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11- Hepatite Causas de hepatites crônicas Hepatite autoimune Lesão hepática induzida por drogas ou toxinas Lesão hepática induzida pelo álcool Hepatites virais B, C e D Doenças metabólicas o Deficiência de alta-1-antitripsina o Doença de Wilson o Hemocromatose Distúrbios vasculares: o Insuficiência cardíaca direita crônica -> levando à hipertensão portal o Síndrome de Budd-Chiari Cirrose biliar: o Cirrose biliar primária o Cirrose biliar secundária a obstrução crônica o Colangite esclerosante primária Atresia biliar Insuficiência congênita de ductos intra-hepáticos (Síndrome de Alagille) Cirrose criptogênica (causa desconhecida) Epidemiologia de hepatites virais Mortalidade o A mortalidade da hepatite A é praticamente zero o A mortalidade na fase aguda da hepatite B é uma mortalidade relativamente pequena, mas ela tende a aumentar quando o paciente tem cirrose ou carcinoma hepatocelular (que evoluiu a partir dessa hepatite B) o Não tem muitos dados da fase aguda da hepatite C, mas a mortalidade aumenta com a cronicidade por estar relacionada à cirrose e carcinoma hepatocelular (mas ainda é mais baixa do que a mortalidade da hepatite B) o A hepatite E (pequenos focos na Amazonia), não tende a ter cronicidade, por isso tem uma baixa mortalidade, porém, causa uma mortalidade maior nas gestantes (mortalidade maior do que a hepatite A, mas ainda é muito baixa) Transmissão por injeção (instrumentos não esterilizados): reuso de instrumentos -> principalmente a transmissão de hepatite B, C e E (drogas injetáveis) → OBS: Os vírus hepatotróficos não destroem os hepatócitos, quem destrói é a atividade inflamatória, mediada principalmente por TCD8 e TCD4, elas agridem o hepatócito que tem o vírus no seu interior Hepatite A Vírus RNA Transmissão feco-oral -> crianças são as que mais se contaminam o As vezes tem alguns focos microepidérmicos dentro de creches, escolas, no exercito e ambientes fechados onde convivem muitas pessoas Incubação: 2-6 semanas o Cursa com quadro agudo Clinica de náuseas, vômitos, indisposição, icterícia, mas de forma geral são assintomáticos, por isso não são detectados muito bem Estado de portador (tira o contato e continua com vírus), hepatite crônica e carcinoma hepatocelular: NÃO Hepatite fulminante: raro Gráfico: o HAV fecal é o primeiro que aparece - > identificação do vírus nas fezes o Depois de algumas semanas ele cai e com ele caindo sobe o anticorpo total anti-HAV, marcando e conferindo a imunidade permanente o Na fase aguda, quando começa a cair a replicação viral (detecta pouco vírus nas fezes), pode ter a sintomatologia, apesar de ser infrequente o IgM cai pq sai da fase aguda e persiste anticorpo IgG (confere imunidade permanente) Quem teve hepatite A dificilmente terá de novo Hepatite B Vírus DNA Transmissão por sangue (Seringas contaminadas, transfusão de sangue), fluidos e vertical (mãe para o feto ao longo da vida intra-uterina -> faz sorologia no pré-natal para hepatite B, quando a criança se contamina de forma vertical ela tem uma alta probabilidade de desenvolver uma hepatite crônica) Incubação: 2 a 26 semanas É uma DST Estado portador? SIM -> individuo evolui para uma hepatite crônica e vai portar o vírus (paciente quase não tem sintomas, mas tem o vírus = inflamação baixíssima) Hepatite crônica? SIM Carcinoma hepatocelular? SIM Hepatite fulminante? Sim Epidemiologia: o 2 bilhões de infectados pelo HVB no mundo o 240 milhões de portadores crônicos (4 a 6% da população mundial) -> problema de saúde publica o 600.000 mortes anuais -> por causa de complicações o 55% dos casos de câncer hepático -> evolução ao longo dos anos nos pacientes com hepatite crônica o A prevalência é muito heterogenia na sua distribuição ao redor do mundo Estrutura do vírus o Capsula/ envelope viral: local