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2019-tcc-lmpraxedes

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Prévia do material em texto

residência estudantil em mossoró
R.E.M
uma proposta do morar no semiárido
R.E.M
RESIDÊNCIA ESTUDANTIL EM MOSSORÓ
uma proposta do morar no semiárido
autoria de Luana de Moura Praxedes
sob orientação do prof. me. Bruno Melo Braga
universidade federal do ceará
departamento de arquitetura e urbanismo e design
trabalho final de graduação
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog. mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
P01r Praxedes, Luana de Moura.
 R.E.M - Residência Estudantil em Mossoró: uma proposta do morar no semiárido/
 Luana de Moura Praxedes. - 2019. 
 96 f.: il. color.
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal do Ceará. 
Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2019. 
 Orientação: Prof. Me. Bruno Melo Braga. 
 1. Moradia estudantil. 2. Arquitetura bioclimática. 3. Condicionantes ambientais. 4.
 Mossoró. 5. Semiárido. I. Título.
CDD 720
R.E.M
RESIDÊNCIA ESTUDANTIL EM MOSSORÓ
uma proposta do morar no semiárido
Prof. Me. Bruno Melo Braga
orientador | Universidade Federal do Ceará
Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite
professor convidado | Universidade Federal do Ceará
George de Menezes Lins
arquiteto convidado
banca examinadora
fortaleza, dez/2019
resumo
 
	 Este	 trabalho	final	de	graduação	do	curso	de	Arquitetura	e	Urbanismo	
tem como objetivo a proposta de um projeto arquitetônico de uma residência 
universitária na cidade de Mossoró/RN, destacando a importância de uma arqui-
tetura bioclimática nesse local. Serão apresentados estudos sobre o contexto 
universitário no Brasil e em Mossoró e quais são as demandas por um equipa-
mento desse tipo na cidade, como também uma análise climática para identi-
ficar	 as	 principais	 estratégias	 arquitetônicas	 a	 serem	 utilizadas.	 Também	 são	
apresentadas as diretrizes de projeto, buscando um equipamento pensado para 
o seu usuário, provendo espaços de qualidade e com conforto ambiental. 
Palavras-chave: moradia estudantil - arquitetura bioclimática - condicionantes 
ambientais - Mossoró - semiárido. 
7
 Agradeço à Deus primeiramente, pela minha vida e pelas pessoas que 
Ele colocou em meu caminho, por todas as oportunidades e por nunca ter me 
deixado de lado, sempre me dando forças nos dias bons e, principalmente, nos 
dias ruins, para chegar até aqui. 
 Aos meus pais, Dária e Lucivan, a quem devo tudo que tenho e que sou 
hoje, que sempre me mostraram que não há outro caminho além da educação 
e do conhecimento. Que me apoiaram desde a escolha de curso até a decisão 
de morar em outra cidade, me dando todo o suporte e incentivo necessário. 
Obrigada	por	tudo	e	por	tanto	que	fizeram	por	mim	até	hoje.	
 Aos meus companheiros de caminhada, em especial à Camila, Juliana, 
Lia, Natália, Matheus, Rebeca, Yan e Yasmin, que estiveram comigo desde o 
início, fosse nos longos dias de aulas, nas noites viradas, nos inúmeros traba-
lhos a entregar ou em todas as saídas para desopilar e comemorar cada mínima 
conquista que alcançávamos. Sem dúvidas, o apoio e o amor que sempre me 
deram foi fundamental para deixar o caminho até aqui muito mais divertido e 
leve.
 Ao meu namorado, Rodrigo, por me incentivar e comemorar todas as 
minhas conquistas, por todo amor, companheirismo, paciência e compreensão. 
Obrigada por ser meu refúgio e ponto de paz.
 Ao Bruno, meu querido orientador, que aceitou me acompanhar nessa 
jornada, por todo o apoio e conhecimento compartilhado. Obrigada por toda a 
disposição e incentivo. 
	 À	Consultec	Jr,	pela	oportunidade	de	vivenciar	a	profissão,	por	 toda	a	
experiência adquirida e pelas incríveis amizades feitas. 
 E os professores, por todo o conhecimento transmitido, pelas dúvidas 
esclarecidas e todos os conselhos e ensinamentos ao longo desses cinco anos e 
meio. 
 
agradecimentos
01 apresentação
11 introdução
12 objetivos
12 metodologia
03 análise climática
31 diagnóstico
35 estratégias arquitetônicas
05 aproximação
47 terreno e entorno
52 legislação
07 considerações
 finais
90	 considerações	finais
92	 referências	bibliográficas
02 a moradia estudantil
17 ensino superior no brasil
20 o contexto universitário em mossoró
04 referências 
 projetuais
39 moradia estudantil unifesp
41 alojamento estudantil ciudad del 
 saber
42 residências em alcácer do sal
06 o projeto
56 premissas projetuais
57 o programa
58 o módulo
66 implantação
68 estrutura
70 acessos
71 distribuição do programa 
77 condicionamento ambiental
82 imagens 
87 expansão
sumário
apresentação
01
11
 introdução
 O presente trabalho tem como objeto de estudo o projeto de uma 
residência universitária na cidade de Mossoró/RN. O tema foi escolhido a partir 
da	indentificação	pessoal	e	afetiva	com	o	lugar,	aliada	à	problemática	central	do	
crescimento do setor universitário na cidade, que vem gerando, ultimamente, 
um	grande	fluxo	de	estudantes	vindos	de	outros	lugares,	e,	consequentemente,	
aumentando a demanda por moradia de qualidade e com bom custo benefício, 
voltada exclusivamente a esse nicho de pessoas. 
 Diante do contexto do ensino superior no Brasil, é notório que nos últimos 
anos, muito tem sido feito em relação à criação de programas voltados para 
o incentivo ao ingresso e à permanência dos jovens nas universidades públi-
cas e privadas, além de programas de expansão do ensino superior em todo 
o país. Fatores esses vem gerando uma grande mobilidade estudantil inter e 
intraestadual, criando uma real demanda por moradia universitária de qualidade 
e que possa atender não só ao nicho das instituições públicas, já que a maioria 
das residências são programas das próprias universidades voltados apenas aos 
seus estudantes e que muitas vezes não têm capacidade para atender toda a 
demanda existente, mas que atenda também ao nicho das instituições parti-
culares, além dos remanescentes que eventualmente não consigam vaga nos 
programas gratuitos das universidades públicas.
 É interessante ressaltar que nem sempre os projetos de moradias estudan-
tis trazem consigo as características arquitetônicas necessárias de conforto, 
instalações e localização, que são de suma importância para uma boa adapta-
ção	do	estudante	ao	local	e	que	influenciam	diretamente	no	bom	desempenho	
e na permanência dele no curso. Segundo Osse e Costa (2011), “ao mesmo 
tempo em que a moradia estudantil propicia uma via de acesso à inserção, (...) 
representa	também	riscos	e	dificuldades.”	Por	isso	é	tão	importante	que	todos	
os aspectos de uma moradia com qualidade arquitetônica adequada sejam 
levados em consideração. 
 No caso do projeto em questão, existe um agravante em relação à esses 
aspectos, justamente por localizar-se na região do semiárido potiguar, carac-
terizada pelo clima quente e seco, sendo ainda mais relevante que estratégias 
arquitetônicas voltadas para o conforto térmico sejam utilizadas, de forma a 
tornar	a	construção	mais	funcional	e	eficiente.	
12
objetivos
 Este trabalho tem como objetivo geral: desenvolver o projeto arquitônico 
de uma residência universitária para alunos de diversas instituições em Mossoró, 
Rio Grande do Norte, inserindo-o no contexto urbano da cidade de forma central 
aos principais campi universitários, permitindo acesso fácil ao transporte público 
e à cidade como um todo. Ao mesmo tempo, utilizando estratégias arquitetô-
nicas de conforto ambiental adequadas ao clima da região, unindo ao uso do 
módulo,	buscando	um	projeto	eficiente	e	confortável	para	seus	moradores.
 Já os objetivos específicos, são: 
1. Propor um equipamento que atenda as demandas do lugar, criando um 
programa com espaços voltados não só à moradia e ao estudo, mas também 
que proporcionem lazer, interação social e compartilhamento de experiências; 
2. Adequar o programa às condições climáticas da região, com o uso de estra-
tégias arquitetônicas de conforto passivo;3. Implantar o projeto em uma área que seja de fácil acesso ao transporte público 
e central aos campi da cidade; 
4. Inserir o projeto no contexto urbano de Mossoró, respeitando as característi-
cas do entorno e propondo soluções que sirvam também ao restante da cidade;
5. Apresentar possíveis formas de expansão. 
 
 
metodologia
 As primeiras etapas do projeto se resumiram em pesquisas teóricas sobre 
o	tema,	a	fim	de	formar	uma	justificativa	teórica	para	embasamento	das	decisões	
de escolha e relevância do tema no local a ser estudado, bem como as futuras 
decisões projetuais, a partir de leituras de artigos, dissertações e trechos de 
livros que tratam sobre os diversos assuntos envolvidos no tema, como expansão 
do	ensino	superior	público	e	privado,	e	a	influência	da	arquitetura	de	moradias	
estudantis no comportamento dos estudantes. 
 Além disso, foram realizadas visitas à cidade de Mossoró, onde foi possível 
13
conversar com pessoas de dentro das universidades, para obtenção de informa-
ções mais precisas e atualizadas. A visita à residência estudantil já existente na 
cidade foi importante para entender como as coisas funcionam e como tem sido 
tratada a arquitetura desses espaços na cidade, bem como para a criação do 
programa de necessidades.
 No processo de desenvolvimento projetual, a busca por referências e 
principalmente a preocupação com o clima foram os pontos iniciais. O primeiro 
passo	foi	a	definição	do	módulo	de	quartos,	que	condicionou	todas	as	outras	
decisões,	como	forma	e	tamanho	dos	edifícios.	Depois	de	definido	o	módulo,	
partiu-se	então	para	a	implantação	e	para	os	estudos	volumétricos,	definidos	a
partir de pesquisas, referências e consultas com professores, em busca de 
entender como funciona, em termos de conforto térmico, a arquitetura para o 
clima semiárido, e como trabalhar essas questões dentro do projeto. Após essas 
definições	 iniciais,	o	passo	 seguinte	 foi	 trabalhar	as	 fachadas	com	as	estraté-
gias arquitetônicas, unindo os estudos volumétricos à simulações em softwares 
específicos.	
a moradia estudantil
02
17
 ensino superior no brasil
 O histórico do ensino superior no Brasil vem de uma série de universi-
dades criadas e instaladas nas grandes cidades e capitais, onde apenas uma 
parcela da população conseguia ter acesso, principalmente quem possuia 
melhores condições de vida e morava nas cidades assistidas pelas instituições 
existentes. Dessa forma, a falta de investimentos e de incentivos para institui-
ções	no	interior	do	país	acabou	gerando	um	déficit	de	profissionais	qualificados	
nessas regiões. 
