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CURRÍCULO, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EDUCACIONAL – UNIDADE 01 O currículo e a avaliação são indissociáveis, pois estão numa interação constante e dinâmica. Por meio dessa interação pode-se perceber o que a escola seleciona e valoriza como conhecimento legítimo. Quanto ao planejamento é de extrema importância para que o professor possa pensar no conteúdo e nas atividades que serão propostas, bem como na avaliação, visando o desenvolvimento integral do educando, sua aprendizagem, verdadeiramente, significativa. O educador, portanto, tem um papel fundamental, se preocupando com a seleção minuciosa dos conteúdos, com o planejamento das atividades, com as metodologias utilizadas e com a avaliação, a fim de que estejam diretamente direcionados para a mediação do conhecimento e construção da cidadania. Sendo assim, em nossa disciplina iremos tratar dessa integração entre os campos fundamentais para a condução do processo de ensino e aprendizagem. Vamos, juntos, verificar o quão é importante para o processo de ensino e aprendizagem a interação entre o currículo, o planejamento das atividades e projetos pedagógicos e da avaliação. Preparado(a)? Sigamos em frente, então! INTRODUÇÃO Caro(a) Estudante, para iniciarmos nossos estudos, faz-se necessário um resgate histórico e conceitual sobre currículo e avaliação da aprendizagem. Portanto, nesta unidade, faremos uma retrospectiva histórica sobre o currículo e a avaliação da aprendizagem. Veremos a diferenciação entre verificação e avaliação e, em seguida, iremos identificar os diferentes momentos para a avaliação da aprendizagem. OBJETIVOS DA UNIDADE Proporcionar um estudo histórico do currículo e seus conceitos e fundamentos. Compreender o processo de construção de práticas de avaliação da aprendizagem. Diferenciar verificação de avaliação da aprendizagem. Identificar os diferentes momentos para a avaliação da aprendizagem. CONCEITO DE CURRÍCULOS Para a maioria das pessoas, ao pensar na palavra “currículo”, logo a relaciona à história profissional, pela qual, empresas poderão analisar a vivência de um determinado indivíduo e, com isso, determinar se essa pessoa tem habilidades para realizar o trabalho que lhe será confiado. Na educação, a palavra “currículo” é abrangente e muitas vezes complexa. Através dele vamos delinear o trabalho realizado em cada disciplina, ou seja, ele é um norteador do trabalho realizado em sala de aula. DEFINIÇÃO O curriculum pode ser entendido como um plano de orientação tecnológica que se prende com aquilo que deve ser ensinado e como deve ser, em ordem a um máximo de eficiência. Neste sentido, o professor é um mero “operário curricular” que tem a tarefa de executar um plano. (CORREA; DIAS, 1998, p. 115). Como podemos perceber observando a Figura 1, existem muitas implicações na construção desse documento que deve possibilitar aos estudantes qualidade na aprendizagem. Mas vamos continuar nos aprofundando sobre as especificidades que influenciam essa construção. Definição de currículo Antes de intensificar os estudos sobre currículo, cabe-nos entender de onde essa palavra surgiu e o que ela significa na forma lexical, ou seja, como descrito no dicionário. Segundo o dicionário Michaelis, a palavra “currículo” tem algumas interpretações, mas o que cabe a este curso são as seguintes: Programação de um curso; Conjunto de matérias incluídas do curso do fundamento à universidade etc. Definição: O termo currículo advém da palavra latina “scurrere”, que pode ser traduzida como correr, referindo-se a curso a ser seguido, mas especificamente a ser apresentado (Goodson, 1995). Observe que a ideia de percorrer um caminho nos leva a refletir sobre de que forma o currículo escolar se relaciona a essa expressão com sentido aproximado. Pensando em educação, entendemos que currículo seja um caminho a ser seguido no ensino, em cada disciplina, ou na união delas, considerando a relevância da multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Essa reflexão deve se aprofundar cada vez mais, pois necessitamos elaborar um currículo que venha atender às necessidades dos alunos. Dessa forma, o currículo deve ser construído para nortear um trabalho que atenda à realidade da comunidade escolar que será inserido, respeitando a demanda local, mas também considerando a realidade de um país, sua legislação e sua intencionalidade educativa. Mas por que o currículo deve atender às demandas locais? Temos um país muito grande, com regiões caracterizadas por diferenças culturais e socieconômicas com necessidades distintas, como podemos observar na Figura 2. Pensar em um currículo igual para todos é negligenciar essas características e necessidades. Reflita Será que a sequência didática direcionada a alunos de um bairro privilegiado de São Paulo se adequa igualmente para os alunos que vivem na seca do Nordeste? E para os indígenas e quilombolas? Sabemos que é impossível, pois a realidade do estudante e suas necessidades são muito diversas. Considerando isso, o currículo deve refletir uma realidade mais específica. Dentro de nosso país, temos referenciais norteadores os quais garantem que não haja um distanciamento muito grande de aprendizagens de uma região para outra, porém flexível o suficiente para ser adaptado ao meio que será trabalhado. Hoje, dispomos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que vem garantir essa unidade de ensino em todo território brasileiro. Cada estado também elabora sua estrutura, assim como algumas cidades. As escolas têm liberdade de, observando essas referências, adequar o currículo para sua realidade local. Na Figura 3 abaixo, será possível visualizar melhor essa concepção. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO CURRÍCULO Como tudo na vida, existe um histórico de evolução, em alguns casos, dependendo do momento efetivo vivenciado, identificamos um declínio das estruturas e aplicabilidade curricular. A história do currículo vem demonstrar o quanto ele é influenciado pelo momento histórico, político e social, e conhecê-lo é essencial para atender às demandas atuais. Isso nos ajudará a decifrar melhor a escola contemporânea e como ela se desenvolveu. No século XIX, o currículo era entendido como uma sequência de conteúdo a ser trabalhado em cada disciplina. Atualmente, currículo é visto como algo maior, mais aprofundado, mais aberto e adaptável ao meio. Dessa forma, é um documento norteador que se transformará em um projeto pedagógico que o aborde da maneira mais significativa em cada espaço. Vamos na sequência, de forma sintética, trazer as informações mais relevantes ocorridas na história da escola e consequentemente seus currículos. Da antiguidade à Revolução Industrial Na Grécia antiga, a educação se dava informalmente, sem divisões disciplinares, e era desenvolvida por filósofos. Os estudantes eram pessoas interessadas em refletir sobre determinados assuntos que envolviam a sociedade. Platão foi um dos grandes filósofos que criou (787 a. C), nos jardins de “Academos” (gerando expressão “academia”), uma escola onde se ensinava algumas ciências como Filosofia e Matemática. Em 343 a.C., as famílias ricas pagavam um preceptor para ajudar as crianças nos estudos. Dessa forma, somente famílias abastadas financeiramente podiam proporcionar aos seus filhos alguma instrução. A evolução da instituição escolar foi se constituindo vagarosamente. No século XII, na Europa, são alicerçadas as primeiras escolas nos moldes atuais, elas eram administradas pelo Clero, que valorizavam e propagavam o fundamentalismo cristão. Especificamente no Brasil, em 1549, foi fundada a primeira escola, em Salvador, pelos jesuítas, atendendo somente às famílias burguesas. Os livros usados para ensinar fundamentavam as descobertas científicas de forma rígida. Assim, o conhecimento era apresentado fechado, inquestionável eindiscutível. As escolas mais bem estruturadas utilizavam o currículo como um documento oficial, entregue aos alunos ao final do curso, como um diploma. Pode- se afirmar que o ensino era doutrinário. A partir do século XVI, os educadores começam a defender que a experimentação e observação complementaria a aprendizagem de livros e assim foi impulsionado o Iluminismo ou Idade da Razão dos séculos XVII e XVIII. Os enfoques científicos defendidos por Bacon, Descartes, Locke, Rousseau, Comenius, Galileu e Newton permitiram questionamentos sobre o ensino com princípios religiosos. Essa doutrinação religiosa e o conhecimento encerrado nos livros foi sendo substituída pela pesquisa, pela observação, e o aprendizado vivenciado. Até esse momento, acreditava-se que o aprendizado se construía como a formação de músculos, ou seja, exercitava-se a mente para alcançar o conhecimento. A repetição e a decoração deveriam garantir essa força mental. Nos Estados Unidos, ao longo do século XIX, aconteceram ampliações de oferta de ensino. Pensando nas novas gerações, e a insuficiência do que era ensinado nas escolas para a preparação desse futuro cidadão, surgem os debates sobre o que ensinar e em qual sequência. A partir das intervenções de Francis Parker (final do século XIX), um americano influenciado por teóricos europeus, propõe-se um currículo que atenda aos interesses das crianças. Isso quer dizer que o que interessa e é significativo para o aluno deve ser explorado como forma de ensino. Essas ideias influenciaram fortemente estudos sobre o currículo como um campo da educação a ser desenvolvido. Junto com essas forças, o mundo se transformava. A Revolução Industrial, a sociedade, imigração e mais recentemente a tecnologia, que se aperfeiçoa a cada instante influenciando nossa sociedade e diretamente a escola. História das Disciplinas Escolares A palavra “disciplina” tem origem latina e significa originalmente instrução ou conhecimento. Por sua vez, a palavra latina disciplina tem como raiz a palavra discere, que significa aprender. Disciplina também pode ter o significado de obediência a regras e normas estabelecidas. Para aprender algo, faz-se necessário que observemos as regras pertencentes às várias áreas do conhecimento. O modelo que temos atualmente das disciplinas escolares sofreram influência do método proposto por René Descartes (1596-1650), filósofo e matemático francês, denominado Método Cartesiano de Reflexão. Segundo seu método, para que haja conhecimento, é necessário que haja a fragmentação da realidade em parcelas bem pequenas, assim facilitando uma análise posterior. A História da Educação nos mostra que, a partir do século XIX, a escola ganha um novo formato, passando a ser um espaço mais interativo, participativo, dinâmico e criativo, não mais aquele espaço de reprodução e de repetição automática dos valores e dos conhecimentos preconcebidos. As disciplinas escolares colaboram na moldura da cultura escolar, pois devem estar contextualizadas e coerentes com a realidade vivenciada pela escola. Sendo assim, é primordial que sua metodologia seja muito bem desenvolvida e aplicada, atendendo às especificidades regionais e culturais do local onde a escola está inserida. Outro aspecto que deve ser considerado no momento da elaboração das disciplinas escolares diz respeito às vivências e experiências do professor, pois são fundamentais para o processo de criação, elaboração, reformulação e desenvolvimento das referidas disciplinas. Ao longo do tempo, as disciplinas se tornaram muito mais que documentos oficiais compostos pelas matérias ou unidades escolares, que eram ditadas por um currículo influenciado por interesses variados (sociais, econômicos e políticos). Atualmente, fazem parte de uma escola renovada, moderna, democrática, articulada com novas ideias, concepções e que almeja formar cidadãos formadores de opinião, críticos e reflexivos. Embora por muito tempo tenhamos considerado que a fragmentação disciplinar facilitaria o aprendizado e a uma investigação mais específica do conhecimento, verifica- se, atualmente, que tal fragmentação pode contribuir para a inibição de uma visão mais geral, globalizada. Dessa forma, verifica-se incentivos para que o processo de ensino e aprendizagem se torne não só interdisciplinar, mas também seja multidisciplinar e transdisciplinar. No Brasil atual, com a homologação da Base Nacional Comum Curricular, temos uma nova denominação para as disciplinas escolares, são os componentes curriculares. Um componente curricular refere-se a uma disciplina que compõe a grade curricular de um determinado nível de ensino ou curso, tendo sua carga horária estabelecida em uma grade curricular. Caro(a) aluno(a), este tema será mais detalhado posteriormente, ao tratarmos dos Currículos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. A seguir você irá compreender como se deu historicamente o processo de construção de práticas de avaliação da aprendizagem SURGIMENTO DA PRÁTICA AVALIATIVA EDUCACIONAL NO BRASIL Estudante, você pôde no capítulo anterior verificar a história, os conceitos e definições do currículo. Neste capítulo você irá identificar, os fundamentos epistemológicos que amparam os novos paradigmas da avaliação da aprendizagem e como se deu o processo histórico de construção desse conceito. Isto será fundamental para que a construção dos processos avaliativos com os seus alunos seja consistente e pautada na aprendizagem. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Você vai gostar! A educação na cultura oral e na cultura letrada Antes da chegada dos portugueses no Brasil, a educação indígena era pautada na oralidade. Era através da fala, das imagens e dos sons que os saberes eram construídos e elas eram as tecnologias utilizadas para a transmissão dos valores, costumes e práticas. Na cultura oral, ainda presente em muitas comunidades indígenas brasileiras, a aprendizagem acontece através da experiência, por descoberta, imitando o outro, experimentando o que foi aprendido para fixar na memória. Os processos cognitivos são concretos e estão ligados a situações do cotidiano. Neste tipo de cultura, pautada na oralidade, a avaliação da aprendizagem dos indivíduos ocorre na prática, com a demonstração do que se sabe ou não se sabe fazer. A educação formal no Brasil nasceu a partir da chegada dos jesuítas, que trouxeram para nós a escola, centrada no professor como transmissor dos saberes, o livro, como principal tecnologia para aprender, a leitura e a escrita como formas de tornar os saberes acumuláveis, consultáveis e consumíveis. A leitura permite que a realidade seja descrita e este processo gera mudanças profundas no processo de ensinar. Neste modelo jesuítico, pautado na memorização através de exercícios, como forma de verificação dos saberes dos alunos, eram aplicados os exames. A rigor, os jesuítas foram os únicos responsáveis oficiais pela educação formal no Brasil durante duzentos e dez anos, formando uma elite letrada que dava continuidade aos seus estudos na Europa. Inicialmente os colégios foram utilizados pelos jesuítas na catequese dos índios, posteriormente passaram a instruir apenas os descendentes dos colonizadores. Aos indígenas, os mestiços e negros, os colégios serviram para a educação para o trabalho através do convívio. A pedagogia dos jesuítas exerceu grande influência em todo o mundo e até hoje a educação tradicional os defende, no entanto, é consenso que ela era destinada à formação das elites burguesas, que mantinham a hegemonia cultural e política. Por isso, foram eficientes na formação das elites, mas descuidaram completamente da educação popular. Os Jesuítas que implementaram a educação escolar no Brasil, foram também os responsáveis por um importantedocumento chamado Ratio Studiorum, publicado em 1599. Nele estava registrado como deveriam ser as práticas pedagógicas das escolas jesuítas: os alunos aprendiam em salas de aulas, divididos em níveis (classes) e realizavam exames orais. Embora não se falasse de avaliação da aprendizagem, foi através dos exames orais que se iniciaram os processos de verificação das aprendizagens dos alunos, permitindo as classificações e atribuição de graus. As ideias pedagógicas expressas no Ratio Studiorum correspondem ao que passou a ser conhecido na modernidade como Pedagogia Tradicional. Segundo Luckesi 2000), na Ratio Studiorum, estão configurados dois modos de acompanhamento da aprendizagem do aluno: A pauta do professor; Os exames escritos e orais. Ele explica que a pauta do professor é uma espécie de caderneta, com anotações sobre as condutas e aprendizagens de cada um dos estudantes ao longo do ano letivo. Os exames ocorreriam uma vez por ano, ao final do ano letivo. Luckesi (2000) chama a atenção para o fato de ao longo do tempo, os exames foram sendo priorizados, ocorrendo em intervalos menores e que este acompanhamento individual das condutas foi perdendo a sua importância. Início da avaliação da aprendizagem no Brasil A primeira vez que se falou em avaliação da aprendizagem no Brasil como algo mais amplo que a verificação nos exames, ocorreu em torno de trezentos e vinte anos após a publicação do Ratio Studiorum. As primeiras ideias sobre avaliação da aprendizagem estavam relacionadas a medir, aplicar testes e saber, a partir deles, o quanto os alunos aprenderam. Até então, o que os professores faziam era verificar a aprendizagem através dos exames e testes, medindo o que o aluno aprendeu sobre os conteúdos ensinados. REFLITA: Mas atenção: medir não é avaliar, ainda que o medir faça parte do processo de avaliação. Avaliar a aprendizagem do estudante não começa e muito menos termina quando atribuímos uma nota à aprendizagem. No próximo capítulo veremos a diferença entre verificação e avaliação de aprendizagem. Diferenças entre verificação e avaliação de aprendizagem Avaliar a aprendizagem vai muito além do que somente verificar que conteúdos os alunos aprenderam. Foram as escolas americanas que iniciaram os estudos sobre a avaliação numa perspectiva mais abrangente, indo além de fazer na escola somente exames para a verificação das aprendizagens dos alunos. O americano Ralph Tyler defendia a inclusão de uma variedade de procedimentos avaliativos, tais como: testes, escalas de atitude, inventários, questionários, fichas de registros de comportamento e outras formas de coletar evidências sobre o rendimento dos alunos em uma perspectiva longitudinal, com relação à consecução de objetivos curriculares. A professora Láe Depesbriteris explica melhor as ideias de Tyler: Segundo a autora o processo avaliado está baseado enquanto os objetivos educacionais (Depesbriteris, 1989): Ele diz que essa concepção de avaliação tem dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, implica que a avaliação deve julgar o comportamento dos alunos, pois o que se pretende em educação é justamente modificar comportamentos. Em segundo lugar, pressupõe que a avaliação deve envolver mais do que um único julgamento, em determinada ocasião, e logo outros mais, em instantes subsequentes, para identificar mudanças que podem estar ocorrendo. Tyler não descartava a importância da aplicação dos testes, apenas acreditava que existiam outras maneiras de se constatar as mudanças comportamentais, denominadas aprendizagem. Ele avançou por defender a ideia da avaliação como um processo, muito mais amplo, que envolve diversos fatores e que ela vai dar elementos ao professor para saber o quanto os objetivos educacionais estão sendo atingidos. Um grande avanço, não é mesmo? Ele propôs que professores pensassem não apenas em verificar o quanto os alunos aprenderam através de exames, mas propõe algo mais abrangente, como parte do processo de aprender. Propõe que o professor pense antes: Quais são os meus objetivos? O que quero que o meu aluno aprenda? Como ele pode demonstrar que mudou de comportamento? Tyler vai além, pensando na avaliação como parte do processo de aprender, conectado com o currículo da escola. Para ele, aprender implicava mudar de comportamento e o primeiro propósito da avaliação é medir a mudança de comportamento dos alunos e estabelecer uma comparação entre o que o aluno aprendeu e os objetivos previamente traçados pelo professor. A figura 5 ilustra o Modelo de Avaliação do Currículo, descrito por Tyler, ele entendia que os objetivos, para serem definidos, têm como fonte o aluno, a sociedade e os especialistas e, como filtros, a Filosofia e a Psicologia de Educação. A linha tracejada, partindo da avaliação, indica que, para o autor, avaliar é estabelecer uma comparação entre os desempenhos e os objetivos previamente determinados. Mais que isso, a linha tracejada indica que o processo de avaliação deveria ter como foco os objetivos educacionais e que o professor, ao avaliar, saberia claramente se os objetivos que ele traçou foram ou não alcançados. Se os alunos demonstram que aprenderam, que modificaram o comportamento, o professor pode planejar ações mais avançadas, conduzindo a novos aprendizados. Caso os objetivos não sejam alcançados, o professor planeja novamente as suas atividades usando outras estratégias capazes de garantir o aprendizado dos alunos. O Professor Cipriano Luckesi (2011), diz que o método proposto por Tyler para que o estudante obtenha o sucesso foi o mais óbvio que podemos imaginar: Ensine um conteúdo; Diagnostique a aprendizagem; Se o estudante aprendeu, ótimo, segue em frente; Caso não tenha aprendido, volte ao ponto (01) ensine de novo. É importante também destacar que para Tyler a coleta de elementos através da avaliação permitiria aprimorar o programa institucional. Ele defendia que um programa de avaliação não é um processo isolado, concentrado exclusivamente no estudante. Exige um esforço cooperativo de professores, estudantes e pais, a fim de que se possa extrair um máximo de proveito do programa. O conceito de avaliação da aprendizagem também foi enriquecido a partir das contribuições de outro americano, Lee J Conbrach, que na década de 1960 ofereceu ideias provocadoras que repercutiram na prática da avaliação educacional. De acordo com Depesbriteris (1989), ele foi o primeiro a vincular as atividades de avaliação ao processo de tomada de decisão. Para ele, os objetivos da avaliação eram: Determinar o nível de eficácia dos métodos de ensino e o material institucional; Identificar as necessidades dos alunos e a partir daí planejar as estratégias de ensino, de modo que estes possam ser incentivados em seus sucessos e auxiliados em suas deficiências; Julgar a eficiência do sistema de ensino e dos professores, de forma a subsidiar decisões de natureza administrativa. Outra ideia defendida por Conbrach, é que a avaliação não deve se restringir a um único instrumento, ou a um único momento. Segundo ele não se pode desperdiçar uma a diversidade de informações do processo de aprender. A variedade de momentos e de formas de avaliar são úteis ao professor e permitem um maior entendimento do fenômeno educativo e uma melhor tomada de decisão sobre as mudanças necessárias. Para Conbrach, a avaliação presta um grande serviço quando identifica os aspectos do curso que necessitam de revisão. Mais uma importante referência para a concepção de avaliação numa perspectiva de educação progressista foi Benjamin Bloom, através da Taxonomia dos Objetivos Educacionais. Ele é o autor da Taxonomia de Bloom, amplamente utilizada nos planos de ensino e planos de aulas dos professores. Embora os estudos de Bloomtenham tido origem na década de 1950 nos Estados Unidos – chegou ao Brasil na década de 1960, conforme ilustra a Figura 6: O cognitivo, abrangendo a aprendizagem intelectual; O afetivo, abrangendo os aspectos de sensibilização e valores; O psicomotor, abrangendo as habilidades de execução de tarefas que envolvem o aparelho motor. A Taxonomia de Bloom é um instrumento cuja finalidade é auxiliar a identificação e a declaração dos objetivos ligados ao desenvolvimento cognitivo. Duas das vantagens para se utilizar a taxonomia no contexto educacional foram: oferecer a base para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e utilização de estratégias diferenciadas para facilitar, avaliar e estimular o desempenho dos alunos em diferentes níveis de aquisição de conhecimento; estimular os educadores a auxiliarem seus discentes, de forma estruturada e consciente, a adquirirem competências específicas a partir da percepção da necessidade de dominar habilidades mais simples (fatos) para, posteriormente, dominar as mais complexas (conceitos). Krathwohl (2002), Bloom et al. (1956) viram a teoria de taxonomia como uma ferramenta que, contribuía no processo para: padronizar a linguagem sobre os objetivos de aprendizagem para facilitar a comunicação entre pessoas (docente, coordenadores etc.), conteúdos, competências e grau de instrução desejado; servir como base para que determinados cursos definissem, de forma clara e particular, objetivos e currículos baseados nas necessidades e diretrizes contextual, regional, federal e individual (perfil do discente/curso); determinar a congruência dos objetivos educacionais, atividade e avaliação de uma unidade, curso ou currículo; definir um panorama para outras oportunidades educacionais (currículos, objetivos e cursos), quando comparado às existentes antes dela ter sido escrita. Com base nisso, Bloom propõe que os professores elaborem as estratégias de ensino considerando uma progressão nos processos cognitivos, organizando-os partindo dos mais simples para os mais complexos. Conforme a Figura 7. Os processos categorizados pela Taxonomia dos Objetivos Cognitivos de Bloom, além de representarem resultados de aprendizagem esperados, são cumulativos, o que caracteriza uma relação de dependência entre os níveis que são organizados em termos de complexidades dos processos mentais. Posteriormente, outros autores propuseram revisões para a Taxonomia de Bloom, com avanços especialmente nos níveis e na percepção de que os estudantes podem avançar em cada uma das etapas de construção do conhecimento, dependendo de como as estratégias traçadas pelo professor são organizadas e das tecnologias utilizadas durante o processo. Caro(a) estudante, vejamos agora cada um dos níveis do domínio cognitivo, segundo a Taxonomia de Bloom. Definição: 1. Conhecimento – habilidade de lembrar informações e conteúdos previamente abordados como fatos, datas, palavras, teorias, métodos, classificações, lugares, regras, critérios, procedimentos, etc. A habilidade pode envolver lembrar uma significativa quantidade de informação ou fatos específicos. O objetivo principal desta categoria dos níveis do domínio cognitivo é trazer à consciência esses conhecimentos. Subcategorias: 1.1 Conhecimento específico: conhecimento de terminologia; conhecimento de tendências e sequências; 1.2 Conhecimento de formas e significados relacionados às especificidades do conteúdo: conhecimento de convenção; conhecimento de tendência e sequência; conhecimento de classificação e categoria; conhecimento de critério; conhecimento de metodologia; 1.3 Conhecimento universal e abstração relacionado a um determinado campo de conhecimento: conhecimento de princípios e generalizações; conhecimento de teorias e estruturas. Verbos: enumerar, definir, descrever, identificar, denominar, listar, nomear, combinar, realçar, apontar, relembrar, recordar, relacionar, reproduzir, solucionar, declarar, distinguir, rotular, memorizar, ordenar e reconhecer. 2. Compreensão – habilidade de compreender e dar significado ao conteúdo. Essa habilidade pode ser demonstrada por meio da tradução do conteúdo compreendido para uma noa forma (oral, escrita, diagramas, etc) ou contexto. Nessa categoria, encontra-se a capacidade de entender a informação ou fato, de captar seu significado e de utilizá-la em contextos diferentes. Subcategorias: 2.1 translação; 2.2 interpretação; 2.3 extrapolação. Definição: 3. Aplicação - habilidade de usar informações, métodos e conteúdos aprendidos em novas situações concretas. Isso pode incluir aplicações de regras, métodos, modelos, conceitos, princípios, leis e teorias. Verbos: aplicar, alterar, programar, demonstrar, desenvolver, descobrir, dramatizar, empregar, ilustrar, interpretar, manipular, modificar, operacionalizar, organizar, prever, preparar, produzir, relatar, resolver, transferir, usar, construir, esboçar, escolher, escrever, operar e praticar. 4. Análise – habilidade de subdividir o conteúdo em partes menores com a finalidade de entender a estrutura final. Essa habilidade pode incluir a identificação das partes, análise de relacionamento entre as partes e reconhecimento dos princípios organizacionais envolvidos. Identificar partes e suas interrelações. Nesse ponto é necessário não apenas ter compreendido o conteúdo, mas também a estrutura do objeto de estudo. Subcategorias: 4.1 análise de elementos; 4.2 análise de relacionamentos; 4.3 análise de princípios organizacionais. Verbos: analisar, reduzir, classificar, comparar, contrastar, determinar, deduzir, diagramar, distinguir, diferenciar, identificar, ilustrar, apontar, inferir, relacionar, selecionar, separar, subdividir, calcular, discriminar, examinar, experimentar, testar, esquematizar e questionar. 5. Síntese – habilidade de agregar e juntar partes com a finalidade de criar um todo. Essa habilidade envolve a produção de uma comunicação única (tema ou discurso), um plano de operações (propostas de pesquisa) ou um conjunto de relações abstratas (esquema para classificar informações). Combinar partes não organizadas para formar um “todo”. Subcategorias: 5.1 Produção de uma comunicação original; 5.2 Produção de um plano ou propostas de um conjunto de operações; 5.3 Derivação de um conjunto de relacionamentos abstratos. Verbos: categorizar, combinar, compilar, compor, conceber, construir, criar, desenhar, elaborar, estabelecer, explicar, formular, generalizar, inventar, modificar, organizar, originar, planejar, propor, reorganizar, relacionar, revisar, reescrever, resumir, sistematizar, escrever, desenvolver, estruturar, montar e projetar. 6. Avaliação: Habilidade de julgar o valor do material (proposta, pesquisa, projeto) para um propósito específico. O julgamento é baseado em critérios bem definidos que podem ser externos (relevância) ou internos (organização) e podem ser fornecidos ou conjuntamente identificados. Julgar o valor do conhecimento. Subcategorias: 6.1 avaliação em termos de evidências internas; 6.2 julgamento em termos de critérios externos. Verbos: Avaliar, averiguar, escolher, comparar, concluir, contrastar, criticar, decidir, defender, discriminar, explicar, interpretar, justificar, relatar, resolver, resumir, apoiar, validar, escrever um review sobre, detectar, estimar, julgar e selecionar. Foi Bloom quem também estabeleceu três denominações para a avaliação, que são: diagnóstica, formativa, somativa. Luckesi defende que “avaliação diagnóstica”, “formativa” e “somativa” não constituem formas distintas de avaliar, elas simplesmente indicam momentos diferentes de uma ação sobre os quais incidem os atos avaliativos. Vamos aprender mais sobre isso? Diferentes momentos para a avaliação da aprendizagem Estes avanços na concepção de avaliaçãocomo parte do processo de aprender e ensinar gerou uma visão mais alargada e deu origem à ideia de avaliação não como momento estanque, de realização de exames, com função única de classificar os alunos, mas como parte do processo de ensinar e aprender, podendo ocorrer em variados momentos, com diferentes finalidades e usando diversos instrumentos. Vamos conhecer agora as diferentes denominações para a avaliação da aprendizagem. Você vai saber identificar não apenas os tipos de avaliação, mas quando e como elas devem ser realizadas. Vamos lá?! Avaliação diagnóstica Da mesma forma que o médico, o professor também pode usar instrumentos para diagnosticar. A diferença é que o professor vai diagnosticar os saberes dos alunos. A avaliação diagnóstica é analítica, deve ser realizada no início de um processo de aprendizagem e tem como propósito identificar os conhecimentos, habilidades e atitudes que os estudantes já possuem ou as que necessitam de ajustes, e, a partir daí, nortear o planejamento do professor, que deverá organizar as estratégias de ensino específicas, de acordo com o perfil da turma, com base nas situações identificadas na atividade diagnóstica. Ela pode ser feita com diversos instrumentos, tais como: conversa informal com a turma no primeiro dia de aula; entrevistas; questionários; aplicação de dinâmicas de integração, com perguntas sobre os temas de estudos previstos; fóruns de discussão em que os estudantes sejam motivados a apresentarem os seus conhecimentos prévios sobre os temas das aulas; questões que diagnostiquem o que os estudantes já sabem; enquetes e outros. Uma das mais importantes características da avaliação diagnóstica é que ela é preventiva, identifica os “sintomas”, da mesma forma que o médico, e permite um tratamento mais adequado. Ao conhecer as potencialidades e dificuldades dos alunos no início do processo educativo, o professor pode prever suas reais necessidades e trabalhar a partir delas. Outra característica importante é a possibilidade que a avaliação diagnóstica tem de personalização do ensino, com base no diagnóstico dos diferentes níveis de aprendizagem de cada um dos estudantes. Em síntese, a avaliação diagnóstica pode ser usada pelo professor para: fornecer elementos para orientar o seu planejamento, repensar as suas ações, refazer o percurso, estabelecer expectativas; identificar as potencialidades e fragilidades dos alunos, orientando-os especificamente que eles organizem os seus estudos; determinar o ponto de partida para uma nova aprendizagem, os caminhos a percorrer; identificar novos procedimentos na condução do processo ensino-aprendizagem. As informações obtidas na avaliação diagnóstica podem ainda auxiliar as escolas e até mesmo as redes de ensino a planejar intervenções iniciais, propondo procedimentos que levem os alunos a atingir novos patamares de conhecimento, ou seja, seus resultados servem para explorar, identificar, adaptar e predizer acerca das competências e aprendizagens dos alunos. Avaliação formativa A avaliação formativa compreende todas as atividades realizadas ao longo do processo de formação para que os alunos demonstrem o que estão ou não estão aprendendo. Ela está incorporada ao processo de ensinar com o propósito de aprendizagem dos alunos, detectando as dificuldades a fim de corrigi-las rapidamente. Embora existam diferenças nas concepções de avaliação formativa de diversos autores, a partir de Bloom elas têm em comum a mesma essência. Todos os autores sugerem que a avaliação formativa possua as seguintes características: deve ser realizada durante o processo de ensino- aprendizagem; deve ser contínua; não deve ter caráter classificatório; deve ser baseada fortemente no feedback, tanto para o professor como para o aluno. Uma importante característica da avaliação formativa é a capacidade de gerar informações sobre a construção dos conhecimentos dos alunos, identificando as competências que já construíram e as principais dificuldades encontradas. Na avaliação formativa o professor deve estabelecer um feedback contínuo sobre o andamento do processo de aprendizagem como os alunos. A avaliação formativa pode ser feita com diferentes instrumentos, vão variar de acordo com o perfil das turmas, a modalidade de ensino e os cursos. Veja alguns exemplos: observação dos alunos em aula; entrevistas; lista de exercícios; observação dos cadernos e atividades de casa; correção na sala de aula das atividades realizadas pelos alunos, individualmente ou em grupo; produção de projetos de caráter mais prático; construção de portfólios; diário de bordo; teatro; júri simulado; mapas conceituais; esquemas; vídeos; podcasts; debates, fóruns de discussões, exposições; testes; fichas de autoavaliação fornecidas ao aluno. A avaliação formativa propicia aos estudantes, maior responsabilidade acerca de seu próprio processo de aprendizagem e da construção de autonomia. A sua finalidade é facilitar as aprendizagens. Elas devem ser frequentes e diversas. Os erros e as dificuldades dos alunos são explorados pelo professor nos momentos de correção, quando deve retomar os conceitos que os alunos ainda não compreenderam. É um momento privilegiado de diálogo que deve permitir: AO ALUNO: saber se progrediu ou fracassou e as possíveis causas dessa situação. AO PROFESSOR: propor atividades de ajuda aos alunos em dificuldade e atividades mais complexas para os alunos com um bom desempenho. Os dados recolhidos permitirão ainda ao professor reajustar objetivos, atividades e estratégias de ensino. Em síntese, a avaliação formativa pode ser usada para: ajudar o aluno a estabelecer seu ritmo de estudo e de aprendizagem; prover feedback ao professor sobre o que os alunos estão aprendendo; ou não estão aprendendo, permitindo que o professor ajuste as aulas, as atividades e os materiais de ensino; Prover feedback ao aluno, pois com base nas avaliações formativas ele próprio identifica quando está tendo um aproveitamento satisfatório e quando tem necessidade de recuperação. Vejamos o que ensina o Perrenoud sobre a avaliação formativa: “[…]uma avaliação formativa ajuda o aluno a aprender e o professor a ensinar. A ideia base é bastante simples: a aprendizagem nunca é linear, precede ensaios, tentativas e erros, hipóteses, recuos e avanços; um indivíduo aprenderá melhor se o seu meio envolvente for capaz de lhe dar respostas e regulações sob diversas formas[...] .” (PERRENOUD, 1993 p.173) Em síntese, a avaliação formativa pode ser usada para: ajudar o aluno a estabelecer seu ritmo de estudo e de aprendizagem; prover feedback ao professor sobre o que os alunos estão aprendendo; ou não estão aprendendo, permitindo que o professor ajuste as aulas, as atividades e os materiais de ensino; prover feedback ao aluno, pois com base nas avaliações formativas ele próprio identifica quando está tendo um aproveitamento satisfatório e quando tem necessidade de recuperação. Avaliação somativa A avaliação somativa caracteriza-se por ser pontual, ocorrer ao fim de um processo educacional (ano, semestre, bimestre.) e ter como objetivo mensurar o quanto o aluno aprendeu com base no que estava previsto nos objetivos educacionais. A avaliação somativa compreende a soma de vários instrumentos avaliativos. Assim, no decorrer de um período letivo (bimestre, por exemplo), em que o aluno realizou diversas atividades (trabalhos, pesquisas e provas), este recebe uma nota única pela soma desses resultados. Veja a definição: Avaliação somativa ou integradora é entendida como um informe global do processo, que, a partir do conhecimento inicial, manifesta a trajetória seguida pelo aluno,as medidas específicas que foram tomadas, o resultado final de todo o processo e, especialmente, a partir deste conhecimento, as previsões sobre o que é necessário continuar fazendo ou o que é necessário fazer de novo. A principal característica da avaliação somativa é classificar o aluno, em aprovado ou reprovado, pois acontece no final de um processo educacional. Ou seja, seus resultados servem para verificar, classificar, situar, informar e certificar. A avaliação somativa é uma avaliação muito geral, que serve como ponto de apoio para atribuir notas, classificar o aluno e transmitir os resultados em termos quantitativos, feita no final de um período” (Bloom, Hasting, & Madaus, 1983). Sendo assim, a avaliação somativa serve para: atribuir notas; certificar conhecimentos e habilidades dos alunos; estimar o rendimento do aluno em cursos ou séries subsequentes; prover feedback aos alunos; comparar resultados de grupos diferentes. O professor pode usar os seguintes instrumentos para a realização de avaliação somativa: Questões objetivas; Questões dissertativas. Por isso, o trabalho do professor inicia na avaliação diagnóstica, que fornecerá as bases para o planejamento do ensino. No planejamento o professor deve estabelecer com clareza o que o aluno, precisa aprender e que estratégias utilizará para que a aprendizagem ocorra. No seu plano, o professor precisará também determinar quais serão os critérios para avaliar como a aprendizagem ocorreu. Ou seja, precisará determinar o que será avaliado, definindo com clareza quais os critérios para a avaliação. É muito importante também que o professor defina que instrumentos de avaliação utilizará para o seu trabalho. Quanto mais diversos os instrumentos, mais precisa e personalizada será a avaliação dos alunos. Outra etapa muito importante no trabalho docente é a validação dos instrumentos de aprendizagem, pelo professor. O docente deve se perguntar: meus instrumentos estão adequados? avaliam o que se deseja? estão conceitualmente e pedagogicamente coerentes? Não se pode esquecer de planejar diferentes momentos de avaliação, usar diferentes instrumentos, prever etapas diagnóstica, formativa e somativa, para mensurar o desempenho individual dos alunos. Os resultados da aprendizagem dos alunos podem ser coletados a partir dos instrumentos de avaliação escolhidos pelo professor. No entanto, os resultados são apresentados aos estudantes de forma que eles possam: identificar o seu desempenho individual; conhecer os seus pontos fortes e pontos que merecem atenção; saber que ações são necessárias para recuperar o que não aprenderam. O mais importante é que a partir da avaliação o professor pode rever o seu trabalho e propor ações para intervenção nos gaps encontrados durante o processo de avaliação. Quantos mais variados forem os momentos de avaliação e os instrumentos utilizados, maiores serão a eficácia dos planos de ação corretivos. Dessa forma será possível sempre responder as seguintes perguntas: os estudantes estão aprendendo o que pensamos que estamos ensinando? existem diferentes estratégias para ensinar, variando conforme as competências que se pretende construir? é possível melhorar a experiência de aprendizagem dos estudantes? Sintetizando Caro(a) estudante, terminamos esta unidade onde fizemos uma retrospectiva, conceituando o currículo. Pudemos compreender como acontece o processo de construção de práticas de avaliação da aprendizagem. Entendemos as diferenças entre verificação de avaliação da aprendizagem e identificamos os diferentes momentos para a avaliação da aprendizagem. Quanta aprendizagem, não é mesmo? Na próxima unidade, iremos conhecer as concepções do currículo e sua evolução, além de compreender a Base Nacional Comum Curricular e o Ensino Profissional e o Ensino Superior. Vamos, também, refletir sobre as relações entre o ensino, a aprendizagem e a avaliação. E finalizando iremos identificar os desafios que as instituições educacionais enfrentam na construção de uma nova cultura avaliativa, no contexto do Projeto Político Pedagógico. Referências Bibliográficas BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. _________. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, 2018. CALDEIRA, A. M. Avaliação e processo de ensino aprendizagem. Presença Pedagógica, 3, 2000, p.53-62. CORREA, H. C; DIAS, G. P. P. De volta a gestão de estoques: as técnicas estão sendo usadas pelas empresas? In: SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES CHERVEL, A. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria & Educação, n. 2, 1990. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3986904/mod_folder/content/0/Chervel.pdf(opens in a new tab) INDUSTRIAIS, 1., 1998,São Paulo. Anais...São Paulo: FGV.1998 DEPESBRITERIS, L. Avaliação de programas e avaliação da aprendizagem. Revista Educação e Seleção, n.º 19, 28, 1989 DISCIPLINAS. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/disciplinas(opens in a new tab). Acesso: 06 jan. 2021. FERRAZ, A. P; & BELHOT, R. V. (s.d.). Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. GOODSON, I. F. Currículo: teoria e história. Petrópolis: Vozes, 1995. MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete pedagogia progressista. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: http://www.educabrasil.com.br/pedagogia-progressista/(opens in a new tab). Acesso em: 10 dez. 2018. LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2000. _______ Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez Editora, 2011 MOREIRA, A. F. Currículos e programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1990. ____________ . Didática e currículo: questionando fronteiras. 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Finalmente identificaremos os desafios que as instituições educacionais enfrentam na construção de uma nova cultura avaliativa, no contexto do Projeto Político Pedagógico. OBJETIVOS DA UNIDADE ✔ Conhecer as Concepções do Currículo e sua Evolução. ✔ Compreender a Base Nacional Comum Curricular, o Ensino Profissional e o Ensino Superior. ✔ Refletir sobre as relações entre ensino, aprendizagem e avaliação. ✔ Identificar os desafios postos para as instituições educativas na construção de uma nova cultura avaliativa no contexto do Projeto Político Pedagógico (PPP). CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO E SUA EVOLUÇÃO Podemos perceber que a evolução do mundo, por meio da tecnologia, vem influenciando consideravelmente a construção dos novos currículos escolares. Os movimentos sociais, políticos e tecnológicos foram os influenciadores da concepção de ensino e aprendizagem, na elaboração do currículo escolar. Nesse contexto, vamos dar ênfase a dois movimentosmuito importantes. Assim, o primeiro movimento denominado como “Tecnicista” e o segundo como “Progressista”. CURRÍCULO TECNICISTA Sobre a produtividade, exploravam um trabalho em que cada funcionário fazia parte de um esquema hierárquico maior, porém sem acesso ou mobilidade nessa hierarquia. O trabalhador realizava seu serviço de forma individual e concentrava-se em parte do trabalho, de forma mecanizada e racional. Chamada de “Linha de Produção”, a pessoa não tinha envolvimento com os demais setores, cabendo-lhe apenas ter eficiência em desenvolver seu trabalho de forma produtiva e contínua. A linha de produção consiste em um trabalho repetitivo, no qual os trabalhadores desenvolvem, sequencialmente, a montagem de produtos a serem comercializados. Frederick Winslow Taylor (1856-1915), pai da Administração Científica, defendeu que o sucesso do trabalho estava associado ao sucesso da organização. É dessa ideia geral que surgiu o conceito denominado Taylorismo. Esse perfil de trabalhador influenciou a formação escolar e o currículo de toda população ocidental, de tal modo que até hoje ainda é um sistema desenvolvido em grandes empresas e em muitas escolas. Diante das transformações da adoção do modelo taylorista-fordista na produção fabril, há, consequentemente, uma modernização social, a qual engloba todos os aspectos, […] moldando nossos valores, inclusive nossa maneira de conceber a educação e a escola, e dando à nossa sociedade seu feito tecnológico específico. (DOLL, 2002, p. 55). Objetivando uma escola eficiente, onde os estudantes seriam treinados para serem excelentes profissionais adequados à realidade social e capitalista, o currículo escolar foi moldado para atender a essa demanda. Uma estrutura de ensino que foi proposta por Franklin John Bobbit (1918). Segundo Silva (1999, p. 24), na concepção de Bobbit: […] a questão do currículo se transforma numa questão de organização. O currículo é simplesmente uma mecânica. A atividade supostamente científica do especialista em currículo não passa de uma atividade burocrática. […] o currículo se resume a uma questão de desenvolvimento, a uma questão técnica. O estabelecimento de padrões é tão importante na educação quanto, digamos, numa usina de fabricação de aços, pois, de acordo com Bobbitt, a educação, tal como a usina de fabricação de aço é um processo de moldagem […]. Essa influência se deu nos Estados Unidos por volta da metade do século XX e no Brasil nas décadas de 60 e 70. Ciente disso, o currículo era estático, compartimentado e o professor era a autoridade inquestionável. Os estudantes eram levados a aceita tudo sem questionamentos. Obediência é a palavra de ordem. Como grande influenciador dessa postura, temos, no Brasil, o Regime Militar, no qual havia grande interesse de domínio e ordem estabelecida. Os currículos escolares deveriam trazer essa formatação aos alunos. CURRÍCULO PROGRESSISTA As ideias de John Dewey impactaram fortemente as percepções de currículo. Em contraposição à inalterável estrutura curricular tecnicista, as propostas progressistas sugerem um currículo aberto e pronto para atender dialogicamente às ideias dos professores e alunos, que iriam conceber a estrutura curricular, ou seja, construir o caminho a ser percorrido na sala de aula. […] O tecnocrático destacava a abstração e a suposta inutilidade das habilidades e conhecimentos cultivados pelo currículo clássico. […] O modelo progressista atacava o clássico por seu distanciamento dos interesses e das experiências das crianças e dos jovens. […] o currículo clássico só pôde sobreviver no contexto de uma escolarização secundária de acesso restrito à classe dominante (SILVA,199, p. 26, 27). Veja a seguir as principais diferenças entre estas duas linhas de produção. Essas percepções atendem às diversidades encontradas na escola. A sociedade deveria ser incorporada à escola, ou seja, a escola seria um protótipo de sociedade, onde os alunos já iniciariam suas expressividades e percepções ajudando em sua formação para a vida. Segundo Moreira (1990, p.54), “a teoria curricular de Dewey revela um compromisso tanto com o crescimento individual como com o progresso social”. No Brasil, seus princípios educativos tiveram grande influência nas ideias escolanovistas de educação, que foram dominantes no país no período de 1945 a 1960 (Moreira, 1990). Quando pensamos em uma educação que prepara o aluno para a sociedade, percebemos que esse currículo sugerido por Dewey, e mais tarde por Maria Montessori, deve ser alicerçado no que chamamos, hoje, de “protagonismo do aluno” e “contextualização do ensino”. Transformando a aula em um laboratório da realidade e pensando em converter a sociedade, contradizendo a escola tecnicista que quer perpetuar uma sociedade sem questionamentos. Kliebard (1995) explica que seus proponentes percebiam “o currículo organizado em torno de problemas sociais reais, e que estes não teriam o potencial de substituir o que caracterizava os estudos sociais em salas de aula, mas educariam com uma preocupação voltada para justiça social”. Sendo assim, essa postura rompe com o tradicionalismo da escola, a postura suprema do educador, que passa a ser um mediador da aprendizagem. Considerando que, nos anos 50, a “Guerra Fria” estava presente no mundo, e a guerra Tecnológica influenciou grandemente as nações que disputaram o poder, o currículo sofreu um retrocesso que reavivou o currículo tecnicista, exaltando as ciências e uma visão apenas utilitarista na escola, sobretudo no Brasil. Quando questões fundamentais de currículo não são dirigidas por educadores, os caprichos econômicos ou políticos formam o caminho e as práticas educacionais são governadas à revelia (SCHUBERT, 1986, p.1). Em meados dos anos 60, discussões como inclusão das diferenças raciais, sociais e sexuais, entre outras consideradas como minoria, despontam a pedagogia crítica, que pretendia dinamizar uma sociedade com menos discriminações. Pedagogia Crítica Em resposta ao período e as contestações trazidas pela necessidade de equidade social, surge a pedagogia crítica, que vem propor um currículo voltado aos problemas sociais, econômicos e políticos contemporâneos. Em 1970, Paulo Freire lança o livro Pedagogia do Oprimido. Suas convicções chegam para transformar o modelo de organização curricular, pois uma organização de ensino tradicionalista não atendia (e até hoje ainda não atende de forma satisfatória) à diversidade encontrada no Brasil. Apesar de ainda buscarmos essa estrutura curricular, muito da escola tecnicista domina nossos espaços escolares, mas a luta por essa conquista continua. Nos próximos itens, você irá aprofundar um pouco mais o seu conhecimento sobre cada segmento da educação e suas estruturas curriculares a partir de um estudo mais detalhado acerca dos componentes da chamada BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Base Nacional Comum Curricular Caro estudante, entende-se por Educação Básica o período de escolaridade que compreende desde a Educação Infantil até a 3ª série do Ensino Médio. Você se recorda que, de acordo com a LDB/96, a Educação Básica está dividida da seguinte forma? Educação Infantil - crianças de zero a 5 anos; Ensino Fundamenta – 1º ao 9º ano; Ensino Médio – 1ª a 3ª série. A Base Nacional Comum Curricular está prevista desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, sendo ratificada pela LDB/96, em seu Art. 26. Os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (Redação dada pela Lei nº12.796, de 2013) (BRASIL, 1996). A BNCC, portanto,é uma diretriz normativa que orienta o progresso de aprendizagens essenciais para todos os alunos. Lá estão as competências e diretrizes para direcionar os currículos escolares. Homologada em 2017 pelo MEC, sua elaboração contou com a participação de muitos especialistas e foi discutida amplamente com educadores, técnicos e a sociedade em geral, para que atenda às necessidades do século XXI. O processo de construção da BNCC 2014 – início da elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). ✗ Setembro de 2015 – Versão 01:12 milhões de contribuições são recebidas. ✗ Maio de 2016 – Versão 2: Consed e Undime reúnem 9 mil professore, gestores e especialistas. ✗ Dezembro de 2017 - O MEC entregou a versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). ✗ Abril de 2018 – O Ministério da Educação entregou ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a 3ª versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio. DICA Querido estudante, é importante ressaltar que a BNCC deve ser entendida como um início para avançar o trabalho na escola, garantindo o básico de aprendizagem aos estudantes, por todo país e permitindo, assim, equidade no acesso à informação e à aprendizagem. Por essa razão, a revisão dela deve ser realizada de 5 em 5 anos para evitar que se torne obsoleta. Na sequência, vamos ver o que a BNCC orienta para cada segmento escolar. Figura 4 - Mapa conceitual da BNCC Fonte: adaptado de Marcia Justino (2022) pelo Editorial do Grupo Ser Educacional. Figura 4 - Mapa conceitual da BNCC Fonte: adaptado de Marcia Justino (2022) pelo Editorial do Grupo Ser Educacional. Figura 4 - Mapa conceitual da BNCC Fonte: adaptado de Marcia Justino (2022) pelo Editorial do Grupo Ser Educacional. Currículo na Educação Infantil Caro estudante, entendendo a Educação Infantil como aquela que dá acesso a espaços escolares, para as crianças de zero a cinco anos, você irá conhecer um pouco da estrutura curricular que vem sendo amplamente discutida pela sociedade e educadores. É primordial considerar que esse currículo deve atender a nossa constituição e as diretrizes e bases da educação nacional (LEI 9394/96). Essas legislações orientam o quê e como será explorado o desenvolvimento curricular. Como já esclarecido anteriormente, na Educação Infantil se inicia a construção desse currículo, aspecto este que permite um desenvolvimento pedagógico abrangente, dialógico e que visa à preparação para a sociedade. Tentando evitar as mesmas estruturas rígidas do Ensino fundamental para as crianças, o currículo fica denominado como Projeto Pedagógico. Podemos afirmar que o PPP escolar trata-se da síntese de todos os objetivos que uma escola quer atingir, incluindo diretrizes, princípios e metas estipuladas pela comunidade acadêmica, a fim de garantir a aprendizagem dos alunos e a qualidade do ensino. O documento serve como guia para as atividades escolares que ocorrem durante todo o ano letivo. O ideal é que o Projeto Político Pedagógico seja criado por meio de coleta informações junto à comunidade interna (funcionários, pais e alunos) e externa à escola (parceiros, vizinhos e fornecedores, por exemplo). Ao mesmo tempo, em que é formal, o PPP precisa também ser de fácil acesso para todos os membros da comunidade em que a escola está inserida. Bom, esse é um documento que envolve diversas etapas do processo escolar, como o planejamento de atividades, execução de tudo aquilo que foi previsto, avaliação e também a reavaliação por causa de possíveis mudanças. O PPP estipula, de maneira geral, as principais metas da instituição de ensino e como isso vai ser feito. Logo, ele deve ser elaborado de modo personalizado, afinal de contas, cada escola tem pontos distintos a serem desenvolvidos. É importante destacar que todas as escolas do Brasil precisam elaborar um Projeto Político Pedagógico. Lembrando que tal obrigatoriedade foi criada nos anos 90, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A principal finalidade do projeto é fazer com que a educação se torne cada vez mais democrática, para que todos os anos novos cidadãos envolvidos e perspicazes sejam formados. É interessante que o PPP seja desenvolvido com sinergia. O que importa realmente é que cada instituição de ensino encontre formas de envolver a comunidade durante a construção do documento. Várias vozes podem ser ouvidas. O ideal é que seja formado um conselho de educação na comunidade. Vale ressaltar, também, que a versão final e formal do PPP tende a ser redigida e divulgada pelo diretor da escola. O documento deve conter as informações principais de identificação da instituição de ensino, bem como os métodos de avaliação e de ensino. Não se esqueça de que o PPP vai ser utilizado para realizar uma avaliação geral da educação e também as etapas que vão ser seguidas durante todo o ano letivo. Os principais assuntos que devem constar no documento são os seguintes: • contexto da instituição; • missão da escola; • currículo escolar; • projeto pedagógico; • forma de avaliação; • composição do conselho de pais e de mestres; • composição do corpo docente e dos profissionais da administração da escola; • método de ensino; • planos de ação específicos; • modelo pedagógico da escola. Enfim, o PPP deve ser utilizado como um verdadeiro guia para as atividades escolares, ou seja, tem que se adaptar a imprevistos e ser elaborado de acordo com as reais necessidades de cada escola. A elaboração desse documento exige bastante dedicação e tempo dos diretores, professores e da equipe administrativa da escola. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determinou que todas as instituições de ensino precisam ter um Projeto Político Pedagógico (PPP). Quer saber mais? Como você sabe, as crianças gostam de brincar, então usar brincadeiras para explorar um currículo é um caminho mais adequado. Isso porque, mediante tais interações, permite-se articular suas experiências com saberes que as ajudam perceber a sociedade e a cultura em que estão inseridas. Isso tudo é possível por meio de práticas planejadas e podem ser elencadas em um currículo. Assim, as experiências vividas no espaço da Educação Infantil devem possibilitar o encontro de explicações pela criança sobre o que ocorre à sua volta e consigo mesma enquanto desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar problemas. Nesse processo, é preciso considerar que as crianças necessitam envolver-se com diferentes linguagens e valorizar o lúdico, as brincadeiras, as culturas infantis. Não se trata assim de transmitir à criança uma cultura considerada pronta, mas de oferecer condições para ela se apropriar de determinadas aprendizagens que lhe promovem o desenvolvimento de formas de agir, sentir e pensar que são marcantes em um momento histórico (OLIVEIRA, 2010, p. 5). Por meio dessa vivência escolar, a criança se apropria do todo principalmente de sua parcela de contribuição nessa estrutura. Para isso, deve-se propiciar o envolvimento com diversas linguagens por meio do lúdico. É fundamental que, nesse período escolar, não haja um currículo estático, o qual o professor é o grande centro do trabalho. É preciso sensibilizar a criança para as descobertas do mundo que a cerca. As Diretrizes Curriculares Nacional da Educação Infantil (DCNEIs) orientam o planejamento escolar com princípios éticos, políticos e estéticos. Segundo as DCNEIs, a escola deve garantir que a criança se sinta acolhida estimulada a aprender desenvolver a curiosidade e desmistificar a escola como um lugar “chato” e desgastante. Essa meta pode ser atingida com um trabalho bem estruturado, valorizando a participação, diálogo, respeito, sobretudo em relação às diferenças e suas experiências pessoais, como também por meio do uso de espaços e materiais adequados e atraentes,os quais poderão colaborar com a criatividade dos discentes, que serão estimulados de forma afetiva, emocional, cognitiva e linguística. Não se deve perder de vista que a avaliação, nesse período da vida, precisa ser processual, registrando a evolução atingida, sem cobranças e notas. Dando prosseguimento, no próximo item, você verá o que prevê a BNCC para o Ensino Fundamental. Currículo no Ensino Fundamental Caro estudante, como já nos inteiramos sobre a Educação Infantil, vamos agora explorar informações sobre o Ensino Fundamental, que abrange do 1º ao 9º ano. O Ensino Fundamental, de acordo com a LDB/96, está organizado em 9 anos e cinco áreas do conhecimento, que, embora preservadas em sua singularidade, devem ser mantidas uma conexão entre elas. Cada área tem suas competências definidas, conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Essas áreas são: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Ensino Religioso. Contudo, segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), a oferta da disciplina de religião é obrigatória por parte das escolas públicas que possuem Ensino Fundamental. A matrícula do aluno, no entanto, é optativa, ou seja, ele não precisa cursar caso não tenha interesse. É importante você perceber que a BNCC não pode ser entendida como uma grade curricular para todas as escolas, com apenas distribuição de disciplinas e conteúdo. Também não pode ser comparada aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Estes garantem e asseguram uma direção, com muita flexibilidade, mas não asseguram o aprendizado mínimo dos alunos. Observe! ➢ BNCC – Estabelece que os estudantes atinjam os objetivos esperados. ➢ Currículo – Define como alcançar os objetivos. Apoiada por nossa Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a BNCC permite que cada região, cada espaço geográfico, adapte seus conceitos à sua realidade, pretendendo garantir sempre o desenvolvimento de um cidadão consciente, crítico e apto para desenvolver uma sociedade responsável. Cada escola define seus conteúdos e metodologias, porém seguindo a BNCC. O estudante será estimulado a ir além, sendo permitido que ele apresente novas formas de resolução de desafios, sejam de quaisquer áreas que pertençam. Você deve estar se perguntando o motivo desse movimento, então saiba que as avaliações externas nos mostram que uma das causas do insucesso escolar é a disparidade do que é ensinado de uma escola para outra. A BNCC vem balizar esse processo. Ressalta-se o fato de que o currículo deve ser permeado sempre pelo respeito às diferenças, inclusão, igualdade e direitos humanos, de forma explícita ou oculta. Cabe ainda destacar que, nesse período da escola, as competências para o mundo do trabalho devem ser garantidas e estimuladas. Currículo no Ensino Médio Caro estudante, o Ensino Médio no Brasil, mesmo com toda essa orientação permite uma disfunção de competências entre escolas, que precisa ser evitada. Isso se deve ao fato de existirem escolas que preparam seus alunos para a aprovação no vestibular, sem critérios cuidadosos para garantir a aprendizagem mínima. Muitas vezes, o aluno se forma pronto para entrar em qualquer universidade, porém não está pronto para usar seus conhecimentos na vida. Talvez por isso encontremos jovens considerados tão inteligentes, mas sem condições de estabelecer relações interpessoais, ou mesmo após a formação superior, sem condições de aplicar os conhecimentos adquiridos. Conforme estabelecido pela Lei 415/2017, o tempo mínimo do estudante do Ensino Médio na escola passou de 800 horas para 1000 horas, devendo ser adequado nos próximos anos. Dessa forma, caberá aos gestores adaptarem progressivamente a distribuição da carga horária por disciplina, permitindo ao aluno a escolha de um itinerário formativo. Sendo assim, se o estudante preferir as áreas das ciências e suas tecnologias, haverá uma carga horária maior em seu curso com foco na sua escolha, o que pode ser identificado, enquanto impactos no nosso sistema de avaliação, com as recentes modificações em relação ao chamado “Novo Enem”. Esse encaminhamento permitirá maior possibilidade de escolha ao estudante com sinalização maior na escolha profissional. O que a reforma traz de inovação é que o cumprimento da parte comum não poderá exceder 1800 horas do total da carga horária do Ensino Médio. Isso possibilitará também que, ao final do Ensino Médio, o estudante receba uma certificação técnica. São obrigatórios os seguintes componentes curriculares ao longo dos três anos de Ensino Médio. Cada escola optará pelo itinerário formativo que mais se adeque às necessidades locais. Cabe salientar que os currículos são construídos mediante o Regimento Interno de cada Instituição de Ensino, devendo ser adequados pelo Projeto Político Pedagógico, que por sua vez, deve ser construído de forma aberta, democrática, ouvindo toda a comunidade escolar. Para que não haja desigualdades entre as escolas em nosso território, a BNCC vem balizar os conhecimentos mínimos a serem desenvolvidos em todo país. Cada escola tem autonomia para adequar essa referência de acordo com sua realidade, considerando as características locais e a relevância de preparar os estudantes para serem cidadãos conscientes e aptos para contribuir no seu desenvolvimento de forma positiva e respeitosa. Mas e depois do Ensino Médio? Como são organizados os currículos? Ensino Profissional e Ensino Superior Caro estudante, inicialmente, convido você a recordar que as instituições de Ensino Profissional e Educação Superior têm como premissa preparar o estudante para o mercado de trabalho, sendo regidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96). Veja o que traz o Art. 39 da LDB/96 sobre Educação Profissional e Tecnológica: Art. 39 A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia; 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008). Sendo assim, agora conheça parte da legislação (LDB/96) que rege o Ensino Superior, em seu Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sempre juízo de outras, as seguintes atribuições: 1. Criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino; 2. Fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes; 3. Estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção artística e atividades de extensão; 4. Fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências dos meios; 5. Elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes; 6. Conferir graus, diplomas e outros títulos; 7. Firmar contratos, acordos e convênios; 8. Aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, bem como administrar rendimentos conforme dispositivos institucionais. Apesar de todo esse direcionamento, essas áreas são, normalmente, criadas e seus currículos determinados pelas instituições que as oferecem, podendo causar um certo distanciamento. Desse modo, caro estudante, é inegável constatar que houve uma evolução em termos de currículo, através das políticas públicas educacionais desenvolvidas nos últimos anos, possibilitando uma maior interatividade e articulação entreo ensino Superior e a Educação Básica. Contudo ainda se percebe que há algum distanciamento entre estes níveis de ensino. EXEMPLO Após ser aceito em uma Universidade ou curso profissionalizante, o estudante se deparar[a com posturas que podem diferir muito das que vivenciou nas escolas básicas. Outro aspecto a ser considerado é que podemos, ainda, encontrar professores com posturas tradicionais, arcaicas e dominadoras, que dificultam a troca de experiências com os estudantes, mantendo um distanciamento e não favorecendo a dialogicidade. Essa postura vai na contramão das novas tendências educacionais e das exigências do mercado de trabalho, que valoriza profissionais que saibam trabalhar em conjunto, como também tenham desenvolvido competências socioemocionais, as quais facilitam as relações interpessoais nas empresas. REFLITA Será que existe alguma escola que está preocupada se essas características são necessárias no mercado atual? Já a educação a distância (EAD) está sendo muito procurada por ser de fácil acesso, e permite que o estudante adeque seus horários de estudos às suas possibilidades diárias. É uma tendência que vem crescendo a passos largos. A educação Profissional e o Ensino Superior têm na educação a distância (EAD) uma forte aliada, pois possibilita a promoção de uma grande inclusão social, haja vista que dá a possibilidade de milhares de pessoas realizarem seus sonhos acadêmicos e profissionais. Trata-se de uma tendência que possivelmente irá abarcar cada vez mais os níveis e modalidades educacionais. Na figura 7, podemos encontrar características que devem ser consideradas na gerência da autonomia na construção de cursos profissionalizantes e superiores. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 Texto compilado Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. (Vide Decreto nº 3.860, de 2001) (Vide Lei nº 10.870, de 2004) (Vide Adin 3324-7, de 2005) (Vide Lei nº 12.061, de 2009) Regulamento O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TÍTULO I Da Educação Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. TÍTULO II Dos Princípios e Fins da Educação Nacional Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018) XIV - respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) TÍTULO III Do Direito à Educação e do Dever de Educar Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; II - universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Lei nº 12.061, de 2009) II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade; IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. IX – padrões mínimos de qualidade do ensino, definidos como a variedade e a quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem adequados à idade e às necessidades específicas de cada estudante, inclusive mediante a provisão de mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos apropriados; (Redação dada pela Lei nº 14.333, de 2022) X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade. (Incluído pela Lei nº 11.700, de 2008). XI – alfabetização plena e capacitação gradual para a leitura ao longo da educação básica como requisitos indispensáveis para a efetivação dos direitos e objetivos de aprendizagem e para o desenvolvimento dos indivíduos. (Incluído pela Lei nº 14.407, de 2022) XII - educação digital, com a garantia de conectividade de todas as instituições públicas de educação básica e superior à internet em alta velocidade, adequada para o uso pedagógico, com o desenvolvimento de competências voltadas ao letramento digital de jovense adultos, criação de conteúdos digitais, comunicação e colaboração, segurança e resolução de problemas. (Incluído pela Lei nº 14.533, de 2023) Parágrafo único. Para efeitos do disposto no inciso XII do caput deste artigo, as relações entre o ensino e a aprendizagem digital deverão prever técnicas, ferramentas e recursos digitais que fortaleçam os papéis de docência e aprendizagem do professor e do aluno e que criem espaços coletivos de mútuo desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 14.533, de 2023) Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, durante o período de internação, ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, conforme dispuser o Poder Público em regulamento, na esfera de sua competência federativa. (Incluído pela Lei nº 13.716, de 2018). Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo. Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União: § 1º O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso; I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a educação básica; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) II - fazer-lhes a chamada pública; III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola. § 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades constitucionais e legais. § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. § 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade. § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior. Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de idade, no ensino fundamental. Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental. (Redação dada pela Lei nº 11.114, de 2005) Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino; II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público; III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal. Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em instituição de ensino pública ou privada, de qualquer nível, é assegurado, no exercício da liberdade de consciência e de crença, o direito de, mediante prévio e motivado requerimento, ausentar-se de prova ou de aula marcada para dia em que, segundo os preceitos de sua religião, seja vedado o exercício de tais atividades, devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição e sem custos para o aluno, uma das seguintes prestações alternativas, nos termos do inciso VIII do caput do art. 5º da Constituição Federal: (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) (Vigência) I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser realizada em data alternativa, no turno de estudo do aluno ou em outro horário agendado com sua anuência expressa; (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) (Vigência) II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade de pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega definidos pela instituição de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) (Vigência) § 1º A prestação alternativa deverá observar os parâmetros curriculares e o plano de aula do dia da ausência do aluno. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) (Vigência) § 2º O cumprimento das formas de prestação alternativa de que trata este artigo substituirá a obrigação original para todos os efeitos, inclusive regularização do registro de frequência. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) (Vigência) § 3º As instituições de ensino implementarão progressivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências e adaptações necessárias à adequação de seu funcionamento às medidas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) (Vigência) (Vide parágrafo único do art. 2) § 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino militar a que se refere o art. 83 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) (Vigência) TÍTULO IV Da Organização da Educação Nacional Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. § 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei. Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento) I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos Territórios; III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva; IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos para identificação, cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino; IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituiçõesde educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. (Vide Lei nº 10.870, de 2004) § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei. § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso a todos os dados e informações necessários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais. § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de educação superior. Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino; II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio. VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.061, de 2009) VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual.do pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003) Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes aos Estados e aos Municípios. Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados; II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. (Incluídoela Lei nº 10.709, de 31.7.2003) Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica. Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009) VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinqüenta por cento do percentual permitido em lei. (Incluído pela Lei nº 10.287, de 2001) VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.803, de 2019) IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: (Regulamento) I - as instituições de ensino mantidas pela União; II - as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada; II - as instituições de educação superior mantidas pela iniciativa privada; (Redação dada pela Lei nº 13.868, de 2019) III - os órgãos federais de educação. Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal compreendem: I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; II - as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal; III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino. Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: I - as instituições do ensino fundamental, médio e de educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal; II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; III – os órgãos municipais de educação. Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas seguintes categorias administrativas: (Regulamento) (Regulamento) I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. III - comunitárias,na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 13.868, de 2019) § 1º As instituições de ensino a que se referem os incisos II e III do caput deste artigo podem qualificar-se como confessionais, atendidas a orientação confessional e a ideologia específicas. (Incluído pela Lei nº 13.868, de 2019) § 2º As instituições de ensino a que se referem os incisos II e III do caput deste artigo podem ser certificadas como filantrópicas, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 13.868, de 2019) Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias: (Regulamento) (Regulamento) (Revogado pela Lei nº 13.868, de 2019) I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; (Revogado pela Lei nº 13.868, de 2019) II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade; II – comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de pais, professores e alunos, que incluam em sua entidade mantenedora representantes da comunidade; (Redação dada pela Lei nº 11.183, de 2005) II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade; (Redação dada pela Lei nº 12.020, de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.868, de 2019) III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; (Revogado pela Lei nº 13.868, de 2019) IV - filantrópicas, na forma da lei. (Revogado pela Lei nº 13.868, de 2019) TÍTULO V Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino CAPÍTULO I Da Composição dos Níveis Escolares Art. 21. A educação escolar compõe-se de: I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II - educação superior. CAPÍTULO II DA EDUCAÇÃO BÁSICA Seção I Das Disposições Gerais Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar- lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Parágrafo único. São objetivos precípuos da educação básica a alfabetização plena e a formação de leitores, como requisitos essenciais para o cumprimento das finalidades constantes do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.407, de 2022) Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. § 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais. § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei. Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a seqüência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares; V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI - o controle de freqüência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. Parágrafo único. A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser progressivamente ampliada, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, observadas as normas do respectivo sistema de ensino e de acordo com as diretrizes, os objetivos, as metas e as estratégias de implementação estabelecidos no Plano Nacional de Educação. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 2o Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do art. 4o. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar relação adequada entre o número de alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento. Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições disponíveis e das características regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste artigo. Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cadasistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente da República Federativa do Brasil, observado, na educação infantil, o disposto no art. 31, no ensino fundamental, o disposto no art. 32, e no ensino médio, o disposto no art. 36. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (Redação dada pela Lei nº 12.287, de 2010) § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino fundamental, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. § 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. (Redação dada pela Lei nº 10.328, de 12.12.2001) § 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino fundamental, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) IV – amparado pelo Decreto-Lei n o 1.044, de 21 de outubro de 1969 ; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia. § 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição. § 5º No currículo do ensino fundamental, será ofertada a língua inglesa a partir do sexto ano. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.769, de 2008) § 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de 2016) § 7o Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012) § 7º A Base Nacional Comum Curricular disporá sobre os temas transversais que poderão ser incluídos nos currículos de que trata o caput. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016 § 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais.(Incluído pela Lei nº 13.006, de 2014) § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança, o adolescente e a mulher serão incluídos, como temas transversais, nos currículos de que trata o caput deste artigo, observadas as diretrizes da legislação correspondente e a produção e distribuição de material didático adequado a cada nível de ensino. (Redação dada pela Lei nº 14.164, de 2021) § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluída entre os temas transversais de que trata o caput. ( pela Lei nº 13.666, de 2018) § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação, ouvidos o Conselho Nacional de Secretários de Educação - Consed e a União Nacional de Dirigentes de Educação – Undime. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 11. (VETADO).(Incluído pela Lei nº 14.533, de 2023) Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-seobrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003) § 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003) § 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003) § 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003) Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; III - orientação para o trabalho; IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais. Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014) Seção II Da Educação Infantil Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 30. A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) Seção III Do Ensino Fundamental Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública a partir dos seis anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.114, de 2005) Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos. § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. § 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007). § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011). Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, de acordo comas preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter: I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa. Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. Seção IV Do Ensino Médio Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho esperados para o ensino médio, que serão referência nos processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação processual e formativa serão organizados nas redes de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos específicos, a serem definidos pelos sistemas de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou de atuação profissional: (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; I - linguagens; (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes II – matemática; (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) II - matemática e suas tecnologias;(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. III - ciências da natureza; (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.684, de 2008) IV - ciências humanas; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) V - formação técnica e profissional.(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: § 1º Ossistemas de ensino poderão compor os seus currículos com base em mais de uma área prevista nos incisos I a V do caput. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 1o A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências e habilidades será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; II - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. III – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.684, de 2008) § 2º O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008) § 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos. § 3º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências, habilidades e expectativas de aprendizagem, definidas na Base Nacional Comum Curricular, será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser composto itinerário formativo integrado, que se traduz na composição de componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos, considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 4º A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008) § 5º Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para a sua formação nos aspectos cognitivos e socioemocionais, conforme diretrizes definidas pelo Ministério da Educação. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 6º A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e duzentas horas da carga horária total do ensino médio, de acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem profissional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - a possibilidade de concessão de certificados intermediários de qualificação para o trabalho, quando a formação for estruturada e organizada em etapas com terminalidade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017). § 7º A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá estar integrada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 7º A oferta de formações experimentais relacionadas ao inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 8º Os currículos de ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada previamente pelo Conselho Estadual de Educação, homologada pelo Secretário Estadual de Educação e certificada pelos sistemas de ensino. Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 9º O ensino de língua portuguesa e matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 9º As instituições de ensino emitirão certificado com validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em outros cursos ou formações para os quais a conclusão do ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 10. Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino médio cursar, no ano letivo subsequente ao da conclusão, outro itinerário formativo de que trata o caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 11. A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação a que se refere o inciso V do caput considerará: (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 11. Para efeito de cumprimento das exigências curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão reconhecer competências e firmar convênios com instituições de educação a distância com notório reconhecimento, mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) I - a inclusão de experiência prática de trabalho no setor produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem profissional; e (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - a possibilidade de concessão de certificados intermediários de qualificação para o trabalho, quando a formação for estruturada e organizada em etapas com terminalidade. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) II - experiência de trabalho supervisionado ou outra experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) III - atividades de educação técnica oferecidas em outras instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocupacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 12. A oferta de formações experimentais em áreas que não constem do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos dependerá, para sua continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da data de oferta inicialda formação. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 13. Ao concluir o ensino médio, as instituições de ensino emitirão diploma com validade nacional que habilitará o diplomado ao prosseguimento dos estudos em nível superior e demais cursos ou formações para os quais a conclusão do ensino médio seja obrigatória. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 14. A União, em colaboração com os Estados e o Distrito Federal, estabelecerá os padrões de desempenho esperados para o ensino médio, que serão referência nos processos nacionais de avaliação, considerada a Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 15. Além das formas de organização previstas no art. 23, o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o sistema de créditos ou disciplinas com terminalidade específica, observada a Base Nacional Comum Curricular, a fim de estimular o prosseguimento dos estudos. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 16. Os conteúdos cursados durante o ensino médio poderão ser convalidados para aproveitamento de créditos no ensino superior, após normatização do Conselho Nacional de Educação e homologação pelo Ministro de Estado da Educação. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 17. Para efeito de cumprimento de exigências curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão reconhecer, mediante regulamentação própria, conhecimentos, saberes, habilidades e competências, mediante diferentes formas de comprovação, como: (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) I - demonstração prática; (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) II - experiência de trabalho supervisionado ou outra experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) III - atividades de educação técnica oferecidas em outras instituições de ensino; (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocupacionais; (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais ou estrangeiras; e (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) VI - educação a distância ou educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) Seção IV-A Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I - articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e subseqüente, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Seção V Da Educação de Jovens e Adultos Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018) § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames. CAPÍTULO III DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Da Educação Profissional e Tecnológica (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 39. A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) Parágrafo único. O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental,médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional. Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) § 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II – de educação profissional técnica de nível médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.= (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho. (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos. (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) Parágrafo único. Os diplomas de cursos de educação profissional de nível médio, quando registrados, terão validade nacional. Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 42. As escolas técnicas e profissionais, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade. (Regulamento) (Regulamento) Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) CAPÍTULO IV DA EDUCAÇÃO SUPERIOR Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015) Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: (Regulamento) I - cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino; I - cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou equivalente; (Redação dada pela Lei nº 11.632, de 2007). II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo; III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino; IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino. Parágrafo único. Os resultados do processo seletivo referido no inciso II do caput deste artigo serão tornados públicos pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem de classificação, bem como do cronograma das chamadas para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das vagas constantes do respectivo edital. (Incluído pela Lei nº 11.331, de 2006) § 1º. Os resultados do processo seletivo referido no inciso II do caput deste artigo serão tornados públicos pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem de classificação, bem como do cronograma das chamadas para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das vagas constantes do respectivo edital. (Incluído pela Lei nº 11.331, de 2006) (Renumerado do parágrafo único para § 1º pela Lei nº 13.184, de 2015) § 1º O resultado do processo seletivo referido no inciso II do caput deste artigo será tornado público pela instituição de ensino superior, sendo obrigatórios a divulgação da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem de classificação e o cronograma das chamadas para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das vagas constantes do edital, assegurado o direito do candidato, classificado ou não, a ter acesso a suas notas ou indicadores de desempenho em provas, exames e demais atividades da seleção e a sua posição na ordem de classificação de todos os candidatos. (Redação dada pela Lei nº 13.826, de 2019) § 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais de um candidato preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei nº 13.184, de 2015) § 3º O processo seletivo referido no inciso II do caput considerará exclusivamente as competências, as habilidades e as expectativasde aprendizagem das áreas de conhecimento definidas na Base Nacional Comum Curricular, observado o disposto nos incisos I a IV do caput do art. 36. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) § 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará as competências e as habilidades definidas na Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização. (Regulamento) (Regulamento) Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo regular de avaliação. (Regulamento) (Regulamento) (Vide Lei nº 10.870, de 2004) § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento. (Regulamento) (Regulamento) (Vide Lei nº 10.870, de 2004) § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por sua manutenção acompanhará o processo de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, para a superação das deficiências. § 3o No caso de instituição privada, além das sanções previstas no § 1o, o processo de reavaliação poderá resultar também em redução de vagas autorizadas, suspensão temporária de novos ingressos e de oferta de cursos. (Incluído pela Medida Provisória nº 785, de 2017) § 4o É facultado ao Ministério da Educação, mediante procedimento específico e com a aquiescência da instituição de ensino, com vistas a resguardar o interesse dos estudantes, comutar as penalidades previstas nos § 1o e § 3o em outras medidas, desde que adequadas para a superação das deficiências e irregularidades constatadas. (Incluído pela Medida Provisória nº 785, de 2017) § 3º No caso de instituição privada, além das sanções previstas no § 1o deste artigo, o processo de reavaliação poderá resultar em redução de vagas autorizadas e em suspensão temporária de novos ingressos e de oferta de cursos. (Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017) § 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante procedimento específico e com aquiescência da instituição de ensino, com vistas a resguardar os interesses dos estudantes, comutar as penalidades previstas nos §§ 1º e 3º deste artigo por outras medidas, desde que adequadas para superação das deficiências e irregularidades constatadas. (Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017) § 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Federal deverão adotar os critérios definidos pela União para autorização de funcionamento de curso de graduação em Medicina. (Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017) Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver. § 1º As instituições informarão aos interessados, antes de cada período letivo, os programas dos cursos e demais componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições. § 1o As instituições informarão aos interessados, antes de cada período letivo, os programas dos cursos e demais componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições, e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras formas concomitantemente: (Redação dada pela lei nº 13.168, de 2015) I - em página específica na internet no sítio eletrônico oficial da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) b) a página principal da instituição de ensino superior, bem como a página da oferta de seus cursos aos ingressantes sob a forma de vestibulares, processo seletivo e outras com a mesma finalidade, deve conter a ligação desta com a página específica prevista neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio eletrônico, deve criar página específica para divulgação das informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) d) a página específica deve conter a data completa de sua última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino superior, por meio de ligação para a página referida no inciso I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) III - em local visível da instituição de ensino superior e de fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido, observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) a) caso o curso mantenha disciplinas com duração diferenciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo docente até o início das aulas, os alunos devem ser comunicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará naquele curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualificação profissional do docente e o tempo de casa do docente, de forma total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. § 3º É obrigatória a freqüência de alunos e professores, salvo nos programas de educação a distância. § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, garantida a necessária previsão orçamentária. Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular. § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições não-universitárias serão registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação. § 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação. § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidadesque possuam cursos de pós- graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior. Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo. Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na forma da lei. (Regulamento) Art. 50. As instituições de educação superior, quando da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo prévio. Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio, articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de ensino. Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por: (Regulamento) (Regulamento) I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional; II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral. Parágrafo único. É facultada a criação de universidades especializadas por campo do saber. (Regulamento) (Regulamento) Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições: I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino; a (Regulamento) II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes; III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção artística e atividades de extensão; IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu meio; V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes; VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; VII - firmar contratos, acordos e convênios; VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, bem como administrar rendimentos conforme dispositivos institucionais; IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos estatutos; X - receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira resultante de convênios com entidades públicas e privadas. Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre: I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; II - ampliação e diminuição de vagas; III - elaboração da programação dos cursos; IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão; V - contratação e dispensa de professores; VI - planos de carreira docente. § 1º Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) III - elaboração da programação dos cursos; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) V - contratação e dispensa de professores; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) § 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser dirigidas a setores ou projetos específicos, conforme acordo entre doadores e universidades. (Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017) § 3º No caso das universidades públicas, os recursos das doações devem ser dirigidos ao caixa único da instituição, com destinação garantida às unidades a serem beneficiadas. (Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017) Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. (Regulamento) (Regulamento) § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas poderão: I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos disponíveis; II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas gerais concernentes; III - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo Poder mantenedor; IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de organização e funcionamento; VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do Poder competente, para aquisição de bens imóveis, instalações e equipamentos; VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho. § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a instituições que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder Público. Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas. Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade institucional, local e regional. Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha de dirigentes. Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas. (Regulamento) CAPÍTULO V DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicasdos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. § 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018) Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação matriculados na educação básica e na educação superior, a fim de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com altas habilidades ou superdotação, os critérios e procedimentos para inclusão no cadastro referido no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os mecanismos de acesso aos dados do cadastro e as políticas de desenvolvimento das potencialidades do alunado de que trata o caput serão definidos em regulamento. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (Regulamento) Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) CAPÍTULO V-A (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE SURDOS Art. 60-A. Entende-se por educação bilíngue de surdos, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras), como primeira língua, e em português escrito, como segunda língua, em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns ou em polos de educação bilíngue de surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas, optantes pela modalidade de educação bilíngue de surdos. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio educacional especializado, como o atendimento educacional especializado bilíngue, para atender às especificidades linguísticas dos estudantes surdos. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) § 2º A oferta de educação bilíngue de surdos terá início ao zero ano, na educação infantil, e se estenderá ao longo da vida. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) § 3º O disposto no caput deste artigo será efetivado sem prejuízo das prerrogativas de matrícula em escolas e classes regulares, de acordo com o que decidir o estudante ou, no que couber, seus pais ou responsáveis, e das garantias previstas na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que incluem, para os surdos oralizados, o acesso a tecnologias assistivas. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) Art. 60-B. Além do disposto no art. 59 desta Lei, os sistemas de ensino assegurarão aos educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas materiais didáticos e professores bilíngues com formação e especialização adequadas, em nível superior. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) Parágrafo único. Nos processos de contratação e de avaliação periódica dos professores a que se refere o caput deste artigo serão ouvidas as entidades representativas das pessoas surdas. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) TÍTULO VI Dos Profissionais da Educação Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: (Regulamento) Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009) I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009) II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009) III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação para atender o disposto no inciso V do caput do art. 36. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por titulação específica ou prática de ensino em unidades educacionais da rede pública ou privada ou das corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)V - profissionais graduados que tenham feito complementação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos: (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (Regulamento) Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de 2017) § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009). § 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009). § 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009). § 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de docentes em nível superior para atuar na educação básica pública. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a formação de profissionais do magistério para atuar na educação básica pública mediante programa institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação superior. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) § 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação - CNE. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) § 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) (Vide Medida Provisória nº 746, de 2016) § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei nº 13.415, de 2017) Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo habilitações tecnológicas. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de educação básica a cursos superiores de pedagogia e licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) § 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput deste artigo os professores das redes públicas municipais, estaduais e federal que ingressaram por concurso público, tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) § 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta de cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios adicionais de seleção sempre que acorrerem aos certames interessados em número superior ao de vagas disponíveis para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) § 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem definidos em regulamento pelas universidades, terão prioridade de ingresso os professores que optarem por cursos de licenciatura em matemática, física, química, biologia e língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: (Regulamento) I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas. Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós- graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico. Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI - condições adequadas de trabalho. § 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. (Renumerado pelaLei nº 11.301, de 2006) § 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8 o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.301, de 2006) § 3º A União prestará assistência técnica aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos públicos para provimento de cargos dos profissionais da educação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) TÍTULO VII Dos Recursos financeiros Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os originários de: I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - receita de transferências constitucionais e outras transferências; III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; IV - receita de incentivos fiscais; V - outros recursos previstos em lei. Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público. (Vide Medida Provisória nº 773, de 2017) (Vigência encerrada) § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não será considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos mencionadas neste artigo as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária de impostos. § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação. § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a cada trimestre do exercício financeiro. § 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação, observados os seguintes prazos: I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada mês, até o vigésimo dia; II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até o trigésimo dia; III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês, até o décimo dia do mês subseqüente. § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção monetária e à responsabilização civil e criminal das autoridades competentes. Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a: I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação; II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino; III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar. Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural; III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV - programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social; V - obras de infra-estrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino. Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal. Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e na legislação concernente. Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de oportunidades educacionais para o ensino fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade. Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o ano subseqüente, considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino. § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e a medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito Federal ou do Município em favor da manutenção e do desenvolvimento do ensino. § 2º A capacidade de atendimento de cada governo será definida pela razão entre os recursos de uso constitucionalmente obrigatório na manutenção e desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão mínimo de qualidade. § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos que efetivamente freqüentam a escola. § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade de atendimento. Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais. Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas que: I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;II - apliquem seus excedentes financeiros em educação; III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades; IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos. § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede local. § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive mediante bolsas de estudo. TÍTULO VIII Das Disposições Gerais Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilingüe e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos: I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências; II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias. Art. 78-A. Os sistemas de ensino, em regime de colaboração, desenvolverão programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos estudantes surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas, com os seguintes objetivos: (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) I - proporcionar aos surdos a recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas identidades e especificidades e a valorização de sua língua e cultura; (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) II - garantir aos surdos o acesso às informações e conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades surdas e não surdas. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa. § 1º Os programas serão planejados com audiência das comunidades indígenas. § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos: I - fortalecer as práticas sócio-culturais e a língua materna de cada comunidade indígena; II - manter programas de formação de pessoal especializado, destinado à educação escolar nas comunidades indígenas; III - desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades; IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático específico e diferenciado. § 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo de outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. (Incluído pela Lei nº 12.416, de 2011) Art. 79-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003) Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003) Art. 79-C. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação bilíngue e intercultural às comunidades surdas, com desenvolvimento de programas integrados de ensino e pesquisa. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) § 1º Os programas serão planejados com participação das comunidades surdas, de instituições de ensino superior e de entidades representativas das pessoas surdas. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos no Plano Nacional de Educação, terão os seguintes objetivos: (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) I - fortalecer as práticas socioculturais dos surdos e a Língua Brasileira de Sinais; (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) II - manter programas de formação de pessoal especializado, destinados à educação bilíngue escolar dos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas; (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) III - desenvolver currículos, métodos, formação e programas específicos, neles incluídos os conteúdos culturais correspondentes aos surdos; (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático bilíngue, específico e diferenciado. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) § 3º Na educação superior, sem prejuízo de outras ações, o atendimento aos estudantes surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas efetivar-se-á mediante a oferta de ensino bilíngue e de assistência estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. (Regulamento) (Regulamento) § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. (Regulamento) § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público; (Redação dada pela Lei nº 12.603, de 2012) II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições de ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições desta Lei. Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas para realização dos estágios dos alunos regularmente matriculados no ensino médio ou superior em sua jurisdição. Parágrafo único. O estágio realizado nas condições deste artigo não estabelecem vínculo empregatício, podendo o estagiário receber bolsa de estágio, estar segurado contra acidentes e ter a cobertura previdenciária prevista na legislação específica. Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008) Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008) Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelossistemas de ensino. Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano de estudos. Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação própria poderá exigir a abertura de concurso público de provas e títulos para cargo de docente de instituição pública de ensino que estiver sendo ocupado por professor não concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Art. 86. As instituições de educação superior constituídas como universidades integrar-se-ão, também, na sua condição de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, nos termos da legislação específica. TÍTULO IX Das Disposições Transitórias Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei. § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos. § 2º O Poder Público deverá recensear os educandos no ensino fundamental, com especial atenção para os grupos de sete a quatorze e de quinze a dezesseis anos de idade. § 2o O poder público deverá recensear os educandos no ensino fundamental, com especial atenção para o grupo de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos de idade e de 15 (quinze) a 16 (dezesseis) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) § 2º (Revogado). (Redação dada pela lei nº 12.796, de 2013) § 3º Cada Município e, supletivamente, o Estado e a União, deverá: I - matricular todos os educandos a partir dos sete anos de idade e, facultativamente, a partir dos seis anos, no ensino fundamental; I – matricular todos os educandos a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental, atendidas as seguintes condições no âmbito de cada sistema de ensino: (Redação dada pela Lei nº 11.114, de 2005) a) plena observância das condições de oferta fixadas por esta Lei, no caso de todas as redes escolares; (Incluída pela Lei nº 11.114, de 2005) b) atingimento de taxa líquida de escolarização de pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) da faixa etária de sete a catorze anos, no caso das redes escolares públicas; (Incluída pela Lei nº 11.114, de 2005) c) não redução média de recursos por aluno do ensino fundamental na respectiva rede pública, resultante da incorporação dos alunos de seis anos de idade; (Incluída pela Lei nº 11.114, de 2005) § 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, supletivamente, a União, devem: (Redação dada pela Lei nº 11.330, de 2006) I – matricular todos os educandos a partir dos 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental; (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) I - (revogado); (Redação dada pela lei nº 12.796, de 2013) a) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) b) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) c) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos insuficientemente escolarizados; III - realizar programas de capacitação para todos os professores em exercício, utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância; IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino fundamental do seu território ao sistema nacional de avaliação do rendimento escolar. § 4º Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço. (Revogado pela lei nº 12.796, de 2013) § 4º (Revogado). (Redação dada pela lei nº 12.796, de 2013) § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de tempo integral. § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art. 212 da Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes pelos governos beneficiados. Art. 87-A. (VETADO). (Incluído pela lei nº 12.796, de 2013) Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir da data de sua publicação. (Regulamento) (Regulamento) § 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes estabelecidos. § 2º O prazo para que as universidades cumpram o disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos. Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino. Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo Conselho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste, pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a autonomia universitária. Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer outras disposições em contrário. Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência e 108º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 23.12.1996. FAGUNDES, Gustavo. Educação Superior Comentada | A ampliação das finalidades da educação superior. Ano 3 • Nº 38 • 04 de novembro de 2015. Disponível em: https://abmes.org.br/colunas/detalhe/1437/educacao-superior-comentada-a-ampliacao- das-finalidades-da-. Acesso em: 12 de fevereiro de 2023. Nesta semana, o consultor jurídico da ABMES, Gustavo Fagundes, aborda a ampliação das finalidades da educação superior A AMPLIAÇÃO DAS FINALIDADES DA EDUCAÇÃO SUPERIOR Tem se mostrado uma crença típica de nossa cultura positivista o entendimento de que os eventuais problemas sociais e culturais podem ser resolvidos com a açodada criação de normas legais. Também tem sido prática recorrente do Estado transferir para os ombros da iniciativa privada encargos que sua incompetência não permite executar de forma satisfatória, sendo exemplos claros disso a formatação imposta pelo Programa Mais Médicos para os cursos de Medicina e a ampliação das exigências de atendimento aos portadores de necessidades educacionais especiais pelas instituições privadas, sempre em evidente substituição à histórica incapacidade do poder público nacional de atendimento dessas relevantes demandas. O exemplo mais recente desta política de transferência de obrigações, combinada com a crença de que leis formais resolvem problemas sociais e culturais, foi a edição da Lei n° 13.174/2015, acrescentando ao texto do artigo 43 da LDB uma nova finalidade para a educação superior. Com efeito, a recente norma legal acresce o seguinte inciso VIII ao artigo 43 da LDB, no qual estão elencadas as finalidades da educação superior: “Art. 43. A educação superior tem por finalidade: ..... VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimentode atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares.” O dispositivo legal recém-aprovado pretende, portanto, impor às instituições de educação superior a obrigação de “atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica”, estabelecendo que esta obrigação deva ser desempenhada através da “formação e capacitação de profissionais e realização de pesquisas pedagógicas”, bem como pelo “desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares”. Vale dizer: pouco importam a missão e os objetivos das instituições de ensino superior, pois deverão, doravante, por força de mais um ato atentatório à sua autonomia didático-científica, desempenhar atividade inerente à atuação do poder público na esfera da educação básica. Com efeito, cumpre registrar que a oferta adequada de educação básica, compreendendo a educação infantil e os ensinos fundamental e médio, é atribuição legal dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos cristalinos dos artigos 10 e 11 da LDB: “Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: ..... II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; ..... VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;”. “Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados; ..... V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.” Claramente delineadas, portanto, as competências e responsabilidades pela oferta, com garantia de qualidade, dos diversos níveis educacionais que integram a educação básica, entre as quais se incluem, decerto, seu aprimoramento e universalização, com a adoção dos meios necessários. É certo, contudo, que as instituições de ensino superior podem colaborar no processo de aprimoramento da educação básica, desde, é claro, que respeitadas as prerrogativas constitucionais de autonomia didático-científica. Ou seja, as IES, se assim previsto como parte de sua missão e de seus objetivos, podem e, neste caso, devem, colaborar de forma ativa em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica. Por outro lado, esse tipo de atuação, por mais relevante que venha a ser, não lhes deve ser imposto em confronto com o princípio constitucional da autonomia didático- científica, ou seja, não havendo previsão para este tipo de atuação em seus documentos institucionais, não nos parece legítima a sua imposição pela recente alteração da LDB, por motivos óbvios. Registrada essa premissa fulcral, podemos tentar vislumbrar como a “nova” finalidade da educação superior poderia ser trazida para a realidade das instituições. Naturalmente, as instituições que oferecem cursos de licenciatura, possuem a vocação e, até pela obrigação de atendimento das diretrizes curriculares nacionais vigentes, a finalidade inequívoca de atuar em prol da universalização e aprimoramento de todos os níveis da educação básica. Com efeito, a “formação e capacitação de profissionais e realização de pesquisas pedagógicas”, assim como o “desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares” são, ou pelo menos deveriam ser, atividades inerentes à oferta adequada dos cursos de licenciatura, sendo, por este prisma, absolutamente despicienda a alteração trazida no artigo 43 da LDB pela Lei n° 13.174/2015. As instituições que não ofertam cursos de licenciatura, por seu turno, também poderiam desenvolver programas e ações neste sentido, sem o foco de formação de pessoal docente, mas atendendo à necessidade de qualificação dos gestores educacionais e articulando, por exemplo, as ações ligadas à educação ambiental à melhoria das condições de oferta da educação básica em todos seus níveis e modalidades. De qualquer modo, entendo que, inquestionavelmente, teria sido muito mais produtivo destinar os recursos vultosos que movimentaram a máquina legislativa para aprovação da referida lei à realização de um projeto consistente de rediscussão e revisão da forma como é conduzida e regulamentada a oferta dos cursos de licenciatura no País. Mas, aparentemente, debates sérios e produtivos sobre questões ligadas à melhoria efetiva da educação não parecem estar na pauta da “Pátria Educadora”. Enquanto isso, vamos, passivamente, aceitando a descabida transferência de encargos constitucionais e legais do poder público para os ombros da iniciativa privada, observando o aumento da já excessiva carga tributária, acompanhado pela imposição do cumprimento de obrigações típicas dos gestores públicos. Ensino, aprendizagem e avaliação Ao término deste tópico você será capaz de refletir com clareza sobre os principais aspectos que implicam na construção de uma relação efetiva e significativa entre o ensino, a aprendizagem e a avaliação. Então? Motivado(a) para desenvolver esta competência? Vamos lá! Reflexões sobre ensino e aprendizagem Vivemos em um mundo globalizado e informatizado, onde a informação circula de uma forma muito rápida, por meio da inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Nesse sentido, o avanço tecnológico, no qual estamos imersos, criou um mundo acelerado. Na educação, verifica-se que as crianças têm entrado cada vez mais cedo nas escolas. Algumas estão ali para, de fato, se desenvolverem rapidamente, sendo essa uma decisão dos pais; já outras estão porque os pais necessitam trabalhar e a escola acaba sendo uma opção mais imediata para “cuidar” do filho. Além desses casos, há ainda o interesse de se apropriar dos benefícios ofertados pelas políticas públicas do governo, as quais utilizam como um dos critérios a matrícula e a permanência do filho na escola. A partir deste contexto, obviamente, temos uma mudança no ensino ou na prática de ensinar, como muitos teóricos preferem dizer. A prática em sala de aula a partir de uma realidade tecnológica e com um público tão heterogêneo e com objetivos tão distintos, traz a necessidade de realinhar conteúdos didáticos e abordagens de ensino e os desafios que borbulham de tal forma que chegamos a questionar: “Qual escola que queremos? O que queremos ensinar a estas novas gerações?”. Para Paulo Freire “ensinar exige apreensão da realidade”. Para ele, o professor possui a necessidade incluir em sua prática ou em sua experiência educativa a natureza das coisas, ou seja, temos que apreender o que de fato está acontecendo no contexto que estamos inseridos e com as relações constituídas ali. O(A) professor(a) que está lecionando para um grupo de crianças na primeira infância precisa compreender os processos e características da passagem entre a esfera da heteronomia para a autonomia. Se ele(a) atua em uma escola inserida em uma comunidade periférica da cidade deve apreender os elos, os afastamentos, as dificuldades, o que socialmente impede ou possibilita o discente de aprender. O ensino exige aventurar-se pelos caminhos tortuosos, mas ao mesmotempo desafiadores, de reflexão sobre a prática. Neste processo de ensino, o que podemos ou devemos considerar enquanto prática? Para Zabala “a estrutura da prática obedece a múltiplos determinantes, tem sua justificação em parâmetros institucionais, organizativos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios, condições físicas existentes etc.” (ZABALA, 1988, p. 23). Nesta perspectiva, podemos considerar o ensino a partir do planejamento e da avaliação, com base em documentos curriculares e expectativas de aprendizagens, que de fato contribuem, para que a engrenagem de toda a sala de aula funcione e proporcione algumas crenças docentes com relação aos elementos pedagógicos. O ato de ensinar, ou seja, a prática de ensinar e a profissionalidade do docente, antes de se guiar simplesmente pelos saberes científicos, deve assentar-se sobre o bom julgamento ilustrado pelo saber socioafetivo e apoiar-se num senso crítico e ético. É de extrema importância ressaltar que para que uma aprendizagem aconteça, ela deve ser significativa e produtiva, o que de fato deve ser enxergado como um rol de significados, relacionando-se às experiências anteriores e vivências pessoais dos alunos, proporcionando a formulação de problemas de algum modo desafiadores que incentivem o aprender mais, a criação de diferentes tipos de relações entre os fatos vivenciados pelos alunos(as), objetos de aprendizagem, acontecimentos, noções e conceitos, desencadeamentos, modificações de comportamentos, contribuindo, assim, para a utilização do que é aprendido em diferentes situações. Nessa perspectiva, o ensino não é uma mecanização de habilidades. Paulo Freire nos trouxe contribuições a respeito dessas questões em seus escritos, acreditando que só há aprendizagem quando houver participação consciente da criança, como sujeito do processo. Se acreditarmos realmente nisso iremos caminhar para um processo de autoavaliação. Os instrumentos de avaliação que conhecemos são importantes e necessários, porém precisamos repensá-los e realinhá-los ao modelo de escola atual, no que se refere às suas funções. A prova, por exemplo, é, sim, algo importante, mas ela avalia apenas alguns aspectos sobre aprender um conteúdo em específico. Em suma, a prova não sinaliza resultados de outros elementos que necessitam ser observados na formação do aluno. Com a realização da prova podemos entender que o mais importante não é a quantidade que o aluno demonstra saber, mas a qualidade daquilo que ele está sabendo e por meio da autoavaliação poderá conscientizar-se de que é o seu principal agente avaliador. Necessitamos proporcionar estes momentos durante todo o processo de aprendizagem para que esta tenha um caráter significativo real a cada aluno. Precisamos entender que nada é mais motivador do que se sentir capaz e envolvido com o objeto a ser aprendido. Sendo assim, quando a aprendizagem é significativa e a avaliação uma atividade formativa, ela estará sempre como uma amiga da excelência do desempenho. Acredita-se que é hora de parar de questionar as mesmas coisas relacionadas à avaliação e partir para colocar em prática nossas reflexões, análises e objetivos buscando uma escola mais dialógica e inclusiva. A escola tem sido vista como um espaço de realização, tanto dos objetivos do sistema de ensino quanto dos objetivos de aprendizagem. Com efeito, a escola tem uma tarefa muito clara que é a transmissão e construção de cultura, ciência, arte etc., preparando os estudantes para o trabalho, para o exercício da cidadania, para a vida cultural, para a vida moral. Práticas Docentes: tradicional, tecnicista, escolanovista e sociocultural De acordo com Romanowski (2007), a prática docente é caracterizada como: tradicional, tecnicista, escolanovista e sociocultural. A prática tradicional tem como objetivo a transmissão do conhecimento, o qual deve ser assimilado pelos alunos à base desse enfoque que está na seleção dos conteúdos. Desse modo, o educador privilegia a aula expositiva tornando, assim, o aluno um memorizador dos conteúdos. Quanto à avaliação, pode-se dizer que é rigorosa e centrada na reprodução dos conteúdos, sempre privilegiando a reprodução de informações, com base no método tradicional em que o professor é autoritário e se considera o detentor de todo o saber. Na prática tecnicista o professor passa a ser instrumental, pois nessa tendência ocorre a valorização da técnica aplicada ao ensino. A ação instrumental do professor exige o domínio da disciplina ensinada, o conhecimento de técnicas para direcionar as atividades didáticas e os procedimentos de diagnóstico, assim como a solução de problemas de aprendizagem. Esse enfoque objetiva, portanto, enfatizar o desenvolvimento de competências e atitudes para formar o profissional a atuar no mercado de trabalho. A Escola Nova tem como objetivo a promoção da aprendizagem dos alunos. Nela, o professor é visto como mediador para promover essa aprendizagem, sendo visto também como um facilitador, um artista que deve empregar sua sabedoria, experiência e criatividade para agir na promoção das condições do desenvolvimento para a aprendizagem dos seus alunos que passam a ser o centro do processo escolar. A valorização acontece na prática docente, pois o próprio professor é considerado um aprendiz. O enfoque sociocultural considera a prática docente como uma reflexão para reconstrução ou transformação social. A principal meta é contribuir para a mudança da sociedade. Inclui como princípios da atividade do professor o respeito ao caráter ético da atividade de ensino, assim como a importância dos valores que regem a intencionalidade educativa apresentada durante todo o processo. Nesse sentido, a educação escolar consiste em promover mudanças qualitativas no desenvolvimento e na aprendizagem. A aprendizagem escolar, como se sabe, tem suas especificidades e, por isso, requer determinadas condições e exigências tanto dos alunos quanto dos professores e da própria escola, sob o risco de comprometer o que a escola se propõe a fazer. Se acreditarmos que o objetivo mais democrático da escola é prover a todos uma sólida aprendizagem e os meios cognitivos e instrumentais para compreender a realidade e atuar nela de modo crítico e criativo, é preciso saber que condições sociais, físicas, cognitivas, afetivas, psicológicas e pedagógicas são necessárias para isso. Reflexões sobre Avaliação Nos últimos tempos, diversos teóricos pesquisaram a questão da avaliação. No Brasil, é possível destacar: Hoffman (1991), Luckesi (1992, 1994), Romão (1998) e Romero (2000) dentre outros. Em outros países, autores como Katz (2000), Lunt (1994) e Perrenoud (1998), também pesquisaram muito sobre o tema. De modo geral, o principal norteador da pesquisa é a busca de uma avaliação mais coerente dentro do processo de ensino e aprendizagem. Esses autores, citados acima, têm questionado a finalidade dos tipos mais normativos de avaliação, evidenciando que sua função é a de, hierarquicamente, incluir alguns alunos à medida que exclui outros – dividindo crianças por sua origem sociocultural. A avaliação sempre se fez presente nos meios escolares e, ao longo da história, tem sido usada de diferentes formas, com diferentes objetivos, metodologias. Na Antiguidade não havia processos de avaliação institucionalizados. O discípulo acompanhava o mestre, o saber transmitia-se sob forma de diálogo e interrogação. Esta abordagem supõe o sujeito como lugar de construção do saber, o que levou, por um lado, a centrar o ensino nele; mas também considerar de certa maneira, o saber como se fosse algo previamente inscrito no sujeito (CHARDENET, 2007 p. 147). Nessa perspectiva, refletir sobre o conceito e sentido prático da avaliação no contexto escolar significaconsiderarmos como tomada de decisões dirigidas a melhora o desempenho em sala de aula, ou seja, o processo de ensino e a aprendizagem dos alunos. Sendo assim, estudar quais são os caminhos para atrelar a avaliação ao desempenho implica, intrinsecamente, estudar as funções das avaliações, as quais são seus reais e sólidos objetivos em sala de aula. O teórico Luckesi (2005) considera que o papel da avaliação é diagnosticar a situação da aprendizagem, proporcionando uma melhor tomada de decisão para um melhor caminho na prática educativa, com vistas à melhoria da qualidade do desempenho do educando. Por este viés, a avaliação é um processo dinâmico, pois permite a constante busca de meios pelos quais todos os educandos possam aprender. Sendo assim, a avaliação passa a ser mais inclusiva e democrática. Luckesi considera a realidade a serviço da obtenção do melhor resultado possível em sala de aula e, a partir disso, podemos até fazer uma comparação com os dizeres de Paulo Freire utilizados na abertura deste capítulo ao afirmar que “ensinar exige apreensão da realidade”. Para o autor, seja satisfatória ou insatisfatória; agradável ou desagradável, considerar a realidade é o ponto de partida para qualquer prática de avaliação. Vamos tomar como exemplo uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental, que na Avaliação Bimestral de Inglês não conseguiu atingir as habilidades dispostas no currículo da disciplina, em um instrumento avaliativo específico como uma prova bimestral. O olhar do professor para os resultados é de apreensão da realidade e de reflexão sobre quais foram os caminhos percorridos para construção da aprendizagem. Assim, compreende-se a avaliação da aprendizagem escolar como um ato amoroso, “O ato amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é)” (LUCKESI, 2005), é um estado psicológico oposto ao estado de exclusão. Para Hoffmann (1993) a avaliação é uma reflexão permanente sobre a realidade, e acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua trajetória de construção de conhecimento. Por esta perspectiva, podemos considerar o professor como um avaliador que não se assusta com a realidade ali disposta, mas que utiliza os resultados para observar esta realidade ainda melhor. Assim, a partir de artefatos pedagógicos e de reflexões sobre a prática em sala de aula, ele busca conhecer, verdadeiramente, esta realidade e a partir dele produzir um planejamento estratégico que proporcione a superação de limites e a ampliação das possibilidades didáticas com vistas à garantia da aprendizagem. É relevante considerar que para muitos teóricos o que ocorre nas escolas são exames, em vez de avaliação, pois não é valorizado o processo em si de análise dos resultados, e sim a verificação, a partir de exames e noções classificatórias, do desempenho dos alunos, com o objetivo da reprovação e da aprovação, o que leva os alunos a um sentimento de frustração e descontentamento, que em nada contribuem para a melhoria e desenvolvimento das competências e habilidades necessárias para o exercício em cidadania. Além disso, há, ainda, um tipo de mentalidade comum por parte de muitos alunos em relação ao cumprimento de tais metas, os quais acabam mais preocupados com o fantasma da reprovação do que com a aquisição de conhecimentos. Infelizmente, a avaliação como classificatória e autoritária ainda é exercida na maioria das escolas e valorizada em muitos métodos de ensino. A concepção mais assertiva com relação à avaliação é a via de mão dupla entre diagnosticar e intervir. A avaliação a partir desta perspectiva, partindo de um olhar diagnóstico, serve de base para tomadas de decisão no sentido de construir conhecimentos, habilidades e hábitos que possibilitem o desenvolvimento. Nesse sentido, os erros são analisados de maneira mais positiva, sendo os indicadores do processo de aprendizagem, dando informações sobre o que foi ou não apreendido. Os erros dos alunos passam a ter um valor construtivo e devem ser utilizados como o recurso de observação, de diálogo, de correção, de aperfeiçoamento e construção do conhecimento. O processo de avaliar é a partir de uma mediação contínua a qual se destina a acompanhar, entender e proporcionar a contínua progressão do aluno em todas as etapas. Hoffman (1993) afirma que existem os ajustes aos percursos individuais de aprendizagem que se dão no coletivo e, portanto, em múltiplas e diferenciadas direções que a partir de um acompanhamento contínuo do professor em relação ao desempenho, desenvolvimento e apropriação do conhecimento do aluno, em uma ação conjunta no qual se mostra e possibilitam o progresso na aprendizagem. Vasconcellos (2013, p. 142) afirma que “ensinar é preciso. Classificar não é preciso”. O autor compreende que muito mais que uma visão classificatória da avaliação, o objetivo concreto da avaliação deve ser sempre de direcionar novos rumos na resolução de situações problemas. Não existem, portanto, etapas a serem cumpridas e estanques, trata-se de um processo contínuo de trabalho pedagógico em sala de aula com foco em novos conhecimentos. Entretanto, o viés tradicional da avaliação classificatória está presente ainda nas escolas por estar relacionada à experiência do professor enquanto aluno. Ao longo da história da educação o professor foi visto como o elemento central do processo educativo e no ato de avaliar ele é visto como o responsável por atribuir conceitos e notas. A partir desta perspectiva, a postura do professor é autoritária e punitiva, sendo o professor visto como o “senhor da verdade”. O objetivo é bem claro, é o estabelecimento de uma classificação do aluno para fins de aprovação ou reprovação, considerando uma abordagem em que a aprendizagem tem um prazo determinado, ou seja, na hora, no momento exato de aplicação do instrumento (prova, atividade, questionário etc.). Hoffmann (1993) afirma que há em muitas normas e procedimentos curriculares que trazem padrões de avaliação que visam a classificação e faltam também subsídios teóricos e metodológicos que lhe deem segurança para mudar a prática avaliativa e, assim, contribuir para que o desempenho do aluno seja analisado, observado e aprimorado de uma forma mais justa e democrática. A concepção mais moderna da avaliação, que considera o diagnóstico e a intervenção, ao longo do processo é complexa, pois requer competência pedagógica. Faz-se necessário, portanto, que os professores possuam formação (inicial e continuada) que os permitam desenvolver práticas mediadoras. Podemos considerar que esta concepção de avaliação traz o conceito de investigação enquanto proposta para trabalhar contra as situações excludentes que envolvem o desempenho e aprimoramento da aprendizagem, pois busca constantemente este processo dinâmico e dialógico entre avaliar e aprimorar o que se aprende, o que ainda falta aprender e em qual nível o educando se encontra. Nesse sentido, não podemos mais continuar apáticos diante de uma avaliação que tem colaborado para o fracasso escolar. Não podemos ficar esperando por mudanças que saiam dos gabinetes de nossos governantes, pois legislações por si só não são capazes de mudar a prática do educador. É preciso muito mais do que isso. É necessária uma reflexão profunda de cada professor, que deve estar de fato imbuído em buscar novas formas de ensinar e de avaliar a aprendizagem e, por conseguinte, o seu trabalho. A prática avaliativa não irá mudar em nossas escolas em decorrência apenas de leis, resoluções, decretos e/ou regimentos escolares, mas a partir do compromisso dos educadores com a realidade social que enfrentamos. Por isso, questionar os procedimentos avaliativos seletivos e excludentes de nossas escolas é uma das etapas desse compromisso. (LUCKESI, 2003, p. 36). REFLITA Diante da realidade pouco otimistade avaliação da aprendizagem praticada atualmente nas unidades escolares, faz-se necessário uma reflexão sobre essas práticas, buscando alternativas, mudanças efetivas nesse processo, que se concretize no dia a dia do professor das séries iniciais do Ensino Fundamental. É notório e urgente que nossos educadores mudem suas posturas ante a avaliação. Para tanto, é necessária uma tomada de consciência coletiva dos docentes sobre suas atuações enquanto professores. Segundo Jussara Hoffmann (2003), para concretização de princípios norteadores de uma avaliação em uma perspectiva mediadora, faz-se necessário uma mudança dos métodos tradicionais para os métodos investigativos. Sendo assim, é preciso, ainda, um compromisso por parte do docente quanto ao acompanhamento da construção do conhecimento, de forma a privilegiar o entendimento, em detrimento da memorização e/ou mera classificação. Numa avaliação mediadora, o grande marco é o diálogo, num ambiente democrático, onde o aluno seja um ser ativo, construtor de seu próprio conhecimento, onde professor e aluno troquem experiências, o que enriquece a prática docente e promove a construção da autoestima do educando que se sente valorizado ao contribuir de alguma forma para seu próprio aprendizado. Ambos, professor e aluno, devem decidir quando e de que forma a avaliação deve ocorrer e da mesma maneira juntos, analisarem os resultados para a busca de novos caminhos capazes de levar a concretização da aprendizagem, ou seja, do sucesso escolar. Principais tendências da avaliação Avaliação Classificatória – Herança do ensino tradicional A abordagem de ensino é centrada na técnica, na assimilação do conteúdo e no ato de fazer – nela, o professor é o detentor do saber e o centro respeitoso em sala de aula. Com isso, não há processo de intervenção e realinhamento do saber, mas, sim, a preocupação em dar conta dos conteúdos dispostos no material didático, ou seja, o papel e a função da educação, para o qual contribui a avaliação. Em síntese, é fazer dos alunos reprodutores do que foi ditado pelos professores, chegando à “perfeição” de aprendizagem, possui o poder de impedir a trajetória escolar, ou seja, reprovar o aluno que não atingiu os objetivos propostos/mal classificados. Avaliação Diagnóstica – sinalizar para intervir São realizados com o propósitos de identificar as fraquezas e as potencialidades dos alunos, com o objetivo de traçar intervenções claras. Este conceito está fundamentado na concepção de que, para o professor, o desempenho do aluno é elemento primordial à prática pedagógica; ou seja, é de responsabilidade do professor, revisitar seu planejamento de ensino após a avaliação diagnóstica e realinhar pontos que deram certo ou que foram infrutíferos a fim de promover a aprendizagem de uma maneira mais produtiva e significativa. Contudo, é relevante ressaltar que o diagnóstico realizado pela avaliação pode ser, portanto, a depender de como o professor interage com o aluno depois da avaliação, limitado a classificação ou, ainda, antecedendo a tomada de decisão quanto à continuidade dos processo pedagógicos e, a partir do diagnóstico, estimular o aluno a refletir sobre o “erro”. Avaliação Emancipatória – Promoção de sujeitos Para Luckesi (2000) a avaliação emancipatória visa promover os sujeitos, a libertação dos modelos seu crescimento. Desse modo, não pode ser o momento final da aprendizagem, mas sim, parte deste processo, de modo que haja a percepção, a crítica e a prática dos agentes (aluno e professor). A perspectiva emancipatória privilegia a avaliação processual, em que o docente analisa todas as atitudes do estudante ao executar uma tarefa de avaliação e, após ela, faz considerações relevantes para um processo de reconstrução e aprimoramento do saber. Para tanto, os instrumentos são diversificados, contínuos, e os alunos repeitados em suas diferenças (HOFFMANN, 2000). Avaliação Formativa ou Formadora - Feedback dos processos Fornece aos alunos um feedback de seus progressos, considerando avaliações feitas em diferentes momentos e instrumentos. Para Cipriano (2007) a avaliação formativa reforça a concepção de que a avaliação, no desenvolvimento global do currículo, é uma ocasião a mais de aprendizagem e não uma interrupção dela, tampouco um “prestar contas” mecânico e rotineiro “de” e “sobre” a informação recebida e acumulada previamente. A avaliação, em sua intenção e função formativa, transcende os resultados das provas e da qualificação, pois somente a partir de um interesse técnico e de controle se pode confundir o instrumento, o recurso – como o exame – com a atividade – avaliar. Uma avaliação formativa ajuda (o) aluno (a) a compreender e a se desenvolver. Ela também colabora para a regulação de suas aprendizagens, para o desenvolvimento de suas competências e o aprimoramento de suas habilidades em favor de um projeto. Um professor comprometido com a aprendizagem de seus alunos utiliza os erros, inevitáveis – sobretudo no começo – como uma oportunidade de observação e intervenção. Com base neles, propõe situações – problema cujo enfrentamento requer uma nova e melhor aprendizagem, possível e querida para quem a realiza (MACEDO, 2007, p.118). Avaliação Mediadora Exige do professor um acompanhamento sistemático em sala de aula do processo de construção do conhecimento, oportunizando aos alunos situações de aprendizagem desafiadoras, novas leituras ou explicações e vivências enriquecedoras. Avaliação dinâmica Embora o centro seja a formação do ser humano e a aproximação e envolvimento do professor no processo de ensino aprendizagem, o foco da atuação está no aluno. Segundo Méier (2007), a avaliação dinâmica é quantitativa em um primeiro momento, pois é necessário conhecer o ponto de partida do seu desenvolvimento real; mas em um segundo momento ela é qualitativa, permitindo ao professor e ao aluno conhecer seus processos metacognitivos, revelando assim velocidade, modalidades de apresentação mais significativas, áreas de interesse maior, formas de raciocínio mais eficazes. Esse tipo de saber/conhecimento a respeito do desempenho do aluno está em uma dimensão muito além da nota e das provas tradicionais, auxiliando-o a observar seu próprio progresso, particularidades no processo de aprendizado, estilo de aprendizagem. Isto é, deixa de ser apenas conhecimento, cognição, para ser metacognição, conhecimento sobre os processos de conhecer (MÉIER, 2007). Avaliação Apreciativa Também com foco no aluno está a avaliação apreciativa que valoriza o trabalho do autor, ou seja, a produção dos estudantes. O avaliador, ao invés de direcionar o foco de atenção para problemas e aspectos que não funcionam bem, ao se encontrar com seus avaliados pede que analisem e descubram o que ocorre com sucesso. Ele solicita, então, que os demais visualizem e imaginem o que ocorreria com tal organização ou processo se aquilo que está acontecendo com êxito ocorresse mais frequentemente. E assim, com base no que já era melhor, os envolvidos elaboram seus planos para as desejadas mudanças. Não se trata de inventar um modo de avaliação, mas sim de tornar a avaliação significativa e de estimular a criatividade do processo com maior satisfação dos envolvidos, com honestidade e integridade na comunicação (PENNA FIRME, 2007). É importante destacar que a ênfase na direção positiva da avaliação apreciativa não elimina a percepção dos aspectos negativos; ela apenas ressalta os positivos para que se fortaleça a capacidade de admitir falhas, problemas e a iniciativa em resolvê-los PENNA FIRME, 2007). Caro estudante, no próximo tópico vermos a importância do alinhamento entre o Projeto Político Pedagógico e os Métodos avaliativos, bem como sua articulação com as demandas das novas gerações e os desafios que permeiam a sala de aula. Projeto político pedagógico e avaliaçãoA concepção de projeto nos remete a ideia de lançar um novo caminho, buscar um novo percurso, esquematizar uma nova atividade. Um projeto pode estar em diferentes áreas da vida, projeto de uma casa nova, projeto da reforma de um móvel antigo, projeto de uma viagem internacional etc. O Projeto Político Pedagógico traz um percurso do que a escola busca ideologicamente e pedagogicamente. A concepção de Projeto Político Pedagógico Em 1980, o Brasil vivia o movimento de democratização, após um longo período de ditadura. Na concepção da Constituição de 1988, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública foi um dos grandes agentes responsáveis pela gestão democrática do ensino público. Nessa época, iniciaram-se as produções teóricas e as pesquisas sobre o Projeto Pedagógico, tanto por estudiosos brasileiros como por franceses e portugueses que refletiam as mudanças políticas em seus países. Na Constituição Federal de 1988, no capítulo que se refere à Educação, encontramos, no artigo 206, incisos I, III, VI e VII (igualdade de condições de acesso à escola, garantia de padrão de qualidade e pluralismo de ideias), os princípios norteadores que favorecem a gestão democrática dos sistemas de ensino público, que passou a incluir a população, antes excluída. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB desde 1996 traz em seu artigo 12, inciso 1º a orientação de que os estabelecimentos de ensino do país têm como objetivos elaborar e colocar em prática a proposta pedagógica, deixando claro o fato de que a escola não pode deixar de lado sua intencionalidade educativa em relação à gestão democrática. A escola foi regulamentada e, assim, foram criadas orientações para a organização do espaço físico, para o trabalho pedagógico e para a participação de pais, alunos e educadores, fortalecendo a articulação entre a instituição e a comunidade. Diante dessas mudanças, surgiu a necessidade de criar formas de gerir os processos e as tomadas de decisão nas unidades. Sendo assim, a instauração de um Projeto Pedagógico nasceu como um instrumento importante para assegurar à gestão escolar essas novas perspectivas políticas e educacionais. Com isso, entende-se que a LDB/96 levanta a questão de construir o Projeto Político Pedagógico reconhecendo na escola a capacidade de planejar e organizar as suas ações pedagógicas e políticas em um ambiente de gestão participativa, ou seja, envolvendo todos os sujeitos participantes da comunidade escolar (docentes, administração, funcionários, alunos, pais e comunidade). Porém, é importante salientar que a conquista de leis que apoiam tal proposta para educação não são suficientes para alcançar a verdadeira autonomia da escola, pois o Projeto Político Pedagógico é consequência de um processo determinado coletivo e democrático. Segundo Brito (1997), o Projeto Político Pedagógico (PPP) não é visto como um instrumental legal e burocrático, ele oferece um significado à atuação da escola, norteando suas práticas educacionais. Os atuais desafios da escola solicitam um PPP verdadeiro, pois não se trata de modismo falar sobre sua importância, como também não é um documento que deve ficar guardado na gaveta, tornando-se um documento instrumental de toda a escola, o qual indica caminhos, traça, rotas e mostra quais são as culturas e ideologias que permeiam aquela escola. O Projeto Político Pedagógico (PPP) define a ambição da escola. Ele é, ao mesmo tempo, processo e produto, porque, com base no ponto de partida, sinaliza o caminho a ser percorrido e aonde se chegará, qual escola temos e qual escola queremos. No PPP há o planejamento cujo objetivo é orientar o funcionamento e a organização da escola para assim poder conquistar uma educação de excelência e contextualizada. A escola ao elaborá-lo, reconhece sua identidade e dá forma à sua organização, metas e seus planos a toda a comunidade, o que proporciona avanços e a elaboração de estratégias para se relacionar de forma significativa com o entorno. Muitos dos estudiosos da área da educação ressaltam a importância de a elaboração participar do Projeto Político Pedagógico de forma que todos deem sentido ao documento e, com isso, haja a ruptura da experiência de elaboração deste documento ser apenas burocrático, cumprindo a entregue à Secretaria de Educação, algo muito comum. Na ação coletiva devem envolver-se gestores, coordenadores, professores, funcionários, alunos, pais/familiares responsáveis e os representantes da comunidade vinculada ao processo educativo da escola. Além desses participantes, a escola conta, também, com instâncias de colegiado, como o Conselho Escolar, a Associação de Pais e Mestres (APM), o Conselho de Classe e os grêmios estudantis, os quais são grupos de ação coletiva. É o envolvimento de todos, portanto, que dá vida ao projeto e garante sua reflexão. A produção coletiva e democrática permite que alunos, familiares e comunidade escolar sintam que há representatividade. Essa integração proporciona a criação da imagem pública da instituição e a construção coletiva de um sonho. O projeto político pedagógico também auxilia no processo de organização do trabalho pedagógico da escola, ao apontar não apenas o que fazer, mas como fazer para que cada um e todos os alunos desenvolvam com excelência, suas aprendizagens, contribuindo para a vida social da instituição, sabendo lidar com conflitos e agregando valores humanizadores a todas as relações. Pensar em um Projeto Político Pedagógico de qualquer instituição de ensino significa buscar elementos norteadores de toda a vida escolar que, fundamentalmente, devem estar vinculados a um projeto bem maior, que é o histórico/social. No momento da elaboração de um PPP, pressupõe-se que haja espaços onde educadores e educandos possam se manifestar; que haja uma definição clara sobre a concepção de PPP que se quer adotar e que as diferentes habilidades sejam respeitadas por todos, desde que ao final (no momento da elaboração), haja um consenso em torno das opções políticas, sociais, culturais e pedagógicas por parte das pessoas envolvidas, uma vez que, “por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão” (Paulo Freire, 1996). O Projeto Político Pedagógico e a Avaliação Nas unidades anteriores vimos que a avaliação não é mais vista como uma forma rudimentar, discriminatória, com data marcada. Vimos que a avaliação é um processo contínuo e que permite a reconstrução permanente de conceitos, sendo uma espécie de bússola que traz a rota para as conquistas no sentido de permitir a reconstrução permanente de conceitos, sendo uma espécie de mapeamento que vai identificando as conquistas e os problemas dos alunos em seu desenvolvimento. A relação entre objetivos e avaliação transformou-se a partir do momento da “ampliação do conceito de aprendizagem, pois atualmente aprender é considerado mais do que a simples memorização de informações” (HAIDT, 2004, p. 225). Superando esse conceito impositivo, a visão de avaliar muda e, dessa forma, são os objetivos que norteiam o processo de ensino, determinando o que e como julgar, ou seja, “o que avaliar” (HAIDT, 2004, p. 295). À medida que vai conduzindo o trabalho e observando a reação dos alunos, os objetivos vão classificando, o que possibilita tomar decisões para as atividades subsequentes. Dessa forma, respondendo ao argumento proposto por Haidt, que Luckesi (2001, p. 03) é remissivo e recomenda: “a concepção de avaliar não é mais um ato impositivo, mas sim um ato dialógico, amoroso e construtivo. Desse modo, a avaliação orienta possibilidades novas e certamente mais adequadas, porque são assentadas nos dados do presente”. O que é válido pontuar é que o ato de avaliar não é algo simples, um estudo de suas várias conformações prevê a complexidade do processo. Nãopode ser concebido como instrumento de persuasão forçosa de aprendizado mnemônico, mas deve ser edificado no respeito às condições de aprendizagem e objetivos que se espera para o aluno, compartilhadas. Afinal, sempre há o que se avaliar e sempre o que dizer em se tratando de avaliar. Ainda acrescenta Luckesi (2001, p.03): “o ato de avaliar não serve como pausa para pensar a prática e retomar a ela, mas sim como um meio de julgar a prática e torná-la estratificada, portanto, sendo parte de um todo, o ato de avaliar é uma pequena parcela de um processo de assimilação, de aprendizagem”. Compreender a avaliação como ato pedagógico significa transportar as teorias desenvolvidas no cenário escolar, para o cotidiano da escola. Assim, o currículo, a didática, a concepção de educação, de homem e de sociedade são mecanismos necessários para a compreensão da escola que queremos e quais os principais pressupostos que serão contemplados nas ações de cada instituição. Para tanto, um dos mecanismos do ato pedagógico se destaca nesse processo, o Projeto Político Pedagógico. Nesse documento, que tem como característica a identidade da escola, permeiam todos os mecanismos pertinentes para a compreensão da educação que a comunidade escolar querer vivenciar. As propostas pedagógicas devem ser explícitas, para a divulgação e vivência das práticas cotidianas. Luckesi (2011, p. 60) afirma que: O Projeto Político, que configura nossos sonhos e desejos de emancipação humana por intermédio da escola, necessita de um Projeto Pedagógico como um dos seus mediadores teóricos, ou seja, uma proposta pedagógica que traduza nossos anseios filosóficos e políticos em compreensões e orientações práticas e executáveis. Nessa perspectiva, o projeto político de cada instituição precisa ser construído coletivamente, numa concepção democrática e articulada com a realidade de cada Estado, cidade e bairro. Portanto, para uma significativa proposta pedagógica de cada unidade escolar, faz-se necessário que estejam explícitos os principais mecanismos de avaliação e as perspectivas de autoavaliação, bem como os referenciais que norteiam as práticas educativas (LUCKESI, 2011). DICA A equipe gestora tem um importante papel nesse processo, pois é a partir da definição concreta das ações avaliativas que a instituição iniciará suas atividades. Luckesi (2011) destaca alguns princípios necessários que a escola deve ter sobre a avaliação, enfatizando: a nota na escola, a avaliação, a seleção, o exame e a autoridade do professor. Em relação à nota, como mecanismo de avaliação da aprendizagem na escola, o autor destaca que o sistema de educação brasileiro sente a necessidade desse registro, visto que se caracteriza como memória do processo educativo. “Todavia há que distinguir ‘registro’ de ‘aprendizagem’. É a aprendizagem que apresenta determinada qualidade, mais positiva ou menos positiva; a nota representa apenas seu registro. São fenômenos diferentes” (LUCKESI, 2011, p. 408). Assim, é necessário diferenciar que a aprendizagem acontece em todo o processo, por meio de todas as práticas vivenciadas enquanto o registro é um aspecto pontual das experiências e aprendizagens alcançadas. Nessa mesma perspectiva, Luckesi (2011, p. 422) diferencia avaliação de seleção, destacando: A avaliação da aprendizagem está comprometida com a construção da própria aprendizagem. Ela incide sobre o que está acontecendo com o aprendiz. [...] A seleção é uma certificação que serve de base para uma classificação. E é a classificação que, por si, seleciona, não a certificação. Na avaliação, há a preocupação com a aprendizagem, com as experiências vivenciadas e, em especial, há um olhar para os avanços obtidos no cotidiano. Já a seleção é uma ação que visa classificar, por meio do exame, e nortear as atividades de concurso público e a avaliação em larga escala no cenário escolar que permeia desde a Educação Básica (Prova e Provinha Brasil, ANA, ENEM) ao Ensino Superior (ENADE). Assim, o exame não se caracteriza como recurso apropriado para a avaliação da aprendizagem, mesmo sendo o mais recorrente nas salas de aula. Muitos professores veem no exame uma forma de mostrar sua autoridade e, por consequência, se apropriam desse mecanismo para intimidar os educandos. O exame nas instituições educacionais é o modo mais frequente de verificar as possibilidades de aprendizagem dos estudantes, visto que o ato de examinar encerra-se com a classificação do estudante, tendo por base os dados de seu desempenho. Para tanto, não há necessidade de interação entre professor e estudante, o que poderia significar uma proteção para o professor, visto não ter de tratar diretamente com o estudante sobre essa sensível área que é a atribuição de qualidade com base em seu desempenho. Nesse contexto, a prática do exame pode ter essa característica de “proteção do professor” (LUCKESI, 2011, p. 427). Diferente da avaliação – que necessita de diálogo, aproximação entre o professor e o estudante e compreensão do papel de cada ator envolvido no processo – o ato de examinar exime todos esses princípios, a fim de favorecer uma relação monótona com superioridade do professor. Essas são algumas concepções que necessitam estar explícitas no Projeto Político Pedagógico da instituição, para que a relação pedagógica entre todos os envolvidos nesse processo consiga nortear sua prática e possibilitar uma educação que atenda aos princípios da igualdade, da qualidade e da humanidade. Conhecer as concepções políticas e pedagógicas que norteiam as atividades da escola via Projeto Político Pedagógico é importante, pois a partir dessa referência mudam-se as práticas avaliativas e as propostas no cotidiano escolar. A avaliação cidadã perpassa em especial pela coletividade vivenciada em cada instituição escolar, possibilitando a participação de todos no processo de ensino- aprendizagem, assim como na organização pedagógica da escola. Nessa perspectiva, é possível destacar que a equipe gestora tem como papel acompanhar o desenvolvimento cognitivo dos estudantes e contribuir no desenvolvimento de cada etapa. A contribuição da equipe gestora no processo de aprendizagem dos estudantes e na avaliação em todas as etapas mostra que os gestores educacionais estão em atenção especial para a função pedagógica da instituição, ou seja, a aprendizagem como atividade fim da educação. A avaliação do Projeto Político Pedagógico Como já vínhamos discutindo, o PPP trata-se de um documento que expressa a identidade da comunidade escolar. Por isso, ele não deve ser imposto, mas sim construído coletivamente, pois este processo de elaboração coletiva faz com que as pessoas reflitam sobre suas práticas, explicitem seus sonhos, expressem seus saberes e limitações, apresentem sua visão de mundo e da educação. Para que se possa falar de um projeto impregnado por uma intencionalidade significativa, impõe-se que todas as partes envolvidas na prática educativa de uma escola estejam profundamente integradas na constituição e vivenciação dessa intencionalidade [...] para tanto, impõe-se que toda a comunidade escolar seja efetivamente envolvida na construção e explicitação dessa mesma intencionalidade (SEVERINO 1998, p. 89). Para que esta construção coletiva seja realizada de forma efetiva, alguns autores discutem as estratégias de planejamento coletivo do PPP. Vasconcellos (1995) cita que para acontecer algo concreto, não basta apenas planejar, pois “há toda uma luta ideológica, política, econômica, social para ser enfrentada, seja consigo mesmo, com seus colegas de trabalho, com os educandos, com as famílias e com as instituições em geral”. O mesmo autor reforça que: A participação aumenta o grau de consciência política, reforça o controle sobre autoridadee revigora o grau de legitimidade do poder-serviço [...] quanto maior a participação na elaboração, maior a probabilidade de que as coisas planejadas venham de fato a acontecer. Todavia, quanto maior a participação, maior a dificuldade de lidar com a massa de dados e, sobretudo, de intenções, propostas, conflitos. (VASCONCELLOS, 2004, p.26). SAIBA MAIS Moacir Gadotti é um autor muito utilizado nas ementas dos cursos de Pedagogia. Na maioria dos seus artigos ele fala sobre o Projeto Político Pedagógico. O livro Projeto Político Pedagógico da Escola: fundamentos para sua realização”. In: GADOTTI, Moacir & ROMÃO, José Eustaquio (orgs.). Autonomia da escola: princípios e propostas. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001, traz inúmeras reflexões sobre a autonomia da escola na perspectiva do Projeto Político Pedagógico. Se a elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) não for bem planejada e estruturada pode ocorrer um tumulto de ideias e opiniões tornando-o um fardo, podendo até desmotivar os agentes envolvidos. Por isso, todo processo sempre requer uma liderança, ou seja, um articulador. No caso do PPP, esta liderança pode ser o diretor, o supervisor, o coordenador, ou seja, qualquer pessoa que tenha significância na realidade escolar. Este articulador age juntamente com uma equipe articuladora, que tem como finalidade cuidar da construção do PPP, ou seja, o planejamento de estratégias para a sensibilização e a efetivação da elaboração do PPP. A sensibilização é o período que precede a elaboração, é onde todos os agentes descobrem a necessidade de se fazer o Projeto. Tal etapa é de suma importância, pois aqui se quebra o fazer Projeto por um cumprimento da lei ou por ordens da direção. De modo geral, essa primeira etapa de sensibilização faz os sujeitos verem além, pois “uma atividade torna-se significativa para um sujeito quando corresponde a uma necessidade e a uma possibilidade” (VASCONCELLOS 2004, p. 39). Em outras palavras, eles refletem a real importância de elaborarem e aplicarem o Projeto. Essas duas exigências, necessidade e possibilidade, oferecem sentido no fazer Projeto, principalmente, aos professores que muitas vezes não veem perspectiva de mudança com o planejamento. Depois da sensibilização segue-se com a construção do PPP, mas agora a elaboração efetiva dele. Aqui ocorre a deliberação da metodologia que será utilizada para a elaboração, é imprescindível que a metodologia seja explicada a todos os participantes da construção do projeto para que assim tenham uma visão geral e de conjunto dos passos que serão percorridos. Considerando a concepção assumida nesta pesquisa, o Planejamento Participativo, a metodologia de elaboração ocorre fundamentada em perguntas que tem como referência as dimensões fundamentais da instituição. Essas perguntas são respondidas em um primeiro momento individualmente, e depois elas vão para um grupo no qual se monta coletivamente um texto, para assim apresentar os textos de cada grupo em uma plenária na qual se constroem o documento final. Essas etapas são equivalentes para a construção dos três elementos que apresentamos no ponto acima. O Marco Referencial Como foi citado no ponto acima o Marco Referencial é a análise da situação atual da escola e a direção a ser seguida, baseada na expressão da ideia sobre a educação e sua função social que exige uma reflexão da concepção e finalidade da educação com a sociedade. Diagnóstico Utilizando o documento citado acima, este passo permite uma visão da organização atual da escola e do seu trabalho pedagógico, para que, assim, se defina um plano de ação e as estratégias para alcançar a intencionalidade proposta no marco referencial. Programação É a definição das propostas. Como o próprio nome já diz, este é o passo no qual se pensa nas ações concretas de curto, médio e longo prazo. Com base no que apresentamos neste ponto, elabora-se o PPP de forma coletiva e significativa, pois “não havendo adesão do coletivo, um projeto pode ser elaborado pela equipe de direção, tanto para cumprir uma exigência quanto para ter alguns elementos de referência para o próprio trabalho, mas entendo que não é o da escola como um todo”. (VASCONCELLOS, 2004, p. 41). A elaboração devida do PPP garante que da mesma forma coletiva no qual ele foi elaborado, ele também seja executado, avaliado e (re)planejado. Infelizmente muitos gestores enxergam o PPP como uma burocracia a ser cumprida, mas é importante sempre considerar o quão é importante este documento para a prática da gestão democrática. Como podemos verificar, o Projeto Político Pedagógico é repleto de momentos de avaliação. Avalia-se na elaboração a realidade da instituição, assim como o ponto no qual se quer chegar e o papel de cada um neste processo. Por fim, avaliam-se os resultados e andamento da prática. Nesse momento de avaliação, os produtos são os indicadores de mudança, “é avaliar os resultados da própria organização do trabalho pedagógico” (VEIGAS 1998, p.32). A avaliação abrange o Pedagógico, o Comunitário e o Administrativo, de maneira formativa e emancipatória. Sendo um ato dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao Projeto, e que direciona as ações dos educandos e educadores. O processo de avaliação se dá em momentos de descrição e problematização da realidade escolar, na compreensão e crítica da realidade descrita e problematizada, e na proposição de alternativas de ação, sendo um momento de “criação” coletiva. Tais momentos podem ocorrer nos espaços de Conselho Escolar, abrangendo aqui os educandos e os pais, e nas reuniões pedagógicas semanais, espaço de discussão dos professores. Segundo Veigas (1998, p.32), “acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos à reflexão, com base em dados concretos sobre como a escola organiza-se para colocar em ação seu Projeto Político-Pedagógico”. A avaliação do PPP, numa crítica, parte da necessidade de conhecer a realidade escolar, que busca explicar, compreender criticamente as causas da existência de problemas, bem como suas relações, suas mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação coletiva). Na avaliação do Projeto analisa-se a Programação feita e suas ações concretas, as atividades permanentes, a linha de ação e as normas, também se revê as necessidades da escola e analisa se o Marco Referencial realmente ajudou a iluminar a prática. É uma avaliação global que vê o PPP como um ponto concreto, um passo, dentro de uma grande caminhada, e não como a fórmula mágica, de transformação da realidade escolar. Sintetizando Caro estudante, terminamos mais uma etapa de estudos deste material. Aqui, vimos desde um breve panorama histórico de como ocorreu as criações de mecanismos e documentos que alcançaram e alcançam, ainda hoje, uma relativa padronização, mas sem que com isso se perdesse a natureza diversa do nosso país, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e o Projeto Político Pedagógico (PPP). Assim, foi possível observar a importância de tais recursos - seja da esfera jurídica, como a Lei de Diretrizes e Bases, seja da esfera prática, com a atuação conjunta dos autores escolares (docentes, discentes, supervisores, diretores, colaboradores em geral, familiares e responsáveis etc.) - para se pensar de forma articulada, planejada e participativa a educação no Brasil. Ademais, refletimos sobre os métodos de avaliação; compreendemos a questão curricular tanto do Ensino Profissional quanto do Ensino Superior; e identificamos alguns desafios dentro das instituições educativas na (re)construção de novas culturas de ensino-aprendizagem para os diferentes tipos de núcleos sociais. Espero que a nossa troca de informações tenha sido significativa e que aumente seu arcabouço de conhecimento. Para complementar,oriento que assista à videoaula, à webaula, bem como acesse as dicas de leitura e de vídeos disponibilizados. Referências Bibliográficas ANTUNES, Celso. 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Neste material, vamos refletir, inicialmente, sobre algumas questões pertinentes relacionadas à ideia geral de construção de um currículo que, comumente, permeia a mentalidade social. Isso porque o currículo faz parte da vida escolar e é muito comum que os profissionais da área da educação apenas o reproduzam todos os anos e o deixem guardados, apenas, para se caso alguma autoridade solicite. Se pensarmos bem, nenhum documento deveria ter esse fim. Se ele existe, foi porque estudiosos defendem sua importância e ela deve ser levada em consideração. O currículo, em especial, não pode ser esse tipo de documento, pois ele deve ser nosso norteador para um Projeto Político Pedagógico e sua utilização deve ser constante, sempre com o objetivo de guiar as ações pedagógicas, assim como acompanhá-las e supervisioná-las. Quando os profissionais da área entenderem sua importância, nunca mais o currículo será “engavetado” e, provavelmente, ele ficará em um quadro ao alcance da visão de todos, com constante abertura para observação. Essa percepção errônea da função do documento provém da falta de informação e até mesmo da influência histórica. Muitos profissionais ainda acreditam que é uma mera relação de conteúdo a ser seguido no programa de cada professor. Sendo assim, o currículo escolar, atualmente, é entendido como mais um segmento formador da sociedade, em que seus objetivos andem lado a lado com a estrutura sociopolítica. Dada a sua influência na formação do indivíduo, o currículo começou a ser motivo de estudos. Por isso, conhecer suas teorias, claramente, ajudará na percepção do que o fundamenta. Mais que isso, poderemos questionar e aperfeiçoar sua efetividade e eficiência. • Verificar o currículo como campo de estudos e suas teorias. • Conhecer os diferentes tipos de currículos desenvolvidos na escola. • Reconhecer as concepções de currículo em políticas públicas. • Compreender as novas propostas avaliativas. • Analisar a gestão e a avaliação. • Saber como acontecem os registros e a avaliação. Currículo como campo de estudo: as teorias curriculares O currículo pode ser organizado de forma a manipular e formatar as impressões dos estudantes. Por exemplo, são manipulados para acreditar que uma determinada postura é correta e não contestável. Quando se trata do conceito de manipulação, observamos que o sentimento não é de credibilidade, pois, de acordo com o Dicionário Aurélio: “manipular” é palavra de origem do latim manipulare, manipuler, que significa “dar formato a algo”, ou seja, produzir, forjar, maquinar, fazer funcionar; pôr em movimento; acionar, controlar, dominar. Apesar de, atualmente, muitos profissionais da educação já entenderem que foram moldados em uma escola tradicional e as posturas ali apresentadas não cabem mais à realidade atual, vários de nossos comportamentos podem ser gerados por prévias manipulações. Isso significa que ficamos tão condicionados a certos comportamentos e paradigmas que, mesmo inconscientemente, reproduzimos aquilo que nos foi sugestionado. Isso não descarta a vida escolar, que mesmo após a idade adulta e mais consciente, agimos e acreditamos em determinadas propostas, como resquícios da manipulação ocorrida em determinados períodos históricos, conforme veremos aqui. DICA Quer entender melhor como pode funcionar a manipulação, mesmo que de forma subliminar? Recomendamos a leitura de BERNANDIN, Pascal. Maquiavel Pedagogo: ou ministério da reforma psicológica. São Paulo: Ecclesia e Vide Editorial, 2012. Entendendo que nossos futuros profissionais precisam desmistificar esses conceitos arraigados, questionando-os e aprendendo a suprimir o que não vale a pena, devemos nos aprofundar nas teorias de currículo, conhecendo-as e entendendo-as. Por isso, convido você a trilhar por esse caminho. O currículoestá intimamente ligado à proposta social e política. A visão do cidadão que se quer forjar precisa estar incorporada a esse currículo. Em diálogo com tais questões, Silva (2007, p. 15, 16) afirma que “um currículo busca precisamente modificar as pessoas que ‘seguir’ aquele currículo. [...] Além de uma questão de conhecimento, o currículo é uma questão que se concentra, também, na teoria do currículo”. As formas de entender o que é currículo e como esse entendimento é significativo na vida escolar serão influenciadas por: • ênfase da natureza da aprendizagem; • ênfase da natureza do conhecimento; • cultura; • sociedade; • natureza humana. Veja, portanto, algumas das teorias que norteiam a elaboração do currículo. Teoria Tradicional A palavra tradicional se relaciona com a repetição de determinados hábitos, costumes e culturas em geral. É tradicional, no Brasil, termos em junho as “festas juninas”. Essas festas celebram São João, São Pedro e Santo Antônio e são realizadas mesmo antes da era cristã. É isso que chamamos de tradição. Repetir hábitos e costumes arraigados a nossa cultura. Na educação, essa teoria refere-se aos preceitos escolares que vamos discorrer agora. O currículo tradicional se concentra no intelecto, no conhecimento, considerando o ser humano como imutável. O ensino é organizado de maneira rígida, mecanizada, descontextualizada, valorizando o conteúdo e o conhecimento centrado no professor. Nessa perspectiva, defende-se que o ensino é um processo de condicionamento no qual a aprendizagem modifica o desempenho. A avaliação tem por objetivo quantificar o aprendizado do estudante, sem gerar nenhuma reflexão quanto ao trabalho do professor. Podemos dizer que, até hoje, muitos professores pensam dessa forma, não é mesmo? As teoria Tradicionais se identificam como: “neutras, científicas, desinteressadas” (SILVA, 2007, p. 16). Pode-se, então, afirmar que essa forma de se identificar é uma contradição, já que se efetiva de forma influenciadora. A alegação de ser neutra e desinteressada é incompatível com a história que ela apresenta. Querido(a) estudante, vamos relembrar um pouco a visão histórica que a concebia? Estamos falando de uma educação voltada para a elite, cuja exclusão é evidente e reforçada pelo sistema escolar. Dessa forma, constata-se que esse sistema “funciona como mecanismo de exclusão natural dos dominados, que não tendo a sua cultura reconhecida acabam conformando-se com o fracasso escolar” (MOITA, 2004, p. 5). A teoria tradicional reforça a divisão de classes, apresentando as disciplinas de forma compartimentada, e os valores exteriorizados reforçam ideias da classe dominante. Se o ensino é preparado na linguagem de uma classe dominante, os poucos estudantes de classes menos favorecidas não aprendem como os demais, reforçando mais ainda as diferenças sociais e a manutenção das classes. As verdades apresentadas na escola são inquestionáveis, reforçando a ideia de imobilidade social, preparando os estudantes para trabalhos repetitivos e inquestionáveis também. Os estudos de Bobbitt, no início do séc. XX, apontam para uma educação empresarial, comercial ou industrial. “O que implementa o currículo tem assim duas funções importantes a desempenhar – por um lado, determinar quais os desejos do mercado de consumo, em termos de produto acabado e, por outro lado, determinar a forma mais eficiente de elaborar o produto acabado – funções estas intimamente relacionadas com a noção de controle de padrões [...]