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Autor: Prof. Bruno Vieira Caputo Colaboradores: Prof. Ricardo Calasans Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano Biossegurança Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Professor conteudista: Bruno Vieira Caputo Doutor em Diagnóstico Bucal pela Universidade de São Paulo – USP (2014). Possui mestrado em Odontologia pela Universidade Paulista – UNIP (2011). Também possui especialização em Endodontia pela UNIP (2014). Graduado em Odontologia pela UNIP (2008), atua como cirurgião dentista e trabalha na Universidade desde 2012, atuando como professor nas disciplinas de Ergonomia e de Bioética no curso de Odontologia. No curso de Gestão Hospitalar, é professor da modalidade presencial e EaD da disciplina de Biossegurança. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C255b Caputo, Bruno Vieira. Biossegurança. / Bruno Vieira Caputo. – São Paulo: Editora Sol, 2015. 104 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXI, n. 2-063/15, ISSN 1517-9230. 1. Biossegurança. 2. Equipamentos de proteção. 3. Gestão de qualidade. I.Título. CDU 614.4 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Giovanna Oliveira Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Sumário Biossegurança APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7 INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 INTRODUçãO À BIOSSEGURANçA ..............................................................................................................9 1.1 Histórico e evolução ao longo dos anos .......................................................................................9 2 BIOSSEGURANçA NA ATUALIDADE ......................................................................................................... 13 2.1 Definições de Biossegurança, saúde e higiene ......................................................................... 13 2.2 Noções básicas em Biossegurança ................................................................................................ 14 2.3 Perigo versus riscos.............................................................................................................................. 15 2.4 Tipos de riscos ........................................................................................................................................ 15 2.4.1 Riscos físicos ............................................................................................................................................. 16 2.4.2 Riscos químicos ....................................................................................................................................... 18 2.4.3 Riscos biológicos ..................................................................................................................................... 19 2.4.4 Riscos ergonômicos ............................................................................................................................... 23 2.4.5 Riscos de acidentes ................................................................................................................................ 25 2.5 Importância do mapa de risco ........................................................................................................ 26 Unidade II 3 NÍVEIS DE BIOSSEGURANçA ...................................................................................................................... 31 3.1 Doenças ocupacionais de origem biológica mais comuns: conduta e normas de Biossegurança ......................................................................................................................................... 34 3.2 Cipa ............................................................................................................................................................ 35 3.2.1 Acidente de trabalho ............................................................................................................................. 37 4 PRECAUçÕES UNIVERSAIS: LIMPEZA, DESINFECçãO, ESTERILIZAçãO, LAVAGEM, HIGIENIZAçãO ..................................................................................................................................................... 39 4.1 Limpeza .................................................................................................................................................... 39 4.1.1 Tipos de limpeza ...................................................................................................................................... 40 4.1.2 Tipos de detergentes.............................................................................................................................. 41 4.1.3 Limpeza dos instrumentais ................................................................................................................. 42 4.2 Desinfecção ............................................................................................................................................. 43 4.3 Esterilização ............................................................................................................................................ 45 4.3.1 Métodos de esterilização ..................................................................................................................... 45 4.3.2 Classificação dos artigos ...................................................................................................................... 52 4.4 Higienização ........................................................................................................................................... 54 4.4.1 Antissépticos utilizados ........................................................................................................................ 55 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 4.5 Gerenciamento de resíduos ............................................................................................................. 57 4.5.1 Classificação dos resíduos de serviço da saúde .......................................................................... 59 Unidade III 5 EQUIPAMENTOS DE PROTEçãO ................................................................................................................. 66 5.1 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)............................................................................. 66 5.2 Equipamentos de ProteçãoColetiva (EPCs) ............................................................................... 73 6 INCêNDIO E COMBATE AO FOGO .............................................................................................................. 77 6.1 Classificação dos tipos de incêndio .............................................................................................. 77 6.2 Métodos de extinção do fogo ......................................................................................................... 80 6.2.1 Tipos de extintores ................................................................................................................................. 80 6.3 Medidas de prevenção ....................................................................................................................... 82 Unidade IV 7 PRINCIPAIS SISTEMAS DE GESTãO DE QUALIDADE .......................................................................... 88 7.1 Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) ...................................................... 91 8 O USO DE ANIMAIS EM PESQUISA ........................................................................................................... 91 8.1 Classificação de biotérios .................................................................................................................. 