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BIOQUÍMICA PROFESSORA Drª. Maria Fernanda Francelin Carvalho ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/1001 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. CARVALHO, Maria Fernanda Francelin . Bioquímica. Maria Fernanda Francelin Carvalho. Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 176 p. “Graduação - EaD”. 1. Bioquímica. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Gustavo Affonso Pisano Mateus Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Henrique Coppola Cole Design Educacional Jociane Karise Benedett Revisão Textual Meyre Barbosa Ilustração Bruno Cesar Pardinho André Azevedo Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 574.192 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-127-4 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio- nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Dr. Maria Fernanda Francelin Carvalho Doutora em Ciência de Alimentos, Mestre em Ciência de Alimentos e graduada em Engenharia de Alimentos, todos pela Universidade Estadual de Maringá, discente de graduação de pedagogia e Coordenador de Curso de Graduação, na Unicesu- mar EaD. Atuou como Técnico de Ensino Pleno e Consultor Técnico na empresa Senai, ministrando aulas nos cursos técnicos em Biotecnologia e Química, cursos de aprendizagem industrial no setor sucroalcooleiro, assim como cursos in com- pany conforme necessidade da empresa, nas áreas de alimentos, química, gestão e de acordo com a necessidade da empresa. Tem experiência técnica nas áreas industriais de controle de qualidade e produção. Conhecimentos em Ferramentas de qualidade, 5S, PDCA, espinha de peixe e gerenciamento da rotina do dia a dia, BPF, HACCP e ISOs e demais ferramentas de gestão do ramo de alimentos. Atua no ramo de educação há 6 anos tanto na modalidade presencial, quanto a distância. Conhecimentos e coordenação e criação de materiais didáticos. Conhecimento e aplicação de Metodologias, imersivas e ativas, em planejamento e utilização em aulas. Foco em aprendizado voltado à formação construída com base em habilida- des e competências do perfil profissional do egresso, utilizando aprendizagem por projetos e situações reais do cotidiano profissional ao qual se destina. http://lattes.cnpq.br/7093544315248478 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A BIOQUÍMICA Olá, caro(a) estudante, neste momento, iniciaremos uma exploração às inúmeras reações e transformações que ocorrem nos organismos vivos. Esperamos que esteja preparado, com a mente aberta e a imaginação fluindo para que possamos visualizar estes processos em suas finalidades reais. Em algum momento, você já se perguntou, como nosso corpo é formado? Indo mais além, como os alimentos que consumimos podem ser processados e transformados no que somos? Ou, ainda, como os vegetais podem sobreviver, crescer e se reproduzirem estando ali, inertes? Pois bem, a bioquímica é um universo fantástico que demonstra como os sistemas vivos, do mais simples ao mais complexo, realizam as reações químicas necessárias para que sejam respondidas todas as perguntas feitas anteriormente, e compreendamos, a dependência destas reações químicas fundamentais à sua sobrevivência. De certa maneira, sabemos que, para que haja crescimento e desenvolvimento dos organis- mos, há a necessidade da multiplicação celular, mas nosso intuito, neste estudo, é desvendar de onde provêm os constituintes das células, e como todos estes nutrientes são absorvidos, transformados e organizados, formando estruturas, como músculos ou sangue. Assim, a Bio- química, que é a química da vida, um lindo balé de reações, dá-nos as respostas necessárias. Em nosso material, veremos na Unidade 1, sobre as macromoléculas, quais são e onde podem ser encontradas. A Unidade 2 tratará sobre as organizações orgânicas dos elementos, as for- mações de estruturas como proteínas e fibras, por exemplo. Na Unidade 3, entraremos nos processos metabólicos que os organismos utilizam para obter energia para suas subsistência e, na Unidade 4, veremos como os elementos metabolizados são organizados para que atuem como forma de reserva energética. Por fim, na Unidade 5, falaremos a respeito de como as informações genéticas são organizadas e transmitidas. Desejamos que todas as respostas para as perguntas que permeiam sua mente sejam res- pondidas, no decorrer de nossa jornada. Nós nos encontraremos em cada unidade, até breve! ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando atecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO BIOMOLÉCULAS 8 PROTEÍNAS: ESTRUTURAS E FUNÇÕES BÁSICAS 49 75 TRANSDUÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ENERGIA 101 BIOENERGÉTICA 134 VIAS DE TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÃO 174 CONCLUSÃO GERAL 1 BIOMOLÉCULAS PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Moléculas inorgânicas - Água • Aminoácidos e Peptídeos • Carboidratos • Lipídios . OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer a estrutura molecular de água, as interações e interferências da molécula no meio biológico • Conhecer a composição, estruturas e funções dos Aminoácidos • Conhecer a composição, estruturas e funções dos Carboidratos • Conhecer a composição, estruturas e funções dos Lipídios. PROFESSORA Drª. Maria Fernanda Francelin Carvalho INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), esperamos que esteja ansioso por descobrir as reações e estruturas básicas que mantêm os organismos vivos. Sim, a bioquímica é a ciência que estuda as reações metabólicas que mantêm e sustentam a vida. Somos compostos por um amontoado de biomoléculas e necessitamos de mais uma imensa quantidade delas para nossa sobrevivência, e essas moléculas possuem arranjos, formas e interagem entre si, fazendo com que a vida aconteça. Qualquer falha, em questão de segundos, pode gerar uma grande bagunça em nosso organismo e, com isso teremos doenças e anomalias na obtenção de nutrientes. Mas, afinal, como isso tudo acontece? Pois bem, a bioquímica poderá nos mostrar como o “balé orgânico da vida” se desenvolve com a principal função de nos manter vivos, produzindo energia e novos compostos que formarão novas moléculas, que formarão novos tecidos, órgãos e garantirão a homeostasia. Nesta primeira unidade,conheceremos as primeiras biomoléculas importantes para a vida, as quais interagem entre si e formam todas as estruturas citadas. Inicialmente, estudaremos a água, a principal molécula responsável para que haja a vida, afinal, quando se busca vida em outros planetas, os cientistas procuram água, não é mesmo? Estudaremos, então, a estrutura química e a função biológica desta molécula encontrada em três quartos da superfície da Terra, atuando, também, como um dos recursos mais importantes para os seres vivos. Na sequência, veremos aminoáci- dos e peptídeos, que são as estruturas básicas e complexas das proteínas, unidades fundamentais que desempenham inúmeras funções, dão nossas características, formam nossos tecidos, realizam e aceleram reações, como no caso das enzimas. Logo, veremos os Carboidratos, suas estruturas diversificadas e suas diferentes funções. E, por fim, a unidade é finalizada com a apresentação dos lipídios, moléculas que desempenham inúmeras funções, desde reserva energética até a veiculação de vitaminas. Esperamos que sua caminhada seja proveitosa. Juntos, conheceremos o universo das biomoléculas que nos compõem. U N ID A D E 1 10 1 MOLÉCULAS INORGÂNICAS - ÁGUA Tem-se como conceito que a Terra só possui vida por possuir água, de forma que nosso planeta é conhecido como planeta água e, por isso, o estudo da água dentro da disciplina Bioquímica é fundamental. A água possui características únicas que a tornam de extrema importância para as reações que mantêm os organismos em funcionamento. As biomoléculas que ocorrem nos seres vivos necessitam do ambiente aquático para que tenham suas atividades mantidas em função de sua conformação espacial. Não se preocupe. Veremos todas estas informações, no decorrer de nossa disciplina. As primeiras informações dizem respeito às características da água: insípida, inodora e incolor, ou seja, não possui sabor, não possui cor e não possui cheiro. Além dessas características, este elemento é o mais abundante na natureza e está presente em todos os seres vivos, inclusive, constitui 70% do corpo humano. Toda esta importância da água em nossa vida, deve-se às propriedades quími- cas e estruturas físicas da molécula da água. Primeiramente, devemos conceituar que a molécula da água é constituída de dois átomos de hidrogênio (H) e um átomo de oxigênio (O), o que confere à fórmula a famosa configuração H2O. U N IC ES U M A R 11 Ligação covalente Ligação de ponte de hidrogênio A partir dos conhecimentos da disciplina Química, temos o princípio do conheci- mento das propriedades físicas, pois em função da eletronegatividade dos átomos e a disposição destes na molécula, se dá a característica de polaridade, sendo esta, talvez, uma das características biológicas mais importantes, pois é ela que possibilita a conformação espacial das biomoléculas (CARMONA et al., 2016). A diferença da eletronegatividade entre os átomos faz com que o núcleo do oxigênio tenha mais força, atraindo, assim, os elétrons para si, dando a forma espacial à molécula angular, em formato parecido a um V, dividindo-se em duas regiões, uma positiva (δ + ) e outra negativa (δ - ). Podemos