. (BOBBITT, 2004, p. 21). Podemos notar que o currículo tradicional é fechado e aponta para um ensino não reflexivo. Assim, Silva (2010, p. 24) relata que: na perspectiva de Bobbitt, a questão do currículo se transforma numa questão de organização. O currículo é simplesmente uma mecânica. [...] Numa perspectiva que considera que as finalidades da educação estão dadas pelas exigências profissionais da vida adulta, o currículo se resume a uma questão de desenvolvimento, a uma questão técnica. Tal como na indústria, é fundamental, na educação, de acordo com Bobbit, que se estabeleçam padrões. O estabelecimento de padrões é tão importante na educação quanto numa usina de aços. [...] a educação é um processo de moldagem (SILVA (2010, p. 24). Teoria Crítica Em negação à ordem preestabelecida pela sociedade tradicional, na qual existe uma verdadeira manutenção das classes poderosas, políticas e sociais, surge a Teoria Crítica, que busca uma sociedade mais justa. Influenciada por alemães marxistas, a partir dos anos 20, que desenvolveram pesquisas geradas pelo capitalismo contemporâneo, o ocidente recebe essas reflexões nos anos 40 aos 70 do século passado. Max Horkheimer, em 1937, usa o termo “Teoria Crítica” em um de seus artigos, fugindo da força que as ideias marxistas se encerravam no materialismo histórico, usada por ortodoxos e que era rejeitada por muitos na sociedade. Veja os principais intelectuais que fundaram a Escola de Frankfurt Explorando o marxismo filosófico, cultural, político e psicológico, Horkheimer tenta mostrar que o marxismo poderia não ser extremista e economista. VOCÊ SABIA? Max Horkheimer, um filósofo marxista, foi um dos pais fundadores da Escola de Frankfurt, a qual incorporava toda a moderna Teoria Crítica da Sociedade e que, em grande escala, se caracterizava como neomarxista. Saiba mais sobre ele acessando sua biografia: Horkheimer, junto com Jürgen Habermas, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse e Erich Fromm, para citar apenas alguns, criaram a Escola de Frankfurt e seu Instituto para Pesquisa Social, uma instituição que moldou o pensamento cultural do Ocidente como um todo e da Alemanha em particular. Horkheimer afirma, no ensaio Filosofia e Teoria Crítica, também em 1938, que os sistemas das disciplinas contêm os conhecimentos de tal forma que, sob circunstâncias dadas, são aplicáveis ao maior número possível de ocasiões. A gênese social dos problemas, as situações reais nas quais a ciência é empregada e os fins perseguidos em sua aplicação são por elas mesmas consideradas exteriores. A teoria crítica da sociedade, ao contrário, tem como objeto os homens como produtores de todas as suas formas históricas de vida. As situações efetivas, nas quais a ciência se baseia, não são para elas uma coisa dada, cujo único problema estaria na mera constatação e previsão, segundo as leis da probabilidade. O que é dado não depende apenas da natureza, mas também do poder do homem sobre ele. Os objetos e a espécie de percepção, a formulação de questões e o sentido da resposta dão provas da atividade humana e do grau de seu poder (HORKHEIMER, 1968 b, p. 163). Há de se mencionar que, no Brasil, ainda existe um número grande de pesquisadores que dialogam com a Teoria Crítica, em suas investigações científicas. REFLITA Diante desse histórico, o que tudo isso influenciou para a escola e seu currículo? Os estudiosos passaram a defender a ideia de que os estudantes tinham mais capacidade para aprender, entender, questionar e se posicionar diante do conhecimento. Diferente do currículo tradicional, o currículo referente à Teoria Crítica propõe conhecimento para ser apropriado de forma que seja útil na vida do estudante. Isto é, não é mais uma questão de decoração. Na Teoria Tradicional, a aprendizagem dependia de repetição. Já na Teoria Crítica, a aprendizagem precisa estar contextualizada com a realidade do estudante, e transformá-lo em um pesquisador das informações, podendo aceitá-la ou mesmo questioná-la e transformá-la. Essa forma de ensinar despertará no estudante uma postura social mais significativa e em busca de condições melhores de vida, deixando de ser assim uma pessoa manipulável e sem esperança de mobilidade social. Prezado(a) estudante, em verdade, a Teoria Crítica é fundamentalna reconstrução da educação, que persegue um interesse educativo racional e de formas democráticas da vida social (CARR, 1985, 1993; CARR; KEMMIS, 1988). Nesse caso, a teoria curricular crítica explora a reflexão sobre as práticas políticas e culturais, trazendo a percepção do currículo como instrumento de conflito entre identidade e poder. "Será sempre polêmico aplicar ao mundo da escolaridade um conjunto de pressupostos prévios que não reflita a natureza dessa mesma escolaridade e não pondere a função social, política e cultural da educação" (PACHECO, 1996, p. 42). Na Teoria Crítica, defende-se que é mais fácil aprender quando o ensino se traduz em verdades, em significativos encaminhamentos. Antes, a formação cidadã era para aceitar a estrutura imposta. Na Teoria Crítica, a formação é de um cidadão pensante, crítico e capaz de modificar sua realidade. A seguir, você verá as concepção teórica que emergiu a partir das décadas de 70 e 80. Teoria Pós-Crítica Diante da complexidade em que vivemos atualmente, da qual as verdades são relativas, e as certezas são questionáveis, as diferenças se acentuam e devem ser relevantes nas ideias de currículos escolares. As ambiguidades encontradas em sala de aula nos levam a sentir saudades de um tempo em que o currículo era construído pensando na igualdade e não na singularidade dos sujeitos. Essa realidade social contemporânea nos leva a compreender que hoje é impossível prever um cidadão único que possa transformar a sociedade. Este cenário de incertezas nos direciona a pensar em um currículo que atenda toda peculiaridade e fluidez atual, e incorpore a tecnologia que se transforma rapidamente. Qual é a verdade que deve ser ensinada? Se a verdade é questionada, o conhecimento automaticamente também é, assim como o Projeto Político Pedagógico. A Teoria Pós-Crítica defende a formação da identidade e da singularidade, não existindo verdade absoluta. As ideias e conhecimentos podem e devem ser analisados e não estudados como verdades. Refletindo sobre essas informações, podemos afirmar que a Teoria Pós-Crítica, em oposição à Teoria Crítica, não acredita em uma sociedade de igualdade e estabilidade social. Porém defende a aceitação da sociedade composta por diferenças. Segundo Priestley (2011, apud PACHECO, 2013, p. 8): com os pressupostos da abordagem realista, o pensamento curricular segue parâmetros consensualmente definidos em torno de registros universais, perspectivando-se em formas de análise crítica de práticas curriculares centradas no conhecimento do quotidiano. Moreira (2003, p. 10) sintetiza características comuns acerca do ideário pós- moderno: a) o abandono das grandes narrativas; b) a descrença em uma consciência unitária, homogênea, centrada; c) a rejeição da ideia de utopia; d) a preocupação com a linguagem e com a subjetividade; e) a visão de que todo discurso está saturado de poder; f) a celebração da diferença. Considerando todos esses aspectos, podemos dizer que o currículo escolar deve se ajustar à realidade social, étnica, cultural, de gênero e todo e qualquer elemento que venha trazer maneiras diferenciadas de entender a vida. O currículo, nesse caso, não admite nenhum conhecimento como único, precisando ser adaptado às realidades em que é trabalhado. Nessa perspectiva, querido(a) estudante, mais uma vez, você pode constatar a importância da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que deve ser discutida e customizada no Projeto Político Pedagógico (PPP), além de fundamentar a prática pedagógica de uma unidade escolar, atendendo às suas necessidades e, principalmente, à sua realidade. O currículo, mais do que uma simples enumeração de conteúdos e diretrizes a serem trabalhados em sala de aula pelos professores ao longo das diferentes fases da vida escolar dos estudantes, é uma construção histórica e também cultural que sofre, ao longo do tempo, transformação em suas definições. Por esse motivo, para o professor, é preciso não só conhecer os temas concernentes ao currículo de suas áreas de atuação, como também o sentido expresso por sua orientação curricular. Por esse motivo, o conceito de currículo na educação foi se transformando ao longo do tempo, e diferentes correntes pedagógicas são responsáveis por abordar a sua dinâmica e suas funções. Assim, diferentes autores enumeram de distintas formas as várias teorias curriculares, de forma que abordaremos a seguir as correntes apontadas por Silva (2003)¹. No entanto, vale ressaltar que existem outras formas e perspectivas, a depender do autor escolhido. Dessa forma, podemos distinguir três notórias teorias curriculares: as tradicionais, as críticas e as pós-críticas. Teorias tradicionais do currículo As teorias curriculares tradicionais, também chamadas de teorias técnicas, foram promovidas na primeira metade do século XX, sobretudo por John Franklin Bobbitt, que associava as disciplinas curriculares a uma questão puramente mecânica. Nessa perspectiva, o sistema educacional estaria conceitualmente atrelado ao sistema industrial, que, na época, vivia os paradigmas da administração científica, também conhecida como Taylorismo. Assim, da mesma forma que o Taylorismo buscava a padronização, a imposição de regras no ambiente produtivo, o trabalho repetitivo e com base em divisões específicas de tarefas, além da produção em massa, as teorias tradicionais também seguiram essa lógica no princípio do currículo. Dessa forma, o currículo era visto como uma instrução mecânica em que se elaborava a listagem de assuntos impostos que deveriam ser ensinados pelo professor e memorizados (repetidos) pelos estudantes. Nesse sentido, a elaboração do currículo limitava-se a ser uma atividade burocrática, desprovida de sentido e fundamentada na concepção de que o ensino estava centrado na figura do professor, que transmitia conhecimentos específicos aos alunos, estes vistos apenas como meros repetidores dos assuntos apresentados. Teorias críticas do currículo As teorias curriculares críticas basearam o seu plano teórico nas concepções marxistas e também nos ideários da chamada Teoria Crítica, vinculada a autores da Escola de Frankfurt, notadamente Max Horkheimer e Theodor Adorno. Outra influência importante foi composta pelos autores da chamada Nova Sociologia da Educação, tais como Pierre Bourdieu e Louis Althusser. MATRICULA : SerLab\04115167 Diferentes tipos de currículo: diálogos e conflitos Caro(a) estudante, nessa trilha em que estamos caminhando, chamada currículo, nos deparamos com a sociedade que é multicultural. CURIOSIDADE A famosa tela, Operários (1933), de Tarsila do Amaral, além da temática sobre a exploração do povo trabalhador do Brasil, traz uma importante reflexão sobre a diversidade étnica que compõem a nossa sociedade. Abaixo relacionamos algumas questões que trazem influências de outras culturas. • Junto com a imigração, surgem diferentes concepções de religião, sociedade, vestimentas, alimentação etc. • Em todas as culturas temos ainda pessoas com deficiências variadas, que diferem entre a deficiência física e/ou mental. • A orientação sexual de cada indivíduo é outro ponto a ser considerado e refletido. Para além de todas essas características, ainda encontramos estudantes provenientes de lares diferentes e que trazem consigo além de toda uma cultura, algumas vivências que podem ou não ajudar na escola. A violência está presente na sociedade e cotidianamente em algumas famílias, provindas de uso de drogas lícitas ou ilícitas, problemas psicológicos etc. Como já vimos anteriormente, muitas são as particularidades que são silenciadas em nome de uma homogeneização imposta pela liberdade capitalista. “Verdade, conhecimento, poder, identidade marcam as discussões curriculares” (CANDAU; MOREIRA, 2008, p. 25). Um currículoque considere todas essas condições perpassa pelas mãos dos educadores, que também carregam características pessoais. “Por bem ou por mal a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos e mais imprevisíveis da mudança histórica no novo milênio” (HALL, 1997, p. 97). Reflita Como um educador pode ensinar sobre a diversidade sem impor sua própria visão de mundo? Como incluir as diferenças em sua prática? Como considerar toda a diversidade existente sem desconsiderar posturas e entendimentos? O diálogo se faz essencial para que haja uma postura neutra e de respeito às diversidades. Os conflitos culturais, a violência, a intolerância estarão sempre presentes de formas diferentes, sendo assim, caberá ao educador se reinventar a cada dia para tratar esses assuntos sem impor sua própria forma de ver o mundo. Para isso, a formação contínua de professores é de extrema relevância, na qual os mesmos aspectos citados acima devem ser trabalhados e incentivados pela equipe técnico-pedagógica. Conhecemos atualmente três tipos de currículos. São eles: formal, real e oculto. Vamos juntos verificar cada um deles, para que não haja dúvidas sobre suas diferenças. Currículo Formal O currículo formal é aquele estabelecido pela escola e está orientado pelas Diretrizes Curriculares a nível nacional, estadual e municipal. Nesse currículo serão estabelecidos os conteúdos e objetivos a serem desenvolvidos pelos professores em sala de aula. A avaliação escolar reflete exatamente o currículo que foi definido. Currículo Real A partir de um Projeto Político Pedagógico, cabe aos professores desenvolverem- no em suas salas de aula. Cada professor trará sua forma de ensinar, sua forma de ver o mundo e, assim, o currículo formal sofrerá interferências da dinamicidade cotidiana, da experiência do professor, da reação dos estudantes diante de um determinado conteúdo. Dessa forma, o currículo real é aquele que efetivamente acontece na sala de aula e como o estudante o recebe. Currículo Oculto A aprendizagem não ocorre apenas formalmente. Aprendemos conversando, brincando, trabalhando, participando de interações interpessoais ou mesmo sofrendo algum tipo de prejuízo ou susto. Muitas vezes, dentro de uma sala de aula, o professor abre espaço para a expressão coletiva. Nesses momentos, cada um traz um pouco de si e que, informalmente, é trabalhado, ou seja, culturas, visões de mundo que se projetam nas falas, nos movimentos e interpretações. Não é à toa que dizem que nossas ações revelam o que somos. O currículo oculto, geralmente, é trabalhado de forma não planejada, porém muitos professores usam desse artifício para reforçar conteúdos e reflexões intencionalmente. Assim, o currículo oculto não está descrito, mas ocorre de forma natural ou intencional em sala de aula. O currículo está oculto por que ele não é prescrito, não aparece no planejamento, embora se constitua como importante fator de aprendizagem (LIBÂNEO, 2001, p. 99-100). Nas palavras de Libâneo (OLIVEIRA; TOSCHI, 2003, p.362): Currículo formal - é instituído pelos sistemas de ensino, onde se estipula os conteúdos e objetivos a serem seguidos nas instituições escolares. Currículo Real – acontece no cotidiano da sala de aula orientado pela rotina da escola e planejamento do professor. Currículo Oculto – não se manifesta claramente, não é prescrito, não aparece no planejamento, embora constitua importante fator de aprendizagem. As concepções de currículo em políticas (leis, diretrizes e orientações curriculares) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, foi um grande passo para nossas políticas educacionais. Ela baliza a forma como o Brasil deve pensar sua pedagogia. Além disso, temos a chegada dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que se identifica por meio de uma coleção de documentos que compõem a grade curricular de uma instituição educativa, sempre moldado no Projeto Político Pedagógico. Esse material foi elaborado para ser um ponto de partida para o trabalho docente e norteia atividades realizadas em sala de aula. Como esses PCNs foram elaborados por um grupo de estudiosos, sempre vão gerar discordâncias que dependerão de muito diálogo dentro das escolas. Por que necessitamos da influência de políticas públicas na escola? Tentaremos explicar os motivos elencando algumas situações que moldam nosso espaço geográfico e nossa história. Caro(a) estudante, há de se reconhecer que no itinerário de nossas reflexões, cabe-nos considerar que existem uma imensidão de escolas em nosso território, pois somos 208.494.900 habitantes no Brasil (2018). Segundo divulgação do MEC, em 2018, o país contava com 184,1 mil escolas — sendo que a maior parte (112,9 mil, o que equivale a dois terços) é de responsabilidade municipal. Podemos dividi-las da seguinte forma: • colégio particulares, com 39,6 mil escolas; • instituições de ensino com Ensino Fundamental, com 116 mil escolas; • instituições de ensino com Ensino Médio, com 28,5 mil escolas. Outro aspecto refere-se às diferenças da escola particular, que muitas vezes oferece uma educação voltada para as disputas seletivas. Essa mesma estrutura geralmente proverá muitas possibilidades materiais e estruturais aos professores e alunos. Podemos conhecer escolas particulares que oferecem laboratórios para estudos de diferentes áreas, lousas interativas e material em 3D. Já as escolas públicas encontramos de todas as formas possíveis de imaginar. Escolas de sapê, barro, lata, tijolos, a céu aberto. Consideremos também que muitos lugares não têm nem saneamento básico quanto mais acesso à internet. A formação dos professores que atendem os diferentes núcleos escolares também difere. Existem regiões que, na falta de alguém graduado, as aulas são atribuídas às pessoas que aceitam esse encargo de instruir. Muitas vezes essas pessoas não possuem nem ensino superior. Segundo Débora Brito, repórter da Agência Brasil, relatando sobre a entrevista realizada com o Ministro da Educação, em maio de 2018, quatro em cada 10 professores que estão em sala de aula no nosso país não têm a formação adequada para lecionar. Qual estudante (da escola pública ou privada) terá mais possibilidade de aprender e atuar no mercado contemporâneo? O que podemos esperar do nosso sistema educacional, como preparação do cidadão? Dentro dessa realidade, ainda as políticas públicas brasileiras sempre foram influenciadas pelas ideias curriculares estrangeiras e, hoje, entendendo as nossas peculiaridades, os principais autores do currículo brasileiro reconhecem as influências e ressaltam a importância de sua adequação a nossa realidade. Por outro lado, sustentam que devemos ser mais críticos em relação a esse discurso e precisamos desenvolver análises mais adequadas ao contexto brasileiro (MOREIRA, 1996, p. 12). O Banco Mundial, outro influenciador de nossa educação, também oferece subsídios para o desenvolvimento educacional, prevalecendo a lógica financeira sobre a social. Um dos aspectos enfatizados pelo Banco Mundial é o monitoramento dos resultados escolares, pretendendo a melhoria na qualidade do ensino. As “avaliações externas”, propostas pelo MEC, vêm atender a essa preocupação. Os últimos governos também sofreram influência das ideologias neoliberais e políticas adaptadas à nossa realidade. A globalização instaurada a partir dos anos 90 também afeta a construção curricular. REFLITA Prezado estudante, diante de todos os estudos que realizamos até agora, somados às diferentes possibilidades locais e formação de professores, podemos garantir que todas as escolas possibilitem as mesmas condições de aprendizado para todos os estudantes? Pensando em todos os aspectos pontuados, é importante entenderque o currículo de hoje influenciará na postura do cidadão que moverá nosso país daqui a 15 anos aproximadamente. Observando as figuras 15, podemos constatar que as atividades profissionais estão mudando rapidamente em função da informatização. Cabe-nos pensar em uma escola que contemple todos os fatores que evoluem. Apesar de ser, muitas vezes, contestada, não há dúvidas sobre a necessidade de uma política educacional que atenda às necessidades atuais, mas também preveja o que estará acontecendo no futuro. Qualificar a educação no Brasil é fundamental para um futuro mais equilibrado. Partindo do setor político a legislação educacional, cabe a ele também instrumentalizá-lo e fiscalizá-lo. Tentando evitar que determinados ensinamentos fossem esquecidos ou mesmo subjugados em determinados espaços, o MEC definiu a Base Nacional Comum, pensando em garantir aos alunos do Ensino Básico de todo o país as mesmas possibilidades de aprendizagem, mesmo que customizados para sua realidade. Isso garante que diante de um Exame Nacional, ou uma seleção qualquer, as pessoas possuam as mesmas condições de competitividade. Questionados sobre a importância de se contar com a percepção da sociedade e os representantes do chamado “chão de escola”, a BNCC abriu espaço para o diálogo em várias esferas. Políticas Públicas e a Avaliação As políticas públicas também influenciaram notadamente as avaliações, as quais influenciaram, consequentemente, os currículos. Em primeira instância, precisamos refletir sobre a importância da avaliação e o que ela objetiva no sistema escolar. A avaliação vem trazer informações sobre os alunos, sua aprendizagem, suas dificuldades específicas e, a partir da análise dessas avaliações, o planejamento poderá ser norteado. Como avaliar é um outro aspecto de extrema profundidade, mas não pretendemos esgotar esse assunto aqui, e sim questionar a influência das políticas públicas na avaliação e no currículo. Vamos entender melhor? A partir do momento em que são implementadas nas escolas públicas o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES), os resultados acabam gerando um ranking entre as escolas e, para atingir melhores resultados, muitas unidades escolares transformam seus currículos em réplicas dessas avaliações, preparando os estudantes para realizá-las com maestria. Infelizmente, muitas vezes, são trabalhados de forma inadequada e não atingem o seu maior objetivo, que é a aprendizagem. O foco do ensino em rankings forjados por avaliações externas tira o foco da aprendizagem. Se a escola não souber conduzir e dialogar com essas informações, o currículo será transformado para atender somente essas exigências, e como já sabemos, a educação trata de questões muito mais amplas. No Brasil, a plataforma QEdu reúne os principais dados públicos do Ensino Básico. Trata-se de uma ferramenta que auxilia o trabalho das Secretarias e das escolas na interpretação pedagógica dos resultados gerados a partir da Prova Brasil, tendo como foco a melhoria do aprendizado dos estudantes e, consequentemente, do aumento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A experiência de uma nova proposta de avaliação Você deve lembrar que já refletimos um pouco sobre as possibilidades da implementação de uma cultura avaliativa mediadora e que traz à tona o diálogo na prática pedagógica. Neste tópico você irá refletir, também, sobre as possibilidades de elaboração de instrumentos para a verificação da aprendizagem de uma maneira mais significativa e dialógica. Oficina de Avaliação – a proposta de um Roteiro O primeiro passo antes de avaliar é o de diagnosticar, a partir deste diagnóstico podemos constatar e qualificar o objeto de aprendizagem e, assim, intervir. A constatação ocorre a partir da coleta de informações importantes que de fato trazem pistas claras sobre o estado de aprendizagem do educando(s). Para esta constatação é necessário conhecer os dados relevantes, os instrumentos e a utilização destes instrumentos. EXEMPLO Para conhecer o objeto que precisa ser avaliado, precisam- se obter dados relevantes para tal estudo. Por exemplo, ao ensinar o modo imperativo a um grupo de alunos do segundo ano do ensino médio, uma professora de Língua Portuguesa utiliza o contexto da Festa Junina para evidenciar os aspectos que compõe a estrutura do modo imperativo, neste caso a produção de cartazes de propagandas e folhetos da festa trouxeram a professora dados importantes sobre quem foram os alunos que conseguiram desenvolver a habilidade relacionada ao reconhecimento do gênero e suas principais características. Se nós professores, na sala de aula não podemos dar conta da política de oferta de vagas e de acesso dos educandos à escola, podemos dar conta de um trabalho educativo significativo para aqueles que nela têm acesso. Trabalho esse que, se for de boa qualidade, será um fator coadjuvante de permanência dos educandos dentro do processo de aquisição do saber e, consequentemente, um fator dentro do processo de democratização da sociedade (LUCKESI, 1996, p.125). As mudanças no chão da escola e nos procedimentos pedagógicos só acontecem, de fato, a partir do desejo e da vontade real dos professores, pois é a partir de um processo reflexivo sobre as práticas educação e avaliativas vivenciadas nas escolas que podemos ter mudanças que impactam nossa maneira de avaliar. Os problemas que envolvem a avaliação são muitos, mas o que é ressaltado é a questão da recuperação da aprendizagem que, muitas vezes, ocorre superficialmente nas escolas. A recuperação da aprendizagem dos alunos é de grande importância no contexto da aprendizagem, mas é preciso que o professor analise os resultados das avaliações de aprendizagem por ele aplicadas e observe as principais falhas para buscar construir novas práticas e situações de aprendizagem. O momento da avaliação deve ser, portanto, também um momento de reflexão do docente. Hoffmann (2004) ressalta o caráter essencial da avaliação, pois uma vez que ela cause inquietação e dúvida, mas o docente não analisa as situações do cotidiano e não reflete diante dos resultados obtidos, ele pauta seu trabalho em verdades prontas. Dessa forma, precisamos ler e analisar mais as concepções de avaliação que temos e de instrumentos avaliativos como provas e testes que, em muitas circunstâncias, excluem parte de nossos alunos. Muitos de nós, professores, articulamos intrinsecamente a avaliação a provas e testes, o que culmina na perda do sentido real da avaliação que é muito mais de análise de estudo do que de verificação e seletividade. Provas e exames implicam o julgamento, com consequente exclusão; avaliação pressupõe acolhimento, tendo em vista a transformação. As finalidades e funções da avaliação da aprendizagem são diversas das finalidades e funções das provas e exames. Enquanto as finalidades e funções das provas e exames são compatíveis com a sociedade burguesa, as das avaliações a questionam. Por isso, torna-se difícil realizar a avaliação na integralidade do seu conceito no exercício de atividades educacionais, sejam individuais ou coletivas (LUCKESI, 1996, p. 171). Devemos pensar a avaliação sobre uma perspectiva de um serviço para uma educação mais democrática e humana com vistas à melhoria de nossas escolas e com vistas à redução de índices de reprovação e evasão escolar. Mais ainda, para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais humano. Só assim, a avaliação da aprendizagem deixará de ser um complexo problema, para estar a serviço da educação que tanto queremos. É bastante comum que os professores se preocupem, exclusivamente, em dar boas aulas, e não se preocuparem com o resultado disso, se os alunos estão aprendendoou não e por conta dessa forma de pensar praticam avaliações extremamente tradicionais que levam a um número elevado de reprovações e não há uma preocupação com recuperação da aprendizagem dos alunos que não obtiveram bons resultados, esta prática e pouco promissora e não atende às reais necessidades dos alunos. De que adiantará um professor que apenas se preocupe com o ato de ensinar, transmitindo seus conhecimentos e experiências, sem se inquietar com o fato de estar ou não, o seu aluno aprendendo? Esse tipo de docente, preocupado exclusivamente com a “instrução”, embora bastante frequente ainda, nas escolas brasileiras de 1º, 2º e 3º grau, surge em completa dissonância com as necessidades e/ou aspirações de seu alunado (VASCONCELOS, 1996, p.21). A avaliação deve nortear a prática docente, pois, a partir de uma avaliação da aprendizagem bem feita é possível corrigir rotas, fazer intervenções durante o percurso etc.; e isso é muito diferente de chegar ao final do bimestre ou ano letivo e utilizar a avaliação para determinar quem será aprovado ou não e ponto final. É complexo considerarmos que há professores que acreditam ser simples ou comum que parte dos alunos estejam reprovados. Isso parece algo normal, que eles não aprendam, não atinjam as habilidades dispostas nos currículos e acreditar fielmente que nada pode ser feito. Não raro, muitos professores deixam de lado uma postura motivacional por acreditarem que não vale a pena acreditar em uma educação de qualidade, que o aluno não possui potencial e capacidade de seguir os processos educativos com autonomia e segurança. Diante de fatos como esse, é preciso repensar a prática avaliativa, buscando pensar e repensar sobre os resultados das avaliações com a devida clareza e ética para entender que às vezes é preciso mudar o caminho, em prol do desempenho dos alunos. Educação é construção do conhecimento, é relacionamento aberto, cara a cara, sem capuzes, é amor de graça, embora custe. Em outras palavras, educação é a partilha é o sentir sagrado da troca de experiências dentro e fora de sala. Aluno(a) e professor(a) são aliados e não adversários/inimigos. De modo geral, o que se deseja é que o professor ensine e o aluno aprenda (WERNECK, 1995, p. 37). Para evitar situações desagradáveis em sala de aula é preciso que o diálogo seja uma constante em nossas salas de aula, especialmente quando se trata da avaliação da aprendizagem, pois é muito importante que os alunos se sintam bem na escola em todos os momentos e isso inclui os momentos de avaliação. A avaliação mapeada pela esperança deve dar oportunidades de reconciliação dos alunos com a matéria lecionada e as notas baixas, quando ocorrem, nunca os alicerces de inimizades entre educandos e educadores (WERNECK, 1995, p.42). O planejamento de uma nova perspectiva de avaliação contribui para mantermos a esperança no novo, no que virá amanhã, nos estudos científicos sobre novas abordagens de ensino e novos vieses para a avaliação com vistas a auxiliar a todos na superação das dificuldades e na melhoria do desempenho. Nesse contexto, a avaliação deve ser contínua, um processo, que norteie o caminho a ser seguido, os próximos passos da matéria, que nos mostra o momento de parar e voltar alguns passos se preciso for, para que o objetivo da aprendizagem seja alcançado. É notório que alguns considerem a reprovação benéfica, sendo a garantia de um ensino de “qualidade”. Hoffmann (2003) destaca que esta forma de pensar está atrelada a uma prática avaliativa classificatória. Segundo Antunes (2002), não se proclama o fim da cultura de retenção, jamais se propugna pelo seu extermínio, mas, se sugere a busca de novos caminhos e a eficiência da recuperação da aprendizagem, além de mecanismos de sedução do aluno que os levem a aprender a alegria de viver. A avaliação da aprendizagem somente cumprirá seu papel de subsidiar o professor na sua prática pedagógica, se ocorrer de forma contínua, fruto de uma observação ao longo do período escolar, ela não pode acontecer apenas em momentos de provas e testes. É preciso utilizar outros métodos de avaliar a capacidade do aluno em selecionar informações e associá-las aos saberes que já possui (ANTUNES, 2002). A avaliação não pode ser tida como um processo acabado, ela precisa ser levada como algo contínuo e em constante evolução. A avaliação precisa deixar de ser conservadora e autoritária, para tornar-se amorosa, inclusiva e inovadora. Errar ou acertar tem o mesmo efeito e um é tão determinante quanto o outro, se a intenção de quem educa/ensina é saber em que situação real o aluno(a) se encontra quando se realiza a atividade proposta. Para Vygotsky, isso é a “Zona Real de desenvolvimento”, ou seja, aquilo que o aluno(a) consegue realizar com autonomia, sem ajuda, naquele momento do processo (BOZZA, 2007). Considerando os pressupostos teóricos estudados, até aqui, podemos considerar importante em uma esquematização de um passo a passo de uma proposta diferenciada de avaliação. 1ª etapa: definir um grupo de conteúdos dispostos no Currículo ou no material didático utilizado. 2ª etapa: Identificar claramente quais habilidades os alunos irão desenvolver dentro daquele grupo de conteúdos. Os alunos, nesse momento, podem ser consultados e, assim, expor seus conhecimentos prévios, sinalizando o que sabem sobre o assunto a ser explorado. É interessante disponibilizar para o aluno um recurso de registro: diário de bordo, fichas etc. 3ª etapa: Questões norteadoras tendo como base o conhecimento prévio do aluno. Nesta etapa é importante o professor perguntar ao aluno os porquês dele pensar daquela forma tida, inicialmente, como incorreta ou incompleta. 4ª etapa: Palavra aberta para contra argumentação com base no que já foi explorado pelo professor(a), concordâncias e discordâncias com argumentações e a importância também dos registros. 5ª etapa: Interação aluno-professor. O professor(a) poderá, por meio de perguntas, instigar a curiosidade e a evolução do conhecimento. O aluno resolverá os problemas de maneira lógica e evolutiva. 6ª etapa: Explanação do conteúdo teórico via livro didático, recortes de revistas, músicas, seminários, atividades em grupo e elaboração de atividades de reflexão e interpretação. 7ª etapa: Debate oral sobre tudo que foi realizado até aquele presente momento, todos os dados levantados. 8ª etapa: Realização da prova escrita. 9ª etapa: Realização de um debate oral sobre as questões da prova escrita. O aluno irá refletir sobre o percurso que optou para obter a resposta da questão da prova e quem fez o percurso diferente deverá realizar também a reflexão de como chegou àquele resultado. O objetivo do debate é que os alunos possam chegar à conclusão coletiva, expressem-se e possam refletir, significativamente, sobre o “erro”, proporcionando ao professor(a) novos direcionamentos pedagógicos para novas ações e a utilização de outros instrumentos. 10ª etapa: A partir do debate realizado, cada aluno irá se auto avaliar, sugerindo para a prova realizada uma nota de zero a cinco, ou um conceito, a depender da instituição/ projeto pedagógico. 11ª etapa: Avaliação do professor. Neste momento, a partir da observação do debate, dos registros realizados e do desempenho do aluno na avaliação escrita. O professor avaliará o aluno e depois somará a nota sugerida com a auto avaliação do aluno, obtendo, assim, uma nota final. Assim, a avaliação vai além de uma avaliação somativa e de outros métodos de avaliação, onde tanto os alunos quanto os professores poderão verificar se os objetivos foram ou não alcançados; e se não foram, saberão identificar onde existe a falha, e a corrigirem antes mesmo de avançar a mais um nível de aprendizagem. Isso somente será possível, a partir do momento em que os alunos encontrarem seus “erros” e tentar corrigi- los ou procurar uma solução para aquele determinadoproblema. Gestão e Avaliação Caro(a) estudante, nosso objetivo neste tópico é compreender a importância da gestão escolar nas práticas avaliativas e analisar as possíveis formas de apropriação dos resultados gerados por essas avaliações pelas equipes gestoras nas escolas. A Gestão Escolar e o uso dos resultados das Avaliações A avaliação da aprendizagem a partir da perspectiva mediadora ocorre em um processo contínuo de acompanhamento e de intervenções que visam a melhoria do desempenho e o realinhamento de práticas pedagógicas. Tal processo ocorre a partir de instrumentos de apoio como tabulação de dados e análise de gráficos e dos resultados de forma qualitativa e quantitativa, colaborando para a construção da intervenção e, assim, para um melhor processo de ensino-aprendizagem em sala de aula. Sabemos que a avaliação, sempre presente no ambiente escolar, foi fortalecida e ampliada com visões de acompanhamento contínuo e intervenção e outro elemento importante para a avaliação educacional foi a inserção de outra modalidade de avaliação educacional nos sistemas e escolas, a chamada de avaliação externa ou avaliação em larga escala, elaborada fora do ambiente escolar por grupos de estudiosos ou instituições com certo distanciamento do ambiente escolar. No Brasil, a preocupação em avaliar a qualidade do ensino por meio de avaliações externas é mais fortemente observada depois do final da década de 1980, quando foi criado o Sistema de Avaliação do Ensino Público (Saep) que, posteriormente, foi transformado em Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Em 1990 o SAEB teve a sua primeira edição e, com isso, tornou-se uma avaliação muito importante para as iniciativas governamentais e foi neste período juntamente com o desafio da democratização do ensino é que a atenção aos resultados da escola se intensificou. Sousa e Oliveira (2010, p. 794) relatam que: [...] a partir da década de 1990, a avaliação de sistemas escolares passou a ocupar posição central nas políticas públicas de educação, sendo recomendada e promovida por agências internacionais, pelo Ministério da Educação e por Secretarias de Educação de numerosos estados brasileiros, como elemento privilegiado para a realização das expectativas de promoção da melhoria da qualidade do ensino básico e superior. Nesse período de realização efetiva de avaliações externas, estudos e análises foram realizados tendo com principal objetivo buscar compreender o cenário educacional e compreender, também, qual é o perfil de aluno brasileiro, quais são suas reais necessidades e em quais níveis de desenvolvimento da aprendizagem pertence. Além disso, existe outra vertente sobre a apropriação dos resultados destas avaliações externas pelas equipes gestoras nas escolas. As redes públicas de ensino estaduais e municipais se organizam para que estes resultados possam ser divulgados junto à equipe gestora e docentes, bem como junto à comunidade escolar, organizando também reuniões pedagógicas e momentos de estudo, cujo o enfoque é o estudo das matrizes curriculares, dos quadros de habilidades e da porcentagem de aluno e em quais níveis de desempenho estão. Alguns órgãos acabam fazendo uso desta avaliação como política pública para investimento em questões de formação e benefícios para os professores, como bônus por desempenho etc. Nesse sentido, os resultados das avaliações podem se constituir como um instrumento capaz de subsidiar ações de gestão que visem promover a organização, a mobilização, a articulação das condições materiais e humanas necessárias para garantir o alcance do principal objetivo da escola, que é a aprendizagem dos alunos. Para isso, ressaltamos que a equipe gestora pode colaborar na promoção de discussões sobre desafios que se colocam diante da prática educativa do coletivo de professores. No que se refere à forma como acontece à apropriação de resultados nas escolas, as escolas públicas recebem orientações específicas de órgãos como as Secretarias e Diretorias de ensino, para que após as informações divulgadas pelo MEC (Ministério da Educação), reunam-se professores e gestores, de acordo com o calendário letivo, para analisarem os resultados a partir de uma pauta formativa e daí, elaborar-se os planos de intervenção pedagógica com o objetivo principal de trabalhar as dificuldades e melhorar a aprendizagem do aluno. Com relação a avaliação da aprendizagem escolar, o gestor também possui papel fundamental no sentido do fortalecimento de ações que garantam a promoção de uma avaliação muito mais justa e que considere o processo diagnóstico em detrimento da seletividade. Os professores necessitam do amparo e da formação necessária para enxergar as possibilidades didáticas por traz da avaliação da aprendizagem. Este é um processo complexo de mudança de práticas, o que exige antes de mais nada a formação e a quebra de crenças cristalizadas a respeito do processo avaliativo. Segundo Freire (1996), para a aprendizagem acontecer, ela deverá ter sentido. É preciso que o gestor juntamente com o professor analise o que está acontecendo na aprendizagem de seus alunos. O trabalho do gestor está indo de encontro com as expectativas do professor e este deve estar correspondendo às expectativas e interesses de seus alunos. Isso requer desprendimento e sensibilidade da parte de todos envolvidos no processo de construção do conhecimento. Conforme Paro (2004), tornar a aprendizagem prazerosa e com significado é levar o aluno a compreender que em sua vida, seu mundo, isso traz sentido, transformações, que raramente acontecem. No decorrer das mudanças e das finalidades da educação isto acontece quando a escola precisa responder às novas exigências da sociedade. Em segundo lugar, na transformação do perfil social e cultural dos alunos. A avaliação executada no âmbito escolar, principalmente na Educação básica, ganhou importância central em todos os países, no contexto da reforma educacional com a finalidade de alcançar maior competitividade internacional, empreenderam políticas de transformação desse nível educativo. Entendida como elo importante das reformas, a avaliação transborda os limites propriamente educativos e se situa nos planos mais amplos da economia e da política. A avaliação, segundo Vasconcellos (2005), utilizada na escola com testes/exames dizem muito pouco sobre aprendizagem. Na verdade, os alunos passam por testes para os quais são treinados. A avaliação tem tudo a ver com a maneira que o gestor idealiza e orienta a prática educativa, tornando, assim, um processo altamente eficaz. É interessante notar que o fenômeno da aprendizagem é reconhecido em todas as espécies e está relacionado diretamente à busca da sobrevivência. “[...] A avaliação tratada no contexto educativo como intervenção para conhecer o resultado do processo ensino e aprendizagem, garante a essência das discussões. Se pensarmos a partir dessa perspectiva, estaremos entendendo também o sentido crucial desta no processo educativo, como reflexão e como intervenção, tendo o intuito de descobrir as deficiências do processo educativo, no sentido de resolvê-los,”. (VASCONCELLOS, 2005, p.19) Conforme enfatiza Vasconcellos (2005), a avaliação do processo de ensino- aprendizagem deve ter o caráter de acompanhamento de processos, intervindo no sentido de sanar as deficiências encontradas. Dessa forma, o gestor para encaminhar o processo avaliativo, no sentido de informar as pessoas que fazem parte do processo de aprendizagem dos alunos devem captar as necessidades e falhas, de modo a comprometerem-se com a busca da superação; possibilitando aos professores e alunos reflexões, conjuntamente, sobre a realidade, para selecionar as formas apropriadas de dar continuidade ao processo, tomada de decisão, mudanças de atitudee comportamento. Para tanto, é preciso definir os critérios a serem avaliados com todos os envolvidos. “[...] Não basta ensinar conhecimentos, Mas, também, atitudes de investigar, de debater, de respeitar posições divergentes, de organizar-se, de tomar decisões coletivamente; capacidade de estabelecer relações, de administrar seu tempo e seu espaço, de criticar e interferir na realidade de forma reflexiva e criativa, de adotar estratégias de resolução de problemas”.