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Teoria e Métodos em Geografia – O pensamento geográfico As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Vivian Fiori Revisão Textual: Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco 5 A leitura do material teórico e o desenvolvimento das atividades são fundamentais para o acompanhamento do conteúdo a ser desenvolvido. Assim, para que os exemplos e discussões teóricas fiquem mais claros, leia o material complementar e realize as atividades propostas, que enunciam as características das obras dos autores aqui tratados, suas concepções e métodos. Nesta Unidade é essencial perceber o contexto da produção teórica de Ratzel, Vidal de La Blache e Reclus, assim como o período em que viveram, seus postulados teóricos sobre os estudos geográficos, a questão do método, entre outras características. Desse modo, identificar as características de cada um desses nomes, os discursos existentes e contextualizar o período em que esses viveram são procedimentos importantes em um estudo geográfico. Analisar as concepções e teorias elaboradas por Ratzel e La Blache. Contextualizar o período da produção desses autores. As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache · Ratzel · Ratzel e o determinismo geográfico · Paul Vidal de La Blache · tópico de unidade 4 · Élisée Reclus: um autor sem escola? 6 Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache Contextualização Leia atentamente o seguinte texto: Ratzel pode ser legitimamente considerado como o iniciador da Geografia política, pelo menos tal como ela passou a ser entendida desde o ocaso do século XIX, por três motivos principais. Em primeiro lugar, Ratzel foi o organizador ou sistematizador de um conjunto de temas e conceitos que, a partir dele, passaram a ser o conteúdo inquestionável de qualquer obra de Geografia política, inclusive daquelas elaboradas pelos seus críticos. Na verdade ele construiu um novo campo de estudos, definindo seus “objetos”, ou, em outras palavras, seus temas e conceitos fundamentais: as relações da política com o espaço geográfico, nas quais despontam o estudo do território (seu tamanho e formato, sua expansão ou retração, sua localização absoluta e relativa), das fronteiras com a sua tipologia, das cidades-capitais (sua localização no território nacional, sua importância), da política geográfica ou territorial, da circulação pelo território, da importância do “solo” [território] na constituição e na evolução dos Estados, do significado de “grandes potências” ou Estados mundialmente poderosos, da colonização e da guerra enquanto conquista ou domínio territorial. Qual é, afinal, a estrutura conceitual dessa mencionada obra seminal de Ratzel? O livro foi dividido em seis seções, cada uma delas contendo alguns capítulos, cujo total é dezenove. A primeira seção aborda as relações entre o Estado e o solo [território], argumentando que não existe um poder político abstrato, independente do seu espaço geográfico, e chegando até o conceito de soberania, indissociavelmente ligado a – ou se exercendo em – um território delimitado por fronteiras. Um importante conceito que o autor desenvolve é o de política territorial: “Podemos encontrar em todos os momentos da história a diferença essencial entre uma política territorial ou geográfica e uma outra por assim dizer geral ou estritamente política” (RATZEL, 1988, p. 40). A segunda seção da obra trata do movimento histórico e o crescimento dos Estados, tematizando as grandes migrações e a mobilidade espacial dos povos, os movimentos históricos e as transformações do Estado, a guerra, os valores político-geográficos, a conquista e a colonização. Cabe assinalar que por vezes se menciona o grande teórico germânico da guerra Karl Von Clausewitz. No entanto, Ratzel entendia a guerra não tanto como um confronto entre diferentes sociedades, tal como Clausewitz, e sim como uma disputa territorial: “[Ela] representa, do ponto de vista geográfico, um movimento potente, brusco e violento, no qual importantes massas humanas de um país penetram num outro país [...] O primeiro objetivo da guerra é sempre o de penetrar no território do inimigo” (RATZEL, 1988, p. 90-p1) (VESENTINI, 2010). As obras de Friedrich Ratzel (1844-1904) são consideradas importantes à fundação da moderna Geografia política, relacionando as disputas territoriais às necessidades naturais dos povos de se fixarem e com esse ter uma profunda relação de existência. Alguns definem o autor como ideólogo do discurso alemão e da Alemanha unificada; outros dizem que era um determinista, expressão cunhada por Lucien Febvre, mas sobre isso há diversas controvérsias. Para compreender um pouco mais o contexto no qual foram produzidas as obras de Ratzel e seu discurso, leia o material teórico desta Unidade e compare esse geógrafo aos seus contemporâneos Vidal de La Blache e Reclus. VESENTINI, José William. Repensando a geografia política. Um breve histórico crítico e a revisão de uma polêmica atual. Revista do Departamento de Geografia, v. 20, p. 127-142, 2010. 