visualizar a estrutura na Figura 1. Figura 1- a) Estruturas químicas da molécula de água. b) Estrutura tridimensional da molécula de água / Fonte: adaptada de Nelson e Cox (2014 apud Carmona et al., 2016, p. 2). Descrição da Imagem: a figura ilustra as representações químicas da molécula da água. U N ID A D E 1 12 Em função desta característica de polaridade, as moléculas de água interagem, eletrostaticamente, ou seja, um polo positivo de uma molécula se une ao polo ne- gativo de outra, formando uma forte ligação conhecida por pontes de hidrogênio. Esta interação está demonstrada na Figura 1b e, nestas condições, cada molécula tem a possibilidade de se ligar a mais quatro, sendo, portanto, esta uma condição importante para uma característica da água, pois o número elevado de ligações concede a estabilidade e a coesão na fase líquida. Figura 2 - Transformações do estado da água Descrição da Imagem: a figura ilustra as transformações de fase da água. Podemos observar que demonstra da esquerda à direita, vários tipos de transformações tanto diretas como de sólido a gasoso, quanto indiretas, ou seja, sólido, líquido e, por fim, gasoso. Quando se tem a água em temperatura ambiente, a coesão entre as moléculas é determinada, unicamente, pela energia exercida pelas pontes de hidrogênio entre elas, ou seja, para que possamos romper essas ligações e, assim, obter a mudança de estado ou, até mesmo, utilizar este componente em reações químicas, há a necessidade de adicionar energia ao sistema para que este processo aconteça. Continuando o processo de aquecimento da matéria com o aumento de tempe- ratura, que, neste caso, é a adução de energia, pois, uma vez que a temperatura é aumentada, a energia do sistema aumentae, em consequência, a agitação das moléculas também aumentam e permitem a alteração de estado quando atingem a temperatura de 100°C. U N IC ES U M A R 13 Todo este sistema de interação molecular é, na verdade, um equilíbrio en- tre separação e união de células, que acontecem, constantemente, na água em estado líquido. O ponto de fusão ou congelamento da água está na escala de 0°C, um valor elevado quando comparado a outros compostos que apresentam polaridade, como o álcool etílico ou etanol, que apresenta congelamento na temperatura de -117 °C. Figura 3 - Transformações do estado da matéria com a demonstração da organização molecular Descrição da Imagem: no processo de transformação de fases das substâncias, há alterações moleculares químicas, a ilustração demonstra como estes arranjos são alterados, sendo demonstrado pela alteração entre os espaços das moléculas do componente, representado pela água. U N ID A D E 1 14 Tratamos a respeito de temperaturas de fusão e ebulição, condensaçãoe solidificação da água, pois é o tema da nossa aula mas é importante ressaltarmos que todos os ele- mentos possuem suas temperaturas de mudança de estado, e são estas diferenças que permitem as interações entre as moléculas, de forma ajustada. A Tabela 1 a seguir ilustra alguns elementos com suas respectivas temperaturas de ponto de fusão, ebulição e calor de vaporização. Ponto de Fusão (ºC) Ponto de Ebulição (ºC) Calor de Vaporização Água 0 100 2260 Metanol (CH3OH) -98 65 1100 Etanol (CH3CH2OH) -117 78 854 Propanol (CH3CH2CH2OC) -127 97 687 Butanol (CH3(CH2)2CH2OC) -90 117 590 Acetona (CH3COCH2) -95 56 523 Hexano (CH3(CH2)4CH2) -98 69 423 Benzeno (C6H6) 6 80 394 Butano(CH3(CH2)2CH3) -135 -0,5 381 Clorofórmio (CHCL3) -63 61 247 *A energia na forma de calor, necessária para levar 1,0g de um líquido no seu ponto de ebulização e na pressão atmosférica até seu estado gasoso, na mesma temperatura. Esta é uma medida direta da energia necessária para superar as forças de atração entre as moléculas na fase líquida. Tabela 1 - Elementos e suas respectivas temperaturas / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 48). explorando Ideias Uma particularidade da fase sólida é que cada molécula de água se fixa e esta- belece pontes de hidrogênio com quatro vizinhas, produz uma estrutura regular em forma de gaiola, o que provoca expansão ou aumento de volume (Figura 3), permitindo que a estrutura tenha uma densidade menor que a fase líquida. Por esta razão uma pedra de gelo boia em um copo com água. Esta menor densidade do gelo também permite que a vida nos lagos e oceanos de regiões frias seja viável, pois estes se congelam do topo para baixo, mantém o interior com temperaturas mais altas, permitindo a sobrevivência dos organismos aquáticos. U N IC ES U M A R 15 Todas as características mencionadas, anteriormente, conferem à molécula da água importantes funções dentro da organização celular para a formação das biomoléculas. A água pode fornecer a característica necessária para a formação de pontes de hidrogênio entre os átomos, conforme demonstrado na Figura 4. Estas ligações são abundantes em moléculas orgânicas e podem ser de dois tipos: intermolecular (intercadeia), que ocorre em proteínas e moléculas de DNA e dão o formato espacial destas, e intramolecular (intracadeia), que ocorre dentro da própria molécula. Figura 4 - Demonstração de pontes de hidrogênio entre moléculas orgânicas Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 49). Descrição da Imagem: a imagem demonstra a representação escrita de ligações do tipo pontes de hidro- gênio entre moléculas orgânicas. Podemos observar a semelhança entre os elementos envolvidos (Carbono, Oxigênio, Hidrogênio e Nitrogênio). Após as definições de ligações existentes na água, devemos conceituar a água como solvente (solvente universal), e, por sua propriedade de polaridade, ela atua como solvente de compostos iônicos e compostos polares. Para entendermos melhor, devemos lembrar que, substâncias iônicas são aquelas que apresentam cargas elétricas. Na água, elas formam estruturas cha- madas solvatação, onde cada íon é envolto por moléculas de água, conforme representado na Figura 5. U N ID A D E 1 16 Além de substâncias iônicas, as substâncias polares também são solúveis em água, estas são denominadas hidrofílicas, sendo assim, têm a capacidade de interagir com as moléculas aquosas, formando pontes de hidrogênio. Além destas, exis- tem as substâncias anfipáticas, com uma característica tanto polar quanto apolar, apresenta uma cabeça polar, que possui afinidade com a água (hidrofílica) e uma cauda apolar (hidrofóbica). Este tipo de interação é conhecido por hidrofóbica, formando estruturas chamadas micelas, que podem ser observadas na Figura 6. Esta formação ocorre por meio da associação das caudas apolares, na tentativa de escaparem da polaridade da água, formando uma estrutura de núcleo apolar e exterior polar, com capacidade de interação por meio de pontes de hidrogênio. Figura 5 - Íon envolto por moléculas de água. Descrição da Imagem: a imagem demonstra como uma molécula de característica iônica é dissociada em um ambiente aquoso, e também como cada íon, é envolto por outros de carga oposta, mantendo a solução com equilíbrio de cargas. U N IC ES U M A R 17 Figura 6 - Representação de uma molécula anfipática. Interação das caudas apolares montando membranas com exterior solúvel em água, estrutura conhecida como micela Descrição da Imagem: a figura representa a formação da estrutura molecular conhecida como micela. Ob- servamos uma molécula que possui a sua cauda com característica apolar, a qual não possui interação com a água, e uma cabeça polar, que possui esta afinidade com o meio aquoso característica molecular faz com que o arranjo espacial proteja a zona não afim como meio, seja protegido no interior da estruturae uma molécula anfipática. Interação das caudas apolares montando membranas com exterior solúvel em água, estrutura conhecida como micela. Assim como a molécula da água, a grande maioria dos compostos químicos possuem em suas estruturas polaridades, seja pelo formato da própria conformação espacial dos áto- mos, seja por grupos específicos que estão presentes nestas moléculas. Estas característi- cas são importantes, pois permitem que os polos de moléculas diferentes interajam entre si, assim, formando os complexos necessários para que ocorram as reações metabólicas. A tabela a seguir, exemplifica com alguns elementos e seus grupos polares. Tabela 2 - Elementos químicos e seus grupamentos polares e apolares / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 50). explorando Ideias U N ID A D E 1 18 2 AMINOÁCIDOS E PEPTÍDEOS As proteínas controlam os processos que ocorrem em uma célula, logo, o fun- cionamento dos organismos vivos, exercendo nestes uma infinita diversidade de funções. Sendo assim, para que possamos explorar mecanismo molecular em um processo biológico, bioquímico, devemos estudar, inevitavelmente, as proteínas. Falaremos sobre estas, de forma mais aprofundada, na unidade destinada ape- nas a elas. Por enquanto, para introduzirmos este conceito em nossos estudos, diremos que as proteínas são consideradas as macromoléculas biológicas mais abundantes, ocorrendo em grande variedade, de diferentes tipos, podendo, in- clusive, serem encontradas em uma única célula. As suas unidades estruturais fundamentais das proteínas são os aminoácidos. Considerados moléculas orgânicas que apresentam grupos químicos comuns a eles temos: ■ grupo carboxila (COOH). ■ grupo amino (NH2 ). ■ átomo de hidrogênio (H). ■ radical ou cadeia lateral (R) ( NELSON; COX, 2002). U N IC ES U M A R 19 Estes grupos podemos observar na Figura 7. AMINOÁCIDOS Figura 7 - Estrutura básica do aminoácido, demonstrando os quatro grupos básicos Descrição da Imagem: vemos, na ilustração, a estrutura básica de uma molécula de aminoácido, demonstran- do os quatro grupos básicos de sua formação, um amino, um carboxil, um H representando a característica ácida e o R, que representa o radical, parte que faz a função de diferenciação entre eles. Suas diferenciações são, unicamente, na natureza química do grupo ligado à ca- deia lateral, sendo que a maioria destes aminoácidos encontrados em peptídeos e proteínas possuem assimetria em suas moléculas e apresentam a configuração “L”. Esta é uma característica de moléculas que possuem um centro quiral, onde os quatro grupos diferentes ligados ao carbono podem ocupar dois arranjos espa- ciais únicos e formar dois estereoisômeros possíveis, que possuem características diferentes e, inclusive, são classificados pela propriedade de desviar um feixe de luz para lados opostos. Além disto, são imagens especulares, ou seja, não sobre- poníveis uma a outra. Temos um exemplo na Figura 8. U N ID A D E 1 20 A atividade óptica das moléculas foi descoberta por Louis Pasteur, em 1843, com observa- ções de elementos químicos que se sedimentaramem barris de vinho. Em seus estudos, ele observou que havia cristais em formatos diferentes, e as diferenças eram especulares, ou seja, pareciam imagens refletidas no espelho um do outro. Sendo assim, ele começou sua análise e percebeu que suas propriedades químicas eram as mesmas, mas se dife- riam em relação ao desvio de um feixe de luz incidido em suas soluções puras. Enquanto uma solução firmava um desvio para a esquerda (levógiro), a outra solução desviava para a direita (destrógiro). Fonte: Nelson e Cox (2014). explorando Ideias Figura 8 - Estereoisomerismo em a-aminoácidos. (a) Os dois estereoisômeros da alanina, L– e D, são imagens especulares não sobrepostas um do outro (enantiômeros); (b, c) Duas conven- ções diferentes para representar as configurações espaciais dos estereoisômeros. Em fórmulas de perspectiva (b), as ligações sólidas em forma de cunha se projetam para fora do plano do papel, com as ligações tracejadas por trás dele. Em fórmulas de projeção (c), assume-se que as ligações horizontais se projetam para fora do plano do papel, e as ligações verticais para trás. Entretanto fórmulas de projeção, muitas vezes, são usadas, casualmente, e nem sempre pretendem representar uma configuração estereoquímica específica Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 76). Descrição da Imagem: vemos duas moléculas que possuem a característica de simetria estereoisômeros, ou seja, são imagens refletidas de si. Cada uma destas moléculas, apesar de serem compostas pelos mesmos grupos, possuem funções diferentes, por sua conformação espacial. U N IC ES U M A R 21 Existem vinte aminoácidos, mais comumente, encontrados nas estruturas das bio- moleculas de proteínas e são conhecidos por aminoácidos padrões ou primários, além destes, também são encontrados os aminoácidos derivados ou especiais, que são originados a partir de reações químicas entre os aminoácidos primários. Tabela 3 - Propriedades químicas dos aminoácidos. Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 77). Valores de pKa Grupos R alifáticos, apolares Grupos R aromáticos Grupos R polares, não carregados Grupos R carregados positivamente Grupos R carregados negativamente Aminoácido Glicina Alanina Prolina Valina Leucina Isoleucina Gly G Ala A Pro P Val V Leu L Ile I 75 89 115 117 131 131 2,34 2,34 1,99 2,32 2,36 2,36 9,60 9,69 10,96 9,62 9,60 9,68 5,97 6,01 6,48 5,97 5,98 6,02 –0,4 1,8 –1,6 4,2 3,8 4,5 7,2 7,8 5,2 6,6 9,1 5,3 Abreviação/ símbolo Mr * pK2 (-NH3+) pKR (grupo R) pI Índice de hidropatia† Ocorrência em proteínas (%)‡ pK1 (-COOH) Metionina Met M 149 2,28 9,21 5,74 1,9 2,3 Fenilalanina Phe F 165 1,83 9,13 5,48 2,8 3,9 Tirosina Tyr Y 181 2,20 9,11 10,07 5,66 -1,3 3,2 Triptofano Trp W 204 2,38 9,39 5,89 –0,9 1,4 Serina Ser S 105 2,21 9,15 5,68 –0,8 6,8 Treonina Thr T 119 2,11 9,62 5,87 –0,7 5,9 Cisteína Cys C 121 1,96 10,28 8,18 5,07 2,5 1,9 Asparagina Asn N 132 2,02 8,80 5,41 –3,5 4,3 Glutamina Gln Q 146 2,17 9,13 5,65 –3,5 4,2 Lisina Lys K 146 2,18 8,95 9,74 –3,9 5,9 Histidina His H 155 1,82 9,17 7,59 –3,2 2,3 10,53 6,00 Arginina Arg R 174 2,17 9,04 12,48 10,76 –4,5 5,1 Aspartato Asp D 133 1,88 9,60 3,65 2,77 –3,5 5,3 Glutamato Glu E 147 2,19 9,67 4,25 3,22 –3,5 6,3 *Os valores de Mr refletem as estruturas como mostradas na Figura 3-5. Os elementos da água (Mr 18) são removidos quando o aminoácido é incorporado a um polipeptídeo. † Uma escala combinando hidrofobicidade e hidrofilicidade de grupos R. Os valores refletem a energia livre (DG) de transferência da cadeia lateral do aminoácido de um solvente hidrofóbico para a água. Esta transferência é favorável (DG , 0; valor negativo no índice) para cadeias laterais de aminoácidos carregadas ou polares, e desfavorável (DG . 0; valor positivo no índice) para aminoácidos com cadeias laterais apolares ou mais hidrofóbicas. ‡ Ocorrência média em mais de 1.150 proteínas. ¶ Em geral, a cisteína é classificada como polar apesar de apresentar um índice hidropático positivo. Isso reflete a capacidade do grupo sulfidril em atuar como ácido fraco e formar uma fraca ligação de hidrogênio com o oxigênio ou nitrogênio. U N ID A D E 1 22 Os aminoácidos são produzidos a partir informações genéticas provenientes das moléculas do DNA. A estrutura de carbonos adicionais da cadeia l são designados pelas letras gregas α, β, γ etc., e sendo nomeados a partir do carbono α(alfa), logo, o carbono do grupo carboxila é o carbono 1 (C-1), o carbono α(alfa) é o carbono 2 (C-2), o carbono β é o C-3, o carbono γ o C-4, e assim sucessivamente, como é demonstrado na Figura 9. Figura 9 - Demonstração da convenção para identificação de carbonos em aminoácidos Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 77). Descrição da Imagem: podemos observar uma molécula de lisina, que nos demonstra a convenção para identificação de carbonos em aminoácidos. Além desta classificação de numeração de carbonos, de acordo com a sua ativi- dade no desvio da luz, ou seja, a respeito da quiralidade do seu carbono principal, estas biomoléculas podem ser classificadas também pelo seu grupamento “R”, de forma que, os aminoácidos possam ser classificados em cinco grupos distintos, em relação à sua polaridade, ou à sua tendência em interagir com a água e seu pH. Estas características são de suma importância, pois estas estruturas, com suas particularidades, definirão as estruturas tridimensionais que darão funcionali- dade à molécula. A Figura 10 mostra os grupos distintos, R apolares, alifáticos, R aromáticos, R Polares, não carregados, R carregados, positivamente, e grupos R carregados, negativamente. U N IC ES U M A R 23 Para que haja a formação de peptídeos e proteínas, há a necessidade de que os aminoácidos unam-se entre si. Para este processo, existe uma ligação química muito bem definida e conhecida, a ligação peptídica, onde o grupo amino (NH2) de um aminoácido reage com o grupo carboxila (COOH) de outro aminoácido, formando entre si uma ligação de característica covalente. Figura 10 - Classificação dos cinco grupos de aminoácidos existentes Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 79). Descrição da Imagem: podemos observar nos quadros apresentados, que os aminoácidos podem ser clas- sificados de acordo com a característica das cadeias R em suas estruturas. Sendo assim, a classificação dos cinco grupos de aminoácidos existentes. U N ID A D E 1 24 PEPTÍDEOS Quando dois ou mais aminoácidos se unem, temos uma ligação específica co- nhecida por Ligação peptídica, formando, assim, os peptídeos, que podem ser denominados como pequenas cadeias de aminoácidos. A ligação peptídica ocorre entre um grupo carboxila de um aminoácido com o grupo amino de outro ami- noácido, em uma interação covalente, conforme mostrado na Figura 12. Figura 11- Formação de Peptídeos e Proteínas a partir de aminoácidos Figura 12 - Reação de formação de Peptídeos Descrição da Imagem: a imagem apresenta um exemplo de como ocorre a sequência de formação das proteínas, ilustrada pela da união de peptídeos, que formamos aminoácidos, e, por fim, chegam às proteínas. Descrição da Imagem: a imagem demonstra uma reação de adição que ocorre entre os aminoácidos, for- mando uma ligação peptídica e, assim, a reação de formação de Peptídeos. U N IC ES U M A R 25 Em uma cadeia polipeptídica, uma unidade de aminoácido é chamada de resíduo, devido à perda de uma hidroxila pelo grupo carboxila de um ami- noácido e a eliminação de um átomo de hidrogênio pelo grupo amino.Vale ressaltar que as estruturas peptídicas podem ter tamanhos variados, em que, por exemplo, três aminoácidos podem ser unidos por duas ligações peptídicas para formar um tripeptídeo; ou quatro aminoácidos podem ser unidos para formar um tetrapeptídeo, e assim por diante. Nestes casos simples, a estrutu- ra é chamada de oligopeptídeo, contudo, se muitos aminoácidos se ligam, o produto é chamado de polipeptídeo. Para a sua definição de nomenclatura,é convencionado que a estrutura seja demonstrada com a extremidade que contém a amina, localizada à esquerda, sendo a sua leitura feita da esquerda para a direita. 