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MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 1 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES2 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 3 Fernando Augusto De Vita Borges de Sales Advogado em São Paulo há mais de 20 anos. Mestre em Direitos Difusos e Coletivos (com ênfase em Direito Ambiental), pós-graduado em Direito Civil, Direito do Consumidor e Direito do Trabalho, é professor universitário na Universidade Paulista – UNIP, em nível de graduação e pós-graduação, além de ser orientador de monografias. Leciona, como convidado, em cursos preparatórios para OAB e concursos, em cursos de Pós- graduação, e na Escola Superior da Advocacia (ESA), da OAB/SP. Foi Diretor Jurídico do Sindicato das Indústrias de Panificação do ABC (SIPAN-ABC), no período de 1998 a 2005 e Diretor Tesoureiro da 40ª Subseção de São Caetano do Sul, da OAB/SP, no triênio 2007/2009. Agraciado com a Láurea do Mérito Docente, pela Comissão do Acadêmico de Direito, da OAB/SP, nos anos de 2014 e 2016. Palestrante do Departamento de Cultura e Eventos da OAB/SP e autor de diversos livros na área jurídica. FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES4 © Fernando Augusto de Vita Borges de Sales J. H. MIZUNO 2020 Revisão: José Silva Sobrinho Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial destes textos, inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, reprográficos, de fotocópia ou gravação. Qualquer reprodução, mesmo que não idêntica a este material, mas que caracterize similaridade confirmada judicialmente, também sujeitará seu responsável às sanções da legislação em vigor. A violação dos direitos autorais caracteriza-se como crime incurso no art. 184 do Código Penal, assim como na Lei n. 9.610, de 19.02.1998. O conteúdo da obra é de responsabilidade do autor. Desta forma, quaisquer medidas judiciais ou extrajudiciais concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade do autor. Todos os direitos desta edição reservados à JH MIZUNO Rua Benedito Zacariotto, 172 - Parque Alto das Palmeiras, Leme - SP, 13614-460 Correspondência: Av. 29 de Agosto, nº 90, Caixa Postal 501 - Centro, Leme - SP, 13610-210 Fone/Fax: (0XX19) 3571-0420 Visite nosso site: www.editorajhmizuno.com.br e-mail: atendimento@editorajhmizuno.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil Manual de Prática Processual Civil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) S163m Sales, Fernando Augusto de Vita Borges de. Manual de prática processual civil / Fernando Augusto de Vita Borges de Sales. – Leme, SP: JH Mizuno, 2020. 342 p. : 16 x 23 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-7789-471-0 1. Processo civil – Brasil. I. Título. CDD 347.8105 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 5 Agradecimentos Agradeço a Deus e aos meus pais, Valmir e Beth. À minha esposa Patricia e minhas filhas Lorena e Natália. Patrícia e Paulo Canavarro. Aos amigos e parceiros Marcel Kléber Mendes, Magda Torquato de Araújo e Marco Aurélio Sanches. Aos professores, colegas de docência na Universidade Paulista - UNIP, na pessoa da profa. Cibele Mara Dugaich. À profa. Andrea Wild, minha coordenadora do curso de direito da UNIP Campus Paraíso. Aos amigos da Academia Jurídica (www.ajuridica.com.br), nas pessoas de Carlos Gouveia e Anderson Amorim. Ao pessoal da Editora JHMizuno, na pessoa do Rafael, pelo excelente trabalho de produção. Um agradecimento especial ao Mauro de Paula (Maurão), da Livraria Cultura do Direito (www.culturadodireito.com.br). FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES6 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 7 Dedicatória Dedico este livro a todos os meus alunos e ex-alunos, futuros e presentes advogados. Para Lorena, como não poderia deixar de ser, sempre! “Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome” Salmos, 86:11 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES8 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 9 Apresentação Caro leitor, É com imenso prazer que trago até você o nosso Manual de Prática Processual Civil. O objetivo, aqui, é tentar tornar a vida do advogado um pouco mais fácil no dia a dia da advocacia civil, com o uso das ferramentas que o processo civil nos propicia. Dentro dessa proposta, selecionamos – a nosso ver – as peças mais importantes, as mais utilizadas e as que apresentam maiores dificuldades aos profissionais do direito, e cuidamos de explicá-las, indicando aspectos de sua utilização e aplicação prática, além de trazer modelos para ajudá- lo na confecção de suas próprias peças. São 75 modelos de petições ao longo do livro, dos mais variados tipos, na medida da sua necessidade. Sempre me pediram para fazer um livro assim, de prática jurídica com modelos de peças processuais, mas eu resistia a essa ideia, porque sempre me senti pouco à vontade com livros de modelo (acho que ainda não tinha encontrado a fórmula ideal). Mas de um tempo para cá essa ideia tomou corpo e foi crescendo dentro da minha mente, até que eu me senti confortável para escrevê-lo, nos moldes que eu imaginei. Coloquei a ideia no papel e, devo dizer, fiquei muito feliz com o resultado. Espero que você goste também. Como sempre faço quando escrevo sobre direito, tentei ser simples, direto e objetivo. A função, aqui, é ser útil, ou então o livro não servirá para nada, não tendo sentido de existir. Optei por dividir a obra em 4 partes: I - processo de conhecimento, II - execução civil, III - recursos, e IV - outras petições. Em cada uma delas você vai encontrar diversas subdivisões referentes às peças FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES10 correspondentes, com explicações sobre elas. Seguindo cada uma das peças, há um modelo para servir de guia. Os modelos, aqui, não têm a pretensão de esgotar as possibilidades. São apenas modelos, mesmo, com as limitações que a eles se impõem. Mas coloquei neles toda a minha experiência adquirida em mais de 25 anos de advocacia para aproximá-los, o máximo possível, da realidade forense. Deu trabalho, mas valeu a pena. Espero que sejam úteis a você. Ao sucesso! O autor. São Paulo, 13 de março de 2019. MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 11 Sumário PARTE I PROCESSO DE CONHECIMENTO CAPÍTULO 1 DO PROCESSO DE CONHECIMENTO ............................................................................ 23 CAPÍTULO 2 DO PROCEDIMENTO ........................................................................................................ 