7 Ratzel Parte da história e produção de Friedrich Ratzel (1844-1904) tem relação com a história da Alemanha, por isso iniciaremos comentando alguns aspectos da formação do Estado alemão. A Alemanha formou-se como Estado em 1871 (Figura 1) e tinha na questão de território e formação do Estado temáticas importantes. Talvez por isso a Geografia tenha encontrado condições para se desenvolver como Ciência nesse país. A Geografia formulada por Ratzel representava os interesses expansionistas da Alemanha, bem como sua formação em Estado. Uma nação que se formou na Europa tardiamente, quando a partilha dos continentes já havia acontecido, principalmente pela Inglaterra e França. Essa geografia produzida pelo autor tinha apoio do governo que a legitimava. Historicamente, durante a Idade Média e mesmo depois, na Idade Moderna, a região onde hoje está a Alemanha era dividida em principados, bispados, ducados, reinados etc., formando o Sacro Império Romano Germânico. Eram unidades políticas autônomas, resquícios do período da Idade Média nos quais havia o feudalismo na Europa. Para se ter uma ideia, em 1648, por exemplo, a região onde atualmente se encontra a Alemanha estava dividida em 234 diferentes unidades territoriais, 51 cidades livres, entre outras unidades menores de ordens e cavaleiros. Em 1818, próximo ao período da unificação, foi criada a Confederação Germânica e próximo à unificação havia cerca de trinta unidades, sendo que a Prússia era a principal unidade política (Figura 1), não apenas pela sua dimensão territorial, mas principalmente pelo seu poderio econômico e militar. Figura 1 – Mapa da Alemanha em 1871. Fo nt e: s lid ep la ye r.c om .b r 8 Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache A formação do Estado alemão ocorreu em torno do reinado da Prússia, que tinha uma história de disputas territoriais com a Áustria e a França. Com a Áustria a Prússia disputou o poder em relação a quem lideraria o processo de unificação, já que ambas as unidades compartilhavam o mesmo idioma – alemão – e faziam parte da Confederação Germânica. Com a França a Prússia disputou a Alsácia e Lorena, essa uma região produtora de minerais que interessava a ambos os lados. Desse modo, território, geopolítica e Estado foram temáticas de parte da obra de Ratzel que, além de geógrafo, também foi jornalista e viajou pelos EUA, México e, principalmente, pela Europa, experiências a partir das quais também lhe fizeram discutir questões sobre migrações, povoamentos, colonizações e a elaborar uma obra denominada Antropogeografia: fundamentos da aplicação da Geografia à História, que publicou em 1882. O discurso de Ratzel veio legitimar as ações e interesses da nascente Alemanha. Sua Geografia privilegiou o homem, estudando questões sobre a formação de territórios, migrações, colonizações,enfim, a distribuição dos povos e das raças na superfície terrestre como o estudo das consequências do isolamento de certas povoações. O estudo das relações entre o solo – território – e o Estado é um dos pontos importantes da obra de Ratzel. Em sua teoria do espaço vital, diz que um determinado povo, quando organizado, transforma-se em Estado. Evidencia que esse povo deve ter equilíbrio com os recursos necessários à sua sobrevivência em um dado território, daí o espaço é vital. Ratzel relacionava os aspectos do solo, do território onde os povos viviam, com as características da formação do Estado, evidenciando a relação do povo com o território. Assim afirma o autor: O Estado é um organismo não somente porque articula a vida do povo sobre a fixidez do solo, mas porque esta relação reforça-se por reciprocidade, ao ponto que formam não mais do que um único ser e que não se possa mais pensar em um sem o outro. Solo e povo alcançam esta situação, na medida em que possuem as características necessárias para a ação de um sobre o outro. Um solo inabitável, impotente para alimentar um Estado, é um desperdício histórico. Um solo habitável favorece, pelo contrário, o desenvolvimento do Estado, sobretudo se for limitado de fronteiras naturais. Se um povo encontra-se naturalmente estabelecido sobre o seu território, ele se reproduz constantemente com os caracteres oriundos do solo que se inscrevem e que continuarão a se inscrever nesse povo (RATZEL, 2011, p. 52). Para o autor as condições do território poderiam favorecer ou impedir a existência de um Estado, caso, por exemplo, da influência da água sobre o desenvolvimento desse, evidenciando os países que se formaram no entorno de bacias fluviais (rios) ou nas costas litorâneas. Ratzel compara o Estado a um organismo vivo, partindo das formulações de Herbert Spencer, como afirma Antonio Carlos Robert Moraes (1990, p. 56): “A perda de território seria a maior prova de decadência de uma sociedade. Por outro lado, o progresso implicaria a necessidade de aumentar o território, logo, de conquistar novas áreas”. Desse modo, o Estado era visto por Ratzel como uma forma de evolução da humanidade e aqueles agrupamentos humanos chamados por esse pensador de povos naturais, cujo modo de vida era mais próximo da natureza, caso das tribos africanas, não tendo uma unidade