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aula-mycobacterium--veterinaria

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Gênero Mycobacterium
Prof. Adj. Ary Fernandes Júnior
Departamento de Microbiologia e Imunologia 
IBB-UNESP-Campus de Botucatu
ary@ibb.unesp.br
Ordem Actinomycetales
Família Mycobacteriaceae
Genero Mycobacterium
Aproximadamente 178 espécies e 13 
sub-espécies no gênero Mycobacterium
Maioria saprófita e que vive no ambiente
Euzéby: List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature (2017)
Micobactérias clássicas (Sempre Patogênicas): 
M. tuberculosis (Tb HO), M. bovis (Tb em BO), 
M. ulcerans (úlcera tuberculótica HO),
M. leprae (Hanseníase) (Doença antiga - Bíblia) 
1873 – Gerhard Henrick Armauer Hansen (M. leprae) 
1882 – Robert Koch (bacilo da Tuberculose tipo 
mamífero) (M. tuberculosis, M. bovis)
1959 Classificação de Runyon em 4 grupos)  Micobactérias 
não tuberculóticas (= Atípicas ou Anônimas) (Oportunistas)
Mycobacterium tuberculosis, M. bovis, 
M. africanum, M. microti (roedores), 
M. caprae (caprinos), 
M. canetti (var. do M. tuberculosis Somália), 
M. pinnipedii (leões)
99,9% de identidade genética (RNAr 16S)
Complexo Mycobacterium tuberculosis
Espécies de Mycobacterium de maior importânciaEspécies de Mycobacterium de maior importância
Espécie Grupos de Runyon Significado
M. leprae, M. ulcerans,
M. tuberculosis, M. bovis
- Sempre 
Patogênicas
M. marinum, M. kansasii, 
M. asiaticum,
M. simiae
I 
(Fotocromógenas) 
(carotenóides)
Geralmente 
Patogênicas
M. scrofulaceum, 
M. flavescens, M. xenopi,
M. gordonae, M. szulgai
II 
(Escotocromógenas)
Geralmente 
Patogênicas
M. avium (3 subespécies), 
M. terrae
M. Intracellulare
III 
(Não-Cromógenas)
Geralmente 
Patogênicas
M. fortuitum,
M. chelonae, M. vaccae,
M. phlei, M. smegmatis
IV 
(Rápidos 
Crescedores)
Geralmente 
não 
Patogênicas
M. avium subesp. 
paratuberculosis
(doença de Johne)
(gastroenterites 
em ruminantes)
Micobactérias não tuberculosas ou atípicas (MNT) patogênicas para o 
homem segundo classificação de Runyon 
Grupos Espécies de crescimento Apresentação clínica comum Tempo 
 
Grupo I Fotocromogênicas 
 M. kansasii 
M.marinum 
M.simiae 
M. asiaticum 
Pulmonar e ganglionar 
Lesões cutâneas 
pulmonar 
pulmonar 
Lento 
Rápido 
Lento 
Lento 
Grupo II Escotocromogênicas 
 M. scrofulaceum 
M. xenopi 
M. szulgai 
M. gordonae 
M. flavencens 
Pulmonar e ganglionar 
Pulmonar 
Pulmonar 
*Não patogênica 
*Não patogênica 
Lento 
Lento 
Lento 
 
 
Grupo III Não cromogênicas 
 Complexo M. avium (inclui 
M.intracellulare) 
M. malmoense 
M. hemophilum 
M. terrae 
M. ulcerans 
M. noncromogenicum 
Pulmonar, ganglionar ou 
disseminada 
Pulmonar 
Cutânea e de tecidos moles 
* Não patogênica 
Úlceras cutâneas 
Úlceras cutâneas 
 
Lento 
Lento 
Lento 
Lento 
Lento 
Lento 
Grupo IV De Crescimento Rápido-
Complexo 
 