(ANDRÉ, 2007, p 59) Assim concebida, a avaliação torna-se coerente com a concepção de educação e de aprendizagem, quando se busca por uma aprendizagem eficaz, haja vista que o conhecimento é passado de forma integral. A educação é uma aprendizagem no contexto de uma busca da realidade. Esta realidade não pode ser definida por uma instituição, nem sequer por meio de um controle e dos métodos pedagógicos. O que deve ocorrer, medinte processo avaliativo, é a determinação a que realidade se quer alcançar, se é através de um assunto, uma situação concreta, se por meio de uma pesquisa etc. Dessa maneira, quando se afirma que pela avaliação se verifica, continuamente, o progresso da aprendizagem, reconhece a importância de um Gestor quando este se manifesta auxiliando os professores no processo de interação com os sujeitos da aprendizagem e estes com o mundo social, que acontece de fora para dentro. Isto é, o professor é o agente que exerce sua ação sobre o aluno, orienta sua prática, segundo uma concepção de ensino caracterizado pela transmissão de algo externo, pela instrução de objetivos e de conteúdos específicos. Esse conteúdo é o centro do processo educativo. Ele está “sobre” os sujeitos que ensinam e aprendem, de modo que o gestor seja o intermediário nesse processo (ANDRÉ, 2007). A Gestão Escolar e a formação dos professores para uma nova prática avaliativa Carvalho (2003) defende que o desenvolvimento do professor deve estar intimamente relacionado com o desenvolvimento do trabalho do gestor, e este com o desenvolvimento e a inovação curricular. Apoiando-se nas ideias do autor, enfatiza-se a visão da escola como unidade básica de mudança e formação, salientando alguns aspectos necessários ao desenvolvimento dessa formação, existência de liderança instrucional entre os professores, a existência de uma cultura de colaboração e, em terceiro lugar a existência de uma gestão democrática e participativa, para que se consiga a relação entre o desenvolvimento profissional e o desenvolvimento organizacional. Tal gestão deve proporcionar autonomia aos professores nas tomadas de decisão acerca do ensino, das questões organizacionais, profissionais etc. Quanto às relações entre desenvolvimento profissional e desenvolvimento e inovação curricular, o autor aponta que estas vão ser determinadas pelas concepções e pelo papel que os professores assumem na prática cotidiana, ou seja, o desenvolvimento profissional tem relação com a imagem assumida pelo trabalho do Gestor. Para Machado (2001), se o gestor executar seu papel de mediador do ensino transparente e democraticamente na instituição escolar, ele abrirá portas para a sua equipe envolver os demais segmentos escolares no processo do ensino-aprendizagem, não se limitando, apenas, aos alunos e professores, mas envolvendo toda a comunidade em geral, mobilizando para que todos busquem a promoção do principal objetivo, que é a aprendizagem dos alunos. Em se tratando do desenvolvimento do papel do gestor no âmbito escolar, Carvalho (2003) indica que novas metodologias deverão ser desencadeadoras da ampliação do foco de estudo, em relação as mudança mais significativa no aprendizado e, nesses últimos anos, diz respeito à concepção do ensino que o gestor tem se imbuído em desenvolver junto a sua equipe. As atividades desenvolvidas pelo gestor são como um conjunto de processos e estratégias que facilitam a reflexão dos professores sobre a sua prática, que contribui para que os professores gerem conhecimento prático, estratégia e sejam capazes de aprender com a organização do trabalho do gestor. Isso é de suma importância para a escola, uma vez que é ele (o gestor) que lidera, orienta e conscientiza a equipe a desenvolver um ensino de qualidade. Nesse contexto, até então existente, evidencia-se a necessidade do gestor, de encaminhar e consolidar mudanças na perspectiva de se obter uma formação inicial e continuada dos docentes na realidade atual. A expectativa que deve ser criada pelos gestores é de encontrarem paradigmas, abordagens ou tendências pedagógicas inovadoras e que elas sejam transformadoras da compreensão dos fenômenos educativos, das atitudes do professor e do seu compromisso com a aprendizagem dos alunos. Por isso, é imprescindível considerar os processos pelos quais os professores se apropriam e constroem seus conhecimentos, suas características pessoais e suas experiências de vida e profissional. “[...] A formação inicial e permanente do profissional de educação deve se preocupar-se fundamentalmente com a gênese do pensamento prático pessoal do professor, incluindo tanto os processos cognitivos como afetivos que de algum modo se interpretam, determinando a atuação do professor..,” (GIMENO, 1988, p. 61). Seguindo esta linha de pensamento, o autor coloca que a dimensão educativa da profissão docente mostra-se mais concisa se considerar o gestor com a competência profissional, dotar os professores de conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver profissionais reflexivos e investigadores. A formação do professor é o desenvolvimento da capacidade de refletir sobre a própria prática docente, com o objetivo de aprender a interpretar, compreender e refletir a realidade social e a docência. Ainda conforme acrescenta Vieira (2002), a formação deveria dotar o professor de instrumentos intelectuais que sejam úteis ao conhecimento e à interpretação das situações complexas em que se situa e, por outro lado, envolver os professores em tarefas de formação comunitária para dar à educação escolarizada a dimensão de vínculo entre o saber intelectual e a realidade social, com a qual deve manter estreita relações. A formação do professor, por parte da ação gestora, deve se transformar em um papel ativo no planejamento, desenvolvimento, avaliação e reformulação de estratégias e programas de intervenção educacional com a comunidade que se envolve a escola. A formação assume um papel que vai além do ensino que transmite, além de uma mera atualização científica, pedagógica e didática e se transforma na possibilidade de criar espaço de participação, reflexão e formação para que as pessoas aprendam e se adaptem para poder conviver com a mudança e com incertezas. O trabalho de gestão escolar em qualquer dos níveis da escola deve contemplar a necessidade de acompanhamento do processo em termos de monitoramento e de avaliação. O gestor escolar e sua equipe precisam explicitar a compreensão de avaliação que perpassa o cotidiano da escola. Nesse sentido, para ser coerente com os fundamentos educacionais, a avaliação deve ser entendida como processo que inclui produtos (com certeza), mas que não se limita a eles. O gestor escolar deve estar atento aos diagnósticos de necessidades a serem trabalhadas, monitorando com toda sua equipe as atividades de ensino e de aprendizagem. Quando se exercita a avaliação como processo, alteram-se, significativamente, os rituais engessados que, porventura, possam existir no ambiente escolar. O tipo de aula do professor, a forma como ele divide o tempo, o jeito de organizar os espaços etc., enfim toda relação com o aluno ganha significado. O gestor e todos os professores percebem que a avaliação como processo vai reconfigurar a interação com a família, o planejamento dos conteúdos, a formade organizar as turmas. Assim, a proposta da escola vai se desenhando de forma coerente com os valores explicitados no seu Projeto Político Pedagógico. A avaliação de caráter meramente classificatório – por meio de notas, provas e outros instrumentos similares – tem mantido a repetência e a exclusão nas escolas. A avaliação contínua e qualitativa da aprendizagem com a participação do aluno e tendo, inclusive, a intenção de aprimorar o ensino e torná-lo cada vez mais adequado à aprendizagem de todos os alunos diminuiria, substancialmente, o número dos que são indevidamente avaliados e categorizados como deficientes nas escolas comuns. A Gestão Escolar e a qualidade da educação No mundo atual, repleto de incertezas e desafios, o diretor escolar, os professores, pais e toda comunidade demandam uma escola de qualidade. Essa escola precisa ser de “qualidade”, não apenas para o presente, mas que prepare para o futuro. Estudos e pesquisas têm sinalizado que o perfil do cidadão do século XXI, deve atender a algumas características básicas tais como, a criatividade, o relacionamento e a interatividade com outras pessoas, a capacidade de liderança, a vontade de estudar e pesquisar sempre, entre outros requisitos. Esta configuração não pode ser outorgada e nem mesmo gestada em uma escola autoritária, mas sim construída em espaços de conhecimento, de socialização e de cidadania. Esta escola de qualidade precisa ser equacionada de forma concreta, porque não existe a escola de “qualidade” de forma genérica, universal. Há que se “referenciar” a qualidade e os indicadores, ainda presentes na sociedade atual, que estão fortemente relacionados à cultura escolar tradicional, que enfatizam certas crenças de que a aprendizagem equivale a conteúdos prontos, transmitidos pelo professor e absorvidos pela memorização dos discentes. No entanto, essas crenças já foram derrubadas pelo desenvolvimento da neurociência e outras contribuições de caráter científico. As “pesquisas de ponta” indicam que aprendizagem é um processo complexo, que envolve aspectos intelectuais, afetivos, sociais, entre outros, e deve ser ativa e interativa na construção de conhecimentos. Nesse processo, cada ser humano é um ser em movimento, sempre inconcluso, e a escola precisa ter clareza dessa visão de pessoa, de educação e de sociedade. Por isso, uma escola de qualidade é, também, uma escola atenta às diferenças, ou seja, uma escola que enxerga cada aluno em sua identidade, promovendo a interação e garantindo a efetiva aprendizagem. É nesse contexto que a compreensão e a defesa de uma escola para todos, alunos com deficiência ou não, se tornam tão necessárias, sinalizando que inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças e a intolerância é uma das principais causas de desumanidade. Uma escola para todos não significa o barateamento de conteúdos porque a sua função não é a de ministrar conteúdos prontos de alto nível para alguns alunos, mas, sim, desenvolver cidadania para se viver em um mundo plural, com dimensões cognitivas, afetivas e sociais a serem contempladas. O professor de uma escola comum, quando começa a trabalhar com as diferenças, abandona a postura tradicional de educação que acredita que todos os alunos são iguais. O professor da escola comum só melhora, proporcionando um ensino de qualidade, quando descobre que todos os alunos são especiais, ou seja, quando reconhece o trabalho com as diferenças nas turmas escolares. A escola de qualidade é uma escola inclusiva e o diretor, juntamente com os professores e os pais não podem abrir mão desse projeto, pois a atenção às diferenças vai contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, exigindo a transformação de práticas excludentes que estão presentes na maioria das escolas comuns da sociedade, impedindo a construção de uma cidadania por inteiro e a construção de uma sociedade mais justa. A Gestão Escolar e a qualidade da educação No mundo atual, repleto de incertezas e desafios, o diretor escolar, os professores, pais e toda comunidade demandam uma escola de qualidade. Essa escola precisa ser de “qualidade”, não apenas para o presente, mas que prepare para o futuro. Estudos e pesquisas têm sinalizado que o perfil do cidadão do século XXI, deve atender a algumas características básicas tais como, a criatividade, o relacionamento e a interatividade com outras pessoas, a capacidade de liderança, a vontade de estudar e pesquisar sempre, entre outros requisitos. Esta configuração não pode ser outorgada e nem mesmo gestada em uma escola autoritária, mas sim construída em espaços de conhecimento, de socialização e de cidadania. Esta escola de qualidade precisa ser equacionada de forma concreta, porque não existe a escola de “qualidade” de forma genérica, universal. Há que se “referenciar” a qualidade e os indicadores, ainda presentes na sociedade atual, que estão fortemente relacionados à cultura escolar tradicional, que enfatizam certas crenças de que a aprendizagem equivale a conteúdos prontos, transmitidos pelo professor e absorvidos pela memorização dos discentes. No entanto, essas crenças já foram derrubadas pelo desenvolvimento da neurociência e outras contribuições de caráter científico. As “pesquisas de ponta” indicam que aprendizagem é um processo complexo, que envolve aspectos intelectuais, afetivos, sociais, entre outros, e deve ser ativa e interativa na construção de conhecimentos. Nesse processo, cada ser humano é um ser em movimento, sempre inconcluso, e a escola precisa ter clareza dessa visão de pessoa, de educação e de sociedade. Por isso, uma escola de qualidade é, também, uma escola atenta às diferenças, ou seja, uma escola que enxerga cada aluno em sua identidade, promovendo a interação e garantindo a efetiva aprendizagem. É nesse contexto que a compreensão e a defesa de uma escola para todos, alunos com deficiência ou não, se tornam tão necessárias, sinalizando que inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças e a intolerância é uma das principais causas de desumanidade. Uma escola para todos não significa o barateamento de conteúdos porque a sua função não é a de ministrar conteúdos prontos de alto nível para alguns alunos, mas, sim, desenvolver cidadania para se viver em um mundo plural, com dimensões cognitivas, afetivas e sociais a serem contempladas. O professor de uma escola comum, quando começa a trabalhar com as diferenças, abandona a postura tradicional de educação que acredita que todos os alunos são iguais. O professor da escola comum só melhora, proporcionando um ensino de qualidade, quando descobre que todos os alunos são especiais, ou seja, quando reconhece o trabalho com as diferenças nas turmas escolares. A escola de qualidade é uma escola inclusiva e o diretor, juntamente com os professores e os pais não podem abrir mão desse projeto, pois a atenção às diferenças vai contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, exigindo a transformação de práticas excludentes que estão presentes na maioria das escolas comuns da sociedade, impedindo a construção de uma cidadania por inteiro e a construção de uma sociedade mais justa. A Gestão Escolar e o uso dos resultados das Avaliações A educação brasileira é apontada por diversos estudiosos (ABICALIL, 2011) como um campo de tensões e de desigualdades, o qual tem raízes históricas e necessita de prioridades para sanar essa perspectiva. Nesse contexto, a Constituição Federal de 1988 é compreendida como a Constituição Cidadã (CURY, 2008), porque viabiliza diferentes conquistas e direitos sociais, entre eles, a educação. A Constituição Federal apresenta uma estrutura legal na qual proporciona oportunidades para que a sociedade brasileira assegure uma significativa organicidade educacional. Entre os principais aspectos, a autora menciona: a) a oferta da educação dezero aos dezessete anos; b) o financiamento da educação e a responsabilização dos entes da federação (União, estados/Distrito Federal, municípios); c) o regime de colaboração; d) a gestão democrática, e outros. A gestão escolar democrática como mecanismo de participação e de interesses ético-políticos surge no final da década de 1980. Essa concepção de gestão escolar configura-se devido à abertura política e à democratização das práticas sociais, visto que [...] a Educação brasileira nas últimas décadas, sob o imperativo da democratização do país, abertura política, reorganização do Estado e as exigências mercadológicas da economia global a reforma educacional da década de 90 a qual detemos, marca o início de uma nova etapa na construção histórica da educação brasileira”. (LIMA, 2011, p. 151) No processo de implantação da gestão democrática, a educação pública se caracteriza em alguns documentos os quais destacam as políticas educacionais visando a um caráter de qualidade na educação, deixando de lado o autoritarismo, buscando inserir a gestão democrática como direito e dever nas escolas. A representação é vista na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu Artigo 206 e na Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 em seus Artigos 14 e 15. É interessante observar que a LDB (9.394/96) apresenta como destaque da gestão democrática o projeto político pedagógico e o conselho escolar, tendo como base a questão da autonomia nos interesses pedagógicos, mas o que pode ser encontrado em algumas escolas públicas, além desses componentes destacados, é a Eleição de Diretores, o Grêmio Estudantil e a Associação de Pais e Mestres que não são destacados na LDB, cada um com suas especificidades, necessitando da presença das pessoas que fazem parte da comunidade. Esses mecanismos são instrumentos significativos para o processo de avaliação das atividades desenvolvidas no cenário escolar, sendo a avaliação da aprendizagem uma dessas ações necessárias. De acordo com Silva (2010, p. 53): A auto-avaliação se constitui um processo interno promovido pela própria comunidade acadêmica, segundo seus ritmos, suas finalidades e suas regras. Há possibilidade do processo ser participativo, dirigido ao social e destinado aos próprios sujeitos [...]. (Silva, 2010, p. 53) É necessário saber que a melhoria da qualidade da escola pública não se dá de uma hora para outra; mas com a prática dos conhecimentos que envolvem a gestão democrática de um modo generalizado, ou seja, o ponto principal para a melhoria e mudança na instituição é a participação. Nesse sentido, a avaliação da aprendizagem se caracteriza como um componente necessário e pertinente para as vivências educativas. Para tanto, a prática da participação carece da compreensão dos sujeitos envolvidos sobre as ações que são vivenciadas e avaliadas. No cenário escolar, a avaliação da aprendizagem se caracteriza como um importante recurso didático-pedagógico, visto que viabiliza à instituição escolar cumprir sua principal função que é a aprendizagem significativa (SILVA, 2010). Registros e avaliação Querido(a) estudante, neste tópico iremos fazer uma reflexão sobre as formas de registros e avaliação e qual o seu papel no desenvolvimento com excelência da aprendizagem. Sigamos! Avaliação formativa e registros Ressaltamos Freire (1996) no entendimento de que a base para a transformação das práticas pedagógicas encontra-se na relação e construção desenvolvida com o conhecimento e a sociedade, de modo que essa mudança possibilite uma nova forma de organização do trabalho pedagógico e, consequentemente, dos métodos de ensino- aprendizagem. De acordo com Freire (1996): O educador libertador tem que estar atento para o fato de que a transformação não é só uma questão de métodos e técnicas. Se a Educação libertadora fosse somente uma questão de métodos, então o problema seria mudar algumas metodologias tradicionais por outras mais modernas. Mas não é esse o problema. A questão é o estabelecimento de uma relação diferente com o conhecimento e com a sociedade. (FREIRE, 1996, p. 48) Nessa perspectiva, Villas Boas (2007) explicita que é necessário planejamento para que se possa desenvolver a avaliação formativa, bem como o entendimento de que se avalia “para conhecer o que cada um dos seus alunos já aprendeu de modo que [o professor] possa reorganizar as atividades para que os alunos aprendam o que ainda não aprenderam” (VILLAS BOAS, 2007, p. 24). Ainda, de acordo com Villas Boas (2011, p. 16), o professor tem o objetivo de orientar os alunos para a realização do seu trabalho, ajudando-os a localizar dificuldades e a progredir na aprendizagem, assim como a avaliação que desenvolve tem a finalidade de fornecer informações que permitam a reorganização do trabalho pedagógico em atendimento às diferenças individuais observadas. Isso significa compreender que a avaliação tem compromisso com a aprendizagem e pode ocorrer de diferentes formas, a partir do uso de procedimentos de avaliação (VILLAS BOAS, 2007, 2010, 2011), instrumentos metodológicos, instrumentos de registro (FREIRE, 1983), registros como instrumento, instrumentos do trabalho pedagógico e/ou instrumentos de avaliação, todas elas desenvolvidas na perspectiva formativa. No entanto, no decorrer de nossas investigações, buscamos compreender quais eram os caminhos avaliativos e designações que poderiam abarcar a concepção no sentido de superar o termo usado, tradicionalmente, como “instrumento avaliativo”, considerado a partir de uma perspectiva técnica e, por isso, restrita para o campo da avaliação formativa. Penso que não se trata de uma mera questão semântica, mas antes de uma questão histórica que tem alguma relevância teórica. Na verdade, a designação instrumento de avaliação está associada ao movimento taylorista da gestão científica das escolas do século XIX; ou seja, a um contexto em que predominava uma racionalidade técnica em que avaliar e medir eram sinônimos. Consequentemente, um instrumento de avaliação media exatamente as aprendizagens dos alunos, tal como um metro media exatamente o comprimento de um segmento de recta, ou um termômetro media exatamente a temperatura do corpo de um paciente. “Julgo que designações tais como tarefa de avaliação, métodos de avaliação ou mesmo estratégia de avaliação poderão, na maioria dos casos, ser mais congruentes com a concepção emergente de avaliação formativa” (FERNANDES, 2006, p. 40). Ou seja, o autor pondera que a denominação “técnicas de avaliação ou instrumentos avaliativos” são termos atribuídos a uma concepção de avaliação behaviorista e tecnicista. A partir desse entendimento, Villas Boas utiliza o termo procedimentos de avaliação em vez de instrumentos de avaliação, pois “instrumento” diz respeito a um objeto, em geral mais simples do que um aparelho, e que serve de agente mecânico na execução de qualquer trabalho e a qualquer objeto considerado em sua função ou utilidade. Procedimento diz respeito aos ‘processos, métodos’. Portanto, o “procedimento é mais amplo do que instrumento. Esse é parte do processo” (FERREIRA apud VILLAS BOAS, 2010, p. 104). Dito de outro modo, os procedimentos são os meios que nos permitem coletar informações para realizar a avaliação. Todos eles compõem o que chamamos de processo avaliativo. Não se pode dizer que uma prova isoladamente constitui a avaliação. Relatórios, questionários e outras atividades dos alunos também não são considerados como avaliação. Tudo isso nos fornece meios para que se faça a avaliação, pois cada procedimento cumpre objetivos próprios (VILLAS BOAS, 2010, p. 25). Assim, por concordarmos com as afirmações apresentadas sobre os limites acerca do termo instrumentos, optamos por substituí-lo por métodos de avaliação. No entanto,ressaltamos que essa denominação não pretende abarcar a amplitude do conceito em relação às metodologias, mas a processos avaliativos diversificados e variados para se atingir um determinado fim com base nos princípios da avaliação formativa. Portanto, assumiremos essa denominação, inclusive no plural, enfatizando que não se trata de um método de avaliação, mas de vários métodos de avaliação que, no seu conjunto, podem materializar os percursos de ensino-aprendizagem, a partir do entendimento de que, na avaliação formativa, lidamos periodicamente com uma vasta diversidade de métodos avaliativos, que no seu conjunto dimensionam a totalidade e ao mesmo tempo a especificidade do trabalho pedagógico, de modo intencional e sistemático. Fernandes (2002) enfatiza que aquilo que é valorizado e avaliado na escola vai influenciar não só os resultados escolares dos alunos, mas também a sua motivação, autoconceito, hábitos de estudos e estilos de aprendizagem (FERNANDES, 2002, p. 66). Ainda segundo Fernandes (2002), é importante que sejam proporcionados aos alunos vários momentos de avaliação, multiplicando as suas oportunidades de aprendizagem e diversificando os métodos utilizados, pois, assim, permite-se que os alunos apliquem os conhecimentos que vão adquirindo, exercitem e controlem eles próprios as aprendizagens e competências a serem desenvolvidas, recebendo feedback frequente sobre as dificuldades e progressos alcançados (FERNANDES, 2002, p. 66). Os métodos podem consolidar uma prática de avaliação formativa, quando as tarefas são planejadas com o propósito de subsidiar, com dados, a análise do professor acerca do momento de aprendizagem de seus estudantes [...] em vez de fazer uma medição pontual do seu desempenho. (FERNANDES; FREITAS, 2007, p. 27-29) Villas Boas (2010, p. 26) destaca o fato de a avaliação formativa utilizar “todas as informações disponíveis sobre o aluno para assegurar sua aprendizagem”, ressaltando as possibilidades de produção e seleção de dados sobre o ensino e a aprendizagem, que podem ser obtidos por meio da interação entre professor e aluno, durante o período que trabalharem juntos.“Avaliação é aprendizagem: enquanto se aprende se avalia e enquanto se avalia se aprende” (VILLAS BOAS, 2009, p. 11). Na mesma perspectiva, Fernandes (2006) enfatiza a importância da sistematização e comprometimento com a coleta de informações acerca da aprendizagem dos alunos, com vistas à análise, reflexão, autorregulação e intervenção. Atualmente, a maioria dos especialistas considera a avaliação formativa como um processo contínuo de aprendizagem e avaliação, e não um tipo específico de avaliação que ocorre pontualmente, frequentemente por aplicação de um teste formativo. De acordo com esse entendimento, a avaliação formativa deve ser concebida com um processo ativo e intencional que envolve professores e alunos na recolha sistemática de dados sobre a aprendizagem. Isso inclui todas as atividades em que professores e alunos obtêm informações sobre como decorre a aprendizagem e os utilizam para modificar o ensino e a aprendizagem, com o desejo expresso de melhorar o desempenho dos alunos (LOPES; SILVA, 2012, p. 13). Em outras palavras, a contribuição da prática de registros e do uso dos métodos de avaliação nas teorias de avaliação formativa está na compreensão da sua natureza em relação aos objetivos propostos, aos contextos em que ocorrem, aos sujeitos envolvidos, aos limites e possibilidades apresentados. O portfólio como prática de registro Em tempos onde se privilegiam a aprendizagem colaborativa, a autonomia do aluno, os processos de autoavaliação, as atividades criativas e a parceria aluno-professor, entre outros elementos do processo de aprendizagem, não é de se estranhar que, cada vez mais, os professores usem um instrumento de avaliação denominado Portfólio. Nascimento, Ramos e Aroeira (2011) admitem que as críticas ao modelo cartesiano de ensino-aprendizagem, baseadas na fragmentação do conhecimento, possibilitaram o repensar de muitas práticas pedagógicas, inclusive aquelas relacionadas aos processos avaliativos. Nesse sentido, fica evidente a relevância do acompanhamento contínuo das aprendizagens desenvolvidas pelos alunos, o que acabou por colocar luz no Portfólio. Para essas autoras: “o portfólio é tido como um conjunto de registros, informações sobre o trabalho realizado, ou em processo de realização, sendo considerado não apenas como procedimento de avaliação, mas como eixo organizador do trabalho pedagógico.” (NASCIMENTO; RAMOS; AROEIRA, 2011, n.p) Elas destacam que o portfólio pode ser construído pelo próprio aluno, englobando todas as tarefas realizadas, o que vai contribuir, de modo significativo para os processos de autoavaliação. Assim, os alunos participam diretamente de sua avaliação, organizando os resultados de sua aprendizagem. Segundo Zílio (2010, p. 1), “a utilização dos portfólios de aprendizagem fundamentou-se na necessidade de articular a teoria e a prática da avaliação”. A autora entende que o portfólio, como prática avaliativa, potencializa a aprendizagem e, no caso de sua aplicação em curso de formação de professores, contribui para a compreensão de como pode se dar a sua transposição para as situações de ensino-aprendizagem a serem enfrentadas na vida profissional. Ela salienta que o uso do portfólio pode levar a uma mudança na concepção de avaliação: o professor deixa de ser o “examinador” e o aluno o “examinado”, pois o que prevalece é a situação de parceria, sem perda do rigor e da seriedade impostos pela complexidade dos processos avaliativos. Assim, o portfólio vai muito além da perspectiva de mero instrumento de coleta de dados sobre o desempenho dos alunos, sendo visualizado como uma oportunidade “de vivenciar reflexivamente o próprio processo de formação, permitindo identificar dificuldades, necessidades e concepções que o compõem” (ZÍLIO, 2010, p. 3). Cada portfólio é uma criação única, pelo fato de o próprio aluno selecionar as produções que incluirá. Como instrumento de avaliação, ele potencializa a formação de alunos reflexivos, daí ser muito utilizado no ensino superior, especialmente nas situações de formação de professores, ressaltam Nascimento, Ramos e Aroeira (2011). Essas autoras esclarecem que não há uma maneira específica de produzir um portfólio, o que contribui para a criatividade e liberdade de expressão do aluno. Soares (2012, p. 5) entende que o portfólio, sem dúvida, é um instrumento metodológico de avaliação. Como metodologia envolve a postura de professores e alunos comprometidos com uma prática pedagógica baseada na transformação/superação das dificuldades. Nesse sentido, há um movimento tríplice, onde verificamos: a crítica da construção do conhecimento novo; a nova síntese do plano de conhecimento; e ação em relação à nova síntese. Como instrumento, cumpre as finalidades de coleta e registro de informações, transcendendo o aspecto instrumental na medida em que fomenta a relação teoria- prática. No rastro das considerações de Villas Boas (2001), depreende-se seis princípios básicos no uso do portfólio: a) construção pelo próprio aluno; b) reflexão sobre as produções; c) criatividade discente na organização do material; d) autoavaliação do aluno; e) parceria professor-aluno e entre alunos; f) autonomia do aluno perante o trabalho. Assim, o portfólio oportuniza ao professor em formação experimentar alternativas diversificadas para refletir sobre a possibilidade de utilização futura em sua própria prática profissional. Os registros escritos constituem as principais amostras em um portfólio por serem eles os meios pelos quais se documentam os comentários do professor, do aluno e dos pais. Dessa maneira, os registros, ou seja, a comunicação escrita tem importantepapel na medida em que pode fazer a ligação entre a escola e a casa. Vale destacar, ainda, que existem uma variedade de registros escritos que podem proporcionar a comunicação entre alunos, pais e professores, mesmo quando não há possibilidades de encontros. Registros sistemáticos documentam as ações planejadas com cada aluno como possibilitam decisões de currículo e instrução (SHORES e GRACE, 2001). Os comentários do professor nas amostras de trabalhos, imagens e diários de aprendizagem dos alunos também constituem registros escritos, sendo que os principais deles são classificados por Shores e Grace (2001) como entrevistas, registros sistemáticos, registros de caso, resumo de reuniões de análise de portfólio entre alunos, professor e pai, além dos relatos narrativos. As entrevistas são momentos em que professor e aluno discutem um único assunto em profundidade. Exemplo: uma discussão do professor com o aluno sobre um livro lido pode desencadear uma ação do professor em direção ao interesse do aluno por aquele assunto. Como resultado dessa entrevista, o aluno pode ser orientado a pesquisar sobre o assunto e arquivar em seu portfólio de aprendizagem o material coletado. Durante uma reunião de análise do portfólio pode-se fazer uma revisão sobre o progresso da pesquisa. Os registros sistemáticos são breves anotações feitas pelo professor das atividades casuais específicas que documentam o progresso do educando e podem envolver um grupo de alunos conforme a atividade. Como registros sistemáticos, têm-se: • Descrição Diária – o professor registra de forma regular um aluno documentando suas mudanças de comportamento e de seus interesses; • Registros Contínuos – o professor registra cada ato de um aluno durante um período de tempo. Os registros de caso constituem anotações que o professor fez dos atos espontâneos de cada aluno ou de um grupo de alunos. São, segundo Shore e Grace, as chamadas “observações dos educandos” (2001, p. 66). Fotografias podem ser um bom instrumento para auxiliar no registro. Os resumos de reuniões de análise de portfólio consistem em uma síntese explicativa do que tratou a reunião de análise do portfólio, mediante um encontro privado entre aluno, pais e professor em que estes conversam sobre as experiências de aprendizado do aluno em um período de tempo. Por último, os relatos narrativos, que são relatos periódicos escritos pelo professor do progresso global de cada aluno, podem complementar os tradicionais boletins de notas. Existe uma infinidade de tipos de registros nas amostras de trabalho que