92 7 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 APresentAção A disciplina pretende elucidar o aluno sobre noções básicas de saúde, higiene e segurança no ambiente ocupacional. Por meio do estudo, será possível reconhecer condições que oferecem risco e fazer uso de boas práticas clínicas e laboratoriais a fim de minimizar os riscos de exposição de agentes biológicos em trabalhadores da área de saúde. Dessa forma, a disciplina garante segurança e higiene nas práticas de rotina de trabalho, permitindo a manutenção da saúde profissional. Com esta obra, o aluno poderá minimizar os riscos que podem ser causados pelos agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. Cada risco terá sua forma de identificação e o devido meio para ser reduzido. Introdução A segurança no ambiente de trabalho é de extrema importância, haja vista os diversos perigos a que os profissionais ficam expostos. Ela é composta por um conjunto de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores da área de saúde. A aplicação consiste em serviços de saúde, qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e em todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade. Segurança no trabalho representa prática estável das atividades, reduzindo riscos aos quais o profissional possa estar exposto. A biossegurança, inserida no contexto da segurança no trabalho, é considerada como um conjunto de medidas que possuem como objetivo limitar os acidentes de trabalho, protegendo não só o trabalhador como também o ambiente. Essa área também se preocupa com a saúde ocupacional, prevenindo as doenças que afastam o trabalhador. O especialista em Segurança do Trabalho pode não só atuar na área da saúde, mas também exercer a biossegurança em diversos campos. Esse profissional atua em empresas elaborando programas de prevenção de acidentes e auxiliando a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), por exemplo, efetuando periodicamente treinamento dos profissionais e promovendo o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva. 9 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Unidade I 1 Introdução À BIosseGurAnçA A Biossegurança é considerada um processo progressivo, que deve ser sempre atualizado e supervisionado, pois está sujeito à exigência de respostas imediatas ao surgimento de micro-organismos mais resistentes e agressivos. É considerada a ciência com foco voltado ao controle, ao reconhecimento e à minimização do risco, protegendo de maneira efetiva a saúde humana, animal e o meio ambiente. Desse modo, a Biossegurança tem a finalidade de reduzir os riscos e o controle da contaminação cruzada, protegendo a todos envolvidos no ambiente de trabalho. 1.1 Histórico e evolução ao longo dos anos A finalidade de apresentar um conceito histórico de controle de infecção na área da saúde é facilitar a compreensão dos fatos atuais, de suas dificuldades e de suas perspectivas para o futuro. É preciso ter uma visão crítica dos acontecimentos, o que é fundamental para a mudança. Então, a partir dessa análise, colocamos em prática a nossa condição de cidadãos e de profissionais qualificados, com capacidade de mudar a nossa história. A infecção é muito mais do que um desequilíbrio da convivência entre o ser humano e sua microbiota. É parte integrante da problemática de saúde. Se propostas para o seu controle estiverem dissociadas da compreensão, da análise e do interesse em suplantar essa realidade, fatalmente presenciaremos a vitória das doenças sobre a saúde do homem (GUIMARãES JÚNIOR, 2001). A infecção faz parte da história da humanidade, que desde a sua existência vem lutando para combatê-la. Os micro-organismos antecedem a espécie humana, foram as primeiras formas de vida. Por outro lado, os registros da imunidade têm mais de 500 milhões de anos. Ela pode ser entendida como uma reação evolutiva das espécies parasitadas, que passaram a reconhecer como estranho o agente invasor, procurando eliminá-lo. Hipócrates (460-377 a.C.), considerado o pai da medicina, já recomendava a limpeza das mãos e unhas antes das operações e o uso de água fervente, vinho ou vinagre para higienização das feridas. Na obra O corpo hipocrático, ele reúne estudos feitos por si mesmo e por seus discípulos em relação ao corpo humano. Em 1163, na Idade Média, os monges eram os responsáveis por cuidar dos doentes nos mosteiros, porém eram proibidos de realizar cirurgias, pois eram considerados homens de Deus, sendo proibidos de lidar com sangue. 10 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I Como os barbeiros já auxiliavam os monges em alguns procedimentos com cuidados de pacientes, foram batizados de “barbeiros-cirurgiões”, e foram os primeiros a realizar extrações dentárias. Outro fato importante na História ocorreu no século XIV, época que ficou conhecida como o período da peste negra. A epidemia causada pela peste bubônica (doença pulmonar causada por bactéria transmitida por pulgas dos ratos trazidos por navios mercantes) devastou a população da Europa. Quando chegou a Veneza (1347), o conselho especial do local determinou que fosse feito o isolamento de 40 dias dos pacientes que apresentavam sintomas da doença. Estima-se que no mínimo 25 milhões de pessoas morreram durante essa epidemia. Em 1677, ano da invenção do microscópio, o holandês Anton van Leewenhoeck (1632–1723) descreveu a existência de formas microscópicas de vida. Com o aparelho, era possível iniciar estudos a respeito das outras formas de vida, assunto pouco compreendido na época. Já no século XIX, o cientista francês Louis Pasteur (1822–1895) desenvolveu a teoria microbiana das doenças. Acreditava que para cada infecção teríamos um tipo de micro-organismo relacionado. Também afirmava que os micro-organismos deviam ser considerados como fatores etiológicos de várias doenças que afetavam homens e animais. O estudioso desenvolveu a pasteurização, a morte de micróbios por aquecimento a 63 °C por um período de 30 minutos, dando origem à criação do forno de Pasteur, conhecido como estufa, que funciona com o processo de esterilização por meio do calor a seco. Outra importante descoberta foi o estudo das fermentações. Constatou-se que havia micro-organismos que sobreviviam na ausência completa de ar, chamados de anaeróbios, e o mesmo ocorria com os aeróbios. Robert Koch (1843–1910), médico e patologista alemão, estabeleceudefinitivamente o papel das bactérias como principais agentes etiológicos das infecções. Teve papel muito importante ao difundir o uso da desinfecção. Testou diversas substâncias com o propósito de realizar a desinfeção e obteve resultados com os seguintes produtos: timol, cloro, bromo e sublimado de cloreto de mercúrio. Na época, o médico obteve a colaboração de Julius Richard Petri, o inventor da placa de Petri, acessório utilizado até os dias de hoje para realizar o crescimento de micro-organismos com o objetivo de estudar formas de inativá-los. Outro nome de destaque é o de Ignaz Phillip Semmelweis (1818–1865), médico húngaro nomeado aos 28 anos como assistente do professor Johann Klein na clínica obstétrica do Hospital Geral da Escola de Medicina de Viena. Em 1846, verificou que a febre puerperal era responsável pela mortalidade de 10 a 30% das mulheres em parto no local. A febre puerperal é uma doença que ocorria nas maternidades, matando milhares de mães e crianças. Esse nome descrevia a fase em que a enfermidade se iniciava: ela era observada no puerpério – o período logo após o parto. 11 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Essa clínica obstétrica do hospital era dividida em duas alas: • Divisão I – médicos e estudantes realizavam o atendimento. • Divisão II – parteiras. A divisão I possuía maior número morte das mulheres. Então, Semmelweis passou a sustentar a hipótese de que a infecção contagiosa era transmitida de uma mulher para outra por meio das mãos dos médicos. Diferente dos médicos e estudantes de medicina, as parteiras não realizavam necropsias de cadáveres. Em 15 de maio de 1847, foi decidido que deveria haver uma bacia de água limpa na entrada da clínica, onde estudantes e médicos eram obrigados a lavar as mãos com água e sabão e ácido clórico para a devida assepsia. Com essa medida, a mortalidade foi reduzida e a ação comprovou que o simples ato de lavar as mãos antes do atendimento aos pacientes mostrou a importância dessa medida na profilaxia da infecção hospitalar (Figura 1). 1841 M or ta lid ad e m at er na (% ) 0 4 8 12 16 1842 1843 1844 Médicos Parteiras 1845 1846 1847 1848 1849 1850 Semmelweis Intervenção na higiene das mãos Figura 1 – Gráfico demonstrando a taxa de mortalidade maternal devido à infecção pós-parto nas duas divisões do Hospital Geral de Vienna, Áustria, 1841–1850 O cirurgião Inglês Joseph Lister (1827–1912) estudou a desinfecção de feridas cirúrgicas baseando-se nos trabalhos de prévios de Pasteur. Em 1865, inaugurou-se a antissepsia cirúrgica, e Lister aplicou panos embebidos no ácido carbólico (fenol) na perna de um menino com fratura exposta. Ele acreditava que poderia haver uma contaminação pelo ar, e então agravar a região da fratura. Seu objetivo era reduzir a infecção pós-operatória. Foi somente em 1865 que o cirurgião alemão Gustav Neuber preconizou o uso do avental cirúrgico; até então os médicos operavam com a mesma roupa que usavam no dia a dia. 12 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I Em determinada época, quanto mais manchado de sangue fosse o avental, mais respeito tinha o médico. Era um sinal de que realizava muitas cirurgias nos pacientes, o que fazia a comunidade local pensar que se tratava de um excelente profissional. Já em meados de 1890, o cirurgião americano William Stewart Halsted (1852–1922) foi o primeiro a introduzir o uso de luvas cirúrgicas de látex, até então um material muito grosso e desconfortável para a realização de cirurgias. Com o passar do tempo, na Europa, os cirurgiões passaram a utilizá-las, e as luvas tornaram-se cada vez mais confortáveis. O uso das máscaras pelos profissionais só foi introduzido no fim do século XIX, com Radecki Von Mikulicz (1850–1905). Primeiro, só eram utilizadas para cobrir a boca, depois, o