onde tem o antígeno HBs (HBsAg – antígeno de superfície) -> essa capsula que faz com que tenha as partículas que vão ser utilizadas para fazer a vacina (anti- HBS) o Área central (Core): local onde se tem outro antígeno HBcAg (indica o contato com o vírus) e o antígeno HBeAg (indica a replicação viral) o DNA viral: pode ser detectado na circulação, principalmente para saber replicação e carga viral o DNA polimerase: bem menos frequente e bem menos investigada o Núcleo: antígeno HBeAg Evolução da infecção pelo vírus B o A partir da infecção aguda: A maioria (60-65%) evolui para doença subclínica (sem sintomas) e desses, praticamente 100% evoluem para cura Uma porção menor (20-25%) evolui para hepatite aguda (acolia fecal, coluria, icterícia, náuseas, vômitos, apatia) e desses, praticamente todos evoluem para a cura, mas uma parcela bem pequena (menos de 1%) evoluem para hepatite fulminante e morte Uma parcela menor (5 a 10%) a partir da infecção aguda não tem sintomatologia e permanece em um estado de portador (tem o vírus mas não tem nenhuma manifestação clinica e sem repercussões), é um paciente imunotolerante Uma pequena parcela (4%) evolui para infecção crônica, vai ter manifestações de lesões hepáticas, inflamações importantes (imunorreativos), uma boa parte (20-30%) se mantém nesse contexto e evolui para cirrose, uma porção menor pode se recuperar e evoluir para cura (é bem mais difícil) e uma outra parcela pode evoluir para carcinoma hepatocelular e dele para a morte, além disso, o paciente com cirrose também pode evoluir para carcinoma hepatocelular Anti-AGHBs: marca de quem teve hepatite viral em não pode ter AgHBs pq se não não está curado AgHBc -> mostrar que teve contato com o vírus (aguda ou crônica) AgHBe -> replicação viral DNA-HBV -> marcador de infecção e de fase aguda da doença Anti-Hbs: antisurperficie Anti-HBc Vacinação tem anti-HBs e não tem o anti-HBc Anti HBc = pessoa teve hepatite Gráfico A: hepatite aguda que evolui para cura o Depois de alguma semanas (período de incubação), começa a ter aumento de alguns antígenos (AgHBs, AgHBe e DNA-HBV) -> AgHBe e DNA-HBV representam taxas de replicação, quanto mais aumentados, maior a replicação na circulação o Após algumas semanas o paciente pode ter a sintomatologia icterícia, coluria, acolia fecal, febre, náuseas, vômitos o Precocemente já começa a aumentar os anticorpos anti-HBc, tanto o total quando o IgM - > eles aumentam conforme a replicação viral começa a diminuir Anti-HBc IgM começa a cair e anti-HBc IgG se mantem alto o Quando está com uma replicação baixa começa a subir o anti-HBs (anticorpo que confere a imunidade contra a hepatite B) Anti-HBs como a elevar no fim o Tende a ter, permanentemente o anti-HBc total (principalmente o IgG) o O anti-HBe começa a surgir mais tardiamente e logo desaparece -> não serve para marcação de imunidade Gráfico B: hepatite aguda que tende a cronicidade: o A partir de 6 meses do inicio do quadro o A taxa de AgHBs é mantida (ele é o grande marcador da hepatite crônica, se ele está presente na circulação depois de 6 meses o paciente evoluiu para uma hepatite crônica) o O AgHBe e o DNA viral são muito variáveis, pode ter uma fase de franca proliferação do vírus então os seus níveis estão maiores, e uma fase de menor replicação e seus níveis estão menores o Tem o aumento do anticorpo anti-HBc total o Não tem aumento do anti-HBs, paciente não faz a soroconversão OBS: é anti-HBs que garante a proteção o Pode ter a manutenção do anti-HBe Interpretação dos marcadores sorológicos Hepatite vírus C Vírus RNA Incubação: 7-8 semanas Transmissão parenteral (transfusão, usuário de droga injetável, manicure/pedicure com material não esterilizado, tatuagem e piercing em locais inadequados), contato intimo (DST – mais difícil) -> tudo que tem contato com sangue o Sexual: homossexuais masculinos e com múltiplos parceiros Estado de portador? SIM Hepatitecrônica? SIM Carcinoma hepatocelular? SIM (um pouco menos que hepatite B) Hepatite fulminante? Sim -> pode ter mas mais raro pois a fase aguda da hepatite C é quase imperceptível Existem aproximadamente 9 genótipos e mais de 80 subtipos do vírus C -> o genótipo 1 e o subtipo 1b é o mais agressivo e o mais resistente aos tratamentos antirretrovirais Não existe vacina para a hepatite C pois ele é um vírus altamente mutante (não tem como fazer vacina para 80 subtipos) o NÃO CONFERE IMUNIDADE -> RNA POLIMERASE DO VÍRUS É MUITO INSTÁVEL Uma tendencia uniforme entre as regiões do globo Evolução da infecção pelo virus C: o A partir da infecção aguda: Uma pequena parcela (15%) evolui para resolução e cura Uma parcela muito pequena evolui para hepatite fulminante A grande maioria evolui para hepatite crônica, desses, 80% ficam com a doença estável ao longo do tempo, os outros 20% evoluem para cirrose Dos que evoluíram para cirrose, 50% permanecem com cirrose estável e 50% evoluem para insuficiência hepática morte, tendo uma parcela que evolui para carcinoma hepatocelular (5%) e desse para morte Gráfico A: cura na fase aguda o Fase aguda da replicação viral, o RNA sobe e depois cai o Sobe o anti-HCV total, porém, isso não confere imunidade permanente, principalmente por ele ter uma alta taxa mutacional o Marcador de infecção/ contato: anti-HCV -> não dá pra saber se está curado o HCV-RNA Gráfico B: fase crônica da doença o Tem a fase aguda, o RNA sobe e desce, depois disso, como não se curou, fica caindo e subindo a replicação -> picos de replicação ao longo da vida do individuo o Conforme a replicação aumenta o paciente pode ter sintomas (paciente pode ter sintomas nos picos) -> é o momento que tem atividade inflamatória hepática, destruição do hepatócito e vai piorando cada vez mais com o tempo e evoluindo para fibrose e cirrose o Quando tem sintomas são icterícia e outros sintomas gerais de hepatite, mas na maior parte das vezes eles não apresentam sintomas Hepatite vírus delta Vírus de RNA Só pega se já tiver contato com B pode ser as duas juntas tbm (coinfecção) Incubação: 4-7 semanas Transmissão parenteral e contato íntimo Estado de portador? Sim Hepatite cronica? Sim Hepatocarcinoma? Não Hepatite fulminante? Sim Principalmente na Itália, Oriente Médio e África Nos EUA está relacionada com drogas injetáveis No Brasil essa taxa de infecção pelo virus delta é muito baixa Evolução da infecção pela hepatite delta: o Ela precisa do virus B para gerar a infecção, por isso pode ter uma coinfecção (HVD e HBV) ou uma superinfecção (já tem a hepatite B e se infecta com o virus da hepatite delta) o Coinfecção: cursa como a hepatite B 3-4% evolui para hepatite fulminante e morte 90% evolui para cura Uma pequena parcela evolui para hepatite cronica e daí para cirrose o Superinfecção: acompanha o que já está acontecendo com o individuo 7-10% evolui para hepatite fulminante e morte 10-15% pode ter uma agudização do quadro 80% evolui para cronicidade e para cirrose Evolução das hepatites Infecção assintomática Hepatite aguda (icterícia ou anictérica) Hepatite fulminante Portador assintomático Hepatite crônica Cirrose Carcinoma hepatocelular Hepatite autoimune Caracterização classica: inflamação intensa, hipergamaglobulinemia e autoanticorpos circulantes Pode ser: o Assintomática (poucos os casos) o Aguda o Fulminante o Cirrose (maioria) Classificada em tipo I e tipo II o Tipo 1 80% em adultos (70% mulheres) Anticorpos antimúsculo liso ou antinúcleo de hepatócito -> agridem a célula, promovem uma resposta plasmocitária e acaba tendo uma destruição dos hepatócitos Geralmente os pacientes que apresentam essa autoimunidade, apresentam outras também como Tireoidite de Hashimoto, Doença de Graves, Colite Ulcerativa 