 A partir da década de 2000, o Governo Federal promoveu um aumento 
no número de ações voltadas para o ensino superior. A iniciar em 2001 com a 
aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE), que diagnosticou no ensino 
superior	uma	quantidade	insuficiente	de	vagas	e	sua	distribuição	ainda	muito	
desigual por região. Em resposta à isso, foi criado em 2007, o Programa de Apoio 
a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI, 
com o objetivo de ampliar o acesso e a permanência no ensino superior. Todas 
as Instituições de Ensino Superior (IES) aderiram ao programa, que contribuiu 
para a criação de novas universidades, priorizando regiões que não eram atendi-
das pela rede, bem como o aumento da cobertura das instituições existentes, 
com abertura de novos campi, favorecendo e impulsionando a interiorização e 
umentando o número de municípios atendidos pelas universidades federais de 
114 em 2003, para 237 em 2011.
	 Este	processo	de	expansão	e	interiorização	é	visivelmente	benéfico	para	
várias camadas das regiões atendidas, principalmente nas cidades do interior, 
não só pelo aumento do número de vagas disponíveis no ensino superior, mas 
também por aspectos econômicos, devido, em curto prazo, aos investimentos 
federais para a criação dos campi e a movimentação da economia local com a 
vinda de estudantes de outros lugares (favorecido, principalmente pelo sistema 
unificado	de	seleção).	Já	em	médio	e	longo	prazo,	as	melhorias	são,	principal-
mente, no aumento de visibilidade que os temas locais passam a ter pelos proje-
tos de pesquisa e extensão, e também na ampliação da quantidade e qualidade 
de	profissionais	formados	em	diversas	áreas,	impactando	na	inovação	e	desen-
volvimento da economia local, além de chamar atenção para novos investimen-
tos. O que antes acontecia, era que muitas pessoas saíam do interior para as 
capitais	e	dificilmente	voltavam	para	suas	cidades	natais,	gerando	uma	carência	
de	profissionais	qualificados	nesses	lugares,	que	agora	começa	a	ser	suprida	à	
18
medida que o número de egressos das universidades aumenta. 
 Além do REUNI e do PNE, outras ações foram criadas para ajudar ainda 
mais na busca de democratizar o acesso às universidades. É o caso do Plano 
Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que tem como objetivo a destina-
ção de um recurso anual para cada IFES, a ser usado para apoiar e maximizar 
a permanência de estudantes de baixa renda em cursos de graduação, promo-
vendo assistência à moradia, alimentação, transporte, saúde, cultura, esporte, 
entre	outros.	E	 também	da	Lei	de	Ações	Afirmativas	 (conhecida	como	Lei	de	
Cotas) (12.711/12), um importante instrumento de inclusão de grupos sociais 
historicamente excluídos, que visa a destinação de uma porcentagem das vagas 
disponíveis dividida por categorias, entre: alunos de escola pública, renda, e 
raça. 
PROGRAMA O QUE É
FIES (2001)
Fundo	para	financiar	a	graduação	de	alunos	matriculados	
em cursos superiores de instituições particulares, podendo 
ser de 10% a 100% do valor da mensalidade. Depois de 
formado, o estudante tem até 3 vezes o tempo do curso 
para quitar a dívida. 
Programa para concessão de bolsas integrais e parciais 
em cursos de graduação em instituições particulares, 
para alunos egressos do ensino médio da rede pública ou 
privada, desde que na condição de bolsista integral. Em 
contrapartida, oferece isenção de tributos às instituições 
participantes.
Programa de expansão das universidades federais - com 
criação de novos campi e novas universidades.
Plano de assistência estudantil que destina recursos às 
IFES para moradia, alimentação, esporte, saúde etc.
Destinação de uma porcentagem de vagas divididas por: 
alunos da rede pública, raça e renda.
ProUni (2005)
REUNI (2007)
PNAES (2007)
Lei de Cotas 
(2012)
Produção da autora.
tabela 1 | programas do governo federal
19
 Vale lembrar que, em paralelo ao crescimento do setor público, estava 
o setor privado, que passou por uma grande expansão ao passar do tempo, 
principalmente entre os anos de 1965 e 1980, onde o número de matrículas 
aumentou de 142 mil para 885 mil. Sendo assim, é também uma parte impor-
tante do ensino superior, onde existe um grande número de vagas em univer-
sidades e centros de qualidade reconhecida, mas que muitas vezes se tornam 
inviáveis para grande parte da população devido ao alto valor das mensalida-
des. Por isso, também foram criadas ações e programas do Governo como o 
FIES e o ProUni, em busca de maximizar as oportunidades para aqueles que 
não conseguiram ingressar no setor público e ao mesmo tempo não possuiriam 
condições para ingressar no setor privado. 
 É importante salientar que mesmo por estarem voltados uns para o setor 
público e outros para o privado, os programas do Governo citados (vide tabela 
01), além do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e do Sistema de Seleção 
Unificada	(SiSU),	estão	unidos	em	um	único	propósito:	a	ampliação	do	número	
de vagas e do acesso ao ensino superior. Consequentemente, principalmente 
devido	à	unificação	do	processo	de	seleção	pelo	ENEM	e	SiSU,	houve	também	
um aumento na mobilidade estudantil, que era um dos objetivos da implanta-
ção do programa, já que todos os participantes têm a possibilidade de concor-
rer a nível nacional e aplicar para qualquer uma das instituições do país. 
 O ENEM foi criado em1998, mas só em 2009 começou a ser aplicado 
como novo meio de avaliação para entrada no ensino superior. O programa 
consiste em uma prova única com redação, que se utiliza da teoria de resposta 
ao	item	para	dar	a	nota	final	de	cada	aluno.	Este,	em	porte	da	sua	nota,	poderá	
aplicá-la	para:	obtenção	de	bolsa	no	ProUni;	se	candidatar	para	receber	finan-
ciamento pelo FIES; receber o diploma do ensino médio e ingressar no ensino 
superior, através do SiSU.
 Atualmente, muitas instituições particulares, mesmo sem participarem do 
SiSU, aceitam a nota do ENEM como forma de ingresso, sem que seja necessá-
rio o aluno participar do vestibular tradicional. 
 A junção do ENEM com o SiSU permite então que os alunos participantes 
apliquem suas notas para diversas instituições públicas de todo o país. Como o 
processo é feito já com o conhecimento da nota, o aluno pode colocar os lugares 
em que tem mais chance de passar, o que nem sempre é necessariamente no 
mesmo local onde mora. Segundo estudo de Leyi Li e Chagas (2017), o uso 
do SiSU aumenta em 2,9 pontos percentuais a probabilidade de um estudante 
migrar de um estado para outro e diminui em 3,95 p.p. a probabilidade de ele 
20
migrar	para	outro	município	no	mesmo	estado.	Isso	porque	com	a	unificação,	ao	
invés de buscar instituições em outras cidades próximas, o aluno prefere estudar 
em uma universidade de melhor qualidade, mesmo que em outro estado. 
 Existem problemas que devem ser levantados quanto à mobilidade 
estudantil tanto intra quanto interestadual, já que isso envolve muitas variáveis, 
como,	principalmente:	ficar	longe	da	família,	arcar	com	despesas	para	se	manter	
em outra cidade e deslocamentos, que acabam sendo fatores de grande peso 
na permanência do aluno no curso escolhido. Por isso, é tão importante que haja 
uma assistência estudantil forte e preparada para receber esses alunos. Mesmo 
que hoje em dia, muitas instituições possuam programas de moradia estudan-
til, nem sempre conseguem suprir a demanda, e, muitas vezes, se tratam de 
espaços com pouca manutenção de sua qualidade arquitetônica, o que desfa-
vorece a criação de um ambiente propício para o estudante nessa fase da vida. 
 Além disso, poucas são as universidades particulares que possuem 
programas de moradia, como é o caso da PUC Goiás, o que gera uma neces-
sidade ainda maior de investimentos voltados para esse nicho. No caso das 
instituições privadas, percebe-se que a possibilidade de migrar entre cidades 
do mesmo estado é um pouco maior, onde os estudantes que vão em busca de 
um ensino superior de melhor qualidade, muitas vezes têm que ir e voltar para 
suas cidades natais todos os dias, por falta de condição de se manter em outro 
lugar,	além	de	pagar	a	mensalidade	do	curso.	 Identificados	esses	problemas,	
entende-se que é válido pensar em um tipo de moradia que possa servir tanto 
aos estudantes da rede pública quanto aos estudantes da rede privada, e para 
isso, é importante entender onde (e porque) isso pode ser aplicado.
o contexto universitário em mossoró
 Tendo em vista o crescimento da cidade de Mossoró como pólo univer-
sitário, assim como os novos cursos na universidade federal, o uso do ENEM 
e SiSU, a chegada e aumento de grandes universidades particulares à cidade, 
entende-se que é um local que possui uma demanda e que precisa de estímulos 
à produção de moradia estudantil de qualidade e que seja pensada para esse 
fim,	priorizando	e	maximizando	a	experiência	do	estudante.	
 Mossoró está localizada no interior do estado do Rio Grande do Norte, na 
mesorregião do Oeste Potiguar. É a segunda cidade mais importante do Estado 
0 20 40 60 80 100Km
655 Km E
450
445
44021
e a maior em extensão territorial. Pode ser acessada através das BR 304, BR 101 
e 405, além das rodovias estaduais que a interligam com outros municípios. Fica 
entre as capitais Fortaleza e Natal, se destacando como uma centralidade entre 
as duas grandes cidades. Segundo o censo do IBGE de 2010, a população era 
de cerca de 260 mil habitantes, e em 2018, estimada pelo órgão, de 294 mil. 
Porém,	considerando-se	sua	área	de	influência	em	municípios	vizinhos,	chega	a	
totalizar cerca de 668 mil habitantes. 
 No que diz respeito ao ensino superior, a cidade conta com 3 grandes 
universidades, sendo duas públicas, UFERSA (Universidade Federal Rural do 
Semi-Árido) e UERN (Universidade Estadual do Rio Grande do Norte), e uma 
privada, UnP (Universidade Potiguar), e mais algumas faculdades particulares-
menores.
 A UFERSA, criada em 1967 como a antiga ESAM, passou a ser reconhe-
cida como universidade federal em 2005. Conta com quatro campi no Estado, 
com um total de 36 cursos de graduação e 13 de pós, sendo o maior e princi-
pal, o de Mossoró, com 22 cursos. É uma das instituições de ensino de ciências 
agrárias mais respeitadas do país, contando com inúmeras pesquisas na região 
voltadas para esse campo. Hoje, conta com sistema de ingresso 100% pelo 
ENEM e SiSU. 
0 20 40 60 80 100km
NATAL
MOSSORÓ
Produção da autora. 
mapa 1 | localização no estado
22
 A UERN, criada em 1968 e estadualizada em 1987, conta com 6 campi 
no Estado, tendo sede principal em Mossoró, com 31 cursos de graduação e 14 
cursos de pós-graduação/mestrado. Assim como a UFERSA, também tem como 
sistema de ingresso as notas do ENEM pelo SiSU.
