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1 Literatura Brasileira pós- colonial dra. Sylvia Bittencourt 1 2 2 AULA 8 A poesia de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto Os temas presentes: • poemas que tratam da questão do indivíduo. O eu-lírico fragmentado se apresenta como um deslocado no mundo. • tentativa de exploração e de interpretação do estar-no-mundo. • revela alto grau de consciência do escritor sobre seu fazer poético. • poemas sobre Itabira, a terra natal do autor, com atmosfera nostálgica, sem se deixar levar pelo saudosismo • escrita que se aproxima do lúdico por meio de herméticos caminhos da linguagem. • Poemas de cunho metalinguístico, ou seja, em que o poeta constrói uma reflexão sobre o próprio fazer poético. Carlos Drummond de Andrade O ser, o poeta e o mundo 3 4 3 Procura da Poesia Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito elas se refugiaram na noite, as palavras. Ainda úmidas e impregnadas de sono, rolam num rio difícil e se transformam em desprezo. QUADRILHA João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili, que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. CIDADEZINHA QUALQUER Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar… as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. Dois poemas 5 6 4 • . Poeta modernista da Geração de 45 , é considerado um antilírico . Seu projeto poética é orientado por uma estética baseada na objetividade, na concretude e na racionalidade , de modo que sua poesia é enraizada na realidade exterior . João Cabral de Melo Neto João Cabral de Melo Neto Suas principais obras são: “Pedra do sono” (1942), “O cão sem plumas” (1950), “A educação pela pedra” (1966) e “Morte e Vida Severina” (1966) É também chamado poeta-engenheiro, tendo em vista o cálculo, a lapidação e a objetividade de seu trabalho com os versos, foi escritor, diplomata e um dos mais importantes intelectuais de seu tempo. Consagrado imortal da Academia Brasileira de Letras e o primeiro brasileiro a vencer o Prêmio Camões, o autor desenvolveu um estilo próprio, muito distante das características presentes na poesia de seus contemporâneos da Geração de 45. Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco. Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a como o risco 7 8 https://brasilescola.uol.com.br/literatura/a-literatura-contemporaneageracao-45.htm
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