Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO NAYARA NUNES PONTES CENTRO DE TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ: A ARQUITETURA E O BEM-ESTAR Campos dos Goytacazes/RJ 2021 NAYARA NUNES PONTES CENTRO DE TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ: A ARQUITETURA E O BEM-ESTAR Trabalho Final de Graduação apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos- Centro como requisito parcial para a conclusão do Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo. Orientador(a): Prof.ª. M. Sc. Silvana Monteiro de Castro Carneiro Campos dos Goytacazes/RJ 2021 Biblioteca Anton Dakitsch CIP - Catalogação na Publicação Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Biblioteca Anton Dakitsch do IFF com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). P814c Pontes, Nayara Nunes Centro de terapias integrativas e complementares no município de Campos dos Goytacazes/RJ : a arquitetura e o bem-estar / Nayara Nunes Pontes - 2021. 190 f.: il. color. Orientadora: Silvana Monteiro de Castro Carneiro Trabalho de conclusão de curso (graduação) -- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus Campos Centro, Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Campos dos Goytacazes, RJ, 2021. Referências: f. 170 a 183. 1. Medicina integrativa. 2. Terapias integrativas e complementares. 3. Arquitetura holística. 4. Arquitetura biofílica. I. Carneiro, Silvana Monteiro de Castro, orient. II. Título. NAYARA NUNES PONTES CENTRO DE TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ: A ARQUITETURA E O BEM-ESTAR Trabalho Final de Graduação apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos- Centro como requisito parcial para a conclusão do Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo. Aprovada em 12 de julho de 2021. Banca Avaliadora: ................................................................................................................................................ Profª. Silvana Monteiro de Castro Carneiro - orientadora Arquiteta e Urbanista; Mestre em Planejamento Regional e Gestão de Cidades/UCAM Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense - Campus Campos Centro .................................................................................................................................................. Profª. Simone da Hora Macedo Arquiteta e Urbanista; Doutora em Arquitetura – PROARQ-FAU-UFRJ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense - Campus Campos Centro .................................................................................................................................................. Profª. Regina Coeli Martins Paes Aquino Arquiteta e Urbanista; Doutora em Engenharia e Ciência dos Materiais/UENF AGRADECIMENTOS Venho agradecer o fechamento de um ciclo, agradecer todas as etapas que passei para chegar até aqui, as experiências vividas desde o início dessa caminhada. Agradeço a Deus por ser a minha base e força, por guiar meus caminhos, me dar sabedoria e saúde, por conceder oportunidades e me guiar para que eu pudesse aproveitá-las da melhor maneira. Aos meus pais Maria e Sebastião, o meu muito obrigada, pela confiança na minha escolha, sempre me apoiando, se dedicando, ajudando em tudo que eu precisei em todo esse período, a vocês eu só tenho a agradecer por tudo, sou eternamente grata por todo incentivo para os meus estudos, mostrando o quanto esse caminho é importante para que eu consiga alcançar os meus sonhos e a forma que me passaram os ensinamentos da vida para ser uma boa profissional e um ser humano que busque sempre ser o seu melhor em todas as áreas. Aos meus avós Elzi e Álvaro – in memoriam. É um modo de fazê-los presentes nesse momento. Ao meu companheiro de vida Pedro Augusto, que por toda a faculdade sempre me estendeu a mão, reconheço que grande parte das etapas pelas quais eu passei, se não estivesse comigo, eu não teria chegado até aqui. Obrigada por todas as palavras de carinho, amizade e respeito, a você também a minha eterna gratidão. Obrigada a cada experiência dentro e fora da faculdade, a todos os meus estágios, que me fizeram crescer profissionalmente, aos meus colegas de trabalho que me ensinaram e me ensinam diariamente a ser uma profissional melhor, aos meus amigos de dentro e fora da faculdade que fizeram dessa experiência mais leve e divertida nesses longos anos. A minha imensa gratidão a alguns professores que passaram por minha árdua caminhada e, com amor e carinho, trouxeram acalento ao meu coração. Em especial à minha banca, Regina e Simone, que além de contribuírem para a minha formação ao longo de toda a faculdade, também são fontes de inspiração para mim como mulheres e profissionais. Agradeço a minha orientadora Silvana, que sempre esteve ao meu lado durante este caminho importante. Obrigada pelos conselhos, orientações e, principalmente, por me incentivar com palavras de carinho e atenção. Você é um exemplo que eu quero sempre seguir. É uma honra ser sua orientanda. Hoje, eu a admiro ainda mais. Por fim, agradeço a todos que contribuíram de alguma forma para que eu chegasse onde cheguei. Sou grata por tudo o que aprendi durante essa fase. Esse é só o começo de uma longa jornada. Dedico este trabalho aos meus pais e a Deus, pois graças a eles posso concluir este curso. Meu eterno amor e gratidão. Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. Carl Gustav Jung RESUMO Em uma busca pelo bem-estar do homem no meio em que vivemos, de maneira a cuidar da sua saúde e do seu equilíbrio para enfrentar as adversidades do dia a dia, objetiva-se com esse trabalho elaborar o anteprojeto arquitetônico de um Centro de Terapias Integrativas e Complementares no munícipio de Campos dos Goytacazes, RJ. O espaço é voltado para aqueles que desejam reencontrar a qualidade de vida através de terapias que levam em consideração o ser humano em sua integralidade, tratando o corpo e a mente de forma conjunta. Esta escolha justifica-se por não existir uma estrutura arquitetônica na área da saúde que ampare este tipo de prática na cidade. Para o desenvolvimento do trabalho, realizou-se pesquisas bibliográficas e documentais sobre o tema em questão e estudo da medicina integrativa e da política nacional vigente. Também foram executados estudos de caso de locais que possuem o serviço de terapias integrativas e complementares, além da identificação de referenciais projetuais, que serviram de inspiração para o anteprojeto e a aplicação de questionário on-line. Acredita-se que a proposta do Centro de Terapias Integrativas e Complementares é de grande contribuição para diversas áreas de conhecimento e para a sociedade. Palavras-chave: Medicina integrativa. Terapias integrativas e complementares. Arquitetura holística. Arquitetura biofílica. ABSTRACT In a search for the well-being of man in the environment in which we live, in order to take care of his health and balance to face the adversities of daily life, the objective of this work is to elaborate the architectural draft of a Center for Integrative and Complementary Therapies in the municipality of Campos dos Goytacazes, RJ. The space is aimed at those who wish to rediscoverthe quality of life through therapies that take into account the human being in its entirety, treating the body and mind together. This choice is justified because there is no architectural structure in the area of health that supports this type of practice in the city. For the development of the work, bibliographical and documental research was carried out on the subject in question and study of integrative medicine and the current national policy. Case studies were also carried out of places that have the integrative and complementary therapies service, in addition to the identification of design references, which served as inspiration for the draft and the application of an online questionnaire. It is believed that the proposal of the Center for Integrative and Complementary Therapies is a great contribution to different areas of knowledge and to society. Keywords: Integrative medicine. Integrative and complementary therapies. Holistic architecture. Biophilic architecture. RESUMEN En una búsqueda del bienestar del hombre en el entorno en el que vivimos, con el fin de cuidar su salud y equilibrio para afrontar las adversidades de la vida cotidiana, el objetivo de este trabajo es elaborar el anteproyecto arquitectónico de un Centro de Terapias Integrativas y Complementarias en el municipio de Campos dos Goytacazes, RJ. El espacio está dirigido a quienes deseen redescubrir la calidad de vida a través de terapias que tengan en cuenta al ser humano en su totalidad, tratando el cuerpo y la mente en conjunto. Esta elección se justifica porque no existe una estructura arquitectónica en el área de la salud que sustente este tipo de práctica en la ciudad. Para el desarrollo del trabajo se realizó una investigación bibliográfica y documental sobre el tema en cuestión y el estudio de la medicina integrativa y la política nacional vigente. También se realizaron estudios de caso de lugares que cuentan con el servicio de terapias integradoras y complementarias, además de la identificación de referencias de diseño, que sirvieron de inspiración para el borrador y la aplicación de un cuestionario online. Se cree que la propuesta del Centro de Terapias Integrativas y Complementarias es un gran aporte a diferentes áreas del conocimiento y a la sociedad. Palabras clave: Medicina integrativa. Terapias integrativas y complementarias. Arquitectura holística. Arquitectura biofílica. LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Quadro de terapias integrativas e complementares que fazem parte do SUS. .... 