Portanto, correta a assertiva. 
3. (CESPE/ANALISTA/JUDICIÁRIO/TRE/ES/2011) Tanto a decretação quanto 
a execução de intervenção federal são da competência privativa do 
presidente da República. 
Quem decreta e executa a intervenção é o chefe do Pode Executivo. Assim, em 
âmbito federal é competência do Presidente da República (CF, art. 84, X). 
Portanto, o item está certo. 
4. (CESPE/ANALISTA/JUDICIÁRIO/TRE/ES/2011) No processo de formação 
de novos estados-membros, a CF considera pressuposto fundamental o 
parecer favorável das assembleias legislativas dos estados envolvidos. 
Caso o posicionamento destas seja contrário à formação, não se poderá 
dar prosseguimento ao processo. 
A formação de novo estado-membro exige aprovação da população 
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por 
lei complementar (CF, art. 18, § 3°). 
Para que o Congresso possa exercer essa competência, deverão, ainda, ser 
consultadas as respectivas Assembleias Legislativas (CF, art. 48, VI). 
Enquanto a formação do estado está vinculada à decisão do plebiscito, ela não 
depende de aprovação das Assembléias Legislativas. Em outras palavras, o 
Congresso deve ouvir o Legislativo local, nos termos do art. 48, VI; mas a 
opinião da Assembleia Legislativa não vincula a decisão do Congresso 
(eventual discordância não impede a formação de novo Estado). Item errado. 
5. (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/M PS/2010) Os territórios integram a 
União, e sua criação ou transformação em estado ou ainda a sua 
reintegração ao estado de origem serão reguladas por lei delegada. 
Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em 
Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei 
complementar (CF, art. 18, § 2°). Item errado. 
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6. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/SEGURANÇA JUDICIÁRIA/TRE/BA/2010) A 
União e os municípios integram a organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil. 
Exato. Nos termos do art. 18, caput, da CF/88, a organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende tanto a União 
quanto os municípios. 
A questão não mencionou estados-membros e DF, mas isso não a torna 
incorreta. Item certo. 
7. (CESPE/PROCURADOR FEDERAL DE 2a CATEGORIA/AGU/2010) Para o 
STF, é inconstitucional norma inserida no âmbito de constituição estadual 
que outorgue imunidade formal, relativa à prisão, ao chefe do Poder 
Executivo estadual, por configurar ofensa ao princípio republicano. 
A partir de situações concretas, e com base na Constituição Federal, a 
jurisprudência já construiu diversas limitações ao poder constituinte derivado 
decorrente. Uma delas é abordada pela assertiva acima. 
Como veremos (em detalhes) ao estudar o Poder Executivo, a Constituição 
Federal atribui diversas prerrogativas ao Presidente da República, entre elas a 
imunidade formal à prisão em flagrante, preventiva e temporária (CF, art. 86, 
§ 3°), bem como a irresponsabilidade, na vigência do mandato, por atos 
estranhos ao exercício das funções (CF, art. 86, § 4°). 
Pois bem, a dúvida é: poderiam as Constituições estaduais estender tais 
imunidades ao governador de Estado?Segundo o STF, não, pois se trataria de prerrogativas conferidas ao Presidente 
no exercício da função de chefe de Estado. Logo, a assertiva está correta. 
A propósito, guarde outras decisões do STF que configuram verdadeiras 
vedações ao poder constituinte derivado decorrente. Segundo o STF, a 
Constituição estadual não pode: 
a) desrespeitar o quórum de três quintos para alteração da Constituição 
estadual; 
b) tratar de matérias de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo; 
c) condicionar a nomeação/exoneração dos secretários à prévia aprovação da 
Assembléia Legislativa; 
d) estabelecer a monarquia ou o parlamentarismo. 
Ao longo das aulas do nosso curso, veremos outros exemplos de decisões 
jurisprudenciais que limitaram o exercício do poder constituinte derivado 
decorrente. 
8. (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/AGU/2010) O Brasil, desde a 
promulgação da Constituição de 1946, tem adotado o presidencialismo 
como forma de governo. Assim, a atividade executiva está concentrada na 
figura do presidente da República, que é, ao mesmo tempo, chefe de 
governo, chefe de Estado e chefe da administração pública. 
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De fato, o presidencialismo adota uma chefia monocrática, em que a atividade 
executiva está concentrada no presidente da República, que é, ao mesmo 
tempo, chefe de governo, chefe de Estado e chefe da administração pública. 
