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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM LUIS ANGEL CENDEJAS MEDINA AVALIAÇÃO DO LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE E A AUTOEFICÁCIA EM PESSOAS COM DIABETES TIPO 2 FORTALEZA 2020 LUIS ANGEL CENDEJAS MEDINA AVALIAÇÃO DO LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE E A AUTOEFICÁCIA EM PESSOAS COM DIABETES TIPO 2 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Enfermagem na Promoção da Saúde. Linha: Intervenções de Enfermagem no cuidado do adulto em situação crítica. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Joselany Áfio Caetano. FORTALEZA 2020 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)) C389 Cendejas Medina, Luis Angel. AVALIAÇÃO DO LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE E A AUTOEFICÁCIA EM PESSOAS COM DIABETES TIPO 2 / Luis Angel Cendejas Medina. – 2020. 144 f. : il. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Fortaleza, 2020. Orientação: Prof. Dr. Joselany Áfio Caetano.. 1. Diabetes. 2. Letramento Funcional em Saúde. 3. Autoeficácia. I. Título. CDD 610.73 LUIS ANGEL CENDEJAS MEDINA AVALIAÇÃO LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE E A AUTOEFICÁCIA EM PESSOAS COM DIABETES TIPO 2 Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para à obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Enfermagem na Promoção da Saúde Linha: Intervenções de Enfermagem no cuidado do adulto em situação crítica. Aprovada em: ___/___/______. BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Prof.ª Dr.ª Joselany Áfio Caetano (Orientadora) Universidade Federal do Ceará (UFC) ___________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Lorena Pinheiro Barbosa (Membro Efetivo) Universidade Federal do Ceará (UFC) ______________________________________________ Prof.ª Dr.ª Lívia Moreira Barros (Membro Efetivo) Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) ________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Patrícia Neiva da Costa Pinheiro (Membro Suplente) Universidade Federal do Ceará (UFC) Dedico este trabalho com total respeito e admiração para Profa. Dra. Luciana de Freitas Campos. Existe um antes e depois em minha vida após que a conheci, sem sua inspiração eu nunca teria explorado minha capacidade, nem crescido tanto como pessoa e profissional, você marcou minha vida e motivou-me através de seu exemplo de luta, preparação e desempenho, OBRIGADO. AGRADECIMIENTOS A Deus por me permitir estar aqui, por me deixar viver está experiência, por ter me cuidado e protegido durante todo este processo, por ter sido tão generoso comigo. Me considero uma pessoa abençoada e grata com tudo o que tem feito e dado para mim ao decorrer da minha vida. Agradeço meus pais, Pedro Gerardo e Maria Guadalupe, por ter acreditado em mim desde sempre, por ter apoiado cada um dos meus desafios, por estar sempre presente para qualquer necessidade de cada um de seus filhos, pelo exemplo de luta e perseverança na hora de encarar cada desafio da vida, por todo o amor e carinho incondicional que tem dado para mim; e este, como cada uma das minhas realizações, é para vocês. Para meus irmãos e minha família, que sempre me deram uma palavra de alento e sempre me lembraram que tinha a capacidade e o folego suficiente para conseguir vencer esta etapa da minha vida. A minha querida e amada professora e orientadora Joselany Àfio Caetano, por ter me recebido com os braços abertos desde o primeiro dia sem sequer me conhecer, por ter acreditado em mim e em meu projeto, por ter tido paciência e tranquilidade comigo, por cada um dos conhecimentos e experiências compartilhadas, por sua disposição e bom senso, pelos risos e lembranças que ficaram para eternidade de nossa existência, por ser minha amiga e ao mesmo tempo ser quase minha mãe, não existem palavras para agradecer tudo o que ela fez por mim em tudo este tempo, só gratidão e admiração pela pessoa e grande profissional que ela é. Meu grupo de pesquisa que semana a semana discutia, trazia e compartilhava ideias, conhecimento, experiência e novas propostas. Por ter me deixado conhecer outros profissionais e grandes seres humanos com a mesma inquietude que a minha, jamais esquecerei esses momentos compartilhados com cada um deles, especialmente para Geórgia, Leticia, Fabiana, Mileidy, Viviane, Marina e Erika. Para meu amigo e irmão Erick Vinicius Amaral Nogueira, e sua família inteira, pelo acolhimento, por ter aberto as portas de sua casa para mim, pelo carinho que sempre tem sido demostrado e correspondido, sem esquecer a utopia onde sempre corríamos para ter esse espaço de tranquilidade onde a vida fica mais leve. A minha querida amiga Juliana de Lima Ribeiro, por sua ajuda incondicional, por cada uma das ocasiões em que me escuto e deu um conselho (uma palavra) para acalmar e tranquilizar minha ansiedade, por cada um dos momentos compartilhados, por sempre ter mostrado o lado positivo das dificuldades e sobre tudo por o ser humano tão cheio de bondade e carinho que ela é. Para cada um de meus Professores da pós graduação, pelo conhecimento compartilhado dentro e fora das aulas, por acordar minha curiosidade, por ampliar minha visão e meu senso, por resolver cada uma de minhas dúvidas e ser essa guia e luz neste caminho. Para meus colegas e amigos da pós-graduação em enfermagem, em especial para Leonardo, Lusiana, Juliana, Ravida, Tamires, Laura, Vivien e Luziene; a todos e cada um deles, pela atmosfera de harmonia que era criada sempre na sala no momento em que aconteceram as aulas, pelas experiências vividas, pelas piadas e risos, por ter me permitido conhecer um pouco de cada um de vocês, prazer ter trilhado este caminho junto com todos eles, foi uma turma maravilhosa, sem dúvida marcaram minha vida e ajudaram para me tornar uma melhor pessoa e melhor profissional. Sei que para nossa amizade não existe nem barreiras nem distancias. Para a Secretaria de Saúde do estado de Ceará e ao Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão, por permitir-me realizar minha pesquisa e dar as facilidades para que esta acontecera; agradecimento para cada um de seus trabalhadores, em especial e com muito carinho para Katia, Maria do Carmo, Marilia, Iris, Vera e Waldivia. Para TODAS e cada uma de todas aquelas pessoas que apareceram na estrada e são parte deste processo (sucesso): Bruno Souza, Yann Nogueira, Anabel Rojas, Aaron Abasolo, Gerardo Alfonso, Carolina Bracho, Octavio Garcia, Reinaldo Gutierrez, Maria da Penha e muitas outras pessoas, com vocês tudo ficou mais leve, OBRIGADO! Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro, o qual foi fundamental para a concretização de todas as etapas de estudo e elaboração desta pesquisa. “De nossos medos nascenossa ousadia e em nossas duvidas moram nossas certezas. Os sonos anunciam outra possível realidade e os delírios, outra razão. Em nossas perdas encontramos nossas descobertas, precisamos nos perder para nos encontrar novamente” (Eduardo Galeano). RESUMO Introdução: A educação em saúde é uma das principais ferramentas utilizada pelos enfermeiros na ajuda das pessoas com diabetes tipo 2 para atingir o controle da doença. Assim, informações claras, individualizadas e específicas acerca da doença e tratamento são essenciais para retardar e/ou evitar complicações. No entanto, a capacidade de confiança em realizar as atividades de cuidado que a doença demanda é outra parte essencial neste processo de cuidado e controle da doença. Portanto, torna-se necessário avaliar o nível de Autoeficacia (AE) e o Letramento Funcional em saúde (LFS) nas pessoas com diabetes tipo 2. Objetivo: Analisar o Letramento Funcional em Saúde e a Autoeficácia em pessoas com Diabetes tipo 2. Método: Trata-se de Estudo descritivo transversal correlacional realizado durante os meses de setembro e outubro de 2019. A amostra foi composta por 196 pessoas com DM2. Para coletar os dados foi utilizado os seguintes instrumentos: formulário com variáveis sociodemográficas e clínicas; a escala DMSES para mensurar a Autoeficácia e, por último, o instrumento B-TOFHLA que avaliou o Letramento Funcional em Saúde. Foi testada a normalidade (Shapiro Wilk) da distribuição dos dados obtidos, escore de AE e LFS, ao não obter normalidade na distribuição dos dados, se analisou cada um por separado (AE e LFS), utilizando o analise bivariado (Mann-Whitney e Kruskal walls), junto com as variáveis mensuradas e desse modo corroborar significância estatística (p<0,05) com o LFS e AE. Resultados: Houve predomínio de mulheres (52,04%), com companheiro (56,63%), escolaridade >9 anos (66,30%), tempo de diagnóstico em média de 13,66 anos, predominou o uso de hipoglicemiantes orais e insulina (44,90%), sobrepeso (44,90%), hipertensão (62,24%). A maior parte da população apresentou valores alterados de glicemia (68,88%) e hemoglobina glicada (94,39%). Em relação à média da escala de AE foi de 4,01 pontos e 55,1 % da população apresentou alta AE. Em quanto ao LFS a média foi de 74,75 (dp ±16,35) pontos e houve prevalência de um LFS adequado (57,14%). Houve significância estatística entre AE e as seguintes variáveis: idade (p<0,05), anos de estudo (p<0,05), tempo de diagnostico (p<0,05), uso da internet (p<0,05), hemoglobina glicada (p<0,05), com relação ao LFS, verificou-se associação estatisticamente significante com: idade (p<0,05), escolaridade (p<0,05), uso da internet (p<0,05) e a presença de AVC (p<0,05). Conclusão: A maior parte dos participantes apresentou um grau adequado de Letramento Funcional em