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10_FALENCIA_60

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Sumário
1.	Origem histórica:	3
2.	Direito Falimentar no Brasil:	3
3.	Conceitos:	4
4.	Falência:	4
4.1.	PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA:	5
4.2.	FASES DO PROCESSO FALIMENTAR:	7
4.3.	SENTENÇA DE FALÊNCIA:	12
4.3.1.	EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA EM RELAÇÃO AO FALIDO:	13
4.3.2.	EFEITOS DA SENTENÇA DECLATATÓRIA DE FALÊNCIA EM RELAÇÃO AOS CREDORES:	16
4.3.3.	EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA EM RELAÇÃO ÀS OBRIGAÇÕES DO FALIDO:	16
4.3.4.	EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA EM RELAÇÃO AOS CONTRATOS DO FALIDO:	17
4.4.	FIXAÇÃO DO TERMO LEGAL:	18
4.5.	DEFESAS DO REQUERIDO:	19
4.6.	ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA:	20
4.7.	APURAÇÃO DO ATIVO:	24
4.8.	ARRECADAÇÃO DOS BENS DO FALIDO:	24
4.9.	MEDIDAS PARA REINTEGRAR BENS QUE NÃO ESTÃO COM O FALIDO:	26
4.10.	REALIZAÇÃO DO ATIVO:	27
4.11.	VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DOS CRÉDITOS:	32
4.12.	HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA:	36
4.13.	ORDEM E CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS:	38
4.14.	ENCERRAMENTO:	41
ATUALIZADO EM 28/06/2022[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
LEI nº 11.101/2005 - FALÊNCIA[footnoteRef:2] [2: Por Fernanda Pereira Barboza.] 
1. Origem histórica:
· Roma antiga: devedor respondia com a própria liberdade e a vida;
· Lex Poetelia Papiria: responsabilidade patrimonial;
· Código Justiniano: execução especial de devedor insolvente. Credores adquiriam a posse comum do bem e vendiam. Qualquer devedor, comerciante ou não. O intuito é punir o devedor;
· Código de Napoleão: regras próprias para o devedor comerciante. Intuito de punir;
· Hoje: intuito de preservar a empresa.
2. Direito Falimentar no Brasil:
· Período de Colonização: Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas. Regras falimentares extremamente severas com o devedor;
· 1808 – Vinda da Família Real para o Brasil e consequente abertura dos portos às nações amigas. Aumento das relações comerciais;
· 1850 – Promulgação do Código Comercial;
· 1850 – Edição do Regulamento nº 738 – regulou o processo falimentar;
· Decreto-lei nº 7.661/45 – regulou o processo falimentar;
· Lei 11.101/05:  disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.
3. Conceitos:
Falência é o processo coletivo de execução forçada de um empresário ou sociedade empresária cuja recuperação mostra-se inviável. A falência tem como objetivo reunir os credores e arrecadar os bens, ativos e recursos do falido a fim de que, com os recursos obtidos pela alienação de tais bens, possam os credores ser pagos, obedecendo a uma ordem de prioridade estabelecida na lei.
A recuperação judicial consiste em um processo judicial, no qual será construído e executado um plano com o objetivo de recuperar a empresa que está em vias de efetivamente ir à falência. Logo, em vez de a empresa ir à falência (o que é nocivo para a economia, para os donos da empresa, para os funcionários etc.), tenta-se dar um novo fôlego para a sociedade empresária, renegociando as dívidas com os credores.
Na antiga Lei de Falências, esse processo era chamado de “concordata” (DL 7.661/45). A Lei nº 11.101/2005 acabou com a “concordata” e criou um novo instituto, com finalidade semelhante, chamado de recuperação judicial. Assim, a recuperação judicial surgiu para substituir a antiga “concordata” e tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise do devedor, a fim de permitir que a atividade empresária se mantenha e, com isso, sejam preservados os empregos dos trabalhadores e os interesses dos credores.
#IMPORTANTE! A Lei nº 11.101/2005 (art. 2º) NÃO se aplica a:
· Sociedades simples, pois não são empresárias;
· Empresa pública;
· Sociedade de economia mista;
· Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
*(Atualizado em 21/03/2022) #DEOLHONAJURIS É possível a submissão de cooperativa de crédito ao processo de falência 
O art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005, afirma que esta Lei não se aplica a cooperativa de crédito. Existe, porém, regra específica na Lei nº 6.024/74 prevendo que as instituições financeiras e equiparadas (como as cooperativas de crédito) podem ir à falência após liquidação extrajudicial pelo Banco Central. Essa possibilidade foi reafirmada pela Lei nº 13.506/2017, que alterou a Lei nº 6.024/74. Desse modo, a doutrina, ao interpretar o art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005 afirma que as instituições financeiras e cooperativas de crédito apenas não ingressam, de imediato, no processo judicial de execução coletiva empresarial, passando antes por intervenção e liquidação extrajudicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.653-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/12/2021 (Info 722).
4. Falência:
A falência é mecanismo de preservação de benefícios econômicos e sociais decorrentes da atividade empresarial, por meio da liquidação imediata do devedor e da rápida realocação útil de ativos na economia (art. 75, §2º). Trata-se de um processo de execução coletiva ou concursal, pelo qual o devedor empresário é afastado de suas atividades para preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa.
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a:      (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)    
I - preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos ativos e dos recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa;     (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)    
II - permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com vistas à realocação eficiente de recursos na economia; e       (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)     
III - fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da viabilização do retorno célere do empreendedor falido à atividade econômica.     (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)     
§ 1º O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual, sem prejuízo do contraditório, da ampla defesa e dos demais princípios previstos na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).          (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)     
Assim, excetuadas as preferências legais, todos os credores concorrem, de forma igualitária, à distribuição proporcional do ativo do devedor, decorrente da venda judicial dos bens verificados e arrecadados. Por meio da falência dá-se o encerramento da atividade econômica desenvolvida pela empresa em crise financeira, de forma a minimizar os prejuízos de seus empregados e credores.
Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta Lei.
#NÃOCONFUNDA: A personalidade jurídica da falida não desaparece com o encerramento do procedimento falimentar, pois a sociedade pode prosseguir no comércio a requerimento do falido e deferimento do juízo, ou mesmo, conforme determinava a anterior lei falimentar, requerer o processamento de concordata suspensiva. STJ. 3ª Turma. REsp 883.802/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/04/2010.
 
A pessoa jurídica já dissolvida pela decretação dafalência subsiste durante seu processo de liquidação, sendo extinta, apenas, depois de promovido o cancelamento de sua inscrição perante o ofício competente. Inteligência do art. 51 do Código Civil. STJ. 1ª Turma. REsp 1359273/SE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 04/04/2013.
A decretação da falência não gera a extinção da pessoa jurídica. Com a decretação, o que acontece é que o falido perde o direito de administrar seus bens e deles dispor. O administrador judicial passa então a representar a massa falida.
Assim, a sociedade falida não se extingue nem perde a sua capacidade processual, tanto que pode figurar como assistente nas ações em que a massa seja parte ou interessada, inclusive interpondo recursos. Durante o trâmite do processo de falência, a sociedade falida pode até mesmo requerer providências conservatórias dos bens arrecadados.
A Lei nº 11.101/2005 (art. 103) reconhece a capacidade da sociedade falida de realizar determinados atos após a sentença de decretação da falência, bem como possibilitam a reabilitação posterior da empresa, com o restabelecimento de sua atividade econômica. 
 