32 Quadro 02 – Efeitos psicológicos de algumas cores. ............................................................... 58 Quadro 03 – Unidades de Saúde que atendem ao SUS em Campos, 2015. ........................... 103 Quadro 04 – Grupo de Atividades. ......................................................................................... 109 Quadro 05 – Índices e parâmetros de Ocupação. ................................................................... 109 Quadro 06 – Eixos de Comércio e Serviços – ECS. ............................................................... 109 Quadro 07 – Vagas de estacionamento. ................................................................................. 110 Quadro 08 – Programa de necessidades. ................................................................................ 120 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 – Quantidade parcial de municípios brasileiros com oferta de PICs. ..................... 33 Gráfico 02 – Quantidade de estabelecimentos com oferta de PICs por região. ....................... 34 Gráfico 03 – Prevalência dos casos de depressão e ansiedade nos países. ............................... 52 Gráfico 04 – Idade dos participantes do questionário on-line. ................................................. 78 Gráfico 05 – Gênero dos participantes do questionário on-line. .............................................. 79 Gráfico 06 – Número de pessoas que conhecem as PICs no questionário on-line. .................. 79 Gráfico 07 – Número de pessoas que fizeram uso das PICs no questionário on-line. ............. 80 Gráfico 08 – Influência do uso das PICs para a saúde no questionário on-line. ...................... 80 Gráfico 09 – Tipos de tratamentos mais selecionados no questionário on-line. ...................... 81 Gráfico 10 – Escala de recomendação do Centro no questionário on-line. .............................. 82 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Princípios da medicina integrativa. ....................................................................... 23 Figura 02 – Linha do tempo da medicina integrativa. .............................................................. 32 Figura 03 – Comparativo entre terapia convencional e terapia alternativa. ............................. 37 Figura 04 – Aplicação de agulhas de acupuntura. .................................................................... 40 Figura 05 – Aplicação de técnica de massoterapia. .................................................................. 41 Figura 06 – Medicamentos homeopáticos. ............................................................................... 42 Figura 07 – Fitoterápicos: plantas medicinais. ......................................................................... 43 Figura 08 – Aplicação da prática de quiropraxia. ..................................................................... 44 Figura 09 – Grupo de pessoas praticando yoga. ....................................................................... 44 Figura 10 – Praticante de meditação......................................................................................... 45 Figura 11 – Óleos essenciais da Aromaterapia. ........................................................................ 46 Figura 12 – Arteterapia com a utilização de pintura em tela. ................................................... 47 Figura 13 – Musicoterapia com a utilização de instrumentos musicais. .................................. 48 Figura 14 – Grupo de praticantes da biodança. ........................................................................ 49 Figura 15 – Dança de roda com praticantes da dança circular. ................................................ 50 Figura 16 – Atividade de pilates com ajuda de aparelho (à esquerda) e atividade de pilates no solo com ajuda de bola suíça (à direita). .................................................................................. 50 Figura 17 – Reações psicológicas e psiquiátricas em situações de desastres. .......................... 53 Figura 18 – Perspectivas do Kennzur Spa. ............................................................................... 62 Figura 19 – Vista aérea do Parque Ibirapuera e Kennzur Spa. ................................................. 63 Figura 20 – Ambientes do Kennzur Spa integrados pelo paisagismo. ..................................... 64 Figura 21 – Ambientes de tratamento do Kennzur Spa. ........................................................... 64 Figura 22 – Fachada principal do Kennzur Spa. ...................................................................... 65 Figura 23 – Solário (à esquerda) e sala de tratamento (à direita) do Kennzur Spa. ................. 65 Figura 24 – Planta baixa do pavimento térreo do Kennzur Spa. .............................................. 67 Figura 25 – Planta baixa do primeiro pavimento do Kennzur Spa. .......................................... 68 Figura 26 – Planta baixa do pavimento subsolo do Kennzur Spa. ........................................... 69 Figura 27 – Telhado verde (à esquerda) e claraboia (à direita) no Kennzur Spa. .................... 70 Figura 28 – Pátio com deck de madeira (à esquerda) e tenda com vista para o jardim (à direita). ......................................................................................................................................70 Figura 29 – Perspectiva da Clínica Ser. .................................................................................... 71 Figura 30 – Sala de quiropraxia e ambulatório da Clínica Ser. ................................................ 72 Figura 31 – Sala de fisioterapia da Clínica Ser. ....................................................................... 73 Figura 32 – Sala de pilates e estética da Clínica Ser. ............................................................... 73 Figura 33 – Sala de pilates da Clínica Ser. ............................................................................... 74 Figura 34 – Perspectiva da fachada do Hospital Infantil de Zurique. ...................................... 84 Figura 35 – Pátio interno e a integração da natureza com as alas hospitalares. ....................... 85 Figura 36 – Implantação do Hospital Infantil de Zurique. ...................................................... 85 Figura 37 – Volumetria do Hospital Infantil de Zurique. ........................................................ 86 Figura 38 – Área interna e jardim externo do Hospital Infantil de Zurique. ............................ 86 Figura 39 – Perspectiva frontal da Casa no Vale das Videiras. ................................................ 87 Figura 40 – A paisagem e o lago na Casa no Vale das Videiras. ............................................. 88 Figura 41 – Varanda (à esquerda) e a residência e o paisagismo (à direita). ........................... 88 Figura 42 – Ambientes internos favorecidos de iluminação natural. ....................................... 89 Figura 43 – Elementos naturais utilizados na edificação. ........................................................ 89 Figura 44 – O paisagismo e o ateliê da residência. .................................................................. 90 Figura 45 – Vista externa da entrada (à esquerda) e vista interna da recepção (à direita) do Centro de Terapia Ativa R3. ..................................................................................................... 91 Figura 46 – Sala de atividades utilizando cores no ambiente. .................................................. 92 Figura 47 – Sala de atividades com iluminação natural. .......................................................... 93 Figura 48 – Sala de atividades com iluminação artificial. ........................................................ 93 Figura 49 – Vista do Centro de Diabetes de Copenhague. ....................................................... 95 Figura 50 – Vista do jardim público (à esquerda) e vista superior do Centro (à direita). ........ 95 Figura 51 – Áreas de convivência do Centro de Diabetes de Copenhague. ............................. 96 Figura 52 – Vista frontal da Casa Brise. ................................................................................... 97 Figura 53 – Casa Brise e seu entorno paisagístico. .................................................................. 97 Figura 54 – Brises de madeira distribuídos nas fachadas. ........................................................ 98 Figura 55 – Vista do AquaRio. ................................................................................................. 99 Figura 56 – Vista aérea do AquaRio. ....................................................................................... 99 Figura 57 – Localização do Estado do Rio de Janeiro no Mapa do Brasil e localização do município de Campos dos Goytacazes no Mapa do Estado do Rio de Janeiro. ..................... 101 Figura 58 – Localização do terreno no mapa de Campos dos Goytacazes e ampliação da área com a delimitação do terreno.................................................................................................. 102 Figura 59 – Delimitação do bairro Vila da Rainha na cidade de Campos dos Goytacazes.... 103 Figura 60 – Mapa viário. ........................................................................................................ 