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Caderno de Química dos Sólidos Aula 1: Introdução a Química do Estado Sólido → O que estuda? A Química do Estado Sólido ou Ciência dos Materiais é baseada em quatro pilares principais que são interligados com um tetraedro. Um deles é a síntese e o processamento desse material, então é importante entendermos como que esse material é produzido e processado, porque materiais processados de forma diferente podem ter propriedades diferentes. O tipo de processamento é muito importante, porque ele vai alterar a composição e a estrutura do material, portanto é importante conhecer a composição e a estrutura que o material apresenta. Então, se alterarmos a estrutura e a composição, nós estaremos alterando as propriedades. E, alterando as propriedades do material, conseguimos melhorar o desempenho desses materiais para diferentes aplicações. Esses 4 parâmetros estão interligados e são extremamente importantes no desenvolvimento de novos materiais. Hoje em dia, quando se fala de novos materiais, é pensado principalmente em nanomateriais, em materiais nanotecnológicos que além da composição e da estrutura, a morfologia desse material vai ser muito importante, o tamanho, a forma e também a característica da sua superfície. Então, alterando o tamanho e a forma dos nanocristais, a gente consegue alterar drasticamente as suas propriedades e seu desempenho, mas para isso precisamos entender a síntese e o processamento desse material. E quando falamos de superfície dos nanomateriais, é extremamente importante a gente conseguir manipular a superfície, porque os nanomateriais têm uma área superficial extremamente elevada. Então, quando a gente fala de um material macroscópico (material Bulk), como, por exemplo, um cubo com cada lado de 1 centímetro, logo temos uma área superficial de 6 cm2, dividindo esse cubo em cubinhos menores de 1 nanômetro de lado, temos agora uma área superficial de 60 milhões de cm2. Então, a maioria dos átomos vai estar na superfície, sendo determinante para propriedade química desse material, principalmente como que esse material vai interagir com o meio vai ser determinado pelas propriedades da sua superfície. E quando a gente fala das propriedades pensamos em como os elétrons e os átomos daquele material se comporta, então a gente tenta entender toda a parte de teoria de ligação entre os átomos que compõem o material em ligações intermoleculares das espécies que formam seu sólido para entender como que os níveis de energia daquele material vão ser alterados e como que vão influenciar nas propriedades. Classificação de Materiais A gente tem basicamente três classificações: os materiais metálicos, cerâmicos e os polímeros e uma quarta classe que são os compósitos (misturas de duas ou mais diferentes classes de materiais). 1. Densidade → No geral, materiais metálicos têm uma densidade mais elevada, porque eles têm uma estrutura atômica muito empacotada, então eles têm mais átomos no mesmo volume, aumentando assim a densidade dos metais (mas depende do metal). → As cerâmicas já são matérias com densidades intermediárias e são formadas por óxidos, nitretos, carbenos, vidros, concretos, são diferentes materiais, na sua maioria, inorgânicos. São compostos de dois ou mais átomos diferentes, portanto possuindo tamanhos diferentes e o empacotamento não consegue ser tão denso quanto em um metal. Logo, as cerâmicas costumam ter densidades menores do que as dos metais. → Os polímeros são materiais bem menos densos e normalmente são materiais orgânicos formados, principalmente, por carbono, então a densidade deles é muito mais baixa. Eles não têm uma estrutura cristalina tão definida quanto as cerâmicas e os metais, então isso também faz com que o empacotamento não seja tão denso. Então, a gente consegue fazer materiais extremamente leves de polímeros, mas que podem ser extremamente resistentes. → Os compósitos a gente tenta misturar diferentes classes dos materiais para ter um material com uma densidade que interesse para determinada aplicação. 2. Rigidez: qual a dificuldade de deformar esses materiais, qual a força que é necessária aplicar para começar a deformar esses materiais? → Os metais são extremamente duros, a gente tem que aplicar uma força muito alta para começar a deformá-los, o mesmo para as cerâmicas. Isso está ligado ao tipo de ligação que ocorre nesses materiais que faz com que eles sejam extremamente duros. → Já os polímeros tendem a ter uma rigidez menor, eles aguentam menos força até começarem a se deformar. → Os compósitos a gente tenta manipular as propriedades deles através da mistura de diferentes classes de materiais para conseguir aumentar a rigidez deles, tendo uma rigidez muito maior do que a dos polímeros e tem uma densidade muito mais baixa. Os compósitos são muito interessantes em transportes terrestres e aéreos para diminuir o peso do transporte, mantendo a rigidez. 