O encerramento da falência é causa da dissolução e da liquidação da sociedade empresária. No entanto, isso não significa, por si só, que seja também causa de extinção automática da empresa, tendo em vista que a sua personalidade jurídica é mantida até o efetivo cancelamento no registro competente ou, ainda, porque pode ressurgir com a reabilitação da falida para o exercício de suas atividades.
Tanto o ato de dissolução como o ato de extinção da sociedade empresária devem ser tidos, principalmente no âmbito falimentar, como fases com momentos e efeitos diversos, sendo uma sequência de atos voltados ao fim da vida social.
Assim, pode-se dizer que a dissolução da sociedade pela decretação de sua falência não extingue a pessoa jurídica, sendo apenas o início da fase liquidatória da empresa.
O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido. Dessa forma, após a instauração da execução consensual do devedor, todas essas ações irão convergir para o juízo falimentar. Em virtude dessa característica, diz-se que o juízo da falência é universal:
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo.
Feita essa introdução, vamos conferir quais os pressupostos e as fases do processo falimentar? #PARTIU! 
4.1. PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA:
Para que se instaure o processo falimentar, é necessária a concorrência de três pressupostos: a) devedor empresário; b) insolvência; c) sentença declaratória da falência.
a) Pressuposto material subjetivo: qualidade de empresário;
#SELIGA: A doutrina diferencia os empresários absolutamente excluídos do regime de falência daqueles parcialmente excluídos. Veja:
Um empresário excluído totalmente da falência não poderá, em nenhuma hipótese, submeter-se ao processo falimentar como forma de execução concursal de suas obrigações. Já o empresário excluído parcialmente da falência, em determinados casos discriminados por lei, poderá ser concursalmente executado por via da falência.
Estão totalmente excluídos do regime falimentar: a) as empresas públicas e sociedades de economia mista (LF, art. 2º, I), que são sociedades exercentes de atividade econômica controladas direta ou indiretamente por pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Territórios ou Municípios), razão pela qual os credores têm sua garantia representada pela disposição dos controladores em mantê-las solventes; b) as câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira, sujeitos de direito cujas obrigações são sempre ultimadas e liquidadas de acordo com os respectivos regulamentos, aprovados pelo Banco Central; as garantias conferidas pelas câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira destinam-se, por lei, prioritariamente, à satisfação das obrigações assumidas no serviço típico dessas entidades (LF, art. 193); c) as entidades fechadas de previdência complementar (LC n. 109/2001, art. 47). 
Entre os empresários parcialmente excluídos do regime falimentar, podem ser lembradas: a) as instituições financeiras, às quais destinou o legislador o processo de liquidação extrajudicial prevista na Lei n. 6.024, de 1974, sob a responsabilidade do Banco Central; b) as sociedades arrendadoras, que tenham por objeto exclusivo a exploração de leasing, sujeitas ao mesmo regime de liquidação extrajudicial previsto para as instituições financeiras (Res. BC n. 2.309/96); c) as sociedades que se dediquem à administração de consórcios, fundos mútuos e outras atividades assemelhadas e se sujeitem a procedimento de liquidação extrajudicial idêntico ao das instituições financeiras, consoante o disposto no art. 10 da Lei n. 5.768, de 1971; d) as companhias de seguro,
que, nos termos do art. 26 do Decreto-lei n. 73/66, devem ter sua falência requerida pelo liquidante nomeado pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), quando frustrada a liquidação extrajudicial (isto é, se o ativo não for suficiente para o pagamento de pelo menos metade dos credores quirografários) ou se surgirem nesta indícios de crime falimentar (redação conferida pela Lei n. 10.190/2001, art. 1º); e) as entidades abertas de previdência complementar (LC n. 109/2001, art. 73) e as de capitalização (Dec.-lei n. 261/67, art. 4º), nas mesmas condições que as seguradoras; f) as operadoras de planos privados de assistência à saúde, que, nos termos do art. 23 da Lei n. 9.656/98, submetem-se ao regime de liquidação extrajudicial pela ANS (Agência Nacional de Saúde), e só podem falir nas mesmas condições das seguradoras.
Todos os empresários parcialmente excluídos do regime falimentar podem ter a sua falência decretada, observadas as condições específicas legalmente previstas. Por exemplo: a falência de instituição financeira em regime de liquidação extrajudicial deve ser requerida pelo próprio liquidante, autorizado pelo Banco Central se o ativo não alcançar metade do passivo quirografário ou se houver indícios de crime falimentar.[footnoteRef:3] [3: Coelho, Fábio Ulhôa Manual de Direito Comercial: direito de empresa / 24. ed. – São Paulo: Saraiva.] 
b) Pressuposto material objetivo: insolvência do devedor;
#OUSESABER: O estado patrimonial em que se encontra o devedor que possui o ativo inferior ao passivo é denominado insolvência. Ao contrário do que aponta o senso comum a insolvência patrimonial da sociedade empresarial ou do empresário individual é apenas umas das causas que justificam a decretação da falência. As causas justificadoras da falência estão elencadas no artigo 94 da Lei nº 11.101/2005, sinteticamente elas podem ser classificadas: Insolvência confessada/ autofalência (quando a própria sociedade requer a falência); impontualidade injustificada (artigo 94, i); execução frustrada (artigo 94, ii); atos de falência (artigo 94, iii). Portanto, mesmo possuindo patrimônio suficiente, se a sociedade empresária ou empresário individual praticar algumas das causas justificadoras previstas no artigo 94 da Lei nº 11.101/2005, a falência poderá ser decretada, posto que a lei falimentar exige a insolvência jurídica (caracterizada quando estiver presente alguma das causas do artigo 94) e não a insolvência econômica.
#DEOLHONAJURIS: O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Leinº 11.101/2005. Assim, independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a decretação da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005). STJ. 3ª Turma. REsp 1532154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 596).
c) Pressuposto formal: sentença.
Nesse procedimento pré-falimentar, o juiz analisará, basicamente, a ocorrência dos dois primeiros pressupostos acima analisados – a qualidade de empresário do devedor e o seu estado de insolvência – para então decidir se decreta a falência ou se a denega.
4.2. FASES DO PROCESSO FALIMENTAR:
O processo de falência compreende três etapas distintas: a) o pedido de falência, também conhecido por etapa pré-falencial, que tem início com a petição inicial de falência e se conclui com a sentença declaratória da falência; b) a etapa falencial, propriamente dita, que se inicia com a sentença declaratória da falência e se conclui com a de encerramento da falência; esta etapa objetiva o conhecimento judicial do ativo e passivo do devedor, a realização do ativo apurado e o pagamento do passivo admitido; c) a reabilitação, que compreende a declaração da extinção das responsabilidades de ordem civil do devedor falido. 
· 1ª Fase: Pré-falimentar
O início do processo falimentar se dá com o pedido de falência. E quem pode requerer a falência? Essa resposta é dada pela própria lei:
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade;
IV – qualquer credor.
#DEOLHONAJURIS: A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor.
Assim, o credor trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência, considerando que o art. 97, IV, da Lei nº 11.101/2005 não faz distinção entre credores. STJ. 3ª Turma. REsp 1544267-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/8/2016 (Info 589).
A Fazenda Pública possui legitimidade para requerer a falência do devedor?
Prevalece que não. O STJ possui julgados antigos afirmando que não é possível o requerimento de falência formulado pela Fazenda Pública considerando que ela dispõe de um instrumento específico e eficiente para a cobrança do crédito tributário, qual seja, a execução fiscal. Nesse sentido: STJ. REsp 287.824/MG, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 20/10/2005.
Em âmbito doutrinário, existe um enunciado da Jornada de Direito Comercial no mesmo caminho:
Enunciado 56: A Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir para requerer a falência do devedor empresário.
Qual o juízo competente para analisar o pedido de falência?
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
Trata-se de competência ABSOLUTA.
Como determinar qual o local do principal estabelecimento do devedor? De acordo com a doutrina majoritária, por principal estabelecimento se entende não a sede estatutária ou contratual, a que vem mencionada no ato constitutivo, nem aquele estabelecimento maior física ou administrativamente falando. Principal estabelecimento é aquele em que se encontra centrado o maior volume de negócios da empresa; é o principal estabelecimento do ponto de vista econômico. O juiz do local onde se encontra tal estabelecimento é o competente para o processo falimentar. Nas comarcas em que há mais de um juízo cível, a distribuição do primeiro pedido de falência ou de recuperação judicial referente a um determinado devedor previne a competência para apreciação dos pedidos seguintes.
#SELIGA: A justiça competente para julgar as ações de falência é a justiça comum estadual, uma vez que o art. 109 da Constituição Federal exclui da competência da Justiça Federal a apreciação das causas de falência.
#DEOLHONAJURIS: Compete ao Juízo falimentar decidir sobre os bens do falido dados em garantia em favor de sociedade empresária em recuperação judicial ainda que pendente decisão no juízo arbitral sobre eventual descumprimento de obrigações entre as partes. STJ. 2ª Seção. CC 166591-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 23/10/2019 (Info 659).
O término da fase pré-falimentar ocorre com a sentença declaratória de falência. 
