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Anestesia dissociativa

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Anestesia dissociativa 
Não produz depressão generalizada do SNC e promove analgesia. Induzem 
anestesia por interrupção seletiva dos estímulos aferentes sensoriais no tálamo e 
estimulam concomitantemente as regiões límbicas responsáveis pela estimulação 
psicomotora. 
Cetamina é o anestésico dissociativo mais utilizado, possui propriedades ácidas e 
causa dor e irritação no local da injeção e atravessa facilmente a barreira 
hematoencefálica. Por ser um fármaco lipossolúvel, atinge tecidos muito irrigados como 
cérebro, fígado e rins e atinge concentrações maiores que as do plasma. Após a 
biotransformação, a cetamina vira norcetamina, que ainda é ativa e possui 1/3 da potência 
da cetamina e provavelmente é responsável pelo prolongamento da anestesia. Canídeos 
conseguem quebrar a norcetamina em metabólitos inativos, enquanto felídeos excretam 
ela ainda na forma ativa (pacientes com distúrbio renal, há prolongamento da anestesia 
dissociativa. A duração é curta – 15 a 30 min- dependendo do MPA empregado. 
Associação com o Diazepam e barbitúricos prolonga o tempo de recuperação anestésica 
(devido a competição enzimática). É uma mistura racêmica, onde a molécula S+ é 
responsável pela analgesia e a R- é ligada aos efeitos indesejáveis da cetamina, atualmente 
vende-se apenas a molécula S+, e assim a recuperação se mostra mais adequada. A 
tiletamina é outro anestésico dissociativo e é o mais potente desse grupo e é vendida 
associada ao zolazepam (benzodiazepínico). 
Mecanismo de ação da cetamina: o principal neurotransmissor excitatório do SNC 
é o glutamato, e ele atua nos receptores NMDA (estão presentes em mais de 80% dos 
neurônios). A ativação desses receptores promove excitação neuronal. Os anestésicos 
dissociativos são bloqueadores dos receptores NMDA – isso que confere a analgesia- de 
modo não competitivo ao glutamato (ou seja, atuam em outro sítio de ligação). Devido a 
isso, ocorre do córtex cerebral, inibindo o sistema nervoso, diminuindo o tato, dor, 
temperatura e visão (não inibe olfato). Além disso os anestésicos dissociativos bloqueiam 
a recaptação de catecolaminas (bloqueio dos receptores NMDA e o bloqueio da 
recaptação de catecolaminas estimulam o sistema límbico – relacionado às emoções como 
aprendizagem, memória, sonhos, sensação de prazer). Logo, enquanto uma área do 
cérebro está inibida (córtex cerebral) e outra estimulada (sistema límbico), promovendo 
anestesia sem hipnose, estando assim anestesiado sem estar em uma anestesia geral. Além 
de bloquearem a recaptação de catecolaminas, também bloqueia os receptores 
muscarínicos, causando ativação do sistema simpático e redução do parassimpático. A 
cetamina também atua nos receptores opioides (principalmente o S+ ) e pode ser revertido 
com a naloxona. 
Efeitos farmacológicos: 
Sistema nervoso central: Aumento do fluxo sanguíneo cerebral e vasodilatação, 
causando aumento da pressão intracraniana. Alguns animais podem desenvolver 
convulsões decorrente desse aumento da pressão intracraniana, em pacientes com 
histórico de convulsão. Manutenção dos reflexos protetores – oculopalpebral e 
laringotraqueal, com centralização de globo ocular e nistagmo 
Sistema cardiovascular: Devido a estimulação adrenérgica, tem-se taquicardia, 
hipertensão, aumento de débito cardíaco, e consequente diminuição do volume sistólico. 
Pode ser bom em pacientes hipotensos ou desidratados, e contraindicado em animais 
cardiopatas. 
Sistema respiratório: É pouco alterado, mas apresenta um tempo inspiratório 
maior e um tempo expiratório menor – respiração apnêustica. Aumento das secreções 
respiratórias, o que pode dificultar a respiração. Geralmente animais que fazem o uso de 
anestesia dissociativa não são intubados e não recebem suplementação se oxigênio, isso 
ocorre devido a manutenção do reflexo laringotraqueal. 
Sistema muscular: Os anestésicos dissociativos promovem rigidez muscular, 
podendo ocorrer movimentos involuntários, devido a isso seu uso deve ser associado a 
um miorrelaxante (agonista alfa-2 adrenérgico ou benzodiazepínico) 
Outros efeitos: Aumentam a pressão intraocular (não deve ser utilizado em 
pacientes que necessitem da estabilidade da pressão intraocular). Além disso tem efeito 
antiinflamatório, modulando a produção de citocinas. 
 
Uso clínico: 
Cetamina além de ser utilizada como analgésico, também pode ser a base da 
anestesia. Essa modalidade permite alguns procedimentos superficiais e ambulatoriais, 
entretanto não viabiliza acesso em cavidades e nem ortopedia. A cetamina também pode 
ser utilizada como indutor anestésico, sendo seguida da anestesia geral (quando associada 
a agonistas alfa-2 adrenérgicos, benzodiazepínicos ou propofol) e é a base de indução em 
equinos e bovinos. Também é utilizada na “sedação”, doses baixas promovem a 
imobilização, porem sem depressão generalizada do SNC, midríase, nistagmo e hipnose, 
dessa forma, não deve ser classificada como sedação verdadeira. 
 
Tiletamina: 
Apresenta-se em pó, associada ao zolazepam. É mais caro. Em gatos, o zolazepam 
tem período de ação maior que o da tiletamina, ou seja, a recuperação tende a ser mais 
calma. Em cães ocorre o contrário, onde o tempo de ação da tiletamina é maior que o do 
zolazepam, conferindo uma recuperação ruim e turbulenta. 
 
Vantagens da anestesia dissociativa: vias de administração, analgesia e ampla 
margem de segurança. Não deprime o cérebro como um todo, logo não há hipnose. 
Promove rigidez muscular, devendo ser associado a um miorrelaxante. Não é indicada 
para pacientes com distúrbios neurológicos, cardiopatas ou cirurgias que envolvem dor 
moderada a intensa.

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