3. Resistência a Fratura: qual é o valor de força onde esse material se rompe? → Os metais têm uma resistência a fratura muito alta, que devido ao tipo de ligação, eles se tornam extremamente maleáveis, ou seja, a gente consegue manipular a forma do metal sem que ele tenha uma fratura, sendo chamados de dúcteis. → Já as cerâmicas, apesar de serem muito duras e resistentes a deformação, elas têm uma baixa resistência a fratura, sendo materiais mais frágeis. → Os polímeros também tendem a ter uma resistência a fratura baixa, mas eles conseguem ser mais maleáveis ainda do que as cerâmicas, então eles deformam muito mais antes de fraturar. → Os compósitos a gente consegue melhorar suas propriedades, essa resistência a fratura através da junção de diferentes tipos de materiais. 4. Condutividade → Os metais são extremamente condutíveis, têm uma alta condutividade e essa condutividade tende a diminuir com o aumento da temperatura; isso devido ao tipo de ligação. → Já as cerâmicas e os polímeros são materiais isolantes, têm uma condutividade extremamente baixa devido ao tipo de ligação, que são normalmente ligações covalentes ou ligações iônicas. → Os materiais semicondutores têm uma condutividade intermediária e eles tendem a aumentar a condutividade conforme a temperatura aumenta. Materiais Avançados: hoje em dia, tem surgidos novos materiais, chamados de materiais avançados, sendo novos semicondutores, biomateriais, materiais inteligentes e nanomateriais. - Exemplo: roupa que controla calor e odor e repelem insetos, roupas impermeáveis; Aula 2: Estrutura Cristalina – Tipos de sólidos Ligação Química: uma ligação química forma-se entre dois átomos se o arranjo resultante de seus dois núcleos e seus elétrons possuem energia mais baixa que a energia total dos seus átomos separados. Essa ligação química pode ser iônica, covalente e metálica, o que leva a formação de sólidos com características diferentes. TIPOS DE LIGAÇÃO → Ligação iônica: ligações do tipo íon-íon, então são ligações, forças atrativas entre cargas de sinais opostos, formando a rede cristalina. Essas forças não são tão direcionais, mas possuem certa direcionalidade, então os átomos têm que estar em posições específicas para que as energias de atração entre os íons sejam maximizadas, diminuindo a energia potencial do sistema. → Ligação metálica: consiste em um mar de elétrons livres se movimentando sobre os núcleos positivos, então tem uma matriz de núcleos positivos que está praticamente fixa. Tem um caráter de não direcionalidade, ou seja, ela ocorre em igual extensão para qualquer das direções que a gente olhar a partir de um átomo, então por isso que os metais são facilmente deformados. → Ligação covalente: são ligações extremamente direcionais; a interação dos orbitais só ocorre em simetrias bem definidas e são orbitais atômicos que vão interagir, eles têm que ter uma simetria igual para poder formaro orbital molecular e para que eles tenham a mesma simetria, a geometria da molécula tem que sem bem definida e as ligações são bem direcionais. TRIÂNGULO DE KETELAAR Ainda olhando para o caráter da ligação, a gente consegue saber se a ligação vai ter um caráter metálico, iônico ou covalente a partir da diferença de eletronegatividade entre os átomos que compõem o seu composto. Podemos ver isso através do triângulo de Ketelaar. Quando temos átomos com baixa eletronegatividade, com uma diferença pequena nessa eletronegatividade ou é praticamente zero, então estamos considerando a interação entre dois átomos iguais ou até mesmo se a média de eletronegatividade dos átomos é baixa, temos a ligação metálica. Quando temos uma média alta de eletronegatividade, ou seja, na média os átomos que formam o seu composto têm alta eletronegatividade ou então eles não têm uma tendência de perder elétrons, só que a diferença de eletronegatividade entre os átomos é baixa, fazendo com que ele tenha igual probabilidade de compartilhar os elétrons da ligação, formando a ligação covalente. Quando a eletronegatividade é média, só que a diferença de eletronegatividade entre os átomos é muito grande e isso faz com que a carga fique concentrada no átomo de maior eletronegatividade. Então se você forma íons bem definidos, o seu sólido vai ter um caráter mais iônico. Há sólidos que apresentam um caráter mais de van der Waals, que são interações intermoleculares fracas e isso dá propriedades diferentes aos sólidos, como, por exemplo, sólidos lamelares. Os sólidos podem ter um caráter intermediário, apresentando um caráter tanto metálico quanto iônico, e assim por diante. Os polímeros têm maior caráter covalente. Já as cerâmicas, têm maior caráter iônico. ENERGIA E EMPACOTAMENTO • Empacotamento não denso: onde os átomos se distribuem de maneira