 M. fortuitum (inclui 
M.chelonae), M.abscessus 
M. thermoresistible 
M. neoaurum 
 
Pulmonar, tecidos moles, óssea 
* Não patogênica 
*Nãopatogênica 
 
Rápido 
Rápido 
Rápido 
* Usualmente saprófitas, porém há registros de doenças provocadas por elas. 
Fonte: adaptado de Runyon ( ATS Statement, 1997) In: Ministério da Saúde,2007 
Tuberculose Infecção  90 a 95% dos infectados
Tuberculose Doença  5 a 10% dos infectados
(Óbito - 50%  2,7 milhões/ano), (Doença Crônica - 25%),
(Cura natural - 25%)
Doença grave, porém 100% curável
 A importância econômica atribuída à doença bovina está 
baseada nas perdas diretas e indiretas:
 resultantes da morte de animais;
 queda no ganho de peso; 
 diminuição da produção de leite;
 descarte precoce;
 eliminação de animais de alto valor zootécnico;
 condenação de carcaças no abate;
 perda de prestígio e credibilidade da unidade de 
criação onde a doença é constatada. 
Epidemiologia
 Dados de notificações oficiais indicam uma prevalência média nacional 
de 1,3% de animais reagentes à tuberculina.
Características Gerais
Bacilos (pleomórficos) retos ou encurvados, 
cocobacilos, filamentosos ou formas ramificadas. 
(0,2-0,6 m por 1-10 m)
Huang et al. (2007)
Parede Complexa quanto a composição química
Lipídeos (60% PS)  Natureza hidrofóbica para a 
parede (30% do genoma para produção destes lipídeos) 
(Ácido micólico = Ác. graxo com 70 a 80 carbonos) 
(* Características importantes)
Não formam esporo, flagelo ou cápsula 
Características Gerais
O complexo ácido micólico - arabinogalactana - peptidoglicano representam o 
núcleo rígido da parede bacteriana
 * Bacilos Álcool Ácidos Resistentes (BAAR) 
(Ziehl-Neelsen)
Características Gerais
Amostras Clínicas  Exame Direto para pesquisa de BAAR (ou Bacilo de Koch)
(Ziehl-Neelsen ou Kinyoun)  Limite de detecção -104 bacilo/mL material
Coloração para baciloscopia
Kinyoun
(2 a 3 amostras)
Frasco estéril boca larga
M. intracellulare
Intracelulares - Infectam e proliferam-se no interior 
de macrófagos
Características Gerais
Lowenstein-Jensen (Albumina, Lecitina (Ovo), Glicerol, 
Asparagina, Sais Minerais e Verde Malaquita (agente 
inibidor)
Middlebrook (agar (7H10 e 7H11) e caldo (7H9))(sais 
específicos, vitaminas, cofatores, acido oléico, 
albumina, catalase, glicerol, asparagina)  cresce 
menos contaminantes que o contendo ovo 
Stonebrink (Sem glicerol, com piruvato) M. bovis
Dubois, Ogawa
 Cultivo: Meio de cultura
Características Gerais
Lowenstein-Jensen
Stonebrink
Cultura de Mycobacterium canettii em Middlebrook 7H10 agar (cultura de 4 semanas) 
Somoskovi A et al. J. Clin. Microbiol. 2009;47:255-257
 Cultivo: Condições de cultivo
Aeróbios Estritos (requer O2 ) ou Microaerófilos, 
pH 6,8-7,0, 
ToC: 33-39oC (Mamíferos), 25 e 45oC (Aviário)
 Crescimento
Lento10 dias a 3 semanas 
* tempo de geração de 18 a 24 horas; 
rápido  3 a 7 dias (normalmente as saprofíticas) 
Características Gerais
*Componentes lipídios estão envolvidos na patogênese
(Intracelulares facultativas e não destruídos no interior 
dos fagócitos  Evita fusão do fagossoma com o 
lisossoma )
(Resposta mediada por células)
 Sem Fatores de Virulência Clássicos 
(toxinas, adesinas, cápsula polissacarídica) 
Infecções que podem durar a vida toda do indivíduo
Patogenia
A maioria das bactérias e micobactérias não patogênicas são rapidamente mortas quando fagossomo fundi-
se com lisossomos. Por outro lado, o M. tuberculosis permanece dentro dos fagossomos e a bactéria libera
PknG (proteina kinase G) para bloquear a fusão fagossomo com lisossomo. As bactérias que não possuem
gen pknG são rapidamente transferidas para os lisossomos e eliminadas.
Warner & Mizrahi, 2007. Nature Medicine 13, 282 - 284
Outras bactérias e
Transmissão aérea Alvéolo pulmonar
CANCRO DE
INOCULAÇÃO
Multiplicação intra celular com lise dos 
macrófagos e liberação de lisossomas
Fagocitose por Macrófagos
DESTRUIÇÃO
TECIDUAL
Acúmulo de polimorfonuclearesRESPOSTA
INFLAMATÓRIA
FORMAÇÃO DE GRANULOMA
Lesões secundárias por
Contiguidade - Tuberculose miliar 
Disseminação principalmente
nos Rins e Ossos longos (Olhos, SN, TI, 
Linfonodos, Pâncreas, Pele, Cavidade Oral, 
etc|)
Patogenia
Desenvolvimento e estrutura de um granuloma na tuberculose humana. 1 - Captação do M.
tuberculosis pelos macrófagos alveolares. 2 - Migração do macrófago infectado para
linfonôdo de drenagem. 3 - Recrutamento de monócitos sistêmicos. 4 - Formação do
granuloma. L, Linfócitos na periferia do granuloma. F, Cápsula fibrosa (fibroblastos, colágeno
e outras proteínas). M, região com macrófagos infectados. C, Cerne caseoso (contem
material debris e lipídios de macrófagos).