3 CARBOIDRATOS Estes são os nossos conhecidos açúcares, amplamente utilizados para adoçar sucos, mas também são encontrados compondo uma folha de papel, a madeira das árvores, os compostos não digeríveis dos alimentos, indo, inclusive, compor o exoesqueleto (a carapaça) de crustáceos e insetos, componentes estruturais das paredes celulares de microrganismos e plantas. Estes são alguns exemplos de substâncias que são formadas por carboidratos. U N ID A D E 1 26 Normalmente, associamos os carboidratos às massas, como macarrão, pães, bolos e pizzas, comum de nossa dieta diária. Quando adentrado no estudo bioló- gico ou químico, eles são conhecidos como glicídios ou sacarídeos e são as prin- cipais fontes alimentares, utilizados pelos organismos para produção de energia em plantas e animais. Os carboidratos são formados por átomos de carbonos, hidrogênios e oxigênio em uma proporção de 1:2:1, ou seja, para cada átomo de carbono, há uma molécula de água, explicando o seu nome, carbono hidratado. Além desta composição clássica, alguns carboidratos possuem em sua estrutura outros átomos, como nitrogênio, enxofre e fósforo. De forma conceitual, os carboidratos são moléculas denominadas poliidro- xialdeídos ou poliidroxicetonas, que em um processo de hidrólise, podem liberar algum destes compostos. Sendo assim, inicialmente nos concentraremos no pri- meiro conceito que é poliidroxialdeído, que significa presença de várias hidroxilas (OH). O termo aldeído advém da presença da carbonila (C=O) na extremidade da estrutura, a mesma explicação se dá para o termo poliidroxicetona. Quando se trata das classes principais dos carboidratos, pensamos, claramen- te, nos monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. O sacarídeo é derivado do grego, e significa açúcar, e os prefixos, mono, di e poli, dizem respeito ao nú- mero de unidades de hidratos de carbono presentes na molécula. Os monossacarídeos são os açúcares de estruturas mais simples, constituí- dos por uma única unidade poli-hidroxicetona ou poli-hidroxialdeído, sendo que os mais abundantes são os açúcares de seis carbonos glicose e frutose, monossacarídeos de quatro ou mais carbonos que possuem a tendência de formar estruturas cíclicas. Os carboidratos possuem seus carbonos quirais compostos por grupos hi- droxilas, originando elementos estereoisômeros dos açúcares encontrados na natureza. Esta característica estereoisomerismo é, biologicamente, importante uma vez que as enzimas agem somente sobre os açúcares que possuem, abso- lutamente, estereoespecíficas, o que lhe confere a possibilidade de preferir um estereoisômero a outro, dando especificidade à reação desejada, biologicamente. Veremos que as enzimas têm por característica funcional locais em sua estru- tura que são chamados de sítios de ligação, tão difícil encaixar o estereoisômero errado dentro do sítio de ligação de uma enzima quanto é difícil colocar a sua luva esquerda na sua mão direita. U N IC ES U M A R 27 Como citamos, os carboidratos possuem uma variedade grande em suas apre- sentações, biologicamente, podemos citar: ■ Reservas energéticas: em animais e plantas, estas moléculas podem ser utilizadas como combustíveis para obtenção de energia. Em animais se apresentam armazenadas na forma de glicogênio, e em plantas, amido. ■ Estrutural: podem conferir forma e sustentação a estruturas moleculares, um exemplo é a celulose, que está presente nas paredes celulares de plan- tas, de bactérias onde está presente a peptidoglicano. ■ Reconhecimento e adesão celular: em algumas bactérias, onde há adesão celular e interação com outras células, ocorre interação entre os receptores das superfícies destas, que secretam substâncias que sinalizam a interação. Sendo assim, por desempenhar inúmeras funções, os carboidratos possuem clas- sificações, de acordo com o número de unidades que os compõem. Figura 13 - Monossacarídeos e suas representações químicas Descrição da Imagem: a figura demonstra a variedade de estruturas que podemos encontrar, na natureza, de monossacarídeos e suas representações químicas. U N ID A D E 1 28 Os mais simples dos carboidratos, formados por aldeídos ou cetonas, com dois ou mais grupos hidroxilas, são muito conhecidos. Os monossacarídeos são uma família constituída por três a sete carbonos, sendo os de seis car- bonos glicose e frutose. Suas propriedades são sólidas, cristalinas, incolores, solúveis em água, e muitos deles apresentam sabor adocicado, são classifica- dos em duas famílias, as aldoses e as cetoses, sendo baseados na posição da carbonila (C=O), na cadeia do monossacarídeo. O tipo aldose apresenta a carbonila na extremidade da cadeia. Figura 14 - Representação química de uma aldose / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 244). Figura 15 - Representação química de uma cetose / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 244). Descrição da Imagem: a representação ilustra uma molécula de aldoses, onde a ligação dupla entre o carbono e o oxigênio encontra-se na extremidade da cadeia. Descrição da Imagem: a figura demonstra uma representação química de uma cetose. A sua estrutura é composta por 3 carbonos, sendo o central ligado, duplamente, a um átomo de carbono, e os da extremidade ligados a um grupo hidroxila mais dois hidrogênios em cada. O tipo cetose apresenta a carbonila em qualquer posição da molécula que não a extremidade da cadeia. U N IC ES U M A R 29 Quando se trata de número de carbonos, os monossacarídeos são classificados em: trioses (com três carbonos), tetroses (com 4 carbonos), pentoses (com 5 carbonos), hexoses (com seis carbonos) e heptoses (com sete carbono). Assim, como a nomenclatura foi descrita para classificação de números de carbonos a transportamos de acordo com a função orgânica presente em sua constituição, logo, uma aldose contendo três carbonos é denominada aldotriose; para quatro carbonos, aldotetrose; para cinco carbonos aldopentose e para seis carbonos al- dohexose e para cada uma dessas aldoses, existe uma cetose correspondente e com utilização da mesma lógica, sendo, cetotriose (3C), cetotretose (4C), ceto- pentose (5C), cetohexose (6C), e cetoheptose (7C). Na figura a seguir, listamos os carboidratos de acordo com a classificação da quan- tidade de carbonos presentes, separados por suas classificações de aldoses e cetoses. Figura 16 - Séries de carboidratos divididos nos grupos de aldoses e cetoses Fonte: Nelsone Cox (2014, p. 246). Descrição da Imagem: assim como vimos nos aminoácidos, as moléculas são classificadas de acordo com suas cadeias radicais, a figura demonstra as séries de carboidratos divididos nos grupos de aldoses e cetoses. U N ID A D E 1 30 A este ponto de nosso estudo, consegue perceber como as nomenclaturas e identifica- ções das moléculas possuem lógica? Vamos nos recordar, também, de estudos de outras disciplinas anteriores, como a Química orgânica, que está, totalmente, presente neste estudo. Espero que tenha conseguido fazer esta associação, pois, caso tenha dúvidas a respeito destes conceitos, não tenha medo de revisitar seus materiais e anotações de es- tudos anteriores. É muito importante que tenhamos o conhecimento, integral e vejamos como tudo se relaciona. pensando juntos Assim como outras moléculas orgânicas que vimos nesta unidade, os monos- sacarídeos possuem estereoquímica, ou seja, possuem carbono quiral e, conse- quentemente, atividade óptica. Sendo assim, os monossacarídeos possuem mais de uma forma de apresentação espacial, que, por sua vez, representa mais de uma molécula existente com funções orgânicas diferentes. Lembra de quando comen- tamos sobre os sítios de ligação de enzimas? Pois bem, este conceito será utilizado, constantemente, nesta disciplina, pois as reações orgânicas dependem das confor- mações espaciaisde cada molécula,e é extremamente importante que saibamos sobre quiralidade de carbonos e configurações espaciais. Para elucidarmos este conceito, tomaremos como exemplo o gliceraldeído, que pode ser encontrado na forma D-gliceraldeído e L-gliceraldeído, cuja deter- minação D e L, da configuração absoluta do Gliceraldeído é feita de acordo com a seguinte convenção: ■ Quando o grupamento OH for apresentado na configuração espacial ao o lado direito no gliceraldeído (C-2), esse monossacarídeo apresenta configuração D. ■ Quando o grupamento OH for apresentado na configuração espacial desse carbono assimétrico voltado para o lado esquerdo, o gliceraldeído apresenta configuração absoluta L. U N IC ES U M A R 31 Podemos ver esta diferença na Figura 18. Figura 17 - Representação da capacidade de imagens espelhadas em enantiômeros Fonte: Champe (2007, p. 125). Figura 18 - Classificação monossacarídeos / Fonte: Champe (2007, p. 126). Descrição da Imagem: assim com vimos nos aminoácidos, algumas moléculas de carboidratos, possuem carbonos quirais e estruturas estereoisoméricas. A figura mostra a representação da capacidade de imagens espelhadas em enantiômeros. Descrição da Imagem: o esquema mostra as divisões e classificações das estruturas das moléculas de car- boidratos de acordo com a sua diferenciação espacial, sendo assim, existindo mais de uma estrutura com funções distintas, contudo compostas pelos mesmos números de átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Tendo em vista este conceito, ficou, por convenção, estabelecido que, para que a classificação seja feita nos demais monossacarídeos, será utilizado o último car- bono simétrico. Para avaliar a reação de lado da carbonila, podemos ver exemplos na Figura 18. U N ID A D E 1 32 Além desta definição, ainda existem os epímeros, que são moléculas que apre- sentam