política 9 mais estável, caso do Estado-Nação, os quais deveriam passar por esse estágio gradualmente. Sobre essa questão, Ratzel (apud MORAES, 1990, p. 151) afirma: Mas a ação mais geral e mais importante para o progresso da civilização é aquela que em toda a parte é exercida pelas necessidades comuns que arrancam o homem do infecundo isolamento. Elas têm também como principal efeito a consolidação da união política, a partir da qual posteriormente são organizadas as atividades indispensáveis para satisfazer às necessidades humanas. Os Estados são criados pela comunhão da autoridade dominante e dos interesses comuns. Mas o primeiro lugar cabe à autoridade dominante [...] Em quase todos os países onde existem grandes unidades políticas encontramos primeiro sobrepostas umas às outras e depois associadas muitas nacionalidades; somente nos Estados menores o povo inteiro é composto desde o princípio por uma espécie de estirpe. Observa-se na citação de Ratzel que esse elevava a formação do Estado-Nação como a forma principal de organização política, comuns aos povos chamados de civilizados, como meio de unidade política que tem autoridade e busca os interesses comuns. Além disso, deixava claro sua posição sobre o fato de o Estado-Nação comumente agregar diversas nacionalidades, quando o ideal seria ter um só povo, integrado com o seu território transformado em Estado-Nação. Novamente a teoria do autor se alia à realidade vivida na Alemanha, com seu processo de unificação. Embora o geógrafo não cite explicitamente as características de seu país, sua discussão sobre disputas territoriais, a concepção de que o maior estágio a ser alcançado por um povo era a unificação e a formação de um Estado e, principalmente, a concepção do ideal de um só povo demonstram a relação implícita da teoria do espaço vital com a realidade alemã, como explicita Ratzel (2011, p. 52) sobre a relação entre o solo e o povo: O desenvolvimento do Estado é a organização progressiva do solo através de uma relação mais estreita com ele. Com o crescimento demográfico, as relações do povo com o seu solo reforçam-se, os recursos naturais sempre são mais bem explorados, o povo cresce em potência até impermeabilizar as fronteiras, como no Baixo Egito, mas por outro lado também aumenta a sua dependência em relação solo. Quanto mais o solo é vasto, mais as suas relações com o povo são tênues. A diferença entre o Estado de um povo civilizado e o de um povo bárbaro se relaciona ao fato de que a organização do solo é muito mais desenvolvida no primeiro do que no segundo. Qualquer apresentação do desenvolvimento do Estado que negligencie o solo está incompleta. O autor naturaliza essa luta pelo território como uma disputa natural, já que faria parte da natureza humana concorrer territórios. Há nessa concepção uma aproximação com a Biologia, especificamente no conceito de território como espaço de domínio de uma determinada espécie, que é territorial, de modo que delimita e se apropria do espaço, embora esse pensador veja o homem como uma espécie superior, que se distingue das demais. Aproxima-se também das teorias de Lamarck e Charles Darwin, ora apoiando, ora refutando algumas das premissas desses teses – Darwin, contemporâneo de Ratzel, em 1859 escreveu A origem das espécies. Tais teorias são consideradas importantes postulados evolucionistas, 10 Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache que revolucionaram o pensamento em relação à origem das espécies, quanto à adaptação dessas ao meio, assim como da seleção natural entre as quais. Ratzel nasceu no ducado de Baden em 1844, em uma anterior à unificação alemã (que se deu em 1871), as obras de Ratzel estavam relacionadas à Geografia e à Etnografia, entre as quais destacam-se: As raças humanas; Geografia política e Antropogeografia: fundamentos da aplicação da Geografia à História. Estudou em Heilderberger, Berlim (onde foi aluno de Ritter) e em Jena, cursando Geologia com Haeckel – esse considerado um famoso biólogo e naturalista alemão, criador do termo ecologia. Ratzel foi convocado pelo exército alemão para a guerra franco-prussiana e posteriormente iniciou suas atividades como jornalista geográfico, descrevendo os lugares por onde viajava. Em 1873 passou pelos EUA e México por dois anos, publicando tempos depois sua principal obra - Antropogeografia: fundamentos da aplicação da Geografia à História, em 1882. Tornou-se professor universitário da Cátedra de Geografia na Universidade de Leipzig e editou novas obras, entre as quais: Antropogeografia – parte 2, em 1891; O Estado e seus solos estudados geograficamente, em 1896; e Geografia política, no mesmo ano (MORAES, 1990). Em relação ao método, as obras de Ratzel são vinculadas principalmente ao empirismo e positivismo, com a observação e descrição como principais procedimentos metodológicos, propondo a causalidade dos fenômenos humanos e naturais de forma semelhante, com uma naturalização do homem (MORAES, 2003). As obras de Ratzel serviram também de referência À Geopolítica, discutindo questões em relação ao território, Estado e poder. Entre os autores