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APG - SOI III FISIOPATOLOGIA DAS PLACAS DE ATEROMA Aterosclerose • Aumento gradual de placas de gordura (colesterol) nas paredes das artérias • Com o acúmulo no endotélio do vaso, a luz da artéria é reduzida (lúmen) e há uma diminuição no fluxo sanguíneo de forma progressiva • Quando a demanda aumenta muito (estresse ou exercício físico), o fluxo coronariano não consegue suprir, devido a obstrução existente • Quando há uma progressão grande dessa redução do fluxo sanguíneo, sem esforço (em repouso) o paciente já começara sentir os sintomas, porque o fluxo sanguíneo não é suficiente para suprir a demanda basal Fatores de risco: - LDL alto e HDL baixo - Diabetes - HAS - Sedentarismo - Obesidade - História familiar Fatores agravantes: - História familiar de doenças prematuras - Síndrome metabólica - Hipertrofia ventricular - Micro ou macro albuminúria - DRC (doença renal crônica) - Espessamento da carótida - Índice tornozelo braquial (ITB) abaixo de 0,9 - Resultado do score de cálcio coronário • Score de Frahminnham: score que faz a medição dos fatores de risco. Soma-se pontos para características de cada paciente, classificando o paciente como de risco, intermediário ou de alto risco • Há também o Score de Cálcio coronário, que é medido a partir de uma tomografia de tórax, sem contraste ou com baixíssima dose de contraste - tem por finalidade verificar a quantidade de cálcio na coronária. Se o score for maior de 100 ou estiver maior do percentil 75, o paciente terá um fator agravante. DAC • A doença arterial coronariana (DAC) é um processo de acumulação de placas de ateroma que gradualmente obstruem uma ou mais artérias coronárias epicárdicas • A doença aterosclerótica é a principal envolvida em sua patogênese, outros processos, como disfunção endotelial, doença microvascular e vasoespasmo, também podem coexistir com a doença aterosclerótica • As artérias coronarianas servem para nutrir o miocárdio, para que ele possa contrair adequadamente, de forma a distribuir o fluxo sanguíneo para todo os tecidos. O fator oferta e o fator demanda precisam estar equilibrados. • Na doença arterial coronariana, a oferta não é capaz de suprir toda a demanda, inicia-se a doença isquêmica do miocárdio. Há 5 tipos de apresentações para síndromes coronarianas crônicas: I. Pacientes com suspeita de DAC e sintomas como angina estável ou dispneia aos esforços; II. Pacientes com quadro agudo de insuficiência cardíaca e/ou disfunção ventricular esquerda e suspeita de DAC; III. Pacientes assintomáticos ou sintomáticos com sintomas estabilizados e menos de um ano de uma síndrome coronariana aguda ou revascularização do miocárdio recente; IV. Pacientes assintomáticos ou sintomáticos com sintomas estabilizados e mais de um ano de uma síndrome coronariana aguda ou revascularização do miocárdio; APG - SOI III V. Pacientes assintomáticos nos quais a doença coronariana é detectada por exames de triagem. • A DISFUNÇÃO ENDOTELIAL, ou a perda da função endotelial adequada, é uma marca registrada para as doenças vasculares, e é considerada como um evento chave no início do desenvolvimento da aterosclerose • O comprometimento da função endotelial, causando hipertensão e trombose, é frequentemente visto em pacientes com doença arterial coronariana, diabetes melito, hipertensão, hipercolesterolemia, assim como em fumantes • O perfil pró-aterogênico expresso pelas células endoteliais promove acúmulo de lipídios e lipoproteínas na íntima, e posterior recrutamento de leucócitos e plaquetas, bem como proliferação de células musculares lisas, levando à formação de estrias gordurosas • As lesões formadas na íntima e a inflamação persistente levam à descamação do endotélio, o que rompe a barreira endotelial, levando à lesão e consequente disfunção Eventos que produzem a aterosclerose: a. Z - Há a formação de coágulos, podendo levar infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico b. Quando ela se rompe passa de uma lesão estável a uma lesão instável, possibilitando que os núcleos de lipídeos se misturem ao sangue, causando quadros de trombose e oclusão, porque ativam as plaquetas e fatores de coagulação c. O trombo pode progredir/evoluir, pode crescer cada vez mais, incorporando mais plaquetas e fatores e, por fim, resultando infarto do miocárdio, com o completo bloqueio do vaso ou ser contido por uma recobertura de células endoteliais, que também proporciona um estreitamento