 Já a UnP, que tem sede em Natal, se instalou em Mossoró em 2002 e 
possui 26 cursos de graduação presencial, 15 cursos de graduação semipre-
sencial e 30 cursos de especialização. Adota o sistema de vestibular agendado, 
mas também aceita notas do ENEM como forma de ingresso, ofertando bolsas 
de até 100% de acordo com a nota. Segundo pesquisa realizada por Elias e 
Pequeno (2010) com um dos diretores, em 2009 a instituição possuía cerca de 
3 mil alunos, sendo 20% oriundos de municípios vizinhos e 80% residentes de 
Mossoró. Atualmente são cerca de 10 mil alunos no total e 35% destes, são 
oriundos de outras cidades.
 À época dos estudos de Elias e Pequeno (2010), Mossoró contava com 
apenas 3 instituições particulares: a UnP, a FACENE e a Faculdade Mater Christi, 
que hoje faz parte da UNIRB. Comparando esse dado com a tabela 2 a seguir, 
Produção da autora.
INSTITUIÇÃO PÚBLICA
UFERSA - Universidade Federal Rural do Semiárido 22
31
26
09
19
33
53
13
06
27
29
07
UNP - Universidade Potiguar
Unit (EAD) - Universidade Tiradentes
UNOPAR (EAD)
UNINASSAU - Centro Universitário 
Maurício de Nassau
UNIRB - Faculdade Regional da Bahia
Faculdade Católica do Rio Grande do Norte 
UniCESUMAR (EaD)
Claretiano (EaD)
Faculdade Pitágoras
FACENE - Faculdade de Enfermagem 
Nova Esperança
PRIVADA CURSOS
UERN - Universidade Estadual do Rio Grande 
do Norte
tabela 2 | instituições x tipo x quantidade cursos
23
é possível perceber que, nos últimos anos, a cidade tem atraído equipamen-
tos privados de ensino superior (alguns apenas com opção à distância - EaD), 
e também, nas instituições que já existiam, aumentou-se o número de cursos 
ofertados, dentre eles os novos cursos de Medicina da UFERSA e da FACENE. 
Tudo isso contribui para um maior número de estudantes presente na cidade, 
consequentemente, favorece a atração de mais pessoas vindas de outros municí-
pios, devido ao aumento no número de vagas disponíveis entre todas as institui-
ções, e assim também aumenta a demanda por moradia.
 Devido à essa conclusão, o presente projeto procura suprir essa demanda, 
propondo uma moradia estudantil voltada para os estudantes de todas as insti-
tuições, funcionando como uma parceria público-privada, tendo uma porcenta-
gem de suas vagas vinculadas à UFERSA, que atualmente possui o seu próprio 
programa de moradia estudantil, mas que ainda tem uma demanda maior do que 
as vagas disponíveis. O restante das vagas funcionaria em regime de aluguel. 
 Em pesquisa feita in loco na instituição, foi procurada a PROAE - 
Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, em busca de maiores informações sobre 
o programa. Existem atualmente duas alascom tipologias diferentes: a ala 
feminina, que conta com 3 prédios de 2 pavimentos cada um, e a ala masculina, 
que conta com 17 casas térreas, sendo as vagas distribuídas da seguinte forma: 
ALA TIPOLOGIA VAGAS
FEMININA PRÉDIO TIPO 1
PRÉDIO TIPO 2
CASA TÉRREA 1
CASA TÉRREA 2
FEMININA
MASCULINA
MASCULINA
42 3
80 4
12 6
10 5
Produção da autora.
MORADORES
POR QUARTO
tabela 3 | divisão de alas 
 Na ala feminina, existem duas tipologias de prédio, um deles é mais 
antigo (prédio tipo 1) e comporta, como dito na tabela, 42 moradoras, divididas 
em 14 quartos com um banheiro cada um, além de uma pequena copa geral e 
uma sala de estudo. 
24
Imagem 1 | Entrada prédio 1 | Fon-
te: autoral. 
Imagem 3 | Sala de estudos | Fonte: 
autoral. 
Imagem 2 | Copa coletiva | Fonte: 
autoral. 
prédio tipo 1 
Imagem 4 | Quarto | Fonte: 
autoral. 
Imagem 5 | Quarto | Fonte: autoral. Imagem 6 | Banheiro | Fonte: autoral. 
25
 Já os dois outros prédios (tipo 2) são mais novos, e comportam 80 
moradoras cada, divididas em 20 quartos, e diferente do outro, os banheiros são 
coletivos, além de uma grande cozinha com área de refeições, sala de estudo 
e de lazer, e lavanderia coletiva. Os três prédios totalizam 202 vagas femini-
nas. 
Imagem 7 | Prédio tipo 2 | Fonte: 
autoral. 
Imagem 10 | Quarto | Fon-
te: acervo moradora. 
Imagem 9 | Lavanderia | Fonte: 
autoral. 
Imagem 12 | Quarto | Fonte: acer-
vo moradora. 
Imagem 8 | Cozinha| Fonte: autoral. 
Imagem 11 | Quarto | Fonte: acervo 
moradora. 
prédio tipo 2 
26
 É possível perceber pelas fotos do prédio tipo 1 que as instalações 
apresentam problemas de manutenção, não possuem limpeza adequada e nem 
proporcionam o conforto (tanto térmico quanto físico) para uma boa moradia 
e estudos. Em conversa com uma estudante, a mesma relatou que apesar dos 
novos prédios (tipo 2) serem mais espaçosos, as pessoas ainda gostam mais do 
prédio 1 devido ao quarto ser suíte. Segundo ela, o uso dos banheiros coleti-
vos “é muito ruim, a gente não se sente à vontade. Parece que estamos num 
acampamento,	e	não	tem	privacidade.”1
 Já em relação à ala masculina, não foi possível entrar nas casas, mas 
a PROAE informou que são 17 casas no total, sendo 15 (casa térrea 1) que 
abrigam 12 moradores, divididos em 2 quartos com 2 banheiros cada e mais 
uma pequena copa, e 2 casas térreas tipo 2 que abrigam 10 moradores, também 
em 2 quartos. Totalizando 200 vagas masculinas. 
 A média de demanda, segundo a PROAE, é de 45 inscritos para cada 
ala, sendo que o número de vagas varia de edital para edital. Para isso, foram 
analisados os editais de 2017 até 2019 (ver tabela 4), obtendo uma média de 
20 vagas femininas e 20,4 vagas masculinas por edital, o que permite concluir 
que a demanda não tem sido 100% suprida. Também é importante salientar 
que todas as vagas são destinadas à alunos vindos de outras cidades, sendo 
praticamente 50% de cidades do Rio Grande do Norte e 50% de outros estados, 
principalmente do Nordeste, como Ceará, Paraíba e Pernambuco. Ou seja, é 
evidente que existe uma grande demanda de estudantes que fazem mobilidade 
estudantil através do ENEM e SiSU, e que buscam moradia estudantil para se 
estabelecer na cidade. 
1 Entrevista concedida à autora por estudante moradora da residência universitária em 16 de 
Abril de 2019.
Imagem 13 | Ala masculina | Fonte: autoral. Imagem 14 | Casa térrea ala masculina | Fonte: proae.
27
EDITAL VAGAS FEMININAS VAGAS MASCULINAS
2017.1
2017.2
2018.1
2018.2
2019.1
16 23
09 21
20 18
35
20
25
15
Produção da autora.
	 Por	fim,	unindo	as	duas	informações	sobre	demanda	e	mobilidade	tanto	
da universidade pública quanto da particular, pode-se concluir que sim, o projeto 
de uma moradia estudantil mista (que sirva aos dois nichos) em Mossoró, se 
justifica,	tanto	pela	demanda	que	é	real	e	existe,	quanto	pela	 importância	de	
um lugar com qualidade arquitetônica que possa ajudar na transição de cidade 
do estudante e ao decorrer de todo seu curso, com instalações propícias para 
descanso,	lazer	e	estudos,	que	influenciam	bastante	na	qualidade	de	vida	dos	
moradores.
 Tratando-se de estudantes que deixam suas cidades natais para estuda-
rem em outro local (que caracteriza o nicho de residentes do programa em 
questão), a moradia é mais um aspecto dessa nova fase, além das mudanças 
ambientais e de rotina, a formação de uma nova rede social, e o afastamento 
físico	da	família,	que	influenciam	diretamente	na	adaptação	e	na	qualidade	de	
vida física e mental durante todo o curso. Segundo Osse e Costa (2011), “ao 
mesmo tempo em que a moradia estudantil propicia uma via de acesso à inser-
ção,	 (...)	 representa	 também	riscos	e	dificuldades.”	Por	 isso	é	 tão	 importante	
pensar	na	arquitetura	desses	lugares	e	analisar	as	variáveis	envolvidas,	a	fim	de	
poder proporcionar para os seus moradores um ambiente de lar, em que ele se 
sinta acolhido não só no sentido social, mas também no sentido físico do lugar, 
onde ele possa ter o seu abrigo, o seu lar longe de casa. 
 Em relação a isso, Heilweil (1973) pontua quatro pontos principais em que 
a	arquitetura	influencia	no	comportamento	dos	estudantes-moradores	de	uma	
residência universitária: privacidade, sociabilidade, atividades de estudo e indivi-
dualização. Os dois primeiros pontos são, de certa forma, um pouco contrário 
um ao outro, porque no que diz respeito a privacidade, muitos preferem não ter 
tabela 4 | vagas por edital
28
que dividir o quarto para poder ter sua privacidade preservada, mas ao mesmo 
tempo, a proposta de uma residência é o viver em conjunto e gerar a sensação 
de	comunidade.	O	desafio	é	uni-los	de	forma	que	não	seja	prejudicial	nem	a	um	
e nem a outro. São variáveis importantes a serem consideradas, porque envol-
vem não apenas a produção dos quartos, mas também dos espaços de sociali-
zação, como áreas livres, sala de jogos, sala de estar, etc. 
 Outro aspecto trabalhado por Heilweil (1973) é a personalização dos 
quartos, que se mostra como um dos pontos mais citados pelos alunos, seja 
com a colocação de quadros, fotos, objetos de decoração ou até uma pintura 
diferente, mas que nem sempre é permitido. É um aspecto importante porque 
proporciona	para	o	morador	uma	forma	de	identificação	pessoal	com	o	local,	
e	entra	mais	uma	vez	no	aspecto	do	“lar”	e	de	se	sentir	em	casa.	Nesse	tipo	
de moradia, o quarto é ao mesmo tempo ambiente de estudo como também 
de descanso e relaxamento, e onde, provavelmente o estudante vai passar a 
maior parte do seu tempo livre, por isso é tão importante que ele se sinta bem 
naquele lugar. Apesar de os móveis não permitirem personalização, por serem 
modulados	e	feitos	para	estarem	onde	devem	ficar,	usá-los	de	forma	eficiente	
de modo a permitir, através deles, uma certa privacidade e divisão de espaços, 
já é um bom passo para que o estudante se aproprie daquele lugar, podendo 
fazer mudanças pontuais na sua decoração, colocando sua personalidade no 
ambiente sem invadir o espaço do outro. 