aleatória, apresentando várias regiões vazias. Ao contabilizar todas as energias potenciais entre os átomos, a gente vai ter uma superfície de energia potencial que vai dar onde que é o mínimo de energia, mas nesse caso não estamos no mínimo de energia, porque os átomos não estão fazendo o máximo de interações possíveis. Só que esse ponto pode ser um ponto mínimo local daquela superfície de energia potencial e ainda gerar um sólido estável, que normalmente são sólidos que chamamos de amorfo, como exemplo, o vidro. • Empacotamento denso: onde os átomos estão fazendo o maior número de ligação possível. Neste caso, estamos no mínimo da superfície de energia potencial, então esse sólido tende a ser um sólido mais estável. Por exemplo, o dióxido de silício cristalino que é o quartzo. → O quartzo tem uma temperatura de fusão maior do que a do vidro, ele aguenta temperaturas maiores justamente porque os átomos nesse empacotamento denso do material estão formando o maior número de ligações possíveis. As propriedades ópticas do quartzo são bem diferentes das do vidro, o índice de refração é diferente, a faixa de absorção do comprimento de onda é diferente. → Mudando a estrutura cristalina, o empacotamento desses átomos, a gente pode cair em mínimos de energia, onde a gente vai ter uma estrutura mais estável ou a gente pode cair em mínimos locais, no caso de estruturas amorfas, vão ter uma estabilidade menor, mas podem ter propriedades interessantes, como é o caso do vidro. LIGAÇÕES INTERMOLECULARES → Alguns sólidos podem ser formados por ligações intermoleculares. → Ligação de van der Waals: são ligações entre dipolo induzido-dipolo induzido. → Ligações dipolo-dipolo: como as pontes de hidrogênio na água, então a água tem uma estrutura muito peculiar, tem várias fases possíveis justamente devido à possibilidade de formação de diferentes geometrias de ligações de hidrogênio. → Dipolo-Dipolo induzido: são importantes em alguns tipos de sólidos, mas geralmente, a gente tem interações de van der Waals no caso de moléculas apolares e quando temos moléculas polares, o sólido vai ser mantido por ligações dipolo-dipolo. Normalmente, compostos iônicos com interação fortemente covalente têm uma temperatura de ebulição muito alta, porque a gente tem que quebrar essa forte interação iônica para fundir o sólido. Compostos covalentes têm uma faixa de variação grande de temperatura de ebulição e de fusão, dependendo do tipo da força da ligação entre o tipo de interações intermoleculares que ocorre. Então, é importante avaliarmos tanto a ligação primária entre os átomos assim como a força das ligações intermoleculares. Aula 3: Estrutura Cristalina – Sólidos Cristalinos e Retículos de Bravais Empacotamento não denso → sólido amorfo Empacotamento mais denso → sólido cristalino • ESTRUTURA DE CRISTAIS → Como maximizar as interações entre os átomos? RETÍCULO CRISTALINO → Quando a gente fala de estrutura cristalina, a gente precisa entender o que é o retículo cristalino, como que aqueles átomos estão organizados no retículo que se repete periodicamente. • Cristal ideal: repetição infinita de grupos de átomos. • Grupo de átomos: base; define a célula unitária; são os átomos que a gente vai colocar no retículo sobre os pontos matemáticos para formar o cristal. • Retículo: conjunto de pontos matemáticos sobre os quais as bases estão ligadas; abstração matemática que a gente faz para organizar a estrutura cristalina dos materiais em retículos que se repetem em diferentes tipos de materiais. • Célula primitiva: contém apenas um ponto do retículo e o menor volume; é a unidade básica que vai se repetir ao longo do cristal, mas muitas vezes essa célula não é fácil de enxergar. • Célula unitária: menor volume que contém toda simetria do cristal. • a, b, c → vetores de translação primitiva; isso vai definir o formato da célula primitiva, o tamanho e como que ela vai se repetir. → Então, a primeira coisa que a gente precisa ver é quais são os tipos de retículos, onde a gente vai colocar nossas bases para formar a célula unitária do nosso cristal. RETÍCULO DE BRAVAIS → Para sólidos tridimensionais, os retículos têm um nome especial que é Retículo de Bravais (7 tipos de retículos diferentes). O retículo triclínico é o de mais baixa simetria, porque todos os ângulos e todos os vetores são diferentes. Já o cúbico é o de maior simetria, porque tem todos os ângulos iguais a 90° e todos os vetores primitivos são iguais. → A partir desses retículos, a gente pode ter 4 tipos de preenchimento diferentes. 