do vaso. Resumindo: lesão endotelial -> acúmulo endotelial -> adesão plaquetária -> adesão de monócitos ao endotélio -> acúmulo de lipídeos -> recrutamento de células musculares lisas devido aos fatores liberados -> proliferação de células musculares lisas e produção de MEC (matriz extracelular) - o LDL colesterol não é ruim, apenas o LDL oxidado - Túnica média: células musculares lisas - Túnica adventícia: vasovasorum Trombos e coágulos • A trombose é processo da coagulação do sangue no interior do sistema circulatório do indivíduo vivo. O trombo é o próprio coágulo de sangue, a próprio estrutura • Tríade de Virchow: possui 3 fatores - Lesão endotelial - Alteração do fluxo sanguíneo: o normal é laminar, as plaquetas se deslocando no centro do vaso e as hemácias adjacentes à parede. - uma alteração é o aumento da velocidade do fluxo sanguíneo, podendo tornar o fluxo turbulento, formando correntes circulares contrárias ao fluxo que batem nas paredes, causando lesão endotelial, liberação de fator tecidual e pró-coagulantes, iniciando um processo trombótico - diminuição da velocidade do fluxo: ex aumento da viscosidade sanguínea (eitrocitose - aumento da quantidade de hemácias circulantes) - Hipercoagulo do sangue: alterações nos fatores da coagulação causam tendência para aumentar trombos • Trombose morfologia: - aspectos estriados (estrias de Zahn) - devido o depósito em camadas de fibrinas e plaquetas, alternadas com hemácias - o trombo fica “grudado” na superfície do coração, o que o diferencia de um coágulo pós-óbito (não fica aderido, fora do sistema circulatório, aspecto mais gelatinoso) • Coloração: - vermelho: geralmente encontrado em veias; composto por hemácias e fibrinas - branco: encontrado em artérias; composto por plaquetas e fibrinas - hialino: encontrado em arteríolas e vênulas; composto basicamente por fibrinas Destinos dos trombos - Crescimento/propagação - Embolização - Dissolução (se desmanchar, processo fibrinolítico - ex: pela TPA); existem drogas que atuam na fibrinólise do trombo - Organização/recanalização (formação de microcanais no trombo, para possibilitar a passagem de sangue) Pode ser causado por: traumas, neoplasias • Fator tecidual: ativa a via extrínseca da cascata de coagulação EMBOLIA • Presença de corpo solto sólido, líquido ou gasoso na circulação • O embolo pode causar obstrução vascular, levando a um processo de isquemia e necrose • Podem ser de origens de veias demorais ou do átrio e ventrículo direito • Embolia pulmonar: - Êmbolos grandes: associado, principalmente, a casos de morte súbita (cor pulmonale); normalmente em pacientes acamados - Êmbolos médios: na maior ia das vezes é assintomático, nos casos de ICC pode haver uma hipóxia resultante da fixação do êmbolo - Êmbolos pequenos: vai obstruindo gradualmente, podendo levar à morte súbita • Embolia gasosa: pode ocorrer, por exemplo, ao realizar uma punção, durante um trauma, infusão de substâncias, cirurgias e principalmente em descompressão (doença do caixão: necrose devido à presença do êmbolo, que obstruiu o vaso) • Embolia líquida: - por gordura líquida: traumas graves e pode ser consequênciade uma lipoaspiração APG - SOI III - líquido amniótico: 10%; • Embolia neoplásica Exame físico • O exame físico é usualmente normal nos pacientes com doença coronariana crônica • Na vigência de dor, pode-se detectar a presença de terceira ou quarta bulha, sopro de regurgitação mitral e estertoração pulmonar bibasal, indicando achados sugestivos e preditores de DAC • Achados de aterosclerose em outros territórios, como pulsos pediosos reduzidos e endurecimento arterial, aumentam a probabilidade de DAC • HAS elevada, xantomas e exsudatos retinianos, apontam para a presença de fatores de risco para DAC. ANGINA ESTÁVEL E INSTÁVEL (fisiopatologia, manifestações clínicas e exames) • Dor no peito causada pela diminuição do fluxo sanguíneo no coração (isquemia) • Não é um doença, porém é relacionada com outras confeições que provocam obstrução nas artérias coronárias responsáveis por levar sangue ao coração • Causada pelo estreitamento das artérias que conduzem sangue ao coração (a limitação de irrigação sanguínea provoca deficiência no suprimento de nutrientes e de oxigênio no órgão) • A dor é um sinal que o coração está recebendo menos sangue do que precisa • A dor da angina pode ser agravada pelo estresse emocional, estômago cheio e exposição a baixas temperaturas Angina Estável • Forma mais comum de angina • Ocorre