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Cefaléias As cefaleias primárias são aquelas em que a cefaleia e suas manifestações associadas constituem o distúrbio em si, enquanto as cefaleias secundárias são aquelas causadas por distúrbios exógenos. Cefaléias primárias Dor de cabeça. Sintoma comum. Pode ser causada por anormalidade grave subjacente, mas geralmente é devida a transtornos como: · Enxaqueca; · Cefaléia do tipo tensional; · Cefaléia em salvas; · Hemicrania paroxística. Cerca de 90% dos adultos possuem dor de cabeça em algum momento da vida. E mais de 75% das crianças relatam cefaléias por volta dos 15 anos de idade. (Cecil e Goldman). O risco relativo de ter enxaqueca, cefaléia do tipo tensional ou cefaleia em salvas aumenta até quatro vezes se um parente de primeiro grau tiver o mesmo tipo de dor de cabeça. Sintomas de cefaleias que sugerem um distúrbio subjacente grave · Cefaleia de início recente · Primeira cefaleia intensa · A “pior” cefaleia da vida · Vômitos precedem a cefaleia · Piora subaguda ao longo de dias ou semanas · Dor induzida por encurvamento, por elevação do corpo ou por tosse · Dor que perturba o sono ou se apresenta logo após o despertar · Doença sistêmica conhecida · Início após os 55 anos de idade · Febre ou sinais sistêmicos inexplicados · Exame neurológico anormal · Dor associada à hipersensibilidade local, p. ex., a região da artéria temporal Anatomia e fisiologia da cefaleia Percepção da dor é uma resposta fisiológica normal. A dor também pode ocorrer quando as vias de produção da dor do sistema nervoso periférico ou central (SNC) são lesionadas ou excessivamente ativadas. E a cefaleia pode originar-se de um ou ambos os mecanismos. Relativamente poucas estruturas cranianas geram dor; elas incluem o couro cabeludo, a artéria meníngea média, os seios durais, a foice do cérebro e os segmentos proximais das grandes artérias da pia-máter. O epêndima ventricular, o plexo coroide, as veias da pia-máter e grande parte do parênquima cerebral não geram dor. As principais estruturas envolvidas na cefaleia primária parecem ser as seguintes: · Os grandes vasos intracranianos e a dura-máter e os terminais periféricos do nervo trigêmeo que inervam tais estruturas; · A parte caudal do núcleo trigeminal, que se estende até os cornos dorsais da medula cervical superior e recebe impulsos da primeira e da segunda raízes nervosas cervicais (complexo trigeminocervical); · Regiões rostrais de processamento da dor, como o tálamo ventroposteromedial e o córtex; · Os sistemas moduladores da dor no cérebro que modulam o impulso dos nociceptores trigeminais em todos os níveis de vias de processamento da dor e influenciam as funções vegetativas, como as estruturas do hipotálamo e tronco cerebral. ( Relembrando nervo trigemio 5° nervo craniano. É um nervo misto, com função motora e sensitiva. Possui três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. Origem na ponte e pedúnculo cerebelar médio. Responsável pela sensibilidade superficial da face, da conjuntiva ocular, dura mater craniana. Como função motora inerva músculos mastigatórios ) Enxaqueca Definição Cefaleia episódica associada a manifestações como sensibilidade a luz, som ou movimento; (fotofobia e fonofobia). É tipicamente unilateral, mas, as vezes, pode ser bilateral. Intensidade moderada a intensa agravada pela atividade física de rotina. Obs. A enxaqueca muitas vezes é reconhecida pelos seus gatilhos. Exemplos de gatilhos: · Reflexos e luzes brilhantes; · Ruídos e estímulos aferentes; · Fome; · Cansaço por estresse e cansaço físico; · Flutuações hormonais da menstruação; · Ausência ou excesso de sono; · Álcool e outros estímulos químicos como nitrato. A dor de cabeça ocorre a qualquer momento e persiste por quatro a 72 horas; pode ocorrer com aura (sintoma neurológico focal que pode ser visual, sensorial ou motor) ou sem aura. Epidemiologia É a segunda causa mais comum de cefaleia e a causa mais comum de incapacidade neurológica relacionada a cefaleia no mundo. Atinge