Saúde e alta autoeficácia no cuidado em diabetes; contudo, não houve associação com significância estatística entre o LFS e AE, conseguimos observar que pessoas com um LFS adequado obtiveram maior pontuação na escala de AE em comparação com quem obteve um LFS inadequado. De modo que a presença do LFS e da AE é de grande ajuda para o tratamento medicamentoso e não medicamentoso (controle glicêmico, exercício físico, dieta) e prevenção de complicações. Palavras-chave: Diabetes. Letramento funcional em saúde. Autoeficácia. ABSTRACT Introduction: Health education is one of the main tools used by nurses to help people with type 2 diabetes to achieve disease control. Thus, clear, individualized and specific information about the disease and treatment are essential to delay and / or avoid complications. However, the ability to confidently perform the care activities that the disease requires is another essential part of this process of care and disease control. Therefore, it is necessary to assess the level of Self-efficacy (SE) and Health Literacy (HL) in people with type 2 diabetes. Objective: To analyze Functional Health Literacy and Self- efficacy in people with type 2 Diabetes. Method: This is a descriptive cross-sectional correlational study conducted during the months of September and October 2019. The sample consisted of 196 people with DM2. To collect the data, the following instruments were used: form with sociodemographic and clinical variables; the DMSES scale to measure Self-efficacy and, finally, the B-TOFHLA instrument that assessed Functional Health Literacy. Was tested the normality (Shapiro Wilk) of the distribution of the obtained data SE and HL score, when not obtaining normality in the data distribution, each one was analyzed separately (SE and HL), using the bivariate analysis (Mann-Whitney and Kruskal walls), together with the measured variables and thus corroborating statistical significance (p <0.05) with the HL and SE. Results: There was a predominance of women (52.04%), with a partner (56.63%), education > 9 years (66.30%), time of diagnosis on average of 13.66 years, the use of oral hypoglycemic agents and insulin predominated (44.90%), overweight (44.90%), hypertension (62.24%). Most of the population presented altered values of glycemia (68.88%) and glycated hemoglobin (94.39%). In relation to the average of the SE scale it was 4.01 points and 55.1% of the population presented high SE. Regarding the HL, the average was 74.75 (SD ± 16.35) points and there was a prevalence of an adequate HL (57.14%). There was statistical significance between SE and the following variables: age (p <0.05), years of study (p <0.05), time since diagnosis (p <0.05), internet use (p <0.05) ), glycated hemoglobin (p <0.05), regarding LFS, there was a statistically significant association with: age (p <0.05), education (p <0.05), internet use (p <0 , 05) and the presence of stroke (p <0.05). Conclusion: Most participants had an adequate degree health literacy and high self-efficacy in diabetes care; however, there was no statistically significant association between the HL and SE, we were able to observe that people with an adequate HL obtained higher scores on the SE scale compared to those who obtained an inadequate HL. So, the presence of HL and SE are of great help for drug and non-drug treatment (glycemic control, physical exercise, diet) and prevention of complications. Key Words: Diabetes. Health Literacy. Self-Efficacy LISTA DE FIGURAS Figura 1- Diagrama do Modelo Teórico da Autoeficácia de Albert Bandura...................... 21 Figura 2- Diagrama do Modelo Teórico da Autoeficácia de Albert Bandura, adaptado para autoeficácia em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 ................................................... 23 Figura 3- Distribuição Escore de Autoeficácia DMSES, segundo Níveis de Letramento Funcional em Saúde (B-TOFHA) ..................................................................................... 52 Figura 4- Mapa de variáveis com significância estatística na Autoeficácia e no Letramento Funcional em Saúde das pessoas com DM2. Fortaleza- CE, 201 ...................................... 61 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Caraterísticas sociodemográficas das pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 (AE e LFS). Fortaleza, CE, 2019. ............................................................................................... 43 Tabela 2- Características clínicas das pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 (AE e LFS).. Fortaleza, CE, 2019. ......................................................................................................... 44 Tabela 3- Distribuição da amostra, segundo dados das variáveis que faz referência as comorbidades presentes na população. Fortaleza, CE, 2019. ............................................ 45 Tabela 4- Distribuição das pessoas com DM tipo 2, segundo valores da glicemia e hemoglobinaglicada. Fortaleza, CE, 2019........................................................................ 46 Tabela 5- Distribuição das medidas de tendência central dos domínios da Escala de Autoeficácia (DMSES). Fortaleza, CE, 2019. ................................................................... 47 Tabela 6- Classificação da Escala DMSES (AE), em Pessoas com Diabetes Mellitus tipo2. Fortaleza, CE, 2019. ......................................................................................................... 47 Tabela 7- Avaliação da média dos itens da DMSES para amostra estudada. Fortaleza, CE, 2019. ................................................................................................................................ 48 Tabela 8- Pontuação Total do instrumento B-TOFHLA (LFS), em pessoas com Diabetes Mellitus tipo2. Fortaleza, CE, 2019. ................................................................................. 49 Tabela 9- Classificação do nível de Letramento Funcional em Saúde de pessoas com Diabetes Mellitus Tipo2. Fortaleza, CE, 2019. ................................................................. 50 Tabela 10- Análise associação (bivariada) entre o LFS em categorias por domínio do Escore da Escala de Autoeficácia DMSES. Fortaleza, CE. 2019 .................................................. 51 Tabela 11- Analise de associação (bivariada) entre o LFS em forma numérica (contínua) por domínio da Escala de Autoeficácia DMSES. Fortaleza, CE, 2019. ................................... 51 Tabela 12- Analise de associação (bivariada) entre o escore da escala DMSES (AE) e as categorias do instrumento B-TOFHLA (LFS) das pessoas com DM2. Fortaleza, CE, 2019. ........................................................................................................................................ 52 Tabela 13- Análise bivariada das características sociodemográficas e clínicas por domínio do Escore da Escala de Autoeficácia DMSES. Fortaleza, CE, 2019. ................................. 55 Tabela 14- Associação das variáveis contínuas (sociodemográficas e clínicas) por domínio da Escala de Autoeficácia DMSES. Fortaleza, CE, 2019 .................................................. 57 Tabela 15- Analise Bivariada entre as variáveis sociodemográficas e clínicas, associadas com LFS (B-TOFHLA) das pessoas com DM2. Fortaleza, CE, 2019. .............................. 58 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADA American Diabetes Association AE AVC Autoeficácia Acidente Vascular Cerebral B-TOFLHA Brief Test of funtional Healt Literacy in Adults CEP CNS DCNT Comitê de ética em Pesquisa Conselho Nacional de Saúde Doenças Crônicas Não Transmissíveis DM Diabetes Mellitus DM2 HbA1c IBGE IDF Diabetes Mellitus tipo 2 Hemoglobina Glicada Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica Institution Diabetes Federation LFS Letramento Funcional em Sáude MFCCHL Measure of Functional, Communicative and Critical Health Literacy OMS Organização Mundial da Saúde REALM SM The Rapid Estimate of Adult Literacy in Medicine Salario Minimo S-TOFLHA SUS SIH-SUS Short Test of Funtional Health Literacy in Adults Sistema Unico de Saúde Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TOFLHA Test of Funtional Health Literacy in Adults WHO World Health Association SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 9 2.1 Geral ........................................................................................................................ 9 2.2 Específicos ............................................................................................................... 9 3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 10 3.1 Viver com diabetes: tratamento e dificuldades de adesão ........................................ 10 3.2 Papel da enfermagem junto à equipe multidisciplinar na adesão ao tratamento ....... 16 4 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 19 4.1 Autoeficácia em diabetes ........................................................................................ 19 4.2 Letramento funcional em saúde na diabetes ............................................................ 26 5 METODOLOGIA ............................................................................................................. 32 5.1 Tipo de estudo ........................................................................................................ 32 5.2 Local do estudo ...................................................................................................... 