destacam-se Halford Mackinder, com a obra intitulada O pivô geográfico da História, e do general Karl Haushofer, que participou do governo alemão no período nazista, tornando-se o ideólogo da geopolítica alemã. Ratzel e o determinismo geográfico No final do século XIX e início do XX alguns autores publicaram livros cujo cunho do discurso tornou-se conhecido como determinismo. Ao longo da história houve discursos do senso comum que eram deterministas e mesmosalguns autores produziram textos que apresentavam tais características, contudo, ao final do século XIX tais discursos tornaram-se “científicos”. Mas o que é determinismo geográfico ou determinismo ambiental? O determinismo parte do princípio de que as condições do meio ou da natureza são determinantes para explicar as situações humanas. Sejam condições de caráter psicossocial, econômico, fisiológico etc. Fazer a relação entre clima e pobreza – tropicalidade e pobreza – é um meio explicativo desse modo de pensar. Se, por exemplo, admite-se que a pobreza de um lugar é determinada pelas condições climáticas, pela aridez, por exemplo, tal discurso se manifesta como determinista. 11 Alguns autores veem na obra de Ratzel traços ou características deterministas. Esse é o caso do geógrafo francês Armand Fremont (apud GOMES, 2007, p. 187): O estudo das influências que os meios naturais exercem sobre os grupos humanos e sua repartição na superfície da Terra coloca a geografia de Ratzel no ponto de junção entre as Ciências da natureza e as Ciências do homem, dentro de uma perspectiva de ecologia, conferindo ao determinismo dos fatos da natureza um lugar decisivo, bem como mutável e a situa dentro de uma orientação científica resolutamente positivista (unidade das Ciências sobre o modelo da Biologia, força vital e dinâmica dos grupos inspirados no darwinismo, existência de uma ordem constante dos fenômenos, leis que se descobrem pela observação. Contudo, outros autores citam que embora possa haver traços de discurso determinista em Ratzel, suas teorias não eram simplistas e, em alguns casos, esse pensador considerava que o homem tinha relação com o meio e desse sofria influências, mas não considerava que essa influência era total. O geógrafo Marcos Bernardino de Carvalho é um dos que discordam das afirmações de que Ratzel possa ser classificado como um simples determinista. Diz o autor: São comuns os reducionismos e simplificações do pensamento ratzeliano, que em alguns casos é resumido apenas à lembrança dos possíveis equívocos cometidos, pelo pensador alemão, ao teorizar sobre as relações homem- natureza, ou ao defender suas crenças sobre a evolução dos processos civilizatórios. No primeiro caso, Ratzel teria sido um determinista ambiental incorrigível e, no segundo, um anti-evolucionista adepto de teses combatidas e desgastadas, como as do difusionismo, ou acertadamente condenadas, como as da superioridade civilizatória dos brancos caucasianos. Certamente Ratzel não é o único caso, de fértil e importante pensador, a ter “consagrados” seus defeitos mais que suas virtudes, mas é sobre este caso que pretendemos nos debruçar (CARVALHO, 1997). Importante ressaltar que os termos determinismo geográfico e possibilismo geográfico foram cunhados por Lucien Febvre (1878-1956), historiador francês que definiu a obra de Ratzel como determinista, assim como a Vidal de La Blache como possibilista. Segundo Lucien Febvre, Ratzel definia que o meio tinha influência sobre o homem a ponto de determinar suas condições, enquanto que o possibilismo geográfico, cujo expoente principal seria o francês Vidal de La Blache, abordava as influências do homem em relação ao meio, mas afirmava as possibilidades dos grupos humanos transformarem esse meio no qual se encontram. Leia o discurso do próprio Ratzel no trecho a seguir. Nesse verifica-se alguns traços deterministas, ao vincular as formas mais evoluídas de civilização ao Hemisfério Norte, devido à maior continuidade das terras e menor dispersão do que as do Sul da superfície terrestre. Diz o autor: A difusão dos homens, assim como dos animais e das plantas, ao norte está fundada sobre a continuidade e ao sul sobre a descontinuidade das terras. Se considerarmos a humanidade como um todo, vemos que na sua parte setentrional há uma maior conexão, com maior reciprocidade de efeitos, e na parte meridional uma maior desagregação. Se observarmos as raças, vemos que 12 Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache os negróides pertencem ao sul, os mongóis e os brancos ao norte. As formas mais evoluídas de civilização estão ao norte do Equador. Na etnografia reencontramos este contraste também nos detalhes: assim, por exemplo, às regiões meridionais da Terra pertencem aos povos que não conhecem o arco, enquanto nas regiões setentrionais o arco e a flecha não só são difundidos sobre uma vasta zona mas conservam também a mesma forma fundamental da Lapônia à Groenlândia oriental e ao México (RATZEL apud MORAES, 1990, p. 113). Nesta citação verifica-se a relação entre povos, desenvolvimento e a continuidade das terras, já que a parte ao Norte do Planeta