cerca de 15% das mulheres e 6% dos homens ao longo de um período de 1 ano. Na puberdade, a prevalência aumenta em meninas e continua sendo maior durante toda sua vida. A maior prevalência ocorre entre 25 e 55 anos de idade. A enxaqueca é mais prevalente em brancos e naqueles com um estado socioeconômico ou renda mais baixa. Condições de comorbidade que podem ser associadas à enxaqueca incluem epilepsia, acidente vascular cerebral, depressão, ansiedade, infarto do miocárdio, forame oval patente, síndrome de Raynaud, síndrome do intestino irritável e fibromialgia. A menstruação e a ovulação podem aumentar a frequência de dor de cabeça. Fisiopatologia A enxaqueca é definida pela sua sensibilidade sensorial. Essa sensibilidade se deve a uma disfunção dos sistemas de controle sensitivos monoaminérgicos que ficam no tronco encefálico e no hipotálamo. Lembrando: Os sistemas monoaminérgicos se originam em pequenos núcleos no tronco cerebral e mesencéfalo e projetam-se pela córtex e são formados por neurônios que contêm norepinefrina (NE), serotonina (5-HT) e dopamina (DA) e possuem efeitos de modulação e integração em diversas atividades corticais e subcorticais. Via para dor de enxaqueca é a via aferente trigeminovascular dos vasos meníngeos que passam através dos gânglios trigeminais e fazem sinapse nos neurônios de segunda ordem no complexo trigeminocervical. Esses neurônios seguem no trato quintotalâmico e, após cruzarem o tronco encefálico, realizam sinapse nos neurônios talâmicos. Mas a ativação de células no núcleo trigeminal só ocorre pela liberação de neuropeptídeos vasoativos como o CGRP (Gene da calcitonina) tanto nas terminações vasculares do nervo trigêmeo quanto dentro do núcleo trigeminal. Dados farmacológicos e outros dados apontam para o envolvimento do neurotransmissor 5-hidroxitriptamina (5-HT; também conhecido como serotonina) na enxaqueca. Os dados também sustentam um papel para a dopamina na fisiopatologia da enxaqueca. A maior parte dos sintomas de enxaqueca pode ser induzida por estimulação dopaminérgica Manifestações clínicas Geralmente paciente “sente” que terá a enxaqueca, com alguns sinais como: dificuldade de concentração ou fadiga. Alguns pacientes podem ter aura antes da dor de cabeça. Outros sintomas acompanham como: náuseas, vômitos, sensibilidade a luz e ao som. Paciente pode ter tambem dor no pescoço, tontura, osmofobia e dificuldade para pensar. Aura: a enxaqueca com aura geralmente é visual, mas pode ser sensitiva ou pode incluir afasia ou vertigem. Aura de enxaqueca sem dor de cabeça começa com um distúrbio neurológico, como um fenômeno visual, mas sem dor de cabeça subsequente. Diagnóstico Totalmente clínico. O diagnóstico diferencial inclui dor de cabeça tensional, mas a maioria das dores de cabeça de moderada a grave é enxaqueca. Em pacientes com um histórico sugestivo de uma dor de cabeça secundária, uma avaliação mais aprofundada com a RM deve ser considerada. Um diário da cefaleia muitas vezes ajuda a definir o diagnóstico; Questionário do escore para avaliação da incapacidade por enxaqueca (Migraine Disability Assessment Score – MIDAS) Tratamento Dividido em tratamento da dor de cabeça aguda e prevenção de crises de enxaqueca subsequente. A maioria dos pacientes se beneficia da identificação e prevenção de gatilhos da cefaleia Tratamento agudo 1. Agente analgésico não específico; ataques leves podem ser tratados com acetaminofeno, aspirina, Ibuprofeno ou cetoprofeno. 2. Combinação de terapia analgésica; cefaléias moderadas podem responder a combinação de acetaminofeno, mucato de isometepteno e dicloralfenazona. 