por aumento súbito do trabalho cardíaco • Dor ou desconforto no tórax ou regiões adjacentes (mandíbula, ombro, membros superiores, dorso e epigástrio) • Normalmente é desencadeada ou agravada por atividade física ou estresse emocional e atenuada com o repouso e uso de nitroglicerina e derivados. • Sensação de sufocamento, queimação, opressão e peso • Normalmente não está associadas à ruptura de placas • O episódio de angina dura alguns minutos após a adoção das medidas de alívio • Geralmente é aliviada pelo repouso (que diminui a demanda) ou pela administração de vasodilatadores, como nitroglicerina ou BCC (que aumentam a perfusão) • Causada pela necessidade de aumento da demanda metabólica, fatores que influenciam: aumento da FC, da HAS sistólica, da tensão da parede miocárdica e da contratilidade miocárdica • Causada pela necessidade do aumento do suprimento sanguíneo, fatores que influenciam: aumento da resistência da artéria coronariana, do fluxo sanguíneo colateral, da pressão de perfusão e da FC Classificação • Dor tipo A - angina típica (definitiva), aquela que apresenta dor ou desconforto retroesternal - desencadeada por exercício ou estresse emocional - alívio com repouso ou uso de nitroglicerina • Dor tipo B - angina atípica (provavelmente anginosa), aquela que ocorre somente com dois dos fatores anteriores • Dor tipo C - dor provavelmente não anginosa - dor atípica com poucas características da dor típica, porém que não se pode afirmar com certeza ser doença coronariana • Dor tipo D - dor torácica não cardíaca, aquela com um ou nenhum dos fatores acima Graduação • Classe I: assintomático ou angina aos esforços intensos, prolongados ou rápidos, como atividades esportivas • Classe II: pequenas limitações com atividade física usual, aos esforços extra habituais • Classe III: limitações aos esforços habituais • Classe IV: em repouso ou aos mínimos esforços, inabilidade de fazer qualquer atividade física sem desconforto ou apresentar angina em repouso Angina Instável • Possui duração maior • Desencadeada por esforços menores ou até mesmo em repouso • Pode persistir por mais de 10 minutos, podendo chegar a 20 minutos • Na maioria dos pacientes é causada por rupturas de placas, resultando em trombose e vasoconstrição e leva à reduções graves, mas transitórias, do fluxo sanguíneo coronariano • Dor intensa, surge rapidamente e tem caráter intermitente, podendo ser progressiva (cada vez mais prolongada e/ou frequente) • Não é aliviada com repouso ou nitrato • Geralmente precede o infarto do miocárdio Classificação 1. Angina em repouso: normalmente com duração maior que 20 minutos e ocorrendo a cerca de 1 semana 2. Angina de aparecimento: n9 mínimo gravidade CSS III e com início há 2 semanas 3. Angina em crescendo: angina prev iamente diagnosticada, que se apresenta mais frequente, com episódios de mais duração ou com limiar menor Causas - bloqueio temporário na circulação sanguínea que irriga o músculo do coração (geralmente ocasionados por coágulos sanguíneos capazes de se dissolver) Sintomas - pressão ou dor no tórax, que irradia para o braço esquerdo, para as costas, maxilar oi pescoço - sudorese, falta de ar, náuseas e vômitos Exames Exames laboratoriais APG - SOI III • Avaliação bioquímica como forma de identificar fatores de risco e agravantes para DAC são recomendados, como: - perfil lipídico - creatinina - glicemia de jejum - hemoglobina glicada Obs: apesar de não possuir valor diagnóstico, o hemograma é útil, uma vez que a anemia pode piorar os sintomas Eletrocardiograma de repouso • Pode apresentar alterações de repolarização, como inversão de onda T ou infradesnivelamento de segmento ST, além de presença de onda Q patológica (área eletr icamente inat iva) . Essas alterações estão relacionadas com presença de isquemia miocárdica, entretanto, um exame normal não exclui a presença de obstrução coronária Radiografia de tórax • Primeira modalidade de imagem realizada nos pacientes com dor torácica • Finalidade de diagnóstico diferencial da angina, podendo demonstrar pneumotórax, pneumomediastino, fraturas de costela e infecções agudas Ecocardiograma de repouso • Importante tanto para elucidação diagnóstica quanto para avaliação do prognóstico, pois possibilita avaliação da função sistólica e diastólica, alterações da motilidade ventricular, das valvas cardíacas e do pericárdio Teste ergométrico • Possui sensibilidade de 68% e especificidade de 77% estimadas • Baseia-se na avaliação