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Anistia, graça e indulto

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A anistia, a graça e o indulto extinguem a punibilidade. Assim, o Estado renuncia ao jus puniendi por meio desses três institutos.
Anistia
1. Anistia é o esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais (Aurelino Leal). Deve ser concedida em casos excepcionais, para apaziguar os ânimos, acalmar as paixões sociais etc. Aplica-se, em regra, a crimes políticos (anistia especial), nada obstando que incida sobre delitos comuns (anistia comum). Não é aplicável, porém, aos delitos referentes a “prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos” (CF, art. 5º, XLIII; Lei n. 8.072, de 25-7-1990, art. 2º 11.343, de 23-8-2006, art. 44, caput).
2. Quem pode conceder a anistia? A anistia é de atribuição do Congresso Nacional (CF, art. 48, VIII). 
3. Após ser concedida, a anistia pode ser revogada? Não, em face do que dispõe o art. 5º, XXXVI e XL, da Constituição Federal. 
4. A anistia se refere a fatos ou a pessoas? A anistia tem o caráter da generalidade, abrangendo fatos e não pessoas. Em face disso, atinge uma generalidade de pessoas.
5. Quais os efeitos da anistia? A anistia opera ex tunc, i.e., para o passado, apagando o crime, extinguindo a punibilidade e demais consequências de natureza penal. 
6. A anistia rescinde a sentença penal condenatória irrecorrível? Sim, pois nem a coisa julgada impede os seus efeitos. Assim, se o sujeito vier a cometer novo delito, não será considerado reincidente. 
7. A anistia impede a execução da sentença condenatória para efeito da reparação do dano? Não. A anistia faz cessar os efeitos penais da sentença condenatória com trânsito em julgado.
8. Quais as diferenças entre a anistia e a graça e o indulto? 
· A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente a punibilidade; a graça e o indulto apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; 
· A anistia, em regra, atinge crimes políticos; a graça e o indulto, crimes comuns; 
· A anistia pode ser concedida pelo Poder Legislativo; a graça e o indulto são de competência exclusiva do Presidente da República; 
· A anistia pode ser concedida antes da sentença final ou depois da condenação irrecorrível; a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Graça e o indulto
1. A graça se distingue do indulto nos seguintes pontos: 
a) a graça é individual; o indulto, coletivo; 
b) a graça (em regra) deve ser solicitada; o indulto é espontâneo.
Nota: a LEP denomina a graça de “indulto individual”.
2. A graça e o indulto podem ser: 
· plenos: quando extinguem totalmente a punibilidade; 
· parciais: quando concedem diminuição da pena ou sua comutação (substituição da pena por outra de menor gravidade).
3. Quem concede a graça e o indulto? A competência é do Presidente da República, nos termos do art. 84, XII, da Constituição Federal.
4. Quais os efeitos da graça e do indulto? Somente extinguem a punibilidade, subsistindo o crime, a condenação irrecorrível e seus efeitos secundários (salvo o caso de o indulto ser concedido antes do trânsito em julgado da sentença condenatória). Assim, vindo o sujeito agraciado ou indultado a cometer novo crime, será considerado reincidente.
5. A graça e o indulto impedem a execução da sentença condenatória no juízo cível para efeito de reparação do dano? Não, pois extinguem apenas as consequências executório-penais da sentença condenatória. Se o indulto for concedido antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, o ofendido pode valer-se da actio civilis ex delicto (CPP, art. 64). Nesse sentido, a Súmula 631 do STJ: “O induto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais”.
6. Nos termos do art. 5º, XLIII, da Constituição Federal, a graça e o indulto não podem ser aplicados em relação a delitos referentes à prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e aos definidos como crimes hediondos.
Referências: 
JESUS, Damásio de. Parte geral – arts. 1 ao 120 do CP. Vol 1. Atualizador: André Estefam. 37 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

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