Prévia do material em texto
CONTEÚDO 8 – DISTÚRBIOS GINECOLÓGICOS: DOR PÉLVICA, DISMENORRÉIA E SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL DOR PÉLVICA CRÔNICA (DPC) Dor pélvica crônica é definida como dor pélvica não menstrual ou não cíclica, com duração de pelo menos seis meses, suficientemente intensa para interferir em atividades habituais e que necessita de tratamento clínico ou cirúrgico. A prevalência estimada de dor pélvica crônica é de 3,8% em mulheres de 15 a 73 anos, variando de 14 a 24% em mulheres na idade reprodutiva, com impacto direto na sua vida conjugal, social e profissional. As dores pélvicas são em geral referidas nas fossas ilíacas e na região hipogástrica. Mas alguns autores consideram dores referidas na região lombossacra (entre L4 e cóccix) como dor pélvica. Principais causas de dor pélvica Causas genitais Endometriose Adenomiose (patologia uterina caracterizada pela presença de endométrio dentro do miométrio) Aderências pélvicas Doença inflamatória pélvica Malformações genitais Cistos ovarianos Varizes pélvicas Corpo lúteo hemorrágico Neoplasias dos genitais internos Torção de mioma uterino pediculado Distopias uterinas Hidrossalpinge (acúmulo de líquidos nas tubas) Torção de pedículo de ovário Mioma em degeneração DIU ( dispositivo contraceptivo intrauterino) Tuberculose Causas Urológicas Cistites Retenção urinária Uretrite Malformações Litíases Neoplasias Causas Intestinais Parasitoses Enterites https://pt.wikipedia.org/wiki/Patologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Miom%C3%83%C2%A9trio Retocolite ulcerativa Diverticulites Hérnias Torção de alças intestinais Infarto do mesentério Tuberculose Enterite tipo Crohn Neoplasias Aderências intestinais Obstrução intestinal Colopatias funcionais Causas vasculares Varizes pélvicas Aneurisma das artérias da pelve Arterites Tromboflebite pélvica Causas Osteomusculares Miosites Artrites Neoplasias ósseas e musculares Traumas e sequelas Lombalgia Hérnia de disco Síndromes miofasciais Espasmo da musculatura do assoalho pélvico Endometriose de parede abdominal Bursite Malformações Osteoporose Espondilolistese Causas Emocionais Depressão Psicoses com somatização História de agressão física ou abuso sexual A principal causa de DPC é a endometriose. A endometriose é uma doença caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial fora do útero (ovário, tuba, ligamento largo e fundo de saco posterior, bexiga, intestino, etc). Seus principais sintomas são dor pélvica e infertilidade. Quase metade das mulheres acometidas tem dor pélvica crônica, enquanto em 70% a dor ocorre durante a menstruação. Dor durante o sexo também é comum e a infertilidade ocorre em até metade das pessoas. A endometriose pode ter efeitos sociais e psicológicos. Os sintomas menos comuns incluem sintomas urinários ou intestinais e cerca de 25% das mulheres não apresentam sintomas. VULVODÍNIA The International Society for the Study of Vaginal Disease (ISSVD) define Vulvodínia como dor ou desconforto vulvar crônico, caracterizado por sensação de queimação e irritação da genitália feminina, em casos em que não há infecção ou doença da pele da vulva ou da vagina. A dor pode ser constante ou intermitente, difusa ou localizada. (National Vulvodynia Association, July 6th, 2006) Classificação Vulvodínia generalizada: os sintomas podem ser difusos ou em diferentes áreas (lábio maior, lábio menor, vestíbulo, clitóris, monte pubiano e períneo). A dor pode ser constante ou intermitente. Síndrome da vestibulite vulvar: dor apenas no vestíbulo, durante ou após toque ou pressão. Provoca grande impacto na qualidade de vida da mulher. Interfere na atividade sexual e nas atividades de vida diária, como: sentar, praticar atividade física, participar de determinadas atividades sociais... A FISIOTERAPIA NA DOR PÉLVICA CRÔNICA AVALIAÇÃO História