25 CAPÍTULO 3 DO PROCEDIMENTO COMUM ......................................................................................... 27 CAPÍTULO 4 DA PETIÇÃO INICIAL........................................................................................................ 29 4.1 Generalidades ....................................................................................................... 29 4.2 Requisitos da petição inicial .................................................................................. 29 4.2.1 O juízo a que é dirigida (inciso I).................................................................. 29 4.2.2 A qualificação das partes (inciso II) .............................................................. 30 4.2.3 O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (inciso III) .............................. 31 4.2.4 O pedido, com suas especificações (inciso IV) ............................................ 33 4.2.4.1 Características do pedido ................................................................... 34 4.2.4.2 Tipos de pedido .................................................................................. 35 4.2.5 O valor da causa (inciso V) .......................................................................... 36 4.2.6 As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (inciso VI) .....................................................................................37 4.2.7 A opção do autor pela realização ou não da audiência de conciliação (inciso VII) ....................................................................................................... 37 4.2.8 A desnecessidade de requerer a citação do réu .......................................... 38 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES12 4.3 Inépcia da petição inicial ....................................................................................... 38 4.4 Aditamento ou alteração da petição inicial ............................................................ 39 4.5 Indeferimento da petição inicial ............................................................................. 40 4.6 Improcedência liminar do pedido .......................................................................... 40 MODELO # 1 Modelo padrão de petição inicial no procedimento comum .......................... 42 MODELO # 2 Modelo de petição de emenda à inicial ........................................................ 44 MODELO # 3 Modelo de petição de aditamento da inicial ................................................. 45 CAPÍTULO 5 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ........................................................................................ 47 5.1 Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa ............................................. 47 5.2 Ação de consignação em pagamento ................................................................... 47 5.2.1 Generalidades .............................................................................................. 47 5.2.2 Requisitos da petição inicial da ação de consignação em pagamento ........ 48 MODELO # 4 Modelo de petição inicial de ação de consignação em pagamento .................. 49 5.3 Ação de exigir contas ............................................................................................ 51 5.3.1 Generalidades .............................................................................................. 51 5.3.2 Requisitos da petição inicial da ação de exigir contas ................................. 51 MODELO # 5 Modelo de petição inicial de ação de exigir contas ....................................... 52 5.4 Ações possessórias............................................................................................... 54 5.4.1 Generalidades .............................................................................................. 54 5.4.2 Requisitos da petição inicial das ações possessórias ................................. 54 MODELO # 6 Modelo de petição inicial de ação de reintegração de posse ....................... 55 MODELO # 7 Modelo de petição inicial de ação de manutenção de posse ........................ 57 MODELO # 8 Modelo de petição inicial de ação de interdito proibitório ............................ 59 5.5 Embargos de terceiro ............................................................................................ 61 5.5.1 Generalidades .............................................................................................. 61 5.5.2 Requisitos da petição inicial nos embargos de terceiro ............................... 61 MODELO # 9 Modelo de petição inicial de embargos de terceiro ....................................... 63 5.6 Ação monitória....................................................................................................... 66 5.6.1 Generalidades .............................................................................................. 66 5.6.2 Requisitos da petição inicial na ação monitória ........................................... 66 MODELO # 10 Modelo de petição inicial de ação monitória ................................................ 68 5.7 Ação de inventário ................................................................................................. 70 MODELO # 11 Modelo de petição de abertura de inventário ............................................... 71 MODELO # 12 Modelo de petição de primeiras declarações de inventário ......................... 72 MODELO # 13 Modelo de petição de partilha em inventário ............................................... 74 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 13 5.8 Ações de família .................................................................................................... 76 5.8.1 Generalidades .............................................................................................. 76 5.8.2 Requisitos da petição inicial nas ações de família ....................................... 76 MODELO # 14 Modelo de petição inicial de ação de separação judicial ............................. 77 MODELO # 15 Modelo de petição inicial de ação de divórcio judicial................................. 79 5.9 Ação de alimentos ................................................................................................. 81 5.9.1 Generalidades .............................................................................................. 81 5.9.2 Requisitos da petição inicial na ação de alimentos...................................... 