105 Figura 61 – Estudo de insolação e ventilação......................................................................... 106 Figura 62 – Vistas frontais do terreno adotado para o projeto. .............................................. 107 Figura 63 – Vista do condomínio (à esquerda) ao lado do terreno (à direita). ....................... 107 Figura 64 – Recorte do Mapa de Zoneamento Urbano do Município de Campos dos Goytacazes. ............................................................................................................................. 108 Figura 65 – Mapa de uso e ocupação. .................................................................................... 111 Figura 66 – Vista à frente do terreno. ..................................................................................... 112 Figura 67 – Mapa de gabarito das construções. ..................................................................... 113 Figura 68 – Síntese da área de estudo..................................................................................... 115 Figura 69 – Flor de lótus se abrindo. ...................................................................................... 116 Figura 70 – Lago Nong Han Kumphawapi na Tailândia coberto com flores de lótus. .......... 116 Figura 71 – Logotipo do CTIC. .............................................................................................. 117 Figura 72 – Desenho de mandala da flor de lótus. ................................................................. 118 Figura 73 – Estudo conceitual e estrutural da mandala. ......................................................... 119 Figura 74 – Fluxograma. ........................................................................................................ 123 Figura 75 – Estudo preliminar de setorização. ....................................................................... 124 Figura 76 – Planta baixa setorizada. ....................................................................................... 125 Figura 77 – Planta de implantação e consolidação do CTIC. ................................................. 126 Figura 78 – Estudo volumétrico e perspectivas do CTIC. ...................................................... 128 Figura 79 – Estudo volumétrico preliminar e subtrações do CTIC. ....................................... 128 Figura 80 – Estudo de fachada do CTIC. ............................................................................... 129 Figura 81 – Estudo dos materiais do CTIC. ........................................................................... 129 Figura 82 – Fachada do CTIC. ............................................................................................... 130 Figura 83 – Fachada do CTIC e seus elementos. ................................................................... 131 Figura 84 – Recepção do CTIC. ............................................................................................. 131 Figura 85 – Sala de fisioterapia do CTIC. .............................................................................. 132 Figura 86 – Sala de pilates do CTIC....................................................................................... 132 Figura 87 – Sala de massoterapia do CTIC. ........................................................................... 133 Figura 88 – Sala de yoga e meditação do CTIC. .................................................................... 133 Figura 89 – Sala de arteterapia do CTIC. ............................................................................... 134 Figura 90 – Sala de musicoterapia do CTIC........................................................................... 134 Figura 91 – Sala de biodança e dança circular do CTIC. ....................................................... 135 Figura 92 – Espaço para terapias ao ar livre do CTIC............................................................135 Figura 93 – Espaço para eventos e sua vista para o lago do CTIC......................................... 136 Figura 94 – Área externa e bangalôs do CTIC. ...................................................................... 136 Figura 95 – Paisagismo e lago do CTIC. ................................................................................ 137 Figura 96 – Área externa e de vivência do CTIC. .................................................................. 137 Figura 97 – Sala de psicologia do CTIC. ............................................................................... 138 Figura 98 – Vistas externas das salas e do lago do CTIC. ..................................................... 138 Figura 99 – Paisagismo do CTIC. .......................................................................................... 139 Figura 100 – Jardim central do CTIC. .................................................................................... 139 Figura 101 – Jardim e cafeteria do CTIC. .............................................................................. 140 Figura 102 – Cafeteria do CTIC. ............................................................................................ 140 Figura 103 – Horta do CTIC. ................................................................................................. 141 Figura 104 – Estacionamento do CTIC. ................................................................................. 141 Figura 105 – Arborização do estacionamento do CTIC. ........................................................ 142 Figura 106 – Tijolo ecológico. ............................................................................................... 144 Figura 107 – Assentamento do tijolo ecológico. .................................................................... 144 Figura 108 – Sistema construtivo de tijolo ecológico. ........................................................... 145 Figura 109 – Modelo de tijolo ecológico................................................................................ 145 Figura 110 – Dimensões do tijolo ecológico. ......................................................................... 146 Figura 111 – Parede de tijolo ecológico. ................................................................................ 146 Figura 112 – Modelos de cobogós. ......................................................................................... 147 Figura 113 – Efeito de sombreamento do cobogó. ................................................................. 147 Figura 114 – Pigmentos de tintas ecológicas.......................................................................... 148 Figura 115 – Tinta sustentável................................................................................................ 149 Figura 116 – Telha Termoacústica e suas camadas. ............................................................... 150 Figura 117 – Telha termoacústica. ......................................................................................... 150 Figura 118 – Telhado com telha cerâmica.............................................................................. 151 Figura 119 – Telhas cerâmicas esmaltadas............................................................................. 152 Figura 120 – Placas Fotovoltaicas. ......................................................................................... 153 Figura 121 – Composição da placa fotovoltaica. ................................................................... 153 Figura 122 – Madeira natural e madeira ecológica. ............................................................... 154 Figura 123 – Brises de madeira ecológica. ............................................................................. 155 Figura 124 – Brise vertical de madeira ecológica. ................................................................. 155 Figura 125 – Sala de estar com piso vinílico. ......................................................................... 156 Figura 126 – Sala de massagem com piso vinílico. ................................................................ 157 Figura 127 – Piso de cimento queimado em área externa. ..................................................... 158 Figura 128 – Piso de cimento queimado em áreas internas. ................................................... 158 Figura 129 – Piso cerâmico. ................................................................................................... 159 Figura 130 – Banheiro com piso cerâmico imitando madeira. ............................................... 160 Figura 131 – Piso intertravado................................................................................................ 161 Figura 132 – Paginação de piso intertravado.......................................................................... 161 Figura 133 – Calçada de piso intertravado. ............................................................................ 162 Figura 134 – Produção do piso intertravado. .......................................................................... 162 Figura 135 – Porta com folhas articuladas de madeira. .......................................................... 163 Figura 136 – Porta de madeira com vista para o jardim. ........................................................ 164 Figura 137 – Espaço para transposição de portas. .................................................................. 164 Figura 138 – Imagem ilustrativa de água da chuva. ............................................................... 