32 5.3 População e amostra do estudo ............................................................................... 33 5.4 Coleta de dados ...................................................................................................... 34 5.4.1 Operacionalização da coleta de dados .............................................................. 34 5.4.2 Teste Piloto ...................................................................................................... 35 5.5 Instrumentos de coleta de dados ............................................................................. 36 5.6 Variáveis do estudo ................................................................................................. 36 5.6.1 Sociodemográficas .......................................................................................... 36 5.6.2 Do perfil clínico............................................................................................... 37 5.6.3 Relacionadas às comorbidades ......................................................................... 37 5.6.4 Instrumento de Letramento Funcional em Saúde (B-TOFHLA) .................. 38 5.6.5 Escala de autoeficácia para pacientes diabéticos (DMSES) .............................. 40 5.7 Análise dos dados ................................................................................................... 41 5.8 Aspectos ético-legais .............................................................................................. 42 6 RESULTADOS ................................................................................................................. 43 6.1 Características sociodemográficas e clínicas das pessoas com DM tipo 2................ 43 6.2 Autoeficácia no controle da doença para pessoas com Diabetes Mellitus ................ 47 6.3 Escala do Letramento Funcional em Saúde ............................................................. 49 6.4 Associação entre AE e LFS ..................................................................................... 50 6.5 Relação entre a autoeficácia com as características sociodemográficas e clinicas em pessoas com diabetes tipo 2 .......................................................................................... 53 6.6 Relação entre o letramento funcional em saúde com as características sociodemográficas e clinicas em pessoas com diabetes tipo 2 ....................................... 58 7 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 62 8 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 75 9 LIMITAÇÕES DO ESTUDO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................... 77 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................79 APENDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................ 102 APENDICE B - INSTRUMENTO PARA COLETAR OS DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS ................................................................................................ 104 ANEXO A - TESTE DE LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE (B-TOFHLA) ........ 105 Perguntas para parte numérica do teste B-TOFHLA (Anexo A) .......................................... 106 ANEXO B - ESCALA DE AUTOEFICÁCIA NO CONTROLE DO DIABETES PARAPACIENTES COM DIABETES TIPO 2 ...................................................................111 ANEXO C- AUTORIZAÇÃO PARA USO DA ESCALA DMSES .................................... 112 ANEXO D – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DA SESA ........................................................................................................................... 113 ANEXO E – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ........................................................................................................................ 113 file:///C:/Users/Luis%20Medina/Downloads/Dissertação%20Luis_revisão%20final-27.2.20.doc%23_Toc33718083 file:///C:/Users/Luis%20Medina/Downloads/Dissertação%20Luis_revisão%20final-27.2.20.doc%23_Toc33718083 file:///C:/Users/Luis%20Medina/Downloads/Dissertação%20Luis_revisão%20final-27.2.20.doc%23_Toc33718084 file:///C:/Users/Luis%20Medina/Downloads/Dissertação%20Luis_revisão%20final-27.2.20.doc%23_Toc33718084 APRESENTAÇÃO O objetivo desta dissertação é analisar a Autoeficácia e o Letramento Funcional em Saúde das pessoas com Diabetes Mellitus do tipo 2, na Atenção Básica de Saúde, além de identificar possíveis associações entre a autoeficácia e o letramento, junto com as variáveis sociodemográficas e clínicas mensuradas. A aproximação com as pessoas com Diabetes Mellitus aconteceu muito cedo na minha vida, já que alguns membros próximos da minha família, como avós e tios, sofrem, sofreram e morreram de diabetes, o que marcou parte da minha infância e adolescência. Na época da minha graduação, no curso da Licenciatura em Enfermagem e Obstetrícia na Cidade de Irapuato, Guanajuato, México, tive a oportunidade de fazer estágios nos diferentes postos de saúde e hospitais que estão distribuídos por toda a cidade. Na ocasião, percebi aumento do número de pessoas com essa doença, com acometimento em diferentes faixas etárias e várias complicações que demandavam atenção multiprofissional, além de identificar as inúmeras demandas de pessoas com diabetes. Como enfermeiro assistencial em uma unidade de saúde, percebi que muitas pessoas apresentavam déficit de conhecimento relacionado à doença, com dificuldades para usar corretamente a medicação prescrita, seguir a dieta ou modificar o estilo de vida, embora haja constante orientação por parte da equipe multidisciplinar. Observei, ainda, que a não adesão ao tratamento e o comportamento inadequado de autocuidado desencadeiam complicações agudas e/ou crônicas. Ademais, no ambiente hospitalar, tive oportunidade de prestar cuidados a várias pessoas com complicações macrovasculares e microvasculares, decorrentes da persistência do estado hiperglicêmico, pois o não reconhecimento e tratamento desta condição causa progressiva deterioração metabólica, podendo originar sequelas graves. Assim, várias inquietações surgiram durante essa prática profissional e foram estes questionamentos que me levaram a desenvolver pesquisa com diabetes, com destaque para a autoeficácia e o letramento funcional em saúde, por entender a importância destes no contexto da pessoa com diabetes. Nesse sentido, cabe aos enfermeiros, junto com os demais membros da equipe multidisciplinar em saúde, a responsabilidade de promover estratégias de educação em saúde, visando maior controle glicêmico e adesão ao plano terapêutico. Desta forma, a necessidade de compreender a presença da autoeficácia e o letramento funcional em saúde nas pessoas com diabetes, assim como a identificação das variáveis associadas com a presença destes conceitos. 1 1 INTRODUÇÃO As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como as doenças cardiovasculares, respiratórias, cânceres e diabetes, são responsáveis por cerca de 70% dos óbitos no mundo, estimando-se 38 milhões de mortes anuais. Destes, 16 milhões ocorrem em pessoas com menos de 70 anos de idade e quase 28 milhões em países de baixa e média renda (WHO, 2014; SCHMIDT et al., 2011). Inúmeras são as repercussões causadas pelas DCNT, com consequências para indivíduo, família e sociedade, acarretando diminuição da qualidade de vida e aumento dos custos da assistência à saúde (WHO, 2014). Mudanças de hábitos que impliquem realização de ações que motivem adaptações para um viver saudável, como prática de atividades físicas, uso de medicamentos e outras terapias, controle e monitoramento da saúde por meio de exames, dentre outras mudanças incorporadas para o bem-estar da pessoa, são imprescindíveis (ARRUDA; SILVA, 2012). Entre as DCNT, destaca-se o Diabetes Mellitus (DM), caracterizado por um conjunto de alterações metabólicas e endócrinas, relacionadas à produção, ineficiência ou resistência celular à insulina, o que acarreta aumento da glicose sanguínea (ADA, 2016). O aparecimento do DM pode estar associado a fatores hereditários, ambientais e de estilos de vida, representados pelas formas mais comuns, como o DM tipo 1, que ocorre, predominantemente, na infância ou adolescência, podendo acometer adultos jovens, caracterizando-se pela destruição das células produtoras de insulina (células β), localizadas no pâncreas. E o DM tipo 2, com ocorrência em adultos e idosos, caracterizado pela presença de defeito progressivo na secreção de insulina, bem como pela resistência insulínica das células corporais. E, ainda, pode se ressaltar a DM gestacional, geralmente diagnosticada no segundo ou terceiro trimestre da gestação; e outros tipos específicos de DM, devido a outras causas, como doença do pâncreas, uso de drogas, necessidade de tratamentos bioquímicos específicos, como para HIV/Aids, ou após transplantes (ADA, 2015). De acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2015), uma epidemia da doença está em curso, com aproximadamente 200 milhões de pessoas com diabetes no mundo e com projeção para 300 milhões, em 2030. Cerca de dois terços 2 desse número vivem nos países em desenvolvimento, cuja epidemia acontece com maior intensidade. Dados epidemiológicos preveem que a doença atingirá 640 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos de idade até 2040, mundialmente (WHO, 2013). Nesse contexto, o Diabetes Mellitus do tipo 2 (DM2) tem alcançado proporções alarmantes. Em 2015, na América Latina, quase 250 mil adultos morreram em decorrência de diabetes, sendo que metade