3. Opiódes; Opioides como N-acetil-p-aminofenol (APAP) com codeína, ou butorfanol, beneficiam alguns pacientes, mas a meperidina não é eficaz. Opiáceos orais não devem ser usados para dores de cabeça primárias, recorrentes e crônicas 4. Terapia especifica e agressiva para enxaqueca. Para ataques muito intensos, diidroergotamina (1 mg por via subcutânea ou 0,5 a 1 mg intravenoso) é eficaz, mas geralmente requer um antiemético(p. ex. prometazina, 25 mg) antes do uso intravenoso. ATENÇÃO: É importante evitar o uso excessivo de analgésicos e outros medicamentos, pois o uso excessivo pode causar dor de cabeça crônica diária em indivíduos suscetíveis. Prevenção e prognóstico Tratamento preventivo é feito quando: · Dores de cabeça interferem nas atividades em 3 ou mais dias por mês. · Dores de cabeça graves e prolongadas. · Enxaqueca é complicada por eventos como infarto cerebral. Fármacos: bloqueadores β-adrenérgicos, antagonistas dos canais de cálcio, NSAIDs, antidepressivos tricíclicos e anticonvulsivantes; Outras alternativas incluem as drogas serotonérgicas ciproheptadina (4 a 20 mg) ou o inibidor da monoamina oxidase fenelzina (30 a 60 mg). O prognóstico para os pacientes com enxaqueca é variável. Em muitos pacientes, as dores de cabeça diminuem em gravidade com a idade, mas a aura de enxaqueca sem dor de cabeça se torna mais frequente com a idade mais avançada. As enxaquecas podem se tornar crônicas, definidas como mais de 15 dias por mês, especialmente quando associadas à obesidade e status socioeconômico baixo. Cefaleia do tipo tensional Definição Dor de cabeça bilateral, como uma faixa apertada não pulsátil, sem náuseas ou vômitos. Os pacientes podem ter fotofobia ou fonofobia, mas não ambos. A dor de cabeça não piora com a atividade. Epidemiologia As dores de cabeça tensionais são mais comuns em mulheres do que em homens, independente de idade, raça e nível educacional. Mais comuns nos países ocidentais e mais comuns em brancos do que afro-americanos. Fisiopatologia Fisiopatologia menos compreendida do que de outras cefaléias. Os fatores genéticos são incertos. Parece que a CT é decorrente de um distúrbio apenas de modulação de dor no sistema nervoso central. Obs. As dores de cabeça tensionais não são por conta de emoções ou contração muscular, mas o estresse, fadiga e falta de sono podem desencadear a dor. (O nome cefaleia tensional implica que a dor decorre de tensão nervosa, mas não há evidências claras da tensão como etiologia) Quadro clínico Intensidade leve a moderada. De forma que maioria dos indivíduos não procura atendimento. As dores podem ser episódicas com menos de 15 dias por mês ou crônicas ocorrendo em mais de 15 dias por mês. 25% dos pacientes progridem para dor de cabeça crônica. As dores de cabeça tensionais podem durar minutos, horas ou dias. Diagnostico Diagnostico diferencial: enxaqueca (principal); hemicrania contínua, cefaléias secundarias. Tratamento Dor da CT geralmente pode ser tratada com analgésicos simples como paracetamol, ácido acetilsalicílico ou AINEs. Acetaminofeno (650 a 1.000 mg) ou NSAIDs (aspirina, 900 a 1.000 mg; Naproxeno, 250 a 500 mg; Ibuprofeno, 200 a 800 mg; ou cetoprofeno, 12,5 a 75 mg). A combinação do acetaminofeno com cafeína pode ser particularmente útil. Obs. o uso de analgésico por mais de três dias por semana pode piorar as dores de cabeça. Prevenção e prognóstico A cefaleia do tipo tensional crônica pode se beneficiar com o tratamento profilático com amitriptilina (começando com 10 mg na hora de dormir e aumentada lentamente até 100 mg, até que o paciente melhore ou se desenvolvam sintomas colaterais intoleráveis), nortriptilina (25 a 100 mg à noite), doxepina (25 a 75 /dia), maprotilina (10 a 25/mg/dia), ou a fluoxetina (10 a 20 mg/dia). Cefaleias tensionais têm um prognóstico variável. Adolescentes com cefaleias do tipo tensional e dois ou mais fatores psiquiátricos (p. ex., depressão e ansiedade) possuem um pior prognóstico. Cefaleia em salvas Definição Faz parte das cefalalgias trigêmino- autonômicas. Dor de cabeça unilateral associada a sinais autonômicos ipsilaterais. Cefalalgias autonômicas do trigemio: · Cefaleias em salva; · Hemicrania paroxística; · SUNCT crises de cefaleia neuralgiforme unilateral · Hemicrania contínua. Epidemiologia Cefaleia em salvas é mais frequente em homens. Ataques iniciam entre 20 e 30 anos de idade. Freqüência na população de cerca de 0,1%. Fisiopatologia