uma mesma fórmula molecular, diferindo-se em um centro assimétrico. Esta classificação podemos ver na Figura 19. Figura 19 - Exemplos de estruturas enantiômeras de glicose cujo centro quiral muda de posição ao longo da cadeia / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 246). Figura 20 - Reação de Hemiacetais e hemicetais envolvidas na formação das estruturas de monossacarídeos / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 247). Descrição da Imagem: a figura demonstra exemplos de estruturas enantiômeras de glicose, onde seu centro quiral muda de posição ao longo da cadeia e assim gerando novas estruturas. Descrição da Imagem: a figura representa, na primeira reação, a adição de uma molécula de aldeído com uma de álcool, formando um hemiacetal que, por sua vez, entra em equilíbrio com um acetal pelo ganho ou pela perda de um radical hidroxil. O mesmo é demonstrado na reação a seguir, porém com a substituição da molécula de aldeído por uma cetona. Ainda, além destas particularidades, em soluções aquosas, os monossacarídeos com cinco ou mais átomos de carbono em sua cadeia apresentam-se em forma de estruturas cíclicas . Estas reações acontecem, geralmente, entre aldeídos ou ce- tonas e álcoois, formando derivados hemiacetais ou hemicetais, respectivamente, gerando formas cíclicas. Com o fechamento do anel, há a formação de um novo centro quiral. Podemos ver a reação na Figura 20. U N IC ES U M A R 33 Para esta nova formação, temos a definição da nomenclatura. Para melhor com- preensão, exemplifiquemos com os dois anéis da D-glicose: α(alfa)-D-glicopira- nose e β-D’Glicopiranose, sendo que, por convenção, a forma α-D-glicopiranose apresenta a OH do C-1 para baixo do plano do anel piranosídico, e a forma β-D- -glicopiranose apresenta a OH no C-1 da estrutura cíclica para cima do plano do anel, conforme apresentado na Figura 21. Figura 21 - Representação gráfica dos posicionamentos dos radicais e hidroxilas e suas interfe- rências na nomenclatura / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 247-249). Descrição da Imagem: conforme podemos observar, o quadro apresenta a representação gráfica dos posi- cionamentos dos radicais e hidroxilas e suas interferências na nomenclatura. U N ID A D E 1 34 Como podemos perceber, os carboidratos possuem muitas particularidades, a respeito dos monossacarídeos. Agora, falaremos um pouco mais a respeito das cadeias que possuem acima de sete carbonos, os Oligossacarídeos. Os oligossacarídeos são estruturas formadas pela ligação glicosídica, que une os monossacarídeos, produzindo não apenas oligo mas também os Polissacarí- deos. Esta ligação acontece, basicamente, pela reação da hidroxila do carbono anomérico de um monossacarídeo com qualquer hidroxila do outro monossa- carídeo. Podemos ver esta reação na figura 22. Além desta característica, estas ligações são representadas como: α(alfa) (1-->4), α(alfa)(1-->6), sendo explicada, por exemplo, a α(1-->4), a ligação que ocorre entre o OH do carbono anomérico de uma glicose (C-1) com a OH do carbono C-4 da outra unidade. Figura 22 - Reação de formação de adição entre monossacarídeos e consequente formação de maltose / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 252). Descrição da Imagem: na figura, podemos ver a reação de condensação de duas moléculas de Glicose: for- mação de adição entre monossacarídeos e consequente formação de maltose mais uma molécula de água. U N IC ES U M A R 35 Na natureza, a maioria dos carboidratos é encontrada na forma de polissacarí- deos, com cadeias que contêm centenas ou milhares de monossacarídeos em sua estrutura. Sua classificação dá-se por três faces: ■ O tipo de monossacarídeos que o constitui. ■ O comprimento de suas cadeias. ■ Se há ramificações em suas cadeias, analisando-se o grau. Quanto ao tipo de monossacarídeos que compõem sua cadeia, eles podem ser classificados por: homopolissacarídeos, em cuja composição há apenas um tipo de monossacarídeo, ou heteropolissacarídeo, que podem ter dois ou mais tipos de monômeros em sua composição. Além disto, podemos classificar se as cadeias possuem, ou não, ramificações. Figura 23 - Representação gráfica das diferenças entre homo e heteropolissacarídeos Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 254). Descrição da Imagem: podemos ver nas estruturas as cores dos hexágonos que representam monómeros de sacáridos diferentes entre si. Nas duas primeiras estruturas, vemos que são compostas por elementos de uma única cor, sendo, portanto, considerados homopolissacarídeos, enquanto nas duas estruturas seguin- tes vemos cores diferentes, demonstrando diferentes tipos de monômeros compondo a estrutura, assim formando heteropolissacarídeos. U N ID A D E 1 36 Ao falarmos de lipídios, naturalmente, associamos às gorduras, mas como neste tópico, estas são apenas uma classe de lipídios. Estas biomoléculas comumen- te encontradas na natureza em diversos alimentos possuem uma característica comum, sua natureza oleosa e, consequentemente, a insolubilidade na água. Os alimentos que possuem lipídios em sua composição são ovos, leite, gorduras ani- mais e vegetais. Quimicamente falando, os lipídios, não possuem qualquer tipo de grupo funcional comum entre todos que os possam definir, não formam polímeros e, em sua maioria, possuem a estrutura e ácido graxo em sua formação. Um ácido orgânico monocarboxílico desempenha inúmeras funções biológicas, como a reserva de energia que conhecemos, afinal, quem não se incomoda com as gor- durinhas a mais, não é mesmo? Além desta forma de atuação, podem atuar como isolante térmico, compõem as membranas biológicas, funções coenzimáticas para as vitaminas lipo solúveis, como A, D, E e K. Para entendermos melhor os lipídios, devemos começar compreendendo a sua composição básica, os ácidos graxos. Estes são as unidades básicas da maioria dos lipídios, são constituídos por ácidos monocarboxílicos, que se ligam à longa cadeia hidrocarbonada, que pode variar na quantidade de carbonos de 4 a 36. 4 LIPÍDIOS U N IC ES U M A R 37 As cadeias de ácidos graxos podem ser, ainda, saturadas ou insaturadas, ou seja, não apresentam dupla ligação emsua cadeia e apresentam uma ou mais duplas ligações em sua cadeia, respectivamente. Figura 24 - Representação das cadeias formadoras de ácidos graxos Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 359). Descrição da Imagem: nas duas cadeias apresentadas, podemos perceber que as cadeias de ácidos graxos são compostas por uma cabeça polar ligada a uma longa estrutura de carbonos. Na primeira, vemos que, quando os carbonos estão ligados entre si por ligações saturadas unicamente, sua formação espacial é reta, enquanto que na segunda representação, quando há uma ou mais ligações insaturadas entre os carbonos, há uma dobra formada na estrutura. Estas diferenças podem interferir em características físicas dos compostos formados por elas,e são demonstrados nas figuras seguintes, que mostram a configuração espacial das cadeias quando ligadas, onde em estruturas saturadas, estas estão mais juntas, e o contrário em estruturas insaturadas. U N ID A D E 1 38 glicerol 3 ácidos graxos triglicerídeos Os lipídios podem ser classificados em 5 classes básicas: 1. Triacilgliceróis - também conhecidos por triglicerídeos e gorduras. São os mais simples, formados por três ácidos graxos em uma ligação éster com uma molécula de glicerol, como pode ser visto na figura seguinte. Se cada uma das posições for ocupada pelo mesmo ácido graxo, é cha- mado de simples, caso contrário, chamado de mista. Sua função básica é de reserva energética, em animais em forma de gordura, nas plantas são armazenados como óleos de sementes por exemplo. Figura 25 - A figura acima demonstra uma reação de Síntese dos Triglicerídeos, conhecidas como as cadeias de triacilglicerol e depósitos de gordura nas células / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 360). Descrição da Imagem: na seção (a) vemos um corte transversal de tecido adiposo branco de humanos mos- trando que em cada célula contém uma gotícula de gordura (branco). Já na seção (b), observamos um corte transversal de uma célula de cotilédone de uma semente da planta Arabidopsis cujas reservas de gordura são representadas na cor mais clara. U N IC ES U M A R 39 2. Ceras: conhecidas como graxas, são esteres de ácidos graxos insaturados e saturados de cadeias longas, compostas por 14 a 36 átomos de carbono, álcoois de cadeia longa de 16 a 30 carbonos, unidos pela reação conhecida por esterificação. As suas funções biológicas são parecidas com as dos óleos e das gorduras, mas, como sua consistência é mais firme, possui também a função de impermeabilização. Como exemplo temos as ceras nas penas de aves e animais, que repelem a água e as mantêm no ar, melhorando a mobilidade. Figura 26 - Representação química e figurativa da estrutura de ceras Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 362). Descrição da Imagem: no primeiro quadro (a), podemos ver a representação química de uma estrutura de ceras. A estrutura demonstrada é uma cera muito conhecida, a Triacontanol Palmitato, o principal componente da cera de abelha, um éster de ácido palmítico com o álcool triacontanol. 3. Membranas Biológicas - os lipídios presentes nesta categoria apresen- tam uma cadeia hidrocarbonada apolar (cauda) e um grupo polar (ca- beça), formando uma composição conhecida, a bicamada, onde ocorrem as associações por entre as caudas e cabeças, por interações hidrofílica U N ID A D E 1 40 (pontes de hidrogênio). Estes também, são divididos em: glicerofosfoli- pídios, esfingolipídios e colesterol, que se diferenciam por suas estruturas e função. Os primeiros são os principais constituintes das membranas celulares, os segundos são formados por uma molécula de esfingosina, um amino álcool alifático de cadeia longa e não contém glicerol. E, por fim, os esteróides que contém em sua estrutura quatro anéis cíclicos ligados entre si. Entre estas estruturas, o mais importante e conhecido é o colesterol, econforme podemos visualizar na figura a seguir. U N IC ES U M A R 41 A maioria das gorduras naturais, como as dos óleos vegetais, dos laticínios e da gordura animal, são misturas complexas de triacilgliceróis simples e mistos, que contêm uma variedade de ácidos graxos que diferem no comprimento da cadeia e no grau de saturação. Os óleos vegetais, como o óleo de milho e o azeite de oliva, são compostos, em grande parte, por triacilgliceróis com ácidos graxos insaturados e, portanto, são líquidos à temperatura ambiente. Os triacilgliceróis que contêm somente ácidos graxos saturados, como a triestearina, o componente mais importante da gordura da carne bovina, são sólidos brancos e gordurosos à temperatura ambiente. Quando alimentos ricos em lipídios são expostos por muito tempo ao oxigênio do ar, eles podem estragar e se tornarem rançosos. O gosto e o cheiro desagradáveis associados à rancidez resultam da clivagem oxidativa das ligações duplas em ácidos graxos insaturados, que produz aldeídos e ácidos carboxílicos de menor comprimento de cadeia e, portanto, de maior volatilidade. Esses compostos se dispersam, prontamente, pelo ar até o seu nariz. Para aumentar o prazo de validade de óleos vegetais de cozinha e a sua estabilidade às altas temperaturas utilizadas na fritura, os óleos vegetais são preparados por hidrogenação parcial. Esse processo converte muitas Figura 27 - Demonstrações de diferentes tipos de estruturas de lipídios e suas diferentes funções / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 368). Descrição da Imagem: a primeira sessão da figura é composta por um recorte de membrana biológica, mos- trando sua composição de dupla camada lipídica, onde as caudas que não possuem afinidade com a água estão no interior da membrana, enquanto as cabeças polares permanecem em seu exterior. Na sequência, há demonstrações de diferentes tipos de estruturas de lipídios e suas diferentes funções. Nas primeira e segunda imagens há representação de fosfolipídeos de membranas e, na terceira, uma representação de colesterol. U N ID A D E 1 42 das ligações duplas cis dos ácidos graxos em ligações simples e aumenta o ponto de fusão dos óleos, de forma que eles ficam mais próximos do estado sólido à temperatura ambiente (a margarina é produzida assim, a partir de óleo vegetal). A hidrogenação parcial tem outro efeito indesejado: algumas ligações duplas cis são convertidas em ligações duplas trans. Hoje, existem fortes evidências de que o consumo de ácidos graxos trans pela dieta (frequentemente, chamados de gorduras trans) leva a uma maior incidência de doenças cardiovasculares, e que evitar essas gorduras na dieta reduz, consideravelmente, o risco de doenças cardíacas. Os ácidos graxos trans da dieta aumentam o nível de triacilgliceróis e de colesterol LDL (o colesterol ruim) no sangue e diminuem o nível de colesterol HDL (o colesterol bom). Essas mudanças por si só são suficientes para aumentar o risco de doenças cardíacas, mas podem ter mais efeitos adversos. Parecem, por exemplo, aumentar a resposta inflamatória do corpo, o que é outro fator de risco para doenças cardíacas. Acabamos de ver muitos conteúdos, esperamos que tenham gostado. Até a próxima unidade, onde os conceitos aqui apreendidos poderão ser colocados em prática. U N IC ES U M A R 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), depois de tudo que vimos, esperamos que possa ter elucidado as principais dúvidas sobre biomoléculas que constituem os seres vivos, sejam animais, plantas ou quaisquer que sejam. Espero, também, que, por meio desta leitura, possa olhar a vida ao seu redor com outros olhos e, assim, conseguir enxergar que em tudo as moléculas estão presentes em nosso dia a dia de forma constante, formando as estruturas biológicas com as quais interagimos e, inclu- sive, formam a nós mesmos. A partir de agora, que você possa, ao olhar um copo com água, compreender a complexa estrutura que ali está contida e saber que, quando ela muda de estado, muitas interações estão envolvidas e há mudanças nas conformações molecu- lares, e isso pode interferir nos processos biológicos. Assim,também, quando utilizamos água para fazer qualquer prato, quando adicionamos ingredientes a ela, como o sal de cozinha, seus átomos e íons se relacionam. Esperamos que o mesmo olhar se estenda às primeiras biomoléculas com que tivemos contato, aos aminoácidos, que voltaremos a citar, na próxima unidade, às unidades básicas constituintes das proteínas. Quanto aos carboidratos, vimos o quanto são abundantes e desempenham muitas funções, em locais em que convi- vemos, diariamente. Aproveitem para se familiarizar nos locais onde se encontrar e tentar perceber as diferenças de suas características estruturais, como vimos. E, por fim, o lipídios, conforme vimos, não são os vilões como descritos nos dias atuais, na realidade, são necessários para nossa vida, por exemplo, os esterois, que estão na classe dos hormônios, que regulam algumas funções metabólicas. Espero que tenha gostado e aguardo você na próxima unidade! 44 na prática 1. Os carboidratos são estruturas complexas, amplamente encontrados nos organis- mos, são utilizados, basicamente, como fonte de energia, logo, por esta razão, muito utilizados como fontes de reservas nas plantas, além de serem utilizados como es- truturais entre outras funções. A seguir, temos uma figura que ilustra a composição de dois carboidratos, o amido e a celulose. Analise as afirmativas a seguir: I - O amido e a celulose podem ser classificados como polissacarídeos. II - O amido é um carboidrato de reserva energética. III - A celulose é uma carboidrato misto, classificado como reserva energética. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III. Amilose Polímero de Celulose e seu Monômero de beta-Glicose Celulose Monômero de beta-Glicose 45 na prática 2. Quando falamos a respeito da água como constituinte celular, sabe-se que cumpre inúmeras atividades. Desta forma, avalie as afirmativas seguintes: I - A água é considerada o solvente natural dos íons e outras substâncias encon- tradas nas células. II - A água, geralmente, encontra-se encontra dissociada, ionicamente, mantendo o pH e a pressão osmótica das células. III - A água é indispensável para a atividade celular, visto que os processos fisiológi- cos só ocorrem em meio aquoso. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e Ill, apenas. d) lI e lIl, apenas. e) I, II e III. 3. Os carboidratos são formados por átomos de carbonos, hidrogênios e oxigênio em uma proporção. Assinale a alternativa com a proposição correta. a) 1, 1, 2. b) 1, 2, 2. c) 2, 2, 2. d) 2, 2, 1. e) 1, 2, 1. 46 na prática 4. A água possui inúmeras particularidades, mas uma característica da fase sólida é que cada molécula de água se fixa e estabelece pontes de hidrogênio com: a) 3 moléculas de águas vizinhas. b) 4 moléculas de águas vizinhas. c) 5 moléculas de águas vizinhas. d) 3 moléculas de águas vizinhas e 1 de sal. e) 6 moléculas de águas vizinhas, formando um tetraedro. 5. Os ácidos graxos são as unidades básicas da maioria dos lipídios, são constituídos por ácidos monocarboxílicos, que se ligam à longa cadeia hidrocarbonada. A respeito dos ácidos graxos ,avalie as afirmativas seguintes: I - As longas cadeias hidrocarbonadas, que podem variar na quantidade de car- bonos de 4 a 36. II - As cadeias de ácidos graxos podem ser, ainda, saturadas ou insaturadas. III - Os ácidos graxos não devem ser consumidos, pois são os responsáveis pelo colesterol. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 47 aprimore-se DOSAGEM DE GLICOSE SANGUÍNEA NO DIAGNÓSTICO E NO TRATAMENTO DO DIABETES A glicose é o principal combustível para o cérebro, sendo assim, quando a quanti- dade de glicose disponível no cérebro é muito baixa, pode haver consequências de- sastrosas, e alguns sintomas podem ser letargia, coma, dano cerebral permanente, e até mesmo, morte. Este é um problema muito sério enfrentado, principalmente, pelos indivíduos com diabetes melito, sendo, portanto, dependentes de insulina, pois estes não a produzem o suficiente em seus organismos. A insulina é o hormônio que atua para a redução da concentração de glicose no sangue, e, quando o diabetes não é tra- tado, os níveis de glicose sanguínea podem elevar-se, mais que o normal, podem causar sérias consequências de longo prazo, como insuficiência renal, doenças car- diovasculares, cegueira e cicatrização debilitada. O tratamento para estes indivíduos baseia-se no balanço correto entre exercício, dieta e utilização de insulina de acordo com o necessário para cada indivíduo, sendo que a concentração de glicose sanguínea deve ser dosada ao longo do dia, para que possa ser ministrada insulina conforme a necessidade. Este assunto é bastante pertinente no meio bioquímico, pois a identificação des- te elemento, dá-se pelas reações bioquímicas da oxidação da glicose, além do pa- râmetro de regulação de elementos, como a glicose em nossa corrente sanguínea, utilizando hormônios. Fonte: adaptado de Nelson e Cox (2014, p. 250). 