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PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO

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Planejamento fnanceiro 
e orçamentário
IESDE
2019
Walter Franco Lopes da Silva
Todos os direitos reservados.
© 2019 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos 
direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Phongphan/iStockphoto
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S584p
Silva, Walter Franco Lopes da
Planejamento nanceiro e orçamentário / Walter Franco Lopes da Silva. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2019. 
94 p. 
Inclui bibliograa
ISBN 978-85-387-6491-5
 1. Administração nanceira. 2. Empresas - Finanças. 3. Controle nanceiro. I. 
Título.
19-59057 CDD: 658.15
CDU: 658.15
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel  Curitiba  PR 
0800 708 88 88  www.iesde.com.br
Walter Franco Lopes da Silva
Mestre em Economia Latino-Americana pela University of London e em Filosofia Política 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Economia de 
Empresas e graduado em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas 
de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP). Professor nos cursos de graduação e pós-
-graduação em Economia e Administração. Pesquisador da University of St Andrews e da St Mary’s 
College. Possui destacada atuação como profissional do mercado financeiro e de capitais.
Sumário
Apresentação 7
1 A gestão corporativa moderna 9
1.1 Gestão financeira moderna: análise e perspectiva histórica 9
1.2 Evolução, tendências e importância da gestão financeira no século XXI 12
2 Objetivos e desafios do administrador no século XXI 19
2.1 Medindo objetivos e metas das empresas 19
2.2 Papel do gestor financeiro 22
2.3 Gestão financeira baseada em valor 25
3 A tomada de decisões de investimento e financiamento 29
3.1 Tomada de decisão: investimento e financiamento 29
3.2 Economia nacional e seu impacto nos negócios das empresas 32
4 O planejamento de caixa e seus fundamentos 37
4.1 Análise do fluxo de caixa da empresa 37
4.2 Planejamento, apresentação e elaboração dos tipos de fluxos de caixa 41
5 A administração do capital de giro e análise risco/retorno do negócio 49
5.1 Conceito e administração do capital de giro 49
5.2 Análise de risco, retorno do negócio e financiamento do capital de giro 55
6 A estrutura das demonstrações contábeis 59
6.1 Uma visão das demonstrações contábeis 59
6.2 Estrutura e análise dos resultados 65
7 Planejamento financeiro, orçamentos e investimento empresarial 75
7.1 O planejamento e o desenvolvimento de uma cultura de orçamentos na
organização 75
7.2 O orçamento da empresa e a questão do investimento inicial 78
Gabarito 87
Apresentação
Buscamos, neste livro, tratar do tema planejamento financeiro e orçamentário tendo 
como ponto de partida a sua importância para uma eficiente e eficaz administração do dia a 
dia das empresas. Nosso objetivo primordial é compreender as mais recentes tendências do 
conceito de finanças corporativas e sua evolução como ferramenta de gestão voltada à geração 
de valor aos acionistas.
Fazendo uma análise teórica combinada com exemplos práticos, refletiremos sobre 
a importância de o gestor financeiro se manter alinhado à realidade econômica do país, 
compreendendo a forma como as variáveis da economia e do mercado impactam o desempenho 
organizacional.
Ao estudarmos o conceito de administração financeira com foco na geração de valor aos 
acionistas, trazemos para o nosso debate as mais novas responsabilidades e funções hoje exigidas 
dos gestores financeiros das companhias. Essas responsabilidades devem também se somar a 
uma série de outras variáveis que, direta e indiretamente, produzem alterações nos resultados do 
negócio. Assim, discutiremos a tomada de decisões de investimento e financiamento de curto, 
médio e longo prazos, além das questões culturais, ambientais e sociais cuja relevância vem 
ganhando espaço no trabalho diário dos administradores. 
Por fim, aprofundaremos nossa análise estudando o capital de giro, os custos e a viabilidade 
dos investimentos e financiamentos pensando sempre no trabalho de administração do caixa e no 
equilíbrio financeiro do negócio no longo prazo. Como toda obra de planejamento financeiro e 
orçamentário exige que os números reportados sejam precisos e confiáveis, concluiremos nossos 
estudos com uma breve análise das demonstrações contábeis, parte essencial do acompanhamento 
do desempenho econômico-financeiro e gerencial do negócio.
Bons estudos!
1
A gestão corporativa moderna
A contabilidade é fonte de diversas informações essenciais para o entendimento, a gestão e o 
planejamento do negócio aos públicos interno e externo de uma empresa. Com base nas informações 
de caráter quantitativo, é possível avaliar a situação estática do negócio em um momento específico, 
além das tendências e do desenvolvimento das atividades realizadas ao longo do tempo. Assim, e 
com base nas informações disponibilizadas pela contabilidade, torna-se possível observar e avaliar 
o comportamento do negócio por meio da comparação (gerencial) dos resultados atuais com os 
números previamente publicados.
Portanto, nesta obra estudaremos o resultado de alguns trabalhos desenvolvidos pelos 
departamentos de contabilidade e de finanças das empresas, áreas que objetivam oferecer 
detalhadamente a gestores, acionistas e público externo informações econômico-financeiras 
voltadas à geração de valor do negócio. Tal processo gerencial de análise de desempenho do negócio 
possibilita constante gestão do valor efetivamente gerado por sua atividade-fim, tornando-se 
também base para um trabalho ainda mais complexo de planejamento financeiro e orçamentário.
Neste capítulo, são apresentadas as definições e os objetivos da gestão financeira moderna 
voltada à administração do valor e à evolução das companhias na atualidade. Deve-se lembrar que 
o trabalho de mensuração, comparação e entendimento dos números (diante do planejamento 
orçamentário previamente executado) aproxima a contabilidade da gestão financeira e do 
planejamento estratégico, além de possibilitar a expansão do número de usuários das informações 
contábeis produzidas.
Tal processo de democratização e publicação das informações econômico-financeiras da 
empresa não é apenas um importante aliado do mercado financeiro e do público em geral no 
entendimento do desempenho da companhia, mas um valioso instrumento para o gestor (interno) 
no momento de planejar e decidir investimentos em curto, médio e longo prazos, por exemplo.
1.1 Gestão financeira moderna: análise e perspectiva histórica
Iniciamos os estudos a respeito da moderna gestão financeira lembrando 
que, no passado recente, informações sobre o desempenho econômico-financeiro 
de qualquer empresa se resumiam, quase unicamente, à análise (relativamente 
simples!) dos números fornecidos pelos demonstrativos financeiros.
Atualmente, ao nos referirmos à gestão organizacional, pensamos também 
nas atribuições dadas aos administradores das empresas, sejam eles voltados aos controles 
financeiro, administrativo, fiscal ou de pessoal, por exemplo. No que se refere à administração 
financeira (foco deste estudo), percebe-se que modificações ocorridas nas últimas décadas vêm 
alterando a própria forma de gestão e a importância desta no sucesso empresarial. É nesse sentido 
Vídeo
Planejamento financeiro e orçamentário10
que a controladoria vem se consolidando como um dos principais centros de informação 
econômico-financeira e gerencial da empresa. Esse departamento não apenas fornece aos 
acionistas, gestores e mercado os números efetivamente obtidos decorrentes da operação 
do negócio, mas também permite que o controller administre tais resultados reportados nos 
demonstrativos e indicadores financeiros disponibilizados.
Conforme descrito por Gitman (2012), nos últimos anos o profissional de finanças sofreucom mudanças nos ambientes econômico, competitivo e regulamentador, que aumentaram a 
importância e a complexidade de suas tarefas. Segundo o autor, “o administrador financeiro de 
hoje está mais ativamente envolvido com o desenvolvimento e a implementação de estratégias 
empresariais que têm por objetivo ‘o crescimento da empresa’ e a melhoria de sua posição 
competitiva. Por isso muitos altos executivos vêm da área financeira” (GITMAN, 2012, p. 4).
Outra característica central, que também tem sido tendência no mundo da gestão 
corporativa, é a globalização das atividades empresariais. A cada dia, mais empresas percebem a 
importância da internacionalização (ou globalização) de suas atividades, a qual se mostra essencial 
aos mais significativos ganhos de eficiência, produtividade e de mercado. Tal processo, a princípio 
irreversível no contexto das empresas atuais, colocou sob a incumbência do gestor um peso 
significativo e uma enorme responsabilidade. Isso implica ao financista perceber novas formas 
de ganhos na esfera econômico-financeira do negócio, os quais extrapolam, por exemplo, simples 
reduções de custos e despesas típicas de políticas observadas em décadas passadas.
Portanto, atualmente o foco vem sendo dado também à redução de riscos de mercado e às 
melhorias constantes na administração e no fluxo de caixa de longo prazo das companhias, ações 
sempre voltadas à preservação do valor do negócio no tempo. Por isso, e a despeito do ainda existente 
valor e da importância dada aos números contábeis (formalmente publicados pelas empresas em 
seus balanços e demonstrativos de resultados e demais relatórios econômico-financeiros), a análise 
do desempenho econômico-financeiro do negócio não se resume mais ao simples estudo desses 
dados. Tal trabalho exige uma nova visão voltada à capacidade de a empresa gerar valores crescentes, 
em longo prazo, a acionistas ou controladores – seja por meio da distribuição de dividendos ou da 
percepção de mercado a respeito do potencial de valorização dos papéis (ações) em bolsa de valores.
Isso decorre do fato de, apesar de os demonstrativos financeiros serem, sem dúvida, 
importantes instrumentos gerenciais que comunicam os principais fatos e eventos sobre entidades 
e empresas, o entendimento dos números (aliado a um profundo conhecimento do negócio) 
passou a ser essencial na análise de criação de valor do negócio e de geração de informações 
imprescindíveis à tomada de decisões.