7 tipos de retículos + 4 tipos de preenchimento → 14 retículos de Bravais Os motivos para que haja apenas 14 retículos de Bravais e não 28 são as redundâncias e restrições de simetria. Aula 4: Estrutura Cristalina – Fatores de Empacotamento ESTRUTURA CÚBICA SIMPLES (CS) • Baixa densidade de empacotamento → Po (polônio) • Átomos nos cantos do cubo (vértices) • Número de coordenação (n° de vizinhos próximos a cada átomo, n° de átomos que interage com o átomo central) = 6 (estrutura octaédrica) FATOR DE EMPACOTAMENTO ATÔMICO (FEA) 𝐹𝐸𝐴 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜𝑠 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑛𝑎 𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 ∗ 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 *assume o modelo de esferas rígidas → Em sólidos cúbicos simples, cerca de metade da célula unitária é preenchida pelos átomos, a outra metade fica vazia, então a gente pode ver que é uma estrutura que tem um baixo fator de empacotamento. ESTRUTURA CÚBICA DE CORPO CENTRADO (CCC) • Átomos se tocam ao longo da diagonal do cubo (exemplos: Cr, W, Fe) • Número de coordenação = 8 • 2 átomos/célula: 1 no centro + (8 x 1/8 dos cantos) • FEA para estrutura CCC = 0,68 → Estruturas cúbicas de corpo centrado tende a ter um fator de empacotamento maior do que a cúbica simples, então os átomos formam um número de ligações maiores, e isso vai impactar na densidade do material. → Quantomaior o fator de empacotamento, maior a densidade do material. ESTRUTURA CÚBICA DE FACE CENTRADA (CFC) • Os átomos se tocam ao longo da diagonal da face do cubo (exemplo: Al, Cu, Au, Pb, Ni, Pt, Ag) → praticamente a maioria dos metais adota essa estrutura • Número de coordenação = 12 • 4 átomos/célula unitária: (6 das faces x ½) + (8 dos cantos x 1/8) • FEA para estrutura CFC = 0,74 → Conforme aumenta o empacotamento, aumenta também o número de coordenação. SEQUÊNCIA DE EMPILHAMENTO • Empilhamento ABCABC... • Projeção 2D → Se pensarmos que a gente consegue fatiar a célula unitária e olhar em cada projeção 2D, em cada plano e no plano acima, a gente consegue definir a sequência de empilhamento dos átomos que vão dar origem a célula unitária. → Se a gente tem esse tipo de empilhamento ABC, a gente chega a uma estrutura que a gente chama de estrutura cúbica de face centrada. → ESTRUTURA HEXAGONAL EMPACOTADA (HCP): (exemplo: Cd, Mg, Ti, Zn) • Sequência de empilhamento ABAB... • Projeção 3D • Número de coordenação = 12 • FEA = 0,74 • 6 átomos/célula unitária = (12 x 1/6) + (2 x ½) + 3 Empilhamento A: 1T (todas as camadas coincidem) → metálica Empilhamento AB: 2H → semicondutora Empilhamento ABC: 3R → isolante → O tipo de empacotamento tem um efeito grande nas propriedades dos materiais. DENSIDADE TEÓRICA (ƿ) → A partir dessas estruturas, a gente consegue montar qualquer sólido e a partir dos fatores de empacotamento, a gente consegue calcular a densidade teórica desses materiais. 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = ƿ = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜𝑠 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑛𝑎 𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 = 𝑛 × 𝐴 𝑉𝐶 × 𝑁𝐴 n = número de átomos A = peso atômico VC = volume da célula NA = número de Avogrado Em geral: ƿ (metais) > ƿ (cerâmicas) > ƿ (polímeros) A razão da maioria dos metais terem uma densidade alta é justamente devido a maior parte formarem estruturas altamente empacotadas, como as estruturas cúbica de face centrada e a hexagonal compacta. Aula 5: Direções Cristalográficas em sistemas cúbicos COORDENADAS CRISTALOGRÁFICAS → Quando a gente trabalha com cristais é conveniente definir coordenadas cristalográficas para a gente se localizar dentro do cristal, além disso, várias propriedades dos cristais vão ser definidas através dessas coordenadas cristalográficas em direções definidas ou em planos de átomos definidos. DIREÇÕES CRISTALOGRÁFICAS → A partir dessas coordenadas cristalográficas, como que conseguimos definir as direções cristalográficas? Então, as direções vão ser vetores que a gente define dentro da nossa célula unitária para indicar a direção que a gente está analisando no cristal. Essas direções são chamadas de Índices de Miller. → Na representação do índice de Miller entre colchetes, os números negativos são indicados com um traço horizontal acima deles. Se a gente deslocar algum ponto, temos que chegar a um ponto equivalente. Então, podemos definir esses pontos equivalentes através do deslocamento de múltiplos inteiros das coordenadas (vetores u). DENSIDADE LINEAR → Qual é a importância de analisar essas direções cristalográficas? É fato de podermos estudar a densidade de átomos que a gente tem ao longo de uma direção. Isso pode definir, por exemplo, a estabilidade dos átomos nessa direção, o que pode interferir na reatividade desses átomos. • Densidade Linear de Átomos: 𝐷𝐿 = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑟𝑒çã𝑜 Aula 6: Direções Cristalográficas em sistemas hexagonais → No caso da estrutura hexagonal, a gente tem que usar um quarto vetor para determinar as direções cristalográficas, sendo: a1, a2, a3 e z. Coordenadas