	 Um	dos	pontos	mais	 importantes	ao	se	 tratar	das	 influências	da	arqui-
tetura no bem estar e na qualidade de vida de quem usa aquele espaço é o 
conforto. O conforto ambiental possibilita melhores condições de permanência 
com a sensação de bem-estar, e analisa a temperatura, ventilação e luminosi-
dade,	aspectos	que	influenciam	nas	condições	de	habitabilidade	e	também	na	
capacidade produtiva dos usuários. Dessa forma, fazer uma arquitetura biocli-
mática,	ou	seja,	entender	o	clima	onde	a	edificação	vai	ser	inserida	e	adaptá-
-la com as estratégias corretas para alcançar as condições de conforto, é de 
suma importância. E para o projeto proposto, que se encontra inserido no clima 
semiárido, é ainda mais importante, pois existem variáveis como incidência solar 
e	captação	de	ventos	que	influenciam	diretamente	nessa	questão,	e	por	 isso,	
devem ser bem estudadas e pensadas. 
 Para isso, foi necessária a realização de uma análise climática para enten-
der o comportamento do clima e como deveser feita a arquitetura para este 
local, com base em estratégias arquitetônicas voltadas para o conforto ambien-
tal, que é uma das premissas principais do projeto. 
03
análise climática
31
 diagnóstico
	 O	Brasil	 foi	 classificado,	pela	NBR	15220,	em	oito	 zonas	bioclimáticas,	
de acordo com as características e comportamento do clima nas 330 cidades 
estudadas, sendo Mossoró uma delas. 
 Mossoró está inserida na Zona Bioclimática 7, caracterizada pelo clima 
quente e seco. Essa zona tem médias térmicas anuais superiores a 25oC, e as 
médias anuais de chuvas são menores que 1.000mm por ano, e no geral, se 
acumulam em aproximadamente três meses do ano: fevereiro, março e abril. 
Fonte: NBR 15220 
mapa 2 | zonas bioclimáticas brasileiras
32
Fonte: projeteee.mma.gov.br
 Fonte: projeteee.mma.gov.br
gráfico	1	|	temperatura	e	zona	de	conforto
gráfico	2	|	radiação	média	mensal
 A partir de dados do site ProjetEEE para a cidade, foi possível obter infor-
mações sobre temperatura, chuvas, ventos e carta solar, que são muito impor-
tantes para entender como funciona o clima e para embasar as decisões proje-
tuais que serão tomadas. 
33
Fonte: projeteee.mma.gov.br
	 A	partir	das	informações	dos	gráficos	demonstrados,	pode-se	perceber	
que é uma cidade que recebe alta radiação solar durante todo o ano, sempre 
acima dos 750 Wh/m2, o que gera a necessidade de um sombreamento maior 
das aberturas para proteção solar dos edifícios. Mostra-se também a grande 
amplitude térmica que existe na cidade mensalmente (o que se repercute no 
dia-a-dia também), geralmente de quase 10oC.	Além	de	identificar	as		menores	
temperaturas mensais entre os meses de Junho a Agosto e as maiores de 
Novembro a Fevereiro. 
	 Segundo	o	gráfico	da	rosa	dos	ventos	a	seguir,	as	direções	predominantes	
dos ventos são Leste, Nordeste e Sudeste. É válido dizer que a chuva acompa-
nha os ventos, então, é importante se atentar às aberturas voltadas para essas 
direções. E outro fato a ser enfatizado é que por se tratar de um clima quente 
e	seco,	nem	sempre	os	ventos	são	favoráveis	a	entrar	na	edificação,	principal-
mente durante o dia, entre 9h e 16h, quando o vento é muito quente. Sendo 
assim, o melhor período para ventilação natural é a noite, quando o vento é 
mais	frio,	por	isso,	o	gráfico	da	rosa	dos	ventos	considerado	para	os	estudos	foi	
o da noite. 
gráfico	3	|	rosa	dos	ventos	noturna
34
Fonte: projeteee.mma.gov.br
Fonte: projeteee.mma.gov.br
LEGENDA:
gráfico	4	|	carta	solar	até	21	de	junho
gráfico	5	|	carta	solar	até	21	de	dezembro
35
 A última informação de análise climática a ser considerada nessa etapa é 
a	Carta	Solar	(gráficos	4	e	5	acima),	que	indica	a	projeção	das	trajetórias	solares	
ao longo da abóbada celeste, durante todo o ano em Mossoró. São duas as 
cartas utilizadas, uma que indica as posições solares de 22 de Dezembro a 21 de 
Junho	(gráfico	4),	e	outra	que	indica	de	22	de	Junho	a	21	de	Dezembro	(gráfico	
5). Elas auxiliam no desenvolvimento do projeto, pois ao indicarem a posição 
exata do Sol, permitem saber em qual fachada ele vai incidir diretamente, se vai 
penetrar em determinada abertura e se a proteção solar desejada está sendo 
eficiente.	
estratégias arquitetônicas
 Tendo as informações sobre ventos, incidência solar, temperatura e 
posição	do	sol,	o	passo	seguinte	 foi	 identificar	as	melhores	estratégias	arqui-
tetônicas para o lugar, onde as mais indicadas são: ventilação natural noturna, 
sombreamento e inércia térmica para resfriamento. 
 A ventilação natural noturna	é	utilizada	em	casos	em	que	as	edificações	
recebem ventilação natural apenas na parte da noite, e as aberturas são fechadas 
durante o dia. Como visto anteriormente, o vento diurno em Mossoró é muito 
quente	e	não	é	favorável	que	ele	entre	na	edificação.	Dessa	forma,	as	aberturas	
tendem a se voltar para as direções predominantes dos ventos noturnos (ver 
gráfico	3),	para	que	possam	recebê-los.	Em	edifícios	bem	isolados,	sombreados	
e de alta inércia térmica, que recebam ventilação apenas no período da noite, é 
possível que a temperatura interna seja menor que a temperatura externa. Essa 
estratégia é indicada para climas como o de Mossoró: quente e seco, onde há 
grande variação de temperatura entre o dia e a noite.
 Já a estratégia de sombreamento, consiste em proteger, de forma 
eficiente,	a	edificação	contra	a	radiação	solar,	reduzindo	o	ganho	de	calor.	As	
aberturas devem estar, preferencialmente, nas fachadas sob menor impacto 
da	radiação	solar,	nas	orientações	norte	e	sul,	que,	as	vezes,	podem	conflitar	
com a direção do ventos, sendo necessário buscar soluções e ponderar quais 
são as prioridades. A direção oeste é a que recebe os maiores picos de radia-
ção durante o dia, mas, a absorção do calor pelas paredes expostas à essa 
orientação	 pode	 ser	 reduzida	 com	 o	 uso	 de	 cores	 reflexivas,	 sombreamento	
36
e isolamento. No caso de cidades como Mossoró, o uso do sombreamento é 
recomendado durante o ano todo, utilizando-se não somente de proteções 
solares adequadas, como também do uso combinado de janela/veneziana, para 
permitir iluminação, ventilação e sombreamento seletivo, quando necessário. 
 Por último, tem-se a inércia térmica, que já é utilizada desde muito antes 
na arquitetura vernacular do sertão, com o uso de paredes grossas e peque-
nas	aberturas,	que	conferem	à	edificação	uma	melhor	resposta	ao	clima	quente	
e seco. Paredes com maior inércia térmica são paredes que geram um atraso 
térmico	no	fluxo	de	calor,	devido	a	alta	capacidade	que	têm	de	acumular	calor,	
fazendo com que o pico de temperatura interna seja menor em relação a tempe-
ratura externa. O concreto e a alvenaria cerâmica comum respondem muito bem 
à essa função, por serem materiais com capacidade térmica elevada. Além das 
paredes, outra maneira de se obter inércia térmica são os tetos jardins. 
 É interessante que essas estratégias sejam utilizadas em conjunto, mas 
sempre se atentando para que elas se somem e não se eliminem. Por exemplo, 
a inércia térmica só vai surtir efeito se a ventilação natural for restringida durante 
o dia, porque o vento aumenta a temperatura interna, que vai variar de acordo 
com a externa, anulando o efeito característico de atraso térmico. Por isso, o 
estudo das características climáticas para entender como deve se comportar 
uma	edificação	num	clima	como	o	de	Mossoró	é	tão	importante,	devendo-se	
pensar na aplicação das estratégias desde a implantação até a volumetria. 
04
referências projetuais
39
PROPOSTA FINALISTA DO CONCURSO PARA MORADIA ESTUDANTIL DA 
UNIFESP SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 
Ano do projeto | 2014
Arquitetos | Atelier Rua + Rede Arquitetos
Localização | São José dos Campos, SP. 
 Por se tratar de um concurso, os arquitetos apostaram seu diferencial na 
criação de um conceito modular de moradia, adaptável à outros locais, progra-
mas e ambientes, permitindo uma possível expansão ou mudança de uso. Esse 
conceito foi a principal referência retirada desse projeto, e que serviu de ponto 
inicial para o projeto. 
 Outro ponto de inspiração e referência foi a distribuição de todo o 
programa público no térreo, com salas de estudo, salas de jogos, salas multiuso, 
cineclube e miniteatro. O intuito era ter um térreo livre e sombreado, de uso 
público e com o programa distribuído de forma estratégica, evitando o barulho 
perto da área dos quartos.
 As principais questões norteadoras para a implantação e adequação 
do	módulo	ao	terreno	foram:	topografia	e	orientação	solar.	Usando	o	desnível	
do terreno como estratégia, com o escalonamento dos edifícios que vão se 
adaptando e a implantação intercalada, foi possível criar pátios interiores, que 
foram pensados como zonas de convivência, assim como as galerias/corredores, 
Imagem 15 | Vista da ponte de ligação com o campus. | Fonte: Archdaily. 
40
com seus 3 metros de largura, que servem não apenas à circulação, mas também 
à interação social entre os moradores.
 Os vãos estruturaissão de 6m de largura por 12m de comprimento, e 
o módulo se dá a partir da junção de dois vãos, sendo desenvolvido em um 
quadrado de 12m x 12m. Todos os quartos possuem uma varanda, e para cada 
pessoa um espaço de estudo, um vestíbulo e uma cama. Além da área priva-
tiva dos quartos, existe também uma área de uso coletivo, que conta com uma 
copa, banheiro e área de serviço. Entre a copa e o banheiro existe um vazio, com 
vegetação, que permite entrada de ar e iluminação. 
 Essa	configuração	modular	e	o	conceito	interno	do	módulo	foi	um	dos	
pontapés iniciais para o projeto a ser desenvolvido em Mossoró, mas também 
todo o conceito da utilização do clima e o uso do térreo como espaço público, 
foram utilizados como inspiração. 
Imagem 16 | Galerias. | Fonte: Archdaily. 
Imagem 17 | Vista dos pátios internos. | Fonte: Archdaily. 