Dessa forma, todas as informações contábil-financeiras, ou a respeito de operações ou 
fatos ocorridos na empresa serão ponto de partida para definir a alocação de investimentos ou 
desinvestimentos e a aplicação de recursos em determinado mercado. Além disso, essas informações 
servem como base ao trabalho interno de planejamento financeiro e orçamentário das empresas.
Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002, p. 21), em todo processo de gestão financeira, 
cabe ao administrador encontrar respostas a três importantes perguntas: “Quais investimentos 
a longo prazo a empresa deve fazer?”; “Como devem ser levantados os recursos para financiar 
Controller:
profissional da
controladoria.
A gestão corporativa moderna 11
tais investimentos?”; “Como a empresa deve gerir suas atividades monetárias e financeiras em 
seu dia a dia?”.
Veremos, no decorrer deste estudo, que parte dessas respostas se encontra no entendimento 
da importância do capital de giro na gestão do negócio, bem como na disponibilidade e no custo 
dos recursos que os gestores precisarão para financiar suas atividades.
A gestão financeira moderna vem, portanto, modificando-se nas últimas décadas. Além 
disso, conforme destacado anteriormente, está se afastando da simples análise e da administração de 
números e resultados contábeis comuns das décadas de 1980 e 1990, por exemplo. Tal realidade 
de administração tem se aproximado gradativamente de um trabalho mais complexo e robusto, o 
qual exige um entendimento e um conhecimento mais amplo por parte dos gestores. Assim, o atual 
foco sobre a missão das entidades empresariais, conforme defendido por Padoveze (2015, p. 3), 
estaria centrado no conceito de criação de valor para os acionistas. O autor ainda afirma que esse 
valor seria “representado pelo preço de mercado da ação ordinária da companhia, o qual, por outro 
lado, é uma função das decisões de investimento, financiamento e dividendos da empresa”.
Dessa forma, quando nos referimos a planejamento financeiro e orçamentário de uma 
empresa, estamos muito mais preocupados com a criação, agregação ou adição de valor ao longo 
do tempo aos acionistas do que com os números relativos ao faturamento, às margens operacionais 
ou aos lucros contábeis reportados.
Vejamos, a seguir, uma notícia recente a respeito de uma oferta pública de ações1 (OPA, ou 
IPO em inglês) da empresa Uber, companhia de tecnologia voltada ao transporte de passageiros, 
com atuação praticamente global. Esse caso exemplifica bem a discussão sobre a percepção de 
valor aos acionistas segundo a gestão corporativa moderna:
O aplicativo de transporte Uber decidiu vender US$ 10 bilhões em ações em 
sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), informou a agência 
de notícias Reuters, que conversou com pessoas familiarizadas com o assunto. 
A empresa fará o registro público da abertura de capital nesta quinta-feira, 11. 
Esse valor em ações faria do IPO do Uber um dos maiores de empresas de 
tecnologia de todos os tempos [...]. O Uber está buscando uma avaliação entre 
US$ 90 bilhões e US$ 100 bilhões, influenciado pela performance ruim das 
ações de sua rival Lyft, que fez IPO no mês passado. Bancos de investimentos 
chegaram a dizer ao Uber que a empresa valeria até US$ 120 bilhões. O Uber 
recentemente foi avaliado em US$ 76 bilhões no mercado privado. A maioria 
das ações vendidas seria emitida pela própria empresa, enquanto uma parcela 
menor seria de propriedade de investidores do Uber, disse uma das fontes à 
Reuters. (COM US$..., 2019)
Perceba que o mercado ajuda a empresa a “precificar” o negócio por meio de avaliações e 
análises baseadas nos dados fornecidos pela própria companhia, que os obtêm como parte de seu 
1 Esse conceito é muito importante. A oferta pública de ações (cuja sigla em inglês é IPO, de Initial Public Offering)
é o ato empresarial de ofertar ou colocar à venda, em determinado mercado de ações, uma quantidade de seu capital
(referenciado em ações) por determinado preço inicial. Com a OPA, a empresa pretende obter recursos (caixa) para seus
planos de investimentos sem precisar se endividar com bancos. Com essa venda de ações, a empresa ganha novos
sócios e sua ação passa – logo após o preço inicial de venda na bolsa de valores – a ter preços determinados pelo
“apetite” dos investidores, podendo subir ou descer dependendo dos desempenhos da empresa ou de notícias, riscos e
outras variáveis da economia e política local.
Planejamento financeiro e orçamentário12
trabalho interno de planejamento financeiro e orçamentário. Esse fato ocorre porque tal avaliação 
do negócio terá sempre como ponto de partida os demonstrativos financeiros publicados pela 
empresa e as informações relativas à expectativa de seu desempenho futuro.
Portanto, o valor dos papéis (ações) em bolsas de valores seria determinado pela combinação 
do desempenho atual nos negócios – segundo os demonstrativos financeiros – e, não menos 
importante, pela perspectiva de desempenho futuro do negócio nos mercados em que atua.
A seguir veremos uma análise que mostra a reação do mercado após o lançamento das ações 
da Uber. Poderemos perceber como os mercados reagiram em relação ao comportamento de seus 
preços a partir da oferta pública de ações (OPA). Ao longo do dia do lançamento das ações em 
bolsa de valores, elas atingiram a casa dos US$ 44,85. No entanto, voltaram a cair e fecharam o dia 
inclusive abaixo do preço inicial daquela data (US$ 42,00), ou seja, antes da OPA:
Apesar da grande expectativa do mercado, as açõesda Uber (código UBER) 
derraparam no primeiro dia de negociações na bolsa de Nova Iorque (NYSE). 
Os papéis terminaram a sexta-feira cotados em US$ 41,60, uma queda de mais 
de 7% em relação ao preço estipulado na abertura de capital (US$ 45) [...]. A 
justificativa pode estar atrelada a vários fatores. John Tuttle, executivo-chefe 
de operações da NYSE (bolsa de Nova Iorque), disse, em entrevista ao site 
Yahoo Finance, que “há duas variáveis que costumam impactar no preço do 
IPO: as condições do mercado e como duas companhias comparáveis estão 
performando dentro desse mercado”. (FURLANI, 2019)
Nesse contexto, podemos refletir sobre como a empresa e seus gestores atualmente vêm 
se preocupando em não apenas demonstrar que o negócio em si é valioso aos acionistas, mas 
importante para a estratégia e sobrevivência dele em longo prazo.
Percebemos até aqui toda uma mudança de grau e complexidade do papel da gestão 
financeira nas últimas décadas. Somada a essa realidade, uma enorme responsabilidade passou 
a ser creditada à função do gestor financeiro: não apenas à sua capacidade de gerir contábil e 
financeiramente o negócio, mas à sua habilidade para agregar um pensamento estratégico e global 
voltado à geração de valor do business no tempo.
1.2 Evolução, tendências e importância da gestão financeira no 
século XXI
Com o desenvolvimento do capitalismo, novas formas de gestão dos negócios 
foram gradualmente incorporadas pelos administradores, a fim de atenderem 
às metas estabelecidas pelos conselhos de administração e sócios controladores 
das empresas. Portanto, não raro percebemos que o uso de novas tecnologias, o 
pensamento globalizado e a incorporação de modernas ferramentas de gestão e 
de melhorias de resultados vêm sendo gradualmente agregados ao dia a dia das empresas, com o 
objetivo de maximizar resultados e gerar valor ao negócio.
Exemplos de tal mudança ocorrida pela incorporação de novas tecnologias – e, por que 
não, valores? – ao cotidiano das empresas são o uso e a democratização das redes sociais, que vêm 
apresentando claro e importante impacto na gestão dos negócios corporativos.
Vídeo
A gestão corporativa moderna 13
Por exemplo, a notícia a seguir, publicada em um jornal de grande circulação no Brasil, 
chama atenção para esse fator, que vem sendo determinante na mudança organizacional percebida 
atualmente em todo o mundo. Nesse caso, podemos avaliar o grau de influência que a tecnologia da 
informação vem tendo na gestão, no planejamento e na administração financeira e orçamentária 
dos negócios.
Os Impactos Econômicos – As tecnologias de blockchain, a internet das 
coisas (IoT), a impressão em três dimensões (3D) e a inteligência artificial 
facilitam a formação de uma rede de mercados com base em plataformas 
de pequenas empresas. Manufaturas podem ser estruturadas em menor 
escala e com cadeias de fornecimento mais curtas. Novos modelos de 
negócios fundamentados em alta tecnologia têm o potencial de contribuir 
para a redução da desigualdade em regiões subdesenvolvidas. Por outro lado, 
essas tecnologias também podem formar grandes monopólios globais, pois 
reduzem drasticamente os custos marginais e permitem enormes economias 
de escala. Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico (OCDE) – O Futuro da Produtividade – mostra que as empresas 
que investem mais em tecnologias digitais e se baseiam no conhecimento se 
distanciam da concorrência. Empresas como Google, Amazon e Facebook 
não só eliminam seus competidores, como também começam a dominar 
outros setores. (VENDRAMINI; MAGALHÃES, 2018, p. 41)
Quando pensamos em um negócio, é comum que a primeira coisa a vir à mente seja o lucro. 
