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Linguagem e Comunicação Jurídica

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Linguagem e Comunicação Jurídica
Características do texto argumentativo no âmbito jurídico
O texto argumentativo no âmbito jurídico se trata de uma argumentação regulada
por normas bastante rigorosas. É um jogo civilizado de inteligência que nos permite a
competência linguística revelada pelos meios eficientes de estratégias para
conquistarmos a adesão.
Adesão: o que queremos que o interlocutor nos dê.
Argumentação: prova do respeito do ponto de vista do outro. A adesão se dá por
inteligência, sensibilidade e competência linguística.
Teses: sustentam o discurso jurídico, são elencadas pelo enunciador para construir um
percurso argumentativo, se estruturando na legitimidade dos diferentes sujeitos que
falam no lugar de enunciação
Enunciador: sujeito que fala, e assume responsabilidade pelo que fala.
O percurso argumentativo se estrutura na relação de imagens: Eu - OUTRO e
referente. Perguntas que fazemos sobre a imagem que a pessoa nos passa e a que nós
passamos à ela, e as imagens sobre o que ou quem se fala.
Há um leitor virtual inserido no texto, no caso do direito, seriam os juízes, outros
advogados, promotores, etc.
O sujeito pode trazer contra-argumentos, por antecipação, para negociar com o
interlocutor. Isso se daria porque antecipa argumentos que o interlocutor poderia vir a
trazer. Mostra conhecimentos de pontos favoráveis e desfavoráveis, enfraquecendo o
outro ou refutando-o antes que esse se manifeste.
A argumentação jurídica trabalha com valores constitutivos das formações
imaginárias, então, a contra-argumentação, por essas formações, responde
antecipadamente a dúvidas, deixando o oponente de mãos atadas.
Trata-se de um processo muito complexo, por ser necessário seduzir o interlocutor,
sendo que o adversário não aceita a tese do enunciador e não compactua com ela.
Teses argumentativas
A marca essencial no texto jurídico é a de recorrer a uma série de estratégias para
cumprir o objetivo, as teses primárias são as mais importantes que ele defende, é a
que o sujeito apresenta ao interlocutor. Ele deve retomá-la das mais diversas formas
possíveis para que fixem na mente do interlocutor. Sua consolidação é feita com a
ajuda de teses escolhidas para reformá-la, chamada de teses secundárias, que
mobilizam contra-argumentos para o texto.
É necessário derrubar as teses dentro do espaço discursivo, porque isso torna mais
sólido, mais inteligente e mais bem informado, conhecimento dos pontos a favor e
contra, demonstrando segurança.
Texto-argumentativo: construção
Introdução: apresentação do tema que será tratado na tese primária, é necessário
atenção, pois qualquer descuido pode gerar indisposição entre enunciador e
interlocutor. Pode conter breve menção dos valores que estão em jogo
Desenvolvimento: momento crucial da argumentação, nesse momento que as partes
se enfrentarão (teses primárias + teses secundárias). o Estado de alerta é contínuo
nessa luta que o contexto jurídico apresenta, porque cabe ao enunciador buscar
contradições no discurso do outro. É nesse momento que são derrubados os
contra-argumentos, mas também corre o risco de alimentar o oponente em função dos
desdobramentos que as teses podem vir a ter.
exemplo: retomar o que foi dito, mencionando que o adversário está usando sua tese
e a distorcendo, porque quando foi dita por você, ela foi focalizada em outro ponto.
Isso acentua que o adversário está se servindo de um discurso e argumento que não
são dele.
Conclusão: reúne a habilidade de recorrer às teses, demonstrando que foram
demolidas. É a parte final, tem que demonstrar que o sujeito aprendeu com a sua
reflexão e que busca novos desafios. Deve significar-se vitorioso.
Audiências
↪Pode ser universal e particular.
Transformar um argumento em uma demonstração completa depende da análise
criteriosa da audiência. Aristóteles dizia que a argumentação não se limita à dedução
das consequências a partir de determinadas premissas, e tem como objetivo
aumentar a adesão da audiência às teses.
Audiência não tem papel passivo quando objetiva a adesão. Assume posição ativa
quando a persuasão não pode deixar de ser contemplada.
O ato de convencer implica a uma adesão intelectual. Assim é dirigido a uma
audiência universal que demanda uma argumentação calcada em premissas
universais (PERELMAN, 1982). Mas defendemos que o ato de convencer está voltado
para o interlocutor que ainda não se posicionou em frente à proposta que lhe é
apresentada pelo sujeito, mas que deverá validá-la. O trabalho do enunciador é trazer
argumentos sólidos para convencê-lo, então o ato de convencer se dá quando o
interlocutor reconhece a validade das propostas em função das formações
imaginárias, dirige-se a uma audiência universal.