41
ALOJAMENTO ESTUDANTIL NA CIUDAD DEL SABER
Ano do projeto | 2008
Arquitetos | [sic] arquitetura 
Localização | Panamá
 Trata-se de um concurso em que o escritório brasileiro [sic] arquitetura 
ganhou o primeiro lugar para o dormitório de professores e estudantes. São 
nove blocos implantandos paralelos entre si, formando pequenos pátios arbori-
zados e conectados a uma estrutura de cirulação de uso comum a todos, que 
traz unicidade ao conjunto. O térreo recebe programas de uso comum, como 
lavanderia, estar, sala de leitura, café e um pequeno auditório. No primeiro 
e segundo pavimentos, estão os alojamentos, copa e depósito. Todo esse 
programa foi distribuído em uma estrutura de concreto moldado in loco, com 
vãos de 7,50x3,60m e balanços de 2,50m, com laje maciça. 
 Em relação à essa referência, os principais pontos que foram importantes 
e que serviram como ideias base foram a criação dos pátios, as fachadas e o 
térreo mais livre e com o uso mais público. A implantação otimizou o aprovei-
tamento da ventilação natural. Nas unidades, grandes aberturas protegidas, e 
na	circulação	do	bloco,	há	aberturas	nas	extremidades	para	que	ocorra	fluxo	de	
ar por sucção. Essa também é uma ideia que pode ser adaptada ao clima de 
Mossoró,	usando-a	a	favor	da	entrada	do	vento	noturno	(mais	frio)	na	edifica-
ção. 
Imagem 18 | Fachada e pátio | Fonte: Archdaily. 
42
Imagem 19 | Integração térreo e pátio | Fonte: Arch- Imagem 20 | Volume de circulação | Fonte: Archdaily. 
Imagem 21 | Quarto | Fonte: Archdaily. 
Imagem 22 | Desenhos técnicos | Fonte: Archdaily. 
RESIDÊNCIAS EM ALCÁCER DO SAL - LAR DE IDOSOS
Ano do projeto | 2010
Arquitetos | Aires Mateus 
Localização | Alcácer do Sal, Portugal
 
	 O	programa	das	residências	em	Alcácer	do	Sal	define-se	como	hotel	e	
hospital, em busca de uma combinação público/privado que respondesse às 
necessidades do grupo em questão. Formado por unidades individuais que se 
unem e formam um único corpo, a ideia do projeto é integrar os espaços de 
modo a estimular o convívio entra os moradores e entre o externo e o inter-
no. 
43
 Nas fachadas, o jogo de cheios e vazios, e de opacos e transparente, 
formado pelas esquadrias dá ritmo ao edifício e favorece a integração com o 
exterior, permitindo que os espaços internos seja bem iluminados.
 A arquitetura portuguesa foi de grande inspiração e busca referencial 
para o projeto, buscando por nomes como Álvaro Siza, Eduardo Souto de Mou-
ra,	João	Carrillo	da	Graça	e	Aires	Mateus,	que	foi	o	escolhido	para	figurar	aqui	
entre as referências projetuais. O uso de volumes mais fechados e de esquadrias 
recuadas são as duas características dessa arquitetura que mais se adequam ao 
projeto em Mossoró, principalmente em relação ao clima.
Imagem 23 | Fachada | Fonte: Archdaily. 
Imagem 26 | Fachada | Fonte: Archdaily. 
Imagem 24 | Fachada | Fonte: Archdaily. 
Imagem 25 | Quarto | Fonte: Archdaily. 
05
aproximação
47
terreno e entorno
 
 Por tratar-se de uma moradia estudantil voltada para mais de uma insti-
tuição de ensino superior, a localização e escolha do terreno não poderia ser 
baseada em uma ou outra, mas buscar ser o mais central possível, facilitando o 
acesso à todas. 
 Os pontos norteadores para essa decisão foram as duas maiores univer-
sidades presentes em Mossoró, que se encontram em dois extremos da cidade, 
do lado leste a UFERSA e do oeste, a UNP (mapa 3). Dessa forma, era impor-
tante que o terreno fosse central pelo menos à essas duas instituições, já que 
são as que mais recebem alunos de outras cidades e estados e, consequente-
mente, geram mais demanda. A partir disso, foi possível, através de buscas pelo 
Fonte: Google Earth. 
UFERSA
UNP
N
mapa 3 | localização UFERSA x UNP
48
Google	Earth	e	de	visitas	à	cidade,	identificar	três	terrenos	potenciais,	destaca-
dos a seguir no mapa 4 acima. 
 O terreno 1 tem 12.436m2	 e	 fica	 localizado	 próximo	 à	 Avenida	 Leste	
Oeste, uma das principais da cidade, que liga o centro ao lado leste da cidade, 
onde se encontram a UFERSA e a UERN, por exemplo.
 O terreno 2 tem 12.653,28m2 e se encontra numa boa localização da 
cidade, onde o acesso ao transporte público é fácil. É mais central que o terreno 
1 em relação às universidades de referência, e está próximo de outras institui-
ções da tabela 2 (pág. 11), como a Faculdade Católica do Rio Grande do Norte, 
por exemplo. 
 Já o terreno 3, tem 5.305m2 e em teoria, é o mais central dos três, em 
relação ao eixo de referência UFERSA-UNP. Fica em uma região residencial, mas 
um pouco mais afastado do centro e não tão inserido nas rotas de acesso ao 
transporte público. 
1
CENTRO
2
3
Fonte: Google Earth. 
N
mapa 4 | terrenos potenciais
49
Fonte: produção da autora.
 Feitas todas as considerações e levando em conta que uma das prefe-
rências de projeto é a de não verticalizar muito o complexo, o terreno 3 logo foi 
descartado,	principalmente	pela	dificuldade	de	acesso	ao	transporte	público	e	
pela área menor. Já os terrenos 1 e 2 possuíam áreas compatíveis com o programa 
e	que	possibilitariam	a	não	verticalização.	Por	fim,	o	terreno	escolhido	foi	o		2,	
por sua área, por sua localização mais central em relação ao eixo UFERSA-UNP 
e pelo melhor acesso ao transporte público e ao restante da cidade. 
 Em relação ao entorno, localiza-se numa área majoritariamente residen-
cial, mas ao mesmo tempo, bem servida em relação ao acesso à serviços diversos, 
já	que	também	está	próximo	de	clínicas,	oficinas,	supermercado,	escolas	e	facul-
dades, como por exemplo, o colégio estadual Jerônimo Rosado, a Faculdade 
Católica do Rio Grande do Norte e a Faculdade Pitágoras. 
mapa 5 | usos do entorno
residencial
serviço - saúde
serviço - geral
comercial
terreno
educacional
igreja
praça
legenda usos
N
centro
teatro e centro cultural
lazer e entretenimento
50
 Além desses equipamentos que se encontram no entorno imediato, há 
ainda a possibilidade de fácil acesso à outras áreas da cidade, como o centro, 
a apenas 1,5km de distância, o teatro e o centro cultural e de lazer da cidade, 
a 1,1km e a área que atualmente é conhecida como o polo de gastronomia e 
entretenimento a 1,9km. 
mapa 6 | localização x acesso à cidade
Fonte: Google Earth. 
N
	 Em	 relação	 à	morfologia,	 o	 entorno	 caracteriza-se	 por	 edificações	 em	
lotes estreitos e profundos, com algumas poucas exceções onde existem postos 
de gasolina, galpões comerciais e lojas de carros. No geral, o gabarito é baixo, 
com uma média de um a dois pavimentos, com apenas alguns condomínios verti-
cais, tendo apenas dois que ultrapassam 10 pavimentos. Mesmo nos estabele-
cimentos como clínicas e lojas, é possível perceber que foram feitos onde antes 
51
existiam casas, resultantes de reformam apenas nas fachadas e nos ambientes 
internos. Trata-se de uma área com uma quantidade considerável de área verde 
nos miolos das quadras e também nas calçadas.
Imagem 27 | Entorno | Fonte: autoral. Imagem 28 | Entorno | Fonte: autoral.
Imagem 29 | Entorno | Fonte: autoral.
Imagem 31 | Entorno | Fonte: autoral.
Imagem 30 | Entorno | Fonte: autoral.
Imagem 32 | Entorno | Fonte: autoral.52
legislação 
 Segundo o Plano Diretor de Mossoró, a cidade é dividida em duas macro-
zonas: Zona Urbana e Zona de Interesse Rural. A zona urbana corresponde à 
porção urbanizada do território, que possui infra-estrutura e que seja adequada 
a usos diversos, incluindo a área de expansão urbana. Já a zona de interesse 
rural corresponde à porção do território que, por suas características naturais, 
são destinadas à atividades de agricultura e agropecuária. Ambas as macrozo-
nas são subdivididas em Áreas Especiais, que requerem um regime urbanístico 
específico.	
Área especial de 
adensamento urbano
Área especial 
urbana central
TerrenoDireito de preempção
Fonte: Plano Diretor de Mossoró e Google Earth. 
N
mapa 7 | áreas especiais próximas ao terreno
 Como o terreno está completamente inserido na área urbana da cidade, 
consequentemente, está dentro da macrozona urbana. Segundo o mapa acima, 
53
tabela 5 | índices urbanísticos
nenhuma das Áreas Especiais dessa zona interferem no terreno, devendo-se 
seguir	os	parâmetros	urbanísticos	definidos	para	toda	a	área	urbana,	de	acordo	
com o tipo de uso, que, nesse caso foi considerado como residencial multifami-
liar, por ser o que mais se aproximava do programa proposto. Para esse uso, os 
seguintes parâmetros devem ser seguidos: 
Produção da autora. Fonte: Plano Diretor de Mossoró.
 RECUO FRONTAL
 RECUOS LATERAL E DE FUNDO
 TAXA DE OCUPAÇÃO
TAXA DE PERMEABILIDADE
ÍNDICE DE APROVEITAMENTO
GABARITO
1,50m
3m
80%
20%
1,3
52m
	 Atualmente,	o	terreno	não	é	ocupado	por	nenhuma	edificação,	e	contém	
apenas uma vegetação baixa e relativamente densa. Fica no meio da quadra, o 
que	significa	que	existem	edificações	em	três	dos	seus	quatro	lados.	O	acesso	
se dá apenas pela rua Jeremias da Rocha.
Imagem 33 | Terreno atualmente | Fonte: Google Earth. Imagem 34 | Terreno atualmente | Fonte: 
autoral. 
06
o projeto
57
premissas projetuais
 
	 O	 grande	 desafio	 de	 se	 trabalhar	 em	 uma	 região	 como	 Mossoró	 é	
adaptar	a	edificação	ao	clima,	que	é	muito	específico	e	exige	que	o	edifício	seja	
pensado	não	só	em	sua	funcionalidade	e	beleza,	mas	também	em	sua	eficiência	
em relação às condições climáticas. Por esse motivo, a primeira premissa norte-
adora do projeto é a adaptação ao clima, uma vez que o uso das estratégias 
corretas, além de proporcionar conforto ambiental para os moradores, também 
torna os ambientes mais aconchegantes e acolhedores. 