de Miller-Bravais → [uvtw] → [a1a2a3z] • Como construir o vetor a partir das coordenadas de Miller-Bravais: O comprimento do vetor é a diagonal do quadrado, ou seja, √2 × 𝑎, onde: a = parâmetro de rede • Como determinar as coordenadas de Miller-Bravais: Aula 7: Planos Cristalográficos → São planos que vão conter diferentes números de átomos dentro da nossa célula unitária. → Como conseguimos achar os índices desses planos? A gente vai usar o sistema proposto para os índices de Miller. • Para determinar os índices de Miller no sistema cúbico: → A gente tem que achar as intersecções do plano com os eixos, fazer o recíproco das três intersecções do plano com os eixos, e também normalizar para chegar ao menor múltiplo comum. → Todos os planos paralelos apresentam os mesmos índices de Miller! → Algorítimo: 1. Determine a intersecção do plano com os eixos em termos de a, b, c; 2. Use o recíproco; 3. Utilize o menor múltiplo comum inteiro; 4. Coloque em parênteses, sem vírgulas → (hkl); ℎ = 𝑛𝑎 𝐴 , onde a = parâmetro de rede; A = posição que esse plano vai cruzar com o eixo cristalográfico; n = múltiplo inteiro 𝑘 = 𝑛𝑏 𝐵 e 𝑙 = 𝑛𝑐 𝐶 (∞ indica que o plano não faz intersecção com o eixo!) → Família de Planos {hkl}: são planos equivalentes, que vão ter propriedades equivalentes, como exemplo, o empacotamento do átomo, a densidade de átomos, energia, número de coordenação dos átomos nesse plano, energia dos átomos nesse plano. O interessante para sistemas cúbicos é que nessas famílias de planos, o vetor que tem os mesmos valores de (hkl) será perpendicular a todos os planos da família {hkl}. Se a gente pegar o vetor na direção 111, esse vetor vai ser perpendicular a todos os planos da família 111. Dessa forma, podemos usar as relações trigonométricas nestes planos e vetores para determinar a distância entre esses planos. • Ângulos Interplanares: • Planos Cristalográficos em uma célula hexagonal: → Em células unitárias hexagonais, usa-se a mesma ideia. Aula 8: Densidade de átomos em planos cristalográficos → Qual a importância de estudar esses planos cristalográficos? 1. Analisar o empacotamento atômico dos planos cristalográficos; 2. O empacotamento atômico de planos expostos determina a energia superficial do plano; (Planos com diferentes índices de Miller vão ter diferentes números de átomos expostos na superfície, então essa superfície vai ter uma energia diferente, porque esses átomos vão ter um número de ligações diferentes) EXEMPLO: Fe → Cúbica de Corpo Centrado a) Desenhar os planos cristalográficos (100) e (111) para o Fe; b) Calcular densidade de átomos em cada plano; 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑃𝑙𝑎𝑛𝑎𝑟 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 𝑎2 → Para uma célula cúbica de corpo centrado, os planos (100) tem um fator de empacotamento maior do que o plano (111), então quer dizer que os átomos neste plano (100) fazem maior número de ligação do que os átomos dispostos no plano (111). A consequência disso é a alteração da energia superficial. ENERGIA SUPERFICIAL • Cristais metálicos → exemplo: Al, Cu, Pb, Au, Ni, Pt, Ag (NC = 12) Energia superficial → 𝛾 = 1 2 𝑁𝑏𝜀𝜌𝑎 Nb = número de ligações que um átomo em um determinado plano vai fazer; 𝜌𝑎 = densidade 𝜀 = parâmetro de energia → O que é a energia superficial? É a energia que um átomo ganha, por exemplo, se ele entrar em uma das faces. → Os átomos na face (111) têm uma energia menor, ou seja, eles são mais estáveis. É uma face do cristal que é mais estável. Essa face tende a ficar exposta durante a síntese do cristal. Aula 9: Simetria e Grupos de espaço – Simetria Pontual ELEMENTOS E OPERAÇÕES DE SIMETRIA • Elementos de simetria: são entidades geométricas tais como uma linha, um plano ou um ponto sobre as quais se efetuam as operações de simetria. • Operações de simetria: são operações geométricas envolvendo os elementos de simetria, que conduzemum objeto a uma situação equivalente a inicial. O conjunto de operações de simetria define o grupo de ponto. • Operações próprias: rotações puras sobre um eixo; a) Identidade (E): rotação de 360° introduzida por razões matemáticas; b) Eixo de rotação de ordem n (Cn): rotação de 360°/n ou 2π/n. • Operações impróprias: roto-reflexão; c) Plano de simetria (σ): reflexão no plano; d) Centro de simetria ou inversão (i): inversão de todas coordenadas; e) Eixo de rotação-reflexão (Sn): rotação sobre um eixo de 2π/n ou 360° seguida por uma reflexão em um plano perpendicular ao eixo de rotação. → Elementos e Operações de Simetria: Cúbica Simples 1. Célula unitária: menor volume que contém toda simetria do cristal; então ela tem que conter tanto a simetria pontual do grupo de ponto quanto a simetria translacional do cristal. Então, com esse conjunto de operações de simetria, a gente sabe que um sistema cúbico simples é um sistema de ALTA simetria, no