nariz. O médico brasileiro Oswaldo Cruz (1872–1917) também teve um papel muito importante no controle da infecção. Entre 1904–1907, tornou obrigatória a vacinação contra varíola e febre amarela, principalmente no Rio de Janeiro. Contudo, quando o Governo instituiu a obrigatoriedade da vacinação, a população protestou contra a ação, e o período ficou marcado como a Revolta da Vacina. Pouco tempo depois, as medidas que Oswaldo Cruz havia sugerido prevaleceram, as doenças foram contidas, e ele foi considerado como o patrono da saúde pública brasileira. Em 1946, logo após a Segunda Guerra Mundial, os epidemiologistas americanos que cuidavam da prevenção de transmissão da malária organizaram em Atlanta, Estados Unidos, uma equipe para discutir ações de controle de doenças. Mais tarde esse grupo ficou conhecido como Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC (Center for Disease Control and Prevention). Já na década de 1980, mais especificamente no ano de 1982, tornaram-se públicos os primeiros casos diagnosticados com Aids e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome). Dessa forma, inicia-se uma discussão a respeito do conhecimento do fator de possível transmissão, que seria contato sexual, uso de drogas ou exposição a sangue e derivados. Nascem as primeiras preocupações das autoridades de saúde pública nos EUA com uma nova e misteriosa doença. Nos anos seguintes, vários acontecimentos marcariam a história em relação ao controle da infecção. Em 1983, relato de caso de possível transmissão heterossexual. No Brasil, é descrito o primeiro caso de Aids no sexo feminino. No mesmo ano, também houve casos diagnosticados em profissionais de saúde. O CDC e outros órgãos criaram critérios para que se adotassem precauções universais de biossegurança. Então, todos os pacientes começaram ser tratados como potencialmente contaminados, ou seja, com os mesmos cuidados de biossegurança. Ainda em 1983, por meio da portaria 196, o Governo brasileiro torna obrigatória a presença de uma comissão de controle da infecção hospitalar. A seguir elencamos outras datas relevantes com relação ao tema: 13 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança • 1984 – Criação do Programa da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo (primeiro plano de controle de Aids no Brasil). • 1985 – Descobre‑se que a Aids é a fase final de uma doença causada pelo retrovírus denominado HIV, vírus da imunodeficiência humana ou vírus da imunodeficiência humana. • 1986 – Criação do Programa Nacional de DST e Aids (Ministério da Saúde). • 1990 – Cria‑se a Divisão Nacional de Controle de Infecção Hospitalar. • 1992 – Por meio da portaria 930 do Ministério da Saúde Brasileiro, discute‑se a existência de um enfermeiro responsável em tempo integral nos hospitais para exercer o controle de infecções cruzadas. 2 BIosseGurAnçA nA AtuALIdAde Atualmente, a biossegurança possui relevância em todas as profissões. A segurança nas atividades, a garantia de saúde e a proteção do meio ambiente são essenciais em qualquer atividade profissional. Essa proteção em relação à vida necessita da prevenção e a redução de riscos de desenvolver doenças ocupacionais, ou seja, doenças adquiridas e associadas ao trabalho. O estudo da biossegurança requer conhecimentos em diversas áreas, como legislação trabalhista, química, física e biologia. Isso tudo exige atualizações, caso contrário não é possível aprimorar a segurança em diferentes profissões. 2.1 definições de Biossegurança, saúde e higiene A Biossegurança é definida como um conjunto de medidas empregadas para proteger a equipe e os pacientes em um ambiente. Tais ações buscam a redução dos riscos ocupacionais e o controle da contaminação cruzada e têm o intuito de prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o ambiente. Higiene Entende-se que os resíduos retêm micro-organismos que podem, emalgum momento, ser transmitidos tanto por contato direto como por meio de poeira suspensa no ar. A higiene do trabalhador na área da saúde é de extrema importância. Pequenas ações como tomar banho e trocar de roupas diariamente podem fazer a diferença quando se trata de higiene. E a ação de lavar as mãos é muito importante no controle de infecção cruzada. Na história de Ignaz Phillip Semmelweis, vimos que essa pequena ação trouxe como resultado a diminuição do índice de mortalidade nas mulheres que acabavam de realizar partos. Outro exemplo de higiene é a indústria alimentícia. Toda a manipulação dos alimentos deve ser feita em local limpo, desinfetado e com materiais esterilizados para que não ocorra o risco de contaminação. 14 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I Saúde De acordo com a OMS, a definição de saúde não é apenas a ausência de afecções (doenças), mas sim um estado de equilíbrio entre o bem-estar físico, mental e social. Para implantá-lo num ambiente de trabalho, é preciso estudar a Biossegurança para conhecer os riscos e as maneiras de minimizá-los para então melhorar o local. observação A Biossegurança é considerada uma ciência multidisciplinar, em que é necessário conhecimento em diversas áreas, como legislação trabalhista, química, física e biologia. 2.2 noções básicas em Biossegurança O papel da Biossegurança no ambiente de trabalho é o de classificar e quantificar os perigos e os riscos aos quais os funcionários podem se encontrar expostos quando exercem suas atividades. Essas atividades podem estar relacionadas ao setor industrial, farmacêutico, a áreas de pesquisa, à prestação de serviços ou a atividades relacionadas à saúde. Vejamos algumas ações que devem ser empregadas na segurança no trabalho: • práticas seguras nas atividades (reduzir acidentes); • medidas que visam a preservar a saúde e o meio ambiente; • organização das atividades (adequar condições de trabalho); • medidas de controle (práticas seguras); • organização estrutural e operacional; • avaliação dos riscos ambientais; • uso adequado de equipamentos; • manutenção preventiva de equipamentos; • sinalização adequada das áreas de risco e das rotas de fuga; • treinamento de combate a incêndios; • sistema de geração elétrica de emergência. 15 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Em relação aos serviços de saúde, a norma regulamentadora NR 32 tem como objetivo estabelecer diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde (BRASIL, 2011b). Essas diretrizes destacam os riscos a que os profissionais podem estar expostos, principalmente aos riscos biológicos, e quais os cuidados para diminuir sua exposição a eles. 2.3 Perigo versus riscos Podemos dizer que todos os tipos de risco podem ser identificados no exercício profissional, e que nenhuma profissão está isenta de perigos. Primeiramente, façamos uma distinção entre perigo e risco. Considera-se como perigo qualquer situação ou agente que cause danos à integridade de uma pessoa. Já o risco pode ser tomado como a probabilidade e a severidade de ocorrência da situação de perigo. Em relação aos riscos, também podemos considerar uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos e instalações, prejuízos ao meio ambiente, perda de material em processo ou redução da capacidade de produção. Por esses motivos, a Portaria n° 25/1994, do Ministério do Trabalho, regulamentou e tornou obrigatória a elaboração do mapa de riscos. De acordo com o mapa de riscos, há cinco classificações para riscos: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentais. 2.4 tipos de riscos Além de definir os riscos existentes no ambiente de trabalho, é importante classificá-los de forma objetiva e racional. Assim, quando observados no mapa de risco, eles podem ser bem interpretados pelos profissionais, que saberão quais barreiras podem utilizar para minimizar o risco e qual a sua intensidade. De acordo com a NR 9 – Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais: 9.3.3 O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando aplicáveis: a) a sua identificação; b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras; c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; 16 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição; f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; h) a descrição das medidas de controle já existentes (BRASIL, 2014). observação A presente obra destaca alguns exemplos dos riscos encontrados na Biossegurança. Contudo, há riscos específicos para cada profissão, e é preciso consultar as normas específicas de mapas de risco da profissão desejada. 2.4.1 Riscos físicos Os riscos físicos são considerados do grupo 1 e são identificados pela cor verde. Definem-se pelas diversas formas de energia a que os trabalhadores podem estar expostos. Uma das características desse grupo são os equipamentos que o trabalhador vai manusear e o ambiente do trabalho. Vejamos alguns exemplos desse grupo: ruído, calor, frio, pressão atmosférica, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes e vibração. Altas temperaturas Quando há a manipulação de equipamentos que geram calor, o trabalhador deve usar avental e luvas resistentes para conter a ação do risco físico. Alguns exemplos desses equipamentos são: estufas, fogões e bico de Bunsen. Os equipamentos movidos a gás exigem constante manutenção em suas válvulas e mangueiras para prevenir acidentes. Lembrete A instalação desses equipamentos deverá ocorrer num ambiente ventilado, além de ser imprescindível haver o isolamento de materiais inflamáveis. 