50% evoluem para cirrose Resposta interessante a imunossupressão o Tipo 2 Predominante em crianças (2-14 anos) Doença aguda mais frequente (hepatite fulminante) Anticorpos antimicrossomos do figado e rim Relacionados a outras doenças da autoimunidade como Vitiligo, tireoidite, DM tipo 1 Cirrose em 80% dos casos Baixa resposta a imunossupressão -> favorece a progressão para cirrose Paciente tem um quadro clínico de hepatite -> afastar todas as causas virais, todas as causa relacionadas a drogas, outras causas genéticas e poliposas, sempre tem que pensar na hematite autoimune Precisa do tratamento imunossupressor pois se não tratar precocemente é muito fácil o paciente evoluir para cirrose Histopatologia das hepatites Indicação de biópsia: Hepatite cronica B e C -> ver o que aconteceu ou o que está acontecendo com aquele figado Cirrose biliar primária Hepatite auto-imune -> estágio da hepatite Esteatohepatite não alcoólica Colangite esclerosante primária Hemocromatose Nódulos com suspeitos de tumores Transplantes (resposta de rejeição) O risco da biopsia hepática é muito baixo, mas é necessário avaliar toda a situação do paciente, principalmente nas doenças hepáticas que levam a um disturbio da produção de anti-coagulantes (precisa ter cuidado se não o paciente pode ter um sangramento intenso) A biopsia é realizada via percutanea ou laparoscópica Arquitetura histológica hepático Lóbulo hepático Dentro do lóbulo está presente o ácino O ácino é composto por zonas o Zona 3: mais perto da veia centro lobular o Zona 2: região mais parenquimatosa o Zona 1: mais proximo ao espaço porta Trabeculas de hepatocitos Toda a ramificação venosa e arterial -> espaço porta, sinusoides e veia centrolobular Analise na biopsia (microscopia): o A estrutura deve ser analisada, ou seja, ver se ela está preservada ou não o Onde está a inflamação (de acordo com as zonas), se ela está no parenquima, no espaço porta ou no espaço peri-portal o A atividade da inflamação, quanto ela está destruindo os hepatócitos Ao redor do espaço porta tem uma placa de hepatócitos chamada de placa limitante ou zona limitante, é uma rede de hepatócitos que parece que contem a estrutura do espaço porta, é algo virtual mas é importante pois a hepatite viral, principalmente pelo virus C, é feita a graduação da hepatite de acordo com a agressão desses hepatocitos (agregados linfocitários no espaço portal que vão destruindo essa placa limitante, por uma agressão direta ocorre uma necrose desses hepatocitos que vai progredindo e destruindo toda essa região), conforme vai tendo a destruição, tem a substituição por tecido conjuntivo (colágeno), evoluindo depois para uma fibrose e cirrose hepática Marca clássica da biópsia Hepatite aguda: o Infiltrado inflamatório no espaço portal, geralmente pequeno, a não ser que seja uma hepatite evoluindo para fulminante o Atividade inflamatória ao nível do parênquima hepático o Balonização: acumulo de agua (degeneração hidrofica) o Apoptose de hepatócitos o Esteatose (hepatite C) o Colestase intra-hepática: se tem destruição e inflamação tende a parar o conteúdo dos ductos biliares Hepatite crônica: o Franca expansão do espaço porta as custas de colágeno que vai evoluindo por causa de uma destruição da zona limitante o Formação de pontes de colágeno que vão unir espaço porta e veia centro-lobular, espaço porta e outro espaço porta -> evoluindo para cirrose futuramente o Atividade inflamatória no parênquima o Linfócitos no parênquima o Apoptose de hepatócitos o Hepatite B: hepatócito em vidro fosco -> acumulo de muito antigeno (AgHBs no citoplasma), conferindo esses aspecto OBS: Atividade inflamatória mais intensa= destruição da placa limitante ao redor do espaço porto Estadiamento histopatológico Importante para o tratamento da hepatite Alterações estruturais o 0: arquitetura