 Diretamente relacionado a isso está a segunda premissa principal do 
projeto, que é a criação de espaços de qualidade. Esse é um do pontos mais 
importantes para a adaptação do estudante que sai de casa para morar em 
outra cidade: poder ter um lugar para chamar de lar. Além do conforto ambien-
tal, trata-se também de pensar os espaços como lugares hora de socialização, 
hora de tranquilidade e privacidade.
 Para esse projeto, o uso do módulo também é uma das premissas, já 
que por se tratar de um programa de repetição - nesse caso, as moradias -, o 
conceito modular ajuda na organização e padronização das formas e dos proces-
sos, proporcionando uma construção mais racionalizada. Juntamente com o uso 
de materiais de fácil acesso no local, o concreto e a alvenaria convencional de 
tijolos, também é uma estratégia que permite reduzir os custos da construção. 
 E, em paralelo ao conceito modular, está a última premissa: a possibili-
dade de expansão, uma vez que, caso essa demanda aumente, tendo em vista o 
grande crescimento do nicho universitário na cidade nos últimos anos, possa-se 
facilmente fazer acréscimos ao complexo para que o programa conte com mais 
vagas.
adaptação ao clima conceito modular
espaços de qualidade possibilidade de expansão
uso de estratégias bioclimá-
ticas em busca de um edifí-
cio	confortável	e	eficiente
ter o módulo como organi-
zador e facilitador de 
processos e formas
propor espaços que de 
adaptem à cada morador, 
permitindo	identificação	e	
apropriação
projetar um edifício que 
possa se adaptar às mudaças 
de demandas
58
o programa
 
	 O	programa	 foi	definido	 tendo	por	base	os	projetos	de	 referência	e	a	
moradia existente na cidade. Todo o programa de uso coletivo e os módulos 
acessíveis foram distribuídos no térreo e nos dois pavimentos superiores encon-
tram-se apenas os quartos. Como o funcionamento do programa da moradia 
estudantil em questão está ligado tanto à UFERSA quanto às instituições priva-
das, foi pensado em incorporar ao programa algumas lojas, pensando em ser 
mais uma forma de obtenção de receita, fora o aluguel a ser cobrado, para 
contribuição na manutenção do edifício e de seus funcionários. Essas lojas foram 
pensadas para uso de serviços que sejam interessante para os estudantes, como 
xerox, café, livraria, etc, mas que também possam ser usados por toda a cidade. 
Dessa	forma,	o	programa,	ficou	definido	da	seguinte	forma:	
 quarto unidade 1 808,28m2
 quarto unidade 2 927,84m2
 wc + copa 588,80m2
 suíte PCD 217,52m2
 sala de jogos/estar 232,32m2
 sala de estudos 204,93m2
 cozinha 31,50m2
 área de refeições 216,54m2
 lavanderia 42,69m2
 wc feminino 22,16m2
 wc masculino 21,82m2
 wc PCD 15,28m2
 bicicletário 90,00m2
 quadra 1.141,80m2
casa de lixo 10,47m2
casa de gás 17,55m2
sala administração 32,26m2
guarita 20,77m2
caixa d’água 18,06m2
lojas 155,38m2
praça pública 1.262,70m2
USO PRIVATIVO
USO GERAL
USO PÚBLICO
USO COLETIVO
59
o módulo
 Assim como no projeto para moradia estudantil da UNIFESP, citado 
anteriormente, o pontapé inicial do projeto foi o desenvolvimento do módulo 
dos quartos. O vão estrutural escolhido foi o de 7,20mx7,20m e é nessa medida 
que o módulo se desenvolve. 
 Cada módulo é composto por dois quartos duplos com banheiro e copa 
compartilhados entre eles e em cada quarto existe um conjunto de cama, espaço 
de estudo e armário para cada morador. Os armários foram utilizados como forma 
de divisão dos espaços entre as camas, gerando mais privacidade e individua-
lidade para cada um e permitindo personalização com o uso de fotos, quadros 
e pôsteres, em cada espaço (ver imagens 35, 36, 37, 38), buscando adequar 
o	projeto	às	premissas	de	identificação	e	apropriação	do	lugar,	bem	como	do	
trabalho entre socialização x individualidade nesses ambientes, apontadas por 
Heilwel (1973).
 Para a otimização do uso do banheiro compartilhado, todos os espaços 
foram separados, tanto os lavatórios, quanto o chuveiro e o sanitário, para possi-
bilitar que mais de uma pessoa utilize as instalações ao mesmo tempo. Além do 
banheiro, também existe uma pequena copa compartilhada, com uma bancada 
com pia, armários e espaço para microondas, torradeira, etc. Toda essa área 
compartilhada pode ser acessada pelos dois quartos, através de portas de correr. 
	 Todos	 os	módulos	 da	 edificação	 são	 iguais,	 com	 uma	 única	 diferença	
relacionada às fachadas, que são tratadas de forma diferente no primeiro e no 
segundo pavimento para gerar um jogo de cheios e vazios (ver plantas e esque-
mas a seguir). Nos módulos do primeiro pavimento (módulo 1), o recuo da janela 
se encontra próximo da bancada de estudos e o volume em balanço ao lado da 
cama,	de	forma	que	seu	uso	ficaria	impossibilitado,	por	isso,	optou-se	por	deixá-
-lo	como	um	volume	oco,	servindo	apenas	para	fins	volumétricos	de	fachada.	Já	
no	segundo	pavimento	(módulo	2),	o	recuo	da	janela	fica	próximo	da	cama,	e	o	
espaço gerado pela criação do volume em balanço foi utilizado como espaço de 
armário ou estante.
60
módulo 1 | primeiro pavimento
escala 1/200
GSEducationalVersion
1,94 1,62 0,24 1,62 1,94
7,35
5
,1
1
1
,0
6
1
,9
8
1,73 3,90 1,72
8
,1
4
7,35
0
,9
2
23
21
23
1,90 1,66 0,24 1,66 1,90
7,35
0
,8
9
4
,2
2
3
,0
3
8
,1
4
1,554,25 1,55
7,35
21
20 20
0,24 1,42 4,03 1,42 0,24
7,35
0
,8
9
4
,2
2
3
,0
3
8
,1
4
1,55 4,25 1,55
7,35
isométrica
esquadria
copa + wc
volume fachada
mesa de estudos
61
Imagem 36 | Módulo 1 | Render e edição pela autora.
Imagem 35 | Módulo 1 | Render e edição pela autora.
61
62
GSEducationalVersion
1,94 1,62 0,24 1,62 1,94
7,35
5
,1
1
1
,0
6
1
,9
8
1,73 3,90 1,72
8
,1
4
7,35
0
,9
2
23
21
23
1,90 1,66 0,24 1,66 1,90
7,35
0
,8
9
4
,2
2
3
,0
3
8
,1
4
1,55 4,25 1,55
7,35
21
20 20
0,24 1,42 4,03 1,42 0,24
7,35
0
,8
9
4
,2
2
3
,0
3
8
,1
4
1,55 4,25 1,55
7,35
módulo 2 | segundo pavimento
escala 1/200
isométrica
estante
copa + wc
esquadria
mesa de estudos
63
Imagem 38 | Módulo 2 | Render e edição pela autora.
Imagem 37 | Módulo 2 | Render e edição pela autora.
63
64
 Para garantir a inclusão e a acessibilidade à todos, o módulo também foi 
adaptado	em	quartos	para	pessoas	com	deficiência	(PCD)	(ver	planta	e	esquema	
a seguir). A principal mudança realizada foi na área compartilhada dos banheiros. 
De acordo com a NBR 9050, são necessárias áreas mínimas de transferência e de 
movimentação para cadeirantes, então, para que os banheiros fossem adequa-
dos à esses parâmetros, decidiu-se por cada quarto ter o seu próprio banheiro. 
Dessa forma, um módulo acessível é formado por dois quartos duplos e dois 
banheiros, no mesmo vão de 7,20mx7,20m do módulo padrão. O esquema de 
fachada do módulo PCD é o mesmo do módulo 2.
 Para o quarto, seguindo a ideia do quarto duplo, chegou-se em uma 
solução semelhante ao módulo padrão, com uma cama e uma mesa de estudos 
para cada, sendo a do cadeirante a que se encaixa no espaço criado pelo volume 
em balanço da fachada, por proporcionar mais espaço e o conforto necessário.
 Seguindo o mesmo padrão de busca de privacidade para favorecer a 
identificação	e	apropriação	do	ambiente,	o	armário	também	foi	utilizado	como	
divisor dos espaços individuais, para criar essa sensação de individualidade 
e delimitação dos espaços (ver imagem 39). O quarto possui também uma 
pequena copa criada a partir de um recuo de 60cm para dentro do banheiro, o 
suficiente	para	abrigar	uma	bancada	com	pia	e	prateleiras	para	servir	de	apoio	à	
pequenos eletrodomésticos que sejam utilizados, como microondas, torradeira, 
sanduicheira, etc, visando a possibilidade de realizar lanches e refeições rápidas 
sem ter que sair do quarto (ver imagem 40). O layout permite uma circulação 
fácil	para	o	cadeirante,	com	espaço	suficiente	para	giros	de	360o completos e 
obedecendo as circulações mínimas de, pelo menos, 90cm. 
 O banheiro de cada quarto segue as orientações da NBR 9050, com 
espaço para giro de 360o inscrito numa circunferência de 1,50m de diâmetro, 
e duas áreas de transferência, de 0,80mx1,20m cada, sendo uma ao lado do 
sanitário e outra ao lado do chuveiro. 
65
módulo PCD | pavimento térreo
escala 1/200
isométrica
estudo 
cadeirante wc
esquadria
copa
GSEducationalVersion
1,94 1,62 0,24 1,62 1,94
7,35
5
,1
1
1
,0
6
1
,9
8
1,73 3,90 1,72
8
,1
4
7,35
0
,9
2
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21
23
1,90 1,66 0,24 1,66 1,90
7,35
0
,8
9
4
,2
2
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,0
3
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,1
4
1,55 4,25 1,55
7,35
21
20 20
0,24 1,42 4,03 1,42 0,24
7,35
0
,8
9
4
,2
2
3
,0
3
8
,1
4
1,55 4,25 1,55
7,35
66
Imagem 40 | Módulo PCD | Render e edição pela autora.
Imagem 39 | Módulo PCD | Render e edição pela autora.
66
67
implantação
 
 A implantação é uma das primeiras e principais estratégias para garantir 
adaptação	ao	clima	e	permitir	que	a	edificação	seja	eficiente	nesse	sentido,	já	
que é nessa etapa que é feita a disposição dos prédios, onde deve-se atentar 
à orientação solar e dos ventos em relação ao terreno, buscando aproveitar ao 
máximo esses condicionantes em favor da construção. 