Stehr et al, 2012 (Microbes and infection), v.14, n.13, 1227-1237.
1
2
3
4
Pulmão e linfonôdo bovino com diversos nódulos de aspecto caseoso.
Fonte: http://www.cfsph.iastate.edu/DiseaseInfo/ImageDB/TUB/TUB_001.jpg
http://www.cfsph.iastate.edu/DiseaseInfo/ImageDB/TUB/TUB_001.jpg
Endometrite granulomatosa em bovino por Mycobacterium sp
Úbere bovino commastite caseosa (Mycobacterium bovis)
Tuberculose em útero bovino
Tuberculose no figado (Mycobacterium bovis)
Lesões granulomatosa em pulmão 
de bovino causado por 
M. tuberculosis
Caixa torácica de bovino com 
granulomas de origem por M. bovis
Sintomas (Humano)
Tosse (por mais de 15 dias), Dispnéia, 
Cansaço fácil, Dor torácica, Rouquidão,
Febre ( mais comum ao entardecer), 
Sudorese Noturna, Falta de apetite, 
Emagrecimento
Bovinos – (M. bovis) Forma Pulmonar ( HO), 
Forma Ganglionar, 
Intestinal (diarréia crônica), 
Cutânea (Úbere)
(M. tuberculosis e M. avium autolimitante)
SuínosVia alimentar - M. bovis lesões clássicas
Ovinos e Caprinos  M. bovis (M. avium) ( Bovinos)
Equinos Raramente infectados (M. avium) (Trato alimentar)
Cães e gatos  Raro - M. bovis (M. tuberculosis)
(comum localização intestinal e abdominal)
(M. lepraemurium síndrome da hanseníase felina)
(Rapidos crescedores - Ex. M. fortuitum Dermatite ulcerativa
Manifestações clínicas
Na maioria das vezes estão ocultos (sem sinais clínicos)
Obs: Nos bovinos é conhecida por ser uma doença crônica 
debilitante, mas também pode apresentar curso agudo 
progressivo
Os sinais clínicos da tuberculose bovina
Quando presentes são representados por:
 Perda de peso progressivo;
 Aumento do volume dos linfonôdos;
Em alguns casos tosse;
Debilidade;
Caquexia;
Sinais respiratórios (Dispnéia), 
 Menor freqüência: sinais digestivos (diarréia) e geniturinários, 
neurológicos e outros.
 Identificação Bioquímica: Niacina, Redução de Nitrato, 
Hidrólise do Tween, Catalase a 68oC, Urease
 Testes moleculares: Sondas  M. tuberculosis
PCR
Amplificação de sequências espécies específicas – RNAr 16S 
 Cultura (Lowestein-Jensen, Middlebrook)  limite de 
detecção é de 102 bacilos/mL
(O aumento da tensão de CO2 intensifica o crescimento)
Diagnóstico Laboratorial
 Amostras Clínicas  lavado traqueobrônquico, gástrico, aspirados de 
linfonodos, torax, abdômen, urina, fezes, biopsia, etc.
Exame Direto (Ziehl - Neelsen), 
Permite descobrir fontes de infecção = BacilíferosBaciloscopia
Tuberculinização  Os animais infectados são reativos 
(“alérgicos”) às proteínas (transporte e porinas da 
parede) contidas na tuberculina e desenvolvem 
reações de hipersensibilidade do tipo tardio 
(tipo IV)  edema no local da inoculação.
Hipersensibilidade mediada por células
X
Tuberculina ou PPD (Purified Protein Derivative) 
(0,1 mL de solução de tuberculina = 0,04 µg)
 Imunodiagnóstico: Teste da Tuberculina (Teste Cutâneo)
Teste Cervical Simples e Teste da Prega Caudal em bovinos
Hipersensibilidade do tipo IV – Reações Granulomatosas
 Queda de produtividade do rebanho; 
 Quadro crônico de evolução progressiva;
 Condenação de carcaças no abate.
Tuberculose em bovinos
 Um método de avaliação de prevalência da tuberculose 
bovina é a realização de uma inquisição epidemiológica em 
matadouros, procurando, a partir das carcaças e vísceras 
desviadas ao Departamento de Inspeção Final (DIF), 
identificar alterações anátomo-patológicas características.
Não há tratamento indicado para a
tuberculose bovina.
A redução na incidência da doença se torna 
possível com a utilização de medidas de controle e 
profilaxia adequadas, incluindo o sacrifício dos 
animais positivos, segundo as normas do 
Programa Nacional de Controle e Erradicação da 
Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), 
elaborado em 2001 pelo Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Drogas para Tratamento: 
(Estreptomicina, Isoniazida, Ethambutol, Rifampicina )
Padronizado e duração de 
6 meses - Esquema Básico 
para humanos
-Nos dois primeiros meses: 
Isoniazida, Rifampicina e 
Pirazinamida e Etambutol
-Tratamento responsabilidade 
exclusiva do setor público de saúde
-Nos quatro últimos meses: 
Isoniazida e Rifampicina
BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) (1921)
(M. bovis modificado) (50% de proteção)
* Resistência as condições ambientais
(dessecação e desinfetantes)
Sensíveis a temperaturas elevadas ( pasteurização )
Resistência as condições ambientais
Vacinação
Lesão verrucosa de tuberculose cutânea no polegar de um veterinário (M. bovis)
Twomey D F et al. Veterinary Record 2010;166:175-177
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