É interessante notar que, apesar de sua importância e do fato de esse ser o objetivo de qualquer 
empresário, conforme discutimos anteriormente, com o tempo o conceito de contábil deixou de 
ser a única prioridade dos gestores das empresas. Assim, somadas à relevância do lucro obtido na 
operação do negócio, outras variáveis, como a perpetuação da atividade empresarial ao longo do 
tempo, tornaram-se também um dos principais objetivos dos administradores. Ou seja, além dos 
resultados financeiros, é interesse dos gestores que a operação do negócio esteja “conectada” às 
novas formas de tecnologia e comunicação modernas e que o empreendimento tenha vida longa, 
gerando resultados também no futuro.
Assim, percebemos que a administração financeira do século XXI preocupa-se com muitas 
outras variáveis, atribuindo aos responsáveis (gestores) um papel mais amplo e variado, cuja 
complexidade trataremos a partir de agora. No entanto, antes de prosseguirmos, vamos analisar o 
ponto de vista de um importante pesquisador do tema. Segundo Gitman (2012, p. 4),
Os administradores financeiros são responsáveis pela gestão dos negócios 
financeiros das organizações de todos os tipos – financeiras ou não, abertas 
ou fechadas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles realizam 
as mais diversas tarefas financeiras, tais como planejamento, concessão de 
crédito a clientes, avaliação de propostas que envolvam grandes desembolsos 
e captação de fundos para financiar as operações da empresa. Nos últimos 
anos, as mudanças nos ambientes econômico, competitivo e regulamentador 
aumentaram a importância e a complexidade das tarefas desse profissional. 
O administrador financeiro de hoje está mais ativamente envolvido com o 
desenvolvimento e a implementação de estratégias empresariais que têm por 
objetivo o “crescimento da empresa” e a melhoria de sua posição competitiva.
Planejamento financeiro e orçamentário14
Portanto, nesse estágio dos estudos, cabe uma reflexão a respeito da forma como a 
globalização do mercado modificou a gestão dos negócios e de que modo tal mudança “cria” e 
“padroniza” novas formas e expectativas dos gestores em relação aos resultados em um cenário 
competitivo e dinâmico como o dos mercados internacionais.
Assim sendo, as empresas, a despeito do país onde atuam, precisam estar sempre em 
conformidade com essa nova cultura e observa os modernos princípios de gestão. Atuando 
no Brasil ou nos Estados Unidos, por exemplo, toda companhia necessita observar princípios 
de gestão, ética, procedimentos e tarefas muitos semelhantes, independentemente do local de 
operação do negócio.
Portanto, nos mercados altamente competitivos da atualidade, não é aceitável um negócio 
ser gerenciado (e aqui podemos lembrar que não nos referimos unicamente à gestão financeira) 
sem que seus administradores sigam padrões e procedimentos normalmente exigidos e esperados 
por clientes, mercados, competidores, governos e demais autoridades.
Gitman (2012) vai além nessa importante análise e afirma ainda que devemos nos lembrar 
das mais variadas formas jurídicas que encontramos organizadas nas empresas ao redor do mundo.
Esse autor define a princípio três tipos (ou modelos) de empresas: as individuais, as limitadas 
(Ltda.) e as sociedades por ações (S.A.). Vejamos, a seguir, uma breve descrição dessas classificações 
e alguns exemplos para o caso brasileiro.
1.2.1 Negócio individual
Trata-se de uma empresa que pertence a uma só pessoa, portanto objetiva operar e gerar 
lucros (resultados) unicamente ao proprietário. Esse tipo de empresa vem crescendo no mundo, 
muitas vezes em razão do atual foco no empreendedorismo e nas mudanças comportamentais 
que, de certa forma, incentivam os indivíduos a desenvolver os próprios negócios fora das 
tradicionais estruturas organizacionais. Ou seja, o objetivo profissional é desenvolver um negócio 
com base em uma ideia, e não mais unicamente conseguir um emprego em uma sólida empresa.
Nesse sentido, veremos a seguir alguns dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE) sobre como o empreendedorismo recentemente vem sendo um 
fator modificador do quadro de geração de emprego no Brasil.
Para o IBGE, atualmente um dos maiores fenômenos nas organizações é o que 
denominamos deempreendedorismo. Ele muitas vezes nasce da ação de um indivíduo (portanto, 
da criação de um negócio individual) e vem se desenvolvendo e se tornando fator decisivo no 
crescimento econômico.
Em 2015, existiam 25.796 empresas de alto crescimento, aquelas que 
aumentaram – em média – pelo menos 20% ao ano o número de empregados,
por um período de três anos consecutivos, e tinham 10 ou mais pessoas 
ocupadas assalariadas no ano inicial de observação. Embora as empresas de 
alto crescimento representem apenas 1,0% do total de empresas ativas com 
ao menos uma pessoa ocupada assalariada, respondem por mais da metade 
A gestão corporativa moderna 15
dos empregos gerados por elas neste período (67,7%). Entre 2012 e 2015, as 
empresas de alto crescimento apresentaram um crescimento de 172,1% no 
pessoal ocupado, passando de 1,3 milhão de pessoas em 2012, para 3,5 milhões 
em 2015, um incremento de 2,2 milhões de postos de trabalho. (IBGE, 2017)
Quando pensamos no chamado empreendedorismo, podemos perceber que, apesar de ser já 
um termo comum e muito utilizado e discutido no Brasil, ainda carece de detalhamento e análise 
a respeito de sua real importância econômica.
Por mais que as realidades sociais e econômicas estejam levando os brasileiros a abrir o 
próprio negócio, muitas vezes, o sucesso de tal empreitada exige muito mais que a combinação de 
ideia inovadora, iniciativa e disposição para trabalhar e correr riscos. A criação e a administração 
de um negócio efetivamente produtivo e revolucionário (mercadologicamente falando) demandam 
muitas variáveis, por exemplo: profundo conhecimento de mercado; intenso uso de tecnologia 
e demais novidades; administração financeira efetivamente voltada ao resultado e à geração de 
valor ao acionista.
1.2.2 Sociedade de pessoas
Também chamadas de empresa limitada (Ltda.), a sociedade de pessoas refere-se àquelas 
organizações constituídas por dois ou mais sócios que atuam para obter lucros com os negócios, 
sendo normalmente estabelecidas com recursos (capital) dos acionistas. Segundo Gitman (2012, 
p. 4), “esse tipo de sociedade responde por cerca de 10% de todas as empresas dos Estados Unidos 
e costuma ser maior do que as firmas individuais. Elas estão mais presentes nos ramos financeiro, 
de seguros e imobiliário”.
As empresas limitadas são constituídas por um Contrato Social que define as 
responsabilidades de cada membro segundo suas participações nele estabelecidas.
1.2.3 Sociedade por ações
Trata-se daquela cujos proprietários são os acionistas e cujo direito de propriedade (ou 
equity) se faz pelo montante detido de ações ordinárias e/ou de ações preferenciais. De acordo 
com Gitman (2012, p. 5), essas sociedades apresentam como característica uma organização 
“democrática”, em que os acionistas proprietários votam periodicamente para eleger os membros 
do conselho de administração e decidir sobre diversas questões de interesse da empresa.
Segundo a definição da Comissão de Valores Mobiliários2 (CVM), as ações no Brasil são 
classificadas em: ação ordinária (ON), cuja principal característica é conferir ao seu titular o 
direito a voto nas assembleias de acionistas; e ação preferencial (PN), sem direito de voto, mas 
com prioridade na distribuição de dividendos e/ou no reembolso de capital.
Neste momento, devemos pensar a respeito do importante papel do conselho de 
administração como efetivo “gestor” da empresa, responsável por deliberar e decidir sobre, por 
2 Segundo a CVM, o estatuto social das companhias define as espécies de ações conforme os direitos que concedem
aos acionistas. O estatuto é o conjunto de regras dos administradores e acionistas que define as características de
cada espécie de ação. No que se refere às ações preferenciais, estas podem ser divididas entre as classes A e B
(ESPÉCIES..., 2019).
Planejamento financeiro e orçamentário16
exemplo, planos e objetivos estratégicos, estabelecimento de metas operacionais e gerenciais, 
definição de posicionamento comercial e financeiro do negócio, planos de investimento e políticas 
de remuneração dos colaboradores.
1.2.4 Papel normatizador e de vigilância exercido pela CVM no Brasil
Deve-se conhecer o importante papel desempenhado no Brasil pela Comissão de Valores 
Mobiliários. Criada em 7 de dezembro de 1976, pela n. Lei n. 6.385 (BRASIL, 1976), a CVM:
é uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da 
Economia, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de 
autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, 
mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e 
orçamentária. (CVM, 2019)
O objetivo desse órgão é fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de 
valores mobiliários no país. Em outras palavras, a CVM atua como entidade reguladora e vigilante 
do mercado de capitais, buscando garantir segurança e definir regras de conduta às empresas de 
capital aberto e a seus gestores voltadas ao bem comum da sociedade brasileira.
O estudo e a discussão inicial a respeito da gestão financeira das empresas feito até aqui 
objetiva enfatizar os principais aspectos que caracterizam sua recente evolução, as suas tendências 
e a sua importância diante de nossa realidade como economia inserida em um mundo globalizado 
e tecnologicamente conectado. Buscamos salientar que não é possível pensar em gestão financeira 
sem incorporarmos em nossa análise o papel desempenhado pelos gestores alinhado às realidades 
dos mercados externos à empresa. Esse é o caso, por exemplo, do importante papel de controle, 
regulação e vigilância das atividades das empresas de capital aberto (S.A.) exercido pelo governo 
por meio da CVM, conforme tratamos anteriormente.