é mais contínua. Isso para esse geógrafo teria favorecido os povos que vivem no Hemisfério Norte (“mais evoluídos”), em detrimento do Sul. Desse modo, como diz Antonio Carlos Robert Moraes, para Ratzel há influências do meio sobre o homem, mas as condições naturais não são o seu único motor ou causa: Ratzel realizou extensa revisão bibliográfica sobre o tema das influências da natureza sobre o homem, e concluiu criticando as duas posições mais correntes: a que nega tal influência, e a que visa estabelecê-la de imediato. Diz ele que estas influências vão se exercer mediatizadas, através das condições econômicas e sociais. Para ele a sociedade é um organismo que mantém relações duráveis com o solo, manifestadas, por exemplo, nas necessidades de moradia e alimentação (MORAES, 2003, p. 60). Ao longo da história certos autores fizeram discursos deterministas, contudo, alguns discípulos de Ratzel radicalizaram sua alocução e trataram do determinismo como uma concepção teórica. Foi o caso da norte-americana Ellen Churchill Semple, uma de suas alunas e quem aliava relevo à religião ou de outros que relacionavam o clima à indolência e à pobreza. Ou seja, as circunstâncias ambientais/naturais culminando nas condições dos povos. De alguma forma, essas teses deterministas serviam também para legitimar o imperialismo e, em alguns casos, utilizaram-se da concepção denominada de darwinismo social. Baseando-se nos postulados teóricos de Charles Darwin e também de Herbert Spencer às espécies, com a ideia de que essas adaptam-se ao meio e há uma seleção natural que faz com que os tipos mais aptos sejam os que sobrevivem, passou-se a usar tal argumentação à sociedade, daí a expressão darwinismo social. Ao final do século XIX e início do XX tais concepções se disseminaram, trazendo afirmações como: “a superioridade de algumas raças”, “que alguns povos eram naturalmente superiores” etc., tudo sob o viés de um cientificismo, aproveitaram-se para elaborar teorias racistas. Há também alguns autores que buscaram a corrente ambientalista, segundo a qual a natureza não é vista como determinação, mas como suporte da vida, ou seja, tratava-se de um determinismo atenuado. Tal corrente se apoiou na Ecologia, ou seja, no estudo das relações dos seres vivos com o meio ambiente (MORAES, 2003). A seguir entenderemos um pouco das concepções de Vidal de La Blache e o contexto de suas obras. 13 Paul Vidal de La Blache Dos autores denominados geógrafos clássicos e tradicionais (Humboldt, Ritter, Ratzel, Vidal de La Blache etc.), Paul Vidal de La Blache (1844-1918) é, sem dúvida, o que agregou em torno de si o maior número de adeptos e de discípulos e, talvez, seja possível tratar de um grupo, rede ou “escola” lablachiana. Lucien Febvre denominou essa “corrente” de possibilismo geográfico, cuja concepção se opõe às formulações de Ratzel e teve em Vidal de La Blache seu principal formulador. Outros a denominaram de “Escola Francesa”. Quem (MORAES, 2003) advoga pela tese de que a disputa entre França e Prússia (Alemanha) passaria do campo da geopolítica para o meio acadêmico, lista os seguintes motivos: · A contestação territorial e imperialista entre França e Prússia (Alemanha) que já vinha desde o período napoleônico e se estendeu peloséculo XIX, acirrou também as disputas no meio acadêmico; · A França possuía inúmeras colônias, por isso discutir temáticas como espaço vital e disputas territoriais não eram relevantes como eram para Ratzel, cujo Estado nascente vivia concretamente a questão. Por outro lado, a França criou uma disciplina chamada Geografia colonial; · Vidal de La Blache veiculou os interesses da classe dominante francesa, enquanto Ratzel imprimiu um discurso que era interessante ao Estado alemão; · Na proposta de Ratzel a Geopolítica era uma área do conhecimento, já para Vidal de La Blache tratava-se de englobar a geopolítica como parte da Geografia humana, buscando despolitizá-la. Antonio Carlos R. Moraes (2003, p. 69) deixa clara essa postura de La Blache: não quer dizer [...] que a Geografia vidalina não veiculasse uma legitimação ideológica dos interesses franceses. Apenas esta vinculação era mais dissimulada, os temas políticos não eram tratados diretamente, a legitimação do imperialismo francês era mais mediatizada e sutil. Para La Blache a Geografia deveria ser apolítica, cujo objeto corresponderia à relação homem- natureza, em uma perspectiva da paisagem. Na relação do homem com o meio o primeiro criaria obras, modificando-as segundo suas necessidades. Por meio dessa concepção o homem sofreria influência do meio, mas atuaria sobre esse, modificando-o. Tal ação humana variaria segundo o conhecimento adquirido ao longo da história, ou seja, o homem (grupos humanos) criaria técnicas para modificar o meio. Por isso, segundo La Blache, cabe às civilizações difundir tais conhecimentos, por meio do processo de colonização. Logo, seria delegado à Geografia estudar os gêneros de vida de cada região, conforme afirma Vidal La Blache (1898, p. 6): Este ponto de vista não deveria ser o do geógrafo. Seguramente, a emancipação pela qual o homem pouco a