81 MODELO # 16 Modelo de petição inicial de ação de alimentos ........................................... 83 5.10 Ação de alimentos gravídicos .............................................................................. 85 5.10.1 Generalidades ............................................................................................ 85 5.10.2 Requisitos da petição inicial na ação de alimentos gravídicos .................. 85 MODELO # 17 Modelo de petição inicial de ação de alimentos gravídicos ......................... 87 5.11 Ações de locação ................................................................................................ 89 5.11.1 Generalidades ............................................................................................ 89 5.11.2 Ações de despejo ....................................................................................... 89 MODELO # 18 Modelo de petição inicial de despejo por denúncia vazia ............................ 91 MODELO # 19 Modelo de petição inicial de despejo por falta de pagamento cumulada com cobrança de aluguéis ................................................................................................... 93 5.11.3 Ação revisional de aluguel .......................................................................... 96 MODELO # 20 Modelo de petição inicial de ação revisional de aluguel ............................. 97 5.11.4 Ação renovatória ........................................................................................ 99 MODELO # 21 Modelo de petição inicial de ação renovatória ............................................ 101 5.12 Mandado de segurança....................................................................................... 103 5.12.1 Generalidades ............................................................................................ 103 5.12.2 Requisitos da petição inicial do mandado de segurança ........................... 103 MODELO # 22 Modelo de petição inicial de mandado de segurança ................................. 105 5.13 Juizados especiais .............................................................................................. 107 5.13.1 Generalidades ............................................................................................ 107 5.13.2 Requisitos da petição inicial nos juizados especiais cíveis ........................ 107 MODELO # 23 Modelo padrão de petição inicial no juizado especial cível ......................... 109 CAPÍTULO 6 TUTELAS PROVISÓRIAS ................................................................................................. 111 6.1 Tutelas de urgência ...............................................................................................111 6.1.1 Tutela antecipada ......................................................................................... 112 MODELO #24 Modelo de petição inicial apenas com pedido de tutela provisória antecipa- da em caráter antecedente .......................................................................................... 114 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES14 MODELO #25 Modelo de petição de aditamento da inicial formulada apenas com pedido de tutela provisória antecipada .................................................................................... 116 MODELO #26 Modelo de petição inicial completa com pedido de tutela provisória anteci- pada em caráter antecedente ...................................................................................... 118 6.1.2 Tutela cautelar.............................................................................................. 120 MODELO #27 Modelo de petição inicial apenas com pedido de tutela provisória cautelar em caráter antecedente ............................................................................................... 121 MODELO #28 Modelo de petição formulando pedido principal na ação em que a inicial apenas contém pedido de tutela provisória cautelar .................................................... 123 MODELO #29 Modelo de petição inicial completa com pedido de tutela provisória cautelar em caráter antecedente ............................................................................................... 125 6.2 Tutelas de evidência.............................................................................................. 127 MODELO # 30 Modelo de petição inicial com pedido de tutela provisória de evidência ..... 129 MODELO # 31 Modelo de petição incidental de pedido de tutela provisória de evidência .. 131 CAPÍTULO 7 RESPOSTA DO RÉU (CONTESTAÇÃO LATO SENSU) .................................................. 133 7.1 Generalidades ....................................................................................................... 133 7.2 Contestação .......................................................................................................... 133 7.2.1 Princípio da eventualidade ou da concentração da defesa ......................... 134 7.2.2 Ônus da impugnação específica .................................................................. 134 7.2.3 Matérias preliminares ................................................................................... 134 MODELO # 32 Modelo de contestação ............................................................................... 138 MODELO #33 Modelo de contestação com denunciação da lide ...................................... 141 MODELO #34 Modelo de contestação com chamamento ao processo ............................. 144 7.3 Reconvenção ........................................................................................................ 147 MODELO # 35 Modelo de reconvenção apresentada com a contestação .......................... 148 CAPÍTULO 8 RÉPLICA ............................................................................................................................ 151 MODELO # 36 Modelo de réplica ........................................................................................ 152 CAPÍTULO 9 RESPOSTA DO RÉU NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ................................................... 155 MODELO # 37 Modelo de contestação com pedido contraposto no JEC ........................... 156 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 15 PARTE II EXECUÇÃO CIVIL CAPÍTULO 10 PROCESSO DE EXECUÇÃO ............................................................................................ 161 10.1 Generalidades ..................................................................................................... 