Assim, a administração financeira exige que o profissional conheça profundamente essas 
variáveis e entenda que as decisões no âmbito financeiro de qualquer negócio definem o próprio 
sucesso e, principalmente, geram impactos sociais significativos. As organizações são entidades 
operantes nos mercados (sociedades), logo, são impactadas pelas realidades à sua volta e exercem, 
concomitantemente, papel importante como influenciadoras dessas mesmas sociedades.
Considerações finais
O papel exercido atualmente pelo administrador financeiro extrapola os limites da empresa.
Dessa forma, a controladoria age no sentido de oferecer as linhas mestras da atuação desse 
profissional, sempre voltada ao atingimento dos objetivos, a saber: a perpetuação do negócio, a 
garantia de retornos positivos dos negócios ao longo do tempo e a maximização dos lucros (com a 
consequente distribuição de dividendos aos acionistas).
Discutimos até aqui que a contabilidade é também a ciência que extrai da empresa as 
principais e mais relevantes informações a respeito do desempenho do negócio. Tais informações 
contábil-financeiras possibilitam aos gestores determinarem as principais linhas de atuação. O 
trabalho do contador e do gestor financeiro, portanto, envolve uma enorme lista de atribuições e 
A gestão corporativa moderna 17
sempre terá papel essencial e central na gestão do negócio, na geração de valor aos acionistas e na 
coleta e organização (gerencial) das informações mais relevantes voltadas às decisões estratégicas.
Dessa forma, podemos enxergar o valor da empresa como intimamente ligado e 
dependente do correto e preciso trabalho desenvolvido pelos profissionais de finanças. Portanto, 
torna-se prioritário administrar tendo em mente a geração máxima de valor ao acionista e gerir 
o negócio com competência, eficiência e conhecimento técnico, exigidos pelo mercado e pelos 
acionistas controladores.
Discutimos também a realidade da nova tecnologia da informação, que modificou 
significativamente a maneira como as empresas têm atuado neste início de século. Como 
consequência, a gestão financeira do negócio vem incluindo tal realidade em seu trabalho diário de 
coleta, organização e uso dos dados econômico-financeiros do negócio em questão.Atualmente, a 
controladoria encontra-se, mais do que nunca, no centro das informações e das tomadas de decisão 
das companhias. Além disso, ela é uma das grandes usuárias das diversas tecnologias disponíveis 
para o atingimento dos principais objetivos das empresas.
Ampliando seus conhecimentos
• GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2012.
O livro Princípios de administração financeira, de Lawrence Gitman, é uma sugestão de leitura 
voltada à ampliação de seus conhecimentos sobre o tema deste capítulo. Sugerimos a 
leitura do Capítulo 1 (“O papel e o ambiente da administração financeira”), que explora 
detalhadamente esse importante aspecto na gestão financeira.
• ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São 
Paulo: Atlas, 2002.
O livro Administração financeira, de Stephen Ross, Randolph W. Westerfield e Jeffrey 
F. Jaffe, em seu Capítulo 1 (“Introdução às finanças de empresas”), procura definir e 
relacionar os conceitos apresentados neste capítulo, sempre enfatizando o crescimento do 
valor do negócio aos acionistas.
Atividades
1. Reita a respeito da importância do modelo de gestão das empresas no século XXI; da 
relevância do planejamento; do levantamento de informações contábil-nanceiras; do 
processo decisório e da tecnologia da informação. Como você dene um modelo ideal 
de gestão em nanças para uma empresa operando no Brasil? O que você dene como 
essencial ao sucesso e ao atingimento das metas organizacionais em razão de todas as 
características da economia e da sociedade brasileira e dos mercados internacionais?
Planejamento financeiro e orçamentário18
2. Como você vê a importância da correta contabilização das operações das empresas, de modo 
a publicar demonstrativos nanceiros – como balanço e demonstrativos de resultados – que 
reitam sua verdadeira situação? Quais riscos você enxerga à sociedade e aos acionistas nos 
casos de números errados serem publicados nos demonstrativos?
3. Sabemos que resultados de vendas e lucros são ainda os grandes determinantes de qualquer 
negócio. No entanto, ultimamente o valor das ações (preço do papel no mercado) vem 
ganhando espaço na gestão nanceira devido à importância que a percepção dos investidores 
têm no sucesso dos negócios. Com base nisso, reita a respeito das razões pelas quais uma 
empresa pode ser avaliada como excelente opção de investimento mesmo sem apresentar – 
em determinado momento – vendas ou lucros extraordinários. Quais outras variáveis você 
incluiria em sua análise?
4. Imagine uma empresa de capital aberto (ou seja, com muitos sócios detentores de ações em 
bolsa de valores) que tem a intenção de fazer um grande e vultoso investimento em uma 
nova fábrica. De que forma esse aporte de capital deve ser discutido interna e externamente? 
Quais papéis você vê sob responsabilidade do tesoureiro e do controller nesse processo?
Referências
BRASIL. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 7 
dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.htm. Acesso em: 31 jul. 2019.
COM US$ 10 bi em ações, abertura de capital do Uber pode ser o maior de 2019. O Estado de S. Paulo, São 
Paulo, 10 abr. 2019. Disponível em: https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,com-us-10-bi-em-acoes-
abertura-de-capital-do-uber-pode-ser-a-maior-do-ano,70002786288. Acesso em: 31 jul. 2019.
CVM. Sobre a CVM. 2019. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/
sobre/cvm.html. Acesso em: 31 jul. 2019.
ESPÉCIES de ações. Portal do Investidor. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: http://www.investidor.gov.br/
menu/Menu_Investidor/valores_mobiliarios/Acoes/especies_de_acoes.html. Acesso em: 31 jul. 2019.
FURLANI, B. De carona com a Uber? Ações derrapam no 1º pregão e tem queda de mais de 7%. Seu 
Dinheiro. São Paulo, 10 maio 2019. Disponível em: https://www.seudinheiro.com/acoes-da-uber-comecam-
a-ser-negociadas/. Acesso em: 31 jul. 2019.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2012.
IBGE. Estatísticas de empreendedorismo: empresas de alto crescimento geraram 67,7% dos postos 
de trabalho entre 2012 e 2015. Agência de notícias. Rio de Janeiro, 17 nov. 2017. Disponível em: https://
agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/18016-
estatisticas-de-empreendedorismo-empresas-de-alto-crescimento-geraram-67-7-dos-postos-de-trabalho-
entre-2012-e-2015. Acesso em: 31 jul. 2019.
PADOVEZE, C. L. Planejamento orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
VENDRAMINI, A.; MAGALHÃES, R. Os impactos da quarta revolução industrial. GV-executivo, v. 17, n. 1, 
jan./fev. 2018. Disponível em: https://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/gv_v17n1_ar3.pdf. Acesso em: 31 jul. 2019.
2
Objetivos e desaos do administrador no século XXI
Sempre que nos referimos aos objetivos e desafios do administrador na atualidade, podemos, 
primeiramente, pensar na constante e difícil busca por eficiência e produtividade nas organizações. 
A gestão moderna está bastante conectada e preocupada com esses aspectos em razão do foco que 
as empresas vêm dando, em maior ou menor grau, ao alcance de ambiciosas metas de resultados.
Portanto, mesmo que as empresas ainda se encontrem preocupadas com a manutenção de 
diversos outros valores culturais, morais e éticos – os quais devem fazer parte dos objetivos de qualquer 
negócio –, a ausência de compromisso com a constante busca por eficiência e produtividade poderá 
resultar no fracasso diante dos dinâmicos e competitivos mercados atuais. Desse modo, esta obra 
busca oferecer ferramentas para que estudantes e profissionais de finanças possam compreender 
e analisar, de modo crítico, a maneira pela qual a gestão do negócio vem sendo efetuada em uma 
empresa e para que sejam capazes de propor soluções e aprimoramentos nos procedimentos e 
controles financeiros existentes.
Assim, a despeito de seu objeto ou ramo de atividade – seja a fabricação ou a comercialização 
de produtos, ou a prestação de serviços –, toda empresa deve se preocupar em concentrar ações 
em alguns aspectos hoje considerados cruciais na gestão de sua rotina organizacional. É o caso, por 
exemplo, da maximização dos lucros, dos corretos controles de procedimentos, do comportamento 
ético e profissional de seus colaboradores e, não menos importante, do valor do negócio para os 
acionistas em curto, médio e longo prazos.
Sabemos, obviamente, que o lucro da atividade é o principal objetivo empresarial. Entretanto, 
não deve ser apenas por meio de uma gestão centrada em resultados contábil-financeiros e ganhos 
de eficiência e de produtividade que o administrador financeiro contribuirá com o futuro do 
negócio. Cabe ao gestor moderno preocupar-se também com princípios éticos de conduta e com 
metas que atendam à companhia e à sociedade na qual está inserida. 
Por isso, essa será também a razão pela qual estudaremos neste capítulo as modernas 
definições de objetivos e metas organizacionais. Combinando (incorporar) o já “tradicional 
objetivo de maximização do lucro com o maior valor econômico do negócio, a maximização da 
riqueza ao acionista e, por fim, a preocupação com a sustentabilidade do negócio no tempo em 
sintonia com as expectativas do mercado como um todo.
2.1 Medindo objetivos e metas das empresas
A moderna gestão financeira e orçamentária possibilita à organização obter os 
resultados desejados, extrapolando, ainda assim, o antigo conceito de administração 
centrada na simples garantia de crescentes vendas e resultados ao longo do tempo. 
Segundo Assaf Neto e Lima (2014, p. 19):
Vídeo
Planejamento financeiro e orçamentário20
É necessário que se avalie, outrossim, que o processo de tomada de decisões 
financeiras seja desenvolvido tendo sempre em contao equilíbrio entre risco 
e retorno. Evidentemente, não se exige que a empresa procure priorizar a 
maximização do risco, mas que trabalhe basicamente dentro da expectativa de 
promover uma remuneração (retorno) condizente com o risco assumido.