48 eu recomendo! Química de Alimentos de Fennema Autores: Owen R. Fennema, Srinivasan Damodaran e Kirk L. Parkin. Editora: Artmed Sinopse: considerada referência mundial sobre o assunto, há mais de 30 anos, Química de alimentos de Fennema, em sua 5ª edição, supera os padrões de qualidade e informações abrangen- tes estabelecidos pelas edições anteriores. Com sua já conhecida estrutura didáti- ca, acessível e amplamente ilustrada, esta edição começa realizando uma análise dos principais componentes alimentares, como água, carboidratos, lipídios, pro- teínas e enzimas. A segunda parte trata dos componentes alimentares menores, incluindo vitaminas e minerais, corantes, sabores e aditivos. E, por fim, são apre- sentados os sistemas alimentares, revisando as considerações básicas e trazen- do informações específicas sobre as características do leite, fisiologia dos tecidos musculares comestíveis e fisiologia pós-colheita de tecidos vegetais comestíveis. livro 2 PROTEÍNAS: ESTRUTURAS E FUNÇÕES básicas PROFESSORA Drª Maria Fernanda Francelin Carvalho PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Ácidos nucleicos - peptídeos • Estruturas primárias proteicas • Enzimas • Membranas Biológicas, Transporte e Biossinalização. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer de forma mais aprofundada, as estruturas dos peptídeos • Conhecer a respeito da formação e do funcionamento das proteínas • Conhecer mais sobre as enzimas, para que servem e como atuam • Conhecer a as estrutura e funcionalidades das membranas celulares e o mecanismo de interação celulares. INTRODUÇÃO Olá, querido(a) aluno(a), daremos andamento em nosso estudo sobre as moléculasbase, responsáveis por desempenharem as reações metabólicas. Naunidade anterior, conhecemos os principais aspectos que dizem respei- to às estruturas moleculares de compostos químicos que compõem estas biomoléculas, de extrema importância para a manutenção da vida. É importante relembrarmos a origem e o mecanismo de conformação das proteínas em cada estágio de sua formação, os papéis que elas desem- penham e seus mecanismos de funcionamento. Sabemos que todas as suas informações e sequências advêm dos dados contidos nos DNAs de cada ser vivo, e que o processo em si, de transporte e decodificação destas, é com- plexo, envolve inúmeras etapas, que são estudadas de forma mais profunda na Biologia Celular, mas que, se às conhecermos, saberemos que quaisquer falhas em alguma destas é capaz de produzir processos defeituosos. Nesta unidade, veremos onde estas falhas afetarão. Veremos, também, que as proteínas controlam, praticamente, todas as vias de metabolismo em uma célula, possuem uma grande variedade de diferentes tipos e podem ser encontradas nas mais diversas funções. Não nos esqueçamos que elas são os produtos finais mais importantesdas vias de informações celulares. Estudaremos as organizações espaciais que dão toda a funcionalida- de a cada molécula, sendo assim, veremos também um tipo específico de proteína, que tem um papel não apenas importante, mas diferencial das demais funções, o de catalisadores biológicos. Estes permitem que as rea- ções metabólicas sejam passíveis de acontecimentos dentro das condições biológicas, as proteínas especiais, que são as enzimas. E, para fecharmos esta unidade, falaremos sobre a biossinalização, que são processos pelos quais as células de um organismo se comunicam entre si, utilizando proteínas e outros elementos para que isto aconteça. Tendo dito isso, vamos iniciar nossa jornada? Bons estudos! U N IC ES U M A R 51 1 ÁCIDOS NUCLÉICOS peptídeos Como vimos na unidade anterior, um dos elementos constituintes das estruturas biológicas são os aminoácidos, estrutu- ras que possuem um átomo de carbono central (α), ligados a distintos grupos químicos, sendo eles: um grupo amino primário (−NH2), um grupo carboxíli- co (−COOH), um átomo de hidrogênio e uma cadeia lateral (R) diferente para cada aminoácido. Vimos os principais aminoácidos que existem naturalmente, suas características estereoquímicas, suas polaridades e outras características. Estas moléculas têm a capacidade de se unirem e, assim, formarem os peptí- deos e as proteínas. Estes polímeros de aminoácidos, que ocorrem naturalmen- te nos organismos biológicos, podem ser de vários tamanhos e desempenham inúmeras funções. U N ID A D E 2 52 Iniciaremos o estudo pelos peptídeos, moléculas provenientes da reação de adição formada pela ligação peptídica e que ocorre pela remoção de elementos de água do grupo a-carboxila de um aminoácido e do grupo a-amino do outro, como mostra a Figura 1. Figura 1 - Formação de uma ligação peptídica / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 86). Descrição da Imagem: a imagem representa o processo de condensação entre moléculas de aminoácidos, forma a ligação peptídica, gerando uma molécula de água. Esta reação é favorecida nas células vivas, assim, quando a união ocorre entre dois aminoácidos, temos um dipeptídeo, entre um tripeptídeo, e assim por dian- te. Quando a estrutura se torna de proporções tão numerosas, são chamados de oligo peptídeos, porém, se houver um número muito elevado de unidades, estes são chamados de polipeptídeo. É importante falarmos que as estruturas conhecidas por polipeptídeos podem ser, por vezes, utilizadas para se referir às proteínas, porém existe uma diferença, os polipeptídeos possuem massa molecular inferior a 10.000, enquanto as pro- teínas possuem valores superiores. U N IC ES U M A R 53 Sendo assim, podemos considerar as proteínas como cadeias poliméricas ma- cromoleculares, com unidades básicas constituídas de aminoácidos, ligados por ligações peptídicas. Estas uniões ocorrem de maneira natural, nas condições propícias com dentro dos organismos vivos. Estas reações fazem parte da sín- tese química de peptídeos, em que é necessário bloquear os grupos aminoáci- dos específicos (resíduos de aminoácidos) para que possam reagir durante a ligação peptídica. As generalizações quanto às naturezas dos peptídeos não podem ser feitas em massas moleculares de peptídeos e proteínas, biologicamente, ativas no que diz respeito às suas funções. Peptídeos que ocorrem naturalmente podem ter variações em seus tamanhos de cadeia, sendo possível esta diferença ser de dois a muitos milhares de resíduos de aminoácidos. PROTEÍNAS Estes compostos possuem natureza polipeptídica, ou seja, uma série de aminoá- cidos, que fazem com que sua estrutura tenha características específicas, como o peso molecular diferenciado. Figura 2 - Representação das reações químicas de formação de ligações peptídicas / Fonte: Brui- ce (2006, p. 387) e Harvey e Ferrier (2012, p. 14). Descrição da Imagem: processo de condensação de aminoácidos para a formação de peptídeos. Repre- senta que, para formação de cadeias maiores, há uma sequência de ligações peptídicas em moléculas sequen- ciais, formando longas cadeias. U N ID A D E 2 54 Além desta característica, as ligações peptídicas que unem os aminoácidos presentes nas moléculas de proteínas possuem estrutura plana cujos elétrons são deslocados na ligação amida, dando à ligação C-N um caráter de ligação dupla, não permitindo rotações nestes pontos das cadeias, logo, uma característica destas estruturas consiste em uma série de ligações peptídicas unindo carbonos (alfa), que por sua vez, servem como ponto de rotação ao longo do eixo, e estas rotações definem a estrutura secundária de uma proteína (CONN; STUMFF, 1980). Figura 3 - Representação gráfica das conformações estruturais cadeira e barco que são encontradas nas estruturas proteicas em função de suas duplas ligações / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 118). Descrição da Imagem: a figura representa em a) cada ligação peptídica que tem algum caráter de ligação dupla, devido à ressonância, e não pode girar. Embora o átomo de N em uma ligação peptídica seja sempre representado com uma carga positiva parcial, considerações cuidadosas dos orbitais de ligação e dos meca- nismos quânticos indicam que o N tem uma carga líquida neutra ou levemente negativa. Em b) três ligações separam os carbonos α consecutivos em uma cadeia polipeptídica. As ligações N-Cα e Cα -C podem girar, sendo descritas pelos ângulos diedros designados Φ e ψ, respectivamente. A ligação peptídica C-N não está livre para rotação. Outras ligações simples do esqueleto também podem estar, rotacionalmente, obstruídas, dependendo do tamanho e da carga dos grupos R. Em c), átomos e planos que definem ψ. Em d), por con- venção, Φ e ψ são iguais a 180o (ou –180o) quando o primeiro e o quarto átomos estão mais afastados, e os peptídeos estão totalmente estendidos. Ao longo da ligação que sofre rotação (para qualquer um dos lados), os ângulos Φ e ψ aumentam à medida que o quarto átomo gira no sentido horário em relação ao primeiro. Algumas conformações mostradas aqui (p. ex., 0o) são proibidas em uma proteína, devido à sobreposição espacial dos átomos. De (b) até (d), as esferas que representam os átomos são menores do que os raios de van der Waals para esta escala. U N IC ES U M A R 55 2 ESTRUTURAS PRIMÁRIAS proteicas Para darmos início à discussão a respeito das proteínas, chamaremos a atenção às suas funções, que são estruturais e dinâmicas, tais como: ■ Formam elementos estruturais do nosso organismo, como