A persuasão é dirigida a uma “audiência específica” constituída de leigos, o que
mobiliza apelo emocional (PERELMAN, 1982). Dizemos que determinados interlocutores
se distinguem dos demais devido as suas particularidades, o modo como interpretam
as propostas que lhe são submetidas e todo contexto, podemos dizer que se trata de
uma "audiência específica". Essa especificidade advém principalmente do fato de
serem constituídas por leigos, o que viabiliza persuasão por meio de apelo emocional.
O ato de persuadir requer mudança de posicionamento por parte do interlocutor,
exige sustentação em argumentos que gozem de credibilidade por implicar mudança
de posicionamento. Requer argumentação muito sólida, bem estruturada, porque a
mudança de posição é complexa, toca em valores pessoais que podem ter pesado na
decisão, logo, pode implicar um relativo conflito para o interlocutor.
Os atos de convencer, persuadir e dissuadir mobilizam valores constitutivos das
formações ideológicas dos interlocutores, sendo que persuadir e dissuadir requerem
mudança de posicionamento.
Lugares da argumentação: ordem, pessoa, existente, quantidade, qualidade e essência
↪Existe uma hierarquização de valores. O que caracteriza a audiência é a forma como
hierarquiza os valores, não como admite eles. Variam de pessoa para pessoa, em
função da cultura, ideologias e própria história pessoal.
↪São premissas de ordem geral utilizadas para reforçar a adesão a determinados
valores.manipulação. Escrever a tese para um público que entende que o texto
acadêmico é uma fonte ética de consulta, pois se sustenta em argumentos lógicos e
patéticos.
↪Lugar de quantidade: uma coisa vale mais do que a outra em função de razões
quantitativas.
↪Lugar da essência: Valoriza indivíduos como representantes bem caracterizados de
uma essência. Ex: objetos de marcas famosas, são verdadeiros ícones da sociedade de
consumo.
↪Lugar da pessoa: superioridade de pessoas. “Primeiro as pessoas e depois as coisas!”
↪Lugar do existente: preferência aquilo que já existe, em detrimento do que não
existe.
É preciso adaptar as condições sociais e intelectuais dos enunciadores aos
interlocutores, não o contrário. ex: não usar jargões.
Deve-se argumentar de forma honesta e transparente, para não parecer
Hierarquia de valores
Escala de importância. Pelo conhecimento das necessidades do sujeito e pela
hierarquia que avaliamos o pesar dos valores nas escolhas.
É de grande importância para o sujeito. Promove a valorização da personalidade do
sujeito, permitindo-lhe a ascensão no plano pessoal, profissional, econômico e social.
Essa hierarquização visa satisfazer com maior plenitude e durabilidade os anseios
humanos, mas não é fácil definir , com clareza, qual é a melhor nem a mais perfeita
forma.
O valor lógico busca pela razão, como os conteúdos do conhecimento significa poder
para o sujeito.
O valor ético corresponde a carência humana pelo bem moral, anseia por respeito e
justiça, liberdade, lealdade, honestidade, responsabilidade e demais valores
decorrentes do princípio da moralidade.
O valor da igualdade está no topo da escala, o respeito pelo outro e a prática da
justiça social são almejados pelo ser humano. Valor muito importante após a
Revolução Francesa.
Valorização do “novo”: a permanente busca dos valores do “respeito”,da “justiça” e
da “igualdade de deveres e direitos” mostra-se mais estável e mais constante.
Existem muitas dificuldades para a hierarquização dos valores quanto a sua questão
objetiva ou subjetiva.
↪Objetividade dos valores: é mais difícil de demonstrar, sendo mais fácil perceber as
necessidades universais do ser humano, que leva uma escala de valores para
satisfazer. Diz que são praticamente os mesmos para todos.
↪ Subjetividade: processo de valoração que se realiza pela interferência do homem no
processo. Cria o valor, não apenas o aprender. O valor é sempre uma criação humana.
O objetivismo parte das necessidades humanas e aceita a independência dos valores
como modo ideal de supri-las. Os valores universais devem ser priorizados por atender
as necessidades humanas, negligenciar esses valores na estrutura argumentativa
corre-se o risco de aumentar uma margem de erros, e o interlocutor pode não
concordar com a tese. Assumindo a objetividade, pode levar ao erro de incorrer a
generalizações, causando problemas de comunicação.
Retórica e oratória.
Retórica: abre um vasto campo de possibilidades permitindo que vozes se
contemplem ou se contradigam em um mesmo espaço discursivo, construindo um
percurso argumentativo sólido. Heterogeneidade discursiva (várias vozes), mesmo o
sujeito tendo uma ilusão de ser a origem do discurso, quando na verdade está
escrevendo outras vozes, ou seja, por mencionar outro em seu discurso, se afirma
como “senhor” do discurso.