17 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Baixas temperaturas Para trabalhar em baixas temperaturas, recomenda-se que o operador use roupas apropriadas, como agasalhos térmicos, máscaras e luvas para impedir a hipotermia. No caso da manipulação de nitrogênio líquido, deve-se ter cuidados no transporte e manipulação, como o uso de óculos de proteção, luvas apropriadas, avental e sapatos de borracha que permitam um isolamento térmico. Radiação ionizante Nesse tipo de risco, os raios X são considerados mais comuns, e o operador de um equipamento que produz essa radiação deve estar atento às proteções radiológicas, à quantidade de radiação que recebe e ao tempo de exposição. Além das proteções para o trabalhador, deve-se fornecer a ele um medidor para mensurar a quantidade de radiação recebida por dia. Os equipamentos de raios X são encontrados em hospitais, clínicas e laboratórios de exames de imagem para diagnóstico. O ambiente deve ser projetado para não permitir que outras pessoas fiquem expostas à radiação. Para tanto, utilizam-se paredes ou biombos de chumbo para a segurança do local. Há procedimentos específicos que devem ser seguidos no manuseio de materiais que emitam radiação ionizante. Esses locais precisam ser identificados com o símbolo: Figura 2 – Símbolo de material radioativo Ruídos Muitos equipamentos podem emitir ruídos contínuos ou intermitentes em um ambiente de trabalho, o que torna obrigatório o uso de protetores auriculares. Em seu anexo 1, a NR 15 – Atividades e Operações Insalubres, demonstra o tempo de exposição aos níveis de ruído e destaca que elesnão devem exceder os limites de tolerância fixados. Laser O laser é utilizado na área da saúde, seja em medicina, seja em odontologia. Devido à propagação da luz laser, é preciso tomar alguns cuidados e utilizar equipamentos de proteção individual para que os olhos dos profissionais não sejam lesionados. O principal dispositivo usado para essa finalidade são os óculos de proteção. Eles são coloridos, para bloquear comprimentos de onda específicos. 18 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I saiba mais Para ter acesso à tabela sobre a demonstração do tempo de exposição aos níveis de ruído, leia o anexo 1 da NR-15 no documento: BRASIL. NR-15, de 8 de junho de 1978. Brasília: 1978. Disponível em: < http://portal.mte.gov. br/data/files/FF8080812C12AA70012C13BA879A7EFC/p_19890921_3275. pdf>. Acesso em: 8 maio 2015. 2.4.2 Riscos químicos O risco químico é classificado como grupo 2 e é identificado pela cor vermelha. É composto por substâncias químicas e produtos que podem penetrar no organismo. Essas substâncias podem ingressar no corpo pela via respiratória nas formas de poeiras, fumos, nevoas, neblinas, gases ou vapores. Também pode haver absorção pelo contato da pele ou por ingestão. observação É vedado o procedimento de reutilização das embalagens de produtos químicos. A manipulação ou fracionamento dos produtos químicos deve ser feita por trabalhador qualificado. Nos locais onde se utilizam e armazenam produtos inflamáveis, o sistema de prevenção de incêndio deve prever medidas especiais de segurança e procedimentos de emergência. As áreas de armazenamento de produtos químicos devem ser ventiladas e sinalizadas. Para o risco químico, é necessário o conhecimento de algumas definições: • Risco inerente: característico da substância. Está relacionado com suas propriedades químicas e físicas. • Risco efetivo: probabilidade de contato com a substância. Está diretamente relacionado com as condições de trabalho com o agente de risco. • Dano: consequência da concretização do risco. As substâncias químicas devem ser identificadas de acordo com o tipo de perigo que o material representa: inflamável, tóxico, corrosivo, irritante (Figura 3). 19 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Corrosivo Combustível Irritante Inflamável Tóxico Explosivo Figura 3 – Identificação de classes de produtos químicos 2.4.3 Riscos biológicos Figura 4 – Símbolo de identificação de material infectante (risco biológico) Caracterizado pela cor marrom e classificado como grupo 3, o risco biológico compreende a exposição ocupacional a micro-organismos, que podem ser fungos, bactérias, parasitas, vírus, protozoários e até mesmo os príons. O símbolo do risco biológico é considerado universal (Figura 4). É importante a existência de ações multidisciplinares para a proteção individual e também coletiva dos profissionais e de todos que possam estar diante do risco biológico. Deve-se formar um programa de prevenção de acidentes e uma rotina específica de trabalho, por meio de protocolos e programas de vacinação. De acordo com a NR–32, há uma grande preocupação em relação a esse risco: 32.2 Dos Riscos Biológicos 32.2.1 Para fins de aplicação desta NR, considera-se Risco Biológico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos. 32.2.1.1 Consideram-se agentes biológicos os micro-organismos, geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons. 32.2.1.2 A classificação dos agentes biológicos encontra-se no anexo I desta NR. 32.2.2 Do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA: 32.2.2.1 O PPRA, além do previsto na NR-09, na fase de reconhecimento, deve conter: 20 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I I. Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da localização geográfica e da característica do serviço de saúde e seus setores, considerando: a) fontes de exposição e reservatórios; b) vias de transmissão e de entrada; c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente; d) persistência do agente biológico no ambiente; e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos; f) outras informações científicas. II. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, considerando: a) a finalidade e descrição do local de trabalho; b) a organização e procedimentos de trabalho; c) a possibilidade de exposição; d) a descrição das atividades e funções de cada local de trabalho; e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento. 2.4.3.1 Classificação dos riscos biológicos A principal fonte de contágio para a maioria das doenças é o sangue, porém a via aérea pode ser outra forma importante de contágio, seja pela inalação de aerossóis, seja pela inalação de partículas maiores. A classificação dos riscos biológicos depende de alguns fatores que devem ser levados em consideração: • patogenicidade para o homem: capacidade de o micro‑organismo causar doenças; • virulência: pode ser considerada como a mortalidade que o agente infeccioso causa; • modos de transmissão: os meios mais comuns são a inoculação direta (por acidentes com agulhas), a inalação de aerossóis, o contato com membranas ou mucosas e a ingestão; 21 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança • disponibilidade de medidas profiláticas eficazes: se existem vacinas que são consideradas eficientes para prevenção da doença que o micro-organismo específico pode causar; • disponibilidade de tratamento eficaz: se há algum tipo de tratamento eficaz para a cura da doença; De acordo com os fatores, existem quatro classes de risco biológico: Classe de risco 1 – baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano. Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios. Classe de risco 2 – risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Pode causar doenças ao ser humano, porém há meios eficazes de profilaxia ou tratamento. São exemplos das doenças da classe de risco 2 as demonstradas no quadro a seguir: Quadro 1 – Agentes biológicos de classe de risco 2 Micro-organismo Doença Via de contaminação Treponema palladum Sífilis Intradérmico Vírus do sarampo Sarampo Inalação Vírus Influenza A2 Gripe Inalação HBV Hepatite B Sangue Classe de risco 3 – risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação para a coletividade. Pode causar doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. A transmissão ocorre por via respiratória e causa patologias humanas ou animais potencialmente letais. No quadro a seguir há exemplos das doenças da classe de risco 3: Quadro 2 – Agentes biológicos de classe de risco 3 Micro-organismo Doença Via de contaminação HIV AIDS Sangue Mycobacterium tuberculosis Tuberculose Aerossóis Classe de risco 4 – risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Pode causar doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Apresentamos a seguir exemplos das doenças da classe de risco 4: 22 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I Quadro 3 – Agentes biológicos de classe de risco 4 Micro-organismo Doença Via de contaminação Vírus ebola Febre hemorrágica ebola Sangue Vírus da aftosa Febre aftosa Ingestão de alimentos contaminados Ainda de acordo com a NR–32, as imunizações, de acordo com o tipo de profissão e risco,devem ser ofertadas de maneira gratuita para o profissional: 32.2.4.17 Da Vacinação dos Trabalhadores 32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido, gratuitamente, um programa de imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO. 32.2.4.17.2 Sempre que houver vacinas eficazes contra outros agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar, expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente. 32.2.4.17.3 O empregador deve fazer o controle da eficácia da vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e seus órgãos, e providenciar, se necessário, seu reforço. 