E quais são as causas da falência? 
· Autofalência
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos:
I – demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório do fluxo de caixa;
II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos;
III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade;
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais;
V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei;
VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos endereços, suas funções e participação societária.
São requisitos da autofalência:
1) Crise econômico-financeira;
2) Não atender aos requisitos da recuperação judicial: deve-se primar pela preservação da empresa. 
#SELIGA: Apesar da lei falimentar impor ao próprio empresário devedor o DEVER de requerer a autofalência, quando não atender às condições legais para obter a recuperação judicial, o descumprimento desse dever não acarreta sanção nenhuma por ausência de previsão legal, sendo tal disposição ineficaz. Raramente o empresário requer a autofalência, mesmo na presença dos pressupostos legais.
Quando se tratar de autofalência, o pedido do devedor deve vir instruído com um balanço patrimonial, a relação dos credores e o contrato social ou, se inexistente, a relação dos sócios e outros indicados por lei (art. 105). O contrato social pode ou não se encontrar registrado, percebendo-se que a lei concede legitimidade ativa para a autofalência mesmo aos empresários irregulares. Juntamente com o seu pedido, o devedor depositará em cartório os seus livros comerciais, que serão encerrados pelo juiz para, oportunamente, ser entregues ao administrador judicial da falência. Não estando o pedido adequadamente instruído, o juiz determinará sua emenda (art. 106); caso contrário, profere a sentença declaratória da falência (art. 107).
· Impontualidade injustificada
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
Estará abarcado pela impontualidade injustificada aquele que, sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida (certas quanto à existência e determinação de seus objetos), materializada em título ou títulos executivos protestados, cuja soma ultrapasse oequivalente a 40 salários-mínimos na data do pedido de falência.
É essencial que a impontualidade seja injustificada. Assim, a lei indica algumas hipóteses configuram justo motivo para a ausência de pagamento e que deverão ser arguidos na contestação, inviabilizando a decretação da falência:
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar:
I – falsidade de título;
II – prescrição;
III – nulidade de obrigação ou de título;
IV – pagamento da dívida;
V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título;
VI – vício em protesto ou em seu instrumento;
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei;
VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado.
§ 1º Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor.
§ 2º As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante que supere o limite previsto naquele dispositivo.
#IMPORTANTE: A impontualidade injustificada é provada pelo protesto do título executivo, que constitui o devedor em mora.
#DEOLHONAJURIS: Diante de depósito elisivo de falência requerida com fundamento na impontualidade injustificada do devedor (art. 94, I, da Lei 11.101/2005), admite-se, embora afastada a decretação de falência, a conversão do processo falimentar em verdadeiro rito de cobrança para apurar questões alusivas à existência e à exigibilidade da dívida cobrada, sem que isso configure utilização abusiva da via falimentar como sucedâneo de ação de cobrança/execução. Assim, se o autor da ação de falência fez o requerimento baseado no inciso I do art. 94 e a dívida não paga era realmente superior a 40 salários-mínimos, não se pode dizer que o pedido tenha sido abusivo, mesmo que a devedora tenha grande porte econômico. Nesse caso, se a devedora efetuar o depósito elisivo, não cabe ao magistrado extinguir o processo sem resolução de mérito, devendo continuar o feito como se fosse uma ação de cobrança, discutindo a dívida e, ao final, proferindo sentença resolvendo o mérito quanto à dívida e julgando improcedente a falência. STJ. 4ª Turma. REsp 1433652-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/9/2014 (Info 550).
A existência de cláusula compromissória não afeta a executividade do título de crédito inadimplido e não impede a deflagração do procedimento falimentar, fundamentado no art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005. Caso concreto: o contrato entre as empresas “A” e “B” continha uma cláusula compromissória. Com base nesse contrato, a empresa “A” forneceu mercadorias para a empresa “B”. A empresa “B” não pagou a duplicata referente a essa venda. Diante disso, a empresa “A” poderá ingressar com execução individual ou, então, pedir a falência da empresa “B” sem precisar instaurar o procedimento arbitral. Havendo título executivo, o direito do credor só pode ser garantido por meio do juízo estatal, já que o árbitro não possui poderes de natureza executiva. STJ. 4ª Turma. REsp 1733685-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 06/11/2018 (Info 637).
O protesto tirado contra o emitente do cheque é obrigatório para o fim de comprovar a impontualidade injustificada do devedor no procedimento de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005) e deve ser realizado em até 6 meses contados do término do prazo de apresentação (prazo prescricional da ação cambial). STJ. 3ª Turma. REsp 1249866-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/10/2015 (Info 572).
#NÃOSABOTESÚMULAS:
Súmula 248-STJ: Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência.
Súmula 361-STJ: A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu.
· Execução frustrada
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
Ocorre quando o devedor executado por qualquer quantia líquida não paga, não deposita e não nomeia bens suficientes para solver os débitos dentro do prazo legal. Nessa hipótese, presume-se que o devedor é insolvente. Aqui, o legislador permite o pedido de falência por qualquer quantia líquida.
*(Atualizado em 09/10/2022) #DEOLHONAJURIS - Em contrato garantido por hipoteca, a efetivação de penhora sobre o bem dado em garantia, por si só, não impede que o credor requeira a falência do devedor com fundamento no art. 94, II, da Lei n. 11.101/2005 (STJ, REsp 1.698.997-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022, Info. 748). 
· Atos de falência
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
O empresário promove a liquidação de negócio de forma abrupta incorre no tipo legal; também praticará ato de falência o empresário que emprega meios ruinosos ou fraudulentos para realizar pagamentos, como a contratação de empréstimos a juros excessivos ou a venda de instrumentos indispensáveis ao exercício de seu comércio.
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
O empresário tenta retardar pagamentos ou fraudar credores por meio de negócio simulado, ou, ainda, por meio da alienação, parcial ou total, de seu estabelecimento empresarial.
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
O empresário que aliena o seu estabelecimento empresarial sem o consentimento de seus credores, salvo se conservar, em seu patrimônio, bens suficientes para responder por seu passivo, estará incurso no tipo legal de ato de falência.
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
Incorre em ato de falência o empresário que muda o local de seu estabelecimento com o intuito de fraudar a legislação, frustrar a fiscalização ou prejudicar credores.
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
Para a tipificação desta hipótese de ato de falência, elegeu o legislador a instituição de garantia real em favor de um credor. Necessário, contudo, que esta instituição se opere posteriormente à constituição do crédito. Não há ocorrência do tipo legal se este e a garantia real são concomitantes. A incoincidência entre um e outro é que revela o intuito de fraudar a par condictio creditorum.
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
O abandono do estabelecimento empresarial, sem que tenha o empresário constituído procurador bastante, com recursos suficientes para a quitação de suas obrigações, importa caracterização de ato de falência.
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.
O empresário beneficiado com a recuperação judicial que não cumpre o estabelecido no respectivo plano pratica ato de falência.
A petição inicial para o requerimento defalência deve atender aos requisitos genéricos previstos no Código de Processo Civil (art. 319) e aos requisitos específicos previstos na Lei nº 11.101/2005:
· Na hipótese de impontualidade de pagamento, o pedido de falência será instruído com os títulos executivos cujo valor ultrapassem 40 salários-mínimos, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar;
· Na hipótese de execução frustrada, o pedido será instruído com a certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução;
· Na hipótese de ato falimentar, o pedido de falência descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas.
O requerente poderá desistir do pedido de falência antes da citação do devedor.
· 2ª Fase: Falimentar
Esta etapa objetiva o conhecimento judicial do ativo e passivo do devedor, a realização do ativo apurado e o pagamento do passivo admitido. Ela tem início com a sentença declaratória de falência e termina com a sentença de encerramento.
· 3ª Fase: Reabilitação: sentença de extinção das obrigações do falido.
#SELIGA: As decisões interlocutórias proferidas nos processos de recuperação judicial e falência podem ser impugnadas por agravo de instrumento. Foi o que previu o art. 189, § 1º, II, da Lei nº 11.101/2005, com redação dada pela Lei nº 14.112/2020:
Art. 189. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei, o disposto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), desde que não seja incompatível com os princípios desta Lei.
§ 1º Para os fins do disposto nesta Lei:
(...)
II - as decisões proferidas nos processos a que se refere esta Lei serão passíveis de agravo de instrumento, exceto nas hipóteses em que esta Lei previr de forma diversa.
 