165 Figura 139 – Esquema de aproveitamento de água da chuva. ................................................ 166 Figura 140 – Plantas paisagísticas do CTIC. .......................................................................... 168 LISTA DE SIGLAS CTIC Centro de Terapias Integrativas e Complementares MTCI Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas OMS Organização Mundial da Saúde PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares PICs Práticas Integrativas e Complementares SUS Sistema Único de Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 22 2 PERSPECTIVA HISTÓRICA E CULTURAL DA MEDICINA INTEGRATIVA ........ 27 2.1 A Inserção da Medicina Integrativa .............................................................................. 28 2.2 A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único De Saúde (SUS) ............................................................................................................ 30 3 TRATAMENTOS TERAPÊUTICOS INTEGRATIVOS .................................................... 35 3.1 A Importância de Terapias Integrativas para a Saúde ................................................ 35 3.2 Tipos de Terapias Integrativas e Complementares ...................................................... 39 3.2.1 Acupuntura ...................................................................................................................... 39 3.2.2 Massoterapia ................................................................................................................... 40 3.2.3 Homeopatia ..................................................................................................................... 41 3.2.4 Fitoterapia ....................................................................................................................... 42 3.2.5 Quiropraxia ..................................................................................................................... 43 3.2.6 Yoga ................................................................................................................................ 443.2.7 Meditação ........................................................................................................................ 45 3.2.8 Aromaterapia ................................................................................................................... 46 3.2.9 Arteterapia ....................................................................................................................... 47 3.2.10 Musicoterapia ............................................................................................................... 48 3.2.11 Biodança e Dança Circular ........................................................................................... 48 3.2.12 Pilates ............................................................................................................................ 50 3.3 Terapias Integrativas e Complementares Aliadas ao Bem-estar em Tempos de Pandemia ................................................................................................................................. 51 4 A ARQUITETURA BIOFÍLICA E OS ESPAÇOS TERAPÊUTICOS ............................. 55 4.1 A Psicologia Ambiental como Ferramenta Terapêutica .............................................. 56 4.1.1 Cores ............................................................................................................................... 57 4.1.2 Iluminação ....................................................................................................................... 58 4.1.3 Vegetação ........................................................................................................................ 59 4.1.4 Sentido háptico e conforto térmico ................................................................................. 60 5 PESQUISA DE CAMPO ........................................................................................................... 62 5.1 Estudo de Caso ................................................................................................................. 62 5.2 Visita Técnica ................................................................................................................... 71 5.3 Entrevistas ........................................................................................................................ 75 5.4 Aplicação de Questionário .............................................................................................. 77 6 REFERENCIAIS PROJETUAIS .............................................................................................. 83 6.1 Referencial Tipológico .................................................................................................... 84 6.1.1 Hospital Infantil de Zurique – Zurique, Suíça. ............................................................... 84 6.1.2 Casa no Vale das Videiras – Petrópolis, Brasil. .............................................................. 87 6.2 Referencial Funcional ..................................................................................................... 90 6.2.1 Centro de Terapia Ativa R3 – Manresa, Espanha. .......................................................... 90 6.3 Referencial Plástico-Formal ........................................................................................... 94 6.3.1 Centro de Diabetes de Copenhague – Copenhague, Dinamarca. .................................... 94 6.4 Referencial Tecnológico .................................................................................................. 96 6.4.1 Casa Brise – Santa Catarina, Brasil................................................................................. 96 6.4.2 Aquário Marinho – Rio de Janeiro, Brasil. ..................................................................... 98 7 PROPOSTA ARQUITETÔNICA ........................................................................................... 101 7.1 O Terreno e sua Localização ........................................................................................ 101 7.2 Sistema Viário e Acessos ............................................................................................... 104 7.3 Condicionantes Ambientais e Aspectos Físicos ........................................................... 106 7.4 Condicionantes Legais .................................................................................................. 108 7.5 Aspectos do Entorno ..................................................................................................... 110 7.5.1 Uso e Ocupação do Solo ............................................................................................... 110 7.5.2 Tipologia das Construções ............................................................................................ 112 7.6 Diretrizes Projetuais ...................................................................................................... 114 7.7 O Projeto e a Escolha do Nome do Centro .................................................................. 115 7.8 Conceito e Partido ......................................................................................................... 117 7.9 Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento .................................................. 120 7.10 Fluxograma .................................................................................................................. 123 7.11 Setorização ................................................................................................................... 124 7.12 Implantação ................................................................................................................. 125 7.13 Cobertura ..................................................................................................................... 127 7.14 Volumetria ................................................................................................................... 127 8 MEMORIAL DESCRITIVO ................................................................................................... 143 8.1 Tijolo Ecológico ............................................................................................................. 143 8.2 Cobogó de Cerâmica ..................................................................................................... 147 8.3 Tinta Ecológica .............................................................................................................. 148 8.4 Telhas .............................................................................................................................. 149 8.4.1 Termoacústica ............................................................................................................... 149 8.4.2 Cerâmica ....................................................................................................................... 151 8.5 Energia Solar ................................................................................................................. 152 8.6 Madeira Ecológica ......................................................................................................... 154 8.7 Pisos ................................................................................................................................ 