A heterogeneidade discursiva mostrada (forma marcada), ou constitutiva (forma não
marcada), temos uma espécie de acordo imaginário que se estabelece entre sujeitos.
O leitor virtual constitui o momento da elaboração do texto (oral ou escrito). O sujeito
se vê investido do direito de retomar o dizer do outro para confirmar ou refutar o dizer
daquele que retoma. Considera-se que o outro tenha dito o que não assume repetição,
o que seria plágio e antiético. Pode dizer o que diz, sem repetir.
Diferentes lugares que cada sujeito ocupa na enunciação do Tribunal do Júri: Lugar
social (formação discursiva) - regras que determinam o que o sujeito pode e deve
dizer. Aos enunciadores juízes compete presidir a enunciação, observando o princípio
do devido processo legal, e garantir a observância do princípio da ampla defesa. Aos
enunciadores promotores e defensores compete manter a coerência com as teses que
defendem.
Argumentação Jurídica
↪Gênero discursivo jurídico: enunciado no tribunal do Júri, rito que confere
legitimidade ao discurso.
↪Lugar de enunciação: lugar físico
↪Lugar social: posição que o sujeito ocupa na sociedade
↪O referente: aquele ou aquilo a qual o sujeito se refere
↪Interlocutor: a quem o sujeito se dirige
Argumento de autoridade: citação de fonte confiável. Necessário identificação do
autor da citação.
Citação literal ou não literal: exigem identificação do autor para que a legitimidade
se preserve.
Argumentação de causa e consequência: efeito de lógica. Pode-se recorrer a essa
estratégia para conquistar a adesão de seus interlocutores.
Argumentação de exemplificação ou ilustração: narrativa de um fato, que é eficaz
para a compreensão das teses apresentadas, principalmente quando são teses muito
teóricas.
Digressão: sujeito traz pro texto um outro assunto com o objetivo de promover o
melhor entendimento, é necessário avisar sobre a pausa da exemplificação.
Digressão desnecessária: jamais são indicadas, geram problemas de compreensão.
Argumento de provas concretas: reafirmam as teses com provas objetivas, ou provas
testemunhas (aconselha-se a não usar testemunhas não oculares, pois passam por
subjetividade).
Argumento por analogia: fazer uma relação que permite melhor explicação. Ex:
citações de jurisprudência.
Lógica jurídica
A lógica é um ramo da filosofia que cuida das regras do pensamento racional, meio
de pensar que garantir que o pensamento chegue a conhecimentos verdadeiros.
↪Argumentos dedutivos: conclusão inferida de duas premissas.
↪Argumentos indutivos: verdade a partir de dados singulares, suficientemente,
numerados.
↪Lógica formal: se preocupa com a estrutura do pensamento.
↪Lógica material: investiga a adequação do raciocínio a realidade.
No encontro da lógica formal e da lógica dialética no Direito, Parmênides defendia o
ponto de vista que nada mudou, tudo que existe sempre existiu, nada se transforma e,
por isso, tudo que conhecemos não é um conhecimento confiável. Enquanto Hieraclito
acreditava que nada permanece estático no universo, o que vemos hoje é uma coisa
totalmente diferente do que vimos ontem, tudo está em constante mudança.
O conceito de dialética é o diálogo, oposição de ideias e razões entre as posições,
antagônicas ou não. Perelman defende que o raciocínio jurídico não parte somente de
duas premissas, e sim de outras formas de raciocínio, como o indutivo.
A lógica jurídica não se resume apenas ao que está positivado na lei, porque estas
dão margem a interpretação. O pensamento de Perelman se volta mais para a prática
do direito e menos para a estrutura da lógica formal do pensamento, por não
trabalhar com a verdade, e sim com termos mais apropriados: razoável, equitativo,
aceitável, admissível, etc.
A proposta da nova retórica propõe aos juristas não pensar nos fatos,
exclusivamente, com os ditames da lei, mas sim, pensar nos fatos como situações
passíveis de violação.
Robert Alexy se atém a argumentos de forma analítica e descritiva. Defende que tais
critérios, podem ser formulados de forma prática, observando as regras práticas,
dando coerência à lógica dos discursos jurídicos.
Luiz Recaséns Siches defende o método da lógica do razoável, que é a razão
impregnada de pontos de vista estimativos, de critérios de valorização, de pautas
axiológicas, e experiência própria. Essa lógica procura entender os sentidos, vínculos
entre significações dos problemas, realizando operações de valoração.
Isso não se consubstanciaria em desrespeito à lei, ao legislador cabe emitir
mandamentos, proibições, permissões, mas não lhe compete o pronunciamento sobre
a matéria estranha à legislação, mas sim, referente, apenas, à função jurisdicional.

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