161 10.2 Requisitos da petição inicial ................................................................................ 162 MODELO # 38 Modelo padrão de petição inicial no processo de execução ....................... 164 CAPÍTULO 11 DEFESAS DO EXECUTADO ............................................................................................. 167 11.1 Embargos à execução ......................................................................................... 167 11.1.1 Generalidades ............................................................................................ 167 11.1.2 Natureza jurídica dos embargos à execução ............................................. 167 11.1.3 Requisitos da petição inicial ....................................................................... 168 MODELO # 39 Modelo de petição inicial de embargos à execução ................................... 171 11.2 Exceção de pré-executividade ............................................................................ 173 11.2.1 Generalidades ............................................................................................ 173 11.2.2 Requisitos da petição ................................................................................. 173 MODELO # 40 Modelo de petição de exceção de pré-executividade ................................. 174 11.3 Arguição de impenhorabilidade ........................................................................... 176 11.3.1 Generalidades ............................................................................................ 176 11.3.2 Arguição de impenhorabilidade de bem de família .................................... 176 MODELO # 41 Modelo de petição de arguição de impenhorabilidade de bem de família ... 177 11.3.3 Arguição de impenhorabilidade de quantia em dinheiro penhorado pelo sistema “on line”............................................................................................... 179 MODELO # 42 Modelo de petição de arguição de impenhorabilidade de dinheiro penhorado pelo sistema “on line” ................................................................................................... 180 CAPÍTULO 12 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ...................................................................................... 183 12.1 Generalidades ..................................................................................................... 183 12.2 Liquidação de sentença ...................................................................................... 186 12.2.1 Formas de liquidação de sentença ............................................................ 186 12.2.1.1 Simples cálculo ................................................................................. 186 12.2.1.2 Liquidação por arbitramento ............................................................. 186 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES16 12.2.1.3 Liquidação pelo procedimento comum ............................................. 187 MODELO # 43 Modelo de petição de liquidação por arbitramento .................................... 188 12.3 Cumprimento de sentença que reconhece obrigação de pagar ......................... 190 12.3.1 Generalidades ............................................................................................ 190 12.3.2 Requisitos da petição para requerimento de cumprimento de sentença ... 190 MODELO # 44 Modelo de petição de requerimento de cumprimento de sentença ............. 192 12.4 Impugnação ao cumprimento de sentença ......................................................... 194 MODELO # 45 Modelo de petição de impugnação ao cumprimento de sentença .............. 196 CAPÍTULO 13 EXECUÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ................................................................. 199 13.1 Generalidades ..................................................................................................... 199 13.2 Execução dos próprios julgados .........................................................................199 13.2.1 Execução ou cumprimento de sentença .................................................... 199 13.2.2 Requisitos para o requerimento da execução de sentença no JEC .......... 200 MODELO # 46 Modelo de petição de requerimento de execução de sentença no JEC ..... 201 13.2.3 Embargos à execução ............................................................................... 203 MODELO # 47 Modelo de petição de embargos à execução na execução de sentença do juizado especial cível ................................................................................................... 204 13.3 Execução de título executivo extrajudicial ........................................................... 205 13.3.1 Ação de execução ...................................................................................... 205 13.3.2 Requisitos da petição inicial da ação de execução de título executivo extrajudicial no JEC ......................................................................................... 205 MODELO # 48 Modelo padrão de petição inicial de ação de execução no juizado especial cível .............................................................................................................................. 207 13.3.3 Embargos à execução ............................................................................... 209 MODELO # 49 Modelo de petição de embargos à execução no processo de execução no juizado especial cível ................................................................................................... 210 PARTE III RECURSOS CAPÍTULO 14 TEORIA DOS RECURSOS ................................................................................................ 215 14.1 Generalidades ..................................................................................................... 215 14.2 Fundamento do recurso ...................................................................................... 215 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 17 14.3 Princípios recursais ............................................................................................. 216 14.4 Pressupostos de admissibilidade dos recursos .................................................. 218 14.4.1 Pressupostos intrínsecos ........................................................................... 218 14.4.2 Pressupostos extrínsecos .......................................................................... 