Vale ressaltar que esse já era o entendimento do STJ:
Cabe agravo de instrumento de todas as decisões interlocutórias proferidas no processo de recuperação judicial e no processo de falência, por força do art. 1.015, parágrafo único, CPC/15. STJ. 2ª Seção. REsp 1707066/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1022)
Agora, vamos aprofundar em alguns aspectos importante do processo falimentar! #PARTIU
4.3. SENTENÇA DE FALÊNCIA:
#COLANARETINA: Apesar do nome de que fez uso o legislador, a sentença declaratória da falência, pressuposto inafastável da instauração do processo de execução concursal do devedor empresário, tem caráter predominantemente constitutivo. Após a sua edição, a pessoa, os bens, os atos jurídicos e os credores do empresário falido são submetidos a um regime jurídico específico, diverso do regime geral do direito obrigacional. É a sentença de falência que introduz o falido e seus credores no regime jurídico-falimentar, donde o seu caráter constitutivo.
#DEOLHONAJURIS: O ato decisório que decreta a falência possui natureza de sentença constitutiva, pois sua prolação faz operar a dissolução da sociedade empresária, conduzindo à inauguração de um regime jurídico específico. STJ. 3ª Turma. REsp 1780442/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019.
Na sentença declaratória da falência, o juiz deve se pronunciar sobre a continuação provisória das atividades do falido ou a lacração do seu estabelecimento (LF, arts. 99, VI e XI, e 109). Não são medidas de adoção obrigatória. Inexistindo razões tanto para autorizar a continuação provisória das atividades do falido como para a lacração do estabelecimento, o juiz pode simplesmente denegar as duas medidas.
#SELIGA:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores;
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1º (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1º do art. 7º desta Lei;
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 6º desta Lei;
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo;
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;
VIII - ordenará ao Registro Público de Empresas e à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil que procedam à anotação da falência no registro do devedor, para que dele constem a expressão “falido”, a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;       (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)     
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido;
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei;
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII - ordenará a intimação eletrônica, nos termos da legislação vigente e respeitadas as prerrogativas funcionais, respectivamente, do Ministério Público e das Fazendas Públicas federal e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.      (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) 
O juiz, ao julgar o pedido de falência, também poderá julgá-lo improcedente, proferindo sentença denegatória da falência.
O juiz, ao julgar improcedente o pedido de falência, deve examinar o comportamento do requerente. Se ocorreu dolo manifesto de sua parte, quando do ajuizamento daquele, o juiz deve, na própria sentença denegatória da falência, condená-lo ao pagamento de indenização em favor do requerido (art. 101). Para garantir a eficácia da medida é que o credor domiciliado no exterior deve prestar caução para legitimar-se no pedido (art. 97, § 2º).
Se não houver dolo manifesto no comportamento do requerente, o juiz não pode, obviamente, condená-lo. Mas mesmo nessa hipótese, o requerido prejudicado poderá demandar o requerente em ação própria. Idêntica ação cabe em caso de culpa ou abuso de direito pelo requerente (art. 101, § 2º).
Se, porém, a denegação da falência não tiver por fundamento a improcedência do pedido, mas a sua elisão provocada pelo depósito do valor da obrigação em atraso, o juiz determinará o levantamento deste em favor do requerente e condenará o requerido no reembolso das despesas e nos honorários de advogado em favor do requerente.
E qual o recurso cabível em face dessas decisões? Depende! A sentença declaratória da falência desafia recurso de agravo de instrumento, enquanto a sentença denegatória da falência desafia recursode apelação:
Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação.
4.3.1. EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA EM RELAÇÃO AO FALIDO:
· Art. 102 da LRE – inabilitação para a atividade empresarial:
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei. 
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.
A inabilitação para o exercício das atividades empresariais se inicia com a sentença declaratória e termina com a sentença de extinção das obrigações do falido:
	ANTES DA LEI 14.112/2020
	DEPOIS DA LEI 14.112/2020
	Art. 158. Extingue as obrigações do falido:
(...)
	II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
	II – o pagamento, após realizado todo o ativo, de mais de 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos quirografários, facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir a referida porcentagem se para isso não tiver sido suficiente a integral liquidação do ativo;
	III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;
	III – (revogado);
	IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.
	IV – (revogado);
	Não havia inciso V do art. 158.
	V – o decurso do prazo de 3 (três) anos, contado da decretação da falência, ressalvada a utilização dos bens arrecadados anteriormente, que serão destinados à liquidação para a satisfação dos credores habilitados ou com pedido de reserva realizado;
	Não havia inciso VI do art. 158.
	VI – o encerramento da falência nos termos dos arts. 114-A ou 156 desta Lei.
#IMPORTANTE! O empresário individual que vai à falência ou o sócio de responsabilidade ilimitada de uma sociedade que tem sua falência decretada, por exemplo, ficam impedidos de exercer qualquer atividade empresarial até que suas obrigações sejam consideradas extintas por sentença transitada em julgado. No caso da sociedade empresária, a inabilitação é automática, iniciando-se com a decretação da falência e terminando com a sentença de encerramento do processo falimentar (art. 156 da LRE). No entanto, deve-se ressalvar a hipótese de o falido ser condenado por crime falimentar, caso em que referida condenação também lhe impõe a pena acessória de inabilitação empresarial, e nesse caso essa inabilitação só cessará cinco anos após a extinção da punibilidade, nos termos do art. 181 da LRE.
· Art. 103 LRE – perde a disponibilidade dos bens;
· Art. 1.044 CC – dissolução da sociedade empresária;
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ Segundo o procedimento regrado pelo Decreto-Lei nº 7.661/45 (antiga Lei de Falências), a decretação da falência não implica a imediata e incondicional extinção da pessoa jurídica, mas tão só impõe ao falido a perda do direito de administrar seus bens e deles dispor, conferindo ao “síndico” (atualmente chamado de “administrador judicial”) a representação judicial da massa. Ao término do processo falimentar, concluídas as fases de arrecadação, verificação e classificação dos créditos, realização do ativo e pagamento do passivo, se eventualmente sobejar patrimônio da massa, a lei faculta ao falido requerer a declaração de extinção de todas as suas obrigações, pedido cujo acolhimento autoriza-o voltar ao exercício do comércio. Portanto, a decretação da falência, que enseja a dissolução, é o primeiro ato do procedimento e não importa, por si, na extinção da personalidade jurídica da sociedade. A extinção, precedida das fases de liquidação do patrimônio social e da partilha do saldo, dá-se somente ao fim do processo de liquidação, que todavia pode ser antes interrompido, se acaso revertidas as razões que ensejaram a dissolução, como na hipótese em que requerida e declarada a extinção das obrigações. STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1.265.548-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. Acd. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 25/06/2019 (Info 653). Obs: o entendimento acima exposto também pode ser aplicado para a atual Lei de Falência (Lei nº 11.101/2005).
· Art. 81 – falência dos sócios ilimitadamente responsáveis pelas obrigações da sociedade.
Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem.
§ 1º O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se retirado voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há menos de 2 (dois) anos, quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas até a data da decretação da falência.
§ 2º As sociedades falidas serão representadas na falência por seus administradores ou liquidantes, os quais terão os mesmos direitos e, sob as mesmas penas, ficarão sujeitos às obrigações que cabem ao falido.
Sociedade limitada: a sentença declaratória só atinge a sociedade, pois os sócios não respondem com seu patrimônio pessoal. A falência é da pessoa jurídica e não do sócio, de modo que ele pode ser sócio de outra empresa. Só há impedimento de ser administrador novamente, se ele era e houve a falência.
Sociedade ilimitada: o sócio responderá com seu patrimônio pessoal por dívidas da sociedade. Os bens dos sócios também serão arrecadados no processo falimentar. 
#IMPORTANTE: Previsão expressa da possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica: A Lei nº 14.112/2020 inseriu o art. 82-A prevendo expressamente que é possível a desconsideração da personalidade jurídica no processo de falência. Deve-se ressaltar, contudo, uma importante diferença em relação ao regime do CPC:
· CPC/2015: A instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica suspenderá o processo, salvo na hipótese que a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial (art. 134, § 3º).
· Lei de Falências: a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade falida deve seguir os requisitos do Código Civil e o procedimento do CPC, mas não haverá a suspensão do processo.
 