músculo, ossos, dentes, pelos etc. ■ Responsáveis por movimentos do organismo (contração muscular) e das células (cílios, flagelos e pseudópodes). ■ Atuam na defesa como anticorpos. ■ Transportam substâncias no organismo (hemoglobina) e nas células (per- meases e bombas). ■ Formam hormônios e neurotransmissores que controlam as atividades fisiológicas dos organismos pluricelulares (Obs.: alguns hormônios apre- sentam constituição lipídica - hormônios esteroides). ■ Apresentam ação enzimática, controlando as atividades metabólicas. A estrutura primária de uma proteína refere-se à sequência de aminoácidos e a localização das pontes de dissulfeto que a constituem. Esta estrutura faz-sene- cessária para que suas características e seus mecanismos de ação, sua biossíntese, inclusive, com modificações de pós-tradução de sua estrutura e sua relação com outras proteínas e seus papéis fisiológicos se deem (DEVLIN, 2011). U N ID A D E 2 56 A estrutura primária consiste em uma sequência de aminoácidos unidos por ligações peptídicas e inclui quaisquer pontes dissulfeto. O polipeptídeo resultante pode ser disposto em unidades de estrutura secundária, como em uma hélice α. A hélice é uma parte da estrutura terciária do polipeptídeo dobrado, e é ele mesmo uma das subunidades que compõem a estrutura quaternária da proteína multissubunidade, nesse caso a hemoglobina. Estas sequências das posições dos aminoácidos dentroda cadeia proteica são deterrminadas pelo sequenciamento do DNA assim, a sequência de nucleotídeos em uma determinada região do DNA, é responsável por produzir determinada proteí- na, conforme a necessidade do organismo e de acordo com a sua função biológica. Esse processo, embora usado, rotineiramente, para obter as sequências, em muitos casos, não é capaz de prever as formações em determinadas posições das pontes dissulfetos, que podem dar características diferenciadas, funcionalmente falando. ESTRUTURA SECUNDÁRIA Uma vez formada a estrutura primária, esta estrutura polipeptídica já possui a capacidade de formar uma tridimensional. Este arranjo é determinado em função da sequência transcrita de aminoácidos, que regulam estas interações com os Figura 4 - Demonstração gráfica da evolução estrutural e conformação espacial de proteínas Descrição da Imagem: podemos observar as etapas de formação de uma estrutura proteica. Primeiramente, temos a estrutura primária, formada pela sequência de aminoácidos apenas, em uma longa cadeia. Posterior- mente, já vemos a formação de alfa hélice sendo formada, conformando a estrutura secundária. Após esta, há a conformação espacial da cadeia, dando origem à estrutura terciária e com conformação espacial em 3D, e, por fim, a união de inúmeras subunidades de estruturas terciárias, formando, assim, a estrutura quaternária. U N IC ES U M A R 57 radicais a sua volta. Vale lembrar queesta sequência e arranjo já são pré determi- nados de acordo com a sua estrutura inicial, e as cadeias radicais presentes nos aminoácidos, utilizando-se de afinidades e repulsas provenientes das estruturas e grupos funcionais químicos presentes. Para estas estruturas que já possuem conformação espacial damos o nome de estrutura secundária do polipeptídeo. Estas podem estar configuradas em α hélice e em folha β e são, frequentemente, encontradas em proteínas. Estrutura α As estruturas em hélice possuem conformação de α hélice, a sequência de ami- noácidos, giram para o lado direito, mantendo os planos das ligações peptídicas, ficam paralela no eixo da hélice, como mostrado na Figura 5. Nesta conformação, cada peptídeo forma duas pontes de hidrogênio, com uma ligação peptídica do quarto aminoácido acima e outra ligação com o quarto aminoácido abaixo. Figura 5 - Formas diferentes de observamos a organização alfa hélice da estrutura secundária das proteínas / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 120). Descrição da Imagem: na estrutura (a) é utilizado o modelo didático esfera e bastão, assim, é possível observar os ângulos das ligações. No modelo (b), podemos observar a hélice α vista ao longo de seu eixo central, como se estivessem olhando por suas extremidades, possibilitando observar seus grupamentos R com as intera- ções com o meio externo. O modelo© visa enfatizar o volume dos átomos que estão presentes nas cadeias, deixando evidente que há uma interação total entre eles, e não apenas se tocando pelas ligações. E, por fim, o modelo (d) demonstra uma projeção da rotação helicoidal de uma hélice α., com o intuito de representar as camadas de cada volta da hélice, que no desenho é representado por cores diferentes. U N ID A D E 2 58 Para que fique mais simples o processo de compreensão, seja para qual sentido a hélice formada da proteína seja determinado, existe um macete do qual podemos sempre lan- çar mão. E quando digo mão, é no sentido literal da palavra, pois, se as colocarmos com os polegares apontando para longe do corpo, olhando para elas e imagineremos imagine hélices sendo formadas a partir da direção que os demais dedos apontam. Para a mão direita a hélice gira para a direita, e o mesmo correspondente para a mão esquerda. explorando Ideias Estrutura β Nesta conformação, cada cadeia polipeptídica, estabelece pontes de hidrogênio com outra região polipeptídica semelhante alinhada em direção paralela ou an- tiparalela, formando uma estrutura que se parece com uma folha pregueada. Descrição da Imagem: A figura acima, visa explicar que podemos compreender e descobrir para qual lado a hélice da cadeia proteica gira, utilizando nossas mãos. quando posicionamos nossas mãos com a palma virada para nosso corpo e o polegar para cima, o sentido das voltas da hélice que coincidirem com nossos demais dedos correspondem ao lado de giro da estrutura, ou seja, quando o giro coincidir com o sentido que os dedos da mão direita apontam, esta hélice possui sentido de giro para a direita, e o mesmo vale para a outra mão. U N IC ES U M A R 59 Figura 6 - Conformação espacial formada pelas cadeias proteicas de folha paralela / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 123 -124). Descrição da Imagem: na primeira imagem, é possível ter uma visão da organização lateralizada das cadeias, formando, então, uma folha ziguezagueada. Para a segunda parte da ilustração, po- demos observar a interação entre os átomos da molécula, de forma a sustentar a estrutura. U N ID A D E 2 60 ESTRUTURA TERCIÁRIA Após as conformações primárias e secundárias formadas, as cadeias proteicas tendem a enrolarem-se e se dobrarem, formando uma nova estrutura, mais com- plexa e mais ou menos rígida. Ao arranjo espacial dos aminoácidos adjacentes às cadeias polipeptídicas principais damos o nome de estrutura secundária. Seguindo esta correlação, quando incluímos toda esta estrutura já formada anteriormente à próxima com- binação química de aspecto e alcance mais longos damos o nome de estruturas terciárias. Neste sentido, haverá a formação de dobras na estrutura, como pode- mos observar na Figura 7. Figura 7 - Representação gráfica das conformações espaciais em cada etapa da estruturação espacial proteica / Fonte: Harvey e Ferrier (2012, p. 20). Descrição da Imagem: a figura representa os três estágios de inte- rações entre as cadeias para que as estruturas espaciais possam ser formadas,. Primeiramente, no estágio um, observamos o enovelamen- to da estrutura de cadeia aproximando cada vez mais os átomos que passam a formar domínios estruturais. No estágio dois, possuem características específicas próximas entre si. Estes, por sua vez ,pas- sam a interagir entre si, formando, por fim, a estrutura três a qual forma o monômero proteico final. ESTRUTURA QUATERNÁRIA Após todas estas inúmeras interações e conforma- ções sofridas, algumas proteínas podem conter uma ou mais cadeias distintas, chamadas subunidades, de composições idênticas ou não, formando arranjos complexos tridimensionais, esta é a conhecida es- trutura quaternária das proteínas. Neste nível de organização, as estruturas podem ser classificadas em: ■ Proteínas fibrosas: formadas por cadeias po- lipeptídicas arranjadas em longos filamentos, conforme a figura a seguir. U N IC ES U M A R 61 ■ Proteínas Globulares: formadas por cadeias polipeptídicas dobradas em formatos esféricos. Figura 8 - Representação gráfica de estruturas proteicas de fibras, exemplo de um fio de cabelo / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 126). Figura 9 - Representação gráfica do colágeno, exemplo de proteínas globulares Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 127). Descrição da Imagem: a imagem acima, representa o quanto esta conformação espacial interfere na forma- ção de estrutura maiores, como uma fibra de um cabelo. No primeiro momento, podemos ver as proteínas, queratinas, em forma de hélice, que interagem entre si, até formarem a fibra capilar. Descrição da Imagem: figura, representa uma proteína de estrutura globular, no caso do colágeno, que, ao haver a interação entre as cadeias proteicas que o constituem, arranjam-se, formando glóbulos. U N ID A D E 2 62 DESNATURAÇÃO PROTEICA Como podemos perceber, as proteínas possuem uma organização estrutural que lhes confere funcionalidade, apenas a estrutura primária é mantida por interação química forte - a ligação peptídica, enquanto as demais são mantidas por intera- ções fracas. Sendo assim, estas ligações têm forte influência pelas alterações físicas
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