32.2.4.17.4 A vacinação deve obedecer às recomendações do Ministério da Saúde. 32.2.4.17.5 O empregador deve assegurar que os trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho. 32.2.4.17.6 A vacinação deve ser registrada no prontuário clínico individual do trabalhador, previsto na NR-07. 32.2.4.17.7 Deve ser fornecido ao trabalhador comprovante das vacinas recebidas. Lembrete O risco biológico causa infecções que são caracterizadas pela invasão e multiplicação de organismos indesejáveis, podendo considerar como objeto de estudo o paciente, material de pesquisa, alimentos, animais e o meio ambiente. 23 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança 2.4.4 Riscos ergonômicos O risco ergonômico é representado pelo grupo 4, caracterizado pela cor amarela. Nesse caso, são considerados fatores que possam interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, afetando sua saúde ou causando desconforto. A ergonomia representa as leis que regem o trabalho. Fundamenta-se em conhecimentos interdisciplinares, adaptando o ambiente de trabalho tanto aos objetivos do sujeito ou grupo quanto às exigências das tarefas. Em uma definição mais concisa, ergonomia é uma ciência do trabalho. São considerados exemplos de risco ergonômico: esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turnos e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia, repetição, ou seja, tudo aquilo que pode causar estresse físico e mental no indivíduo. Vejamos o que dispõe a NR–17 – Ergonomia: 17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. 17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. 17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais. 17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga. 17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. 24 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I 17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a dezoito anos e maior de quatorze anos. 17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. 17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, deverão ser usados meios técnicos apropriados. 17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança. 17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. 17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança (BRASIL, 2007). Devido ao risco ergonômico, é muito comum que o trabalhador adquira LER (Lesões por Esforços Repetitivos) ou Dort (Doenças Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho). Tais adversidades são caracterizadas por movimentos repetitivos, em alta frequência e em posição ergonômica incorreta. Podem causar lesões de estruturas do sistema tendíneo, muscular e ligamentar. De acordo com a norma técnica do INSS sobre Dort (Ordem de Serviço nº 606/1998): Conceituam-se as lesões por esforços repetitivos como uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não e alterações objetivas, que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos. O diagnóstico anatômico preciso desses eventos é difícil, particularmente em casos 25 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança subagudos e crônicos, e o nexo com o trabalho tem sido objeto de questionamento, apesar das evidências epidemiológicas e ergonômicas (BRASIL, 2003). Uma lesão que merece destaque é a tendinite, causada por um processo inflamatório que acomete o tendão. Pode ocorrer devido a um esforço repetitivo, limitando e afastando o trabalhador. Já a síndrome do túnel carpal faz diagnóstico diferencial com a LER. É considerada a compressão mecânica do nervo mediano do punho, limitando a movimentação e causando dor. As LER/Dort são doenças de notificação obrigatória. Quando houver suspeita de sua ocorrência pelo médico do trabalho, ele deve emitir uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para o INSS, mesmo que a doença não provoque a incapacitação do trabalhador ou gere o seu afastamento. Esse comunicado é utilizado pelo INSS para a obtenção de dados relativos aos acidentes do trabalho e às doenças ocupacionais. O objetivo dessa captação é fornecer informações para o enquadramento das empresas segundo os graus de risco nos locais de serviço para o cálculo da contribuição da empresa ao INSS, que é destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência dos acidentes e também para subsidiar políticas de prevenção e fiscalização das organizações. saiba mais Para obter informações importantes a respeito das lesões por esforços repetitivos e doenças osteoarticulares relacionadas ao trabalho, acesse: <http://www.lerdort.com.br>. Acesso em: 12 maio 2015. 2.4.5 Riscos de acidentes Os riscos acidentais são do grupo 5, caracterizados pela cor azul. Fazem parte deste risco as açõesque colocam o trabalhador em condição vulnerável, podendo afetar sua integridade e bem-estar físico e psíquico. Alguns exemplos desse risco são: arranjo físico inadequado, operação de máquinas ou equipamentos sem proteção, iluminação inadequada, eletricidade com problemas ou fios desencapados, probabilidade de incêndio e explosão. Para diminuir a probabilidade de acidentes, deve-se identificar e conhecer os riscos que a ocupação pode trazer. Assim, podem ser implantadas barreiras para minimizar esses acidentes, como o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva. 26 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I Exemplo de aplicação Com a classificação dos riscos, é possível ter uma noção dos perigos que a profissão pode proporcionar. Observe atentamente o ambiente ao seu redor e classifique os riscos que possam interferir no seu dia a dia. saiba mais Para detalhes sobre os riscos, leia o anexo II, classificação dos Agentes Biológicos, da NR-32: BRASIL. NR-32, de 30 de agosto de 2011. Brasília: 2011b. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A350 AC8820135161931EE29A3/NR-32%20%28atualizada%202011%29.pdf>. Acesso em: 9 maio 2015. 2.5 Importância do mapa de risco O mapa de risco possui uma grande importância na segurança do trabalhador. É por meio dele que haverá reconhecimento, avaliação e controle dos riscos que a atividade pode proporcionar ao professional. Os mapas são uma representação gráfica dos fatores que estão presentes nos ambientes de trabalho e eles são classificados de acordo com o grupo de risco estudado. Inicialmente, realiza-se uma representação dos locais de trabalho. Depois, são desenhados círculos de três diâmetros, e estes são caracterizados por intensidade diferentes: riscos pequenos, médios e grandes. Os riscos têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho, como materiais, equipamentos, instalações, suprimentos e espaços de trabalho. E a forma de organização do serviço também é considerada um risco ao funcionário, por exemplo, arranjo físico, ritmo de trabalho, método, postura e jornada de trabalho. A realização dos mapas de risco é considerada obrigatória para todas as empresas que tenham Cipa, por meio da Portaria nº 5, de 17 de agosto de 1992 do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador do Ministério do Trabalho e da Administração (DNSST). Esse documento destaca que é dever da Cipa a elaboração dos mapas de risco nos locais de trabalho. A Cipa deverá reunir-se com os profissionais de diferentes setores para discutir quais são os riscos e quais as medidas necessárias para diminuir essas exposições. Há a necessidade de colaborações de serviços externos especializados, como os de segurança do trabalho. 