pouco se liberta do jugo das condições locais, é uma das lições mais instrutivas que nos proporciona a história. Mas, civilizado ou selvagem, ativo ou passivo, ou, sobretudo, sempre, ao mesmo tempo um e 14 Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache outro, o homem, nestes diferentes estados, não deixa de fazer parte integrante da fisionomia geográfica do globo. Através dos estabelecimentos que ele constrói na superfície do solo, pela ação que exerce sobre os rios, sobre as próprias formas do relevo, sobre a flora, a fauna e todo o equilíbrio do mundo vivente, ele pertence à geografia, onde joga um papel de causa. Ainda que a habitabilidade não cubra inteiramente o globo, pode-se dizer que, nas raras regiões em que ele não penetra, a ação preponderante que exerce sobre o mundo da vida não deixa, em certa medida, de se fazer sentir. Seu método de concepção positivista não era diferente de Ratzel, a não ser pelo relativismo em relação ao papel do meio e sua perspectiva de Geografia quer era regional, já que cada gênero de vida formava em si uma paisagem e uma região. Ou seja, constituíam-se regiões- paisagens a cada gênero de vida. Em Princípios de Geografia humana Vidal de La Blache (1954) trouxe diversos exemplos pelo mundo no qual descreveu a relação de um determinado povo, as técnicas utilizadas para construção de moradia, formas de transporte, para o cultivo etc. Fica nítida nessa obra a relação dos grupos humanos, suas técnicas e a associação com os meios nos quais vivem, formando diversos gêneros de vida pelo mundo. Para exemplificar La Blache comenta sobre as técnicas utilizadas por alguns grupos humanos para o cultivo em terras montanhosas, diz o autor: Os Alpes nos mostram este esforço pessoal para resolver o problema da existência em altitudes elevadas. O montanhês capta as orientações favoráveis, acomoda suas culturas às vertentes sobre as quais perduram os raios do Sol, ajusta a irrigação das encostas, agrupa suas habitações sobre os taludes protegidas contra as torrentes. Sobre as encostas do Pamir, o montanhês tadjique do Darvaz e do Chignan mostra igual engenhosidade e emprega os mesmos métodos de aproveitamento de suas montanhas. Os flancos arqueados dos montes do Vivarais são de alguma forma esculpidos pelos muros de pedra que sustentam as culturas em terraços, obra secular na qual se resume o trabalho paciente de gerações dos nossos camponeses. Sobre as vertentes dos vulcões de Java, até a altitude de cerca de 1500 metros, vemos escalonarem-se as mesmas culturas em terraço (LA BLACHE, 1898, p. 3). Observe se tratar de um discurso descritivo, mostrando a relação do homem com o meio, criando paisagens – neste caso de áreas cultivadas em regiões montanhosas. O autor também fazia distinção entre os grupos humanos mais avançados, denominados de civilizados, dos demais, cujas técnicas eram mais rudimentares. A seguir, Vidal de La Blache (1898, p. 8) compara a existência de cidades europeias com as encontradas àquela época na África, mostrando a distinção entre as quais: Muitas frações da humanidade não ultrapassaram esse estágio. Em toda a parte da África que ainda não foi modificada pelas influências européias ou árabes, não existem cidades no verdadeiro sentido da palavra; não se pode dar o nome de cidades a aglomerações de palhoças que não têm, por assim dizer, nem corpo nem alma, nem mesmo a residências efêmeras de potentados destinados a desaparecer com o capricho que as fez nascer. São criações que ainda não desenvolveram profundas raízes no solo. 15 Importante ressaltar que as obras de Vidal de La Blache não tratavam de sociedade em uma perspectiva marxista, mas sim de grupos humanos, sem discutir classes e desigualdades sociais. Desse modo, cabia à Geografia lablachiana um estudo das diferentes paisagens produzidas pelo homem na superfície terrestre, mas sem identificar suas condições sociais e políticas, por isso se dizia neutra, despolitizada. Antonio Carlos Robert Moraes (2003, p. 74) assim define o método de Vidal de La Blache: La Blache propôs o seguinte encaminhamento para a análise geográfica: observação de campo, indução a partir da paisagem, particularização da área enfocada (em seus traços históricos e naturais), comparação das áreas estudadas e do material levantado, e classificação das áreas e dos gêneros da vida, em “séries de tipos genéricos”. Assim, o estudo geográfico, na concepção vidalina, culminaria com uma tipologia. Assim, a Geografia humana de Vidal de La Blache explica as formas e gêneros de vida do homem na Terra, evidenciando suas técnicas e seus meios de produção, mas sem tocar nos aspectos políticos e também econômicos do capitalismo. Cada gênero de vida é um modo de existência, no qual se entrelaça a natureza, ou seja, o meio no qual o homem vive e as transformações empreendidas pelos diferentes grupos humanos conforme o conhecimento agregado, como afirma Antônio Carlos Robert Moraes (2003, p. 30): O homem vai aparecer como um elemento a mais da paisagem, como um dado lugar, como mais um fenômeno da superfície da Terra [...] Tal perspectiva naturalista aparece com