156 8.7.1 Vinílico .......................................................................................................................... 156 8.7.2 Cimento Queimado ....................................................................................................... 157 8.7.3 Cerâmico ....................................................................................................................... 159 8.7.4 Intertravado ................................................................................................................... 160 8.8 Esquadrias...................................................................................................................... 163 8.9 Captação de Águas Pluviais .......................................................................................... 165 8.10 Paisagismo .................................................................................................................... 167 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 169 REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 170 APÊNDICES .................................................................................................................................... 184 APÊNDICE A: Perguntas da entrevista – Thiago Mendonça Batista. ............................ 184 APÊNDICE B: Perguntas da entrevista – Luciane Mina. ................................................ 186 APÊNDICE C: Respostas do questionário on-line – Comentários e observações. ......... 187 APÊNDICE D: Pranchas Técnicas do Anteprojeto Arquitetônico.................................. 189 22 1 INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a medicina tradicional é a combinação de conhecimentos e práticas fundamentadas em teorias, crenças e experiências de diversas culturas, empregadas na manutenção da saúde, prevenção e diagnóstico de doenças, na melhoria ou no tratamento de problemas físicos e mentais. Os termos como medicina complementar e alternativa referem-se a um conjunto mais abrangente de práticas de saúde que não fazem parte da medicina convencional de um determinado país e não estão completamente integradas ao sistema de saúde vigente. Esses termos em alguns países são usados alternadamente para fazer referência à medicina tradicional. Já a medicina integrativa trata-se de cuidados de saúde integrativos que reúnem abordagens convencionais e complementares de forma coordenada. Destaca-se uma abordagem holística e focada no paciente para cuidados de saúde e bem-estar, incluindo aspectos mentais, emocionais, funcionais, espirituais, sociais, comunitários e tratam o indivíduo como um todo e não só a sua condição física ou doença de forma isolada (MEDICINAS, 2021). As práticas integrativas são utilizadas valorizando as evidências, os critérios de segurança e a eficácia das técnicas aplicadas (BRASIL, 2018). São legitimadas pela Rede de Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI) das Américas, uma iniciativa colaborativa, criada com o objetivo de articular diversos atores sociais envolvidos na geração de políticas, regulação, formação, promoção, prática, uso e pesquisa desses sistemas e métodos terapêuticos na Região das Américas; pelo Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN), uma rede de pesquisadores-referência em MTCI e pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, também conhecido por Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), centro especializado da Organização Pan- Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), orientado à cooperação técnica em informação científica em saúde (CNS, 2020). A etimologia do termo integrativo vem do latim integritās ou integritat, derivado do vocábulo integer, formado pelo prefixo in-, representando “não”, e -tangere, que significa “tocar”. A fusão das duas partes traz à ideia a “condição inalterada de alguma coisa”, portanto, algo que detém suas propriedades preservadas, em outras palavras, um elemento inteiro sendo o que “deveria” ser (LORETTO, 2016). Assim, a medicina integrativa busca resgatar o foco no ser humano, individual e em sua totalidade, para tratar o paciente com mais 23 cuidado. A necessidade de novos olhares para este campo de atuação, aliada à grande procura da população e pelo aumento de doenças, fez com que novas práticas e outros tipos de abordagens fossem considerados e gestados na área da saúde. As práticas integrativas foram sistematizadas a partir da união de premissas, como entender o ser humano como um todo, encarando o processo entre saúde e doença sem deixar de levar em consideração os sistemas médicos tradicionais, porém buscando ligá-los concomitantes aos avanços e contribuições da ciência. Na Figura 01 é possível observar os conceitos da medicina integrativa. Figura 01 – Princípios da medicina integrativa. Fonte: Desenvolvido pela autora, 2021, baseado no Hospital Israelita Albert Einstein, 2020. Segundo o professor Xiang Ping, responsável pela Faculdade de Medicina Tradicional Chinesa da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, a medicina ocidental baseia-se em análises e radiografias, mas não aborda o todo orgânico. Já a medicina tradicional chinesa é eficaz na regulação de todo o corpo, por isso, a combinação das duas medicinas seria perfeita e benéfica para as pessoas (O EQUILÍBRIO, 2008). Ao usar diferentes métodos de cura, o resultado pode ser positivo para o paciente, pois 24 o tratamento abrange diversos pontos da vida do mesmo. Terapias que acalmam a mente e o sistema nervoso, também melhoram o sistema imunológico, o que permite ao indivíduo continuar saudável e o seu organismo apto para combater doenças (ASSOCIAÇÃO, 2020). A alimentação, exercícios, meditação e técnicas de respiração são boas práticas para manter a saúde e o bem-estar. Proporcionar uma base sólida para que o corpo seja capaz de enfrentar as doenças é o princípio dessas abordagens. De acordo com a Constituição da OMS, a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade (WHO, 2006). Métodos alternativos podem servir de apoio para doenças crônicas ou graves, como a ansiedade, a depressão, o câncer e problemas cardíacos ou respiratórios. Eles são muito importantes no tratamento porque podem garantir que a mente, o espírito e as emoções do paciente também possam ser cuidados durante o tratamento da doença. Desta forma, aliadas à medicina tradicional, as terapias alternativas podem ajudar na prevenção de doenças e na manutenção da qualidade de vida em um nível adequado (AMPLIMED, 2020). Ao observar a carência de um espaço onde todas as abordagens de terapias integrativas e complementares pudessem ser centralizadas e desenvolvidas, esse trabalho tem como objetivo principal elaborar o anteprojeto arquitetônico de um Centro de Terapias Integrativas e Complementares (CTIC) no munícipio de Campos dos Goytacazes, interior do Norte Fluminense, no estado do Rio de Janeiro. De maneira específica, o anteprojeto pretende: proporcionar um espaço com a finalidade de maior cidadania à população, democratização e integração das diversas áreas da saúde; propor ambientes confortáveis e seguros para as práticas integrativas e complementares; além de oferecer serviços e espaços para a comunidade de forma gratuita. Os objetivos específicos do trabalho contemplam: buscar aproximação ao assunto e obter mais informações a fim de compreender a medicina integrativa; investigar acerca da legislação pertinente ao tema; analisar a prática da medicina integrativa em um local que oferece esse tipo de serviço; entender a demanda da população campista e pesquisar edificações que sejam inspiração para o anteprojeto. A pesquisa estudou a necessidade da implementação de um espaço que oferece terapias integrativas e complementares e tratamentos que auxiliam e proporcionam o bem- estar físico e mental de pacientes que buscam cuidados para essas finalidades. O Centro acolhe pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e oferece tratamentos variados como fisioterapêuticos e psicológicos, atuando de forma complementar. Para alcançar os objetivos 25 do trabalho, a metodologia é composta de pesquisas bibliográficase documentais sobre o tema medicina integrativa e estudo da política nacional vigente. Também foram realizados estudo de caso e visita técnica em local que possui terapias integrativas e complementares e a identificação de referenciais projetuais, para entender a realidade desses espaços, como funcionam e se conseguem atender adequadamente a seus usuários. Complementando, aplicou-se questionário on-line e entrevistas com profissionais da saúde, visando maior compreensão sobre o tema e quais são os seus benefícios na prática. Além disso, durante um período da vida da autora, passou-se a fazer uso de algumas práticas integrativas e pôde-se perceber os benefícios das terapias para a consciência corporal e saúde mental. Ademais, o seu histórico familiar é marcado pelo uso de plantas medicinais desde a infância. Aprendeu com a sua avó a integrar os fitoterápicos na sua vida de modo que tornou-se, até os dias de hoje, um hábito comum, apreciando o contato com a natureza e tudo que a cerca. Sabemos que o papel da medicina não é apenas garantir a saúde, mas promover a qualidade de vida dos pacientes. Assim como o papel da arquitetura é construir espaços pensados para uma determinada funcionalidade, onde o usuário possa se identificar e se sentir acolhido, confortável, e consequentemente, se sentir bem fisicamente e psicologicamente. Essa relação entre a arquitetura e as pessoas deve ser a mais positiva possível, pois ela influencia nas emoções de quem a frequenta, podendo estimular sensações e percepções e gerar o sentimento de pertencimento e introspecção. Portanto, busca-se no anteprojeto elaborar espaços planejados para as atividades que serão realizadas nos ambientes de cada funcionalidade, tornando-os mais agradáveis e saudáveis, também propor a arquitetura como ferramenta terapêutica e que auxilia no tratamento dos pacientes, utilizando-se de jardins, espaços de estar e vivência e que tenham proximidade com a natureza, além de utilizar a sustentabilidade como forma de minimizar os impactos ambientais na construção do projeto, a fim de gerar economia e eficiência a longo prazo. O presente trabalho está estruturado em nove capítulos. O primeiro refere-se à introdução, onde são abordados os princípios e características da medicina integrativa. Em seguida, o segundo capítulo apresenta perspectivas históricas e culturais, mostrando o seu desenvolvimento ao passar do tempo e descreve as práticas terapêuticas integrativas no Brasil. 