qual encontra-se muitos elementos e operações de simetria. Pela tabela de caracteres, pode-se observar que essa célula cúbica simples vai ter um grupo de ponto Oh. → Elementos e Operações de Simetria: CCC (célula cúbica de corpo centrado) Então, esse átomo no centro da célula unitária permanece invariante em respeito a qualquer operação de simetria. Portanto, também é uma célula de grupo de ponto Oh. Aula 10: Nomenclaturas de Schoenfile e Hermann-Mauguin → Para as moléculas, usa-se a nomenclatura de Schoenfiles. → Para os cristais, usa-se a nomenclatura de Hermann-Mauguin, também chamada de nomenclatura internacional. → Não conseguimos ter um cristal com ordem de simetria, ordem de rotação 5 simplesmente translacionando uma possível célula unitária pentagonal. Mas podemos criar estruturas organizadas, mudando a orientação dos pentágonos, repetindo-os, o que leva a formação dos QuasiCristais (chamados assim por terem uma estrutura organizada, mas não é uma estrutura periódica). → No entanto, a base pode ter eixos de simetria C5! NOMENCLATURA HERMANN-MAUGUIN (uma diferença é que temos que considerar as direções cristalográficas) 1. Encontrar os elementos de simetria; 2. Considerar os elementos de simetria únicos, que não são gerados a partir de outros; Deve-se olhar para direções cristalográficas que não sejam equivalentes, que não tenham empacotamento de átomos equivalentes, porque assim a gente vai olhar para direções que vão trazer diferentes elementos de simetria. O sistema triclínico não tem direção de observação, porque ele só tem um elemento de simetria, a identidade. Aula 11: Determinando as Classes Cristalinas CLASSIFICAÇÃO DE CRISTAIS EM CLASSES Aula 12: Simetria Translacional → Grupos de Espaço: conjunto de operações de simetria dos grupos de ponto e translacional que deixam o retículo invariante. Grupos simples ou simórficos → onde o grupo de ponto vai coincidir com o grupo de espaço; não envolve translação; Grupos não-simórficos → vão conter uma simetria translacional; OPERAÇÕES E ELEMENTOS TRANSLACIONAIS → Translação pura: somar o vetor, o múltiplo do vetor primitivo do retículo; → Planos de deslizamento (glide planes); → Eixos parafusos (screw axes); Para ser um plano de deslizamento ou uma operação de translação composta, o elemento de translação não pode ser um múltiplo inteiro do vetor primitivo. Elemento de simetria: plano de deslizamento → operação de simetria: reflexão deslizante. Planos de deslizamento: podemos ter diferentes tipos de planos (a, b, c, n, d, e), que vai variar a indicação de direção da translação. Quando a tem uma translação de ½, dentro da célula unitária a gente só chega a uma posição equivalente. A próxima operação de translação já leva a outra célula unitária. AA Plano e → ocorrem duas reflexões e duas translações → Eixos parafusos: objetos com simetria helicoidal; Podemos ter duas simetrias de hélice: horária (R) e anti-horário (L); Os eixos enantiomorfos são imagens especulares dos eixos normais. Um é rotação horária e outro é rotação anti-horária. Aula 13: Determinando o Grupo de Espaço → Grupo de ponto são definidos por siglas, como exemplo: CORRELAÇÃO DE GRUPOS DE PONTO E GRUPOS DE ESPAÇO Derivação da classe cristalina a partir do grupo de espaço → Algorítimo: 1. Remover a indicação de Retículo; 2. Converter os elementos de simetria translacional em seus respectivos elementos pontuais; Plano de deslizamento = plano de reflexão Eixo parafuso = eixo de rotação 3. Elementos de simetria pontual permanecem inalterados; P63/mcm → 6/mmm → D6h GRUPOS DE ESPAÇO Cúbica primitiva – Grupo de espaço: Pm3̅m Classe – 4/mmm – D4h MATÉRIA PARA O TESTE 2 Teorias de Ligação em sólidos TÓPICO 1: Cristais de Gases Nobres (Aula 14) → Por que estudar os cristais de gases nobres? Primeiro, porque eles são átomos que têm uma configuração eletrônica de camada preenchida. Então no estado gasoso ou sólido, eles vão ter configuração eletrônicas e propriedades muito parecidas, e as propriedades desses átomos por eles terem essa configuração eletrônica de camada fechada não vão variar tanto conforme a gente muda o estado físico. → Eles vão formar sólidos transparentes, isolantes e com baixo ponto de fusão. → A ligação entre esses gases nobres por eles terem essa camada eletrônica preenchida vai ser ligação do tipo van der Waals. Vamos pensar que a gente tem um átomo de gás nobre com o núcleo positivo e a nuvem eletrônica carregada negativamente. E a gente tem uma série de átomos do mesmo gás formando uma rede, tendo uma distância r entre eles. Por esses átomos terem camada fechada, eles têm uma simetria esférica e termicamente eles não deveriam interagir entre si devido a essa neutralidade e essa simetria esférica. Só que isso funciona no mundo clássico, então quanticamente o que a gente tem é essa distribuição da nuvem eletrônica, ela dá