27 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Extração de DNA Extração de RNA Eletrofonese e captura de imagem Capelas Entrada PCR em tempo real PCR Escritório Escritório Escritório Estufa secagem Ba nc ad a Gá s Pia Pia G M P Intensidade do risco Tipo de risco Grande Médio Pequeno Físico Químico Biológico Ergonômico Acidental Figura 5 – Exemplo de mapa de risco de um laboratório Os objetivos do mapa de risco são: a) reconhecer: identificar, caracterizar, saber apontar quais dos agentes de risco de danos à saúde estão presentes no ambiente de trabalho. Conhecer o processo de trabalho no local analisado: número de trabalhadores, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde, jornada; instrumentos e materiais de trabalho; atividades exercidas e o ambiente. b) avaliar: saber quantificar e verificar, de acordo com determinadas técnicas, a magnitude do risco: se é maior ou menor, grande ou pequeno, quando comparado com determinados padrões. c) controlar: adotar medidas técnicas, administrativas, preventivas ou corretivas de diversas naturezas que tendem a eliminar ou atenuar os riscos existentes no ambiente de trabalho. Essas ações são consideradas barreiras que visam à diminuição da exposição dos riscos. O uso de equipamentos de proteção tanto individual como coletiva são exemplos de medidas para controlar os riscos no ambiente de trabalho. De acordo com Hökerberg et al. (2006), a metodologia do mapa de risco tem como objetivo a implementação e o reforço de medidas de Biossegurança, vigilância em saúde do trabalhador e qualidade total, uma vez que cria ou reforça uma consciência do risco que todas essas disciplinas valorizam para modificar esses riscos, sejam capacidades individuais, sejam capacidades coletivas. Para que o mapa de risco seja efetivo, deve-se priorizar a identificação dos riscos pelos trabalhadores, o que implica a discussão coletiva sobre as fontes dos perigos, o ambiente de trabalho e as estratégias preventivas para reduzi-los. 28 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I Segundo Hökerberg et al. (2006), as avaliações de risco constituem um conjunto de procedimentos com o objetivo de estimar o potencial de danos à saúde ocasionados pela exposição de indivíduos a agentes ambientais. Destaca-se, ainda, a importância da implantação de programas preventivos integrados à área de saúde do trabalhador, como o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), o Programa de Prevenção aos Riscos Ambientais (PPRA) e o de Proteção contra incêndio, assim como o método a ser empregado para mapear os riscos. Lembrete O mapa de risco é uma representação gráfica de um ambiente de trabalho quanto ao tipo de risco e sua intensidade. Nele são considerados: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentais. resumo A Biossegurança é considerada a ciência voltada para o controle e minimização de risco, em que o fundamento primário é certificar o avanço dos processos tecnológicos e proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente. Identificamos, nessa unidade, que não há profissão que seja considerada livre de perigos. Segundo a OMS, a definição de saúde não é apenas a ausência de afecções (doenças), mas sim um estado de equilíbrio entre o bem-estar físico, mental e social. Também estudamos que há uma diferença entre perigo e risco. Perigo é qualquer agente que cause danos à saúde ou à integridade física do objeto de trabalho, já o risco é a combinação entre a probabilidade de ocorrência de um fato e a sua severidade. Outro item de grande relevância abordado nesta obra é a ergonomia, ciência que estuda a posição do trabalho no qual há interação entre a máquina e o ser humano. Aprofundamos nossos conhecimentos e apresentamos alguns exemplos em relação às LER e às Dort. A Unidade I destacou que, por meio do conhecimento dos riscos, é possível a criação de mapa de risco, instrumento que proporciona a avaliação e o controle dos riscos que a atividade pode proporcionar ao profissional. Sua principal importância é a minimização dos riscos no local de trabalho, funcionando como um alerta para o indivíduo. 29 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Concluindo nossa análise, relatamos o quão importante é a função dos trabalhadores na construção dos mapas de risco, pois exercem papel fundamental nas estratégias para a prevenção de riscos ambientais. exercícios Questão 1. (Sanepar 2004 – adaptada). Os riscos ocupacionais são classificados em grupos de acordo com sua natureza. As cores correspondem a cada um dos riscos ocupacionais. Considerando essa informação, enumere a coluna da direita com base nos riscos listados na coluna da esquerda. 1. riscos físicos ( ) cor azul 2. riscos químicos ( ) cor vermelha 3. riscos biológicos ( ) cor verde 4. riscos ergonômicos ( ) cor marrom 5. riscos de acidentes ( ) cor amarela Assinale a alternativa que contém a sequência correta da coluna da direita, de cima para baixo:A) 5, 2, 1, 3, 4. B) 4, 3, 1, 5, 2. C) 1, 4, 3, 2, 5. D) 2, 3, 5, 1, 4. E) 3, 2, 4, 5, 1. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas Justificativa: os riscos de acidentes sempre são simbolizados na cor azul; os riscos químicos, na cor vermelha; os riscos físicos, na cor verde; os riscos biológicos, na cor marrom; os riscos ergonômicos, na cor amarela. Questão 2. A Portaria nº 5, de 17 de agosto de 1992, do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador do Ministério do Trabalho (DNSST), tornou obrigatória a realização dos mapas de risco para todas as empresas que tenham Cipa. Essa portaria dispõe que é dever da Cipa a elaboração dos mapas de risco nos locais de trabalho. Por meio de seus membros, a Cipa deverá reunir-se com os profissionais de diferentes setores para discutir riscos e medidas de prevenção. 30 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade I Não é considerado objetivo da Cipa: A) Observar e relatar condições de risco. B) Solicitar medidas para redução dos acidentes. C) Expedir advertência aos trabalhadores. D) Eliminar e/ou neutralizar os riscos existentes. E) Orientar os trabalhadores quanto à prevenção de acidentes. Resolução desta questão na plataforma. 31 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Unidade II 3 NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA De acordo com a Anvisa, existem quatro níveis de biossegurança: NB‑1, NB‑2, NB‑3 e NB‑4. Eles são apontados em ordem crescente, no maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção, que consistem de combinações de práticas e técnicas de laboratório e barreiras primárias e secundárias de um laboratório. O responsável técnico pelo laboratório conduz a avaliação dos riscos e direciona a aplicação adequada dos níveis de biossegurança em função dos tipos de agentes e das atividades a serem realizadas. NB‑1 – Nível de Biossegurança 1 Corresponde a um nível básico de contenção que, baseado nas práticas padrões de microbiologia, em que não há indicação de barreiras primárias ou secundárias, com exceção de uma pia para a higienização das mãos, representam locais para treinamento educacional, treinamentos técnicos e laboratoriais. Tanto o equipamento de segurança, o projeto das instalações como as práticas são apropriados para o treinamento educacional secundário ou para o treinamento de técnicos e de professores de técnicas laboratoriais. Na porta do laboratório deve existir o símbolo de risco biológico, e deve haver um treinamento para o uso e identificação de EPI, assim como pias para a limpeza das mãos e equipamentos para a esterilização de materiais. NB‑2 – Nível de Biossegurança 2 As práticas, os equipamentos, o projeto e a construção são aplicáveis aos laboratórios clínicos, de diagnóstico, laboratórios‑escolas e outros laboratórios onde o trabalho é realizado com um maior espectro de agentes nativos de risco moderado presentes na comunidade e que estejam associados a uma patologia humana de gravidade variável. Com boas técnicas de microbiologia, os agentes de classe de risco 2 podem ser usados de maneira segura em atividades conduzidas sobre uma bancada aberta, uma vez que o potencial para a produção de borrifos e aerossóis é baixo. O vírus da hepatite B, o HIV, a Salmonelia spp. e Toxoplasma spp. são exemplos de micro‑organismos designados para esse nível de contenção. O laboratório de NB‑2 deve atender a todos os requisitos indicados para o NB‑1, com mais exigências específicas. 32 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade II O NB‑2 é adequado para qualquer trabalho que envolva sangue humano, líquidos corporais, tecidos ou linhas de células humanas primárias em que a presença de um agente infeccioso possa ser desconhecida. Embora os organismos rotineiramente manipulados em um NB‑2 não sejam transmitidos por meio de aerossóis, os procedimentos envolvendo um alto potencial para a produção de salpicos ou aerossóis que possam aumentar o risco de exposição desses funcionários devem ser conduzidos com um equipamento de contenção primária, com dispositivos como a Cabine de Segurança Biológica (CSB) ou os copos de segurança da centrífuga. As bancadas de trabalho devem estar engastadas na parede, de modo a não ser possível o acúmulo de sujidades entre ambas. As pias e os lavatórios devem possuir sistema automático de acionamento. É preciso utilizar outras barreiras primárias, como os escudos para borrifos, proteção facial, aventais e luvas. As barreiras secundárias, como pias para higienização das mãos e instalações para descontaminação de lixo, têm o objetivo de reduzir a contaminação potencial do meio ambiente. NB‑3 – Nível de Biossegurança 3 As práticas, o equipamento de segurança, o planejamento e construção das dependências são aplicáveis a laboratórios clínicos, de diagnóstico, laboratórios‑escola, de