26 O capítulo três ressalta a importância das terapias integrativas e complementares para a saúde, descreve as terapias oferecidas no CTIC e como podem ser benéficas em um contexto pandêmico1. Logo após, o capítulo quatro expõe aspectos sobre a arquitetura biofílica e os espaços terapêuticos, mostrando como os ambientes mais humanizados e com características naturais podem ajudar nos tratamentos, relacionando-os com estudos da psicologia ambiental através das cores, iluminação e vegetação. Para isso, foram levadas em consideração a relação entre pessoa e ambiente e a importância do conforto ambiental nessa tipologia arquitetônica, de forma a desenvolver um projeto de qualidade que favoreça o usuário. O capítulo cinco apresenta pesquisa de campo, aborda informações sobre visita técnica realizada, questionário on-line aplicado e entrevistas com profissionais da saúde, mostrando como fatores aprendidos foram importantes e contribuíram para o desenvolvimento do anteprojeto. Posteriormente, no capítulo seis, estão expostos os precedentes projetuais que apontam parâmetros e condicionantes presentes no anteprojeto. Eles apresentam elementos tipológico, funcional, plástico-formal e tecnológico, identificando materiais a serem utilizados, a estética e funcionalidades do projeto, a tipologia da construção e as tecnologias empregadas. O capítulo sete expõe as diretrizes projetuais, o conceito e partido, programa de necessidades e pré-dimensionamento dos ambientes, também contém estudos do terreno, a sua localização e entorno, bem como as condicionantes ambientais e legais da área estudada, a implantação do anteprojeto, a setorização, os fluxos, a cobertura e seu estudo volumétrico. No capítulo oito é apresentado o memorial descritivo, com a indicação de materiais a serem implementados no anteprojeto. Por fim, no capítulo nove, as considerações finais do presente trabalho apontam a motivação pela escolha do assunto, a importância do estudo e pesquisa do tema em questão, a sua aplicabilidade no projeto de arquitetura e o conhecimento adquirido através dele. 1 No período de desenvolvimento deste trabalho, o mundo passa pela epidemia da doença infecciosa SARS- CoV-2 (COVID-19), que se espalha entre a população causando alto índice de mortalidade e graves problemas de saúde (FOLHA, 2021). 27 2 PERSPECTIVA HISTÓRICA E CULTURAL DA MEDICINA INTEGRATIVA O campo da medicina remonta aos tempos antigos, onde as primeiras práticas integrativas foram adotadas pelas sociedades posteriores. As culturas tiveram influências significativas em muitos aspectos. Há uma crise global de saúde onde o serviço prestado é inadequado e os resultados são abaixo do ideal, apesar de todos os avanços e evidências promovidos pela medicina contemporânea (PETRI JR.; DELGADO; MCCONNELL, 2015). Sobre este fato, Luz comenta: A crise da saúde pode ser vista, em primeiro lugar, como fruto ou efeito do crescimento das desigualdades sociais no mundo, consideradas aqui as sociedades do capitalismo avançado (predominante no Primeiro Mundo), as do capitalismo dito dependente (predominante no Terceiro Mundo), as sociedades oriundas dos destroços do socialismo, e o conjunto de países subdesenvolvidos do Continente africano, às vezes denominados de Quarto Mundo. Este todo, forma um conjunto submetido às leis de uma economia capitalista chegada a um estágio de internacionalização e dominância completa sobre o planeta, processo que economistas e cientistas políticos têm chamado de “globalização” (LUZ, 2005, p. 147-148). As origens da medicina estão profundamente enraizadas na cultura e nas crenças religiosas de uma civilização. A medicina inicial lidava com experiências, observações e reflexos de si mesmo e do ambiente ao seu redor. Não havia separação entre a mente e o corpo. O dualismo mente-corpo da filosofia de René Descartes, sustenta que a mente é uma substância não física e, portanto, não espacial. Ele foi um dos primeiros filósofos a levantar a questão do estado atual da divisão mente-corpo no estilo ocidental e a medicina baseada em evidências em comparação com a medicina não convencional. Este foi o início do movimento reducionista com o objetivo de compreender ambas as partes e obter uma visão maior do todo (DE HOMINE, 1633, n.p.). Nas últimas décadas, houve a tentativa de reunir sistemas médicos curativos, seja tecnológico, microscópico e baseado em doenças, com a cura como não-física, holística e baseada em relacionamento. As culturas mundiais foram importantes e relevantes para a contribuição no campo da medicina convencional e não convencional (PETRI JR.; DELGADO; MCCONNELL, 2015). Dessa forma, Luz fala sobre a vertente terapêutica: 28 [...]...a cultura do “cuidado de si” que marcou as últimas décadas, fazendo com que os indivíduos, sobretudo os de classe média, buscassem cuidados terapêuticos como um bem de consumo prioritário, foi um dos elementos sociais de base para a criação de um grande mercado de cura “alternativa”, com expressiva oferta de novos terapeutas não-médicos (LUZ, 2005, p. 167). Acredita-se que novas concepções favorecem as abordagens holísticas, expandindo o campo da medicina para outros paradigmas, distintos do modelo rígido da biomedicina (LUZ, 2005). 2.1 A Inserção da Medicina Integrativa O termo “medicina alternativa” foi utilizado pela OMS pela primeiravez em 1962, considerada como um conjunto de saberes e práticas médicas tradicionais e não tradicionais. Foi proposto como modelo alternativo à medicina convencional tecnicista, com o objetivo de resolver problemas de adoecimento de países desprovidos de atenção médica (LUZ, 2005, p. 146). Essa denominação foi criada em um contexto em que acontecia o movimento social urbano chamado de contracultura, mais especificamente nas décadas de 1960 e 1970. Nesse período, diversos grupos buscaram construir uma sociedade alternativa, onde suas comunidades se baseavam em: economia alternativa; educação alternativa; formas de organização social e política alternativa; comportamento alternativo; e, finalmente, medicina alternativa. Destaca-se, neste período, a Guerra Fria e a polarização de valores, crenças e práticas sociais entre grupos econômicos e políticos. Essa polarização proeminente se deu de forma tão caracterizada que construiu a perspectiva de que o profissional poderia apenas “ser isso ou aquilo”, exercendo uma única função (OTANI; BARROS, 2011). Em 1978, a OMS, durante uma conferência realizada no Cazaquistão, então parte da antiga União Soviética, produziu a Declaração de Alma-Ata, a qual acabaria se tornando uma base para todo o tipo de serviço voltado para a área dos Cuidados Primários de Saúde. Assinado por 134 países, inclusive o Brasil, o texto afirma que: [...] VI - os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a 29 um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação. Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constitui a função central e o foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde (ALMA-ATA, URSS, 1978). De certa forma, esse novo conceito uniu ideias muito presentes na medicina integrativa. A Declaração de Alma-Ata também defende uma abordagem mais tolerante e respeitosa à diversidade dos princípios médicos existentes e incorpora uma visão mais abrangente e concluiu que esse método nos serviços de saúde pública poderia ajudar a expandir significativamente os serviços médicos em todo o mundo (ALMA-ATA, URSS, 1978). Ao longo da história da medicina, os acontecimentos relatam que o cuidado no campo da saúde passou por diferentes modelos, foram desenvolvidos de acordo com as características culturais e o meio em que estava inserido no contexto de cada época. O modelo tradicional e mais conhecido na atualidade é o biomédico, que apresenta soluções eficazes para problemas relacionados à saúde e às doenças. Entretanto, há algumas décadas tem gerado insatisfação por parte da população, devido às divisões no cuidado e a supervalorização nas diversas áreas da medicina (OTANI; BARROS, 2011). O desapontamento com o modelo biomédico tradicional faz com que muitas pessoas passem a se interessar por outras formas alternativas de cuidados com a saúde, de maneira que o número de profissionais da área que praticam esse tipo de tratamento alternativo se expanda mais. Na década de 1960, a busca por práticas alternativas cresceu por diversos motivos, incluindo o aumento das doenças crônicas e degenerativas em alguns países; a crítica da relação hierárquica entre o médico e paciente; o funcionamento do sistema de saúde moderno, que incluía grandes listas de espera e restrições financeiras e outros fatores envolvendo o modelo vigente de medicina (OTANI; BARROS, 2011). O acelerado crescimento das práticas alternativas trouxe dilemas adicionais para o campo da saúde. No intuito de minimizar parte dos conflitos, no final de 1980, os Estados Unidos e o Reino Unido adotaram a denominação Medicina Complementar, que significa “complemento”, isto é, “que sucede ao elementar” (OTANI; BARROS, 2011). 