lobular normal o 1: expansão fibrosa de espaçosporta o 2: expansão fibrosa portal com septos porta- porta o 3: preservação apenas parcial da arquitetura lobular, com septos porta-porta e porta-centro, com esboço de nódulos o 4: cirrose (nódulos delineados) -> alteração estrutural máxima Infiltrado inflamatório portal/septal o 0: raros linfócitos portais o 1: aumento discreto do numero de linfócitos portais o 2: aumento moderado do numero de linfócitos portais o 3: aumento acentuado do numero de linfócitos portais o 4: aumento muito acentuado do numero de linfócitos portais Atividade periportal/perisseptal: o 0: ausência de lesões na interface espaço-porta/parênquima o 1: extravasamento de linfócitos para a interface (spill-over) o 2: necrose em saca-bocados discreta (pequenas áreas em poucos espaços porta) o 3: necrose em saca-bocados moderada (extensas áreas em poucos espaços porta ou pequenos focos em muitos espaços porta) o 4: necrose em saca-bocados em extensas áreas de muitos espaços porta) Atividade parenquimatosa: atividade inflamatória na zona 2 o 0: hepatócitos normais o 1: alterações discretas de hepatócitos, incluindo tumefação celular ou acidofilia, eventualmente acompanhada de infiltrado linfo-histocitário e raros focos de necrose o 2: necrose focal de hepatócitos circundados por agregados linfo-histiocitários em numerosos sítios o 3: necrose focal de hepatócitos circundados por agregados linfo-histiocitários em numerosos sítios, associada a áreas limitadas de necrose confluente o 4: necrose focal de hepatócitos circundados por agregados linfo-histiocitários em numerosos sítios, associada a áreas de necrose confluente extensa/múltipla Classificação METAVIR Classificação feita a partir da biópsia hepática Se tiver fibrose F1 já começa com tratamento antiretroviral Hepatite fulminante 1% das hepatites virais agudas (raras) 70% fatal Hepatite fulminante: encefalopatia hepatica nas duas primeiras semanas após inicio de icterícia (shunt porta-sistemico Hepatite subfulminante: encefalopatia entre a 2ª e a 12ª semana Faz encefalopatia hepática pois tem grande destruição de hepatócitos, principalmente da zona2, e faz shunts porta-sistemicos, ou seja, o sangue vem do intestino pelo sistema porta e, ao inves de fazer seu caminho pelos sinusoides e trocas com os hepatócitos, faz uma comunicação direta da veia porta com a veia centrolobular e, a partir daí, cai na veia cava inferior e na circulação sistemica, dessa forma, todo conteudo que é absorvido no intestino cai na circulação sem ser metabolizado, principalmente a amonia (o mais importante na encefalopatia hepática) A amonia leva a uma agressão dos neuronios e leva a estados de irritabilidade, convulsão, confusão mental, alterações periféricas como flapping e até o coma Histologia: o Necrose acinar ou multiacinar o Necrose maciça o Necrose submaciça (necrose em ponte) associada a áreas de regeneração 12- Cirrose Dados importantes: Lesão parenquimatosa e fibrosa difusa Nodularidade: pré-requisito (atividade regenerativa hepatocitaria e cicatriz) Fibrose: geralmente irreversível (antes da cirrose, se tirar o causador, ela pode ser reversível por remodelação do colágeno, podendo ser degradado por metaloproteinases) Arquitetura vascular reorganizada devido a fibrosea (interconexões anormais – shunts entre o sistema porta e o sistema da veia hepática) Classificação etiológica Alcoolismo crônico: 60-70% Hepatite viral: 10% Doenças biliares: 5-10% (doenças da auto-imunidade ou atresia) Hemocromatose: 5% Doença de Wilson (genética por deposito de cobre): rara Deficiência de alfa1-antitripsina (doença genética): rara Criptogênica (sem causa definida): 10-15% Esteatohepatite não alcóolica (obesidade) Cirrose alcoólica: História natural: Ingestão do álcool A marca inicial é a esteatose e ela leva aos estados inflamatórios