Entretanto, a questão está errada, pois o Brasil chegou a adotar o 
parlamentarismo durante o início governo do presidente João Goulart. Tratou-
se de um curto período, entre 1961 e 1963. Hoje, somos um país 
presidencialista. 
Fala sério! Essa questão é de história, e não de direito constitucional! Foi uma 
questão que saiu totalmente dos padrões de cobrança das bancas; mas, se for 
repetida, você já fica sabendo. 
9. (CESPE/TÉCNICO ADMINISTRATIVO/AN EEL/2010) A CF admite a 
incorporação, a subdivisão ou o desmembramento de estados. 
Sim, como vimos, a Constituição admite, nos termos do art. 18, § 3°. Logo, a 
assertiva está correta. 
10. (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/RR/2010) A doutrina diverge no 
que se refere ao considerar municípios entidades federativas. Para alguns, 
são apenas divisões político-administrativas dos estados. 
De fato, há autores que rejeitam a idéia de um município como ente federado; 
afinal, os municípios: (i) são uma especificidade da nossa Federação; (ii) não 
têm representação na formação da legislação nacional; (iii) não dispõem de 
poder judiciário próprio. Diante disso, correto o item. 
Entretanto, trata-se de corrente minoritária; os municípios compõem a 
federação como um ente autônomo, nos termos do art. 18 da CF/88. 
11. (CESPE/ANALISTA EM C & T JÚNIOR/DIREITO/INCA/2010) Como exemplo 
da autonomia conferida aos estados-membros pelo pacto federativo 
brasileiro, atenderá ao disposto na CF a hipótese de o edital de um 
concurso público, organizado pelo estado X, determinar que somente 
possa participar do certame candidato que tenha residência no próprio 
estado X, de forma a promover o desenvolvimento regional. 
Um edital com essas características ofenderia frontalmente a Constituição, em 
especial, os princípios da impessoalidade, da igualdade e o art. 19, III, que 
veda distinções ou preferências entre brasileiros ou entre si. Logo, a assertiva 
está incorreta. 
12. (CESPE/ADVOGADO/IPAJM/2010) A União, por ser soberana, poderá 
editar normas específicas aplicáveis aos estados-membros e ao DF que 
não serão passíveis de controle de constitucionalidade. 
A União não é soberana (é autônoma), nem pode editar normas que sejam 
imunes ao controle de constitucionalidade. Item duas vezes errado. 
13. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/ES/2010) O sistema 
federal adotado pelo Brasil confere autonomia administrativa e política aos 
estados, ao DF e aos municípios, mas não lhes confere competência para o 
exercício de sua atividade normativa, em razão dos diversos limites 
impostos pelas normas de observância obrigatória. 
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A assertiva está incorreta, pois a chamada capacidade de auto-legislação 
alcança os estados, o DF e os municípios, quando editam sua própria legislação 
(daí a existência da Câmara Legislativa do Distrito Federal e das assembléias 
legislativas dos estados-membros), respeitados os princípios estabelecidos pela 
Constituição Federal. 
Em outras palavras, os entes dispõem de autonomia para o exercício da 
atividade normativa, desde que respeitada a Constituição Federal. 
14. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/ES/2010) O DF é 
entidade federativa que acumula as competências legislativas reservadas 
pela CF aos estados e aos municípios, sendo permitida sua divisão em 
municípios, desde que aprovada pela população diretamente interessada, 
por meio de plebiscito, e pelo Congresso Nacional, mediante a edição de 
lei complementar. 
Realmente, o DF acumula as competências dos estados e municípios (CF, art. 
32, § 1°); todavia, a questão está incorreta, pois é vedada a sua divisão em 
municípios (CF, art. 32, caput). 
15. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/ES/2010) A instituição 
de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, 
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, depende de lei 
complementar. 
Nos termos do art. 25, § 3°, da CF/88, os Estados poderão, mediante lei 
complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e 
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para 
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de 
interesse comum. Portanto, correta a assertiva. 
16. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/ES/2010) É 
inconstitucional norma estadual que subordine a nomeação dos dirigentes 
de autarquias e fundações públicas à prévia aprovação da assembleia 
legislativa, por se entender que somente aquelas autoridades constantes 
no modelo federal estariam submetidas a esse procedimento. 