pesquisa ou de produções. Nesses locais realiza‑se o trabalho com agentes nativos ou exóticos que possuam um potencial de transmissão via respiratória e que possam causar infecções sérias e potencialmente fatais. São os laboratórios preparados para trabalhos com agentes biológicos de classe de risco 3. O NB‑3 é aplicável a laboratórios clínicos, de diagnósticos, de pesquisa ou de produções. Possui requisitos intensificados em relação aos níveis 1 e 2. Alguns agentes que podem ser trabalhados nesses laboratórios: Mycobacterium tuberculosis, o vírus da encefalite de St. Louis e a Coxiella burnetii. Os riscos primários causados aos trabalhadores que lidam com esses agentes incluem a autoinoculação, a ingestão e a exposição aos aerossóis infecciosos. No NB‑3, enfatizam‑se mais as barreiras primárias e secundárias para a proteção dos funcionários de áreas contíguas, da comunidade e do meio ambiente contra a exposição aos aerossóis potencialmente infecciosos. Por exemplo, todas as manipulações laboratoriais deverão ser realizadas em uma cabine de segurança biológica (CSB) ou em outro equipamento de contenção, como uma câmara hermética de geração de aerossóis. As barreiras secundárias para esse nível incluem o acesso controlado ao laboratório e sistemas de ventilação que minimizem a liberação de aerossóis infecciosos do laboratório. Só devem ser admitidos em um laboratório NB‑3 funcionários com experiência em NB‑2. A manutenção do local deve ser feita por empresas especializadas e com o acompanhamento dos funcionários do NB‑3. NB‑4 – Nível de Biossegurança 4 As práticas, o equipamento de segurança, o planejamento e construção das dependências dos laboratórios são aplicáveis a trabalhos que envolvam agentes exóticos perigosos que representam 33 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança um alto risco por provocarem doenças fatais em indivíduos. Esses agentes podem ser transmitidos via aerossóis, e até o momento não há qualquer vacina ou terapia disponível contra eles. Os laboratórios com NB‑4 são projetados para manipular agentes biológicos com classe de risco 4. Esses agentes, que possuem uma relação antigênica próxima ou idêntica aos dos agentes do NB‑4, também deverão ser manuseados nesse nível. Quando possuímos dados suficientes, o trabalho com esses agentes deve continuar nesse nível ou em um nível inferior. Os vírus como Marburg ou vírus da febre hemorrágica Criméia (Congo) são manipulados no NB‑4. Os riscos primários aos trabalhadores que manuseiam agentes desse nível incluem a exposição respiratória aos aerossóis infecciosos, exposição da membrana mucosa e/ou da pele lesionada às gotículas infecciosas e a autoinoculação. Todas as manipulações de materiais de diagnóstico potencialmente infeccioso, substâncias isoladas e animais natural ou experimentalmente infectados apresentam um alto risco de exposição e infecção aos funcionários de laboratório, à comunidade e ao meio ambiente.O completo isolamento dos trabalhadores de laboratórios em relação aos materiais infecciosos aerossolizados é realizado primariamente em cabines de segurança biológica classe III ou com um macacão individual suprido com pressão de ar positiva. A instalação do NB‑4 é geralmente construída em um prédio separado ou em uma zona completamente isolada, com uma complexa e especializada ventilação e sistemas de gerenciamento de lixo que evitem uma liberação de agentes viáveis no meio ambiente. O sistema de ar‑condicionado deve oferecer pressão negativa do ar dentro do prédio, para garantir que, em caso de vazamento, o ar interno não saia do edifício. O acesso às áreas controladas deve ser feito por portas duplas e antessala com controle da pressurização do ambiente. A figura a seguir apresenta o resumo dos níveis de biossegurança recomendados para agentes infecciosos, segundo orientação contida na publicação do CDC do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Biossegurança em Laboratórios Biomédicos e de Microbiologia, traduzida pelo Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde. 34 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade II Quadro 4 – Resumo dos níveis de biossegurança recomendados para agentes infecciosos NB Agentes Práticas Equipamento de segurança Instalações (barreiras secundárias) 1 Que não são conhecidos por causarem doenças em adultos sadios. Práticas padrão de microbiologia. Não são necessários. Bancadas abertas com pias próximas. 2 Associados com doenças humanas, risco = lesão percutânea, ingestão, exposição da membrana mucosa. Prática de NB‑1 mais: acesso limitado; avisos de risco biológico; precauções com objetos perfurocortantes; manual de biossegurança que defina qualquer descontaminação de dejetos ou normas de vigilância médica. Barreiras primárias = cabines de classe I ou II ou outros dispositivos de contenção física usados para todas as manipulações de agentes que provoquem aerossóis ou vazamento de materiais infecciosos; procedimentos especiais como o uso de aventais, luvas e proteção para o rosto, quando necessário. NB‑1 mais: autoclave disponível. 3 Agentes exóticos com potencial para transmissão via aerossol; a doença pode trazer consequências sérias ou até fatais. Práticas de NB‑2 mais: acesso controlado; descontaminação de todo o lixo; descontaminação da roupa usada no laboratório antes de ser lavada; amostra sorológica. Barreiras primárias = cabines de classe I ou II ou outros dispositivos de contenção usados para todas as manipulações abertas de agentes; uso de aventais, luvas e proteção respiratória, quando necessário. NB‑2 mais: separação física dos corredores de acesso; portas de acesso duplas com fechamento automático; ar de exaustão não recirculante; fluxo de ar negativo dentro do laboratório. 4 Agentes exóticos ou perigosos que impõem um alto risco de doenças que ameaçam a vida, infecções laboratoriais transmitidas via aerossol ou relacionadas a agentes com risco desconhecido de transmissão. NB‑3 mais: mudança de roupa antes de entrar; banho de ducha na saída; todo o material descontaminado na saída das instalações. Barreiras primárias = todos os procedimentos conduzidos em cabines de classe III ou classe I ou II juntamente com macacão de pressão positiva com suprimento de ar. NB‑3 mais: edifício separado ou área isolada; sistemas de abastecimento e escape a vácuo e de descontaminação; outros requisitos sublinhados no texto. 3.1 Doenças ocupacionais de origem biológica mais comuns: conduta e normas de Biossegurança As doenças ocupacionais representam um risco biológico e um desafio nas profissões em que existe tal risco. É preciso identificá‑lo e inserir barreiras e métodos de imunização para limitá‑lo. Para que ocorra a doença ou a infecção, é necessário que haja um grau de contaminação do patógeno e uma maior virulência dele, ou seja, quanto maior a patogenicidade da doença, mais ela pode acometer o indivíduo. Esse indivíduo pode apresentar resistência à doença, por isso a importância dos métodos de imunização, quando existentes. O conceito de infecção cruzada é a transmissão de agentes infectantes entre pacientes e equipe de saúde dentro do ambiente clínico. Essa infeção depende de três fatores: • fonte da infeção: pode ser um indivíduo ou um ambiente contaminado; • veículo ou vetor: sangue, saliva e instrumentais; 35 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança • vias de transmissão: contato com secreções, inalação (partículas no ar) e inoculação (exposição devido a um corte com material infectado). As vias de transmissão ainda são classificadas em: direta – projeção de gotículas em mucosas, inoculação acidental e abrasão da pele; indireta – é necessário haver um veículo ou vetor para ocorrer a infecção. Exemplo: Os instrumentais ou artigos utilizados podem conter fômites, que são sujidades que abrigam micro‑organismos. Se não forem limpos e esterilizados, podem transmitir infecção para o indivíduo. Outro exemplo são os insetos, considerados como vetores, pois transmitem micro‑organismos que se transformam em doenças para o homem. Outro conceito importante em relação à infecção cruzada é a classificação do indivíduo que pode propagar a infecção: • portador: indivíduo com micro‑organismo específico, mas que não apresenta o quadro clínico da doença. Exemplo: um indivíduo com o vírus HVB (hepatite B) pode não apresentar manifestações da doença, porém quando realizado um exame sorológico, constata‑se que ele apresenta o vírus no organismo. • disseminador: indivíduo que possui a doença e seu quadro clínico e que pode eliminar o micro‑organismo no meio ambiente e transmiti‑lo a outras pessoas. Exemplo: indivíduos com o vírus da H1N1 podem eliminá‑lo por meio de gotículas no ar e transmiti‑los a outras pessoas. Saiba mais Para saber sobre as doenças ocupacionais, procure: BRASIL. Ministério da Saúde do Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho. Manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: 2001. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_ trabalho1.