219 CAPÍTULO 15 APELAÇÃO ....................................................................................................................... 221 15.1 Generalidades ..................................................................................................... 221 15.1.1 Sentença e Coisa Julgada ......................................................................... 221 15.2 Requisitos formais ............................................................................................... 222 MODELO # 50 Modelo de petição de recurso de apelação ............................................... 224 MODELO # 51 Modelo de petição de contrarrazões de apelação ..................................... 227 CAPÍTULO 16 AGRAVO DE INSTRUMENTO ........................................................................................... 231 16.1 Generalidades ..................................................................................................... 231 16.2 Requisitos formais ............................................................................................... 232 MODELO # 52 Modelo de petição de recurso de agravo de instrumento .......................... 234 MODELO # 53 Modelo de petição de contraminuta do agravo de instrumento .................. 237 CAPÍTULO 17 AGRAVO INTERNO ........................................................................................................... 239 17.1 Generalidades ..................................................................................................... 239 17.2 Requisitos formais ............................................................................................... 239 MODELO # 54 Modelo de petição de recurso de agravo interno ....................................... 240 MODELO # 55 Modelo de petição de contraminuta do agravo interno .............................. 243 CAPÍTULO 18 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ...................................................................................... 245 18.1 Generalidades ..................................................................................................... 245 18.2 Requisitos formais ............................................................................................... 246 MODELO # 56 Modelo de petição de embargos de declaração ......................................... 247 CAPÍTULO 19 RECURSO ORDINÁRIO .................................................................................................... 249 19.1 Generalidades ..................................................................................................... 249 19.2 Requisitos formais ............................................................................................... 250 MODELO # 57 Modelo de petição de recurso ordinário ..................................................... 251 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES18 CAPÍTULO 20 RECURSO ESPECIAL ....................................................................................................... 255 20.1 Generalidades ..................................................................................................... 255 20.2 Requisitos formais ............................................................................................... 257 MODELO # 58 Modelo de petição de recurso especial ...................................................... 259 CAPÍTULO 21 RECURSO EXTRAORDINÁRIO ........................................................................................ 263 21.1 Generalidades ..................................................................................................... 263 21.2 Requisitos formais ............................................................................................... 264 MODELO # 59 Modelo de petição de recurso extraordinário ............................................. 266 CAPÍTULO 22 RECURSO NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL .................................................................... 269 22.1 Generalidades ..................................................................................................... 269 22.2 Requisitos formais ............................................................................................... 270 MODELO # 60 Modelo de petição de recurso inominado no JEC ...................................... 271 PARTE IV OUTRAS PETIÇÕES CAPÍTULO 23 JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA ............................................................................................. 275 23.1 Generalidades ..................................................................................................... 275 23.2 Ação de notificação judicial ................................................................................. 276 MODELO # 61 Modelo de petição inicial de notificação ...................................................... 277 23.3 Ação de separação/divórcio consensual ............................................................. 278 MODELO # 62 Modelo de petição inicial de separação consensual .................................. 279 23.4 Ação de abertura e cumprimento de testamento ................................................ 281 MODELO # 63 Modelo de petição inicial de abertura e cumprimento de testamento ........ 282 23.5 Ação de interdição ............................................................................................... 283MODELO # 64 Modelo de petição inicial de ação de interdição ......................................... 284 CAPÍTULO 24 PROCESSO NOS TRIBUNAIS .......................................................................................... 287 24.1 Generalidades ..................................................................................................... 287 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 19 24.2 Ação rescisória .................................................................................................... 287 24.2.1 Generalidades ............................................................................................ 287 24.2.2 Requisitos da petição inicial ....................................................................... 291 MODELO # 65 Modelo de petição inicial de ação rescisória .............................................. 292 24.3 Ação de homologação de sentença estrangeira ................................................. 294 MODELO # 66 Modelo de petição inicial de ação de homologação de sentença estrangeira . 