e depois até a cirrose Se tirar a ingestão do álcool enquanto o fígado só tem esteatose ele pode voltar ao normal Se continuar a ingestão de álcool a esteatose continua evoluindo e estimula a fibrose e, depois de décadas, evolui para uma cirrose Outra possibilidade é, a partir do álcool, manter um processo de esteato-hepatite alcoólica levando a inflamação e necrose dos hepatócitos, com a persistência, fibrose e evolução para cirrose Se tirar a ingestão de álcool enquanto o fígado esta com esteatohepatite esse processo pode reverter A exposição e a retirada da exposição que determinam a evolução da doença Cirrose alcoólica micronodular -> cirrose alcoólica macronodular -> Um dos primeiros estudos foi feito por Thomas Heberden em 1699, já no século XVIII Matthew Baillie descreveu sobre a relação entre álcool e cirrose hepática e, durante a 2ª guerra, descreveu-se a relação causa-efeito devido a Lei Seca por dados observacionais Epidemiologia EUA: 10 milhões de alcoólatras Abuso de álcool: 200 mil mortes/ano 15% dos alcoólatras evoluem para cirrose Quantidade de álcool na circulação e estado do indivíduo Definição legal de intoxicação pelo álcool: 100mg/dL de sangue Embriaguez: 200mg/dL de sangue Coma e parada respiratória: 300 a 400mg/dL de sangue Alcoólatras podem suportar até 700mg/dL de sangue Dose 1ml de álcool = 0,79g de álcool 1 copo de cerveja = 5 a 20g de álcool 1 taça de vinho = 12 a 18g de álcool 1 dose de destilado = 14g de álcool Fatores que favorecem a doença hepática alcoólica Dose o É o principal fator o Duração do alcoolismo (há quanto tempo ele é alcoolatra) o Ingestão diária (a carga diária) o Embriaguez é um viés (se a pessoa dividir a ingesta de álcool ao longo do dia, não necessariamente ele vai apresentar uma embriaguez) o Tipo de bebida não tem influencia o Dose e risco: Esteato hepatite: acima de 40g de álcool/dia Cirrose: 80g de álcool/dia (cerca de 2 a 8 latas de cerveja, 3 a 6 doses de destilado ou 3 a 6 taças de vinho por dia) durante mais de 10 anos Consumo exceder 230g/dia durante 20 anos o risco de cirrose é cerca de 50% 2 litros de cerveja, 1 litro de vinho ou 240ml de bebidas destiladas ingeridas diariamente por pelo menos 20 anos -> chance enorme de cirrose Caráter genético Mulheres: necessitam de ¼ a ½ da dose dos homenspara desenvolverem doença hepática (possuem uma atividade da ADH gástrica menor – não quebram o álcool no estomago e absorvem mais álcool) Desnutrição: deficiência de colina e ácido fólico necessários no metabolismo do álcool pelos hepatócitos (álcool oferece uma certa caloria) Polimorfismo de enzimas do metabolismo do etanol: o Álcool -> acetaldeido (via ADH – álcool desidrogenase) -> acetato (via ALDH – aldeído desidrogenase) o ALDH 2.1 alta atividade -> quebram muito acetaldeido e convertem muito acetato em acetil- coa o ALDH 2.2: baixa atividade (50% japoneses e chineses) Não metabolizam adequadamente o acetaldeido, não quebram direito (o acetaldeido é o grande vilão na doença hepática) Repercussões sistêmicas: rubor facial, taquicardia, elevação da PA, dor de cabeça, náuseas e vômitos Aversão álcool Patogenia Aumento da síntese e esterificação de ácidos graxos Redução na oxidação de ácidos graxos (acumula na forma de TG) Geração de acetaldeído em grande quantidade o Aumento de acetil-CoA (substrato para formação de ácido graxo) o Aumento na sintese de ácidos graxos o Peroxidação lipídica (leva a danos celulares) Citocromo P-450 oxida o etanol e libera radicais livres Tem lesao mitocondrial pelos radicais livres -> diminuição da oxidação de ácidos graxos Diminui a atividade das glutationas mitocondriais (defesa contra o estresse oxidativo) Endotoxinas intestinais (atividade inflamatória mais exacerbada) Autoanticorpos contra hepatócitos: a destruição de hepatócitos pode levar a exposição de proteínas (de superfície