Art. 82-A. É vedada a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em parte, aos sócios de responsabilidade limitada, aos controladores e aos administradores da sociedade falida, admitida, contudo, a desconsideração da personalidade jurídica.     (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)     
Parágrafo único. A desconsideração da personalidade jurídica da sociedade falida, para fins de responsabilização de terceiros, grupo, sócio ou administrador por obrigação desta, somente pode ser decretada pelo juízo falimentar com a observância do art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) e dos arts. 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), não aplicada a suspensão de que trata o § 3º do art. 134 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).             (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) 
 
#NÃOCONFUNDA:
· Extensão dos efeitos da falência para os sócios de responsabilidade limitada: vedado.
· Desconsideração da personalidade jurídica: possível.
 
As disposições previstas no art. 82-A acima transcrito somente são aplicáveis aos pedidos de falência ajuizados após o início da vigência da Lei nº 14.112/2020 (23/01/2021).
· Art. 195 – extinção da concessão na forma da lei.
4.3.2. EFEITOS DA SENTENÇADECLATATÓRIA DE FALÊNCIA EM RELAÇÃO AOS CREDORES:
· Constituição da massa falida:
A massa falida é a reunião de bens e credores do falido. Só há massa falida após a decretação da falência. A reunião dos credores forma a denominada massa falida subjetiva (corpus creditorum).
· Vencimento antecipado de toda dívida do falido:
Para que todos os credores possam participar do procedimento, fazendo as suas respectivas habilitações de crédito, a lei determina o vencimento antecipado das dívidas do falido:
Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta Lei.
Assim, em princípio fica suspensa a fluência de juros contra o devedor falido. Todavia, uma vez realizado o ativo e verificando-se que a massa possui recursos suficientes para saldar todos os seus credores, inclusive os subordinados, computam-se os juros normalmente e a massa deve pagá-los, conforme entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça.
4.3.3. EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA EM RELAÇÃO ÀS OBRIGAÇÕES DO FALIDO:
Art. 115. A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão exercer os seus direitos sobre os bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na forma que esta Lei prescrever.
Art. 116. A decretação da falência suspende:
I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os quais deverão ser entregues ao administrador judicial;
II – o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos sócios da sociedade falida.
· Suspensão da fluência de juros (art. 124): Tantos os juros legais quanto contratuais.
Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados.
Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia.
· Suspensão do curso da prescrição das obrigações do falido;
· Suspensão de todas as ações/execução contra o falido.
#SELIGA: Alterações no caput do art. 6º, com a menção expressa de que, com a falência ou recuperação judicial, ficam proibidos quaisquer atos de constrição sobre os bens do devedor (novo inciso III):
 
	Antes da Lei 14.112/2020
	Depois da Lei 14.112/2020
	Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.
	Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica:
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei;
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência;
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
 