296 24.4 Reclamação ........................................................................................................ 298 MODELO # 67 Modelo de petição inicial de reclamação .................................................... 300 24.5 Conflito de competência ...................................................................................... 302 24.5.1 Generalidades ............................................................................................ 302 24.5.2 Competência para julgar o conflito de competência .................................. 302 24.5.3 Requisitos formais...................................................................................... 303 MODELO # 68 Modelo de petição de instauração de incidente de conflito de competência 304 24.6 Incidente de resolução de demandas repetitivas ................................................ 306 24.6.1 Generalidades ............................................................................................ 306 24.6.2 Competência .............................................................................................. 308 24.6.3 Requisitos formais...................................................................................... 308 MODELO # 69 Modelo de petição de instauração de incidente de resolução de demandas repetitivas ..................................................................................................................... 309 24.7 Incidente de assunção de competência .............................................................. 311 24.7.1 Generalidades ............................................................................................ 311 24.7.2 Requisitos formais...................................................................................... 311 MODELO # 70 Modelo de petição de instauração de incidente de assunção de competência 312 CAPÍTULO 25 PETIÇÕES DIVERSAS ...................................................................................................... 315 25.1 Pedido de assistência ......................................................................................... 315 MODELO # 71 Modelo de petição de assistência ............................................................... 316 25.2 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica ................................... 318 MODELO # 72 Modelo de petição intermediária de incidente de desconsideração da personalidade jurídica .................................................................................................. 320 MODELO # 73 Modelo de petição inicial com pedido de desconsideração da personalida- de jurídica ..................................................................................................................... 322 25.3 Arguição de impedimento ou suspeição do juiz .................................................. 324 25.3.1 Generalidades ............................................................................................ 324 25.3.2 Impedimento .............................................................................................. 324 25.3.3 Suspeição .................................................................................................. 325 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES20 25.3.4 Do incidente de impedimento ou suspeição .............................................. 326 MODELO # 74 Modelo de petição de arguição de impedimento ........................................ 328 25.4 Produção antecipada de provas.......................................................................... 329 25.4.1 Generalidades ............................................................................................ 329 25.4.2 Requisitos formais...................................................................................... 330 MODELO # 75 Modelo de petição inicial de produção antecipada de provas .................... 331 ÍNDICE ALfAbéTICO REMISSIVO ........................................................................... 333 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 21 PARTE I PROCESSO DE CONHECIMENTO FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES22 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 23 CAPÍTULO 1 DO PROCESSO DE CONHECIMENTO 1 Denomina-se processo de conhecimento o tipo de processo no qual o autor busca uma tutela jurisdicional do Estado que ampare uma pretensão sua, afirmando-a um direito seu. É processo de conhecimento, porque nesse tipo de processo leva-se o fato ao conhecimento do Estado-juiz que, analisando as provas que lhes são apresentadas, aplicará a lei ao caso concreto, dizendo, assim, o direito. A tutela jurisdicional vem em forma de uma sentença, na qual o juiz analisará as questões de fato e de direito que lhes foram submetidas, julgando o caso. Pode-se dizer, então, que, no processo de conhecimento, o autor deduz sua pretensão em juízo em face do réu, em busca de uma sentença que reconheça a procedência de sua ação e, consequentemente, o seu direito. FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES24 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 25 CAPÍTULO 2 DO PROCEDIMENTO 2 Sabemos que o processo pode ser conceituado como uma sucessão de atos concatenados e ordenados de maneira lógica. O modo como esses atos são ordenados é chamado de procedimento. Assim, podemos dizer que procedimento é o modo como o processo se desenvolve; é o caminho por ele percorrido do início até o seu final. O processo de conhecimento contempla o procedimento comum e os procedimentos especiais, e estes, divididos em procedimentos especiais de jurisdição contenciosa e de jurisdição voluntária. Procedimento Comum Jurisdição contenciosa Especiais Jurisdição voluntária FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES26 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 27 CAPÍTULO 3 DO PROCEDIMENTO COMUM 3 O procedimento comum, no processo de conhecimento, é o pro- cedimento a ser adotado em todas as causas, salvo disposições contrárias do próprio Código de Processo Civil ou da legislação especial (os proce- dimentos especiais). Devemos lembrar que o Código de Processo Civil atual não mais subdivide o procedimento comum em ordinário e sumário, de sorte que, independentemente do valor ou da natureza da causa, o procedimento a ser utilizado é apenas o comum. Além disso, o procedimento comum será utilizado de maneira subsidi- ária e supletiva aos procedimentos especiais e ao processo de execução. FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES28 MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 29 CAPÍTULO 4 DA PETIÇÃO INICIAL 4 4.1 Generalidades. A petição inicial é a peça que dá início ao processo, tendo como objetivo a provocação da jurisdição, já que esta é inerte (princípio dispo- sitivo). Podemos dizer que é a peça mais importante do processo, porque ela identifica quemsão as partes (aspectos subjetivos) e impõe os limites da lide (aspectos objetivos), vinculando o juiz aos fatos e pedidos nela formulados (princípio da adstrição). Por isso mesmo que a lei estabelece os requisitos que ela deve conter (CPC, art. 319). Assim, ao redigir sua petição inicial, você deverá prestar muita atenção para verificar se está atendendo a todos os requisitos, pois a ausência de qualquer um deles poderá concorrer para o indeferimento da petição inicial. 4.2 Requisitos da petição inicial. Na forma do que dispõe o CPC, art. 319, são requisitos da petição inicial: 4.2.1 O juízo a que é dirigida (inciso I). Trata-se, aqui, do que denominamos de endereçamento. A petição inicial deve indicar o juízo para a qual ela é dirigida. Lembramos que o endereçamento correto pressupõe observância das questões de com- petência, pois a petição deve sempre ser dirigida ao juízo competente (princípio do juiz natural - CF, art. 5º, LIII). As regras de competência estão previstas no CPC, art. 42 e seguintes. FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES30 Note que a petição não deve ser endereçada ao juiz (como era na vigência do CPC/1973), mas ao juízo. Este é impessoal: é o órgão do Po- der Judiciário competente para conhecer e julgar uma determinada ação. Trocamos, então, o “excelentíssimo senhor doutor juiz de direito” que usamos por tantos e tantos anos, por um pronome de tratamento que se refira ao juízo. Ex.: Egrégio juízo da ___ vara cível da comarca de __________ - ____ 4.2.2 A qualificação das partes (inciso II). Partes, no processo, são o autor (ou autores) e o réu (ou réus), e quem as define é sempre o autor, na petição inicial. As partes constituem um dos elementos de identificação da demanda, ao lado da causa de pedir e do pedido. As partes devem ser devidamente qualificadas para que possam ser individualizadas e identificadas. Lembre-se que, na petição inicial, a qualificação deve ser a mais completa possível (nomes, prenomes, estado civil, profissão, número de CPF ou CNPJ conforme se tratar de pessoa física ou jurídica, endereço eletrônico, domicílio e residência do autor e do réu ). A importância da qualificação ser completa é para que não haja indesejáveis problemas de homonímia. Todavia, o Código de Processo Civil admite uma flexibilidade no que diz respeito à qualificação das partes, principalmente do réu, porque nem sempre o autor dispõe de todas as informações dele. Desta forma, caso o autor não possua os dados referentes a todos os itens da qualificação do réu, poderá requerer ao juiz que autorize diligências necessárias à sua obtenção (CPC, art. 391, § 1º). E, se a despeito da falta de informações necessárias, for possível fazer a citação do réu, o juiz não deve indeferir a inicial (CPC, art. 319, § 2º). Assim também, se a obtenção das informações necessárias for impossível ou tornar o processo oneroso em excesso (CPC, art. 319, § 3º). MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 31 4.2.3 O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (inciso III). Aqui está o “coração” da petição inicial. A causa de pedir (ou causa petendi) compreende o fato e os fundamentos jurídicos do pedido. Trata-se de item da maior importância, eis que nosso sistema processual filiou-se à teoria da substanciação, segundo a qual a causa de pedir compre- ende uma causa próxima (fato) e uma causa remota (fundamento jurídico), e pela qual a causa próxima sobrepõe-se ou afasta a causa remota. Assim, é requisito essencial da inicial a causa de pedir, que compre- ende o fato e os fundamentos jurídicos do pedido (CPC, art. 319, III). Petição inicial que não contém a causa de pedir é considerada inepta (CPC, art. 330, § 1º, I). É preciso salientar que fundamento jurídico é diferente de fun- damento legal. Fundamento jurídico é constituído pelas circunstâncias que se colocam em torno do fato, demonstrando o direito do autor, ao passo que o fundamento legal é o apontamento do dispositivo da lei que embasa o pedido. O que se exige do autor, como requisito da inicial, é o fundamento jurídico, e não o fundamento legal, que é dispensável em razão do bro- cardo “jura novit cura” (o juiz conhece a lei) – decorrendo daí a expressão “da mihi factum, dabu tibi jus” (dá-me o fato que te darei o direito), que permeia a atuação do julgador. Todavia, embora dispensável, sempre recomendamos colocar na petição inicial o fundamento legal, até como forma de facilitar o traba- lho do juiz, embora se saiba que ele não esteja vinculado ao dispositivo legal invocado na inicial, podendo fundamentar sua decisão em outro, que entender mais adequado ao caso. E é por isso que, em face da substanciação, na petição inicial não basta a indicação do direito violado: é preciso narrar com precisão os fatos em que esse direito está apoiado. O processo de conhecimento é essencialmente fato, ou seja, o acontecimento que gerou a lide e, consequentemente, o processo. E o bom advogado deve ser, antes de tudo, um bom contador de estórias. Tem que saber passar para o processo todos os detalhes importantes do acontecido, sem se perder na narrativa, mas de uma maneira contida, FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES32 sintética, sem ser prolixo. No processo, hoje, o menos é mais: não tem cabimento fazer uma petição com 30 laudas se é possível passar o recado em apenas 10, ok? O método de dedução utilizado no processo judicial é o silogismo, pelo qual, por meio do confronto de duas premissas (uma maior e outra menor), chega-se a uma conclusão lógica. Um bom e simples exemplo de silogismo: Premissa maior → todo homem é mortal Premissa menor → João é homem Conclusão → João é mortal No julgamento do caso, o juiz vai se utilizar desse método dedu- tivo, estabelecendo duas premissas básicas (o fato e a lei) para chegar à sua conclusão. Por isso recomendamos que, na petição inicial, desenvol- vamos também um silogismo, confrontando essas duas premissas (o fato e o fundamento jurídico/legal) para chegarmos a uma conclusão (que vai ser o direito). Destarte, para convencer o juiz de que o nosso cliente tem razão, devemos estabelecer a seguinte equação: (a) Fato + (b) Fundamento jurídico/legal = (c) Direito Onde: a) O fato é a premissa maior; b) O fundamento jurídico/legal é a premissa menor; c) O direito é a conclusão. MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 33 Ex.: As partes celebraram um contrato de locação por escrito com prazo determinando de 36 meses e aluguel mensal no valor de R$ 1.000,00 (...). No entanto, o réu não paga os aluguéis desde aquele vencido no mês de janeiro de 2019. [→ fato] Nos termos do art. 9º, III, da Lei 8245/91, a locação pode ser desfeita em decorrência da falta de pagamento dos aluguéis e encargos. [→ fundamento jurídico/legal] Logo, o autor tem direito à rescisão do contrato de locação com o con- sequente despejo do réu. [→ direito] Essa fórmula deverá ser repetida sempre que na ação houver mais de um pedido com causa de pedir diferente. 