30 Em 1999, foi criado a Academic Consortium for Integrative Medicine and Health, que reuniu centros acadêmicos e sistemas de saúde da América do Norte, com o intuito de promover a medicina integrativa baseada em evidências e em pesquisas de saúde e modelos sustentáveis de atendimento clínico (NIELSEN et al., 2019). Na década de 2000, o debate sobre a necessidade de criar ambientes inclusivos no campo da saúde ganhou destaque, baseando-se no conceito da diversidade terapêutica e orientado para responder à agenda construída pela OMS. Desta forma, aconteceram encontros entre grupos de profissionais norte-americanos e ingleses, que resultaram na proposta da Medicina Integrativa (OTANI; BARROS, 2011). 2.2 A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único De Saúde (SUS) No Brasil, o Ministério da Saúde apresentou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, das quais a implementação compreende questões de natureza política, técnica, econômica, social e cultural. Esta política atende à necessidade de conhecer, incorporar e implementar as experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de muitos municípios e estados, entre as quais destaca-se a medicina tradicional chinesa/acupuntura, a homeopatia, a fitoterapia, a medicina antroposófica2 e o termalismo/crenoterapia3 (BRASIL, 2015). As atuações realizadas na rede pública estadual e municipal, aconteceram de modo desigual, descontinuado e, muitas vezes, sem o devido registro e fornecimento adequado de insumos ou ações de acompanhamento e avaliação, em razão da ausência de diretrizes específicas. A partir das experiências existentes, a política nacional define as abordagens da PNPIC no SUS, levando em conta também a crescente legitimação das práticas por parte da sociedade. Um reflexo desse processo era a demanda pela sua efetiva incorporação ao SUS, conforme atestam as deliberações das Conferências Nacionais de Saúde; da 1ª Conferência 2 Medicina antroposófica é uma abordagem terapêutica integral com base na antroposofia que integra as teorias e práticas da medicina moderna com conceitos específicos antroposóficos, os quais avaliam o ser humano a partir da trimembração, quadrimembração e biografia, oferecendo cuidados e recursos terapêuticos específicos (SAPS, 2021). 3 Termalismo/crenoterapia é uma prática terapêutica que consiste no uso da água com propriedades físicas, térmicas, radioativas e outras – e eventualmente submetida a ações hidromecânicas – como agente em tratamentos de saúde (SAPS, 2021). 31 Nacional de Vigilância Sanitária, em 2001; da 1ª Conferência Nacional de Assistência Farmacêutica, em 2003, a qual enfatizou a necessidade de acesso aos medicamentos fitoterápicos e homeopáticos; e da 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, em 2004 (BRASIL, 2015). Em fevereiro de 2006, o documento final da política, com as respectivas alterações, foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Nacional de Saúde e consolidou-se, assim, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, publicada na forma das portarias ministeriais nº 971, de 3 de maio de 2006, e nº 1.600, de 17 de julho de 2006, que versa sobre a disseminação dessas práticas no SUS (BRASIL, 2015). Seguindo os moldes norte-americanos, grandes hospitais brasileiros atualmente possuem centros de pesquisa e programas de medicina integrativa. Inspirado na Academic Consortium for Integrative Medicine andHealth, no National Center for Complementary and Integrative Health4 (NCCIH do NIH), no EUROCAM5, na Rede MTCI Américas e na Rede PICs6, o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa foi criado e possui uma rede com mais de 500 pesquisadores provenientes de mais de 60 universidades públicas e privadas de todo o Brasil, trabalha em parceria com instituições internacionais de pesquisa para ampliar, divulgar e tornar mais acessível a sistematização de evidências científicas, além de promover estudos colaborativos de vários centros, capacitação em metodologias de pesquisa e estratégias de intercâmbios e articulações entre pesquisadores e grupos de pesquisa na área (CABSIN, 2021). No ano de 2017, foram incluídas mais 14 terapias integrativas no SUS, além das 5 terapias incluídas em 2006, citadas anteriormente. Em 2018, foram adicionadas mais 10 terapias, totalizando o número de 29 terapias integrativas oferecidas de maneira integral e gratuita à população brasileira (BRASIL, 2020). 4 National Center for Complementary and Integrative Health é uma agência governamental dos Estados Unidos que explora a medicina complementar e alternativa (NCCIH, 2021). 5 EUROCAM é a fundação europeia que reúne organizações de pacientes, médicos, veterinários e profissionais do setor da Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (EUROCAM, 2021). 6 A RedePICs é formada por gestores, profissionais de PICs, usuários, representantes de entidades relacionada às PICs, parlamentares, formadores e pesquisadores em PICs (REDE, 2021). 32 A Figura 02 mostra um breve resumo da história da medicina integrativa. Figura 02 – Linha do tempo da medicina integrativa. Fonte: Desenvolvido pela autora, 2021, com base nos dados do Ministério da Saúde, 2020. Desta forma, o Brasil tornou-se referência mundial na área de práticas integrativas e complementares na atenção básica, por investir em prevenção e promoção à saúde com o intuito de evitar que as pessoas adoeçam (BRASIL, 2020). A seguir, o Quadro 01 mostra a lista de terapias que fazem parte do SUS. Quadro 01 – Quadro de terapias integrativas e complementares que fazem parte do SUS. Fonte: Desenvolvido pela autora, 2021, com base no Ministério da Saúde, 2020. TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES T E R A P IA S A P L IC A D A S E M 2 00 6 Medicina Tradicional Chinesa (Acupuntura) Termalismo Antroposofia Plantas Medicinais (Fitoterapia) Homeopatia T E R A P IA S I N C L U ÍD A S E M 2 01 7 Ayurveda Arteterapia Biodança Meditação Dança Circular Musicoterapia Naturopatia Osteopatia Reiki Yoga Quiropraxia Reflexologia Shantala Terapia Comunitária Integrativa T E R A P IA S I N C L U ÍD A S E M 2 01 8 Aromaterapia Apiterapia Constelação Familiar Cromoterapia Geoterapia Ozonioterapia Imposição de Mãos Terapia de Florais Hipnoterapia Bioenergética 33 De acordo com os dados parciais obtidos para o ano de 2019, as PICs foram ofertadas em 17.335 serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS) distribuídos em 4.297 municípios (77%) dos 5.570 municípios existentes e em todas as capitais (100%) do Brasil. Foram ofertados 693.650 atendimentos individuais, 104.531 atividades coletivas com 942.970 participantes e 628.239 procedimentos em PICs. Houve um aumento de 16% no quantitativo de serviços, comparando com 2017 (BRASIL, 2020). O Gráfico 01 apresenta a quantidade parcial de municípios brasileiros com oferta de PICs no ano de 2017, 2018 e 2019. Gráfico 01 – Quantidade parcial de municípios brasileiros com oferta de PICs. Fonte: SCNES, SISAB/DATASUS, 2019. Em relação ao número de estabelecimentos da Atenção Primária à Saúde (APS) que ofertaram PICs no período de 2017 à 2019, dentre um total de 41.952 unidades básicas de saúde em funcionamento no SUS, encontra-se a oferta de PICs 15.603 dos estabelecimentos (BRASIL, 2020). No Gráfico 02 pode-se observar a quantidade de estabelecimentos com oferta de PICs por região nos anos de 2017, 2018 e parciais do ano de 2019. 34 Gráfico 02 – Quantidade de estabelecimentos com oferta de PICs por região. Fonte: SCNES, SISAB/DATASUS, 2019. Observa-se um crescimento considerável nos estados de São Paulo (mais 491 unidades), Minas Gerais (411 unidades), Rio Grande do Sul (mais 272 unidades), Paraná (180 unidades), Rio de Janeiro (mais 138 unidades), Santa Catarina (mais 121 unidades), entre outros. Dentre os anos de 2018 e parciais de 2019, 2.480 novas unidades de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) passaram a ofertar alguma prática integrativa (BRASIL, 2020). Ressalta-se a importância de estudos, métodos, conclusões e esclarecimentos políticos, por parte dos gestores públicos e movimentos sociais, afim de considerar a validação científica para a legitimação de outras racionalidades médicas no SUS. Acredita-se que a biomedicina considera-se representante da Ciência e busca arduamente ser a única capaz de autenticar qualquer prática em saúde-doença, mantendo sua predominância socioinstitucional. Dessa forma, sujeitar a legitimação e validação social ao seu controle exclusivo pode representar o fim de grande e relevante parte da integralidade das outras racionalidades médicas (TESSER; LUZ, 2008). Visando a melhor compreensão do assunto, o estudo estendeu-se para os tratamentos integrativos e complementares, de modo a compreender as terapias e os seus benefícios para a saúde, apresentados no capítulo a seguir. 