das mortes ocorreu no Brasil (IDF, 2015). A International Diabetes Federation estimou a prevalência de diabetes, no Brasil, em 8,7%, em 2017 (IDF, 2017), o que representa aumento gradual de 62% nas últimas três décadas. Esta crescente prevalência de diabetes aumentou para 60% a taxa de risco atribuível para doenças cardiovasculares associadas ao diabetes (BRASIL, 2015). Os dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) mostraram que as internações por DM apresentaram elevação, quando comparados aos anos de 2002 e 2012, sendo que, no primeiro ano mencionado, a cada 100 mil habitantes, a taxa de internação foi de 69,71 e, após 10 anos, a taxa aumentou para 76,98. Ao verificar esses dados, nas cinco regiões brasileiras, houve aumento expressivo de internação nas Regiões Norte e Nordeste (SANTOS et al., 2015). No mesmo sentido, Santos et al. (2014) analisaram as internações hospitalares com diagnóstico principal de Diabetes Mellitusno Estado do Ceará, entre os anos 2001 e 2012, obtendo total de 51.317 hospitalizações, a maioria do sexo feminino (58,4%), sendo o ano 2011 com a maior taxa de internação (99,3), manifestando-se entre a faixa etária de 40 a 60 anos, em homens e mulheres. Em síntese, o diabetes torna-se uma das doenças crônicas priorizadas a nível global, uma vez que durante evolução e pela dependência do controle metabólico, pode resultar em complicações agudas e crônicas (IDF, 2015; SBD, 2016). Entre as complicações agudas, têm-se: hiperglicemia, hipoglicemia e cetoacidose (KITABCHI, 2001). As complicações crônicas do diabetes são caracterizadas pelas alterações vasculares que acarretam consequências sérias para diferentes órgãos-alvos, como coração, cérebro, rins e problemas na circulação periférica (SBD, 2017). A consequência disso é o aumento de três a quatro vezes na morbimortalidade cardiovascular, sendo a principal causa de morte das pessoas com diabetes (ADA, 2016). Podem ser classificadas em: a) 3 macrovasculares, as que afetam as artérias de forma geral, produzindo a doença cardíaca coronariana, cerebrovasculares e vasculares periféricas; b) microvasculares, que incluem a retinopatia, nefropatia e neuropatia e; c) o pé diabético, que aparece como consequência da neuropatia e de complicações de origem microvascular (SBD, 2017; VAN WIJNGAARDEN et al., 2017). Da população com diabetes, considera-se que pelo menos entre 15% e 25% irão desenvolver complicações nas extremidades inferiores, variando entre 7% e 40% que desenvolverão retinopatia ao longo da vida, de acordo com estudos realizados no Brasil (SCHELLINI et al., 2014; ALAD, 2018). Diante disso, tem-se a preocupação em criar estratégias para reduzir e, especialmente, prevenir as complicações que podem se apresentar nesse contexto. No Brasil, criou-se o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT, elaborado pelo Ministério da Saúde, em parceria com vários ministérios, instituições de ensino e pesquisa, ONG da área da saúde, entidades médicas, associações de portadores de doenças crônicas, entre outros (BRASIL, 2011). Esse Plano de Enfrentamento de DCNT visa desenvolver e implementar políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis, baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e respectivos fatores de risco, além de apoiar os serviços de saúde, tendo como principal objetivo atingir as populações mais vulneráveis, como as de baixa renda e escolaridade (MALTA; SILVA, 2013) No mesmo sentido, Nather et al. (2018) destacam que a chave para prevenção de complicações nas pessoas com diabetes é a educação, pois inúmeras são as dificuldades no manejo da doença, com destaque para adesão à dieta prescrita e realização de atividade física. As diretrizes internacionais enfatizam a importância da educação na fase inicial da doença, para evitar o desenvolvimento de complicações (VAN NETTEN et al., 2016). Estudos têm constatado resultados positivos em estratégias educativas que utilizam concepções pedagógicas ativas no processo de ensino com indivíduos diabéticos, os quais ressaltam que pacientes que recebem cuidado clínico, incentivo de profissionais da saúde para autocuidado e acompanhamento regular, apresentam melhora tanto nos parâmetros glicêmicos quanto na prevenção das complicações agudas dessa patologia (JARVIS et al., 2010; PEREIRA et al., 2012). 4 Assim, evidencia-se a educação em saúde como ferramenta indispensável para o estabelecimento de estratégias que abordem a importância do cuidado e controle para saúde desses indivíduos, com destaque para o trabalho multiprofissional, em diferentes unidades de saúde. De acordo com Costa et al. (2011), além da disponibilização de informações, a pessoa com diabetes precisa ser orientada para ações de autocuidado, com vistas à adesão ao tratamento medicamento e não medicamentoso, sendo sujeito ativo no processo saúde- doença (WHO, 2003). A pessoa com DM deve estar sensibilizada sobre a importância de se promover saúde para melhorar a própria vida cotidiana. Assim, a promoção de saúde não se refere à busca de subsídios, para que a doença não se estabeleça, uma vez que no portador de DM, ela já se instalou; o enfoque, neste caso, refere-se à importância de que a pessoa com DM se sensibilize que é possível levar uma vida saudável e normal, quando se vive com doença crônica (COSTA et al., 2011). Nessa direção, proposta de educação em saúde, com vista à promoção em saúde, está baseada no princípio de que o usuário, a partir da compreensão das informações fornecidas pelos serviços de saúde, faça livremente as próprias escolhas. Ao profissional, cabe, portanto, conhecer as crenças e os valores de usuários, para planejar ações. Na avaliação da efetividade do aspecto educativo, consideram-se o grau de entendimento que o usuário tem da situação e a mudança de comportamento, pois, neste enfoque, buscam-se as origens dos problemas de saúde nos fatores sociais, econômicos e políticos, cuja meta é gerar sensibilidade pública dos indivíduos sobre os interesses, principalmente de ordem econômica, que interferem nas condições de saúde da população (BECHTLUFF; ACIOLI, 2009). Salienta-se que as ações educativas estão inseridas no trabalho dos profissionais da saúde, principalmente na atuação de enfermeiros, cuja essência é o cuidado, envolvendo conjunto de ações, em que a educação em saúde é um dos elementos centrais. Nesse sentido, o controle do DM requer, além do tratamento medicamentoso, estratégias de educação em saúde. Assim, o enfermeiro deve encontrar procedimentos que sensibilizem as pessoas com DM para adoção de novos hábitos e estilo de vida (COSTA et al., 2011). 5 Alguns exemplos de atividades diárias que devem ser incluídas nas rotinas das pessoas com DM: idas regulares nas consultas médicas, uso de medicamentos, realização de exames laboratoriais periódicos, manutenção de dieta rigorosa e atividade física (WHO, 2016). Essas mudanças demandam conhecimentos, habilidades e autoconfiança para melhorar o comportamento de autocuidado e lidar com aspectos psicológicos associados com a doença (SAKOTO et al., 2014). A American Diabetes Association (ADA) recomenda aos promotores e educadores da saúde que considerem a carga do tratamento e os níveis de confiança/autoeficácia do paciente para obter bons comportamentos de cuidado (YOUNG- HYMAN et al., 2016). Ser autoeficaz é fator chave no autocuidado das doenças crônicas, como o diabetes (BRANDS; CUSTERS, 2017; DALLOLIO et al., 2018). A Autoeficácia (AE) é definida como julgamento das capacidades, crenças e habilidades dos indivíduos sobre o próprio desempenho em qualquer atividade ou ação específica para organizar e executar ações de cuidado por si (BANDURA, 2001; ADAM; FOLDS, 2014). Essa convicção de uma pessoa em realizar uma tarefa específica pode ser trabalhada e aumentada através do fornecimento de instruções claras, habilidades ou treinamento, de modo a motivar a pessoa ter um comportamento desejado (BANDURA, 1997). Essa descrição mostra que a autoeficácia das pessoas não é de natureza geral, mas está relacionado a situações e tarefas específicas (MAIBAC; MURPHY, 1995). A depender dos níveis de autoeficácia percebidos, os pacientes escolhem realizar mais tarefas, estabelecer metas mais altas e aderir melhor a estas. As ações são pré- formadas no pensamento e as pessoas antecipam cenários otimistas e pessimistas, de acordo com o nível de autoeficácia. Uma vez que uma ação é tomada, pessoas altamente eficientes investem mais esforço e persistem por mais tempo do que aquelas com pouca efetividade. Quando ocorrem contratempos, recuperam-se mais rapidamente e mantêm compromisso com os objetivos (BANDURA, 1994; 1997). Em face do exposto, percebe-se o quão fundamental se torna o conceito da autoeficácia e como tem sido incorporadoa diversos temas discutidos no setor saúde, como estratégia para se investigar a capacidade e confiança dos indivíduos em si, para adotar comportamentos e/ou estilos de vida saudáveis que previnam doenças ou propiciem o 6 manejo adequado de uma condição de adoecimento. Desse modo, colocando o conceito de autoeficácia no contexto do DM, os comportamentos direcionados aos objetivos referem-se a condutas que melhorem o autocuidado, em atividades como monitoramento glicêmico, controle dietético, cuidados com os pés e ingestão de medicamentos, conforme recomendado. Estudos sobre autoeficácia mostraram resultados positivos no manejo do autocuidado de pessoas com diabetes e têm se mostrado positivamente correlacionados com a melhora do controle do diabetes, através do autocuidado (GAO