ou intracitoplasmáticas)dos hepatócitos, essas proteínas podem ter epítopos que podem ser conhecidos como estranhos e inicia a produção de anticorpos -> teoria nova que pode colaborar para a patogenia A atividade inflamatória mediada pelo álcool, radicais livres, peroxidação lipidica e até pela esteatose severa, ocorre uma estimulação das células estreladas, elas se transformam em uma célula com potencial miofibroblasto que faz com que produza colágeno, fibras reticulares em grandes quantidades, favoreça estímulos de proliferação celular desses miofibroblastos e, também, os macrófagos que estão vigilantes começam, por ação induzida pela agressão do álcool, a produzir citocinas pró-inflamatórias (TNF, PDGF), citocinas que estimulam a proliferação celular (TGF-beta) e quimiotaxicos, gerando a fibrose; essa fibrose é perivenular, perisinusoidal pois ela começa por depósito de colágeno peri-sinusoide (marca da esteato-hepatite evoluindo para cirrose) Evolução da fibrose: Macroscopia Hepatite alcoólica: fígado grande e amarelado por causa da esteatose Cirrose alcoólica: cirrose micronodular (nódulos de 3-5 mm de diâmetro que de predispõem ao longo do fígado), retração da capsula e do fígado (fígado mais atrófico, ele vai diminuindo com a evolução) No final da cirrose, o fígado que era micronodular se comporta como em uma hepatite, macronodular também, ou seja, ele tem nodulos grandes e pequenos, além disso, ele entra em atrofia, retrai e diminui, começa a diminuir seu peso, levando a uma insuficiencia hepática e uma hipertensão portal Manifestações clínicas: Inespecíficas: Anorexia, perda de peso, fraqueza, ictericia Aumento de transaminases e bilirrubina Hepatomegalia nas esteatoses graves e esteato- hepatites Específicas: Insuficiência hepática o Icterícia: alteração do metabolismo da bilirrubina e/ou erro na excreção da bilirrubina, com predomínio de bilirrubina conjugada o Hipoalbuminemia: edema e ascite o Deficiência de fatores de coagulação: hemorragias o Hiperestrogenismo (estrógeno é metabolizado pelo fígado): eritema palmar, spiders, ginecomastia, hipotrofia testicular, perda da libido o Síndrome hepatorrenal com ativação do SRAA com retenção de sódio: agrava o edema e a ascite (a síndrome hepatorrenal ocorre em pacientes com uma intensa hipoalbuminemia, por causa do edema e da ascite tem uma diminuição da volemia e, consequentemente uma diminuição da filtração glomerular, levando a uma “insuficiência renal” e ativando o SRAA, para aumentar a retenção de sódio) o Encefalopatia hepática pelos shunts porto- sistêmicos (classificação de I a IV): hiperamonemia, aumento de mercaptanos (hálito hepático), falsos neurotransmissores (feniletonamina e octopamina), aumento de GABA (neurotransmissor com ação inibidora) -> Grau I tem apatia, ansiedade, inquietude, raciocínio mais lento; Grau II tem flapping, letargia, sonolência, desorientação; Grau IV o coma com resposta a estímulos dolorosos ou não Hipertensão portal o Aumento da pressão hidrostática no sistema porta o Veia porta é formada pelas veias mesentéricas inferior e superior com confluência da veia esplênica; o 2/3 fluxo sanguíneo no fígado é pela veia porta e metade da oxigenação pela artéria hepática; sistema de sinusoides oferece baixa pressão ao sistema porta por isso ele flui muito bem o Mecanismo da cirrose na hipertensão portal é intra-hepático o Caracterizado pelas varizes gastroesofágicas. Esplenomegalia, hiperesplenismo, ascite e encefalopatia hepática o OBS: cirrose da esquistossomose: fibrose do espaço porta= hipertensão portal, mas sem insuficiência hepática (pq não tem destruição do parênquima hepático) Shunts: o Varizes esofágicas e varizes gástricas -> causas de sangramento o Hematêmes e o Melena o Anemia o Choque hipovolêmico o Hemorroidas o Cabeça de medusa na região umbilical Mecanismo de