Parece haver uma predisposição genética. Tomografia por emissão de pósitrons e ressonância magnética funcional mostram ativação do hipotálamo posterior inferior no início da cefaleia em salvas e outras cefalalgias trigêmino-autonômicas. Além disso, o complexo trigêmino-vascular e o sistema craniano autonômico são ativados. Obs. O sistema trigeminovascular se refere às estruturas intracranianas que possuem inervação sensitiva relacionada ao quinto par craniano, o nervo trigêmeo. A segunda parte do nome “vascular”, diz respeito ao sistema vascular intracraniano, ou seja, o sistema trigeminovascular está relacionado com a inervação sensitiva dos vasos e meninges circundantes intracranianos. Quadro clínico Unilaterais e raramente bilaterais. Acompanhadas de sinais autonômicos ipsilaterais como lacrimejamento e hiperemia conjuntival. As vezes congestão nasal, rinorreia, rubor e edema palpebral. Localização é atrás ou acima do olho ou na têmpora. Pode doer tambem testa; bochecha, dentes ou maxilar. A dor atinge o seu Maximo de intensidade em cerca de 9 minutos e termina abruptamente. Os ataques ocorrem 1 a 8 vezes por dia. Com inicio noturno. dor “em punhaladas” persiste por 15 minutos a 3 horas. Pelo menos uma das crises diárias de dor recorre aproximadamente na mesma hora todo dia. ATENÇÃO: pacientes com cefaleias em salvas andam e são incapazes de sentar ou deitar. Agitação. O que diferencia da enxaqueca; Obs. Cefaleias em salvas, quando precipitados por histamina, álcool ou nitroglicerina têm uma periodicidade diária e podem também ter uma periodicidade sazonal. Diagnóstico Procedimentos de imagem como ressonância magnética, são indicados para todos os pacientes com cefaleias em salvas ou outras cefalalgias trigêmino-autonômicas, pois essas formas de cefaleia podem ser secundárias a outras lesões, como uma infecção, malformação vascular ou neoplasia. A cefaleia em salvas é caracterizada como crônica quando permanece em remissão menos de 1 mês sem tratamento Tratamento O uso de inalação de oxigênio 100%, com máscara, 7 a 10 L/min por 15 a 30 minutos beneficia alguns paciente. Sumatriptana ou zolmitriptana nasal spray ou sumatriptana subcutânea (4 a 6 mg) podem ser úteis. Prevenção e prognostico Corticosteroides (p.ex., prednisona, 40 mg/dia, ou dexametasona, 4 mg duas vezes ao dia por duas semanas) agem rapidamente para evitar a cefaleia em salvas. Cefaleia em salvas muitas vezes é um problema ao longo da vida, mas remissões podem persistir por períodos mais longos conforme o paciente envelhece. ( Outras cefalalgias trigêmino- autonômicas As CATs são caracterizadas por crises de dor de cabeça de relativamente curta duração associadas a sintomas autônomos cranianos, como lacrimejamento, hiperemia conjuntival ou congestão nasal . dor em geral é intensa e pode ocorrer mais de uma vez ao dia. Devido à congestão nasal e rinorreia associadas, os pacientes muitas vezes são diagnosticados de maneira errada com “cefaleia sinusal . Hemicrania paroxística : ataques de dor de cabeça que persistem durante 5 a 30 minutos de curta duração ; unilaterais e ao redor dos olhos, têmpora ou região maxilar. Associado a lacrimejamento e congestão nasal. Cerca de 5 vezes ao dia. Respondem a indometacina. A feta mais mulheres, pode começar em qualquer idade, mas geralm ente inicia dos 34 aos 41 anos . Em pacientes com HP bilateral aparente, deve-se suspeitar de aumento na pressão do líquido cerebrospinal (LCS). Hemicraniana contínua: Cefaleia crônica diária. Dor contínua, unilateral, Intensidade moderada e com exacerbações de dor intensa . Ob servada em homens e mulheres . Sem períodos livres de dor. Durante as exacerbações, pelo menos uma característica autonômica está presente e é ipsilateral à dor: hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, semiptose ou miose. Responde a indometacina Sindrome SUNCT (dor de cabeça neuralgiforme ): rara cefalalgia trigêmio autonômica. D or unilateral, de curta duração Dor “insuportável”, mas breve (5 a 240 segundos). com injeção