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2015. 3.2 Cipa A NR‑5, promulgada pela Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978, trata das Cipa. Essa NR trata da obrigatoriedade da instalação da Cipa, e da sua manutenção em regular funcionamento nas empresas. Dispõe sobre a prevenção de acidentes, doenças decorrentes do trabalho, preservação da vida e promoção da saúde do trabalhador. 36 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade II Observação As normas regulamentadoras (NRs) são anexos da CLT, principal documento da legislação trabalhista brasileira. A Cipa tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. As empresas devem constituir a Cipa de acordo com a atividade econômica e o número de funcionários. A formação de uma Cipa é obrigatória para todas as organizações. Tal comissão é responsável por tratar de questões sobre a segurança do trabalho e de todos os trabalhadores, independentemente do vínculo empregatício. Por exemplo, em empresas públicas que tenham funcionários estatutários (concursados), celetistas, terceirizados e autônomos em seu quadro de funcionários, todos eles são cobertos pela ação da Cipa. A NR‑5 faz diferenciação entre trabalhadores e empregados. Empregados são aqueles que têm algum tipo de vínculo de emprego, e trabalhadores são todos os indivíduos que executam atividades dentro da empresa, o que inclui os terceirizados e prestadores de serviço. A Cipa tem mandato de um ano. Possui um número igual de representantes do empregador (indicados pela empresa) e de representantesdos empregados (eleitos). É papel do empregador proporcionar aos membros da Cipa os meios necessários ao desempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do plano de trabalho. São funções dos empregados: • colaborar com a gestão da Cipa; • indicar situações de risco e apresentar sugestões para a melhoria das condições de trabalho; • observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações quanto à prevenção de acidentes e doenças dele decorrentes. O presidente da Cipa deve ser escolhido pela empresa dentre os membros por ela indicados, e o vice‑presidente deve ser eleito dentre os representantes eleitos titulares. Cabe ao presidente e ao vice‑presidente da Cipa mediar conflitos, elaborar o calendário de reuniões ordinárias e constituir comissão eleitoral para regular o processo de eleição da Cipa subsequente. Quem elabora as atas das reuniões ordinárias é o secretário. 37 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Quando o estabelecimento não se enquadra na obrigatoriedade de constituição de Cipa, é exigida a designação de uma pessoa com o treinamento específico para desempenhar suas atribuições. A organização que possuir em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos deverá garantir a integração da Cipa e dos designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as políticas de segurança e saúde no trabalho. As empresas instaladas em centro comercial ou industrial estabelecerão, por meio de membros de Cipa ou designados, mecanismos de integração com o objetivo de promover o desenvolvimento de ações de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo, podendo contar com a participação da administração do local. Saiba mais Você pode conhecer melhor a NR–5 acessando: BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). NR‑5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Portaria SIT nº 247, de 12 de julho de 2011. Brasília: 2011d. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D31190 9DC0131678641482340/nr_05.pdf>. Acesso em: 9 maio 2015. Figura 6 – Símbolo da Cipa Lembrete De acordo com NR‑5, os trabalhadores da empresa é que devem compor a Cipa, e é a própria instituição deve elaborar os mapas de risco. 3.2.1 Acidente de trabalho O acidente de trabalho é definido como uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ 38 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade II ou lesões nos trabalhadores, e/ou danos materiais. Deve ser evitado e controlado por meio das várias técnicas prevencionistas. Do ponto de vista legal, considera‑se acidente de trabalho aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Causas de acidentes: Como todos os eventos, os acidentes possuem uma ou mais causas, e uma ou mais consequências. Sua prevenção consiste em eliminar as causas (diminuir os riscos), evitando, então, sua ocorrência. A prevenção de acidentes: • ao trabalhador: — assegura qualidade de vida; — evita perda de rendimentos; — mantém sua autoestima; — melhora a execução do trabalho. • ao empregador: — garante os ganhos de produtividade; — assegura a preservação da imagem da empresa perante a comunidade; — proporciona a redução dos custos diretos e indiretos; — possibilita a diminuição de processos trabalhistas; — propicia menor rotatividade da mão de obra. • para a sociedade e o Governo: — possibilita menores encargos previdenciários; — proporciona uma imagem positiva da nação perante conselhos internacionais; — assegura valorização do ser humano por meio de políticas públicas. 39 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Biossegurança Teoria de Heinrich Tanto o acidente como a lesão são causados por alguma coisa anterior, alguma coisa onde se encontra o homem, e todo acidente é causado, ele nunca acontece. O acidente ocorre porque o homem não está devidamente preparado e comete atos inseguros. Outra causa são as condições inseguras que comprometem a segurança do trabalhador Atos inseguros Os atos inseguros residem no fator humano. São decorrentes da não obediência às normas de segurança e podem ser conscientes e inconscientes, de acordo com a seguinte classificação: • consciente – há conhecimento do perigo de seu procedimento, mas assume-se o risco; • inconsciente – a pessoa desconhece o perigo que está correndo, por isso pratica o ato inseguro. Condições inseguras As condições inseguras são as causas dos acidentes do trabalho que decorrem diretamente das condições do local ou ambiente de trabalho. Elas ocorrem por falhas técnicas ou por alguns agentes ambientais que podem ocasionar acidentes. Estão relacionadas com os riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. 4 PRECAUÇÕES UNIVERSAIS: LIMPEZA, DESINFECÇÃO, ESTERILIZAÇÃO, LAVAGEM, HIGIENIZAÇÃO Antes de iniciar o processo de limpeza e desinfecção do ambiente, e necessário que todos os objetos e materiais estejam guardados, liberando as superfícies para facilitar a limpeza, além de contribuir com as condições de trabalho da equipe. 4.1 Limpeza A limpeza é o processo que remove fisicamente a contaminação por micro‑organismos e material orgânico e é essencial para o sucesso da desinfecção e da esterilização. Tem como objetivos reduzir a carga bacteriana natural dos artigos, remover contaminantes orgânicos, inorgânicos e sujidades. A limpeza é o primeiro passo para o processo de descontaminação. Consiste da remoção de toda matéria orgânica dos artigos utilizando água e detergente. Podem ser utilizados produtos enzimáticos, detergentes desencrostantes com tensoativos não iônicos. 40 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /2 01 5 Unidade II 4.1.1 Tipos de limpeza Limpeza concorrente A limpeza concorrente é aquela considerada geral, sendo realizada diariamente. Envolve pisos, sanitários, superfícies horizontais, troca de lixo e roupas e arrumação de maneira geral. Artigo 22 – Os estabelecimentos de assistência odontológica devem apresentar, além das demais obrigatoriedades determinadas pela legislação municipal de edificações vigente, as seguintes condições referentes à área na qual serão realizados procedimentos odontológicos: I) Iluminação que possibilite boa visibilidade, sem ofuscamentos ou sombras; II) Ventilação que possibilite circulação e renovação de ar; III) Revestimentos de pisos com material lavável e impermeável, que possibilite os processos de descontaminação e/ou limpeza, sem a presença de trincas ou descontinuidades; IV) Paredes de alvenaria ou divisórias de cor clara, revestidas de material lavável e impermeável, que possibilite os processos de descontaminação e/ ou limpeza sem a presença de mofo ou descontinuidades; V) Forros de cor clara, sem presença de infiltrações, rachaduras ou mofo; VI) Instalações hidráulicas e elétricas embutidas ou protegidas por calhas ou canaletas externas para que não haja depósitos de sujidades em sua extensão (BRASIL, 1999). Limpeza operatória ou imediata Essa limpeza deve ser realizada sempre que ocorrer uma sujidade imediata com matéria orgânica. Exemplo: sangue visível. Deve ser realizada pela técnica spray‑wipe, que significa borrifar uma substância desinfectante, esfregar o local com papel toalha descartável e borrifar novamente a mesma substância, deixando secar naturalmente. Para a desinfecção, podem ser utilizados os agentes: Álcool 70% (ou 770 GL), compostos sintéticos do iodo, solução alcoólica de clorexidina (2 a 5% em álcool a 70%), compostos fenólicos ou hipoclorito de sódio
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