et al., 2013; WALKER et al., 2014). Pignone et al. (2005) revelam que ter inadequado LFS pode ter efeito negativo direto sobre a saúde. Esse efeito é particularmente importante para as condições que requerem integral e complexo autocuidado por parte do paciente, realidade de portadores de diabetes tipo 2, devido às barreiras para entender e utilizar informação de saúde, principalmente a informação escrita. No mesmo sentido, a literatura evidencia que o desconhecimento acerca da doença pode ter consequências graves na saúde do paciente, colocando-o em risco constante de morte (KO et al., 2013), em especial nos casos de pacientes diabéticos. Assim, o LFS inadequado tem sido associado ao aumento das disparidades de saúde, autocuidado malsucedido, desfechos de saúde precários, uso inadequado dos serviços de saúde, estado de saúde geral precário e altas taxas de mortalidade (BERKMAN et al., 2011). Portanto, o LFS inadequado representa barreira importante para educação de pacientes com doenças crônicas, e os esforços atuais para superar isso parecem não ter o sucesso esperado (BEGORAY; KWAN, 2012). Apesar das diferentes estratégias preventivas e informações empregadas para orientar as pessoas com diabetes, estudos indicam conhecimento inadequado relacionado com doença e o autocuidado, com destaque para ausência de controle glicêmico, desconhecimento dos parâmetros normais da glicemia, assim como carência de consciência dos riscos que poderiam desenvolver com a doença (ABU-QAMAR, 2014; NONGMAITHEM et al., 2016). No que se refere aos serviços de saúde, os profissionais que neles atuam podem, não raramente, apresentar insucesso na implementação de estratégias que contribuam para o aumento do conhecimento de pacientes. Portanto, para maximizar as chances de impactar 7 positivamente o autoconhecimento dos indivíduos sobre as DCNT e a DM, o enfermeiro deve perceber e valorizar os aspectos pessoais que podem interferir no tratamento e no desenvolvimento da autoeficácia de pacientes, como o Letramento Funcional em Saúde (LFS), principalmente quando implementar intervenções educativas. Embora a temática esteja em pauta há mais tempo, em alguns países europeus e da América do Norte, no Brasil, o LFS é algo recentemente estudado e há incompletude conceitual em relação ao significado e aplicação deste (PASSAMAI, 2012). Dentre os conceitos existentes na literatura, o mais recente foi apresentado por Sorensen et al. (2012, p. 3), indicando que o letramento funcional envolve o conhecimento, motivação e competências individuais para acessar, compreender, avaliar e aplicar as informações de saúde, a fim de fazer julgamentos e tomar decisões na vida cotidiana sobre saúde, doença, prevenção e promoção da saúde, para manter ou melhorar a qualidade de vida durante o curso da vida. Dentre os instrumentos que permitem rastrear o nível de LFS, os mais utilizados na literatura internacional são o Test of Functional Health Literacy in Adults (TOFHLA) e sua versão abreviada (B-TOHFLA), além do Rapid Estimate of Adult Literacy in Medicine (REALM) (IOM, 2013). No Brasil, o LFS e o desfecho deste no manejo dos agravos crônicos ainda são pouco explorados na literatura (PASSAMAI, 2012; SANTOS et al., 2012). No contexto da diabetes, é comum receber informações sobre a condição de saúde, com terminologias médicas e, muitas vezes desconhecidas, resultados laboratoriais e valores de hemoglobina glicada e mesmo condutas clínicas a que serão submetidos. Essas informações requerem habilidades básicas de leitura e numeração, para que de fato compreendam o significado (SANTOS et al., 2012). Portanto, a necessidade de se compreender o papel do letramento funcional em saúde, para que as informações necessárias sobre a doença sejam repassadas na maneira e em tempos oportunos, viabilizando o conhecimento em relação à doença e consequente mudança de comportamentos. Estudos em pacientes com diabetes em que utilizaram os dois conceitos, letramento funcional em saúde e autoeficácia, para trabalhar a adesão ao tratamento medicamentoso e adesão a uma dieta saudável nos pacientes diabéticos (CHA et al., 2014; REISI et al., 2016; HUANG; SHIYANBOLA; SMITH, 2018; SHIYANBOLA et al., 2018) 8 constataram que ambos ajudam na implementação de propostas de educação em saúde e, consequentemente, melhor adesão ao tratamento. Neste estudo, pretendeU-se analisar o letramento funcional em saúde e o nível de autoeficácia, através de instrumentos validados no Brasil (CARTHERY-GOULART et al., 2009; PACE et al., 2013), e verificar a associação com as variáveis sociodemográficas e clínicas mensuradas. Assim, a hipótese do estudo é: as pessoas com DM que apresentarem nível adequado de letramento funcional em saúde terão nível elevado de autoeficácia em diabetes. Estudos comentam a relação do letramento funcional em saúde com a autoeficácia, porém essa relação ainda não está tão evidente, pois embora que o LFS possa interferir no desenvolvimento da autoeficácia, outros fatores precisam ser investigados, como variáveis sociodemográficas e clínicas (CHA et al., 2014; REISI et al., 2016; HUANG; SHIYANBOLA; SMITH, 2018; SHIYANBOLA et al., 2018). Assim, este estudo procurou responder ao questionamento: as pessoas com diabetes que apresentem letramento funcional em saúde adequado, terão maior pontuação na Escala de Autoeficácia em Diabetes? Quais variáveis sociodemográficas e clínicas apresentam relação com a AE e LF? Espera-se que este estudo possa oferecer subsídios para ações de Enfermagem, partindo do pressuposto de que quanto maior o nível de LFS, maior a autoeficácia do paciente e estímulo para o autocuidado. Assim, os resultados do estudo poderão reorientar as ações de saúde prestadas às pessoas com Diabetes Mellitus e, consequentemente, instituir ações promotoras de educação e promoção da saúde, retardando as possíveis complicações da doença e a diminuição dos custos com tratamento, visando melhora da qualidade de vida das pessoas com diabetes. 9 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Analisar o Letramento Funcional em Saúde e a Autoeficácia em pessoas com Diabetes tipo 2. 2.2 Específicos - Relacionar o Letramento Funcional em Saúde e o nível de Autoeficácia em pessoas com DM2; - Verificar a associação entre as variáveis sociodemográficas e clínicas com a Autoeficácia e o Letramento Funcional em Saúde. 10 3 REVISÃO DA LITERATURA Para contextualizar os componentes do estudo, apresenta-se breve revisão da literatura, referente aos principais desafios do ser diabético e do tratamento e ao papel da equipe multidisciplinar como um dos elementos fundamentais para o cuidado. 3.1 Viver com diabetes: tratamento e dificuldades de adesão O DM se destaca pelos elevados índices de morbimortalidade e pelas incapacidades oriundas das complicações dele decorrentes (WHITING et al., 2011). Em 2014, a International Diabetes Federation (IDF) estimou que 8,2% dos adultos entre 20 e 79 anos (387milhões de pessoas) viviam com diabetes; isto compara com 382 milhões de pessoas em 2013, e o número de pessoas com a doença foi projetado para aumentar além de 592 milhões, em 2035 (GUARIGUATA et al., 2014). No Brasil, a prevalência corresponde a 7,6% em indivíduos de 30 a 69 anos de idade (Bosi et al., 2009), estimando-se que entre 2000 e 2030, o número de indivíduos com diabetes passará de 4,5 milhões para 11 milhões, sendo que a metade dessa população desconhecerá o respectivo diagnóstico (MIELCZARSKI; COSTA; OLINTO, 2012). O padrão epidemiológico da doença no mundo, especialmente do diabetes de tipo 2, tem-se modificado nas últimas décadas. Uma doença que, no passado, acometia majoritariamente pessoas com mais idade, hoje, vê o diagnóstico proporcional crescer entre pessoas mais jovens, mudança atribuída às alterações nos hábitos de vida, à urbanização e ao envelhecimento da população (FREITAS; GARCIA, 2012). Fatores ambientais e comportamentais, como crescimento econômico, urbanização, sedentarismo, envelhecimento populacional, hábitos alimentares inadequados, consumo excessivo de bebidas (COELHO et al., 2015; IDF, 2016). Um dos grandes entraves às terapias de longo prazo é a não adesão ao tratamento. A OMS define adesão como "o grau em que o comportamento de uma pessoa representado pela ingestão de medicação, o seguimento da dieta, as mudanças no estilo de vida correspondem e concordam com as recomendações de um médico ou outro profissional de saúde” (WHO, 2003, p.2). 