4.3.4. EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA EM RELAÇÃO AOS CONTRATOS DO FALIDO:
A falência autoriza, de um lado, a resolução dos contratos bilaterais (art. 117). Por contratos bilaterais, para os fins falimentares, entendem-se aqueles que nenhuma das partes deu início, ainda, ao cumprimento das obrigações assumidas. Excluem-se deste conceito, portanto, e da possibilidade de serem resolvidos pela decretação da falência, aqueles contratos que, embora definidos como bilaterais para os fins de direito obrigacional comum, já tiveram a sua execução iniciada por uma das partes. Se o vendedor já entregou as mercadorias vendidas, antes do prazo que autoriza a sua restituição, cumprindo assim integralmente as obrigações que lhe competiam, mas o comprador não pagou, ainda, o preço delas, falindo este, não será o contrato de compra e venda, no caso, considerado bilateral pelo direito falimentar, embora seja típico contrato bilateral para o direito obrigacional comum. Este contrato não é suscetível de resolução. O vendedor deverá, simplesmente, habilitar o seu crédito e concorrer na massa. O contrato unilateral também pode ser resolvido pelo administrador judicial, nas mesmas condições (art. 118).
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
§ 1o O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato.
§ 2o A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografário.
Art. 118. O administrador judicial, mediante autorização do Comitê, poderá dar cumprimento a contrato unilateral se esse fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o pagamento da prestação pela qual está obrigada.
#SELIGA: O legislador estabeleceu regras específicas pertinentes a determinadas categorias de contrato. Vamos conferir?
a) O vendedor não poderá obstar a entrega de coisa vendida ao falido, ainda não pagas nem recebidas, desde que tenha havido a revenda sem fraude por tradição simbólica, ou seja, feita com base em fatura ou conhecimento de
transporte (art. 119, I).
b) Na venda pelo falido de coisa composta resolvida pelo administrador judicial, o comprador pode, colocando as composições já recebidas à disposição da massa, pleitear perdas e danos (art. 119, II).
c) Na venda pelo falido de coisa móvel, com pagamento a prestação, o administrador judicial pode optar pela resolução do contrato, restituindo ao comprador o valor das prestações já pagas (art. 119, III).
d) Na compra com reserva de domínio pelo falido de bem móvel, se o administrador judicial resolver o contrato, pode o vendedor recuperar o bem nos termos da legislação processual comum (CPC, arts. 1.070 e 1.071; LF, art. 119, IV).
e) Na compra e venda a termo que tenha cotação em Bolsa ou mercado, não se executando o contrato, prestará o contratante ou a massa a diferença entre as cotações do dia do contrato e o da liquidação (art. 119, V).
f) O compromisso de compra e venda de bens imóveis não pode ser resolvido pelo administrador judicial; na falência do vendedor, o compromisso será cumprido e, na do adquirente, os seus direitos de promitente serão arrecadados e liquidados (art. 30 da Lei n. 6.766, de 1979, c/c o art. 119, VI, da LF).
g) Se o estabelecimento empresarial do falido encontra-se em imóvel locado, o administrador judicial pode resilir o contrato a qualquer tempo, sem pagar multa ou outro consectário. Se a falência é do locador, o contrato continua, passando o locatário a proceder ao pagamento do aluguel para a massa falida, enquanto o bem não for alienado (art. 119, VII).
#SELIGA:A decretação de falência do locatário, sem a denúncia da locação, nos termos do art. 119, VII, da Lei nº 11.101/2005, não altera a responsabilidade dos fiadores junto ao locador. Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras: VII – a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatário,o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato; STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.048-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 602).
h) As contas-correntes do falido serão encerradas no momento da declaração da falência, apurando-se o saldo, o qual deverá ser, quando favorável à massa, pago pelo contratante, e, se favorável a este, habilitado na falência (art. 121).
4.4. FIXAÇÃO DO TERMO LEGAL:
O termo legal da falência é o lapso temporal anterior à decretação da quebra que tem importância para a ineficácia de determinados atos do falido perante a massa. 
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:
 I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
 II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;
 III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;
 IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
 V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
 VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.
 Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.
Este período é fixado pelo juiz, em regra, na sentença declaratória da falência, não podendo retrotrair por mais de 90 dias do primeiro protesto por falta de pagamento:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
[...]
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1º (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
Se o falido não foi protestado (autofalência ou pedido não fundado em impontualidade injustificada), o termo legal não poderá retrotrair por mais de 90 dias da petição inicial e se é o caso de convolação da recuperação judicial em falência, por mais de 90 dias do seu requerimento. Caso o juiz, ao decretar a falência, não tenha ainda os elementos para a determinação do termo legal, poderá postergá-la.
#NOVIDADELEGISLATIVA:
Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I, II, III e VI do caput do art. 129 desta Lei que tenham sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial ou extrajudicial será declarado ineficaz ou revogado.          (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)      
Caso um ato fraudulento seja praticado fora do termo legal, não sendo possível declarar sua ineficácia, será cabível ação revocatória a ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência (art. 132).
4.5. DEFESAS DO REQUERIDO:
Quando requerida a falência por terceiros (credor, sócio da sociedade devedora, inventariante etc.), o rito prevê a citação do empresário devedor para responder no prazo de 10 dias (LF, art. 98). Sua resposta só pode consistir na contestação, já que não prevê a lei a reconvenção ou o reconhecimento da procedência do pedido.
Se o pedido de falência se baseia na impontualidade injustificada ou execução frustrada, o devedor pode elidi-lo depositando em juízo, no prazo da resposta, o valor correspondente ao total do crédito em atraso, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios. Abrem-se, então, quatro alternativas:
a) o requerido só contesta. Nesse caso, se o juiz acolhe as razões da defesa, profere a sentença denegatória da falência e condena o requerente nas verbas de sucumbência (e, eventualmente, em indenização por perdas e danos). Não as acolhendo, deve proferir a sentença declaratória da falência; 
b) o requerido contesta e deposita. Aqui, o juiz deve apreciar a contestação. Se acolher as razões da defesa, profere a sentença denegatória da falência, condena o requerente nas verbas de sucumbência e eventual perdas e danos, bem como determina o levantamento do depósito pelo requerido. Se as desacolher, profere igualmente a sentença denegatória da falência, mas imputa ao requerido os ônus de sucumbência e autoriza o levantamento do depósito em favor do requerente. Quer dizer, não há reconhecimento da procedência do pedido em razão do depósito elisivo, quando acompanhado este da contestação;
c) o requerido só deposita. Agora, o juiz profere a sentença denegatória da falência, impõe ao requerido a sucumbência e determina o levantamento do depósito em favor do requerente. Como o depósito está desacompanhado de contestação, tem o mesmo efeito do reconhecimento da procedência do pedido;
d) o requerido deixa transcorrer o prazo sem contestar ou depositar. O juiz profere a sentença declaratória da falência, instaurando a execução concursal do patrimônio do devedor.