 Como visto na análise climática, as aberturas devem ser evitadas nas 
orientações leste/oeste, pois são as que mais recebem radiação solar ao longo 
do dia. Sendo assim, todas as esquadrias foram voltadas para norte e sul, de 
forma	a	melhor	aproveitar	os	ventos	noturnos	(ver	gráfico	3,	pág.	33)	e	evitar	a	
incidência solar direta, principalmente no período da tarde. Inicialmente, com os 
blocos paralelos às faces do terreno, não era possível chegar à essa conforma-
ção, para isso acontecer, foi preciso realizar uma rotação dos prédios em relação 
ao terreno. 
Imagem 41 | implantação e o entorno | Produzida pela autoral. Fonte: Google Earth.
68
GSEducationalVersion
GSEducationalVersion
	 Sabendo	que,	para	o	clima	quente	e	seco,	edificações	mais	robustas	e	
quadradas	 são	 preferíveis	 às	 edificações	 esbeltas	 e	 compridas,	 optou-se	 por	
usar 4 vãos estruturais lado a lado para compor a dimensão longitudinal do 
bloco e na dimensão transversal, 3 vãos estruturais. Dessa forma, cada bloco 
ficou	com	a	medida	de	28,98mx23,15m,	com	dois	eixos	de	quartos	separadas	
por um grande corredor/pátio. Para atingir um bom número de unidades e para 
melhor aproveitamento do terreno, pensando nas possíveis expansões, foram 
proprostos três blocos, unidos no térreo através de um grande pátio, seguindo 
os mesmos eixos e vãos estruturais dos blocos (ver planta na prancha 1 em 
anexo). 
 Para não destoar do contexto arquitetônico da área em que está inserido, 
e também pelas dimensões do terreno permitirem, optou-se por não verticali-
zar o conjunto, utilizando apenas térreo + dois pavimentos, evitando o uso de 
elevador, que seria um recurso caro e difícil de manter, levando em consideração 
o programa proposto. 
GSEducationalVersion
a partir dos blocos com 
tamanho	 e	 altura	 definidos,	
posicionou-se de forma 
paralela aos lados do terreno, 
depois uniu-se os três
com os blocos unidos, fez-se 
uma rotação para que as 
fachadas que vão receber as 
esquadrias, recebam menos 
incidência solar e aproveitem 
melhor os ventos noturnos
após	 definida	 a	 rotação,	
posicionou-se o grupo de 
forma mais próxima a rua, 
abrindo espaço no terreno 
para futuras expansões, e 
também acrescentou-se uma 
laje verde na junção entre os 
blocos
69
estrutura
 A estrutura se desenvolve de acordo com o módulo, em vãos de 
7,20mx7,20m, com o sistema pilar-viga-laje em concreto moldado in loco, 
permitindo	configurações	espaciais	mais	livres	e	dinâmicas,	deixando	a	estrutura	
independente	e	permitindo	diferentes	possibilidades	de	configurações	internas,	
caso	haja	necessidade	de	mudanças,	tornando-se	muito	mais	flexível	do	que	o	
uso de alvenaria estrutural, por exemplo. Outra vantagem é que, por ser um 
sistema	já	muito	utilizado	no	local,	facilita	na	obtenção	de	mão	de	obra	qualifi-
cada e materiais disponíveis.
 Apesar de todo o conjunto ser estruturado a partir do módulo, há um 
momento em que o módulo é alterado: na criação do acesso principal. Para 
diferenciar e marcar na fachada onde se dá o acesso ao conjunto, foi preciso 
alterar o vão entre o dois primeiros pilares do bloco 1, aumentando de 7,20m 
para 12,40m. E para vencer esse vão, foi usada uma viga de concreto proten-
dido, com altura de 80cm, possibilitando a criação de um volume negativo bem 
marcado na fachada principal. 
 As lajes dos blocos são em concreto maciço, com espessura de 12cm 
e possuem rasgos centrais que possibilitam a criação de um pátio interno em 
cada um deles, fechado com uma coberta estilo borboleta em telhas translúci-
das com estrutura de metal. Já na laje do pátio central, optou-se por fazer uso 
da laje verde (ver det. 01 na prancha 5 em anexo) por dois motivos: por ser uma 
boa estratégia de garantia de inércia térmica através da coberta, favorecendo 
a diminuição da temperatura interna, e por ser voltada para os módulos do 
primeiro pavimento, gerando um visual muito mais interessante para os quartos 
do que apenas uma laje impermeabilizada de concreto.
módulo estrutural
GSEducationalVersion
7,20
7,
20
70
laje do térreo
afastamento dos pilares diferenciado no 
térreo do bloco 1 para criação do acesso 
principal
laje verde 
viga protendida do acesso principal
lajes com aberturascentrais para criação 
dos pátios internos nos blocos
estrutura dos pavimentos
coberta
laje da coberta com abertura central
isométrica estrutural
71
acessos
 O acesso dos moradores e visitantes se dá pelo primeiro bloco, mais 
próximo da rua. Como dito anteriormente, foi criado um volume negativo no 
bloco, criando uma espécie de pórtico, deixando o acesso bem marcado na 
fachada e facilmente reconhecido. Além da forma, também foi usada uma cor 
diferente do restante das fachadas, para que chamasse ainda mais atenção 
de quem passa pelo local. O fechamento se dá através de um grande painel 
modular de cobogó, que, devido ao tamanho e altura, propõe-se que seja feito 
em material metálico, para melhor estruturação. O módulo tem 1,60m de largura 
por 2,40m de altura, sendo 7 módulos no sentido transversal e 2 no sentido verti-
cal. Dos sete que se encontram no nível do térreo, quatro são portas pivotantes, 
por	onde	se	dá	o	acesso,	que	quando	fechadas	se	camuflam	no	painel.	
	 Há	também	um	acesso	ao	bicicletário	que	fica	dentro	do	conjunto,	feito	
através de um portão no muro, que também funciona para pedestres. O muro é 
um elemento que entendeu-se necessário dentro do contexto da cidade, e que 
foi tratado como extensão da fachada dos blocos, seguindo a mesma lingua-
gem. 
 Para as lojas que foram propostas no térreo, o acesso acontece pela praça 
criada na fachada principal, voltada para a rua, incorporando a calçada que já 
existia, sem fazer delimitações entre público e privado, gerando um espaço que 
pode ser acessado por todos. 
acessos às lojas acesso principal
acesso bicicletas
esquema acessos
72
distribuição do programa
 Todo o programa coletivo e público foi distribuído no pavimento térreo 
(ver prancha 2 em anexo). No térreo do primeiro bloco, optou-se por distribuir 
as áreas mais coletivas, já que ele é o espaço intermediário entre o externo e o 
interno, devido o acesso principal se dar através dele. Dessa forma, criou-se uma 
recepção e uma guarita, de forma a proporcionar mais segurança e controle na 
entrada de pessoas no edifício. Junto à esses ambientes está a sala da adminis-
tração, localizada próxima a entrada, para que as pessoas que trabalham lá não 
precisem necessariamente entrar nos espaços dos moradores. 
 Ainda no bloco 1 tem-se duas salas de estar e de jogos, pensadas para 
serem ambientes de convívio e socialização entre os moradores, favorecendo 
às interações entre eles, e facilitando a adaptação ao lugar, já que vão estar 
Imagem 42 | Acesso principal. | Render e edição pela autora.
73
compartilhando experiências em comum. 
 No pátio central, estão localizadas duas cozinhas coletivas e a área de 
refeições, que tem vista para o jardim e para a quadra. Já no térreo do bloco 
2 estão distribuídas as 5 lojas e a lavanderia coletiva. No bloco 3, por ser mais 
afastado	da	rua,	ficaram	as	áreas	que	necessitavam	de	mais	privacidade:	a	sala	
de estudos e os módulos acessíveis. 
 No primeiro e no segundo pavimento (ver pranchas 3 e 4 em anexo) estão 
distribuídos os demais módulos. O acesso se dá através de escadas posiciona-
das no centro dos vazios dos blocos, que são estruturadas numa viga (ver corte 
AA em anexo) que passa pelo vazio circulação. 
Imagem 43 | Recepção | Render e edição pela autora.
7474
Imagem 44 | Sala de jogos/estar | Render e edição pela autora.
Imagem 45 | Sala de jogos/estar | Render e edição pela autora.
75
Imagem 46 | Sala de estudos | Render e edição pela autora.
Imagem 47 | Sala de estudos | Render e edição pela autora.
75
76
Imagem 48 | Pátio central | Render e edição pela autora.
 Quanto aos ambientes de uso geral, a casa de lixo e a casa de gás foram 
posicionadas no muro ao lado do bloco 1, área que permite fácil acesso a 
partir da rua. Já para a caixa d’água, optou-se por criar um volume indepen-
dente posicionado dentro do conjunto, próximo ao bicicletário, já que não faria 
sentido, volumetricamente falando, colocar em cima dos blocos. Para seguir a 
mesma linguagem dos blocos, pensou-se em um volume quadrado, na mesma 
cor branca e, para remeter mais ainda ao restante do conjunto, também usou-se 
o mesmo painel de cobogós usado nas fachadas. 
caixa d’água
lixo e gás
77
GSEducationalVersion
3,
00
3,
00
3,
00
2,
40
1,
88
5,
69
1,
03
20
,0
0
4,30
0,
15
0,
84
3,
16
0,
15
4,
28
0,15 1,21 2,79 0,15
GSEducationalVersion
3,
00
3,
00
3,
00
2,
40
1,
88
5,
69
1,
03
20
,0
0
4,30
0,
15
0,
84
3,
16
0,
15
4,
28
0,15 1,21 2,79 0,15
corte
planta
isométrica
cobogós
78
Imagem 49 | Bicicletário e caixa d’água | Render e edição pela autora.
condicionamento ambiental
 
 Em relação à volumetria e materialidade, existem alguns pontos a serem 
destacados	no	projeto	como	norteadores	do	produto	final	e	que	 influenciam	
nas questões de adaptação ao clima. O primeiro é que, para conseguir alcançar 
uma inércia térmica alta, uma das estratégias bioclimáticas indicadas, foi usado, 
para a alvenaria externa, o tijolo cerâmico deitado, criando assim uma parede 
mais grossa e consequentemente com maior inércia térmica, o que vai gerar um 
atraso na transmissão do calor do ambiente externo para o ambiente interno. Já 
as alvenarias internas, foram feitas também com tijolo cerâmico, mas na forma 
convencional. 
 Outra característica marcante em relação às alvenarias externas é que, 
em todas elas foi usada a pintura na cor branca como revestimento, em todos 
79
os	blocos.	Essa	escolha	se	deu	devido	ao	fato	de	ser	uma	cor	que	reflete	mais	
calor do que absorve, justamente o que é pretendido, ajudando no processo de 
inércia e de alcance do conforto ambiental. 
 Além dessas decisões no âmbito da materialidade do conjunto, também 
foi	preciso	pensar	em	como	usar	 as	definições	de	 fachadas,	e,	 consequente-
mente, de volumetria, a favor do conforto, aliando a inércia térmica às outras 
estratégias bioclimáticas de sombreamento e ventilação noturna. Esse processo 
se iniciou nas escolhas de implantação, como já foi mostrado, e, foi amadure-
cido nas decisões volumétricas, onde optou-se pelo uso de cheios e vazios nas 
fachadas.