35 3 TRATAMENTOS TERAPÊUTICOS INTEGRATIVOS As doenças físicas e emocionais afetam pessoas de todas as idades e estilos de vida. Para minimizar a intensidade e os danos que elas causam, as práticas de terapias integrativas são uma das possibilidades buscadas por pessoas que desejam eliminar seus sintomas de forma mais natural (TERAPIAS, 2019). A OMS reconhece e incentiva a utilização das terapias, de forma racional, segura e eficaz, para auxiliar na melhora da qualidade de vida e no tratamento de diversas doenças. A ideia é utilizar-se desses sistemas de tratamento como complemento terapêutico, mudando o foco somente na doença e redirecionando para compreender melhor o indivíduo e tratá-lo em toda a sua complexidade, sem descartar a biomedicina convencional (BRASIL, 2006). 3.1 A Importância de Terapias Integrativas para a Saúde A OMS, na Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, expressando a necessidade de ação urgente de todos os governos, dos que trabalham nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo, fez a seguinte declaração: I - A Conferência reafirma enfaticamente que a saúde - estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor da saúde (ALMA-ATA, URSS, 1978). As terapias alternativas podem desempenhar um papel importante. Apesar de não substituírem outras terapias, como as medicamentosas, elas auxiliam no alívio da tensão, estimulam a circulação sanguínea e oxigenação cerebral, têm efeito relaxante e distensionam a musculatura, entre outros benefícios (TERAPIAS, 2019). Segundo pesquisas, as terapias que acalmam a mente e o sistema nervoso, também melhoram o sistema imunológico, o que permite ao indivíduo continuar saudável e o seu organismo apto para combater doenças (ASSOCIAÇÃO, 2020). 36 Normalmente, os pacientes vão ao médico com sintomas que afetam vários sistemas do corpo e consultam médicos diferentes para cada problema. O foco da medicina integrativa é compreender como os sintomasestão correlacionados e encontrar a causa pela raiz do problema, ao invés de apenas tratar sintomas individuais. O objetivo passa a ser restaurar o equilíbrio e considerar os fatores que podem afetar a capacidade do paciente de cumprir as recomendações, como restrições na alimentação ou a incapacidade de aderir a um programa específico de exercícios devido à trabalho e obrigações relacionadas (FIVE, 2018). Nesse pensamento, Jung, criador da psicologia analítica, expõe a sua opinião: […] o doente tem uma história que não é contada e que, em geral, ninguém conhece. Para mim, a verdadeira terapia só começa depois de examinada a história pessoal. Esta representa o segredo do paciente, segredo que o desesperou. Ao mesmo tempo, encerra a chave do tratamento. É, pois, indispensável que o médico saiba descobri-la. Ele deve propor perguntas que digam respeito ao homem em sua totalidade e não limitar-se apenas aos sintomas (JUNG, 1961, p. 110). Além disso, há um enfoque na parceria entre médico e paciente. A parceria integrativa pode orientar os pacientes na escolha das opções de tratamento e em conjunto decidem o melhor plano de ação. No tratamento das doenças crônicas, a atenção é colocada no atendimento ao paciente onde ele se encontra no momento. Ao abordar os obstáculos às mudanças no estilo de vida e adesão ao tratamento, há uma maior probabilidade de sucesso com a terapia recomendada (FIVE, 2018). De acordo com a situação única de cada indivíduo, as recomendações do plano de tratamento integrativo podem variar. Ao adaptar o plano de tratamento às necessidades individuais, os médicos comumente usam métodos científicos para examinar a literatura e avaliar as terapias alternativas da mesma forma que as terapias tradicionais. A avaliação integrativa é altamente personalizada. Os pacientes são questionados sobre tudo, desde a exposição ambiental às relações interpessoais. Todos esses fatores devem ser considerados ao determinar se o indivíduo está saudável (FIVE, 2018). Sobre este fato, Luz comenta: Acredito que um novo paradigma médico pode nascer justamente ali onde a racionalidade médica ocidental esqueceu que era mais que um saber científico – isto é, que é também uma arte de curar sujeitos doentes, distanciando-se da sua dimensão terapêutica, na busca de investigar, 37 classificar e explicar antigas e novas, sobretudo as novas, patologias através de métodos diagnósticos crescentemente sofisticados (LUZ, 2005, p. 159). Ao combinar as opções tradicionais de tratamento alopático com as terapias para a mente e corpo, como ioga e meditação, por exemplo, é desenvolvido um plano de tratamento que utiliza primeiro as terapias menos invasivas e mais econômicas. Alcançar a sensação de bem-estar é essencial nos casos em que a cura nem sempre é possível. A maioria dos prestadores de serviços integrativos prescreve tratamentos passíveis de investigação científica. No entanto, os pacientes não são dissuadidos de utilizar certos tratamentos, desde que os remédios propostos sejam comprovadamente seguros (FIVE, 2018). No Brasil, as terapias integrativas são usadas para tratamentos distintos, desde ansiedade, depressão, doenças crônicas e degenerativas até estresse, dores no corpo, problemas para dormir, dentre outros (LLAPA-RODRIGUEZ et al., 2015). Um comparativo entre as terapias trabalhando no paciente pode ser visto na Figura 03 a seguir. Figura 03 – Comparativo entre terapia convencional e terapia alternativa. Fonte: Desenvolvido pela autora, 2021, com base em Repórter UNESP, 2020. Outro fator importante para o equilíbrio do ser humano com ele mesmo e com o meio ambiente está nos métodos preventivos de saúde. Esses métodos visam atingir sempre a salutogênese, ou seja, a busca da saúde plena. Desse modo, a prevenção da saúde parte de um conhecimento que pretende entender a causa da doença, e os fatores subjetivos e objetivos que promovem a saúde. Nesse sentido, pode-se perceber que a saúde do paciente está amplamente 38 relacionada com as diferentes relações entre o homem e o seu ambiente. De modo geral, o ambiente físico tem grande influência no bem-estar do indivíduo, visto que diante do cenário atual, o cidadão enfrenta diversos problemas e dificuldades, provenientes da sua relação e manipulação indevida com o meio natural (ANTONOVSKY, 1997). O homem passa maior parte do seu tempo em ambientes que não respeitam as suas necessidades e percepções sensoriais. Considerando esses fatores, tem-se a necessidade da implantação de lugares que caminham contra a síndrome de edificações doentes, onde a integração do meio ambiente, com a arquitetura e o homem encontra-se fragmentada e deficiente quando relacionada às propostas projetuais. À medida que as novas tecnologias permitiram construir edifícios mais altos, maiores e complexos, deixou-se de conceber espaços para as pessoas e passou-se a nascer um novo tipo de arquitetura – uma arquitetura completamente alheia à própria condição humana (GEHL, 2013, p. 3). A realização de pesquisas sobre as práticas integrativas na atenção à saúde da mulher, realizado no Hospital Sofia Feldman em Belo Horizonte, MG, mostra como as técnicas utilizadas como ferramentas de humanização da assistência ao parto e nascimento obtiveram bons resultados no ciclo-gravídico-puerperal das pacientes. Foram analisados 91 (87,7%) depoimentos registrados de pacientes que fizeram uso das terapias integrativas como aromaterapia, musicoterapia, oficina de chás, escalda-pés, reflexologia, atividade de memória sensorioperceptiva das plantas medicinais (MSPPM) e Qi Gong7 (BORGES; MADEIRA; AZEVEDO, 2011). Concluiu-se deste estudo o predomínio de resultados positivos sobre o uso das diversas práticas disponibilizadas às parturientes do hospital. Confirmou-se, por meio das impressões das usuárias que, de modo geral, as práticas utilizadas promoveram resultados satisfatórios, promovendo a sensação de bem-estar, relaxamento, ajudando a minimizar sintomas físicos das gestantes e no fortalecimento da mulher para o enfrentamento da situação vivenciada (BORGES; MADEIRA; AZEVEDO, 2011). Outro estudo com o uso das terapias integrativas e complementares foi utilizado com pacientes em quimioterapia oncológica em um Serviço de Quimioterapia de um hospital de ensino do sul do Rio Grande do Sul, com aprovação no Comitê de Ética da Universidade Católica de Pelotas sob parecer número 2008/23 em 19 de maio de 2008 (LIMA et al., 2015). 7 Qi Gong é uma disciplina da Medicina Tradicional Chinesa que faz uso da energia (Qi) para tratar doenças, promover a saúde e longevidade, expandir a mente, alcançar diferentes níveis de consciência e desenvolver a espiritualidade (SOCIEDADE, 2021). 39 Fizeram parte do estudo seis pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico, cinco do sexo masculino e um do sexo feminino, com idades variando de 41 a 74 anos. Dentre as terapias integrativas e complementares utilizadas encontram-se a homeopatia, a fitoterapia e as plantas medicinais (LIMA et al., 2015). Pôde-se perceber neste estudo que, de modo geral, as terapias integrativas e complementares proporcionaram maior bem-estar aos pacientes oncológicos, além de um senso de autonomia no processo de tomada de decisão de seus planos de cuidados. Constatou- se também que atentar para a singularidade do indivíduo torna mais próxima a relação entre o paciente e o profissional de saúde. E que os saberes populares adquiridos em comunidade aproximam-se do conhecimento científico. Além disso, a disponibilização de fitoterápicos em cápsulas possibilitou aos pacientes fazer uso desse tipo de terapia por causa da facilidade de administração dos medicamentos (LIMA et al., 2015). 3.2 Tipos de Terapias Integrativas e Complementares Neste capítulo estão descritas algumas das Terapias Integrativas e Complementares que
Compartilhar