ascite o Hipoalbuminemia: dim inuição da pressão oncótica ou coloidosmótica do plasma, a agua sai para fora do vaso o No sistema porta, a pressão hidrostática é maior, extravasando plasma para fora do vaso o Diminuição do ritmo de filtração glomerular -> ativação do SRAA, promovendo uma retenção de sódio e o aumento pressórico, colaborando para o extravasamento de liquido o Aumento da pressão de vasos linfáticos levando a uma exsudação linfática e acumulo de líquidos na cavidade abdominal Cirrose pós-hepatite Vírus B, vírus C e autoimune Mecanismo evolutivo é semelhante, mas a morfologia final é diferente Morfologia: nódulos polimorfos (macro nódulos e micronódulos) -> nodulações variáveis permeadas por fibrose Os quadros clínicos de apresentação são semelhantes aos da cirrose alcoólica com insuficiência hepática e hipertensão portal Cirrose biliar/ colangite biliar Lesão ductular (nos canais biliares) e não dos hepatócitos Primária Hepatopatia colestática progressiva crônica -> destruição dos ductos biliares intra-hepáticos (a agressão não é nos hepatócitos, é nos ductos) Mulheres de meia idade 2% das mortes são por cirrose Não é uma doença frequente Patogenia: doença auto-imune o 95%: auto anticorpos anti-mitocondiriais -> promove uma agressão do epitélio dos ductos biliares, estimulando a migração de linfócitos T citotóxicos que contribuem para uma maior agressão o 85%: relacionada a outras doenças auto-imunes o 40%: relacionada a duas ou mais doenças auto- imunes o Doenças associadas: tireoidite crônica, artrite reumatoide, Sd Jögren, Crohn, espondilite anquilosante Morfologia o Fase 1: lesão dos ductos de pequeno e médio calibres intra-hepáticos -> reação granulomatosa (Th1 e Th2) o Fase 2: fibrose (começa a substituir as áreas de agressão por áreas de fibrose) o Fase 3: cirrose Não tem muita destruição de hepatócitos, é mais de canalículos, mas depois tudo vai ser destruído e substituído por fibrose Macroscopicamente o fígado tem um aspecto esverdeado por causa do acumulo de bile e cheios de nódulos Microscopicamente: o Cirrose biliar inicial: a atividade inflamatória é ao redor de ductos, além disso, ocorre também um acumulo de bile (áreas esverdeadas mais escuras) Secundária Obstruções extra-hepáticas gerando colestase extra- hepática Causas de colestase: o Carcinoma de ductos biliares o Linfonodos que comprimem os ductos menores o Colangite esclerosante (doença auto imune) o Atresia biliar (doença congênita) o Carcinoma hepático (leva a uma obstrução do coledoco por obstrução) o Cálculos biliares o Carcinoma da papila duodenal (ampola de Vater) o Tumor de cabeça de pancreas ou da papila duodenal o Barro biliar Algumas causas de colestase pode levar a cirrose ao longo do tempo, como é o caso da atresia de vias biliares Atresia de vias biliares extra-hepáticas o Ocorre 1:8.000 a 1:12.000 nascimentos -> doença cara o Caracterizada por uma fibrose e obliteração das vias biliares extra-hepáticas o Quando a criança nasce com essa atresia pode ser realizada a cirurgia de Kasai (derivação biliodigestiva – faz uma derivação que joga o canal biliar diretamente no duodeno, fazendo um desvio) o Pode evoluir para um comprometimento dos canalículos intra-hepáticas, levando a uma fibrose desses canalículos (nesse caso não adianta fazer a derivação, tem que fazer um transplante de fígado) o Pode se manifestar antes mesmo do nascimento e a criança já nascer com uma cirrose -> fígado atrófico, hipertensão portal com esplenomegalia, nódulos finos com atresia de vesícula biliar além da atresia das vias o Ocorre também uma tentativa fisiológica de produzir novos canalículos para tentar drenar a bile que está parando dentro dos hepatócitos, mas são canalículos mal formados e irregulares que não drenam (proliferação ductular)
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