A Constituição Federal atribui ao Presidente da República competência para 
nomear e exonerar os Ministros de Estado (CF, art. 84, I), que são seus 
assessores diretos. 
Pois bem, com base nesse dispositivo, é notória a jurisprudência do STF que 
não admite que o Constituinte estadual condicione a nomeação dos secretários 
de Estado à prévia aprovação da assembléia legislativa, por ofensa à 
competência discricionária do governador em nomear seus auxiliares. 
Situação diversa é a nomeação de dirigentes de autarquias, por exemplo. 
Tirando os ministros de Estado, a nomeação de diversas autoridades pelo 
Presidente da República é submetida à aprovação do Senado Federal, como é o 
caso da nomeação do Presidente do Banco Central e de titulares de outros 
cargos que a lei determina (CF, art. 52, III, "d" e "f"). 
Nessa linha, o STF entende que a nomeação de dirigentes de autarquias e 
fundações públicas pelo Governador do Estado, após aprovação das 
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indicações pela Assembléia Legislativa, está em consonância com o 
modelo federal, que prevê a participação legislativa na nomeação de dirigentes 
de autarquias. Ou seja, não haveria vício de inconstitucionalidade em norma 
da Constituição estadual que subordinasse a nomeação de dirigentes de 
autarquias e fundações públicas à aprovação da assembléia legislativa 
estadual. Item incorreto. 
17. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) São 
requisitos para que os estados se incorporem, se subdividamou se 
desmembrem para se anexarem a outros ou para formarem novos estados 
a aprovação da população diretamente interessada, mediante plebiscito, e 
lei complementar estadual aprovada pela maioria absoluta das casas 
legislativas dos estados envolvidos. 
A formação de estados-membros depende de Lei complementar federal, e não 
de lei complementar estadual. Item incorreto. 
18. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/M PE/SE/2010) Não 
existem, na atualidade, territórios federais no Brasil. Nada impede, 
entretanto, que voltem a ser criados sob a forma de distritos federais, 
dotados de autonomia política, mas não administrativa e financeira, 
constituindo entes sui generis do Estado Federal. 
De fato, podem ser criados territórios federais; todavia, eles integrarão a União 
e não disporão de autonomia política (CF, art. 18, § 2°). Incorreta a assertiva. 
19. (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2010) Como forma de Estado, a 
Federação destaca-se pela perda da soberania dos estados federados em 
favor de um poder central, mantendo-se, no entanto, certa autonomia em 
seu favor, além do direito de secessão na hipótese de quebra do pacto 
federativo. 
A Federação caracteriza-se pela união de entes que abrem mão de sua 
soberania, em prol do fortalecimento do Estado federal como um todo; esses 
entes permanecem autônomos, sem, no entanto, dispor de capacidade de 
secessão, uma vez que uma das características da Federação é a 
indissolubilidade. Logo, a assertiva está incorreta. 
20. (CESPE/ANALISTA PROCESSUAL/MPU/2010) Em face da descentralização 
administrativa e política que caracteriza o Estado brasileiro, a República 
Federativa do Brasil constitui um estado unitário descentralizado, 
dispondo os entes políticos estatais de autonomia para a tomada de 
decisão, no caso concreto, a respeito da execução das medidas adotadas 
pela esfera central de governo. 
A questão apresenta o conceito de Estado unitário descentralizado 
administrativa e politicamente. Nessa forma de Estado, as unidades regionais 
dispõem de certa autonomia para decidir, no caso concreto, a melhor forma de 
execução das decisões já tomadas pelo Governo Central. Entretanto, está 
incorreta, pois essa não é a forma de Estado adotada pelo Brasil, afinal somos 
uma República Federativa (CF, art. 1°). Logo, a assertiva está incorreta. 
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21. (CESPE/ANALISTA MINISTERIAL - ESPECIALIDADE CIÊNCIAS 
JURÍDICAS/MINISTÉRIO PÚBLICO - TO/2006) Decorre do princípio 
republicano a regra constitucional de que o mandato do presidente da 
República será de quatro anos. 
De fato, o mandado de quatro anos do Presidente decorre do princípio 
republicano. Trata-se da "temporalidade", relacionada à alternância no 
exercício do poder. Portanto, o item está correto. 
22. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO /SEGER/ES/2008) A 
forma republicana pressupõe, modernamente, que o representante do 
governo seja eleito pelo povo, que este seja representado em câmaras ou 
assembléias populares e que os mandatos eletivos sejam temporários. 
São características da república (como visto no esquema): eletividade e 
temporalidade. Correto o item. 
23. (CESPE/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL - ACRE/2006) Estado unitário é 
aquele em que não ocorre a chamada descentralização administrativa à 
mercê do poder central. 
A assertiva está incorreta, afinal, não existe apenas o Estado unitário 
centralizado (ou puro), em que ocorre a execução dos serviços e das políticas 
públicas de forma centralizada. 
Pelo contrário, atualmente, o mais comum é que haja descentralização 
administrativa (quando o poder político continua concentrado, mas a execução 
de políticas públicas ocorre de forma descentralizada, por meio de entidades 
administrativas criadas para esse fim) ou mesmo certa descentralização 
política. 
24. (CESPE/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL - ACRE/2006) O parlamentarismo 
e o presidencialismo são formas de governo previstas no texto 
constitucional. 
Essa questão é clássica em concursos públicos: confundir o candidato 
misturando os conceitos de forma de Estado, forma de governo e sistema de 
governo. Assertiva errada, já que presidencialismo e parlamentarismo não são 
formas de governo, mas sim sistemas de governo (formas de governo são 
república e monarquia). Item errado 
25. (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) A CF adota o presidencialismo como 
forma de Estado, já que reconhece a junção das funções de chefe de 
Estado e chefe de governo na figura do presidente da República. 
De fato, a junção das funções de chefe de Estado e chefe de governo na 
mesma pessoa (chefia monocrática) é característica do presidencialismo. 
Entretanto, presidencialismo e parlamentarismo são sistemas de governo (e 
não formas de Estado). Logo, a assertiva está incorreta. 
26. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) Uma das 
características comuns à federação e à confederação é o fato de ambas 
serem indissolúveis. 
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A confederação não é indissolúvel. A confederação estabelece-se por meio de 
um tratado, como uma união dissolúvel de Estados soberanos. A federação, 
sim, é indissolúvel. Logo, a assertiva está incorreta. 
27. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO / SEGER / ES / 2008) 
A forma republicana pressupõe, modernamente, que o representante do 
governo seja eleito pelo povo, que este seja representado em câmaras ou 
assembleias populares e que os mandatos eletivos sejam temporários. 
A escolha da forma de governo diz respeito à relação entre governantes e 
governados no tocante à aquisição e aoo exercício do poder. 
A assertiva está correta, pois eletividade (governantes são eleitos pelo povo) e 
temporalidade (exercício do poder se dá por um período transitório) são 
características da república. O item está correto. 
28. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO / SEGER / ES / 2008) 
Saber a forma de governo de determinado Estado é o mesmo que saber 
quem deve exercer o poder e como este se exerce. 
Estudar as formas de governo é estudar como se dá a relação entre 
governantes e governados no tocante à aquisição e ao exercício do poder. É 
saber como é escolhido o governante, de que forma ele exerce o poder e como 
se dá a relação entre ele e seus governados. Item certo. 
29. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) O 
federalismo brasileiro, quanto à sua origem, é um federalismo por 
agregação. 
O Estado federal pode ser formado por agregação ou desagregação. 
Por agregação é quando se parte de diversas parcelas independentes 
(Estados soberanos) que se unem para formar a federação, num movimento 
de fora para dentro. Foi o que ocorreu com os Estados Unidos da América, por 
exemplo. 
Por desagregação é quando o Estado se forma de dentro para fora, ou seja, 
quando se tem um todo (Estado unitário) que se reparte em vários outros. É o 
caso do Brasil, por exemplo. Logo, a assertiva está incorreta. 
30. (CESPE/AUFC/TCU/2009) No âmbito do federalismo cooperativo, os entes 
federados devem atuar de forma conjunta na prestação de serviços 
públicos. Para esse fim, a CF prevê os consórcios públicos e os convênios, 
inclusive autorizando a gestão associada desses serviços, com a 
transferência de encargos, serviços e até mesmo de pessoal e bens. 
No Brasil, ocorre o federalismo cooperativo, em que a divisão de competências 
não é rigidamente definida. Assim, a boa coexistência desses entes autônomos 
exige mecanismos de coordenação e cooperação entre eles, sendo os 
consórcios e os convênios dois exemplos desses tipos

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