Tal afirmação dos autores implica que a realidade contemporânea e os mercados altamente 
competitivos imponham, juntos, um desafio bem mais complexo ao gestor financeiro: acompanhar 
o desempenho operacional, financeiro (retorno do investimento) e social do negócio sob a 
perspectiva do risco envolvido na operação.
O gestor deve realizar essa tarefa de modo a ganhar maior protagonismo, oferecendo 
análises orçamentárias, estratégicas, de risco-retorno e concorrenciais, por exemplo, em sintonia 
com as “tradicionais funções contábil-financeiras. Portanto, podemos afirmar que tal acúmulo de 
responsabilidades posiciona o profissional de finanças no centro da tomada de decisões, agindo em 
conjunto com a alta administração na manutenção e no desenvolvimento do negócio em longo prazo.
Esse tema bastante atual nos força a compreender de que maneira as organizações vêm 
sendo geridas. Portanto, incorporamos a este estudo uma nova ótica: a do valor gerado ao 
acionista. Tal conceito é bem recente no mundo acadêmico e defende – em poucas palavras – 
que todo planejamento financeiro e orçamentário deve voltar-se à geração de valor ao acionista. 
Ultimamente, tanto o planejamento financeiro e orçamentário quanto o papel do gestor ganham 
destaque exatamente em razão da importância que os mercados têm dado à maximização do valor 
do negócio ao acionista, conforme discutiremos em seguida.
De acordo com Gitman (2012), devemos ver a gestão do negócio e seus objetivos para muito 
além da maximização dos lucros contábeis. Não que o resultado contábil seja desprezível ou pouco 
importante (pelo contrário), todavia é preciso lembrar que a contabilidade se modernizou e que 
atualmente o trabalho do contador ou do financista, além de essencial e prioritário, extrapola em 
muito o simples fornecimento de dados e informações aos administradores ou ao público externo 
da empresa. Segundo o autor,
as sociedades por ações costumam medir sua lucratividade em termos de lucros por 
ação (LPA), que representa o montante ganho em cada período (ano ou período 
fiscal) para cada ação ordinária em circulação. O LPA é calculado dividindo-se o 
lucro total do período disponível para os acionistas ordinários da empresa pelo total 
do número de ações ordinárias em circulação. (GITMAN, 2012, p. 12)
Tal contexto coloca o trabalho do gestor financeiro no centro do fornecimento de 
informações econômico-financeiras essenciais ao planejamento financeiro e orçamentário e à 
estratégia orçamentária da empresa.
No entanto, o que realmente se modificou com o tempo foi o objetivo da gestão financeira 
nas organizações. Hoje, buscam-se também o desenvolvimento e a capacidade de interpretação 
e utilização das informações fornecidas pelas demonstrações contábeis sob uma perspectiva 
mais ampla e global. Ou seja, somado ao já conhecido trabalho de análise econômico-financeira 
interno da companhia, existe o desenvolvimento de uma nova metodologia de uso das 
informações fornecidas.
Objetivos e desafios do administrador no século XXI 21
Desse modo, tornou-se importante saber apresentar o conteúdo e discutir o significado, 
as bases e as limitações de cada demonstração contábil publicada. Por esse motivo, todo relatório 
emitido e publicado pela empresa (seja o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultados 
do Exercício, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, a Demonstração dos Fluxos 
de Caixa ou a Demonstração do Valor Adicionado, obrigatória às companhias abertas1) ganhou 
enorme importância como fonte de informação aos públicos interno (gestores) e externo (mercados, 
governos e agentes)2.
Assim, pode-se dizer que compreender os números das demonstrações e saber analisá-los 
corretamente é mais que a simples integração ao processo de tomada de decisões de uma empresa. 
Do mesmo modo, caberá sempre ao gestor discutir a consistência, a relevância e a importância 
de cada conta representativa das mais diversas operações realizadas pela empresa em suas 
atividades industriais, comerciais, financeiras ou de prestação de serviços, a fim de apresentar, 
consequentemente, uma análise coerente. Esse exercício é, por assim dizer, talvez um dos mais 
importantes no trabalho de planejamento financeiro e orçamentário.
O fato é que todo esse conjunto de informações sobre o desempenho exige do financista 
profundo conhecimento do que representa cada conta em particular e o impacto que o conjunto 
dessas contas apuradas e reportadas nos balanços e demonstrativos tem ao desempenho do negócio. 
No que tange ao trabalho de orçamento, faz-se necessário também projetar e definir matematicamente 
como essas contas vão se comportar no tempo com o decorrer das operações da empresa.
Gitman (2012, p. 13-17) enfatiza que, além da questão da maximização dos lucros discutida 
anteriormente, cabe ao gestor ater-se a outras variáveis, como desempenho do fluxo de caixa, 
riscos envolvidos no processo, maximização da riqueza do acionista, governança corporativa, ética 
empresarial e questão de agency ou o chamado conflito de agência3.
Em relação ao fluxo de caixa, o mesmo autor afirma que “os lucros não resultam 
necessariamente em fluxos de caixa disponíveis para os acionistas. Os proprietários recebem fluxos 
de caixa sob a forma de dividendos em dinheiro que lhes são pagos, ou dos proventos da venda de 
suas ações a um preço maior do que o originalmente pago (GITMAN, 2012, p. 13).
Primeiramente, é importante compreendermos que, por exemplo, um maior lucro por 
ação (LPA) ao final de determinado período fiscal de uma empresa não significa que dividendos 
serão obrigatoriamente distribuídos a todos os acionistas4. Em segundo lugar, devemos lembrar 
1 Lei das Sociedades por Ações. Veja os detalhes e as regulamentações que regem as obrigações das firmas para com
a publicação de demonstrativos na Lei n. 6.404/1976 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 2019).
2 Instruções e regras emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Veja em mais detalhes o objetivo, o
alcance, as definições e a finalidade das demonstrações contábeis no Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1). Comitê de
Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis, p.
1-7. Disponível em: www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57. Acesso em:
23 jul. 2019.
3 Agency ou conflito de agência é o confronto de interesses existente entre os acionistas de uma empresa e os
seus gestores.
4 O conceito dedividendos (dividendos por ação) refere-se ao montante do lucro líquido do período que a administração
decide distribuir a todos os acionistas que fazem jus, dividido pelo total de ações existentes. Muitas vezes, a empresa
pode apresentar lucros contábeis em determinado ano fiscal, mas não desejar (ou não poder) distribuí-los aos acionistas.
Nem sempre o aumento do lucro de um ano para o outro significa, efetivamente, aumento do valor, distribuído sob a forma
de dividendo.
Planejamento financeiro e orçamentário22
que a política de dividendos de uma empresa é, essencialmente, uma decisão administrativa 
(orçamentária) e que a maximização dos lucros nunca deve ser o único e prioritário objetivo do 
administrador, simplesmente porque existem outras prioridades.
É claro que dividendos são destinados quando há lucro reportado no Balanço Patrimonial. 
Porém, antes, é necessário que a empresa tenha caixa (recursos disponíveis) para essa distribuição. 
Do contrário, apesar de reportar lucros, pode não ser possível distribuí-los sob a forma de 
dividendos aos acionistas.
Portanto, muitas vezes, o acionista obterá ganhos apenas pela venda de suas ações na bolsa 
de valores e, ainda assim, conseguirá algum resultado positivo (lucro) caso o preço de mercado (em 
bolsade valores) seja superior ao preço (histórico) no momento da compra da ação pelo investidor.
Ainda no que se refere aos riscos envolvidos no processo, Gitman (2012, p. 13) lembra que 
“uma premissa básica da administração financeira é a de que existe um trade-off entre retorno 
(fluxo de caixa) e risco. Ou seja, como o investidor sempre estará avesso à tomada de riscos muito 
significativa (considerando que buscará sempre a maximização de sua riqueza), ele vai procurar, 
sempre que possível, medi-lo (compará-lo) com base no que espera obter sob a forma de dividendos 
ou valorização da ação em bolsa, conforme explicamos anteriormente.
De todo modo, as informações disponibilizadas pela empresa via demonstrativos e o 
planejamento financeiro e orçamentário auxiliam precisamente nessa análise na tomada de decisão 
de investimento. Portanto, decorre desse fato o interesse dos mercados, de investidores e demais 
agentes financeiros pela periodicidade, exatidão e solidez das informações contábil-financeiras 
fornecidas e publicadas.
2.2 Papel do gestor financeiro
Quando se discute o papel do gestor financeiro na atualidade, enfatiza-
se que é ele quem toma as decisões financeiras da empresa, estabelece objetivos 
e controla (gerencialmente) o atingimento das metas segundo princípios e 
normas organizacionais e critério racional. Tal conceito de racionalidade passa 
necessariamente por considerações a respeito do que denominamos governança 
corporativa5 e, não menos importante, pelo entendimento do impacto financeiro de cada medida 
tomada pelos gestores no valor do negócio no tempo.
A importância, portanto, do controle exercido pelos gestores na condução da empresa em 
direção ao atingimento dos seus objetivos e dos interesses dos acionistas é o ponto central da 
administração contemporânea. Nesse caso, Padoveze (2016, p. 23) reitera que:
O controle é um processo contínuo e recorrente que avalia o grau de aderência 
entre os planos e sua execução, compreendendo a análise dos desvios ocorridos,
procurando identificar suas causas e direcionando ações corretivas. Além 
disso, deve observar a ocorrência de variáveis no cenário futuro, visando 
5 Apesar de amplo, o conceito de governança corporativa refere-se a todo tipo de processo, hábito, política, lei ou
instituição normalmente utilizados no dia a dia empresarial, voltados à sua efetiva administração segundo os objetivos
dos seus acionistas.