clareza no fato de buscar esta disciplina a compreensão do relacionamento entre o homem e a natureza, sem se preocupar com a relação entre os homens. Desta forma, o especificamente humano, representado nas relações sociais, fica fora do seu âmbito de estudos. Essa forma de conceber foi denominada como Geografia tradicional, pois tratava os grupos humanos na mediação com a natureza ou com o meio, sem, contudo, evidenciar as desigualdades existentes entre os homens, como se cada grupo tivesse e vivesse sempre nas mesmas condições sociais. Alguns autores são considerados discípulos de Vidal de La Blache porque deram continuidade às suas propostas do possibilismo geográfico, inclusive inovando essa concepção. Nesse sentido, seguem dois autores integrantes a esse grupo: · Jean Brunhes: autor do livro Geografia humana, publicado em 1910 na França, no qual discutia os seguintes temas: fatos da ocupação improdutiva do solo, da conquistaanimal e vegetal e da ocupação destrutiva; · Max Sorre: para esse autor a análise geográfica deveria abarcar a humanização do meio natural original. Seu pensamento vinculava-se à ecologia humana, relacionando, por exemplo, doenças às condições do meio, conhecimento atualmente definido como parte da Geografia da saúde. Parte do pensamento de Vidal de La Blache, portanto, teve continuidade, pois muitos de seus alunos tornaram-se professores universitários e puderam, de alguma forma, difundir suas concepções. 16 Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache Élisée Reclus: um autor sem escola? Élisée Reclus (1830-1905) foi um geógrafo francês, contemporâneo de Ratzel e Vidal de La Blache e que também chegou a estudar na Alemanha, onde foi aluno de Ritter. Com o golpe de Luis Bonaparte na França, Reclus fugiu para a Irlanda, onde teve a possibilidade de investigar as condições dos imigrantes, pois também se tornou um, posteriormente indo para os Estados Unidos. Viajou também em 1855 para a Colômbia e depois, em 1857, para a França. Era militante político, anarquista, tendo participado da Liga da Paz e da Liberdade. Participou também da guerra franco-prussiana e, devido à sua militância política como anarquista e na Comuna de Paris, foi condenado pelo governo francês, banido e enviado à colônia de Nova Caledônia em 1871, na região da Oceania (ANDRADE, 1985). Escreveu obras como Nova Geografia universal: a Terra e os homens (em dezenove volumes) e O homem e a terra (em seis volumes). Devido à sua fama, parte de suas publicações se tornaram mundialmente conhecidas. Desse modo, Reclus optou por desenvolver suas obras geográficas com propostas mais avançadas em relação à época em que viveu, diferentemente de seus contemporâneos. Apesar de ser descritiva e, em termos de proposta, relacionar também o homem ao meio, Reclus inovou na introdução de temáticas à Geografia, evidenciando problemas sociais e ambientais, bem como apontou questões referentes à propriedade, evidenciando-a como um problema. Nesse sentido, o autor foi revolucionário, considerando-se a produção geográfica e os autores que lhe eram contemporâneos. Percebe-se essa inovação, por exemplo, na seguinte afirmação de Reclus: Um fato capital domina toda a civilização moderna: o fato de que a propriedade de um único indivíduo pode aumentar indefinidamente, e até mesmo, em virtude do consentimento universal, abarcar o mundo inteiro. O poder dos reis e dos imperadores é limitado, o da riqueza não o é. O dólar é o senhor dos senhores: é por sua causa, antes de qualquer outro motivo, que os homens estão repartidos diversamente sobre a face da Terra, distribuídos aqui e acolá, nas cidades e no interior, nos campos, nas oficinas [...] sendo levados e tornados a levar de trabalho em trabalho. Como se verifica na citação, a afirmação de Reclus trata da riqueza, já no final do século XIX evidenciando o papel do dólar e, portanto, dos Estados Unidos que apenas no século XX se tornaria uma potência mundialmente reconhecida. Outra evidência desse discurso mostra a diferença que esse pensador faz do modelo do civilizado europeu e também dos norte-americanos em relação aos demais países. Reclus (apud ANDRADE, 1985, p. 120) assim o comenta: 17 O modelo essencial do civilizado europeu, ou melhor, do americano do norte, é de preparar para o lucro, tencionando comandar outros homens através do dinheiro todo poderoso. Esta é a lei hoje universalmente reconhecida, não somente nos países de cultura europeia, mas também nas regiões da Ásia que se desenvolveram conforme modelo do mundo ideal econômico [...] As antigas formas de propriedade, que reconheciam a cada habitante da comuna a igualdade dos direitos ao uso da terra, da água, do ar e do fogo, são apenas sobrevivências antigas que desaparecem rapidamente. Isso mostra que em sua Geografia o autor já evidenciava as diferenças entre os países os quais atualmente chamamos de desenvolvidos e subdesenvolvidos, embora, à época desse geógrafo tais expressões inexistissem. Outra questão também discutida pelo autor foi a da apropriação do espaço e da propriedade “privada”, que denominou de propriedade pessoal. Reclus