conjuntival e hiperemia conjuntival e lacrimejamento unilateral . Ocorre em homens. Não responde a indometacina. A lidocaína intravenosa, que suspende os sintomas, pode ser usada nos pacientes hospitalizados. ) Cefaléia crônica diária Definição Dor de cabeça presente em mais de 15 dias por mês. Essas dores de cabeça podem ser enxaqueca crônica, cefaleia do tipo tensional crônica, cefaleia persistente e diária de início súbito, hemicrania contínua e cefaleia em salvas crônica, com ou sem o uso excessivo de medicamento. Epidemiologia Cerca de 4 a 5% da população sofre de cefaleia crônica diária, mais comumente do tipo tensional crônico. Fatores desencadeadores, como infecção prévia, traumatismo craniano leve ou evento estressante da vida podem estar presentes em 40 a 60% dos pacientes com cefaleia persistente e diária de início súbito. Fatores de risco para cefaleia crônica diária incluem uso excessivo de medicação, histórico de enxaqueca, depressão, sexo feminino, obesidade, ronco, eventos estressantes da vida e baixo nível educacional. Fisiopatologia A fisiopatologia da cefaleia crônica diária provavelmente está relacionada à enxaqueca, com anormalidades centrais e periféricas. Quando as crises de enxaqueca se prolongam e as cefaleias ocorrem diariamente a alodinia, uma sensação de que um estímulo não doloroso é percebido como doloroso, muitas vezes se desenvolve; A sensibilização central associada a estruturas dolorosas em torno da cabeça aumenta. Quadro clínico Bilateral; não pulsátil. Leve a moderada. E associada a não mais do que um dos seguintes: fotofobia, fonofobia ou náuseas. Cefaleia crônica diária é frequentemente associada à comorbidade psiquiátrica, especialmente depressão e ansiedade, e comorbidade psiquiátrica severa prevê intratabilidade. ATENÇÃO: A utilização de um opiáceo por mais de oito dias por mês, especialmente nos homens, o uso de barbitúricos por mais de cinco dias por mês, especialmente em mulheres, ou a utilização de triptanos por mais de 10 a 14 dias por mês podem levar frequentemente à enxaqueca crônica, ou pelo menos ao agravamento das dores de cabeça. Diagnostico Identificar o tipo subjacente de cefaleia crônica diária primária: enxaqueca crônica, cefaleia do tipo tensional crônica, cefaleia diária persistente ou hemicrania contínua. Obs. cefaleias de duração inferior a quatro horas também podem ser crônicas e diárias. É importante excluir cefaleias secundárias, incluindo cefaleia pós-traumática, dores de cabeça associadas a doenças vasculares. A RM e os exames laboratoriais (p. ex., VHS em um indivíduo idoso) são comumente recomendados. Punção lombar para avaliar a pressão intracraniana também pode ser indicada em determinados pacientes. Tratamento A causa mais comum da cefaleia crônica diária é o uso excessivo de medicamentos, de modo que os pacientes devem ser advertidos quanto ao uso de medicações sintomáticas em demasia. O tratamento da depressão subjacente, da ansiedade e da dor também pode ser útil. Tratamentos específicos para enxaqueca especialmente diidroergotamina intravenosa (0,5 a 2 mg), são úteis para encerrar crises de enxaqueca. Prevenção e prognóstico Os medicamentos que são úteis na prevenção da cefaleia crônica diária incluem antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina se os pacientes estiverem deprimidos, anticonvulsivantes, betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio. O prognóstico depende do diagnóstico da dor de cabeça subjacente. Se uso excessivo de medicação é a causa, mas o paciente é desintoxicado com sucesso, cerca de 75% dos pacientes melhoram quando tratados com medicamentos preventivos Outras cefaleias primárias... Cefaleia primaria da tosse -> generalizada. Que começa repentinamente. Duração de alguns minutos ate horas. Precipitada pela tosse. Uma malformação de Chiari ou qualquer lesão que cause obstrução das vias de LCS ou desloque estruturas cerebrais podem ser a causa da cefaleia. A cefaleia da tosse benigna pode assemelhar-se à cefaleia aos esforços benigna , porém os pacientes com o primeiro distúrbio são mais velhos. Uso de indometacina. Cefaléia do esforço -> precipitado por exercícios. Latejante. Dor pode durar de 5 a 24 horas e é bilateral. A duração tende a ser mais curta em adolescentes do que em adultos. A cefaleia primária aos esforços pode ser prevenida evitando-se esforços excessivos. Uso de indometacina, ergotamina administrados 30 minutos antes dos exercícios são medidas profiláticas úteis. Cefaleia associada a atividade sexual -> três tipos de cefaleia são relatadas: 1. Dor surda na cabeça e pescoço que se intensifica a medida que excitação sexual aumenta. 2. Cefaleia súbita: explosiva, intensa que ocorre no orgasmo. 3. Cefaleia postural: desenvolve após o coito. pode surgir com atividade sexual vigorosa e é uma forma de cefaleia de baixa pressão do LCS Causas secundárias da cefaleia Meningite Cefaléia aguda e intensa com rigidez de nuca e febre. Punção lombar obrigatória para diagnóstico. Hemorragia intracraniana Cefaléia aguda e intensa com rigidez de nuca, mas sem febre sugere uma hemorragia subaracnóidea. Tumor cerebral Cerca de 30% dos pacientes com tumores cerebrais consideram a cefaleia como sua queixa principal. Uma dor maçante, profunda, intermitente, de intensidade moderada, que pode piorar aos esforços ou por mudança de posição e pode ser acompanhada de náuseas e vômitos. A cefaleia que surge originalmente em paciente com câncer conhecido sugere metástase cerebral ou meningite carcinomatosa, ou ambas Arterite temporal A arterite temporal (de células gigantes) é um distúrbio inflamatório das artérias que frequentemente envolve a circulação carotídea extracraniana. Constitui um distúrbio comum em idosos; A cefaleia é o sintoma dominante e frequentemente aparece associada a mal-estar e mialgias. A dor na cabeça pode ser unilateral ou bilateral e localizar-se temporalmente em 50% dos pacientes. A cefaleia costuma piorar à noite e muitas vezes é agravada por exposição ao frio. Glaucoma cefaleia debilitante associada a náuseas e vômitos. A cefaleia frequentemente começa com dor ocular intensa. Ao exame físico, o olho costuma mostrar-se eritematoso com pupila fixa e moderadamente dilatada. Hipertensão intracraniana caracterizada por cefaleia em mais de 90% dos indivíduos, cerca de 90% dos quais são obesos. Outros sintomas incluem zumbido pulsátil, obscurecimentos visuais transitórios e visão dupla. O diagnóstico da pressão intracraniana é feito pela presença de características clínicas, bem como através de sinais, tais como papiledema. Hipotensão intracraniana A hipotensão intracraniana causa dor de cabeça que fica caracteristicamente melhor quando o paciente está em decúbito dorsal e pior quando o paciente está em posição ereta. A localização da dor é variável e a característica mais frequente é a alteração ortostática da dor. Tipo cefaléia Enxaqueca Tensional Em salvas Crônica diária Localização Unilateral, mas pode ser bilateral. Bilateral Unilateral Bilateral Intensidade Moderada a intensa Leve a moderada Intensa. Agitação Leve a moderada Agravos e melhoras Agrava com atividade física (fotofobia e fonofobia) Não piora com atividade. Sinais autonômicos ipsilaterais Tempo de duração 4 a 72 horas Minutos, horas ou dias 15 minutos a 3 horas Mais de 15 dias/mês Epidemiologia Mais em mulheres Mais comum em mulheres Mais comum em homens Uso excessivo de remédios. Tratamento Cefaléia leve: acetaminofeno, aspirina, Ibuprofeno ou cetoprofeno. Cefaléia moderada: combinação de acetaminofeno, mucato de isometepteno e dicloralfenazona Cefaléia intensa: diidroergotamina com antiemético prometazina. Acetaminofeno; Aspirina, Ibuprofeno ou cetoprofeno Combinação do acetaminofeno com cafeína O uso de inalação de oxigênio. Sumatriptana ou zolmitriptana nasal spray ou sumatriptana subcutânea Tratar problema inicial. · Cecil e Goldman Medicina- 24ª ed.pdf página 7538-7552 · Harrison - Medicina Interna -19ª Ed.pdf página 10364- 10381-10394 | 570-583
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