Vídeo
Objetivos e desafios do administrador no século XXI 23
assegurar o alcance dos objetivos propostos. Dentro do enfoque sistêmico, 
o controle faz também o papel de feedback ou retroalimentação do sistema.
Um bom exemplo é a forma como as grandes empresas – altamente profissionalizadas – 
tratam e administram a questão de sua governança corporativa. Certamente, quanto maior e mais 
internacionalizada é a empresa, maiores são as exigências dos mercados e demais interessados na 
sua “transparência e no trato das informações fornecidas. Vejamos, por exemplo, a forma como 
a Petrobras, a maior empresa brasileira, trata a questão da governança corporativa, analisando um 
comunicado publicado em seu site que enfatiza a importância de suas políticas e práticas corporativas.
Buscamos aprimorar constantemente as nossas práticas e instrumentos de 
governança. Conheça as instâncias que integram essa estrutura. [...] Seguimos 
procedimentos de governança compatíveis com as normas dos mercados 
em que atuamos, de modo a garantir a adoção de padrões internacionais 
de transparência. Dessa forma, buscamos reforçar nossa credibilidade no 
mercado e aprimorar o relacionamento com nossos públicos de interesse: 
acionistas, investidores, clientes, fornecedores, empregados e sociedade, entre 
outros. Nosso modelo de governança e gestão tem como objetivos aumentar 
a transparência de nossas atividades, adequar a filosofia de gestão à visão do 
nosso plano estratégico, aperfeiçoar o mecanismo de responsabilização dos
nossos gestores, reforçar nosso compromisso com a conformidade e intensificar 
a geração de valor para os nossos acionistas. (PETROBRAS, 2019a)
Podemos notar a preocupação da administração com ações voltadas a uma gestão seguindo 
rígidos padrões e condutas éticas local e internacionalmente aceitas. Ações estas, aliás, alinhadas 
com padrões de reporting para empresas de capital aberto e com ações transacionadas em bolsa de 
valores em seu país e no exterior.
Ou seja, quando nos referimos à governança corporativa, tratamos, basicamente, de uma 
metodologia de controle e de tomada de decisão de caráter puramente ético e profissional. Esse
conceito e essa preocupação com as melhores práticas de governança – normalmente obrigatórias 
a grandes corporações – são relevantes principalmente em razão de o Brasil ser uma economia em 
desenvolvimento e cujos mercados financeiro e de capitais ainda estarem amadurecendo.
Tal realidade nos impõe o desafio de atrairmos capital e investimento estrangeiro de longo 
prazo. E, para o mercado financeiro e de capitais, a vitrine geralmente serão as grandes empresas 
nacionais ou estrangeiras aqui sediadas que operem nesses mercados como tomadoras de recursos.
Assaf Neto e Lima (2014, p. 23-24) destacam que, para o caso brasileiro, “as decisões 
financeiras em condições ideais de equilíbrio são bastante prejudicadas pela persistente insuficiência 
de recursos de longo prazo para as empresas. A ausência de capitais e de linhas de investimento 
de longo prazo a juros internacionalmente baixos, bem como condições favoráveis ao empresário 
em geral, não apenas reduz as perspectivas de desempenho futuro das companhias, mas também 
impede planejamentos orçamentários mais precisos e realistas.
Portanto, pensar o planejamento financeiro e orçamentário no início do século XXI 
certamente exige uma abordagem que extrapola os cumprimentos de princípios contábeis 
e financeiros. Devemos incorporar uma política de governança alinhada às mais modernas 
práticas internacionais. Na medida em que tais instrumentos de controle e de gestão (voltados 
Planejamento financeiro e orçamentário24
ao atendimento dos objetivos organizacionais) se aprimoram, podemos observar melhorias no 
tratamento de questões importantes voltadas à saudável relação entre a organização, comunidade 
em que se insere e a sociedade.
A reportagem “Alto custo de capital e inviabilidade de investimentos são impasses no Brasil, 
publicada no site do jornal DCI, trata do custo de capital, de seu impacto nas empresas e das 
consequências ao crescimento da economia nacional. Segundo essa análise: “Especialistas afirmam 
que a taxa de investimentos no País está 7 pontos percentuais inferior à necessária e criticam o 
encarecimento dos juros nos financiamentos trazido pela TLP neste ano (DCI, 2018).
Por fim, concluímos essa análise tratando da chamada questão de agency, já mencionada 
anteriormente e que define os administradores como os únicos responsáveis diante dos acionistas 
pelo atingimento das metas organizacionais. Tal realidade é muito importante exatamente por 
delinear as responsabilidades e limitá-las segundo os poderes de cada agente (ou gestor) no corpo 
administrativo da empresa – tudo isso observando o comportamento ético alinhado às políticas e 
aos princípios estabelecidos originalmente na Lei Sarbanes-Oxley6, de 2002.
Considerando essa realidade e o fato de muito dos problemas presentes nas organizações 
derivarem, de certo modo, de conflitos existentes entre proprietários e administradores, Gitman 
(2012, p. 17) propõe que esses problemas de agency sejam enfrentados, primeiramente, pelas 
chamadas forças de mercado (acionistas, investidores institucionais, seguradoras e fundos de 
pensão), as quais forçam a gestão a agir conforme as práticas éticas e contábil-financeiras esperadas.
Outra estratégia citada pelo mesmo autor é o chamado custo de agency, que é representado 
por uma estrutura de governança corporativa nas organizações e tem o papel de monitorar o
comportamento de seus gestores. Portanto,antes de poder desenvolver seu trabalho de gestão 
financeira, cabe a todo profissional estar bem informado e conhecer profundamente princípios, 
modelos, práticas e procedimentos de conduta pessoal e profissional alinhados aos princípios 
éticos da empresa e à realidade à sua volta.
Vimos até aqui que não se administra um negócio no mundo globalizado pensando apenas
nos resultados contábeis e financeiros de uma empresa ou de um país. Toda organização está 
atualmente conectada e, de certa forma, integrada a uma cadeia global de informações, expectativas 
e regras de conduta e procedimentos éticos que demandam muito mais que um simples desafio
gerencial. É um arcabouço de responsabilidades que conduz o gestor financeiro e a função de 
planejamento financeiro e orçamentário ao centro de um enorme debate a respeito do papel das 
empresas na sociedade. Tal discussão só será vencida por meio de um profundo conhecimento de 
contabilidade, finanças, controles e regras de conduta e de comportamentos éticos em sintonia 
com as melhores práticas gerenciais do mundo.
6 Segundo Gitman (2012, p. 15), a partir do ano 2000, vários órgãos reguladores nos EUA descobriram e combateram
uma série de improbidades administrativas e más condutas de gestores e empresas que causaram problemas em razão
de fraudes na publicação de relatórios financeiros e nos comunicados aos mercados. Em muitos casos, a ausência
da devida comunicação a respeito de conflitos de interesse entre a empresa e analistas, auditores e seus acionistas
gerou muitos prejuízos e graves impactos nos mercados de capitais internos. Tal realidade forçou o estabelecimento
de uma nova legislação nos EUA, chamada Lei Sarbanes-Oxley, de 2002, cujo objetivo é coibir ou eliminar problemas de
divulgação e conflitos de interesses nas organizações que possam causar impacto financeiro a acionistas e ao mercado
como um todo.
Objetivos e desafios do administrador no século XXI 25
2.3 Gestão financeira baseada em valor
Até muito recentemente, o valor de um negócio era representado quase 
integralmente pelo valor contábil presente nos Demonstrativos de Resultados e 
Balanço Patrimonial das empresas. Entretanto, com a dinâmica dos mercados e as 
novas formas de avaliação, investidores passaram a analisar, em maior profundidade, 
os números das empresas. Assim, desenvolveram-se novas metodologias de 
avaliação (e o termo valuation), as quais incluem outros valores e conceitos nessa análise tradicional 
e contábil do valor do negócio.
Atualmente, o conceito de valor da empresa7 passa, portanto, a contemplar de maneira 
muito simplificada a somatória e o valor presente de toda capacidade de geração de caixa 
futuro líquido do negócio. Esse conceito (abordado superficialmente nesta obra) possibilita, em 
poucas palavras, avaliar o negócio de maneira mais precisa e em consonância às expectativas de 
seu desempenho futuro. Segundo Padoveze (2016), o efetivo valor da empresa será determinado 
por sua rentabilidade futura ou seu fluxo de benefício futuro, desse modo: “o valor da empresa deve 
ser calculado segundo a melhor competência dos gestores empresariais, lembrando sempre que a 
importância do valor da empresa está em se ter o melhor parâmetro para a gestão de Controladoria, 
que é o processo de criação de valor (PADOVEZE, 2016, p. 13-14).