 No térreo, os vazios se caracterizam por recuos das paredes, onde, estra-
tegicamente são colocadas as esquadrias, já que, devido ao sombreamento 
criado,	 elas	 ficam	 mais	 protegidas	 da	 radiação	 solar.	 Nas	 janelas	 colocadas	
nessas reentrâncias, foi criada uma jardineira, para trazer o verde à fachada e 
até para a própria segurança dos moradores, escolhendo-se os tipos de plantas 
corretos. 
 No primeiro e no segundo pavimento, como já falando anteriormente, o 
jogo de cheios e vazios nós módulos não se dá com recuos, mas sim com um 
volume extra em balanço, que saca e ao mesmo tempo, gera um recuo para 
as esquadrias dos quartos, seguindo o mesmo pensamento do que foi feito no 
térreo. Para dar ainda mais dinamicidade, intercalou-se os cheios e vazios entre 
os pavimentos, ou seja, o que no primeiro pavimento for vazio, no segundo 
será cheio e vice-versa. Dessa forma, conseguiu-se esquadrias mais protegidas 
e uma fachada dinâmica e com movimento. 
 As esquadrias escolhidas para os quartos foram janelas de veneziana, que 
permitem iluminação e ventilação seletiva, de forma a não deixar que o sol 
incida diretamente dentro dos ambientes, como acontece com as esquadrias de 
vidro.	Para	garantir	que	essa	proteção	será	eficiente,	foram	feitas	simulações	no	
software Autodesk Ecotect Analysis, para entender qual tipo de veneziana seria 
necessária para obter uma maior proteção. A partir dos resultados obtidos (ver 
gráficos	6	e	7),	a	esquadria	utilizada	deve	ter	5cm	de	espaçamento	entre	cada	
veneziana, que por sua vez, deve ter 15cm de profundidade.
	 A	 partir	 da	 leitura	 dos	 gráficos,	 pode-se	 perceber	 que	 a	 esquadria	
escolhida protege bem, nas duas fachadas onde estão distribuídas, proporcio-
nando sombra sempre até as 18h, sendo que na fachada noroeste, entre Julho 
e Agosto, a proteção vai até as 17h30 e na fachada nordeste, entre janeiroe 
março, só começa a proteger a partir das 7h da manhã.
80
fachada noroeste
Fonte: Autodesk Ecotect Analysis.
gráfico	7	|	diagrama	fachada	nordeste
fachada nordeste
Fonte: Autodesk Ecotect Analysis.
gráfico	6	|	diagrama	fachada	noroeste
 Já as fachadas leste e oeste, deveriam ser mais fechadas, principalmente 
em relação à oeste, devido à alta incidência solar durante o dia. Aqui, optou-
-se pelo uso dos cobogós, seguindo o mesmo padrão de desenho dos usados 
no acesso principal. Para gerar um efeito dinâmico e não ser apenas um pano 
de cobogó rígido e inteiro, foi criada uma paginação em que no centro há mais 
aberturas, que vão diminuindo conforme se aproximam das extremidades.
	 Por	 ficarem	 nas	 pontas	 das	 circulações	 tanto	 no	 primeiro	 quanto	 no	
segundo pavimento, as aberturas geradas ajudam na captação do vento leste 
noturno, além de também proporcionarem mais iluminação natural, diminuindo 
os gastos com energia elétrica durante o dia. 
 No interior de cada bloco, tem-se uma grande abertura vertical, formada 
81
Imagem 50 | Corredores blocos e cobogós | Render e edição pela autora.
pelos rasgos nas circulações, que segue desde o térreo até o segundo pavimento, 
criando um pátio vertical dentro do próprio bloco, com o intuito de voltar o edifí-
cio para dentro de si mesmo, possibilitando a criação de um microclima dentro 
da	edificação.	Permitindo	também	uma	comunicação	visual	com	todo	o	bloco,	
o que valoriza as relações sociais entre os moradores, e, pelo uso da vegetação 
no térreo, torna o lugar mais agradável. 
 Como seria inviável deixar esse pátio interno aberto, por causa da chuva 
e até mesmo da incidência solar, foi feita uma coberta tipo borboleta, com uma 
calha central, telhas translúcidas e uma estrutura metálica que cria uma espécie 
de	 “forro”	 ripado.	 Essa	 coberta	 funciona	 como	 shed,	 devido	 ao	 fato	 de	 seu	
formato permitir que existam aberturas, ajudando a criar um efeito chaminé, 
facilitando troca de ar dentro do bloco (ver cortes na prancha 5 em anexo) e 
como estratégia de iluminação natural, devido ao uso das telhas translúcidas. 
 Esse pátio só é possível devido as circulações terem sido pensadas para 
serem generosas. Essa escolha foi pensada tanto para valorizar as relações 
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GSEducationalVersion
pátio interno - efeito chaminé
sociais entre os moradores, criando não apenas simples corredores, mas sim 
espaços de convivência, quanto como estratégia para adaptação ao clima. 
 Voltando no que Heilweil (1973) diz, é importante tratar as circulações 
como algo além, já que por se tratarem de espaços de transição entre o público 
e o privado, são também lugares de encontros. Considerando isso, pensar em 
corredores que sejam confortáveis, atrativos, iluminados e abertos, e que não 
sejam apenas local de passagem, é uma forma de proporcionar espaços de 
qualidade para os moradores dessa residência que vão além dos quartos.
Imagem 51 | Pátio interno dos blocos | Render e edição pela autora.
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imagens
Imagem 52 | Detalhe das jardineiras nas esquadrias do térreo | Render e edição pela autora.
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Imagem 53 | Praça e entrada | Render e edição pela autora.
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Imagem 54 | Praça e lojas | Render e edição pela autora.
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Imagem 55 | Vista interna da quadra | Render e edição pela autora.
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Imagem 56 | Área de refeições e quadra | Render e edição pela autora.
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expansão
	 Uma	das	premissas	de	projeto	era	a	de	possibilitar	flexibilidade	e	expan-
são futuros, sabendo disso, medidas como o uso da estrutura modulada e a 
implantação que não ocupa o terreno todo foram propostas de forma a viabilizar 
essa proposta. 
 Sabe-se que construir uma obra desse tipo é um processo oneroso e 
burocrático,	principalmente	por	envolver	interesses	que	podem	ser	conflitantes	
em alguns momentos, por isso, é importante pensar também em como esse 
equipamento pode ser útil e durável por mais tempo. No caso de a demanda 
por moradia estudantil aumentar, é possível fazer acréscimo de novos blocos, 
utilizando-se da área livre que foi deixada no terreno atualmente. Os esquemas 
a seguir mostram duas possíveis soluções de expansão, com o acréscimo de 
um ou dois blocos, seguindo a mesma modulação e a mesma linguagem dos 
existentes, e procurando manter a mesma qualidade arquitetônica dos espaços 
construídos em relação ao conforto ambiental.
opção 1: acrescen-
tando 1 bloco unido 
aos 3 existentes.
opção 2: acres-
centando 2 blocos 
seguindo a mesma 
estratégia de implan-
tação dos existentes
07
considerações	finais
91
considerações finais
 
	 Ao	 final	 de	 todos	 os	 estudos,	 leituras	 e	 processos,	 chegou-se	 à	 uma	
proposta	final	de	projeto	que	atende	às	demandas	existentes	na	cidade	e	que	
busca	 ser	 eficiente,	 racional	 e	 atual.	 Tendo	 o	 clima	 como	principal	 condicio-
nante,	 foi	 possível,	 através	 de	 estratégias	 bioclimáticas	 específicas,	 trabalhar	
esses	condicionantes	a	favor	da	edificação,	fazendo	com	que	o	que	antes	era	
limitante,	se	tornasse	intensificador,	alcançando	a	premissa	de	criar	espaços	com	
qualidade e com conforto ambiental.
 Além do desenho e da materialização, esse projeto buscou entender 
como	um	equipamento	arquitetônico	pode	influenciar	na	vida	de	uma	pessoa.	
Dessa forma, foi pensado desde as necessidades mais básicas em um edifí-
cio	 como	esse,	 até	 conceitos	de	 sociabilidade,	 individualidade,	 identificação,	
apropriação	e	adaptação.	Por	isso,	ao	fim	desse	processo,	tem-se	um	projeto	
muito mais humano, acolhedor e que se propõe a ser lar longe de casa. 
 Além disso, tem-se ainda a criação que vai além de apenas um equipa-
mento privado, mas contando também com um equipamento urbano: a praça.
Trabalhando a ideia de abrir o edifício para a cidade, inserindo-o no contexto 
urbano, servindo como transição entre o público e o privado, inspirando a 
criação de espaços com mais qualidade e mais gentileza urbana por parte de 
empreendimentos como esse.
	 Por	fim,	espera-se	que	esse	trabalho	possa	servir	de	inspiração	para	uma	
arquitetura mais simples, sem exacerbadas soluções formais e mais próxima do 
usuário, que busque facilitar suas vivências e proporcione espaços de qualidade, 
onde tudo deve ser pensado para acontecer da melhor maneira possível. Que 
seja uma arquitetura não apenas de mais um edifício em um lote, mas sim de um 
edifício	pensado	e	totalmente	idealizado	para	aquele	lugar	específico,	conside-
rando todas as variáveis que envolvem o processo de projetar e que se insira no 
contexto da cidade, gerando espaços que ultrapassem as barreiras do edifício.
 
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referências bibliográficas
Amaral, Lorena Belchior. RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA DA UFC: Crateús e 
Sobral / Lorena Belchior Amaral. – Universidade Federal do Ceará, 2018. 76 f. 
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a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. ABNT, 2004.
HEILWEIL, Martin. The influence of dormitory architecture on resident 
behavior. Environment and Behavior, v. 5, n. 4, p. 377-412, 1973.
LI, L. D.; CHAGAS, André Luis Squarize. Efeitos do SISU sobre a migração e a 
evasão estudantil. XV ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA 
DE ESTUDOS REGIONAIS E URBANOS. Anais... São Paulo: Aber, 2017. 
MEDEIROS, Deisyanne; NOME, Carlos; ELALI, Gleice. CONSTRUINDO NO 
CLIMA QUENTE E SECO DO BRASIL: CONFORTO TÉRMICO E EFICIÊNCIA 
ENERGÉTICA PARA A ZONA BIOCLIMÁTICA 7. 
MOSSORÓ. Plano Diretor do Município. LEI COMPLEMENTAR N.o 012/2006. 
Mossoró, 2006. 
NBR, ABNT. 9050-Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipa-
mentos urbanos. ABNT, 2015.
NBR, ABNT. 15220-Desempenho Térmico de Edificações Parte 3: Zoneamento 
Bioclimático Brasileiro e Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares 
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OSSE, Cleuser Maria Campos; DA COSTA, Ileno Izídio. Saúde mental e quali-
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Psicologia, v. 28, n. 1, p. 115-122, 2011.

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