clínica completa e detalhada; Identificação e descrição da dor: localização, duração, caráter, padrão, frequência e intensidade; Exame físico: Inspeção Palpação Exame da mobilidade Força e resistência muscular Testes para avaliação específica Observação de exames de imagem TRATAMENTO A escolha do recurso fisioterapêutico para o tratamento da DPC depende da etiologia da doença. O objetivo principal é de alívio da sintomatologia dolorosa, e em casos onde a causa é musculoesquelética, corrigir o problema de base. Eletroterapia (TENS), intracavitária ou transcutânea Termoterapia Crioterapia Massagem Massagem perineal em casos de vulvodínia e síndrome da vestibulite Exercícios terapêuticos globais Exercícios de assoalho pélvico Biofeedback de pressão ou eletromiográfico Reeducação postural Manipulação de tecidos Acupuntura DISMENORRÉIA Dismenorreia é uma dor pélvica ou abdominal inferior, cíclica ou recorrente, associada à menstruação. É a queixa ginecológica mais comum em mulheres jovens, com uma prevalência que varia entre 43 e 93%. Dismenorreia primária: menstruação dolorosa na ausência de lesões nos órgãos pélvicos. É causada pelo aumento da produção de prostaglandinas e outros mediadores inflamatórios pelo útero, que provocam contrações uterinas dolorosas. Dismenorreia secundária: relacionada a alterações do sistema reprodutivo, que podem ser endometriose, miomas uterinos, infecção, anormalidades na anatomia do útero ou da vagina de origem congênita. Outra causa da dismenorreia secundária é o uso de dispositivo intrauterino (DIU) como método anticoncepcional. Tratamento O tratamento da dismenorreia secundária é avaliado conforme cada caso, pois a dor é devida ao problema orgânico que deve ser tratado. O tratamento da dismenorreia primária inclui: Anti-inflamatórios: AINE (anti-inflamatórios não esteroides) tomados um pouco antes e durante toda a menstruação, bloqueiam a produção das prostaglandinas. Anticoncepcionais: em uso contínuo ou cíclico, pois o ciclo anovulatório é geralmente menos doloroso. Exercício físico moderado e regular Fisioterapia FISIOTERAPIA NA DISMENORRÉIA Eletroterapia (TENS) Termoterapia Crioterapia Massagem Exercícios terapêuticos Reeducação postural Manipulação de tecidos Acupuntura Manipulação espinal (osteopatia e quiropraxia) Diatermia de microondas SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL É a ocorrência cíclica de vários sinais e sintomas que começam próximo à ovulação, ou logo depois dela, e se resolvem após o início da menstruação. https://pt.wikipedia.org/wiki/Endometriose https://pt.wikipedia.org/wiki/Mioma https://pt.wikipedia.org/wiki/Infec%C3%83%C2%A7%C3%83%C2%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Dispositivo_intrauterino Sintomas mais comuns: Distensão do abdome Sensibilidade e inchaço das mamas Ganho de peso Fadiga Depressão Irritabilidade Dor de cabeça Constipação Acne Rinite Edema Parestesia Distúrbios do sono Oscilações do estado de humor Falta de concentração Sensibilidade ao barulho Diminuição das habilidades motoras E outros A sintomatologia é provavelmente multifatorial. Alguns fenômenos relacionados à ocorrência da SPM são: desequilíbrio entre estrógeno e progesterona; deficiência das vitaminas B6 e E; atividade inapropriada de prostaglandinas; e alterações na ação das endorfinas e serotoninas. A SPM pode ser classificada em quatro tipos: SPM-A: sintomatologia emocional, manifestada por ansiedade, irritabilidade, alterando os padrões de comportamento. SPM-C: tem como manifestações cefaléia, aumento do apetite, desejo por doces e fadiga. SPM-D: caracterizada por depressão intensa, insônia e esquecimento. SPM-H: caracterizada pelas alterações do metabolismo hídrico, gerando edema, dores abdominais e mastalgia. Tratamento: Medicamentoso: diuréticos, antidepressivos, ansiolíticos e supressores da ovulação. Não-medicamentoso: em medidas comportamentais, prática de atividades físicas, atividades relaxantes, repouso, orientações sobre os sintomas e alimentação hipossódica visando a não- retenção hídrica. Em casos graves, recorre-se a tratamento cirúrgico ou à suspensão da ovulação. Fisioterapia: exercícios terapêuticos, TENS, massagem (relaxante, drenagem linfática manual, e outras),acupuntura e outros recursos, de acordo com a necessidade de cada paciente. Artigos científicos Leitura obrigatória Gerzson LR, Padilha JF, Braz MM , Gasparetto A. Fisioterapia na dismenorreia primária: revisão de literatura. Rev Dor. 2014;15(4):290-5. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdor/v15n4/pt_1806-0013-rdor-15-04-0290.pdf Leitura complementar Nogueira AA, Reis FJC, Poli Neto OB. Abordagem da dor pélvica crônica em mulheres. Rev Bras Ginecol Obstet. 2006; 28(12): 733-40. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v28n12/08.pdf Itzaa F, Zarzab D, Serrac L, Go´mez-Sanchad F , Salinase J, Allona-Almagrof A. Síndrome de dolor miofascial del suelo pélvico: una patología urológica muy frecuente. Actas Urol Esp. 2010; 34(4) :318–326. Disponível em: http://scielo.isciii.es/pdf/aue/v34n4/revision2.pdf Araújo LM, da Silva JMN, Bastos WT, Ventura PL. Diminuição da dor em mulheres com dismenorreia primária, tratadas pelo método Pilates. Rev. dor. 2012;13(2): 119-23. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdor/v13n2/04.pdf Paiva SPC, Paula LB, Nascimento LLO. Tensão Pré-Menstrual (TPM): uma revisão baseada em evidências científicas. Femina. 2010;38(6):311-15. Disponível em: http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Femina_v38n6_p311-51.pdf Ferreira JJ, Machado AFP, Tacani R, Saldanha MES, Tacani PM, Liebano RE. Drenagem linfática manual nos sintomas da síndrome pré-menstrual: estudo piloto. Fisioterapia e Pesquisa. 2010;17(1):75-80. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/fp/v17n1/14.pdf Referências Baracho E. Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecologia e aspectos de mastologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. Stephenson RG, O’Connor LJ. Fisioterapia aplicada à ginecologia e obstetrícia. São Paulo: Manole; 2004. Moreno AL. Fisioterapia em Uroginecologia. São Paulo: Manole; 2004. http://www.scielo.br/pdf/rdor/v15n4/pt_1806-0013-rdor-15-04-0290.pdf http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v28n12/08.pdf http://scielo.isciii.es/pdf/aue/v34n4/revision2.pdf http://www.scielo.br/pdf/rdor/v13n2/04.pdf http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Femina_v38n6_p311-51.pdf http://www.scielo.br/pdf/fp/v17n1/14.pdf Exercício 1: A vulvodínia provoca grande impacto na qualidade de vida da mulher e interfere na atividade sexual e nas atividades de vida diária, como: sentar, praticar atividade física, participar de determinadas atividades sociais, etc. Portanto, é fundamental a abordagem do profissional fisioterapeuta no seu tratamento. Com relação à intervenção fisioterapêutica nos casos de vulvodínia, está INCORRETO afirmar: A) A massagem perineal é importante para promover relaxamento da musculatura do assoalho pélvico e dessensibilização da região vulvar. B) A eletroterapia com objetivo de analgesia é realizada e apresenta bons resultados. C) Os exercícios de assoalho pélvico não devem ser realizados, pois podem causar aumento da dor. D) O biofeedback eletromiográfico é um recurso indicado para o tratamento da vulvodínia. E) Exercícios posturais, relaxamento e alongamento da musculatura da pelve, coluna e membros inferiores auxiliam no alívio dos sintomas do quadro doloroso. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 2: Em uma paciente de 35 anos com dor pélvica crônica (DPC) e dispareunia (dor genital associada com intercurso sexual) foi evidenciada na videolaparoscopia a presença de múltiplos implantes de endometriose em ligamentos uterossacros, ovários, em superficíe de cólon retossigmoide e pequenas nodulações no espaço retovaginal. Foi realizada cauterização dos focos de endometriose, mas, devido à extensão da doença, foi indicado tratamento complementar no pós-operatório com medicação e fisioterapia. Analise as afirmativas abaixo sobre os recursos fisioterapêuticos que podem ser utilizados para este caso. I. A Neuroestimulação Elétrica Transcutânea (TENS) é um recurso de analgesia indicado para o tratamento da DPC. II. Os exercícios de assoalho pélvico não podem ser realizados devido à presença de dispareunia. III. O biofeedback eletromiográfico é um recurso importante para a conscientização da musculatura de assoalho pélvico, auxilia no aprendizado das contrações e do relaxamento desta musculatura. IV. São contraindicados os exercícios de reeducação postural para pacientes com endometriose. Estão corretas as afirmativas: A) I e III B) I e II C) II e III D) II e IV E) III e IV O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 3: Em um caso de uma mulher com diagnóstico de dor pélvica crônica, é correto afirmar que: A) A etiologia é necessariamente ginecológica, pois acomete a região pélvica. B) O quadro doloroso é cíclico em região abdominal com duração acima de três meses. C) O desconforto é desencadeado pelos órgãos pélvicos e sua inervação visceral, sempre no período menstrual, remetendo à sensação dolorosa de forma a permitir sua localização precisa. D) As sensações dolorosas são desvinculadas de alterações psicológicas e osteomusculares. E) A dor pélvica é não menstrual ou não cíclica, com duração de pelo menos seis meses. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 4: Paciente de 32 anos, nuligesta, chega ao consultório com relato de dor pélvica crônica desde os 25 anos. Refere ciclos menstruais de 25 dias de duração com 8 dias de sangramento de moderada intensidade. Dismenorréia, náuseas e vômitos são frequentes durante a menstruação. Existe melhora dos sintomas com contraceptivos orais, mas a paciente relata parada do uso há 2 anos. O exame físico da paciente é normal. O diagnóstico mais provável é: A) Síndrome do intestino irritável B) Endometriose C) Hérnia de disco D) Espondilolistese E) Bursite O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 5: Dor ou desconforto vulvar crônico, caracterizado por sensação de queimação e irritação da genitália feminina, em casos em que não há infecção ou doença da pele da vulva ou da vagina. Esta é a definição de: A) Endometriose B) Dismenorréia C) Vulvodínia D) Uretrite E) Adenomiose O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 6: Escolha a alternativa que fornece a afirmativa correta com relação à dismenorréia. A) Dismenorréia primária é a que ocorre em nuligestas. B) Dismenorréia secundária está associada sempre a endometriose. C) Os termos primária e secundária em dismenorréia referem-se à menarca. D) A dismenorreia é caracterizada como primária na ausência de patologias de órgãos pélvicos. E) O tratamento da dismenorreia secundária é sempre realizado com antiinflamatórios. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 7: Julgue os itens a seguir, relativos à dor pélvica. I. Endometriose é a principal causa de dismenorréia primária. II. Dor pélvica crônica pode ter como causa tanto fatores físicos como psicológicos e comportamentais. III. Adenomiose, aderências pélvicas e malformações genitais podem ser causa de dor pélvica crônica. IV. Pacientes com dor pélvica crônica se beneficiam de abordagem multidisciplinar. V. Alterações urológicas e relacionadas ao trato gastrointestinal podem ser causa de dor pélvica tanto aguda como crônica. Estão corretas as afirmativas: A) Todas as afirmativas B) I, II, III e V C) II, III, IV e V D) III, IV e V E) IV e V O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários