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UNIDADE II GUIA DE ESTUDO Artes, Educação e Música 1 PArA início dE convErsA Olá, caro a) aluno (a)! Fico feliz em estarmos juntos em mais uma unidade. Você é consciente que, mesmo desenvolvendo as nossas ações a partir de uma metodologia assíncrona, desenvolver um cronograma pessoal para construir um momento de aprendizagem é extremamente de- safiador, tendo em vista os vários fatores que atentam contra a viabilização de um estudo aprofundado e qualificado. Você já está provando competência e foco nos seus objetivos, isso é muito gratificante. Por falar em foco, o nosso trabalho nessa segunda unidade te provocará a refletir sobre uma prática educacional bastante presente, principalmente na educação básica: A musicalidade. Durante anos de ex- periência lecionando em cursos de licenciatura na modalidade presencial, observamos muitos estudantes se interessando em pesquisar nos trabalhos de conclusão de curso (TCC´s) a importância da música em sala de aula. Porém num primeiro questionamento percebemos que existe uma grande confusão entre musicalização, musicalidade e música. Será interessantíssimo que as suas leituras não se resumam apenas a essa guia de estudos, mas ao livro texto e aos links que iremos sugerindo no decorrer deste documento que espera- mos estar sendo de muita utilidade para o aprimoramento do curso. oriEntAçõEs dA disciPlinA Nessa unidade trabalharemos a partir de uma introdução analisando os conceitos disseminados gene- ricamente sobre o que vem a ser música. No segundo momento faremos um resgate sobre a história do ensino de música na educação formal. A terceira meta dessa unidade vincula-se a Linguagem musical e expressão artística da criança por meio de linguagem musical, envolvendo as orientações a partir dos PCN´s de Arte. As Atividades rítmicas, banda rítmica, música e locomoção em prol da compreensão de aspectos musicais será a quarta etapa da nossa intervenção. No quinto momento (Calma, já está aca- bando) apresentaremos a classificação dos tipos de música, dentre elas as folclóricas. Ao final faremos a considerações finais fazendo a relação entre os conteúdos e as reflexões necessárias sobre eles. Considerações sobre Conceitos de Música Contidos em Dicionário Escolar Se procurarmos o verbete música no minidicionário Aurélio Séc. XXI, encontraremos quatro significados os quais faremos questão de esmiuçá-los nesse primeiro momento: “Música é a arte e ciência de combinar sons de modo agradável ao ouvido” A origem da palavra música, vem do grego (μοοοοοο- musiké téchne - a musiké, ou seja, é a arte das musas. Musas eram as 9 deusas gregas responsáveis pelas artes e ciências. Eram elas: Calisto, Clio (sim tem muitos carros e outros produtos com nomes de deuses), Erato, Euterpe, Melpômene, Polínia, Tália, Terpsichôre e Urânia. 2 lEiturA coMPlEMEntAr Para quem gosta de se aprofundar em etimologia, ou seja, no estudo da origem e cons- tituição da palavras, clique aqui. Com uma linguagem bastante acessível e ilustrações pertinentes, terás a possibilidade de estender um pouco sua pesquisa. Sim! Essa é uma leitura obrigatória. Caro (a) aluno (a), do mesmo modo que a humanidade, vinculada a cultura ocidental entende que musas são divinais e encantadoras, assim é a percepção da quanto a música que pode ser considerada arte, ciência e contribuindo com o conceito do “pai dos sabidos”, também técnica. A palavra arte vem do grego ARS é significava inicialmente técnica ou ofício. Tudo o que se fazia a partir do conhecimento do modo de produção (técnica) poderia ser considerado arte. Marcenaria, fundição, culinária, ou luta poderia ser considerado arte. É tanto que as artes marciais, assim eram consideradas porque trabalhavam com a técnica de preparar as pessoas para luta e para a guerra. O deus grego da guerra era Marte. Daí artes marciais. PAlAvrAs do ProfEssor Música também é ciência? Sim. O senso comum entende que ciência geralmente se resume a atividade vinculadas às ciências da saúde ou exatas, porém além destas existem as ciências humanas. No curso de graduação em música, seja na licenciatura (que forma professores/as), seja no curso de bacharelado (que confere aos formandos o título de músicos com nível superior), a música será estudada, inclusive enfocando: as ciências exatas, visto que a música e a matemática estão completamente inter- ligadas; as ciências da saúde, partindo do princípio que a dinâmica musical advém de todo um processo de relação do corpo humano com o meio; além das ciências humanas, na observância da música como um fenômeno universal, apresentado e representado nas diversas culturas, das épocas mais remotas até os dias atuais. Ainda no primeiro conceito do dicionário fala-se que a música busca combinar sons agradáveis ao ouvido. Será só isso? A música não é formada apenas por sons, mas também por pausas, momentos sem emissão sonora, ou seja, por silêncios. Veremos isso no decorrer desta guia de estudos, tendo a certeza de que exercícios de sons e silêncios serão sugeridos no decorrer desta unidade. Falando em silêncio na música, nos fez lembrar um escritor de um livro considerado da sabedoria univer- sal. O Ábade Dinouarte escreveu “ A Arte de Calar”1, quando o mesmo cita que o silêncio fala, diz, indica, tanto quanto a emissão sonora. Portanto o conceito continua incompleto. 1 O tratado de Dinouart (Joseph Antoine Toussaint Dinouart), escrito em 1771, convida o leitor a fazer um conjunto de reflexões e indagações sobre a função do silêncio nos vários setores da vida. Muito mais do que preconizar o silêncio absoluto, ou uma mística de um mundo enclausurado no silêncio, A Arte de Calar é, na verdade, uma arte de falar, um outro capítulo da retórica. Não se trata de uma arte de fazer silêncio, e sim, muito mais, de uma arte de fazer alguma coisa ao outro pelo silêncio. Nas palavras de Dinouart “...o sábio mantém um silêncio expressivo, que se torna uma lição para os imprudentes e um castigo para os culpados”. http://cantodofabio.blogspot.com.br/2013/04/voce-sabe-origem-da-palavra-musica.html 3 Caro (a) estudante, o outro fato é que se afirma no conceito que a música é um conjunto de sons agradá- veis aos ouvidos. Daí vem uma questão importantíssima vinculada as questões de pluralidade e diversi- dade cultural. Por quantas vezes nós percebemos que a música que gostamos irrita os outros? Que a nossa vizinhança tem requinte ou um grande mau gosto musical? Pois é! Agradável aos ouvidos é uma expressão além de generalizadora, propõe que existe música e barulho. É que música geralmente é aquela que agrada uma maioria. Nossa sociedade ocidental é inquestionavelmente imersa em uma cultura machista, eurocêntrica e excessivamente fundamentalista religiosa cristã. O que não agrada ao ouvido, geralmente vincula-se a uma minoria, ou de pessoas ou de uma minoria de direitos sociais. A música é um grande elemento agregador e formador de agrupamentos sociais. Cada tribo urbana2, por exemplo, é identificada por característica, dentre elas o gosto musical. Alguém já viu o que acontece quando um grupo de rockeiros encontra com um grupo de pagodeiros? O resultado, na maioria das vezes, não é nada civilizado. Portanto, se a combinação sonora não é agradável aos ouvidos, desde a infância é necessário fazê-los refletir em prol de uma tolerância e de um possível respeito. lEiturA coMPlEMEntAr Como leitura obrigatória, realize o fichamento do texto contido aqui. Neste texto jornalístico, é abordado o preconceito musical e a questão da diversidade e respeito às diferenças. Exatamente! Não há como trabalhar musicalidade sem desenvolver a relação com as dinâmicas sócio – político - culturais que envolvem o espaço intra e extraescolar. “Música é composição musical” Muitos educadores e educadoras evitam trabalhar música por medo de não conseguir compor, tocar ou cantar. Esse ranço, advindo do tecnicismo na educação, mecaniza o que deveria ser orgânico. Sem querer ser meloso contigo, observeque se você silenciar, perceberá que a vida é cheia de som e fúria como dizia William Shakespeare. Quando nos falamos estamos construindo sonoridades, estamos compondo. Quan- do amaciamos a carne no churrasco de domingo com batidas contínuas na tábua de madeira, estamos gerando uma sonoridade. Parece bobagem meu caro (a)? É a partir de sons e silêncios circunstanciais da natureza e do meio circun- dante que muitas composições foram criadas. Um exemplo forte, e para maiores de 16 anos, encontra-se 2 As Tribos Urbanas chamadas pelos sociólogos de “subculturas” ou “subsociedades” são grupos formados nas ci- dades, mais comumente nas metrópoles, os quais compartilham hábitos, valores culturais, estilos musicais e/ou ideologias políticas semelhantes. A expressão “tribo urbana” foi criada pelo sociólogo francês Michel Maffesoli, em 1985. (Disponível em http://www.todamateria.com.br/tribos-urbanas/). http://jpress.jornalismojunior.com.br/2013/05/especial-diversidade-preconceito-musical-brasil/ 4 no filme Chicago3. Baseado num musical da Brodway, na cena do tango das assassinas, a imaginação da protagonista produz um espetáculo a partir dos sons do caminhar de uma carcereira, do gemido de uma presa e de um acender de fósforo. Essa leitura é complementar, para compreender composições e aspec- tos da criatividade musical. “Música é a escrita dos sons” Nossa sociedade é extremamente textocêntrica. Tudo gira em torno de textos e coisas escritas. Diferente de sociedade ágrafas ou mesmo orais que dão muito valor ao que é dito e ouvido, a nossa se preocupa menos em memorizar e busca registrar. Os griôs4 africanos ensinavam (e ensinam) músicas, além de ou- tros saberes, às suas comunidades, sem necessariamente desenvolver uma escrita musical. É a partir da observação e dos processos de memorização que as comunidades ágrafas realizam seus estudos. Porém ainda no século I d.C. teremos o registro da primeira escrita musical encontrada na história. Foi através dos escritos do Epitáfio de Seikilos que referendamos até a presente data a origem do que che- garia a ser a partitura. lEiturA coMPlEMEntAr Para referendar, segue um texto bastante acessível contido no blog do Gleydson Frota e França Guimarães. A leitura é complementar, porém auxiliará bastante em questões das avaliações. Clique aqui para acessar. A escrita sonora pode estar vinculada também ao ato da fala. Exatamente. Quando você conta uma his- tória, uma piada ou ver algum comentarista esportivo narrando um jogo, perceberá uma série de nuances na emissão vocal. Falar também é um ato musical. Tanto para o jogral, como para o recital, por exemplo, trabalhar marcas gráficas indicadoras da dinâmica vocal, é um excelente exercício para o trabalho com música na sala de aula. “Música é o conjunto ou a corporação de músicos” Meu caro (a), um dos valores mais interessantes a serem trabalhados na educação, a partir da música, além do ato de saber ouvir, como já afirmamos anteriormente, é a possibilidade de cooperação e trabalho em equipe. 3 Chicago é um filme musical cômico norte-americano dirigido e coreografado por Rob Marshall, com roteiro de Bill Condon. Foi lançado originalmente em 27 de dezembro de 2002 pela Miramax Films. Teve um orçamento de 40 milhões de dólares 4 O termo Griô é universalizante, porque ele é um abrasileiramento do termo Griot, que por sua vez define um arcabou- ço imenso do universo da tradição oral africana. É uma corruptela da palavra “Creole”, ou seja, crioulo a língua geral dos negros na diáspora africana. Foi uma recriação do termo gritadores, reinventado pelos portugueses quando viam os griôs gritando em praça pública. Foi utilizado pelos estudantes afrodescendentes que estudavam na língua francesa para sintetizar milhares de definições que abarca. O termo griô tem origem nos músicos, genealogistas, poetas e comunicadores sociais, mediadores da transmissão oral, bibliotecas vivas de todas as histórias, os saberes e fazeres da tradição, sábios da tradição oral que repre- sentam nações, famílias e grupos de um universo cultural fundado na oralidade, onde o livro não tem papel social prioritário, e guardam a história e as ciências das comunidades, das regiões e do país. (Disponível em http://www.leigrionacional.org. br/o-que-e-grio/) http://apedagogiamusical.blogspot.com.br/2013/03/onascimento-da-escrita-musical.html 5 No processo de prática musical, seja dos processos à uma possível culminância, é importante salientar para os nossos aprendentes que mesmo no canto solo e a capela, ou seja, cantando sozinho e sem instru- mentos, sem a cooperação de quem está presente nada disso é possível. O silêncio gerado pela plateia faz parte da música. Veja como é rico pensar assim. Na minha não-emissão proponho-me a contribuir para o que está sendo realizado. Um exemplo palpável é o que ocorre quando numa escuta musical, onde todo o corpo de mú- sicos está lá envolvido, alguém rompe com o barulho de um pacote de plástico ou mesmo atendendo o smartphone. Música além de ser realizada por um conjunto/corporação de músicos, necessita da contri- buição da plateia mirim ou adulta, sendo conveniente ao melhor desempenho de uma apresentação que pode começar na banda ou conjunto e continua na plateia. HistÓriA do Ensino dA MÚsicA O ensino de música é bastante diverso, visto que facilmente encontraremos exemplos de uma construção de saberes musicais mediada tanto na educação informal, não-formal e informal. você sAbiA? Você sabia que quando falamos em História do Ensino da Música, as contingências culturais nos remetem diretamente ao ensino a partir das perspectivas europeias? Po- rém a música foi, é e será desenvolvida, seja como prática ou ensino nos diversos recônditos do globo terrestre, tendo cada um deles, as suas peculiaridades, que devido a cultura etnocêntrica na educação, resume-se nas abordagens comuns às escolas aos processos anteriores à colonização do Brasil e posteriores. lEiturA coMPlEMEntAr Como exercício complementar, sugiro a você a leitura do texto Kassìa Cáricol, intitulado “Panorama do Ensino Musical”, disponível clicando aqui. Pode ser que você considere um texto longo, porém para o curso que estamos nos pro- pondo a desenvolver é no mínimo basilar para o nosso processo. ??? http://www.amusicanaescola.com.br/pdf/PanoramaEnsinoMusical.pdf 6 No livro Pedagogias na Educação Musical, organizado por Tereza Mateiro e Beatriz Ilari5 teremos alguns nomes que referendam o ensino de música, dentre eles podemos citar: · Émile Jacques-Dalcroze; · Zoltán Kodaly; · Edgar Willems; · Carl Off; · Maurice Martenot; · Shinichi Susuki; · Gertrud Meyer-Denkmann; · John Paynter; · Raymond Murray-Schafer; · Jos Wuytack; Perceba que não existe nenhum africano ou africana nessa história embranquecida. De todo modo as contribuições são várias e formulam perspectivas ao atual e obrigatório ensino de música brasileira PAlAvrAs do ProfEssor Obrigatório? Sim! Além da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 e dos Parâmetros Curriculares Nacio- nais de Artes sugerirem o ensino de música, esses mantinham uma brecha para a polivalência, ou seja, o professor unidocente poderia ser impelido a trabalhar todas as linguagens artísticas, dentre elas a música, mesmo sem ter a formação adequada. Atendendo a demandas antigas, o então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, de- cretou a partir da lei federal 11.769, que todas as escolas públicas e privadas de todo o território brasileiro deveriam em até 3, conforme exigência estabelecidas, inserir a música como conteúdo obrigatório do componente curricular da educação básica. Porém o que ocorreu até agora? Você tem visto professores de música nas escolas? Ainda tenho um outro questionamento: Esses profes- sores ou professoras de música quando inseridos na realidade escolar, tem formação como bacharéis ou como licenciados em música. Meu caro (a), talvez você esteja se perguntando: E que diferença faz? Professor de músicanão é tudo a mesma coisa? Posso te dizer que faz toda a diferença. O ensino de música na escola precisa ser desenvolvido a partir das perspectivas do Ensino de Arte, conforme a famosa Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa. Tra- balhar música somente como técnica, não traz muitas contribuições à educação integral do estudante. É necessário contextualização, prática e fruição estética. É necessária sensibilidade para dialogar entre os métodos clássicos e as novas perspectivas. 5 ILARI, MATEIRO, Beatriz, Ilari (Org) Pedagogias em educação musical. Curitiba: Ibpex, 2011. 7 Do outro modo, voltaremos ao tecnicismo cheio de normas, técnicas, movimentos e métricas, pouco con- dizentes com os paradigmas emergentes da educação. A educação musical humanizada visa muito mais a expressão, a experimentação, o improviso, a criatividade, do que apenas a virtuosi tão exaltada na cultura eurocêntrica. linguagem musical e expressão artística da criança por meio da linguagem musical “A música deve ser compreendida e trabalhada em duas dimensões: como forma de co- nhecimento e como linguagem”, assim afirma o Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998). PAlAvrAs do ProfEssor Como assim? Forma de conhecimento? Linguagem? Como forma de conhecimento, a música precisa proporcionar um contato com os sons existentes no mundo, como, por que e quando eles são organizados e produzidos, tanto no seu contexto local, regional quanto a outros contextos ao redor do globo terrestre. Como linguagem entende-se que a música tem capacidade de gerar comunicação e expressão. Enten- dendo a música como linguagem, o estudante terá oportunidade de se expressar musicalmente e será estimulado a uma sensibilidade proveniente do ato de escutar. Durante a educação infantil até o final dos anos iniciais do ensino fundamental, percebe-se a presença maior da Música como linguagem e expressão artística. Depois dos 10 anos, do mesmo modo que algu- mas crianças decretam que não sabem desenhar e pronto, muitas delas devido ao contexto cultural com- petitivo e racional ao qual estamos inseridos, refreados também pela vergonha de se expor ao ridículo, deixam de se permitir e voltam suas energias para as questões acadêmicas das disciplinas consideradas “mais importantes, colocando as linguagens artísticas, dentre elas a música, em segundo ou terceiro plano. Devido ao fato de muitas escolas não assumirem o compromisso de ter educadores musicais habilitados, seja por acharem desnecessário, seja por falta de condições, professores e professoras se desdobram em invencionices ou clichês para trabalhar a música na sala de aula. A maneira mais corriqueira é a partir das cantigas de roda e das músicas infantis clássicas e/ou contem- porâneas, advindas de obras como “Palavra Cantada”, “Patati-Patatá”, entre outras. Essa prática é o que chamaremos de musicalização, ou seja, o ato ou ação de musicalizar, fazendo com o ambiente tenha estímulos musicais. A musicalização, geralmente tem o intuito de ser uma bengala para as outras disciplinas e conteúdos. Ensinar sobre ética, moral, língua portuguesa, matemática, etc., usando a música, não significa estar desenvolvendo uma aula de artes, muito menos de música. 8 Daí você pode estar se perguntando. E então o que deve ser trabalhado nas aulas de música para que não se faça apenas uma musicalização com função de estratégia didática? AssistA Ao vídEo Na aula de música poderemos trabalhar usando apenas o corpo humano. Através da emissão vocal, das palmas, pisadas e batidas em partes do corpo, pode-se criar exce- lente exercícios corpóreo-musicais. Para exemplificar, clique aqui e assista a um dos vídeos do grupo Barbatuques. Além disso no ensino de música pode-se trabalhar com instrumentos sonoros e instrumentos musicais. Você sabe qual a diferença? Os instrumentos musicais são mais conhecidos na produção da música em nosso cotidiano. São objetos produzidos com o determinado fim de fazer música. Antes eram divididos em instrumentos de corda, sopro e percussão. Com o advento da eletricidade e a criação de novos instrumentos musicais, os mesmo tiveram uma altera- ção em suas classificações. Sendo a seguinte proposta desde o século passado, pela dupla de etnomusi- cólogos Erich von Hornbostel e Curt Sachs, quando publicaram a “Systematik der Musikinstrumente” até hoje pouco conhecida pela maioria, porém ao nosso ver a mais condizente: instrumentos cordofônicos = aqueles que emissão sonora advém do tanger de cordas ou fios retesados (esticados); instrumentos Aerofônicos = aqueles que a emissão sonora é proveniente do deslocar de colunas de ar dentro do instrumento; instrumentos Membranofônicos = aqueles que a emissão sonora é proporcionada pelo tocar de mem- branas (peles), sendo estas sintéticas ou naturais; instrumentos idiofônicos = aqueles que a emissão sonora é desenvolvida a partir do balançar ou cha- coalhar do próprio instrumento; instrumentos Eletrofônicos = aqueles que a emissão sonora ocorre a partir da presença da eletricidade ativando campos magnéticos. você sAbiA? Você sabia que a ciência que estuda os instrumentos musicais é a organologia? Pois é, que tal você saber um pouco mais sobre ela clicando aqui? ??? http://www.explicatorium.com/legislacao/Competencias-musica.php http://www.explicatorium.com/legislacao/Competencias-musica.php https://pt.wikipedia.org/wiki/Organologia 9 vEjA o vídEo! Já os instrumentos sonoros não foram criados para fazer música, porém com um pouco de criatividade e habilidade é possível fazer verdadeiras obras musicais6. Tudo o que produz um som audível ao humano pode ser considerado um instrumento sonoro. Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, entre outros músicos e instrumentistas nacionais e in- ternacionais desenvolvem verdadeiros laboratórios e o resultado você pode conferir em clicando aqui. o cAnto Uma das maneiras mais simples de propor a musicalização em sala de aula é sugerindo dinâmicas vincu- ladas ao canto. Geralmente feito de maneira lúdica e/ou em compromisso com algum conteúdo formal, esses momentos são feitos sem atentar para alguns aspectos, os quais iremos pontuar a seguir. Toda vez que as crianças, jovens e adultos forem incitados a cantar em sala de aula é fundamental que se realize algumas dinâmicas simples, relacionadas à saúde vocal. Quantas vezes, seja como estudante ou como professor (a), você se percebeu com a “garganta arra- nhando” ao final de um exercício vocal cantado? O nosso corpo, geralmente, sinaliza atos descuidados decorrentes do mau uso da voz. Para que se faça um exercício de canto simples é necessário, no mínimo um breve relaxamento corporal, alongamento, aquecimento vocal e ao final de tudo um desaquecimento. lEiturA coMPlEMEntAr Você acha isso difícil? Acha impossível? Faltam condições de tempo e espaço. Pois é. Essa é uma das explicações para tantos problemas vocais, principalmente acometendo a saúde de profissionais da educação. Para introduzir essa abordagem sobre saúde vocal clique aqui. Caro (a) aluno (a), tecnicamente os seres humanos não nasceram para falar, muito menos para cantar. Foi a partir da conjunção de órgãos dos vários sistemas corporais (respiratório, digestório, muscular e esquelético) que o fenômeno vocal tornou-se possível, atrelado logicamente à necessidade (cultural) de comunicação verbal presente nas mais variadas comunidades humanas. É a partir do canto que poderemos trabalhar, inicialmente, conteúdos importantíssimos para o ensino de música e a educação musical. Dentre eles estão os elementos da música e as propriedades do som. 6 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinfonia https://www.youtube.com/watch?v=5CJQXxqnyjI http://www.hcrp.fmrp.usp.br/sitehc/upload/saudevocal.pdf https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinfonia 10 PAlAvrAs do ProfEssor Talvez você esteja se perguntando: “Mas quem deveria trabalhar isso não seria o professor de música? Sim! Porém o nosso intuito é dar subsídiospara que você possa atuar e orientar a atuação de educadores (as) tendo conhecimento instrumental. lEiturA coMPlEMEntAr Segue o link do site do Prof. Nelmar Nepomuceno, que traz de maneira bastante aces- sível, alguns conteúdos para que você possa se aprofundar. Clique aqui para acessar. Voltando ao nosso raciocínio com relação aos tipos de canto, geralmente são divididos em: popular e lírico. O canto popular é aquele que pode ser realizado por qualquer pessoa, tendo em vista que usa recursos similares ao da fala coloquial. Já o canto lírico denotará um aprofundado estudo de técnicas que possi- bilitarão uma voz cênica/espetacular a partir da impostação. No cotidiano da sala de aula, utiliza-se bastante o canto popular nos seus diversos gêneros musicais. Cabe ao educador possibilitar o máximo de conhecimento sobre esses gêneros musicais, evitando pro- postas tendenciosas impeditivas de uma abordagem plural e diversa. Uma das melhores formas de se quebrar o preconceito e a discriminação é usando, além dos contos, o canto. A partir do ensino de músicas a partir da tríade da abordagem triangular de Ana Mae Barbosa (Contextualização – Prática – Avaliação/Reflexão), muitos dos entraves na aceitação “do outro” serão reduzidos. No quesito “classificação das vozes”, podemos afirmar que até o final da puberdade, na chamada fase da “muda”, não é interessante dizer em qual grupo vocal estudantes se enquadram. Porém podemos dividir as vozes humanas conforme em femininas e masculinas, localizando-as as em uma das 3 subdivisões: VOZES MASCULINA FEMININA AGUDA TENOR SOPRANO MEDIANA BARÍTONO MEZOSOPRANO GRAVE BAIXO CONTRALTO Caro (a) estudante, na experiência em educação, principalmente infantil é notória a tentativa equivocada, seja de educadores (as) ou estudantes de suprir a falta de extensão vocal com o grito. Percebemos por muitas vezes as crianças fazendo as veias do pescoço saltarem, machucando as pregas vocais, gerando inflamações e dando abertura para que doenças oportunistas façam a festa. https://arteducacao.wordpress.com/musica/ 11 A respiração espetacular, seja para o canto, a dança ou mesmo para o teatro necessita de um músculo que só lembramos dele quando rimos muito ou quando estamos com soluço. Sim! Estamos falando do diafragma e da respiração diafragmática. você sAbiA? Você sabia que essa respiração além de ser fundamental para o Ensino da Arte é prio- ritária no processo de reeducação da respiração? Pois é, até os 3 anos, em média, os seres humanos usam uma respiração basicamente diafragmática. Observe uma criança até essa idade dormindo. Será perceptível um movimento do diafragma com a respira- ção. A barriga parece se encher de ar na inspiração e murchar na expiração. Porém no decorrer da infância a criança começa a “ficar preguiçosa ao respirar”, usan- do menos o diafragma, respirando profundamente a partir da suspensão dos ombros. É fundamental que os profissionais que trabalham com o canto na sala de aula ensinem sobre a respiração diafragmática e sobre os seus benefícios inclusive na redução de doenças respiratórias agudas ou crônicas. vEjA o vídEo! Vamos vasculhar um pouco através desse link bastante explicativo (Duração 3´03´´). Clique aqui para assistir. A dAnçA O nosso corpo tem um ritmo próprio, baseado geralmente em nossos aspectos psicoemocionais. Porém existe um elemento externo que pode produzir uma verdadeira revolução em nosso ritmo corporal, que é a música. Talvez você tenha se perguntado: o que a dança tenha a ver com a música? A resposta seria: “bem mais do que possamos imaginar”. Inclusive companhias de dança ou mesmo bailarinos (as) que se propõem a dançar sem música utilizam de um ritmo interno. Temos vivido tempos de avanços e retrocessos quanto a pluralidade cultural e o ensino de artes na escola. Devido ao excesso de fundamentalismo religioso, muitas das nossas realidades estudantis deixaram de ouvir músicas variadas, bem como de dançar os diversos ritmos. Em Pernambuco é muito comum a expressão: “dança até com o barulho das panelas”. Pois é! Talvez você tenha se contido em alguns momentos ao perceber-se dançando uma sonoridade ou mesmo uma melodia. ??? https://www.youtube.com/watch?v=UH6n6NpInV0 12 A música chama o corpo para dançar. No cotidiano educacional, principalmente nos anos iniciais da educação formal, as músicas também estão relacionadas às chamadas práticas rítmico-expressivas. Geralmente se canta e dança concomitantemen- te! Mesmo sentado só balançando o corpo, mesmo de pé só mexendo as mãos. Todo movimento corporal, tendo objetivos expressivos, pode ser chamado de dança. No Ensino de Arte, é sugerido que o cotidiano escolar, além de ser musicalizado, seja bem recheado de atividades corporais e expressivas. Quando a dança ensina e quando o ensino é atravessado por práticas corporais e expressivas temos a dança-educação! vEjA o vídEo! Observe esse slide show (Duração: 3´53´´) clicando aqui e perceba que você pode fazer igual ou muito melhor que isso. AtividAdEs rítMicAs, bAndA rítMicAs, MÚsicA E locoMoçÃo Caro (a) aluno (a), você já percebeu que música não se faz apenas na aula de música, nem só no conser- vatório, ou mesmo apenas usando instrumentos musicais. Essa linguagem artística se faz a partir de uma conjunção de elementos musicais e propriedades sonoras inseridas em um contexto cultural abrangente, envolvendo economia, sociedade, educação, segurança, saúde, religião, etc. A música também pode ser desenvolvida em atividades rítmicas, classificadas na Psicomotricidade volta- da para Educação Infantil em dois tipos: Exercícios Ritmados e Brinquedos Cantados. Entende-se por atividades rítmicas as dinâmicas vinculadas à brinquedos, exercícios individuais ou em grupo de caráter recreativo, que favorecem a conscientização dos estudantes sobre ritmo individual e do ritmo vinculado aos estímulos externos. Além disso, também proporcionam noções importantes para a elaboração e melhoramento das consciências: corporal e temporal. Quanto aos Exercícios Ritmados (ER), o ritmo é o estímulo central para a realização de atividades de pos- tura, locomoção e autocontrole7, ex.: marcha soldado, bandinha, laranja-da-china, etc. Quanto aos Brinquedos Cantados (BC), salientamos que o ritmo é o estímulo primordial para a realização de atividades semelhantes às de baixa organização8, ex.: “a canoa virou”, “cai-cai balão”, “caixinha-de- -fósforos”, etc. 7 http://degodim.blogspot.com.br/2008/10/atividades-de-postura-e-locomoo.html 8 http://degodim.blogspot.com.br/2008/10/atividades-de-baixa-organizao.html https://www.youtube.com/watch?v=6AJLLGSsXCs http://degodim.blogspot.com.br/2008/10/atividades-de-postura-e-locomoo.html http://degodim.blogspot.com.br/2008/10/atividades-de-baixa-organizao.html 13 MÚsicAs folclÓricAs No decorrer da evolução humana nos diversos campos do saber, foram sendo construídas classificação para as produções musicais que extrapolam o binômio: música clássica e música popular. lEiturA coMPlEMEntAr Que tal dar uma paradinha neste guia agora? Sugiro a leitura da tese de Alícia Loureiro, disponível clicando aqui, para um aprofun- damento maior no Ensino de Música. Quanto à classificação, teremos: • Música popular; • Música clássica; • Música de massa; • Música folclórica; • Música de consumo; • Música de vanguarda; • Música religiosa. lEiturA coMPlEMEntAr É bem sabido que podem existir mais classificações. Para entender cada uma dessas citadas acima, sugiro que clique aqui e leia esse link que de maneira sim- ples e direcionada explica a diferença entre cada um desses tipos de música. PAlAvrAs do ProfEssor Você já deve estar percebendo que fazendo o possível para compilar em menor número de páginas o má- ximo de informações pertinentes. Por isso, vamos direto para a chamada música folclórica! Para a Pluralidade Cultural essa categoria é de suma