11 As taxas de adesão, em geral, variam de 31 a 98% (BOAS et al., 2012; MORGAN, 2017). Pesquisas demonstram que 20% a 50% dos pacientes, intencionalmente ou não, não aderem aos esquemas de tratamento (WHO, 2016; JAAM et al., 2018). De modo geral, como comenta Clark (2004), comportamentos de não adesão podem não ser intencionais, ocorrendo quando as intenções do sujeito em tomar os medicamentos, passam por frustrações causadas por esquecimento, incapacidade de seguir instruções do tratamento, por conta do entendimento equivocado, não tomar os medicamentos por esquecimento, incapacidade financeira para aquisição da terapêutica ou de problemas e limitações físicas. Também existem razões que envolvem práticas intencionais, denominada de não adesão inteligente, cujo paciente simplesmente decide não seguir o tratamento, podendo resultar em decisão de pensamento totalmente racional. Aponta-se que o tratamento é considerado complexo, o qual inclui medidas farmacológicas e não farmacológicas, o que exige mudança de hábitos e condutas de autocuidado por toda uma vida (IDF, 2013; ADA, 2016; IDF, 2016). Ademais, os fatores relacionados ao estado de controle glicêmico são relacionados à adesão à terapia medicamentosa, terapia nutricional, atividade física e monitorização da glicemia domiciliar. Unni e Farris (2011), por sua vez, explicam que as razões para a não adesão são multifatoriais, sendo que ao tratar da adesão ao tratamento medicamentoso em pacientes com DM2, existe a necessidade contínua de identificar as prováveis barreiras que impedem a adesão entre os pacientes na prática clínica. Após o diagnóstico, a pessoa com diabetes precisa mudar a rotina, que envolve alterações na dieta, uso de medicamentos, realização de exames laboratoriais frequentes, consultas médicas e atividade física. Essas mudanças podem não ser aceitas e ser fator de estresse, já que é uma condição que requer cuidado contínuo para evitar complicações a curto e longo prazo (BECKER; HELENO, 2016; VRIJENS et al., 2012; WHO 2016; ORGUTSOVA et al., 2017). De tal modo que a adesão ao tratamento desempenha um papel importante no controle da doença e, consequentemente, na qualidade de vida. No DM, a não adesão ao tratamento contribui para um mau controle metabólico, resultando em complicações agudas e alterações degenerativas, em longo prazo; entre as quais, destacam-se a retinopatia, nefropatia e neuropatia (JANNUZZI et al., 2014; ADA, 2016), que trazem sofrimento 12 desnecessário à pessoa e custos excessivos ao sistema de saúde. Apesar da importância da adesão ao tratamento do DM, há uma dificuldade em determinar um parâmetro aceitável de adesão, devido às várias razões: a adesão é um constructo que pode ser conceituado de muitas maneiras e, por esse motivo, o critério para defini-la pode mudar; a adesão pode variar amplamente de uma situação para outra; e, por fim, pode ser estimada por diferentes métodos, cada qual com vantagens e limitações (GARCÍA-PÉREZ et al., 2013). Às vezes, um ponto de partida para a não adesão é a própria negação da condição e, consequentemente, a não aceitação ao tratamento, sem contar que os comportamentos de adesão não são estáveis, podendo se modificar ao longo do tempo, necessitando de aferições regulares para avaliar a eficácia da terapêutica. É importante, ainda, que as pessoas compreendam as consequências das próprias ações. Comumente, as pessoas com Diabetes Mellitus (DM) tipo 2 não aderem ao tratamento medicamentoso, isto é, devido ao caráter assintomático, motivando a crença de que a medicação é desnecessária, além de gerar distanciamento dos pacientes aos serviços de saúde (CATALÁN; CABRIALES; PEREA, 2017; GIMENES; ZANETTI; HAAS, 2009; MISHRA et al., 2011; MOHAN et al., 2013). Catalán, Cabriales e Perea (2017) mostram, em estudo qualitativo, realizado no México, que os pacientes, após o diagnóstico, negaram a condição de saúde e resistiram ao tratamento, tendo com resultado as complicações advindas da doença. Waheedi et al. (2017), em estudo na Arábia, demonstraram que a negação da doença repercute diretamente na adesão ao tratamento. Assim, é compreensível que as pessoas apresentam melhor adesão quando o tratamento faz sentido para elas. Ou seja, quando percebem a eficácia e acreditam que os benefícios excedem os custos, além de sentirem hábeis para seguir o tratamento. Assim, a adesão se relaciona também com a aceitação e o reconhecimento da doença, para que assim possa haver a adaptação às condições de saúde e atitudes de vida saudável e do autocuidado que são demandadas em uma doença como esta (COSTA et al., 2014). Diversos fatores podem influenciar na adesão ao tratamento, que seja fatores relacionados à pessoa (demográficos, psicológicos e sociais); ao sistema de saúde, incluindo a relação com o profissional de saúde e os fatores relacionados à doença e ao 13 tratamento. Nos fatores demográficos, enfatizam-se a escolaridade e letramento funcional em saúde, os quais podem limitar o acesso às informações de saúde, devido à dificuldade de leitura, escrita e compreensão (GROFF et al., 2011). Para Sorensen et al. (2012), o LFS é o conhecimento, a motivação e as competências das pessoas para acessar, compreender, avaliar e aplicar informação em saúde, de forma a fazer julgamentos e tomar decisões no dia a dia, no que tange ao cuidado da saúde, prevenção de doenças e promoção da saúde, para manter ou melhorar a qualidade de vida. Portanto, a questão não é apenas saber se o indivíduo sabe ler ou escrever, mas o que ele é capaz de fazer com essas habilidades, especificamente, no âmbito da saúde, isto é, o desenvolvimento de habilidades individuais para melhor enfrentamento dos riscos e das estratégias de autocuidado. Assim, a avaliação do impacto do LFS pode ser fator que contribua para postergação de incapacidades, pois o domínio do letramento funcional em saúde inclui habilidades cognitivas e sociais que incorporam as habilidades necessárias para acessar, ler, compreender informações e, sobretudo usá-las (YEH et al., 2018). Não obstante, estudo qualitativo, realizado por Gale et al. (2008), mostra que as pessoas com DM comumente lutam e tem dificuldade para entender e aplicar as informações que recebem pelo pessoal médico e da saúde, o qual justifica a falta do cuidado dos pacientes, pelo que os levam a ter mal-entendidossobre a doença e, posteriormente, fazer escolhas erradas sobre o cuidado, como comer alimentos ricos em açúcar, gorduras, uso incorreto de calçados, mau corte das unhas etc. Os fatores sociais, como emprego, relacionamento familiar e carência de recursos financeiros na aquisição dos medicamentos podem interferir na adesão ao tratamento (BHATTACHARYA, 2012; SHARRY et al., 2013; POWERS et al., 2016; BALDONI et al., 2016; JAAM et al., 2018). Jaam et al. (2018), em estudo qualitativo, realizado em Qatar, perceberam a ausência de adesão à tomada de medicamento, pela descrença na indústria farmacêutica, já que não ofertavam produtos de qualidade. Existia, ainda, o consumo de produtos naturais, que eram recomendados por familiares ou amigos. Estudos (PEYROT et al., 2010; HINDER; GREENHALGH, 2012) evidenciam a correlação negativa entre a complexidade do regime medicamento e a adesão, quanto maior o número de medicamentos e/ou dose, menor a adesão. Além da frequência das doses 14 constituírem fator importante para a não adesão do que a quantidade de diferentes fármacos a serem tomados diariamente. Sem contar, na duração do tratamento, dos efeitos colaterais, dos custos e à inconveniência do tratamento, gerado pelo desconforto da punção capilar, durante o monitoramento glicêmico (SANSORES et al., 2013). Embora os benefícios e a importância da automonitorização da glicemia capilar sejam reconhecidos, observa-se que muitos pacientes deixam de fazê-lo por motivos diversos, como falta de tempo no trabalho, condições inapropriadas, quantidade insuficiente de insumos e falta de apoio familiar no processo para colocar as fitas e operacionalização do aparelho (glicômetro) (OLIVEIRA, 2018). Inúmeros fatores podem influenciar a emissão de comportamentos de maior ou de menor adesão. Entretanto, a mudança no estilo de vida, como atividade física e dieta são de difícil adesão (FARIA et al., 2014); isto pode ser reflexo da falta de informação dos pacientes, os quais acreditam que a doença tem cura e o tratamento medicamentoso é suficiente para melhorar o estado de saúde (WAHEEDI et al., 2017), ignorando estas outras ações comportamentais para o controle da doença. A terapia não medicamentosa, relacionada às mudanças de comportamento, associadas, principalmente, à alimentação saudável e à atividade física, desempenha papel central na incidência, na gravidade e no controle do diabetes (ADA. 2016). Assim, enfatiza- se a importância da combinação entre dieta saudável, atividade física e tratamento medicamentoso, os quais juntos podem desempenhar ação significante no controle glicêmico e na prevenção de complicações do diabetes (SAMI et al., 2017). Estudo realizado na Espanha, pelo Quesada et al. (2014), constatou que a adesão ao tratamento dietético era de 37%, em comparação com 78% de adesão ao tratamento farmacológico. No mesmo sentido, Lillo e Rodriguez (2018) mostraram que a metade dos pacientes, 50%, acreditavam na relação entre diabetes e atividade física. Ranasinghe et al. (2015) explicitam os motivos para não realização de atividade física: dores, fadiga, edema, pouca disponibilidade de tempo, desconhecimento dos benefícios para o controle glicêmico e também da duração e frequência em que deve ser realizada, além da crença de que já fazem atividades no trabalho. A terapia nutricional é parte fundamental do plano terapêutico do diabetes, podendo reduzir a hemoglobina glicada entre 1 e 2%, pois melhora o controle metabólico, 15 reduz a necessidade de hipoglicemiantes, ajuda a promover o emagrecimento em pacientes obesos, diminui os riscos de doenças cardiovasculares e melhora a qualidade de vida (ABESO, 2016). Vários são os empecilhos percebidos pelas pessoas diabéticas, no seguimento da dieta, com destaque ao abandono de determinados prazeres, como a restrição de alimentos ricos em carboidratos (RANASINGHE et al., 2015; SUAN et al., 2018). Isto porque as preferências alimentares são provenientes de hábitos e cultura familiar (CATALÁN; CABRIALES; PEREA, 2017); além do fator motivacional; custo dos produtos dietéticos (EBRAHIM; VILLIERS; HAMED, 2014); ausência de autodisciplina; desinformação; consumo de alimentos industrializados e os “fast food”, (GANIYU et al., 2013; SANSORES 2013; SAMI et al., 2017); assim como a “liberdade para comer” e o “prazer pela comida”. Os