Para melhor compreender a importância da gestão baseada em valor, leia a notícia a seguir, 
publicada pela Petrobras sob a forma de fato relevante:
Petrobras conclui a venda da TAG – Rio de Janeiro, 13 de junho de 2019 – 
A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, em continuidade ao comunicado de 
25/04/2019, informa que concluiu a venda de 90% de sua participação na 
Transportadora Associada de Gás S.A. (“TAG) para o grupo formado pela 
ENGIE e pelo fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec 
(CDPQ). O fechamento da transação ocorreu hoje com o pagamento total 
de R$ 33,5 bilhões para a Petrobras, sendo aproximadamente R$ 2 bilhões 
destinados à liquidação da dívida da TAG com o BNDES. A Petrobras 
continuará a utilizar os serviços de transporte de gás natural prestados pela 
TAG, por meio dos contratos já vigentes entre as duas companhias, sem 
qualquer impacto em suas operações e na entrega de gás natural para seus 
clientes. Essa operação está alinhada à otimização do portfólio e à melhoria de 
alocação do capital da companhia, visando à geração de valor para os nossos 
acionistas. (PETROBRAS, 2019b)
Perceba como o texto enfatiza que “o fechamento da transação ocorreu hoje com o 
pagamento total de R$ 33,5 bilhões para a Petrobras [...] (PETROBRAS, 2019b). Devemos, 
porém, pensar em algumas questões: Como a empresa determina o valor de tal transação? O 
que precisamos contemplar nessa análise para precificar esse ativo da Petrobras e ofertá-lo ao 
mercado? Como tal valor predeterminado no processo de avaliação pode obter interessados, 
pelo menos no preço mínimo do leilão? Essas respostas e o cálculo do valor do negócio podem 
ser efetuados de diversas maneiras.
7 Deriva do termo enterprise value (EV) – valor da empresa.
Vídeo
Planejamento financeiro e orçamentário26
Então, quando se analisa no exemplo a questão dos R$ 33,5 bilhões pagos pelos 
investidores por meio da subsidiária de operação de gasodutos da Petrobras (TAG), vê-se que 
os compradores pagaram pelos ativos presentes e reportados nos demonstrativos financeiros e, 
efetivamente, pelo potencial futuro de geração de caixa (valor) do negócio.
Para concluir, pode-se destacar que esse trabalho de valuation e seus modelos de avaliação 
derivam diretamente de um planejamento financeiro e orçamentário bem-feito. Tal exercício 
matemático oferece dados e informações econômico-financeiras mais realistas possíveis, os quais 
possibilitam entender o desempenho passado da empresa e estimar como será o desempenho 
projetado (orçado).
Considerações finais
Considerando o momento pelo qual passam as economias mundiais, todo trabalho de 
planejamento financeiro e orçamentário bem-feito será sempre um esforço e um enorme desafio 
aos gestores das organizações. A necessidade de informações financeiras precisas e constantes, o 
rigor na elaboração de relatórios e demonstrativos contábeis e o significativo grau de exigência 
dos mercados externos para com os números publicados são atualmente fundamentais a qualquer 
negócio que deseje ser bem-sucedido em longo prazo.
Somado a isso, princípios morais, éticos e sociais permeiam as empresas da atualidade e 
exigem, assim, muito mais do que precisão na esfera econômico-financeira. A todo instante, buscam- 
-se ações e uma gestão voltadas aos princípios, às demandas sociais, às demandas dos mercados 
financeiros e de capitais do Brasil, bem como dos mercados com os quais a empresa se relaciona.
Tal realidade deriva do processo de globalização em curso, o qual modificou a gestão 
corporativa oferecendo simultaneamente novos mercados e novas perspectivas de ganhos e 
crescimentos. No entanto, ao mesmo tempo, cresceu a responsabilidade do gestor nesse contexto, 
pois, além do cuidado com a contabilização, montagem e publicação de demonstrações contábeis, 
relatório da diretoria, notas explicativas e parecer dos auditores, espera-se do gestor maior exatidão 
nas informações publicadas. Junto a essa capacidade de desenvolver tal trabalho, bem mais 
complexo, somou-se a necessidade de maior controle contábil-financeiro e orçamentário.
Desse modo, compreender as análises das demonstrações como parte do planejamento 
é a base para todo o processo de tomada de decisões. Portanto, atualmente exige-se desse 
profissional profundo conhecimento do que representa cada conta em particular e seus 
impactos no valor do negócio.
Nesse sentido, discutir a relevância e importância de cada conta representativa das mais 
diversas operações realizadas pela empresa (seja em suas atividades industriais, comerciais, 
financeiras ou de prestação de serviços) é a base de qualquer trabalho sério e voltado ao atendimento 
das demandasde acionistas e controladores.
Objetivos e desafios do administrador no século XXI 27
Ampliando seus conhecimentos
• ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Demonstrações financeiras e fluxo de 
caixa. In: ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. 
São Paulo: Atlas, 2002. p. 39-45.
O segundo caítulo da obra Administração financeira dará a você uma visão bastante 
ampliada a respeito das relações entre as mais importantes demonstrações financeiras de 
publicação obrigatória pelas empresas e os demonstrativos de fluxos de caixa, sendo estes 
essenciais para a administração da liquidez e definição do valor do negócio ao acionista.
• CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para 
a Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: http://static.
cpc.aatb.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf. Acesso em: 6 ago. 2019.
Indicamos a leitura do texto para conhecer em maiores detalhes o site do CPC. Toda 
a riqueza de informações nele existente é essencial e muito valiosa ao profissional e
estudante de finanças da atualidade. Essa leitura em particular é vantajosa por oferecer 
as regras e as estruturas das demonstrações contábeis em linha com as exigências legais 
para o caso brasileiro.
• CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico (CPC 26 – R1) – 
Apresentação das Demonstrações Contábeis. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.
br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2013.pdf. Acesso em: 6 ago. 2019.
Esse texto apresenta os requisitos gerais para a apresentação das demonstrações 
contábeis, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para seu conteúdo, além 
de aprofundar ainda mais o tema tratado neste capítulo ao trazer a definição e o uso de 
cada um dos demonstrativos contábeis, caso a caso.
Atividades
1. Como pensar a resolução de conitos existentes entre as exigências de elaboração e publicação 
de uma série de demonstrativos contábeis e a administração de informações condenciais e 
estratégicas da empresa? Será que é possível ser “transparente com o mercado e acionistas 
nas informações nanceiras e, ao mesmo tempo, cuidar do que é condencial e estratégico 
para a companhia?
2. Considerando os deveres e as responsabilidades do gestor nanceiro quanto aos 
recursos nanceiros da empresa, quais as habilidades e condições exigidas para que esse 
prossional possa trabalhar executando o seu trabalho de coleta, elaboração e publicação de 
demonstrativos nanceiros dentro dos mais rígidos princípios éticos e prossionais?
Planejamento financeiro e orçamentário28
3. Com base nos deveres e nas responsabilidades do gestor nanceiro quanto à correta 
avaliação do negócio de uma empresa pelo conceito de valuation, qual a importância de uma 
companhia de capital aberto, como a Petrobras, fornecer avisos aos acionistas e ao mercado 
em geral? Analise de que forma esses comunicados podem impactar e modicar a percepção 
dos acionistas a respeito do futuro e do valor da empresa.
Referências
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
CVM. Lei 6404/76. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/legislacao/leis-decretos/
lei6404.html. Acesso em: 31 jul. 2019.
DCI. Alto custo de capital e inviabilidade de investimentos são impasses no Brasil. São Paulo, 5 set. 2018. 
Disponível em: https://www.dci.com.br/economia/alto-custo-de-capital-e-inviabilidade-de-investimentos-
s-o-impasses-no-brasil-1.737942. Acesso em: 31 jul. 2019.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Pearson, 2012.
PADOVEZE, C. L. Planejamento orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
PETROBRAS. Modelo e diretrizes de governança. Relações com investidores. Rio de Janeiro, 2019a. 
Disponível em: https://www.investidorpetrobras.com.br/pt/governanca-corporativa/modelo-e-diretrizes-
de-governanca. Acesso em: 31 jul. 2019.
PETROBRAS. Petrobras conclui a venda da TAG. Relações com investidores. Rio de Janeiro, 2019b. Disponível 
em: https://www.investidorpetrobras.com.br/ptb/14989/9512_696003.pdf. Acesso em: 31 jul. 2019.
3
A tomada de decisões de investimento e nanciamento
Neste capítulo, teremos dois grandes objetivos de aprendizagem. Primeiramente, vamos 
discutir o importante papel das decisões de investimento e financiamento no dia a dia das empresas. 
Em seguida, trataremos da relação entre a gestão financeira de uma companhia e a realidade 
econômica do país e do mercado na qual está inserida.
Nos dois casos, o gestor financeiro precisa estar plenamente familiarizado com os números 
apurados nos mais diversos demonstrativos financeiros disponibilizados pelas empresas, além de 
conhecer princípios e compreender a dinâmica de como a situação econômica de um país impacta 
significativamente nos resultados corporativos.
Nesse sentido, percebemos que tanto as decisões de investimento e financiamento quanto 
o devido conhecimento dos impactos da realidade econômica do país na gestão dos negócios 
são importantes e essenciais para um correto planejamento orçamentário da empresa. Portanto, 
o planejamento e o controle financeiro – somados à administração de ativos e passivos – são 
determinantes para efetivas e adequadas decisões de investimentos.
Considerando o conjunto dessas funções financeiras, faz-se necessário incluir o que 
denominamos decisão de alocação de resultado líquido (ou decisão de dividendo). Ou seja, todo 
planejamento financeiro e orçamentário precisa focar no desempenho e nos resultados das 
atividades empresariais (indústrias, serviços ou comércios) e contemplar, ao final da apuração do 
lucro líquido, a distribuição de parte desse resultado aos acionistas sob a forma de dividendos.
3.1 Tomada de decisão: investimento e financiamento
Devemos sempre lembrar que todo investimento de capital é a base que 
possibilita à empresa atingir seus objetivos, ou seja, a maximização da riqueza 
dos proprietários no longo prazo e a garantia do retorno esperado aos acionistas. 