#SELIGA: A lei não prevê o depósito elisivo se o fundamento do pedido diz respeito a prática de ato de falência. Todavia, de acordo com a doutrina, deve ser admitido também nessa hipótese, porque com o depósito do valor do seu crédito, perde o requerente o interesse na instauração do concurso de credores.
Por fim, dentro do prazo de contestação, o requerido poderá pleitear a sua recuperação judicial (art. 95). Esse pedido suspende o processo de falência.
#OUSESABER: Pergunta-se: esse pedido de recuperação judicial, realizado pelo devedor, é semelhante à antiga concordata preventiva? NÃO. A concordata, que hoje não existe mais, era dividida em preventiva ou suspensiva: 
	CONCORDATA PREVENTIVA
	CONCORDATA SUSPENSIVA
	Era pleiteada antes da sentença declaratória de falência.
	Era concedida depois dessa sentença, suspendendo-se a falência já decretada.
No atual pedido de recuperação judicial, apesar de haver a suspensão do processo, ainda não há falência decretada, o que afasta qualquer semelhança com a antiga concordata suspensiva.
4.6. ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA:
Para a administração da massa falida, atribui a lei determinadas funções a três agentes: o magistrado, o representante do Ministério Público e os órgãos da falência, sendo estes últimos agentes específicos do processo falimentar (administrador judicial, assembleia dos credores e comitê dos credores).
Ao juiz compete presidir a administração da falência, superintendendo as ações do administrador judicial. É o juiz, em última análise, o administrador da falência, cabendo-lhe autorizar a venda antecipada de bens (art. 113), o pagamento dos salários dos auxiliares do administrador judicial (art. 22, III, h), aprovar a prestação de contas do administrador judicial (art. 154) e outros atos definidos em lei, de conteúdo exclusivamente administrativo.
Já o representante do Ministério Público intervém no feito, no exercício de suas funções constitucionais, de fiscal da lei. Em diversas oportunidades, no transcorrer dos vários procedimentos em que sedesdobra a falência, prevê a lei a intervenção do representante do Ministério Público (LF, arts. 8º, 9º, 30 e 132, p. ex.).
Os órgãos da falência são três: administrador judicial, assembleia dos credores e comitê de credores. 
O administrador judicial é uma pessoa escolhida pelo juiz para auxiliá-lo na condução do processo de falência ou de recuperação judicial praticando determinados atos que estão elencados no art. 22 da Lei nº 11.101/2005. O administrador judicial é o agente auxiliar do juiz, que, em nome próprio (portanto, com responsabilidade), deve cumprir com as funções cometidas pela lei. Além de auxiliar do juiz, o administrador judicial é, também, o representante da comunhão de interesses dos credores (massa falida “subjetiva”). Para fins penais, o administrador judicial é considerado funcionário público.
A escolha do administrador judicial na falência cabe ao juiz e deve recair sobre profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador ou, ainda, pessoa jurídica especializada (art. 21). 
A função do administrador judicial é indelegável, mas ele poderá contratar profissionais para auxiliá-lo, solicitando, previamente, a aprovação do juiz, inclusive quanto aos seus salários. Quando se trata de advogado, deve-se distinguir entre o contratado para a defesa dos interesses da massa e o contratado para a representação processual do próprio administrador judicial, porque somente os honorários do primeiro podem ser pagos pela massa falida.
O administrador judicial pode deixar suas funções por substituição ou por destituição. No primeiro caso, não há uma sanção infligida ao administrador judicial, mas, apenas, uma providência prevista em lei, tendo em vista a melhor administração da falência. Já a destituição é uma sanção ao administrador judicial que não cumpriu a contento com suas obrigações ou tem interesses conflitantes com os da massa. Um administrador judicial substituído, em determinadas hipóteses, pode voltar a ser nomeado administrador judicial em outra falência; já uma pessoa destituída do cargo de administrador judicial não poderá mais ser escolhida para a mesma função em qualquer outra falência nos 5 anos seguintes (art. 30). São causas para a substituição a renúncia motivada, morte, incapacidade civil ou falência; são causas da destituição a inobservância de prazo legal ou o interesse conflitante com o da massa.
Quando ocorre a recusa da nomeação ou a falta de compromisso no prazo da lei, o juiz deve nomear outra pessoa para o cargo de administrador judicial. Não é, propriamente, o caso de substituição, embora o legislador o entenda como tal.
O administrador judicial responde civilmente por má administração ou por infração à lei. Até o encerramento do processo falimentar, somente a massa tem legitimidade ativa para responsabilizá-lo, após, evidentemente, a sua substituição ou destituição. Durante este prazo, o credor não pode, individualmente, acionar o administrador judicial, cabendo-lhe, apenas, requerer a sua destituição. Mas, uma vez encerrado o processo falencial, qualquer credor prejudicado por má administração ou infração à lei poderá promover a responsabilização do antigo administrador judicial, desde que tenha, contudo, requerido, no momento oportuno, a sua destituição, condição inafastável para a sua legitimação ao pedido indenizatório.
Dentre os atos processuais de responsabilidade do administrador judicial, devem ser destacados quatro de importância para o desenvolvimento do processo falimentar. São eles:
a) Verificação dos créditos — disciplinada nos arts. 7º a 20 da LF, a verificação dos créditos na falência é feita pelo administrador judicial, cabendo ao juiz decidir apenas as impugnações apresentadas pelos credores ou interessados.
b) Relatório inicial — previsto no art. 22, III, e, da LF, este ato deve examinar as causas e circunstâncias que acarretaram a falência, bem como apresentar uma análise do comportamento do falido com vistas a eventual caracterização de crime falimentar, por ele ou outra pessoa, antes ou depois da decretação da quebra. O relatório é apresentado nos 40 dias seguintes à assinatura do termo de compromisso.
c) Contas mensais — o administrador judicial deve, até o décimo dia de cada mês, apresentar ao juiz para juntar aos autos a prestação de contas relativa ao período mensal anterior. Nela deve estar especificada com clareza a receita e despesa da massa falida (art. 22, III, p).
d) Relatório final — previsto no art. 155 da LF, deve ser elaborado pelo administrador judicial no prazo de 10 dias contados do término da liquidação e do julgamento de suas contas. Contém o valor do ativo e do produto de sua realização, bem como o do passivo e dos pagamentos feitos, e, se não foram totalmente extintas as obrigações do falido, o saldo cabível a cada credor, especificando justificadamente as responsabilidades com que continua o falido. Este relatório final é o documento básico para a extração das certidões judiciais representativas do crédito remanescente perante o empresário falido.
#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA: A Lei nº 14.112/2020 promoveu algumas alterações nas atribuições do administrador judicial:
	Antes da Lei 14.112/2020
	Depois da Lei 14.112/2020
	Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
I – na recuperação judicial e na falência:
(...)
	Não havia alínea j.
	j) estimular, sempre que possível, a conciliação, a mediação e outros métodos alternativos de solução de conflitos relacionados à recuperação judicial e à falência, respeitados os direitos de terceiros, na forma do § 3º do art. 3º da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil);
	Não havia alínea k.
	k) manter endereço eletrônico na internet, com informações atualizadas sobre os processos de falência e de recuperação judicial, com a opção de consulta às peças principais do processo, salvo decisão judicial em sentido contrário;
	Não havia alínea l.
	l) manter endereço eletrônico específico para o recebimento de pedidos de habilitação ou a apresentação de divergências, ambos em âmbito administrativo, com modelos que poderão ser utilizados pelos credores, salvo decisão judicial em sentido contrário;
	Não havia alínea m.
	m) providenciar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, as respostas aos ofícios e às solicitações enviadas por outros juízos e órgãos públicos, sem necessidade de prévia deliberação do juízo;
  