familiares têm parte relevante na adesão da dieta. Embora, algumas vezes, a pessoa com diabetes é a responsável pela preparação dos alimentos, porém a dificuldade de fazer a comida e não poder desfrutá-lo, além da impossibilidade financeira de preparar dois tipos de refeição, o que compromete o seguimento da dieta. Suan et al. (2018) mostram que comumente os pacientes diabéticos são responsáveis no preparar da própria comida e dos demais membros da família, que não têm restrição alimentar, além de demandar mais tempo; o custo financeiro no preparo de duas refeições diferentes dificulta o seguimento da dieta adequada. Para o gerenciamento da doença, torna-se necessário o apoio familiar. Em estudo de Mayberry, Rothman e Osborn (2014), evidenciou-se que comportamentos desfavoráveis dos membros da família estavam associados à menor adesão ao regime terapêutico e, consequentemente, ao controle da glicose. No mesmo sentido, Mayberry, Rothman e Osborn (2012) pontuam que a não mudança de padrões alimentares por parte dos demais membros da família exerce influência negativa no tratamento. Acredita-se, pois, que a reestruturação alimentar é um dos pontos mais difíceis de inserir na rotina da família. Portanto, torna-se evidente a necessidade de incluir a família no tratamento, em vista das mudanças ocorridas no cotidiano do processo de viver com diabetes, sendo de responsabilidade da equipe multiprofissional envolvê-los, inclusive em programas de educação em saúde. 16 Quanto aos fatores psicológicos que interferem na adesão ao tratamento, diversos estudos (CHATTERJEE; GHOSH, 2013; BICKETT; TAPP, 2016) apontam que a presença de estresse, ansiedade e depressão comprometem esta adesão, devido as dificuldade em lidar com as mudanças necessárias para um bom manejo da doença (ROY; LLOYD, 2012; PENCKOFER et al., 2012). Portanto, podemos perceber que o tratamento na diabetes é complexo, pelo que a adesão é poucas vezes atingida pelas multiplicas dificuldades que podem se apresentar para segui-lo, de modo que a enfermagem, e o equipe multidisciplinar da saúde, são de grande ajuda para poder superar essas dificuldades, oferecendo diferentes ferramentas para poder desenvolver e persistir em sua adesão ao tratamento. 3.2 Papel da enfermagem junto à equipe multidisciplinar na adesão ao tratamento É importante ressaltar a necessidade da pessoa com diabetes ter acompanhamento da equipe multiprofissional, em todos os níveis de atenção à saúde, com propostas de educação em saúde, identificação dos casos, tratamento e prevenção de complicações. Oliveira e Zanetti (2011) sinalizam que a equipe multiprofissional de saúde deve oferecer ferramentas necessárias para o manejo da doença, com vistas ao autocuidado, principalmente no que diz respeito à aceitação, à tomada de decisões frente aos episódios de hipoglicemia e hiperglicemia, ao valor calórico dos alimentos, à utilização correta dos medicamentos prescritos, à monitorização da glicemia capilar e às comorbidades. Devido à natureza complexa da doença (DM2), uma variedade de profissionais de saúde, como nutricionistas, enfermeiros, podólogos, endocrinologistas, educadores físicos e oftalmologistas devem se juntar para unir conhecimentos e esforços para ajudar ao paciente e, assim, atingir o controle da doença. O principal motivo para formar equipes especializadas é fornecer cuidados diretos para pessoas com diabetes, com necessidades complexas que não podem ser atendidas dentro das competências de habilidadesda equipe de clínica geral (WILEY et al., 2013; ADA, 2017). O trabalho multiprofissional não representa modelo compartimentado de assistência, mas uma complementaridade de habilidades e conhecimento, de maneira que 17 qualquer dos aspectos do cuidado, possa e deva ser incentivada e instruída por todos os componentes da equipe, sujeita às variações, dependendo das necessidades que possa apresentar cada pessoa (SILVA, 2006; WILEY et al., 2013). Assim, os profissionais que formam a equipe multidisciplinar devem estar devidamente capacitados sobre as características da doença e as formas de tratamento (VITOR et al., 2011; BOAS; FOSS-FREITAS; PACE, 2014). Nesse contexto, os profissionais de saúde devem colaborar com a pessoa com diabetes, no autogerenciamento da doença, a fim de melhorar o controle metabólico, prevenir as complicações agudas e crônicas, e melhorar a qualidade de vida (ARAÚJO et al., 2018). Além de disponibilizar aos usuários as informações necessárias acerca de doença, a equipe multiprofissional deve ajudá-los na tomada de decisões, frente às inúmeras situações que a doença impõe. Nessa vertente, as enfermeiras poderiam assumir o papel de articuladoras do processo educativo dentro da equipe multiprofissional de saúde, encorajando os usuários com diabetes mellitus a tomar as próprias decisões acerca da doença, do tratamento, dos aspectos emocionais e físicos, considerando a proximidade e o tempo despendido durante a consulta de enfermagem (OLIVEIRA; ZANETTI, 2011). Assim, conseguir que as pessoas com diabetes se empoderem constituem grande desafio, assim é necessário desenvolver propostas de educação em saúde de forma mais clara e compreensiva (TORRES; SANTOS; CORDEIRO, 2014). É função do enfermeiro, além de capacitar a equipe de auxiliares, realizar as consultas de enfermagem, identificar os fatores de risco e de adesão, possíveis intercorrências no tratamento e encaminhar ao médico, quando necessário, solicitar os exames determinados pelo Protocolo do Ministério da Saúde, assim como indagar e conhecer a realidade de vida dos portadores, com a finalidade de compreender melhor o entorno, as limitações e os problemas dos pacientes, para assim facilitar e encaminhar as orientações relevantes (ARAÚJO et al., 2018; FAEDA; MARTINS; CASSANDRA, 2006; FARIA et al., 2013). Além disso, certamente, o papel do enfermeiro é destacável no tratamento dos portadores, assim como na padronização e sistematização do atendimento e nas intervenções com as pessoas com diabetes (BROOTEN et al., 2012; DEL CAMPO, 2012). Nesse contexto, a participação de uma equipe multidisciplinar no cuidado e 18 controle da doença é fundamental, com propósito de facilitar o entendimento e a importância da mudança e aquisição de novos hábitos nas pessoas com diabetes para alcançar as metas propostas pelo tratamento. 19 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 Autoeficácia em diabetes Em 1986, Albert Bandura apresentou a Teoria Social Cognitiva (TSC), a qual enfatiza a ideia de que grande parte da aprendizagem e do comportamento humano depende da interação com o meio social em que as pessoas se desenvolvem (BANDURA, 1986). Este processo de aprendizagem ocorre por meio da observação do comportamento de outras pessoas, ou melhor, quando o paciente vê pessoas semelhantes a si obtendo sucesso pelo esforço perseverante, o mesmo poderá fortalecer crenças e aspirações nas próprias capacidades (BANDURA, 2011; PAPALIA; WENDKOS; DUSKIN, 2009). Através do marco da Teoria Social Cognitiva, Albert Bandura postulou a existência de um mecanismo cognitivo, através do qual as pessoas exercem mudanças no comportamento e na motivação pessoal. Esse mecanismo cognitivo é conhecido como a AE, sendo definida como julgamentos ou crenças que as próprias pessoas fazem sobre as capacidades de executar cursos de ação necessários para obter resultado desejado (BANDURA, 1995). Assim, as crenças de autoeficácia influenciam a forma como elas se motivaram e perseveram, ultrapassando dificuldades, para conquistar os objetivos definidos para si (BANDURA, 2011). Segundo Costa (2008), a percepção de autoeficácia também tem outras influências sobre o comportamento humano, como padrões de reações emocionais e de pensamentos, os resultados esperados, o comportamento antecipatório e as restrições ao próprio desempenho. Para as pessoas promoverem mudanças, conforme crenças e necessidades, em diferentes momentos da vida, há necessidade da integração da estrutura social ou influências ambientais, dos processos cognitivos e do comportamento, o que se denomina causação (ou interação) recíproca triádica (BANDURA, 1998; BANDURA; AZZI; POLYDORO, 2008). Esses três fatores interconectados influenciam os indivíduos de diversas maneiras e circunstâncias (BANDURA; AZZI; POLYDORO, 2008), e, em diferentes momentos, um deles pode ter mais importância do que os outros ou todos podem agir com a mesma força e de forma interdependente (BANDURA, 1978). 