eletrocardiográfica durante a realização de exercício físico • Alterações no ECG de repouso, como bloqueio de ramo esquerdo, sobrecarga ventricular esquerda, pré-excitação ventricular e ritmo de marca-passo diminuem o rendimento do exame por comprometer a interpretação do ECG • São considerados achados positivos: ocorrência de angina durante o teste e infradesnivelamento do segmento ST > 1 mm em morfologias horizontal e descendente; • São achados associados a alto risco de eventos coronarianos: - aparecimento de Infra ST > 2 mm com baixa carga de esforço ou sua persistência na fase de recuperação; - aparecimento de taquicardias ventriculares (TV/FV) durante o exercício; - a queda da pressão arterial ou não progressão da frequência cardíaca durante o exercício e o aparecimento de supra de ST. Cintilografia de perfusão miocárdica • Possui sensibilidade de 88% e especificidade de 72% estimadas • Pode ser realizada com estresse físico ou farmacológico • O uso do radiofármaco ou a realização de exercícios produzem vasodilatação coronariana e, dessa forma, hiperfluxo • Em regiões com obstrução epicárdica e perfusão prejudicada, há pouca perfusão do radiofármaco administrado • Regiões com necrose miocárdica mostram-se com hipocaptação persistente também no repouso, sem modificação durante o estresse • É possível verificar viabilidade em áreas de necrose com o uso do radioisótopo tálio em sua leitura tardia • Achados associados a alto risco de eventos coronarianos: - Anormalidades perfusionais no repousoenvolvendo mais de 10% do miocárdio, sem infarto prévio conhecido - Anormalidades de perfusão induzidas pelo estresse envolvendo mais de 10% do miocárdio ou múltiplos territórios vasculares - Disfunção grave do VE induzida por estresse (< 45% no pico do estresse ou queda > 10% no estresse) - Dilatação do VE induzida por estresse Ecocardiograma com estresse • Possui sensibilidade de 81% e especificidade de 87% estimadas • Pode ser realizado com exercício ou estresse farmacológico com dobutamina • Permite detecção e quantificação de isquemia regional através da identificação de alteração da motilidade nas paredes do ventrículo esquerdo • Imagens adequadas podem ser obtidas em mais de 85% dos pacientes e o teste é altamente reprodutível • Achados associados a alto risco de eventos coronarianos: - Disfunção ventricular grave do VE (< 35%) em repouso não explicada por doenças não coronarianas - Dismotilidade induzida pelo estresse envolvendo mais de dois segmentos da parede do VE ou territórios de leitos coronarianos - Dismotilidade desenvolvida com baixas doses de dobutamina (< 10 mg/kg/minuto) ou com baixa frequência cardíaca (< 120 bpm) Angiotomografia de artérias coronárias e medida de escore de cálcio • Possui sensibilidade de 87% e especificidade de 91% estimadas • É um estudo da anatomia das artérias coronarianas sem avaliação de funcionalidade ou isquemia • Apesar de não invasiva, necessita de radiação e da infusão de contraste iodado • A avaliação do escore de cálcio define o risco de DAC com alto valor preditivo negativo • Há a possibil idade da realização exclusiva da quantificação do escore de cálcio. Nessas situações, não há necessidade do uso de contraste iodado • Trata-se de um exame com alto valor preditivo negativo, sendo muito seguro ao excluir doença arterial coronariana em pacientes com intermediário ou baixo risco • Vem se tornando um exame muito solicitado devido às suas características, entretanto seu alto custo deve ser APG - SOI III levado em conta, uma vez que não mostrou reduzir mortalidade na doença quando comparada com os testes que envolvem esforço • São achados associados a alto risco de eventos coronarianos: - Escore de cálcio > 400 Agatston; - Doença obstrutiva (estenose > 70%) multivascular ou lesão obstrutiva do tronco da coronária esquerda > 50% Ressonância magnética cardíaca • Pode ser usada tanto para avaliação de alterações estruturais quanto para avaliação de isquemia (durante estresse farmacológico) e viabilidade miocárdica, pela análise do realce tardio • Utiliza-se o gadolínio como contraste REFERÊNCIAS: • FILHO, Geraldo B. Bogliolo - Patologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. • PORTH, C.M.; MATFIN,G. Fisiopatologia. 8a ed. Guanabara Koogan, 2010. • César LAM, Mansur AP, Armaganijan D, et al. Diretrizes de doença coronariana crônica e angina estável. Arq Bras Cardiol. 2004; 83(Suppl. 2):2-43.
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