uma probabilidade de encontrar o elétron em determinados lugares. Mas a gente pode ter probabilidade de encontrar o elétron em diferentes posições e em um determinado momento a gente pode criar, pode ter um certo momento de dipolo, uma certa polarização do átomo. Então, essa configuração tem uma certa probabilidade de ocorrer e quando ela ocorre, ela cria um momento de dipolo nesse átomo, que vai criar um campo elétrico associado a esse momento de dipolo. E, quando ele interagir com um átomo do lado, ele vai acabar polarizando esse outro átomo, induzindo um momento de dipolo, que vai ser inverso ao momento de dipolo do primeiro átomo, e cria um campo elétrico associado a esse momento de dipolo. A gente sabe que esse momento de dipolo vai ser dado devido a interação da nuvem eletrônica desse átomo 2 com o campo elétrico gerado pelo momento de dipolo instantâneo do átomo 1. E esse momento de dipolo p2 vai estar relacionada com esse campo elétrico pelo alfa, que é a polarizabilidade. Agora para entender a interação de van der Waals entre dois gases, dois átomos de gases nobres, tem-se que calcular o potencial de atração entre esses dois momentos de dipolo instantâneo. 𝑈(𝑟) 𝛼 −(𝑝1𝑝2) 𝑟3 → 𝑈(𝑟) ∝ −(𝑝1 2∝) 𝑟6 Então, a gente vê que é uma interação de curtíssimo alcance, que depende do potencial de interação, e este decai com 1/r6, logo para átomos muito longe: quanto maior o r, menor vai ser o potencial de interação entre esses momentos de dipolo induzido. Além do potencial de interação, a gente tem forças de repulsão entre esses átomos. Basicamente, quando a gente olha esses dois átomos de gases nobres e olha para as funções de ondas deles, a distribuição de elétrons na função de onda, conforme a gente começa aproximaresses átomos e diminuir a distância entre eles, as funções de onda dos elétrons começam a se sobrepor. Então, isso faz com que os elétrons do átomo A tendam a ocupar regiões do átomo B, logo eles tendem a ter números quânticos iguais. Só que pelo Princípio da Exclusão de Pauli, um elétron não pode ter os mesmos números quânticos do outro. Portanto, isso gera uma interação de repulsão. Então, combinando o potencial de atração com essa força de repulsão, a gente consegue descrever a interação entre os gases nobres, a interação de van der Waals entre esses gases nobres. Portanto, teremos uma contribuição tanto da repulsão quanto da atração. Potencial de Lenard-Jones Um dos potenciais empíricos que descreve bem essas duas contribuições para as interações de van der Waals é o potencial de Lenard-Jones. Então, a gente tem o potencial que vai ser função da distância r entre os átomos. O potencial de repulsão será sempre positivo, enquanto o potencial de atração é sempre negativo, então somando os dois a gente tem o potencial de Lenard-Jones. A gente tem uma região de mínimo de potencial, que vai definir a distância de equilíbrio, a distância de ligação entre os átomos, onde o cristal de gás nobre é estável. O ε está relacionado com a energia que o sistema ganha devido a interações desses átomos, quanto de energia o sistema vai ganhar nessa posição de equilíbrio. E, o σ está relacionado com o volume que esse átomo vai ocupar na célula cristalina unitária. Ele está relacionado com compressibilidade do cristal e ele tem uma diminuição de tamanho do átomo na rede cristalina. Equação de estado de van der Waals Equação de gases real: Essa correção na pressão tem a ver com atração dos átomos, o quanto esses átomos se estabilizam devido a essa atração de van der Waals e quanto isso irá impactar na pressão do gás nobre. A correção no volume tem a ver com o tamanho do átomo, o volume que esse átomo pode ocupar e onde não tem uma interação repulsiva muito alta. Essa é uma das aplicações do potencial de Lenard-Jones para entender a equação de van der Waals, então ele tem uma importância histórica grande. Mas, aqui vamos aplicar esse potencial para entender os parâmetros dos cristais, como que a gente consegue definir alguns parâmetros de equilíbrio de um cristal de gás nobre. Parâmetro de rede de equilíbrio Um dos parâmetros importantes é o parâmetro de rede, que é definido para cada célula unitária. Então, a gente pode usar esse parâmetro de rede e o potencial de Lenard-Jones para definir qual vai ser o parâmetro de rede de equilíbrio para os diferentes gases nobres. Usando esse potencial e calculando a energia total do sistema, ou seja, se o potencial é dado pela interação de dois pares de átomos e calcularmos todas as interações possíveis entre n átomos no cristal, a gente consegue calcular a energia total do sistema. Para isso, temos que levar em consideração o número de átomos (N). O fator ½ é porque estamos considerando as interações entre os pares de átomos, então para não contar duas vezes cada par de átomo, introduz-se esse fator. Como os gases nobres têm