podem compor um portfólio. Além dos mais comuns, já citados, existem ainda os que compreendem os chamados trabalhos artísticos. Observa-se que um registro pode apresentar elementos de mais de um dos tipos descritos a seguir. Os trabalhos artísticos são amostras que representam uma importante ferramenta para o processo de interdisciplinaridade, assim como para o processo de avaliação. Estes devem ter a identificação do aluno, ou seu nome completo, a data em que foi realizado e comentários do professor. Legendas em desenhos, cartas para pais e para outras pessoas, registros em diários, relatórios, histórias e livros originais são itens que podem compor o portfólio. Outros registros são interessantes tipos de amostra na medida em que podem demonstrar pensamentos, sentimentos e reflexões do aluno. Relato de uma experiência ou explicações de desenhos podem conter informações substanciais. As fotografias são excelentes na medida em que representam a imagem de uma atividade do aluno e, quando acompanhadas de breves anotações do professor, podem contribuir para análises posteriores sobre o progresso do aluno. As listagens e escalas de classificação de habilidades e conceitos são instrumentos utilizados para rápida avaliação e registro das habilidades de um aluno em um certo domínio do desenvolvimento; podem ser importantes para fomentar o pensamento do professor em relação a sua prática. Os produtos de avaliações de desempenho são resultantes de avaliação do rendimento e podem compreender resenhas ditadas de livros, demonstrações de experimentos, atividades em pequenos grupos que quando incluídas no portfólio podem ser muito informativas quanto aos produtos finais. Os diários de aprendizagem vêm a contribuir na medida em que são os registros de desempenho do aluno. Esses tipos de registro, que podem compor um portfólio, são excelentes instrumentos para que o professor realize uma avaliação do processo de ensino e aprendizagem, mediante relatos narrativos que se apresentam como instrumentos mais adequados do que listas de desenvolvimento cognitivo, socioemocional e físico ou escalas de classificação. O portfólio possibilita ao aluno participar da tomada de decisões levando-o a formular suas próprias ideias e realizar escolhas e não apenas a cumprir o que foi definido pelo professor e pela escola, servindo para vincular a avaliação ao trabalho pedagógico. Modifica-se, assim, o contexto, a avaliação deixa de ser classificatória e unilateral para se comprometer com a aprendizagem de cada aluno, onde o portfólio é uma das possibilidades de uma prática comprometida com a formação do aluno (VILLAS BOAS, 2007). Com relação a construção do portfólio, é importante ressaltar: • a orientação que o professor fará durante o caminhar do aluno frente à produção e a construção do portfólio, levando- se em consideração a idade dos educandos, o curso, o tempo para ser desenvolvido e outros; • o processo deve ser bem planejado e as famílias devem ser sempre bem informadas; • o professor precisa ser preparado para desenvolver o trabalho, por isso é preciso estudar o referencial teórico e conhecer a bibliografia sobre portfólio e as iniciativas de sucesso; • é imprescindível atentar em relação à forma de utilização do portfólio, não se trata de substituir a prova, ambos são procedimentos de avaliação, no entanto, cumprem propósitos diferentes; • trabalhar as relações desenvolvidas entre os participantes do processo de avaliação, professor e aluno, pois mudar práticas requer tempo e estabelecimento de confiança; • criar um clima favorável à construção do portfólio – a percepção do professor e do aluno em relação a esta construção deverá ser que este é um aliado do processo de ensino e aprendizagem e não como uma dificultador; • compreensão por parte de todos (escola e pais) de que o portfólio é um procedimento avaliativo de construção pelos alunos e não pelos pais, ou seja pais não devem realizar tarefas de seus filhos. Nesse sentido, há que se observar princípios norteadores que irão orientar sua construção. ✗ A construção pelo aluno possibilitando as escolhas e decisões de sua parte. ✗ A construção é realizada por meio da reflexão, assim o aluno tem a possibilidade de decidir o que incluir e ao mesmo tempo analisar sua produção, podendo refazê- las ou não (recomenda-se que todas as versões permaneçam no portfólio mesmo as que forem reconstruídas, documenta-se assim 0 processo de aprendizagem do aluno). ✗ O desenvolvimento da criatividade. O professor deverá organizar o trabalho com a turma de forma criativa, oportunizando a formulação de variadas ideias. Estes princípios conduzem o aluno a desenvolver a capacidade de avaliar seu próprio desempenho com o sentido de avançar, ou seja, requer o desenvolvimento da habilidade crítica. Esta autoavaliação auxilia o aluno a estabelecer comparação com os parâmetros que foram formulados pelo professor, a conhecer e compreender os objetivos específicos da aprendizagem e os critérios de avaliação que serão utilizados para avaliar seus trabalhos. E ainda, a reconhecer suas potencialidades e fragilidades, reagindo ao seu trabalho e fornecendo suas percepções quanto à sua aprendizagem de forma a trabalhar visandoalcançar outros objetivos. A partir das discussões realizadas durantes décadas sobre modelos de avaliação, educadores e pesquisadores insatisfeitos com as formas habituais de avaliação e aferição do desempenho dos educandos, questionando as limitações de métodos tradicionais baseados muito mais na verificação de respostas do que no acompanhamento de produções e construções do aluno que demonstrem seu desenvolvimento, optaram pelo uso de portfólios como uma valiosa ferramenta de avaliação. No que se refere a trabalhos ou produções escolares, de uma turma, disciplina ou aluno, o portfólio é um repositório que agrupa amostras de atividades e de construções, individuais e coletivas, construídas pelos alunos com as devidas anotações do professor sobre os documentos em questão. Trata-se de uma ferramenta versátil que pode ser utilizada desde a Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental e Médio e até mesmo na Educação Superior. Em alguns casos o próprio professor monta o portfólio de seus alunos, porém de modo mais participativo e ideal, deve-se contar com a contribuição dos alunos criando uma metodologia processual de arquivamento e registro das produções, respeitando- se sempre o nível de desenvolvimento do aluno segundo sua idade/ ano letivo. O portfólio pode ser considerado um elemento de comunicação, registro e reflexão sobre aprendizagens e metodologias de ensino, como destaca Smole (1996): o portfólio constitui importante elemento de comunicação entre aluno e professor, entre professor e pais, entre alunos e pais funcionando ao mesmo tempo como regulação do processo educativo e como instrumento de avaliação eficiente, uma vez que propicia uma análise contínua dos progressos individuais dos alunos. É exatamente nessa confluência comunicativa que o portfólio pode contribuir para levar o aluno a se enxergar na ação de aprender, sendo responsável por ela. Eis algumas razões a serem pontuadas como motivadoras para a utilização de portfólios como instrumento de avaliação (CARVALHO, 2007): • permite a avaliação formativa do aluno; • possibilita a reflexão por parte de todos os participantes do processo – alunos, professores, pais e gestores; • fornece suporte à continuidade do trabalho em caso de troca de professor, ou caso o aluno mude de escola; • apresenta-se como ótima ferramenta metodológica para registro do ensino e acompanhamento da aprendizagem; • propicia aos pais compreender o processo escolar por meio do acompanhamento do desenvolvimento dos filhos. A utilização de portfólio nas escolas, especialmente como instrumento de avaliação, ainda é recente. No entanto, inovações no modo de aplicação já têm sido descritas, especialmente com o uso de tecnologias de informação. Um cuidado fundamental que os professores devem tomar ao compor portfólios como ferramentas de avaliação é estar consciente de que um portfólio difere em muito de um mero agrupamento organizado de produções dos alunos. Caro(a) estudante, terminamos mais uma etapa de estudos. Espero que esta experiência, aqui, tenha sido significativa para você e que aumente seu arcabouço de conhecimento. Para complementar, oriento que assista à videoaula, à webaula, bem como acesse as dicas de leitura e de vídeos disponibilizados. De modo geral, vimos, até aqui, algumas questões pertinentes relacionadas ao campo de estudos das teorias curriculares, desde a Teoria Tradicional, passando pela Teoria Crítica e a Pós-crítica; também recordamos a importância da Base Nacional Comum Curricular, do Projeto Político Pedagógico e da Lei de Diretrizes e Bases. Outro ponto importante também observado, aqui, foi a importância de se pensar os diferentes tipos de currículos, diante da realidade multicultural do nosso país; e, por último, ainda destacamos alguns métodos avaliativos atuais, como é o caso do uso do portfólio, para uma melhor construção de uma educação cidadã. Na próxima unidade, veremos como acontece a seleção e organização dos conteúdos curriculares na escola, o currículo numa abordagem por competência, os itinerários formativos e a flexibilidade curricular. Além do portfólio, iremos conhecer outros instrumentos de avaliação e a real aplicabilidade em sala de aula. Aguardo por você! Até lá! Referências Bibliográficas ABICALIL, C.A. Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2010, Brasília. Anais [...] Brasília: MEC, 2011. p. 100-113. ANDRÉ, Marli (org.). O Papel da Pesquisa na Formação e na Prática dos Professores. Campinas SP: Papirus, 2007. CARR, Wilfred & KEMMIS, Stephen. 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Portanto, agora, aprenderemos sobre a seleção e a organização dos conteúdos curriculares na escola, sobre o currículo numa abordagem por competências, veremos os conceitos e definições sobre os projetos pedagógicos, a estruturação de um projeto pedagógico e os tipos de instrumentos de avaliação. Vamos começar? OBJETIVOS DA UNIDADE • Verificar a seleção e a organização dos conteúdos curriculares na escola. • Analisar o currículo numa abordagem por competências. • Compreender os conceitos e definições sobre os projetos pedagógicos. • Analisar a estruturação de um projeto pedagógico curricular. • Conhecer os tipos de instrumentos de avaliação. Seleção e organização dos conteúdos curriculares na escola Iremos agora conversar um pouco sobre como construir o currículo escolar, com o objetivo de torná-lo um documento orientador do trabalho em sala de aula. Para tanto, iniciaremos verificando a importância da seleção dos conteúdos que são contemplados neste importante instrumento. Vejamos! Conteúdo Segundo do Dicionário Aurélio, a palavra “conteúdo” refere-se a assuntos, dizeres de uma carta, o contido em uma caixa ou invólucro, contido. No que concerne a conteúdos curriculares, Sacristan (1996) assinala: O currículo tem que ser entendido [..] aquilo que é, na realidade, a cultura nas salas de aula, fica configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai fazer no ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a vida interna das salas de aula e os conteúdos se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação etc. Com a definição determinada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Artigo 26 confere que os currículos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter uma base nacional comum a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Antes de continuar a leitura, verifique os Artigos 26 e 27 da LDB/96, que nos mostram essa realidade. Podemos, portanto, pensar em conteúdo, de forma bem simplificada, como os conhecimentos que serão transmitidos aos alunos, observando que eles devem atender aos objetivos de cada disciplina que compõe o currículo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) completou, em 2022, 26 anos que foi sancionada, e teve uma grande importância nas transformações ocorridas desde então. A LDB/96 abriu espaço para consolidar medidas que ampliaram o acesso e melhoraram o financiamento do ensino no Brasil. Considerando que: • cada disciplina tem seus objetivos; • cabe às equipes técnico-pedagógicas orientar os professores sobre o desenvolvimento desse currículo e a como transformá-lo significativamente para os estudantes. Caberá ter conhecimento da realidade local, das características dos alunos para uma seleção desses conhecimentos que comporão o currículo em cada série/ano do processo escolar. A partir da consciência de quem são os estudantes, que estão sob nossa responsabilidade, é que podemos criar uma sequência de estudos e formas de ensinar que contemplem essa realidade. Zabala (1988) divide esse conteúdo em três grupos: • factuais/conceituais; • procedimentais; • atitudinais. Conhecer o que cada conteúdo significa e como ele se desenvolve no currículo ajudará o professor a escolher objetivos e metodologias didáticas para sua atuação. Contudo, antes de especificarmos o que cada tipologia de conteúdo abrange, será importante também lembrarmos dos quatro pilares da educação e sua relação com os conteúdos. São eles: • aprender a conhecer; • aprender a fazer; • aprender a viver juntos; aprender a ser. Esses pilares fazem parte do relatório elaborado em 1996, pela Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, da UNESCO, conhecido como Relatório Delors, em que especialistas em educação de diferentes países traçaram orientações sobre a educação mundial. Vamos ver o que cada um dos quatro pilares significa: • Aprender a conhecer: ensinar ao aluno que ele pode descobrir o saber, pesquisar e criar. • Aprender a fazer: ligada à formação profissional, às necessidades do mercado de trabalho e à capacidade em realizar o que se aprendeu. • Aprender a conviver: ligada àpercepção do outro, vida em grupo, respeito etc. • Aprender a ser: buscar desenvolver da melhor forma possível a personalidade e ensinar a agir com autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. Conteúdos factuais e conceituais Os conteúdos conceituais e factuais consistem em fatos, informações, conceitos construídos na história e na ciência. Relacionando aos quatro pilares da educação, este se relacionaria com o “aprender a conhecer”. Todo conhecimento tem bases teóricas, científicas, intelectuais, filosóficas, calculistas ou mesmo populares. Conhecer essa fundamentação desenvolve a parte cognitiva dos estudantes, fortalecendo o raciocínio, a memória e proporcionando a construção do conhecimento. Contudo, será que a palavra “conhecer” garante a aprendizagem? O fato de escutarmos um professor discorrendo sobre um assunto nos garante que realmente aprendemos? Podemos ter várias aulas de um determinado conteúdo e nempor isso aprendemos sobre ele. Quem ainda lembra de como aplicar os cálculos de química para determinar o “Ph” de algum elemento natural? São informações que, muitas vezes, possibilitam a entrada em universidades, porém, se não for realmente aprendido de forma significativa para o(a) estudante, esse conhecimento cairá no esquecimento. Nesse caso, devemos entender que esse conteúdo conceitual deveria ser explorado de forma que os alunos pudessem se posicionar diante da informação e usar esses conhecimentos para sua vida futura, no âmbito social ou profissional. Esse pensamento é reafirmado por Zabala (1988), quando o autor afirma que “na aprendizagem conceitual, os conteúdos e princípios abordados pelo professor devem ser trazidos para o mundo real das ideias, a fim de que se possa utilizá-lo para a interpretação de situações corriqueiras”. Normalmente, as escolas concentram seus esforços no ensino de conteúdos factuais e conceituais, ignorando as demais propostas de conteúdo. Essa questão pode e deve ser trabalhada como tema de formação dos professores pela equipe técnico- pedagógica. Criar espaço para reflexão com os docentes é fundamental para o aprimoramento das atividades em sala de aula. A formação permanente dos professores centrada na escola, sob responsabilidade de uma pessoa da própria escola, presume que o compromisso dos docentes na discussão dos problemas práticos que enfrentam na escola constituem o melhor modo de promover o desenvolvimento profissional.(...)Nessa perspectiva de formação permanente do professor centrada na escola, a melhora da prática profissional se baseia, por fim, na auto compreensão dos professores sobre seus papéis e tarefas. (ELLIOT, 1990, p. 244- 245) Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais Taxonomia é um termo bastante usado em diferentes áreas segundo a Wikipédia (2006), é a ciência de classificação, denominação e organização de um sistema pré- determinado e que tem como resultante um framework conceitual para discussões, análises e/ou recuperação de informação. Segundo Bloom et al., vários pesquisadores utilizaram-se dessa terminologia conceitual baseada em classificações estruturadas e orientadas para definir algumas teorias estrucionais. Duas das inúmeras vantagens de se utilizar a taxonomia no contexto educacional são: • Oferecer a base para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e utilização de estratégias diferenciadas para facilitar, avaliar e estimular o desempenho dos alunos em diferentes níveis de aquisição de conhecimento; e • Estimular os educadores a auxiliarem seus discentes, de forma estruturada e consciente, a adquirirem competências específicas a partir da percepção da necessidade de dominar habilidades mais simples (fatos) para, posteriormente, dominar as mais complexas (conceitos). A Associação Norte Americana de Psicologia (American Psycological Association), baseada no princípio e na importância de se utilizar o conceito de classificação como forma de se estruturar e organizar um processo, solicitou a alguns de seus membros, em 1948, que montassem uma “força tarefa” para discutir, definir e criar uma taxonomia dos objetivos de processos educacionais (LOMENA, 2006). Bloom et al. (1956) assumiu a liderança desse projeto e, junto com seus colaboradores definiu que o primeiro passo em direção à execução da responsabilidade a eles atribuída seria a divisão do trabalho de acordo com o domínio específico de desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor. Embora todos tenham colaborado significativamente no desenvolvimento dessa taxonomia, ela é conhecida como “taxonomia de Bloom”. Conteúdos Procedimentais Segundo o Dicionário Aurélio, o termo procedimentos pode significar comportamento, modo de atuar, ser oriundo, descender, originar-se, provir, derivar-se, obrar, instaurar, processo, entregar à justiça, principiar a fazer alguma coisa e continuá-la, comportar-se, conduzir-se, prosseguir. Na escola, os conteúdos procedimentais relacionam-se ao “saber fazer” (dos quatro pilares da educação), ou seja, direcionados à realização de algum objetivo. O procedimento coloca em prática o conhecimento adquirido. Por exemplo, o estudante aprende que é possível decantar a água através de alguns processos. O conteúdo procedimental, nesse caso, seria ele receber o material necessário para a decantação e realizar o processo. De acordo com Zabala (1998), a partir dos conteúdos procedimentais, o aluno é convidado a enxergar o caminho que o leva à construção dos conteúdos e ser um dos atores principais no processo de ensino e aprendizagem (protagonismo estudantil). Se pensarmos na educação tradicional, os conteúdos trabalhados sem diálogo e apresentados de forma fechada contemplavam apenas os conteúdos conceituais. Hoje, pensamos em motivar o aluno mostrando para ele a função daquele determinado conhecimento. É o que chamamos de contextualizar o aprendizado. Segundo os PCNs/Temas Transversais (1998, p. 204), os procedimentos merecem atenção especial uma vez que: Os conteúdos dessa natureza são aprendidos em atividades práticas. São um “como fazer” que se aprende fazendo, com orientação organizada e sistemática dos professores (...) Além disso constituem situações didáticas em que o desenvolvimento de atitudes pode ser trabalhado por meio de vivência concreta e da reflexão sobre ela. Em suma, podemos afirmar que realizar atividades práticas, além de motivar o estudante, muitas vezes, vai prepará-lo para exercer uma profissão. Por isso, possuir uma fundamentação teórica e depois colocar em prática o conhecimento adquirido faz com que o indivíduo tenha um melhor desempenho e compreensão da funcionalidade daquele conhecimento. Ainda é possível desenvolver uma aula em que o estudante é convidado a praticar antes de se fundamentar o conceito. Assim, ele poderá, junto ao professor, construir o aprendizado com base em sua experiência. Conteúdos atitudinais Os conteúdos atitudinais referem-se às aprendizagens de convivência, valores como respeito, solidariedade, humildade e outros. É aprender a viver em sociedade e aprender a se conhecer. Cada pessoa tem sua história, cultura e religião, e podemos observar diversos tipos de atitudes e julgá-las segundo a nossa “visão de mundo”, porém, para se viver em sociedade, são recomendadas atitudes que permitam a convivência e a paz, por isso, estimular o respeito entre os diferentes é fundamental. É na escola que muitas crianças iniciam o seu primeiro contato com grupos. Elas vão brincar, conversar, trabalhar juntas em uma aprendizagem, seguir normas etc. Portanto, para essa convivência, é preciso respeito e tolerância. Aprender normas e valores é, talvez, o conteúdo principal de preparação para a sociedade, ou seja, estamos falando de um indivíduo que se questiona e se reinventa conforme as condições sociais. Essa percepção não quer afirmar que, ao vivermos em grupo, precisamos aceitar tudo, mas sim que devemos ser capazes de respeitar a postura do outro e colocar as nossas de forma gentil. Saber se manifestar no mundo e sobre o mundo é condição essencial para convivência grupal. Os conteúdos atitudinais têm por objetivo o amadurecimento do estudante que vive em grupo e que deve pensar não só em si, mas também na coletividade. REFLITA Será que um professor consegue avaliar uma atitude? Avaliação depende de mensuração? É possível mensurar uma atitude? Normalmente, nesses casos, recomenda-se que, através de atividades grupais, os estudantes sejam observados sistematicamente. Mas isso não garante uma conduta social adequada, apenas verifica superficialmente a atitude do estudante dianteda convivência em determinados momentos, não garantindo que isso se reproduzirá na sociedade. Para além disso, a autoavaliação é fundamental. Realizada de forma adequada, a autoavaliação do estudante ajudará a analisar o seu comportamento mediante às situações. O currículo numa abordagem por competências Dentro da realidade escolar, já estamos cientes da importância de uma pedagogia diferenciada, que se adeque à realidade, que é constantemente dinâmica. As pessoas mudam, a sociedade muda, e a escola quer continuar a mesma. Precisamos de uma escola que evolua junto da transformação que se apresenta na sociedade. Não podemos mais ignorar que a maioria dos estudantes já carrega consigo um smartphone e que eles têm acesso a informações variadas, muitas vezes falsas (fake news), e precisam muito de orientação sobre como discernir uma informação verdadeira de uma falsa. É justamente por termos profissionais que foram educados em escolas tradicionais que eles continuam trabalhando dessa forma tradicional, impedindo que os estudantes evoluam, se integrem à realidade, aprendam com prazer e considerem a tecnologia. Moraes (2000, p.17) afirma que: Não se muda um paradigma educacional apenas colocando uma nova roupagem, camuflando velhas teorias, pintando a fachada da escola, colocando telas e telões nas salas de aula, se o aluno continua na posição de mero espectador, de simples receptor, presenciador e copiador, e se os recursos tecnológicos pouco fazem para ampliar a cognição humana. Não se muda um paradigma educacional apenas colocando uma nova roupagem, camuflando velhas teorias, pintando a fachada da escola, colocando telas e telões nas salas de aula, se o aluno continua na posição de mero espectador, de simples receptor, presenciador e copiador, e se os recursos tecnológicos pouco fazem para ampliar a cognição humana. Em relação à citação de Moraes, apresentada acima, muitas escolas possuem recursos audiovisuais, bibliotecas e laboratórios extremamente modernos, mas não usam nenhum. Tudo continua como antes. É preciso repensar as práticas acadêmicas para que atendam à sociedade atual. Como diria Einstein, “insanidade é continuar fazendo as mesmas coisas e esperar um resultado diferente”. E é justamente isso que acontece nas escolas. As reclamações dos profissionais são as mesmas, mas sua atuação também. É preciso organizar o currículo a partir de uma lógica diferenciada, na qual as disciplinas, caso fragmentadas, devem convergir, dando ao estudante a ideia das ligações existentes, já que as competências se expressam através da incorporação de conteúdo, conceitos e processos didáticos e metodológicos. A palavra competência nos leva a visualizar o conhecimento que alguém tem para realizar algum trabalho, pesquisa, julgamento, ensinamento etc. É saber mobilizar e mobilizar-se em favor de uma meta, de um desejo (MACEDO, 2005, p.78). Com a LDB 9394/96, a noção de competência no Brasil se intensifica, incentivando as escolas a formarem pessoas completas, ou seja, além da preparação para o mercado de trabalho, que tenham habilidades diversas para construir uma sociedade melhor. Para se trabalhar um currículo por competências, os estudantes precisam se apropriar verdadeiramente dos conceitos e estes devem ser usados em momentos certos para resolver as situações que a vida apresenta. A ideia é dar sentido ao conteúdo das disciplinas. O que normalmente ocorre é que o estudante recebe uma informação desagregada de um contexto e que não faz sentido para ele. Quantas vezes você ouviu um aluno perguntando para que ele precisava aprender determinado conteúdo? São incontáveis as vezes em que se pode ouvir esse questionamento dentro de uma sala de aula. Dessa forma, podemos afirmar que precisamos de um novo jeito de ensinar. O ensino precisa ser mais eficiente, estimulando o estudante a se interessar e entender para que serve. Por isso é tão importante a ideia de se trabalhar de forma contextualizada, trazendo ao aluno os conteúdos dentro das realidades em que eles vivem, e que esses conteúdos sejam trabalhados de tal forma que os prepare para resolver as situações cotidianas que enfrentam. Para se construir um currículo por competências, é preciso selecionar conhecimentos que são importantes de serem desenvolvidos com os estudantes. Deve haver uma integração entre “saber” e “saber-fazer”. Conhecer a aplicabilidade dos conhecimentos no desenvolvimento profissional é premissa para elaborar um currículo por competências. Dessa forma, para se elaborar um currículo por competências, é preciso é preciso que os alunos estejam caracterizados em sua cultura, suas dificuldades e necessidades locais. Geralmente, o currículo por competências não fugirá de ser construído com base em objetivos de ensino e de aprendizagem. Isso o leva a deslocar-se de seu objetivo principal, que seria a adequação aos princípios sociais. Mas, isso significa dizer que vamos renunciar as disciplinas e o conhecimento? Alguns temem que desenvolver competências na escola levaria a renunciar às disciplinas de ensino e apostar tudo em competências transversais e em uma formação pluri, inter ou transdisciplinar. Este temor é infundado: a questão é saber qual concepção das disciplinas escolares adotar. Em toda hipótese, as competências mobilizam conhecimentos, dos quais grande parte é e continuará sendo de ordem disciplinar [...]. (PERRENOUD, 1999, p.40) Complementando, Perrenoud ainda contribui com o entendimento da proposta curricular por competências: Para desenvolver competências é preciso, antes de tudo, trabalhar por problemas e por projetos, propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a S mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe uma pedagogia ativa, cooperativa, aberta para a cidade ou para o bairro, seja na zona urbana ou rural. Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o cerne da profissão. Ensinar, hoje deveria consistir em conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos ativos construtivistas. (PERRENOUD, 2000, n.p) Entendendo que precisamos de situações concretas para desenvolver as competências curriculares, talvez seja o caso de valorizarmos o protagonismo do(a) estudante nesse processo, a fim de que ele(a) possa, através de atividades propostas, descobrir o conhecimento. A avaliação de competência foge da mensuração de notas e passa pela busca de resultados. Segundo Dallan (2005), para se construir uma proposta curricular por competência, é preciso: • ter claro o conceito de competências; • refletir sobre como os alunos poderão desenvolver competências; • definir qual o perfil de cidadão que se pretende formar. O que significa preparar para a cidadania, saber quais as competências que traduzem essa ideia e, em consequência, quais os conteúdos curriculares que deverão contribuir para a constituição dessas competências; • tomar sempre por base as competências para selecionar os conteúdos curriculares. Como outros, essa autora lembra que uma mesma competência pode estar ancorada em vários conteúdos e que estes são meios, não fins; • definir qual é o tipo de organização curricular, podendo-se optar por temas, projetos ou problemas, integrando disciplinas ou áreas do conhecimento; • ter em mente que a interligação do conhecimento é uma das estratégias que favorecem o desenvolvimento de competências. Pensar em um currículo por competência é apenas mais um caminho entre tantos possíveis, mas é preciso que a instituição escolar esteja consciente de seus objetivos e de tudo que abarca essa estrutura. Além de que é primordial investir na formação dos professores, para que eles saibam motivar os seus alunos para encararem um novo projeto educativo. Educação Inclusiva e a Flexibilização do Currículo A inclusão de pessoas comdeficiência nas escolas tem sido um grande desafio. Devemos admitir que já tivemos uma evolução, porém, mais centrada na mobilidade e na garantia de vagas. De qualquer forma, mesmo nesses aspectos, ainda falta muito para chegarmos ao ponto ideal. Já em relação a aprendizagem, ainda surgem muitas dúvidas, e os professores precisam urgentemente de orientação. O currículo programado para uma determinada série/ano geralmente é simplificado, pensando em atender determinados alunos. E essa simplificação se resume à diminuição dos conteúdos propostos. Mas a ideia de flexibilização, nesse caso, não corresponde ao objetivo de inclusão. Incluir é oferecer as mesmas possibilidades para todos os alunos. Assim, a flexibilização curricular consistiria em diferir as estratégias pedagógicas e na adaptação de algumas complexidades. É preciso ficar claro que flexibilizar não é o mesmo que adaptar o currículo. A LDB, em seu art. 14, inciso XI, expressa que: “a organização curricular do Ensino Médio deve oferecer tempos e espaços próprios para estudos e atividades que permitam itinerários formativos opcionais diversificados, a fim de melhor responder à heterogeneidade e pluralidade de condições, múltiplos interesses e aspirações dos estudantes, com suas especificidades etárias, sociais e culturais, bem como sua fase de desenvolvimento”. (BRASIL, 1996) O artigo vem ao encontro do que é proposto pela Base Nacional Comum Curricular no seu texto relacionado ao Ensino Médio, referente à diversidade encontrada nas escolas brasileiras. Quando realizamos uma adaptação, estamos praticamente reformando alguma rota. Já a flexibilização propõe os mesmos objetivos, apenas adaptando os caminhos para atingi-los. Conceitos e definições sobre projetos pedagógicos Para iniciarmos as nossas discussões sobre os conceitos e definições acerca dos Projetos Pedagógicos, vejamos a orientação do Artigo 14 da LDB 9394/96: Art. 14, os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Segundo Vasconcellos (1995, p.143), o projeto pedagógico é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e participativa. Antes de nos aprofundarmos sobre o assunto, é preciso que fique claro que, quando falamos de Projeto Pedagógico, estamos nos referindo àquele que dará vida ao currículo e orientará os professores em vários aspectos de seu planejamento. Existem projetos escolares, também pedagógicos, que são entendidos como atividades e desafios, onde um ou mais professores podem planejar e realizar na escola. Para que fique bem clara essa diferença, vamos explicar detalhadamente. SAIBA MAIS Você sabe por que Projeto Político Pedagógico? É projeto porque reúne propostas de ação concreta para executar durante um determinado período de tempo. É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir. E é pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem. Vejamos, agora, os tipos de projetos que encontramos na escola. Projeto escolar Como professores, temos a missão de entrar em uma sala de aula e conduzir o ensino e a consequente aprendizagem de forma agradável e interessante para que os estudantes se sintam motivados a participar das atividades. Muitos aspectos referentes à metodologia e didática podem ser explorados aqui, mas como nosso foco é a prática de projeto, focaremos nesse assunto. Um projeto é uma forma de trabalhar ideias, conceitos, experiências e pesquisas através de uma situação-problema proposta pelo professor. É buscando a solução para uma situação-problema que os alunos aprendem sobre determinados assuntos. É um aprendizado através da vivência. O termo projeto é associado às diferentes acepções: intenção (propósito, objetivo, o problema a resolver); esquema (design); metodologia (planos, procedimentos, estratégias, desenvolvimento). Assim, podem ser concebidas a atividade intelectual de elaboração do projeto e as atividades múltiplas de sua realização (BOUTINET, 1990). Existem vários motivos para se trabalhar com projetos escolares, sendo um deles, por exemplo, propiciar um melhor entendimento sobre determinado assunto. Muito importante entender que fazer uso da metodologia de projetos para ensinar é mais um caminho para se atender ao currículo construído para cada escola. DICA Que tal uma dica de filme? Recomendo que você assista ao filme “A onda”, do diretor Alexander Grasshoff, em que um professor lança um desafio aos alunos para que eles entendam como é possível uma pessoa dominar uma multidão. Sugiro que você assista a versão antiga, que é mais adequada ao assunto que estamos tratando Projeto Político Pedagógico O Projeto Político Pedagógico é o documento que traduz como a escola ensinará considerando a legislação vigente, as ideias institucionais, os objetivos gerais, as concepções de educação e a caracterização da comunidade escolar. E quem constrói esse documento? Como vimos anteriormente, existe uma orientação na LDB/96 que indica a importância da gestão democrática, a partir da qual a construção dos projetos deve ser compartilhada, contando com a presença de pelo menos alguns representantes de cada segmento, para que haja uma visão real e sistêmica da realidade. Através da participação de todos os segmentos da escola, é possível entender melhor a percepção de cada parcela que a constitui, para assim construir um documento que identifique o posicionamento das partes em função do todo. Outro aspecto relevante é que é bastante comum termos a percepção de um acontecimento e concluirmos algumas questões. A isto damos o nome de inferências. Ao pensarmos em um documento tão importante, é preciso trabalhar com evidências, por isso a relevância da participação de todos. Não podemos simplesmente “achar” que alguma situação é boa ou má. Sobressalta-se a necessidade de documentos comprobatórios, ou mesmo depoimentos registrados que nos informem sobre a realidade que estamos julgando. Com documentos basilares na mão, os participantes irão se manifestar para que sejam construídas metas comuns que traduzam um caminho claro para todos os que vão trabalhar. Podemos afirmar que o PPP é a identidade da escola construída pelas ideias do coletivo. Importante reforçar que tudo deve ser construído e alicerçado em normas, regulamentos, legislação vigente, orientações curriculares e metodologias locais. Estruturação de um projeto pedagógico curricular Caro(a) estudante, como você já deve saber, existem documentos que são apenas copiados de outros anos para cumprir uma burocracia. O Projeto Político Pedagógico não foge a essa regra e isso não é positivo. Acreditando na importância da construção coletiva e fazendo com que o PPP seja um documento orientador que traduz as expectativas locais, quais passos devemos seguir para que o Projeto Político Pedagógico seja um documento norteador? Existem algumas recomendações importantes e vamos explorar essas indicações, considerando inclusive as referências orientadas pelo MEC. Antes de qualquer planejamento, é fundamental identificar para que escola o documento se destina. Observem que não é uma ação muito simples, pois exige uma pesquisa responsável, na qual será possível verificar várias vertentes. Uma questão importante é como é composta