4.2.4 O pedido, com suas especificações (inciso IV). O pedido é requisito indispensável da petição inicial, pois é onde o autor deduz sua pretensão, sendo outro dos elementos da ação (ao lado das partes e da causa de pedir). Ele também define a natureza da causa (condenatória, declaratória, constitutiva ou mandamental). O juiz está vinculado ao pedido (princípio da adstrição), não podendo fugir dos seus estreitos limites, que é imposto pelo autor da ação, não podendo decidir além dele, nem de modo diverso dele (CPC, art. 492). O pedido, na petição inicial, divide-se em pedido imediato (relati- vo à tutela jurisdicional buscada) e pedido mediato (relativo ao bem da vida perseguido no processo). Ex.: Face ao exposto, requer seja a ação julgada procedente [→ pedido ime- diato] para o fim de rescindir o contrato de locação, decretando o despejo do réu [→ pedido mediato] ... FERNANDO AUGUSTODE VITA BORGES DE SALES34 4.2.4.1 Características do pedido. a) Certeza: O pedido deve ser certo (CPC, art. 322), ou seja, ele deve atender às especificações de quantidade e qualidade, de forma que não se admite pedidos abstratos. O autor deve dizer exatamente o que quer e quanto quer, identificando o objeto, permitindo a sua individualização. Admite-se, no entanto, pedidos implícitos que, mesmo que não formulados expressamente pelo autor, devem ser acolhidos na sentença, tais como os juros, a correção monetária, as custas processuais e os ho- norários advocatícios (CPC, art. 322, § 1º)1. Também são implícitos os pedidos que envolvem obrigações sucessivas, como cobrança de aluguel, taxa de condomínio, alimentos, benefícios previdenciários, etc. (CPC, art. 323). Inobstante, orientamos a sempre formularem tais pedidos quando forem elaborar a petição inicial, para evitar qualquer tipo de problema futuro. b) Determinação: O pedido deve ser determinado (CPC, art. 324). O autor deverá, ao formular seu pedido, limitar as especificações de quantidade e qualidade, não se admitindo, em regra, pedidos genéricos. Assim, por exemplo, ao pleitear uma indenização por dano moral, o autor deverá estabelecer e quantificar o valor pretendido. As exceções ficam por conta das hipóteses previstas no § 1º do art. 324: • nas ações universais, se não for possível individuar os bens demandados, como ocorre nas situações em que há univer- salidade de fato ou de direito, como ocorre em ações de peti- ção de herança ou que envolvem negócios com estabelecimento empresarial; • quando não for possível determinar, no início do processo, as consequências do ato ou do fato, como pode ocorrer em ações indenizatórias por ato ilícito em que as lesões ainda não foram consolidadas; e 1 STF, súmula 254: Incluem-se os juros de mora da liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação. MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 35 • quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato do réu, como acontece em ações de exigir prestação de contas. 4.2.4.2 Tipos de pedido. a) Alternativo: O pedido alternativo é admitido quando a própria obrigação é al- ternativa, ou seja, quando ela pode ser cumprida por mais de uma forma (CC, arts. 252 a 256). O pedido alterativo é marcado pela partícula “ou”. Ex.: Face ao exposto, requer seja a ação julgada procedente para que o réu seja condenado a entregar o bem ou o seu equivalente em dinheiro... b) Subsidiário: No pedido subsidiário, o autor formula dois ou mais pedidos, sendo um principal e os demais secundários. O principal é o que o autor realmente quer, mas não sendo possível acolhê-lo, ele se contenta com o pedido secundário: Face ao exposto, requer seja a ação julgada procedente para que declare a nulidade do contrato celebrado entre as partes ou, caso não seja esse o entendimento do juízo, que se declare a revisão do contrato para reduzir as taxas de juros ao patamar de 1% ao mês. d) Cumulativos: Cumulação de pedidos é a formulação de vários pedidos na mesma ação. O autor pode cumular pedidos numa mesma ação desde que se observem os seguintes requisitos: FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES36 I) que os pedidos sejam compatíveis entre si: os pedidos cumula- dos devem ser conciliáveis, em que um não exclua o outro (por exemplo, não pode o autor cumular pedido de anulação do contrato com o da entrega da coisa adquirida); II) que o juízo seja competente para conhecer todos os pedidos: não se pode cumular pedidos se o juiz não for competente para todos (material, funcional, pessoal ou territorialmente); e III) que todos os pedidos tenham o mesmo procedimento: não se podendo cumular pedidos de procedimento comum com pedidos de procedimento especial, salvo se o autor utilizar para todos os pedidos o procedimento comum, desde que não incompatível com o procedimento especial específico. Ex.: Face ao exposto, requer seja a ação julgada procedente, para o fim de condenar o réu: a) no pagamento de uma indenização pelos danos materiais, referente aos danos emergen- tes, no valor de R$ 10.000,00. b) no pagamento de uma indenização pelos danos materiais, referente aos lucros cessan- tes, no valor de R$ 30.000,00. c) no pagamento de uma indenização pelos danos morais, no valor de R$ 50.000,00. d) na obrigação de fazer publicar uma retratação em jornal de grande circulação, no pra- zo de 15 dias, sob pena do pagamento de uma multa de R$ 500,00 por dia de atraso. e) no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios. 4.2.5 O valor da causa (inciso V). Toda causa deve ter um valor certo, ainda que não seja possível determiná-lo de imediato, que deve sempre constar da petição inicial. As regras para se estimar o valor da causa estão no CPC, art. 291. O valor da causa deve ser colocado ao final da petição, logo antes do tradicional “Pede deferimento”.
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