20 A presença da AE nas pessoas pode oferecer ótimas previsões das ações humanas e reações afetivas, já que quando as pessoas acreditam firmemente nas próprias habilidades para resolver situações complexas de tomada de decisão, estabelecem desafios, apresentam pensamento analítico e conseguem executar as atividades sem dificuldades, contrariamente quando têm nível de autoeficácia baixo, são temerosos, cometem mais erros, têm mais dúvidas em decisões, reduzem aspirações, evitam certos comportamentos e ambientes, além de diminuírem a qualidade das execuções (BANDURA; JOURDEN, 1991). Segundo Bandura (2004; 2008), para que o indivíduo mude de comportamento em relação aos hábitos de saúde, é necessário que tenha conhecimentos sobre o porquê da necessidade da mudança ou manutenção do comportamento e apresente crenças de autoeficácia positivas. Tais crenças influenciam o indivíduo para que acredite que é capaz de fazer algo. É nesse ponto que as crenças de autoeficácia emergem como ponte para mudança de comportamento, funcionando como válvula propulsora da motivação e atitude do ser humano, uma vez que essas crenças estabelecem como os obstáculos e as dificuldades serão encaradas pelo indivíduo durante a busca pelo objetivo. Indivíduos com crenças de autoeficácia baixa desistem facilmente dos objetivos, por acreditarem que os esforços são inúteis diante dos obstáculos. Já indivíduos que têm crenças de autoeficácia bem desenvolvidas veem os obstáculos como possíveis de serem superados (BANDURA, 1986; 1997; 2004; BANDURA; AZZI; POLYDORO, 2008). Com isso, as crenças das pessoas em capacidades variam de acordo com os domínios das atividades e as condições situacionais que vivenciam (BANDURA, 2011). Ademais, essas crenças são desenvolvidas de quatro maneiras, o que pode ser denominado de fontes de autoeficácia: as experiências pessoais na execução de tarefas (experiência inativa ou direta), experiência vicária, persuasão social (incluindo persuasão verbal) e indicadores fisiológicos (estado psicológico e emocional) (BANDURA, 1986; 1997; 2004; AZZI; POLYDORO, 2006). As experiências inativas tendem a fortalecer ou enfraquecer a autoavaliação de eficácia (BANDURA, 2011), de modo que os sucessos tendem a aumentar a autoeficácia percebida dos indivíduos e minimizar os repetidos fracassos (BANDURA, 1986). Assim, 21 mesmo que a realização de desempenho na conquista de objetivos ou metas aumentem o nível de AE, contrariamente, a incapacidade de alcançá-los a diminui considerando variáveis como grau de dificuldade da tarefa, ambiente e esforço aplicado (MAIBACH; MURPHY, 1995). Figura 1- Diagrama do Modelo Teórico da Autoeficácia de Albert Bandura Fonte: Lee e Loke (2013). De modo que se a pessoa atingiu alto nível de autoeficácia,devido às realizações de desempenho ou execução, ou experiências passadas, esta tende a atingir estado constante ou permanente, sendo improvável que falhas ocasionais possam modificá- la, uma vez que a pessoa, geralmente, as atribui a fatores externos, à falta de esforço ou a uma estratégia inadequada. Experiências passadas (diretas) podem aumentar a AE, pois as pessoas podem acreditar que conseguem melhorar seu desempenho, quando já fizeram anteriormente (TORO, 2005). Na experiência vicária, ocorre a modelagem, quando a crença do indivíduo na capacidade de realizar determinadas ações ocorre por meio da observação do comportamento de outras pessoas, ou melhor, quando vê pessoas semelhantes a si obtendo sucesso pelo esforço perseverante, o mesmo poderá fortalecer crenças e aspirações nas próprias capacidades (BANDURA, 2011). A terceira fonte de autoeficácia é a persuasão verbal, que inclui a persuasão verbal. Se as pessoas são persuadidas a acreditarem em si, elas são mais perseverantes diante das dificuldades, o que aumenta a chance de sucesso (BANDURA, 2011). Esta fonte 22 é amplamente utilizada para motivar os indivíduos a acreditarem que possuem capacidades que lhes permitirão alcançarem o que procuram, o que pretendem (BANDURA, 1986). Costa (2008) menciona que as pessoas que são persuadidas verbalmente, no sentido de que elas possuem as capacidades para realizar determinadas atividades, são mais suscetíveis a realizar maior esforço e mantê-lo, do que aquelas que mantêm dúvidas e fixam-se nas deficiências pessoais, quando surgem problemas. Por último, como quarta fonte de autoeficácia, tem-se o estado fisiológico do indivíduo, visto que as pessoas também dependem, em parte, dos estados físico e emocional para julgarem a autoeficácia. Assim, crenças de eficácia podem ser fortalecidas pela redução da ansiedade e depressão e a construção de força física e resistência (BANDURA, 2011). Pessoas com autoeficácia elevadas sentem-se mais otimistas. A mudança comportamental e do estilo de vida é uma decisão pessoal, que pode ser apoiada pela equipe de saúde. Assim, cabe aos profissionais de saúde fornecer informações capazes de promover a saúde da população e trabalhar as dimensões cognitivas e emocionais, considerando aspectos socioeconômicos e sanitários das pessoas, para que se sintam confiantes e, consequentemente, favoreça processo de mudança comportamental positivo (MENDES, 2012). Trabalhar as dimensões cognitivas e emocionais requer que o profissional mantenha e expresse a crença de que a pessoa tem a possibilidade de mudar, de modo a enfatizar a habilidade dela em escolher e levar adiante plano de mudança comportamental. Mendes (2012) acrescenta ainda que mudar o comportamento de um indivíduo é uma tarefa complexa e que exige alguma abordagem, entre elas a Teoria da Autoeficácia. Nesse sentido, para manter resultados positivos, as pessoas que convivem com diabetes devem ser avaliadas quanto à crença que a pessoa tem em si e de como pode manter um comportamento adequado, com destaque para manutenção de atividade física, dieta saudável e adesão ao tratamento medicamentoso, com objetivo de conseguir ótimo controle glicêmico e prevenir as possíveis complicações da doença (GUERRERO; SANCHEZ, 2015; OLAZ; PEREZ, 2012; SALAZAR et al., 2012). Dessa forma, a Teoria Social Cognitiva destaca-se como estratégia de ensino- aprendizagem que contempla concepções pedagógicas mais ativas, pois apresenta processos educativos centrados no protagonismo, na motivação, na interação entre os indivíduos e no 23 estabelecimento de objetivo (BANDURA, 1997; 2004; BANDURA et al., 2008). Enfatiza-se que a percepção da doença é única para cada indivíduo, sendo moldada pelo contexto cultural e social que a pessoa interage, criando crenças positivas ou negativas sobre a doença, a qual, indubitavelmente, interferirá no tratamento e controle da doença (LEVENTHAL; LEVENTHAL; CAMERON, 2001). Estudo desenvolvido por Quiñones et al. (2014) demonstrou que a AE contribui para melhor conhecimento da doença (DM), assim como facilita a mudança de comportamento e o controle glicêmico. Consoante, Gao et al. (2013) também enfatizam que a AE aumenta a capacidade de autogestão em diversas atividades, como dieta, exercício físico, monitoramento da glicemia e adesão na medicação, atividades fundamentais para manter controle e diminuição das complicações crônicas. Figura 2- Diagrama do Modelo Teórico da Autoeficácia de Albert Bandura, adaptado para autoeficácia em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 Fonte: Baseado em Lee e Loke (2013). Na figura 2 encontramos o diagrama do modelo teórico da autoeficácia de Albert Bandura, adaptado para as pessoas com diabetes tipo 2, no qual encontramos os quatro mecanismos principais que ajudam no desenvolvimento da AE: realizações do desempenho (experiências diretas), a experiência vicária, a persuasão verbal e os 24 estados psicológicos e emocionais. Estes mecanismos além de ajudar no desenvolvimento da AE, levaram ao comportamento e desempenho desejado das pessoas com DM2. Nessa perspectiva, observa-se que a autoeficácia em pacientes diabéticos pode influenciar a mudança de comportamento e o desempenho no autocuidado (Figura 2). O paciente diabético pode adquirir, trabalhar e desenvolver essa capacidade, através das diferentes experiências que podem ser apresentadas ao longo da vida, e que podem trazer conhecimento, assim como aquisição de novas habilidades. Assim, os anos vividos com a doença, o empoderamento do conhecimento sobre a DM, a rede de apoio, a participação em grupos de educação em saúde com outros portadores da doença e as crenças de autoeficácia influenciam direta ou indiretamente no manejo adequado da doença. Isso porque a autoeficácia está diretamente relacionada com a escolha do paciente em fazer ou não algo, na motivação, na perseverança diante dos obstáculos, na fragilidade ao estresse e na depressão que o paciente pode enfrentar durante o tratamento instituído. Assim, crenças mais fortes de autoeficácia, no enfrentamento das patologias crônicas, estão diretamente ligadas aos resultados de melhora dos sintomas, qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos. O empoderamento do conhecimento sobre os riscos e benefícios à própria saúde é condição inicial para mudança de comportamento do indivíduo que possui qualquer patologia (BANDURA, 2004). Maine et al. (2017), em estudo qualitativo, realizado na Inglaterra que teve como objetivo perceber a autoeficácia e autogestão em pacientes diabéticos, mostrou que os pacientes expressaram maior confiança em relação à dieta, à medicação e ao monitoramento e conhecimento sobre diabetes, após um programa educacional, no qual a confiança foi aumentada e trabalhada, isto através do conhecimento e da experiência sobre a doença, mostrando, assim, que os pacientes com mais experiência, ou mais tempo de ser diabéticos, apresentavam melhor autogestão e AE, em contraste com outros participantes com pouca experiência e interesse. Outro estudo realizado por Bohanny et al. (2013) mostrou que os pacientes com diabetes que receberam educação e incrementaram ou nível de autoeficácia, tiveram aumento na capacidade de assumir a responsabilidade pelos próprios problemas de saúde, de modo que um maior nível educacional pode influenciar positivamente no nível de 25 autoeficácia nos portadores de DM2. No mesmo sentido, Karaoui et al. (2018) investigaram que pacientes que receberam educação em saúde apresentaram melhor autoeficácia e menos complicações. Na literatura, outros estudos descobriram que a educação em saúde afeta o nível de autoeficácia (TEKIN-YANIK, 2011; LEE et al., 2015). Mean et al. (2017) mencionam que as experiências vicárias são consideradas importantes para incrementar a confiança de alguns participantes, já que essas experiências
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