mostra que mesmo no século XIX ainda havia comunidades cujas terras não eram apenas de um proprietário, ou seja, eram regiões comunais, nas quais as pessoas trabalhavam e exploravam a terra em suas comunidades. Contudo, como o mundo foi mudando, começou a existir a condição da propriedade particular, assim como ocorreu com os elementos – solo, água. Desse modo, o autor explica que: Os primitivos eram naturalmente levados a considerar a pedra por eles talhada ou o vaso feito com suas mãos, e ao darem a outrem este objeto por eles fabricado, a livre doação estabelecia nitidamente sua qualidade de proprietário, mas não imaginavam que a pedreira da qual extraíam o sílex [...] pudessem tornar-se propriedade pessoal (RECLUS apud ANDRADE, 1985, p. 125). Conforme se observa na citação acima, há uma diferença na apropriação dos objetos feitos pelo próprio indivíduo, os quais se torna “dono”, da apropriação das terras e das propriedades. Essa é a grande diferença a partir do capitalismo e, portanto, Reclus faz críticas a essa nova forma de existência, embora não se utilize da expressão capitalismo, termo mais usual em Karl Marx. Nesse sentido, Reclus foi um autor significativamente inovador à Geografia. Por isso sua visão geográfica não interessava aos governos da época, tendo sido banido e expulso da França. Desse modo, apesar de ser um autor importante à Geografia e fazer sucesso do ponto de vista das vendas de suas publicações, não criou nenhuma escola geográfica, de modo que a Geografia de outros locais – como a brasileira – acabou sendo mais influenciada pelas propostas de Vidal de La Blache. A grande diferença entre Reclus e Vidal de La Blache é que, enquanto para Vidal de La Blache a discussão do homem era formulada a partir dos grupos humanos, como se todos do mesmo contingente fossem e tivessem equivalente condição social, para Reclus evidenciavam- se as diferenças sociais ou de castas (expressão do próprio) entre os homens. Reclus, portanto, é reconhecido pela sua análise da sociedade desigual. Nesse sentido, ao explicar, por exemplo, uma cidade esse geógrafo discutia as diferenças existentes ao longo do tempo histórico, pelas quais tais localidades passam por transformações. Relaciona também a questão da natureza e do meio aos tipos de assentamentos urbanos, mas, ao mesmo tempo, inova ao problematizar as diferenças existentes nessas cidades, especialmente 18 Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache em relação aos diferentes padrões de bairros e de formas de habitação, evidenciando a produção de riquezas em detrimento de uma pauperização da maioria da população, conforme o próprio afirma: Todavia, numa sociedade na qual os homens não têm assegurado o pão [...] é só um bem parcial transformar os bairros insalubres, se os infelizes que outrora os habitavam encontram-se expulsos de seus antigos casebres, para irem procurar outro subúrbio (RECLUS; RECLUS, 2010, p. 68). Conclui-se, portanto, que as obras de Reclus são inovadoras em termos de abordagem no período que foram publicadas, ainda que parte de sua produção também seja considerada tradicional, alguns de seus livros são significativamente inovadores. Talvez por não ter apoio dos governos de sua época, sua Geografia pouco chegou às instituições de Ensino Superior na França, sendo dominadas mais pelas perspectivas possibilistas e, principalmente, pela visão teórica de Vidal de La Blache e de seus discípulos, como Jean Brunhes, Max Sorre, entre outros autores. 19 Material Complementar Explore • DASCANIO, Antonio Marcos; COLARES, Gizzele Oliveira Nunes. Reclus e o estudo das cidades: um discurso geográfico inovador. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL: ÉLISÉE RECLUS E A GEOGRAFIADO NOVO MUNDO, dez. 2011, São Paulo. [Anais...] São Paulo: Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, 2011. Disponível em: http://redebrasilis.net/ MemoriasReclusSP2011/dascanio-oliveira.pdf. Acesso em: 20 jan. 2012. • VESENTINI, José William. Repensando a geografia política: um breve histórico crítico e a revisão de uma polêmica atual. Revista do Departamento de Geografia, n. 20, p. 127-142, 2010. 20 Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache Referências ANDRADE, Manuel Correia de (Org.). Élisée Reclus. São Paulo: Ática, 1985. CARVALHO, Marcos Bernardino de Ratzel: releituras contemporâneas, uma reabilitação? Revista Bibliográfica de Geografia y Ciencias Sociales. Barcelona, n. 25, 23 abr. 1997. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/b3w-25.htm>. Acesso em: 6 nov. 2014. GOMES, Paulo Cesar da Costa. Geografia e modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007 LA BLACHE, Paul Vidal de. Princípios de Geografia humana. Lisboa: Cosmos, 1954. ______. A Geografia política: a propósito dos escritos de Friedrich Ratzel. Trad. Rogério Haesbaert; Sylvain Souchaud. Paris, 1898. Disponível em: <http://www.uff.br/geographia/ojs/ index.php/geographia/article/viewArticle/81>. Acesso em: 10 jun. 2011. MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Annablume, 2003. ______. 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