importância, pois resgata elementos da tradição e dos saberes das sociedades.A palavra folclore, só passou a ser aceita internacionalmente em 1878 quan- do foi publicada pela revista The Athenaeum, quando o arqueólogo inglês William John Thoms, propôs o estudo de culturas diversas. http://server05.pucminas.br/teses/Educacao_LoureiroAM_1.pdf http://www.artigonal.com/educacao-artigos/tipos-de-musicas-1863744.html 14 Folk = povo/ lore = coisa, ensinamento, ideologia.... Ah, isso você já deve saber. A etimologia permite que entendamos, portanto que músicas folclóricas contemplam as tradições de um povo ou comunidade. Durante o ano temos várias manifestações e rememorações das músicas folclóricas, geralmente divididas em ciclos. Os mais conhecidos são o ciclo carnavalesco, o ciclo junino e o ciclo natalino. Você não acha que cabe aos educadores saírem da Zona de Conforto e construírem situações didáticas em sala de aula, proporcionando a partir da problematização, dos estranhamentos e das comparações entre as diversas culturas, um olhar instrumentalizado dos (as) estudantes. Vamos lá, quando for trabalhar uma música é importantíssimo que seja desenvolvida a Abordagem Trian- gular. Contextualizar a música, produzir releituras dessa música e refletir sobre ela, trará um diferencial com relação a significância de toda e qualquer dinâmica realizada. ExEMPlo Vamos dar um exemplo quanto à música junina. Na obra do Rei do Baião, encontraremos a canção “Pe- nerô Xerem”. contextualização • Explique as palavras que formam o título da obra; • Cite ano, lugar e contexto em que a obra foi produzida; • Aborde vida e obra do seu intérprete maior • Identifique ou estimule a identificação dos instrumentos utilizados para construir a sonoridade da música? Prática • Proporcione que os estudantes cantem sozinhos, em duplas, trios e com o grande grupo, inicial- mente acompanhando uma mídia; • Estimule, dependendo da idade releitura da letra da música em paródia; Instigue a turma a cantar a música em outros gêneros musicais (lambada, marchinha de carnaval, funk, technobrega, ópera, etc.). Análise/ fruição/reflexão • Realize diversas escutas musicais utilizando a primeira versão e outras mais recentes na voz de outros intérpretes. • Estimule que estudantes façam inferências sobre o provável contexto que a inspirou; • Compare a música com outras da obra de Luiz Gonzaga • Faça que os estudantes reflitam sobre a prática, sobre o conhecimento apreendido, etc., usando perguntas instigantes. 15 Caro (a) estudante, a partir da música um portal para o universo dos saberes pode ser aberto, inclusive possibilitando um trabalho interdisciplinar ou mesmo transdisciplinar. Será que suas crianças sabem o que é xerêm ou mesmo como ele é feito? A expressão “eu não vou criar galinha para dar pinto para ninguém”, tem uma significância grandiosa para a reflexão das relações sociais (caridade, altruísmo, exploração, ganância, etc.). Você já tinha pensado nisso? PAlAvrAs do ProfEssor Por mais uma vez, perceba que existe uma tendência em transformar o Ensino de Arte, dando-lhe a pecha de bengala didática. Na Unidade 1, nos deparamos com a tendência de vincular a arte do Desenho à melhoria da escrita. Nesta unidade, peço que você use de criticidade para atentar para esses aspectos: 1. Música é uma arte, linguagem, ciência e técnica; 2. Música tem uma gramática própria e tem conteúdos próprios e específicos; 3. Música não deve ser usada apenas como auxiliar para outras áreas do saber; 4. O ensino de música gera processos de musicalização, mas nem todo processo de musicalização está relacionado ao ensino de música. Talvez você possa estar incomodando-se com esses conteúdos. Angústias do tipo: Mas é assim mesmo? Isso funciona na prática? Não seria melhor continuar fazendo o trivial conforme o modelo já constituído? A resposta é não! Faça o diferencial, seja referencial, aumente o seu potencial. Para que isso ocorra de maneira mais significativa iremos agora nos deter as leituras do livro-base da disciplina, em observância e participação nos fóruns, respondendo os questionários e realizando os exer- cícios de composição. Parabéns por mais essa etapa. Você chegou ao meio da jornada. Agora é seguir em frente! Entre em contato com o tutor em caso de dúvidas e após uma pequena pausa, siga para a Unidade 3 que vai trazer as “produções artísticas” nas diversas fases da educação formal. Certamente será surpreendente. Forte abraço e parabéns por mais uma etapa concluída!
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