Tais investimentos de longo prazo são o que efetivamente sustentam a empresa 
no atingimento de seus objetivos. Somado a isso, e conforme defendem Assaf 
Neto e Lima (2014), a administração financeira de uma empresa deve concentrar sua atuação 
em quatro essenciais funções, a saber: execução do planejamento financeiro, controle financeiro, 
administração de ativos e administração de passivos.
Na execução do planejamento financeiro, o administrador deve contemplar as necessidades 
de crescimento da empresa e antecipar eventuais dificuldades. Tal planejamento deve possibilitar-
-lhe selecionar com maior segurança “os ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios 
da empresa, de forma a estabelecer uma rentabilidade mais satisfatória sobre os investimentos 
(ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 12).
Vídeo
Planejamento financeiro e orçamentário30
Um efetivo controle financeiro deve possibilitar aos gestores avaliarem o desempenho 
organizacional por meio das informações disponibilizadas pelos diversos demonstrativos 
contábeis. Nesse sentido, o controle financeiro dá acesso aos números de vendas, custos, 
despesas, margens e lucros, além de possibilitar a análise “de desvios que venham a ocorrer entre 
os resultados previstos e realizados, assim como propostas de medidas corretivas necessárias 
(ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 12).
A correta e efetiva administração de ativos possibilita ao gestor mensurar e avaliar 
adequadamente o nível de investimentos, viabilizando assim um gerenciamento mais eficiente dos 
riscos e retornos existentes no negócio. No que se refere à administração do capital de giro, deve-
se efetuar uma administração dos ativos que resulte no controle efetivo das necessidades de caixa 
(recursos) do negócio no tempo, em razão das “defasagens que podem ocorrer entre entradas e 
saídas de dinheiro de caixa (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 12).
É necessário definir uma estrutura de capital próprioe de terceiros do negócio da forma 
mais adequada possível “em termos de liquidez, redução de seus custos e risco financeiro (ASSAF
NETO; LIMA, 2014, p. 12). Consequentemente, deve-se possibilitar uma administração de passivos 
(recursos de terceiros) dentro de limites que atendam à necessidade da empresa, à manutenção e à 
expansão de seus negócios, acionistas e credores.
Ainda segundo os autores, todas as decisões de investimento objetivam criar valor ao 
negócio. Quando nos referimos a esse conceito, estamos pensando no valor da empresa ao acionista 
(representado pelo efetivo preço das ações da companhia no mercado) e na sua capacidade de 
gerar lucros e pagar dividendos. Assim:
Todo investimento mostra-se economicamente atraente quando o seu retorno 
esperado exceder a taxa de retorno exigida pelos proprietários de capital (credores 
e acionistas), ou seja, ao custo total do capital. É importante destacar que essas 
decisões se inserem no âmbito do planejamento estratégico da empresa, e são 
reflexo de planos futuros traçados para a condução dos negócios. Refletem, 
em outras palavras, um compromisso com a continuidade e viabilidade do 
empreendimento. (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 13)
É importante perceber que tal definição coloca sob a responsabilidade da gestão financeira 
o trabalho de análise e a seleção do investimento de longo prazo da empresa. Isso porque, segundo 
os autores, cabe ao gestor medir o montante de recursos empenhados no negócio, administrar o 
fluxo de caixa do período e aplicar adequadamente as técnicas apropriadas de tomada de decisões 
com base nos resultados obtidos.
Com o tempo, ativos imobilizados em máquinas e equipamentos e demais itens diretamente 
ligados à atividade-fim do negócio se tornam obsoletos e desatualizados, o que exige manutenções e 
substituições por itens de maior valor agregado ou tecnologicamente mais avançados. Desse modo, 
Gitman (2012, p. 236) afirma que “toda decisão financeira na empresa normalmente precisará passar 
pela análise do Orçamento de Capital que […] engloba a avaliação e seleção dos investimentos 
voltados a atender o objetivo empresarial de maximização de riqueza dos acionistas. Segundo o autor,
As empresas costumam fazer muitos tipos de investimento de longo prazo, mas 
os mais comuns entre as indústrias são em ativos imobilizados, que abrangem 
terrenos, instalações e equipamentos. Esses ativos, às vezes chamados de ativos 
A tomada de decisões de investimento e financiamento 31
geradores de lucros, costumam dar base à rentabilidade e ao valor do negócio. 
(GITMAN, 2012, p. 326)
No entanto, qual a razão do investimento de capital na companhia? Todo investimento de 
capital objetiva possibilitar à empresa continuar a produzir bens ou prestar serviços em longo 
prazo. Ou seja, trata-se de todo desembolso em aquisição de ativos imobilizados1, ou gastos com 
substituição, reforma ou melhoria tecnológica de máquinas e equipamentos, que possibilitem a 
expansão das operações e o consequente retorno positivo para a empresa no futuro.
Ainda assim, e com o objetivo de conhecer melhor a estratégia de tomada de decisão 
de investimentos, precisamos analisar o orçamento de capital como parte da rotina do gestor 
financeiro da atualidade. Gitman (2012) divide o processo de orçamento em cinco etapas, as quais 
possibilitam analisar e tomar decisões de investimento e, não menos importante, ter maior precisão 
de estimativas de fluxo de caixa por parte dos administradores.
O processo contempla na sua etapa inicial a geração de proposta, feita nos mais diversos 
níveis organizacionais, e seus valores. Em seguida, o autor menciona a etapa de revisão e análise 
de toda a viabilidade econômico-financeira do investimento proposto. Em terceiro, a etapa de 
tomada de decisão determina os valores e limites de dispêndios por departamento, função ou área 
dentro da empresa. Por fim, as etapas de implementação e acompanhamento possibilitam a efetiva 
concretização e o monitoramento de todas as demais etapas, a fim de concluir o projeto dentro dos 
limites financeiros predefinidos.
O Plano diretor de negócios e gestão (entre 2019 e 2023) da Eletrobras (ELETROBRAS, 
2018), grande estatal do setor elétrico brasileiro, é uma excelente fonte de informação a respeito 
de como um trabalho de investimento de capital é efetivamente desenvolvido e aplicado por uma 
companhia de capital aberto. No referido PDNG da Petrobras, vemos de maneira bastante sucinta 
etapas, objetivos, estratégias e custos de investimentos envolvidos em sintonia com o planejamento 
financeiro e orçamentário da companhia para um período de cinco anos. Logo no início do PDNG 
da empresa, o disclaimer2 afirma que:
Riscos e incertezas conhecidos incluem, mas não se limitam a: condições 
econômicas, regulatórias, políticas e comerciais gerais no Brasil e no exterior, 
variações nas taxas de juros, inflação e valor do Real, mudanças nos volumes 
e padrão de uso de energia elétrica pelo consumidor, condições competitivas, 
nosso nível de endividamento, a possibilidade de recebermos pagamentos 
relacionados a nossos recebíveis, mudanças nos níveis de chuvas e de água 
nos reservatórios usados para operar nossas hidrelétricas, nossos planos de 
financiamento e investimento de capital, regulamentações governamentais 
existentes e futuras, e outros riscos descritos em nosso relatório anual e outros 
documentos registrados perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e 
U.S. Securities and Exchange Commission (SEC). (ELETROBRAS, 2018, p. 4)
1 Segundo Assaf Neto e Lima (2014, p. 207), “os investimentos são considerados permanentes quando não destinados
à negociação, mas dirigidos para produzirem benefícios à investidora mediante sua participação nos resultados
de empresas investidas, ou para obtenção de bom relacionamento com os clientes ou fornecedores [...]”. Os autores
destacam ainda que o imobilizado “inclui todos os bens de longa duração (permanentes), que não se destinam a venda, e
utilizados nos negócios da empresa” (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 207).
2 O uso de um disclaimer (resumo explicativo) é prática comum nas empresas de Sociedade Anônima (S.A.) de capital
aberto quando da apresentação de informações econômico-financeiras e operacionais relacionadas à sua atividade, a
orçamentos, a fatos relevantes e a planejamentos para o público externo que possam, direta ou indiretamente, impactar
no valor do negócio e na decisão de investimentos por parte dos acionistas ou do mercado. Vide slide de número quatro
do Plano diretor de negócios e gestão, do período entre 2019 e 2023 (ELETROBRAS, 2018).
Planejamento financeiro e orçamentário32
É importante lembrar que todo planejamento estratégico de investimentos engloba e 
exige a correta mensuração de riscos e retornos esperados. Tal realidade demanda que ele seja, 
portanto, o mais abrangente possível e contemple as mais diversas áreas da organização, como a de 
contabilidade e os setores financeiros, regulatórios, comerciais e, não menos importante, de análise 
dos cenários macro e microeconômico. Tal exercício de planejamento é, por fim, essencial à correta 
e precisa decisão de investimento e à influência gerada no negócio em longo prazo.
3.2 Economia nacional e seu impacto nos negócios das empresas
Quando nos referimos ao cenário macroeconômico de um país, estamos 
tratando de temas específicos, como inflação, câmbio, taxas de juros, crédito, geração 
de emprego, renda e taxa de desemprego. Sabemos que todos esses indicadores
econômicos afetam, direta e indiretamente, os mercados financeiros de um país e, 
consequentemente, o desempenho operacional, os resultados e a lucratividade das 
empresas.
A explicação para essa realidade, segundo Ross, Westerfield e Jaffre (2002, p. 59), decorre 
do fato de a tomada de decisão de investimentos e financiamento requerer “o conhecimento dos 
princípios econômicos básicos dos mercados financeiros. Assim, segundo esse entendimento, “os 
mercados financeiros podem ser usados pelos indivíduos

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