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ó – 699 parte dela, inclusive, permitindo que eu participasse mais ativamente – seja ajudando alunos com mais dificuldades ou até mesmo auxiliando em algumas leituras e explicações. É claro que a presença de um ―estranho‖ naquele ambiente, também, chamaria atenção dos alunos. Enquanto alguns se mostravam mais curiosos com a minha presença na sala de aula – aproximando-se para conversar – outros apenas observavam e comentavam entre si. No entanto, com o transcorrer das aulas a minha presença já não era mais ―novidade‖ e os alunos passaram a agir de forma mais ―natural‖. Essa primeira etapa de ―ambientação‖ foi muito interessante, pois, me permitiu ter um ―olhar de fora‖ e conhecer um pouco mais da realidade da escola, da professora e dos alunos, assim como, o contexto escolar e social das três turmas. Nesse processo observei alguns pontos relacionados ao funcionamento da escola, as estruturas de poder existentes, as relações sociais mantidas nesse espaço e o projeto pedagógico da escola 311 . Terminada as aulas de ambientação, apresentei para a professora o projeto que pretendia desenvolver, ela achou muito interessante e colaborou com algumas dicas. O projeto foi desenvolvido em doze aulas no total – quatro aulas para cada uma das três turmas. Nas aulas anteriores ao trabalho com os sambas-enredo, procurei introduzir os alunos no universo abordado pelo projeto. Aproveitei, assim, para recuperar parte do conteúdo que vinha sendo ministrado pela professora e, também, fazer uma sondagem inicial, para verificar a percepção que eles tinham acerca do tema. Desta forma, procurei instigá-los por meio de alguns questionamentos e provocações a cerca de situações envolvendo racismo e preconceitos com elementos da cultura afro-brasileira, na tentativa de partir da realidade dos alunos e obter a participação dos mesmos. 312 O resultado foi muito interessante nas três turmas. A grande maioria participou de maneira ativa estabelecendo conexões e trazendo situações diferentes do dia-dia para o debate. Em seguida procurei discutir com a sala a forte presença africana na cultura brasileira. Afim, de levá-los a reconhecer que a África está ―dentro de nós‖ como parte indissolúvel da nossa cultura e que, reconhecer isso é uma tarefa importante para superar o preconceito que é a base de muitas diferenças sociais, econômicas e 311 Segundo a coordenadora do ensino fundamental, o projeto pedagógico da escola volta-se para formação de cidadãos críticos e atuantes, tentando preencher todos os requisitos de um bom currículo escolar, a partir de uma meta que visa formar alunos qualificados e capazes de ingressar no mercado de trabalho. 312 “O passado deve ser interrogado a partir de questões que nos inquietam no presente (caso contrário, estudá-lo fica sem sentido). Portanto, as aulas de História serão muito melhores se conseguirem estabelecer um duplo compromisso: com o passado e o presente.‖ (PINSKI, J.; PINSKI, C., 2010, p. 23).
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