	Antes da Lei 14.112/2020
	Depois da Lei 14.112/2020
	Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
(...)
II – na recuperação judicial:
(...)
	c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor;
	c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo devedor;
	Não havia alínea e.
	e) fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre devedor e credores;
	Não havia alínea f.
	f) assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios, inúteis ou, em geral, prejudiciais ao regular andamento das negociações;
	Não havia alínea g.
	g) assegurar que as negociações realizadas entre devedor e credores sejam regidas pelos termos convencionados entre os interessados ou, na falta de acordo, pelas regras propostas pelo administrador judicial e homologadas pelo juiz, observado o princípio da boa-fé para solução construtiva de consensos, que acarretem maior efetividade econômico-financeira e proveito social para os agentes econômicos envolvidos;
	Não havia alínea h.
	h) apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico específico relatório mensal das atividades do devedor e relatório sobre o plano de recuperação judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da apresentação do plano, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informaçõesprestadas pelo devedor, além de informar eventual ocorrência das condutas previstas no art. 64 desta Lei;
 
	Antes da Lei 14.112/2020
	Depois da Lei 14.112/2020
	Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
(...)
III – na falência:
(...)
	c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida;
	c) relacionar os processos e assumir a representação judicial e extrajudicial, incluídos os processos arbitrais, da massa falida;
	j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei;
	j) proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena de destituição, salvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisão judicial;
	Não havia alínea s.
	s) arrecadar os valores dos depósitos realizados em processos administrativos ou judiciais nos quais o falido figure como parte, oriundos de penhoras, de bloqueios, de apreensões, de leilões, de alienação judicial e de outras hipóteses de constrição judicial, ressalvado o disposto nas Leis nos 9.703, de 17 de novembro de 1998, e 12.099, de 27 de novembro de 2009, e na Lei Complementar nº 151, de 5 de agosto de 2015.
O administrador judicial deve prestar contas de sua administração em três hipóteses: ordinariamente, a cada mês e ao término da liquidação, e, extraordinariamente, quando deixa as suas funções, seja por substituição, seja por destituição. A prestação de contas será autuada em separado e julgada após aviso aos credores e ao falido, para eventual impugnação, no prazo de 10 dias, e oitiva, em 5 dias, do Ministério Público.
#DEOLHONAJURIS: O síndico (atual administrador judicial) é responsável pela prestação de contas da massa falida ao juízo a partir do momento de sua nomeação, incluídos os atos realizados pelo gerente na continuidade provisória das atividades. Esse gerente, que desempenhará funções específicas relacionadas ao comércio dos bens, ficará sob a imediata fiscalização do síndico, cabendo, ao final, prestar contas de tudo que fez ao síndico. Logo, o síndico é também responsável pelos atos realizados pelo gerente na continuidade provisória das atividades, devendo prestar contas disso ao juiz. STJ. 4ª Turma. REsp 1.487.042-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/12/2019 (Info 663). Obs: a Lei nº 11.101/2005 não mais utiliza a expressão “síndico”, chamando agora de “administrador judicial”. Obs2: o caso acima foi apreciado com base na antiga Lei de Falências (DL 7.661/1945), no entanto, a solução seria a mesma no atual diploma (Lei nº 11.101/2005).
Havendo impugnação, ouve-se a respeito o administrador judicial. Em seguida, as contas são julgadas pelo juiz. Tendo ocorrido alcance, o juiz pode, na sentença que o reconhecer, decretar a indisponibilidade ou o sequestro dos bens do administrador judicial, para garantia da indenização da massa.
#SELIGA: O administrador judicial é um profissional (ou uma empresa) e precisará, obviamente, ser remunerado pelos serviços que prestar em prol do processo de falência. O valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial são fixados pelo juiz, observados alguns critérios estabelecidos pelo art. 24 da Lei:
· capacidade de pagamento do devedor;
· grau de complexidade do trabalho; e
· os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.
Os parágrafos do art. 24 trazem outras regras específicas sobre a remuneração do administrador judicial.
 
	Antes da Lei 14.112/2020
	Depois da Lei 14.112/2020
	Art. 24 (...)
§ 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte.
	Art. 24 (...)
§ 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e de empresas de pequeno porte, bem como na hipótese de que trata o art. 70-A desta Lei.
 
Art. 70-A. O produtor rural de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, nos termos desta Seção, desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). (Incluído pela Lei nº 14.112/2020)
Por sua vez, a assembleia de credores, na falência, tem competência para: a) aprovar a constituição do comitê de credores e eleger os seus membros; b) adotar modalidades extraordinárias de realização do ativo do falido; c) deliberar sobre assuntos de interesse geral dos credores (LF, art. 35, II). É órgão integrado por todos os credores da massa falida.
#NOVIDADELEGISLATIVA: Nova atribuição da assembleia-geral de credores:
 
	Antes da Lei 14.112/2020
	Depois da Lei 14.112/2020
	Art. 35. A assembleia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre:
I – na recuperação judicial:
	Não havia alínea g do inciso I do art. 35.
	g) alienação de bens ou direitos do ativo não circulante do devedor, não prevista no plano de recuperação judicial;
Finalmente, o comitê de credores é composto por um representante dos credores trabalhistas, um dos titulares de direitos reais de garantia e privilégios especiais e um dos demais (cada qual com dois suplentes) eleitos pela assembleia. Sua função mais importante é a de fiscalizar o administrador judicial (LF, art. 27, I, a).
4.7. APURAÇÃO DO ATIVO:
Proferida a sentença declaratória da falência, tem início o processo falimentar propriamente dito. Instaura-se, com esta decisão judicial, a execução coletiva do devedor empresário. O processo falimentar tem como objetivo inicial a definição do ativo e do passivo do devedor. Para o cumprimento deste objetivo, a Lei de Falências prevê determinados atos ou medidas judiciais. A definição do ativo do empresário envolve atos como a arrecadação de todos os bens na posse do falido, bem como de seus documentos e escrituração mercantil (art. 108), ato que auxilia também na definição do passivo; e medidas judiciais como o pedido de restituição (art. 85) ou os embargos de terceiros (art. 93). A definição do passivo do devedor falido se opera por medidas judiciais como as habilitações e impugnações de crédito (arts. 7º a 20).
4.8. ARRECADAÇÃO DOS BENS DO FALIDO:
A arrecadação dos bens dá origem à chamada massa falida objetiva:
Art. 111. O juiz poderá autorizar os credores, de forma individual ou coletiva, em razão dos custos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de classificação e preferência entre eles, ouvido o Comitê.
Art. 112. Os bens arrecadados poderão ser removidos, desde que haja necessidade de sua melhor guarda e conservação, hipótese em que permanecerão em depósito sob responsabilidade do administrador judicial, mediante compromisso.
Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, mediante autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
Art. 114. O administrador judicial poderá alugar ou celebrar outro contrato referente aos bens da massa falida, com o objetivo de produzir renda para a massa falida, mediante autorização do Comitê.
§ 1º O contrato disposto no caput deste artigo não gera direito de preferência na compra e não pode importar disposição total ou parcial dos bens.
§ 2º O bem objeto da contratação poderá ser alienado a qualquer tempo, independentemente do prazo contratado, rescindindo-se, sem direito a multa, o contrato realizado, salvo se houver anuência do adquirente.
Uma vez nomeado, o administrador judicial fará a arrecadação de todos os bens que estão na posse do falido. Segundo previsão do art. 85 da LRE, o proprietário de bem arrecadado no processo

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