essa distribuição eletrônica esférica, eles formam cristais com estrutura cúbica de face centrada, mais empacotada possível. É a estrutura com o maior fator de empacotamento. Nessa estrutura, cada átomo tem o número de coordenação igual a 12. Então, esses átomos que estão diretamente ligados a esse átomo de referência, a gente chama de primeiros vizinhos, e os átomos seguintes de segundo, terceiro e assim por diante. Como vimos que o potencial, tanto a parte atrativa quanto a repulsiva, tem uma forte dependência com a distância, as forças atrativas vão cair com 1/r6 e as forças repulsivas com 1/r12, a gente pode desconsiderar as interações com os segundos vizinhos e considerar SOMENTE as interações de curta distância com os primeiros vizinhos. Em uma estrutura cúbica de face centrada, o número de coordenação de cada átomo é 12, então a gente pode considerar essas 12 interações com os átomos vizinhos. Considerando isso e avaliando o somatório, a gente vai ter o valor de 12,12188 para a parte repulsiva e 14,45392 para a parte atrativa. Para descobrir o parâmetro de rede de equilíbrio, onde a energia potencial é mínima, no poço do potencial, a gente simplesmente faz a derivada do potencial em relação a a e iguala a zero. Fazendo isso, obtém-se: Esse valor de a0/σ deveria ser igual para todos os gases nobre, só que experimentalmente o que se observa são alguns desvios. Conforme o gás nobre fica mais leve, o desvio desse parâmetro de rede de equilíbrio aumenta. Isso tem a ver com efeitos quânticos e um desses efeitos é o que a gente chama de energia do ponto zero. Energia de Coesão É a energia que o átomo, que o cristal ganha formando a ligação entre os átomos. Então, a energia de coesão vai ser a energia com a distância de equilíbrio, quando todos os átomos têm o parâmetro de rede de equilíbrio. Logo substituindo o a0 na energia total, obtemos a energia de coesão. O ε é proporcional a energia total. Então, quanto maior o valor de ε, mais negativa vai ser a energia total, ou seja, mais estável tende a ser o sólido formado pelo gás nobre. Módulo de compressibilidade Este é outro parâmetro importante, do inglês: módulo de bulk (B0), que é o quanto a gente consegue comprimir ou quanto o cristal resiste a compressão. Se a gente lembrar do perfil do poço de potencial, que se a gente comprime o cristal, a gente diminui a distância entre os átomos, aumentando as forças repulsivas, então a gente vai desestabilizar o cristal. Mas se a gente conseguisse aplicar uma pressão de expansão, expandindo o cristal, o cristal também não “gostaria”, porque a gente estaria diminuindo as interações atrativas entre os átomos e aumentado a energia total. Então, o módulo de compressibilidade daria essa noção de quanto que a gente poderia comprimir ou expandir o cristal em relação à distância, ao parâmetro de rede de equilíbrio. Antes de definir o módulo de Bulk, a gente tem que usar o conceito de volume ocupado pelo átomo. Então, temos que escrever o volume ocupado pelos átomos em função do parâmetro da célula unitária, fazendo isso a gente consegue definir o modo de compressibilidade. Então, se a gente substituir e escrever a energia potencial em função do volume (e não em função de a), a gente pode definir a pressão. Fazendo isso, a segunda derivada da energia potencial em função do volume vai nos dar o módulo de compressibilidade. Quanto maior o módulo de compressibilidade, mais difícil vai ser comprimir o material. E isso também tem relação com a velocidade de propagação do som em cristais. Quanto maior o módulo de compressibilidade, maior vai ser a velocidade de propagação do som, ou seja, quanto menos o material se deformar em função da propagação do som, mais rápido o som vai se propagar por esse material. Parâmetros estruturais de sólidos de gases nobres Quanto maior o ε, maior a energia de coesão por átomo. O He a 0K e pressão nula ainda é líquido, por que isso ocorre? Se a gente olhar o potencial de Lenard-Jones, o que acontece no caso do Hélio é que os efeitos quânticos começam a ser muito preponderantes, o que faz com que as correções de energia sejam muito grandes e o sistema não é estável na forma sólida nessa temperatura e com pressão nula. Uma das causas disso é a energia do ponto zero. Essa diferença de energia entre o primeiro nível vibracional e o fundo do poço é o que a gente chama de energia do ponto zero. Então, no caso do Hélio por ele ser um átomo muito leve, a vibração desses átomos tem uma amplitude muito grande, isso faz com que a energia do ponto zero seja muito grande, sendo maior do que a energia de coesão. Quanto mais leveo átomo, maior será essa correção de energia do ponto zero. Quanto maior a energia de ligação, maior (menos negativo) o ponto de fusão. [Qual a razão do aumento da energia de coesão????]
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